





António Faria Menezes 568/1969
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António Faria Menezes 568/1969
Aoassumir estas nobres funções gostaria de me dirigir a todos vós, neste editorial da Zacatraz, com um profundo sentido de missão de prosseguir o legado dos meus antecessores e Servir oColégio Militar como Presidente da Associação de Antigos Alunos do Colégio Militar (AAACM).
Tenho comigo nos órgãos sociais, uma equipa competente, onde se complementam áreas profissionais e gerações diversas, onde se partilham os valores e princípios que nos caraterizam como Antigos Alunos e sobretudo uma disponibilidade para congregar e investir nos sócios da AAACM.
Se o amor ao Colégio Militar e os laços eternos de camaradagem forjados no Geral, no refeitório, nas aulas, no desporto e sobretudo nas for-
maturas e cerimónias, constituem as nossas boas memórias que celebramos em cada 3 de Março num sentido Zacatraz, faz todo o sentido que a AAACM seja vista como a plataforma mobilizadora da solidariedade e de coesão dos Antigos Alunos, cimentado no apoio concreto aos alunos e ao Colégio Militar, mas sobretudo na transição para o mundo académico e profissional dos Antigos Alunos e na presença solidária, junto aos mais vulneráveis e carentes, no final da sua velhice.
Assim, ser sócio tem de ser um caminho, naturalmente emocional, com a participação nas cerimónias e eventos do Colégio Militar e nas reuniões dos respetivos cursos, mas também racional, numa perspetiva de cadeia de valor para cada sócio, com tratamento exclusivo na participação nos eventos e cerimónias organizados pela sua AAACM.

Do nosso programa ressalta a preocupação em chegar às gerações mais recentes de Antigos Alunos, onde poucos são sócios e mais preocupante, estão afastados e pouco crentes da utilidade da sua AAACM. Saber as razões, mas também os anseios que justificam este afastamento foi o nosso primeiro passo e daí o vasto inquérito que realizámos e cujos resultados fazem transparecer uma situação dramática de uma AAACM com património, mas sem sócios, exigindo uma abordagem específica, dirigida aos universos identificados, que mobilizem as gerações mais novas, desde alunos do Batalhão Colegial, depois como estudantes e na fase de estabilização profissional e familiar.
Acreditamos muito na comunicação entre Antigos Alunos e a partilha de conhecimento nas diferentes comunidades, e nesse sentido implementámos uma estratégia de comunicação inclusiva entre todos os Antigos Alunos, desejavelmente sócios, em complemento à informação que vos fazemos chegar trimestralmente com a Revista Zacatraz, através da aplicação “Quem é Quem” e redes sociais, por forma a incentivar e divulgar todos os eventos, romagens, cerimónias da realidade colegial, criando e facilitando uma rede de proximidade digital e física entre Antigos Alunos, Cursos e Delegações e a nossa AAACM.
Cientes dos desafios, acreditamos na força mobilizadora do Antigo Aluno
do Colégio Militar nas causas, nos valores e princípios que nos fazem ser diferentes. Sabemos bem que a vida nos prende em prioridades profissionais e familiares, nos afasta para outras geografias e afazeres, e não permite ser mais presente junto aos que, iguais a nós, conquistaram a responsabilidade de envergar uma Barretina. Saberemos lidar com esta realidade, mas seremos obstinados no toque a formar para que Todos exerçam o vosso direito e dever como Antigo Alunos e se façam sócios da AAACM.
Bem Hajam.
Quartel da Formação - Largo da Luz


PROSEGUR ALARMES


CLUBE MILITAR NAVAL

HILLTOP OASIS MMZ / NHOUSES IMOBILIÁRIA

CLÍNICA MÉDIS MEDICINA FÍSICA E DE REABILITAÇÃO

LA GRANGE E ASSOCIADOS LDA MEDICINA DENTÁRIA

NOVA PHISIO ORTOPEDIA E FISIOTERAPA
Nuno Pombeiro 372/1969
Rui Mendonça 685/1974

WIDEX - CENTROS AIDITIVOS

RAMPAUTO REPARAÇÃO E MANUTENÇÃO AUTOMÓVEL

LIDERAR ALEGRAIS LDA APOIO DOMICILIÁRIO
Condições particulares a consultar no site da AAACM. Saiba mais em:

Assembleia Geral
Presidente Nelson Manuel Machado Lourenço (377/1982)
Vice-Presidente António Luís Henriques de Faria Fernandes (454/1970)
Secretário José Nuno do Rosário e Silva Leitão (153/1964)
Secretário Ricardo de Sousa Macedo Esteves Mendes (190/2006)
Direcção
Presidente António Xavier Lobato de Faria Menezes (568/1969)
Vice-Presidente Pedro Miguel Correia Vala Chagas (357/1977)
Vogal Francisco José Nogueira Correia (197/1997)
Vogal Ângelo Eduardo Manso Felgueiras e Sousa (498/1976)
Vogal Luís Manuel Marques Cóias (190/1990)
Vogal Maria Leonor Rainha Miranda Antunes dos Santos (628/2014)
Vogal Adelino Augusto Reis da Fonseca Lage (176/1966)
Conselho Fiscal
Presidente Luís Miguel Antão Gonçalves (236/2011)
Vogal Luís Filipe Figueira Brito Palma (214/1977)
Vogal Bruno Luís Pereira Martins (146/2012)
Nº 239 - Abril / Junho - 2025
Publicação Trimestral
FUNDADA EM 1965
FUNDADOR
Carlos Vieira da Rocha (189/1929)
DIRECTOR
Adelino Fonseca Lage (176/1966) adelino.lage@gmail.com
CHEFE DE REDACÇÃO
João Barrento Sabbo (17/1967) joaosabbo@gmail.com
REDACÇÃO
Nuno Mira Vaz (277/1950)
Luís Ferreira Barbosa (71/1957)
Jorge Santos Pato (484/1966)
REGISTO E BASE DE DADOS FOTOGRÁFICA Leonel Tomaz
CAPA
Férias Escolares e Novos Antigos Alunos. ENTIDADE PROPRIETÁRIA E EDITOR
Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar
MORADA DO PROPRIETÁRIO e SEDE DA REDACÇÃO Quartel da Formação – Largo da Luz 1600 – 498 LISBOA Tel. 217 122 306/8 Tlm. 916 072 898
TIRAGEM - 1350 exemplares DEPÓSITO LEGAL - Nº 79856/94
Os artigos publicados são da responsabilidade dos seus autores. Esta publicação não segue o novo acordo ortográfico.
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REVISTA ZACATRAZ
Número Anterior 238

O DECANO
UM OLHAR ATENTO A NOVA COLABORAÇÃO
VISITA À FRAGATA D. FERNANDO E GLÓRIA II
A GRAFONOLA EM 1955
ECOLOGIA E PEGADA ECOLÓGICA
BAÚ DAS COISAS DE ANTANHO
Serviços fotográficos do CM
A GARRAIADA
A COLECÇÃO DE CROMOS NA APP
SABERES E SABORES DO VINHO - TOSCANA
A VIAGEM DO ALLEGRO
Cape Town - 1
O COLÉGIO PELOS OLHOS DE UMA MENINA DA LUZ
A descoberta do internato
DO LANCHE DOS FUTEBOLISTAS…À BOLAMA
A COMPETIÇÃO AERONÁUTICA
Nos anos vinte do século passado
NIMITZ
OS CAÇADORES DA RAINHA
MEMORIAL DAY
SERVIR
Um Modelo De Liderança
POESIA NOS TEMPOS LIVRES
CONDECORAÇÃO DA AAACM
Cultura colegial CM e associativa AAACM
TRANSMISSÃO DO GUIÃO
ANTIGOS ALUNOS EM DESTAQUE Notícias e Notas Solta
A HUMANIZAÇÃO DA GUERRA
Nas palavras de André Brun e nos desenhos de Sousa Lopes




22 CERIMÓNIAS E TRADIÇÕES A GARRAIADA
26 A COLECÇÃO DE CROMOS NA APP 63
37 DO LANCHE DOS FUTEBOLISTAS...À BOLAMA
DA VIDA DA AAACM

Sabem, caros alunos e alunas do Colégio Militar, ratas, graduados, externos, internos, rapazes, raparigas, muitas vezes me perguntam o que sinto, hoje, como Antigo Aluno, 85 anos depois de ter saído do Colégio, 85 anos como Antigo Aluno, 85 anos com a Barretina ao peito e a relembrar o tempo em que, como vocês, tinha idade para ser aluno do Colégio Militar… O que sinto?”. O Doutor Mabuse faz uma pausa nesta conversa imaginária que tenho com ele. Imagino que esteja a pensar numa resposta, enquanto mergulha nos meandros de uma memória certamente rica e complexa, cheia de tanta coisa que a vida lhe deu. Aproveito a pausa para explicar:
Doutor Mabuse é a alcunha do Colégio Militar do Coronel João Sequeira Marcelino, que há pouco mais de um mês completou 103 anos de
vida. Nascido em 1922, esteve no Colégio entre 1934 (como Rata do 2º ano) e 1940. Seis anos que foram como que uma catapulta para uma vida tão cheia que seriam precisas todas as páginas desta revista para a explanar. Resumamos, pois. O João Marcelino é o Decano dos Antigos Alunos do Colégio Militar.
No seu tempo só o frequentavam rapazes, e era de sete anos o tempo que lá passavam, entre o 1º do liceu, atual quinto ano e o 7º ano, que corresponde ao 11º atual. Mas calo-me, que o Decano retoma a palavra…
“Sabem, quando saí do Colégio sabia que trazia comigo bagagem, que trazia comigo uma experiência única e inolvidável, que trazia comigo valores e ensinamentos preciosos, que se a vida me desse anos deles haveria de fazer um caminho de respeito e valor. E, caros Meninos da Luz, jul-

go que o fiz, graças aos meus pais, é certo, mas também graças ao Colégio, às lições de solidariedade, camaradagem, amor à Pátria, graças aos que antes de mim marcharam por
aqueles Claustros, e aos que vieram depois, a vocês também, que perpetuam e justificam esses sentimentos colegiais…”. Está comovido o Decano, e com razão. Mas afinal, pergunto-me, o que fez ele?, que caminho foi esse que trilhou?, que erigiu sobre as fundações para si colocados pela família e pelo Colégio? Espreito-lhe a medo o currículo e é fermento para a minha curiosidade: Decidiu ser soldado no advento da 2ª Guerra Mundial, concorreu à Academia Militar, foi cavaleiro de carros de combate, CC Valentine e CC Centauro, depois os M46 e M47, de que foi feito instrutor após ter sido o 1º classificado do curso para oficiais da NATO.
Com a guerra em pousio, quis experimentar a vida civil, numa experiência que adiou por uns anos, pois as forças armadas estavam-lhe no sangue, e em 1960 tornou-se oficial de operações em Santa Margarida, no Grupo Divisionário de Carros de Combate. Entre 1961 e 1970, o Doutor Mabuse andou na guerra, em Moçambique, Angola, Guiné – onde terminou a sua missão militar como Comandante do Comando Operacional nº 5, em Jubembem.
“A minha vida dava um livro, e o Colégio seria o seu primeiro capítulo”, ouço-o agora imaginariamente dizer, naquele tom tranquilo e sábio de um antigo combatente, de um homem de cavalaria, de um oficial português, de um Antigo Aluno, o mais antigo de todos, “mas o tempo em que lutei pelo meu país em África ocuparia vários volumes”. Intriga-me a contradição, mas não ouso contrariá-lo. Depois de voltar de África, o Decano, Coronel João Sequeira Marcelino, entrou então na vida civil; trabalhou na
CUF e foi presidente da Associação de Fabricantes de Tintas, áreas onde se especializou.
Cavaleiro, mester adquirido no Colégio Militar, elegeram-no em 1974 Presidente da Sociedade Hípica Portuguesa. Das pistas do Colégio para os carros de combate, dos carros de combate de volta aos cavalos, das florestas e savanas africanas para os paddocks lusitanos.“Foi uma vida, e ainda é, com o Colégio no sangue, no coração e na mente”, diz o Decano, melancolicamente, “e até nos genes, já com quatro gerações na minha peugada”. Casado com Maria Piedade Caldas de Oliveira, dos seis filhos do Decano dois foram Meninos da Luz, tal como o seu neto Bernardo, e os bisnetos, João, 253/2014 e o Rodrigo 446/2020.
Quatro gerações a beber da fonte de uma instituição que continua, há mais de 220 anos, a fazer um caminho ímpar e a formar sucessivas levas de portugueses. Reflito por um instante, a nossa conversa imaginária acabou, mas eu ainda imagino:
Imagino os filhos do Doutor Mabuse, Miguel e Manuel, como meus graduados e camaradas mais velhos no Colégio Militar, imagino o meu pai, 211 de 1940, a encontrar o agora Decano, 458 de 1934, de saída do Colégio no seu último ano, imagino e não preciso de imaginar muito… porque é muito provável que tenha acontecido.
Senhor Coronel, caro Doutor Mabuse, Decano dos Antigos Alunos do Colégio Militar, obrigado por esta conversa imaginária que só um sentimento de pertença tão forte como este que nos liga, etéreo e duradouro, permite.



As quatro gerações de “Marcelino’s”

Há artigos que nos enchem a alma, o que foi o caso do "Servir: Um modelo de liderança" do Óscar Ribeiro (481/1977), numa proposta de texto, que me levou a partilhar umas notas muito pessoais.
Desde o primeiro contacto me agradou e desafiou a excelente escolha desta reflexão a que o Óscar se propôs.
É de facto brilhante revisitar características da vivência colegial à luz de conceitos "modernos".
Muito bem observado e comentado pelo Óscar estão, no entanto, notas como por exemplo:
- Cristo, cerimónia lava pés
- Servir para liderar
- Um por todos, todos por um
- Liderança pelo serviço
Os dois paradoxos apresentados são excelentes exemplos das fragilidades que qualquer edifício conceptual acaba por manifestar perante novos ou reformulados conceitos. Curiosa e brilhantemente são reveladas pelo Óscar duas importantes "forças" do espírito colegial que expõem duas surpreendentes "fragilidades" que efectivamente e desde sempre constituíram riscos que nem em todas as épocas se souberam mitigar. As "fragilidades" são sempre expostas quando as nossas "forças" são confrontadas com o que o Óscar muito bem designa como "a comunidade", ou seja, para além dos círculos fechados "da nossa tribo" ou, eu até diria, "das nossas tribos".
Assim, de facto, nem todos são iguais, nem todos fazem parte das tribos que reconhecemos como as
nossas. Muita gente fica de fora. Ou excluídas na prática, ou não totalmente incluídas no seu próprio entendimento e percepção.
Como exercício, não saltemos já para comunidades mais amplas como a Nação ou a Pátria, por exemplo, e pensemos em conjuntos menores. No actual nosso Colégioos externos; as meninas? Na nossa comunidade/associação - as gerações mais novas; as meninas; os sócios não pagantes; os não sócios?
Nas comunidades/cursos, grupos de WhatsApp, de mail e similares, em especial nas gerações mais recentes, acredito que estas questões já tenham tido interessantes evoluções e desenvolvimentos.
Com a actual direcção da AAACM creio estarmos a reconhecer a preocupação com as especificida-
des das diferentes gerações e assim procurando implementar acções para conseguir motivar, servir e liderar "todos, iguais e diferentes" e "a tribo das tribos e não as minhas tribos". E assim navegamos para além do nosso entendimento.
Muito bem Óscar, muitos parabéns, um óptimo ponto de partida para o que eu designaria de:
Assim suave, sem chocar ninguém. Em toda a nossa comunidade alargada, (Colegio Militar, alunos, oficiais, pais, professores, colaboradores, Antigos Alunos, APEEACM, AAACM), a mentalidade dominante é muito conservadora, eu diria até, demasiado conservadora e, deve ser respeitada e não confrontada! Vamos continuar a nossa evolução bicentenária, aproveitando para recordar a figura do Fundador Marechal Teixeira Rebelo, em que este ano celebra também os 200 anos da sua morte, sabendo sempre SERVIR com a magia da nossa sagrada CAMARADAGEM e no nosso espírito de UM POR TODOS, TODOS POR UM!!!
Zacatraz irmãos!!!!

ANTIGOS ALUNOS NA SOCIEDADE E NO MUNDO

António Costa Canas CAPITÃO MAR E GUERRA
Num dia em que o Tejo se vestiu de sol para nos receber, um grupo de Antigos Alunos reunido para uma visita especial ao "Barracuda", atravessou o rio com a nostalgia de sessenta anos passados, descobrindo um submarino que carrega no seu casco as mesmas seis décadas de história ao serviço da Marinha portuguesa, em paralelo com a nossa entrada no Colégio Militar, na década de 60.
Pela proximidade à Fragata D. Fernando II e Glória, também em doca seca e aberta ao público, efetuámos uma visita em que, pela sua dimensão e interesse, tem agora pela mão do Comandante Costa Canas, a merecida descrição pormenorizada da descoberta, de um dos primeiros navios de guerra da marinha portuguesa.
A fragata D. Fernando II e Glória, foi assim batizada em homenagem aos monarcas que reinavam em Portugal na época em que o navio foi construído: Maria da Glória, nome de D. Maria II, e seu marido, D. Fernando II. A fragata é um dos últimos navios da Marinha Portuguesa com propulsão exclusivamente à vela, podendo ser considerada como o derradeiro representante de uma época que na História Marítima se designa por Age of Sail.


Fernando Moura (583/67) - Organizador da visita.
Para quem desejar aprofundar o conhecimento sobre a vida da fragata existem diversos textos publicados. Para este breve apontamento historiográfico seguiu-se o texto de uma dissertação de mestrado em História Marítima, defendida em 2013, sobre a Obra Social da Fragata, a qual pode ser acedida aqui: https:// tinyurl.com/5ffp4fwp.
Tendo em conta a sua longa vida, a fragata desempenhou funções distintas, ao longo dos quase dois séculos da sua existência.
A primeira «saga» da sua vida ocorreu logo no processo de construção. A proposta do Intendente da Marinha de Goa, para construir o navio no Arsenal de Damão, data de 1821. A escolha do local de construção justifica-se pela mão-de-obra mais barata e pela existência, na região, de elevadas quantidades de teca, madeira excelente para a construção naval. Uma vez que a construção de um navio de guerra carecia de autorização de Lisboa, e considerando a distância até à Índia, a referida autorização apenas chegou em 1824. A construção apenas se iniciou em 1832, o navio foi lançado à água em 1843, seguindo para Goa, onde foi concluído, ficando operacio-
nal em 1845. Esta demora na construção entende-se melhor, se considerarmos a instabilidade que o país conhecia naquela época, consequência da Revolução Liberal e da Guerra Civil. Aquilo que sucedeu com a fragata não foi situação inédita. Mais ou menos na mesma altura foi construído, no Arsenal da Marinha, em Lisboa, um navio de linha, a nau Vasco da Gama. A construção deste foi iniciada em 1824, sendo lançada à água apenas em 1841.
A primeira viagem da fragata D. Fernando II e Glória, iniciou-se em Goa, no dia 2 de fevereiro de 1845, tendo Lisboa como destino. O navio era comandado Pelo Capitão-de-fragata Torcato José Marques e tinha um total de 273 pessoas a bordo, entre guarnição, passageiros e um batalhão naval: Iniciava-se assim a fase operacional da D. Fernando, a qual durou até setembro de 1878. Durante este período, o navio realizou diversas viagens aos arquipélagos dos Açores e da Madeira, assim como às colónias africanas e à Índia. As suas missões consistiram no transporte de pessoas: militares, passageiros ou mesmo degredados; assim como de carga diversa, destinada aos diferentes territórios. Por esse motivo, o navio nunca assumiu as funções de fragata, tendo sido usado
como charrua. Esta era a designação que se dava a um navio com caraterísticas semelhante às fragatas, mas que transportava menos armamento, podendo assim aumentar a sua capacidade de carga.
Em 1863, o navio esteve em risco de se perder, tendo desarvorado dois mastros, devido a um temporal. Na sua última viagem, embarcou Aspirantes de Marinha, que realizavam uma viagem de instrução, à Madeira e aos Açores. No decorrer da mesma, salvou diversos náufragos da barca americana Laurence Boston, a qual sofrera um incêndio a bordo.
A vida operacional da fragata terminou em 1878, tendo tido diversas funções, posteriormente. Em 1889, sofreu profundas alterações, sendo adaptada para Escola de Artilharia Naval. Desempenhou essa função até 1938, passando então para navio-chefe das forças navais do continente, cargo que durou apenas um ano.
Após alguns anos de inatividade, acolheu, em 1947, a Obra Social da Fragata D. Fernando Il e Glória. O seu propósito era acolher rapazes órfãos, ou de fracos recursos económicos, que ali recebiam instrução escolar e formação marinheira. Em 1963, o navio sofreu um violento incêndio, tendo o destroço do navio ficado encalhado num baixo, no Mar da Palha.
Em 1988 foi decidido restaurar o navio, por forma a exibir o mesmo na EXPO98. As verbas necessárias foram conseguidas graças ao contributo de inúmeros mecenas. Uma figura central neste processo de recuperação da D. Fernando foi o Almirante Andrade e Silva, então CEMA. O navio reconstruído foi lançado à água em abril de 1997 e cerca de um ano depois aumentado ao efetivo da Armada, como Unidade Auxiliar de Marinha. Foi uma das joias da EXPO98. O rigor do processo de restauro foi reconhecido pelo World Ship Trust, que em 1999 atribuiu o seu prémio à D. Fernando II.
Terminada a Exposição, o navio estacionou em diversas docas de Lisboa, tendo passado para a doca n.º 2 da Parry and Son em novembro de 2007. Aí permaneceu até aos nossos dias, sendo uma das principais atrações turísticas de Cacilhas acompanhada, no presente, pelo submarino Barracuda, que ocupa a outra doca.




No presente número da Zacatraz a rubrica Grafonola é inteiramente dedicada ao ano de 1955, data de entrada dos Antigos Alunos que efectuaram recentemente a sua romagem de saudade ao Colégio Militar, para celebrarem um aniversário realmente épico e memorável: o dos 70 anos passados sobre o seu ingresso nesta nobre Instituição, que a todos nos une de uma forma tão rara e especial. É, pois, com um prazer muito peculiar que escrevemos estas linhas de recordação histórica e também de saudação a esse honroso e resiliente punhado de Ratas de 1955, que resistiram à voragem dos tempos e aos momentos de nostalgia, para se voltarem a reunir no Largo da Luz, tantos anos depois. Para eles aqui fica mais um singelo Zacatraz de puro respeito.
O ano de 1955 registou diversos acontecimentos que marcaram o mundo, incluindo o lançamento do primeiro submarino nuclear, o desenvolvimento de mísseis balísticos intercontinentais, a celebração do Pacto de Varsóvia, a soberania obtida pela Alemanha Federal e pela Áustria como nações independentes, a inauguração em Anaheim, (Califórnia), do parque temático de diversões da Disneylandia, a abertura da primeira loja de restauração da cadeia McDonald’s, em Des Plaines (Illinois), que marcou o início do império da “fast food”, e a introdução pela Coca-Cola no mercado de bebidas, das suas famosas latas.
Em Abril foi anunciado o sucesso e a segurança da vacina contra a poliomielite. Em Maio, poucos dias
após a Alemanha Ocidental se ter tornado um estado soberano e ter aderido à NATO, oito nações da Europa Oriental, lideradas pela União Soviética, decidiram estabelecer o Pacto de Varsóvia, um tratado de aliança colectiva de resposta à NATO, que tinha como objectivo a defesa mútua e a cooperação militar entre os países membros, visando conter a influência do bloco ocidental liderado pelos EUA.
Ainda antes de finalizar o ano Portugal foi admitido como membro permanente da ONU (Organização das Nações Unidas). No campo da Música o ano de 1955 marcou a ascensão definitiva do rock and roll ao topo das preferências populares, não só nos EUA, país de origem dos seus principais executantes, como também no lado de cá do Oceano Atlântico, onde as jovens gerações europeias se entusiasma-
ram com esses novos ritmos, muitas vezes acompanhados pelo sons das bandas de R&B, e acorreram massivamente às lojas de discos.
De facto, a década de 50 estava a marcar uma fase de mudança na música popular norte americana, com o desenvolvimento de vertentes ligadas ao Rhythm & Blues, Country, Música Latina, Quartetos Vocais e Folk revivalista, que por sua vez originaram mais subgéneros, como o Bluegrass, Doo Wop, Be Bop, Jump Blues, Western Swing, etc. Um artista/grupo que se destacou incontestavelmente, contribuindo decisivamente para elevar o estatuto do “rock and roll” a níveis nunca antes atingidos, foi Bil Haley & His Comets, que com o seu tema “Rock Around The Clock” levou essa canção ao primeiro lugar das tabelas de vendas.
Curiosamente houve canções que obtiveram tanto sucesso com os seus intérpretes originais, que foram alvo de variados “covers” ou versões por parte de outros artistas, que, à sua maneira, alcançaram também estrondosos êxitos e acolhimento do público. Foi o caso flagrante da canção “Ain’t That A Shame”, um dos maiores “hits” do lendário pianista Fats Domino, editada em 14 de Abril, mas que 4 meses depois, na voz de Pat Boone, um jovem branco de 21 anos, com belo aspecto e voz doce, atingiu o primeiro lugar da tabela pop dos EUA. A partir de então Boone iniciou um percurso de versões de grandes sucessos de R&B, cantadas nu m estilo vocal de pop ligeiro, que o tornaram um dos artistas com mais vendas de discos da década de 50.
Em Portugal o panorama musical era dominado pelo Fado, com realce para a diva Amália Rodrigues, e, sazonalmente, pelas canções das marchas populares, para além do crescente protagonismo da música ligeira, através de agrupamentos de músicos liderados por nomes como o maestro e pianista espanhol Shegundo Galarza e o pianista e também maestro português Jorge Machado, responsáveis pelas orquestrações e direcção musical de trabalhos de muitos dos artistas do panorama nacional.

Em casa de Amália Rodrigues a dançar com Hugo Casanova Lage (16/92).
Foi nesse longínquo ano que surgiu uma canção emblemática cantada por Amália Rodrigues e inserida na banda sonora do filme “Os Amantes do Tejo”, originalmente intitulada como “Canção do Mar”, e que foi alvo de inúmeras versões de diferentes cantores, por esse mundo fora.
Na Europa alguns nomes influentes da canção do velho continente estavam a surgir e a ganhar progressiva
notoriedade, como foram os casos de Charles Aznavour, Gilbert Bécaud e Léo Ferré, em França, ou Domenico Mondugno, em Itália. No Reino Unido a influência dos ritmos de Jazz e do Blues que ecoavam desde a América do Norte, combinados com elementos da música folk, originaram uma nova vertente, o “skiffle”, que se tornou muito popular no seio da juventude britânica durante a década de 50, sendo o músico Lonnie Donegan o seu intérprete mais relevante.
Em 1955 foi criado em Portugal o primeiro conjunto de rock de que há memória, designado como “Walter Behlrend e o seu conjunto”, que incluía Freitas Morna, Heinz Werner (notável acordeonista) e o próprio Walter Behrend, que ensaiavam numa cave frequentada por estudantes, situada na Rua António Patrício, no Porto.
De entre as edições discográficas produzidas em 1955, procurámos seleccionar um rol de 10 das canções que tiveram um protagonismo e uma maior visibilidade ou relevância nas tabelas de vendas de singles, algumas das quais tiveram mesmo uma influência determinante na ascensão e consolidação do rock & roll como a vertente dominante da década. Como habitualmente apresentam-se as mesmas de seguida, por ordem alfabética dos seus intérpretes:
1. Bill Haley & His Comets “Rock Around The Clock”,
2. Bo Diddley “Bo Diddley”,
3. Carl Perkins “Blue Suede Shoes”
4. Chuck Berry “Maybellene”
5. Fats Domino
“Ain’t That A Shame”
6. Johnny Ace
“Pledging My Love”,
7. Johnny Cash
“Folsom Prison Blues”
8. Little Richard
“Tutti Frutti”, 9. Roy Hamilton
“Unchained Melody”, 10. The Platters
“Only You”.
Deste “top-ten” particular escolhemos duas canções inesquecíveis (a primeira e a última da listagem anterior), que decerto vão trazer recordações algo nostálgicas a muitos dos membros integrantes do Curso de 1955, os quais comemoraram recentemente os seus resilientes 70 anos de entrada no CM. São elas:

em 1954, para a gravadora estadunidense Decca, tendo alcançado então alguma notoriedade.
No entanto foi, na verdade, a sua reedição em Maio de 1955, que lhe proporcionou um êxito retumbante em ambos os lados do Oceano Atlântico. Em 9 de Julho de 1955 "Rock Around the Clock" tornou-se a primeira gravação de rock and roll a chegar ao topo da tabela da Billboard, uma conquista repetida noutros países. A canção ficou no topo por oito semanas, tendo sido considerada a segunda melhor canção de 1955, e a principal responsável por levar o rock and roll aos píncaros do sucesso popular.

se tornou num estrondoso e enorme sucesso, após ter sido lançada em 3 de Julho de 1955.
A canção "Only You" deteve a posição número um nas tabelas dos EUA de R&B durante sete semanas, tendo permanecido nas tabelas da Billboard durante 30 semanas.

A canção “Rock Around the Clock" é um tema típico de rock and roll que foi escrito pela dupla Max C.
Freedman e James E. Myers em 1952, mas cuja versão mais conhecida e mais bem-sucedida foi gravada por Bill Haley & His Comets
A canção “Only You, originalmente intitulada “Only You (And You Alone)” é uma canção melódica que foi composta por Buck Ram e gravada com sucesso pelo grupo The Platters, com vocais de Tony Williams, em 1955. A primeira gravação da música, feita na Federal Records, em 20 de Maio de 1954, não foi a público, e só depois de ser regravada em 26 de Abril de 1955, com o grupo já na Mercury Records, é que
Os incêndios florestais são uma ameaça global. O seu risco de ocorrência, mas também a sua gravidade, têm vindo a aumentar à medida que os efeitos das alterações climáticas se agudizam. A FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), prevê que, até ao final do século, se tornem cerca de 50% mais frequentes.
O problema é complexo e resulta de uma série de fatores que se entrecruzam A forma como o enfrentamos não pode, por isso, ser simples ou simplista. Neste contexto, o papel das florestas de produção geridas de forma profissional e sustentável, nomeadamente florestas de eucalipto – espécie tantas vezes apontada como a grande “culpada” –, é muito relevante, pois fornece respostas concretas, testadas e baseadas na ciência. Respostas focadas na prevenção, muito mais do que no combate – que, como já ficou demonstrado, se revela tão ineficiente em determinadas circunstâncias
Portugal é o segundo país da União Europeia com menor área florestal sob gestão (26,7% do total) e é também, sem surpresa, aquele que apresenta maior incidência de área ardida. A fragmentação da propriedade e o abandono rural dificultam a gestão do território e fragilizam a floresta nacional. Mas nenhum destes fatores está relacionado com uma espécie florestal em concreto
A reduzidíssima área de eucalipto sob gestão profissional afetada pelos incêndios, nas últimas décadas no território nacional, é prova de que há medidas de prevenção eficazes e de que o problema não está na espécie plantada, mas sim na forma como a floresta é gerida
“Sem combustível no seu interior, estas florestas [pinheiro e eucalipto], em vez de um problema sério, podem fazer parte da solução” – lê-se nos relatórios da Comissão Técnica Independente (CTI) criada no seguimento dos grandes incêndios de 2017 Ou seja, as soluções existem, são conhecidas e apontam para um princípio essencial: gestão ativa e sustentável.

As florestas sustentáveis da The Navigator Company apoiam a Revista ZACATRAZ a diminuir a sua pegada ecológica

A chave está na gestão… seja qual for a espécie
A gestão ativa promovida pela indústria de base florestal inclui medidas específicas de prevenção dos incêndios, que têm protegido, ano após ano, as plantações:
• Conservação de caminhos e aceiros.
• Criação e manutenção de faixas de proteção.
• Controlo da vegetação espontânea e dos sobrantes florestais.
• Reflorestações planeadas, que introduzem descontinuidades e mosaicos à escala da paisagem.

O que mais arde? Zonas não geridas.
Os números do ICNF (Instituo da Conservação da Natureza e das Florestas) e do EFFIS (Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais) são claros: não existe correlação entre a área ardida e a espécie florestal. Em Portugal, entre 2000 e 2024:
• 44% da área ardida corresponde a matos e pastagens. São áreas não plantadas e sem planos de gestão, geralmente de difícil acesso, que acumulam grande quantidade de biomassa.
• O eucalipto está presente em apenas 18% da área ardida, atrás do pinheiro-bravo que atinge os 20%.
• Grande parte da floresta de eucalipto ardida corresponde a áreas onde não existe gestão profissional: apenas 2% são plantações geridas pela indústria.

Apenas 2% da área total de eucalipto afetada pelos incêndios em Portugal, entre 2000 e 2024 (18%), corresponde a plantações geridas pela indústria. Uma prova de que as florestas de produção, quando bem geridas, fazem parte da solução, não do problema.


Luís Barbosa 71/1957
Há tempos atrás, a minha prima Maria João, filha do meu tio João Rogério Conde Pereira (222/1939) e neta do Coronel João Baptista Pereira Júnior, oficial que serviu no Colégio Militar de 1935 a 1943, contactou-me, dizendo-me que tinha consigo um conjunto de álbuns de fotografias do Colégio, feitos pelo seu avô paterno Baptista Pereira, que gostaria que eu visse.
Segundo a minha prima, o seu avô era uma pessoa que gostava muito de fazer fotografia, tendo criado um gabinete de fotografia no Colégio, facto este que eu desconhecia. Perante estas informações, a minha resposta só podia ser positiva.
Intui, que poderíamos ter ali testemunhos fotográficos interessantes,
relativos àquele período da vida do Colégio. Recebi um saco com 3 álbuns de fotografias, mais uma caixa com um conjunto de envelopes, com mais fotografias. Analisadas as numerosas fotos recebidas, a minha conclusão foi simples, tinha recebido um pequeno tesouro fotográfico. Muitas das fotos tinham no seu verso, o seu número e um carimbo, a tinta azul, que indicava «Colégio Militar – Serviços Fotográficos». Grande parte das fotografias recebidas eram uma novidade para mim.
Antes de vos falar sobre as fotografias recebidas, considero importante fazer uma apresentação do seu autor.
João Baptista Pereira Júnior, oficial de Infantaria, foi combatente na 1.ª Guerra Mundial. Concluído o seu curso na Escola de Guerra, foi de


imediato integrar o Corpo Expedicionário Português (CEP), que combateu nas trincheiras da Flandres, em França. Seguiu para França, em Maio de 1917. Na batalha de La Lys, a 9 de Abril de 1918, estava na linha da frente. Foi feito prisioneiro pelas tropas alemãs. Foi libertado após o armistício, ocorrido em 11 de Novembro de 1918. Só chegou a Portugal, em Fevereiro de 1919. De regresso à Pátria, serviu na Guarda Fiscal (2.ª Companhia do Batalhão n.º 2), no Alandroal, após o que retornou ao Exército, tendo sido colocado, em Outubro de 1934, no Regimento de Infantaria n.º 4.
Apresentou-se ao serviço no Colégio Militar, com o posto de capitão, a 12 de Outubro de 1935, acompanhado da sua família (mulher, um filho e uma filha), ficando a residir em Carnide, na vizinhança imediata do Colégio. Naquele tempo,
os oficiais em serviço no Colégio Militar podiam, se assim o entendessem, matricular os seus filhos no Colégio, como Alunos externos. Foi o que fez o Capitão Baptista Pereira Júnior com o seu filho João Rogério, que ingressou no Colégio, como aluno externo, em 1935.
De acordo com a prática colegial daquele tempo, aos Alunos externos não era atribuído um número. No entanto, em qualquer altura, ao longo da sua «carreira colegial», podiam os alunos externos passar a internos, recebendo então um número. Foi o que se passou com o meu tio João Rogério, a quem foi atribuído o número 222, no início do ano lectivo de 1939/1940. Ficou assim a ser o 222/1939. De acordo com o que consta no livro Graduados e Graduações na República, de Bernardo Dinis de Ayala (171/1953) e Martiniano Gonçalves (9/1958),
no ano lectivo seguinte, em 1940/1941, foi graduado em aluno comandante da 3.ª Companhia.
O Capitão João Baptista Pereira Júnior, prestou serviço no Colégio, como oficial comandante da 1.ª Companhia, permanecendo no Colégio, durante cerca de 7 anos, até 20 de Agosto de 1942.O período em que serviu no Colégio foi um período difícil, primeiro com a Guerra Civil de Espanha, de 1936 a 1939, e de seguida com a 2.ª Guerra Mundial, com início na Europa em Setembro de 1939 e final, também na Europa, em Maio de 1945. Nesse período, viveu-se em Portugal num regime de «economia de guerra», com múltiplos bens racionados, o que provocou muitas carências.Era um tempo, em que a resposta a tudo o que se pedia ao Estado era objecto do despacho padrão «Autorizado, sem dispêndio para a Fazenda Nacional».

Capitão Baptista Pereira, com o Comandante de Batalhão Augusto Lage (233/33) e alunos do comando no ano (1939/40).
Face a esta situação, é notável o facto de o Capitão Baptista Pereira Júnior ter conseguido criar, naquelas condições, os Serviços Fotográficos do Colégio. Eram necessárias máquinas fotográficas, rolos de película para fotografia, reagentes
para a revelação das películas, papel para impressão das fotografias e salas com condições para a guarda de todos os materiais, bem como uma câmara escura para a revelação das películas. Comparar o que era a fotografia naquele tempo com
a fotografia na actualidade, é algo impossível. Naqueles anos, dedicavam-se á fotografia, como hobby, as pessoas com algumas posses. Os rolos de película eram de 8, 12 ou 20 fotografias. Estes rolos, dado o seu elevado custo, tinham de ser bem geridos. Havia pessoas, que tinham o mesmo rolo na máquina, durante largos meses.
Quando, no final da década de 1960, apareceu a fotografia a cor, a parcimónia passou a ser ainda maior, os rolos a cores eram mais caros e o mesmo se passava com a revelação das fotos. Lembro-me de ter tirado as minhas primeiras fotos a cores em Angola, no início da década de 1970. Os rolos eram enviados, por correio, para a África do Sul, recebendo-se umas 3 semanas mais tarde as fotos a cores. No R/C do prédio onde eu morava, em Luanda, havia uma pequena empresa, a «Colorama», que se dedicava a esse serviço.
Nos dias de hoje, com as máquinas existentes, os repórteres fotográficos tiram umas centenas de fotos numa tarde e depois levam dias a escolher as que ficaram melhores para a reportagem pretendida. Quanto aos amadores, nem precisam de máquina fotográfica, tiram fotos com os seus telemóveis, que acto contínuo são enviadas às famílias. O resultado de tanta facilidade, foi o desaparecimento dos clássicos álbuns de fotografia. Quando pedimos uma foto, de uma qualquer pessoa, aos 2 anos, 6 anos ou 12 anos, a família lembra-se apenas que o «tio Zeferino» tirava muitas fotos, mas que ficavam armazenadas na sua máquina, que agora ninguém sabe onde está.
Voltando à personagem principal do presente escrito, recordamos que o Capitão Baptista Pereira Júnior, deixou o Colégio, em Agosto de 1942, com os Serviços Fotográficos, por si criados, em actividade. Foi louvado, na Ordem de Serviço do Colégio n.º 205, de 1942, pelo «zelo, competência, lealdade e dedicação, com que desempenhou o cargo de Subdirector Interino do Colégio».
Hoje em dia, parece estranho, o facto de um capitão ter sido Subdirector Interino do Colégio. No entanto, é preciso ter em consideração o facto de, naqueles anos difíceis, o Colégio Militar ter tido majores como subdirectores. Foram 4 os subdirectores nesta situação: o Major Augusto Lopes Guerra (de Setembro de 1938 a Maio de 1939), Henrique Augusto de Lacerda (de Junho de 1939 a Abril de 1940), Rodrigo Álvares Pereira (de Abril de 1940 a Agosto de 1942) e finalmente Armando das Neves Larcher, que iniciou o seu mandato, como major, em Agosto de 1942 e o terminou cinco anos mais tarde, em Outubro de 1947, já como tenente-coronel. Terminado o seu serviço no Colégio Militar, em Agosto de 1942, João Baptista Pereira Júnior foi promovido a major, no ano seguinte, conforme Portaria de 6 de Fevereiro de 1943, publicada na Ordem do Exército 2/1943. Largos anos mais tarde, concluiu a sua carreira militar no posto de coronel, passando à situação de reserva.
Quando frequentei o Colégio, de 1957 a 1962, cerca de 20 anos após a criação dos Serviços Fotográficos do Colégio, existia ainda um «gabinete de fotografia», onde alguns camaradas davam largas à sua veia
fotográfico/artística. Este «gabinete de fotografia» tinha uma «função secundária», da maior importância. Era o santo dos santos, ao qual só tinham acesso alguns Alunos, bafejados pela fortuna, em geral os mais amigos e os mais protegidos do «chefe do gabinete».
Como o «gabinete» se situava imediatamente por baixo do soalho de madeira da Biblioteca, onde se realizavam, no final de cada período escolar, as reuniões do Conselho Escolar, para atribuição de notas aos Alunos, era possível seguir-se, em directo, cá em baixo, o que se passava no andar superior. Os tais Alunos privilegiados com acesso ao «gabinete», ficavam assim a saber, em tempo real, os resultados da sua maior, ou menor, aplicação escolar.
No caso de terem chumbado, ficavam com mais umas horas para inventar uma qualquer justificação esfarrapada, para apresentar aos respectivos pais. Desconheço se ainda existe hoje no Colégio um «gabinete de fotografia». Apenas sei que há um funcionário do Colégio, que se encarrega de fotografar as cerimónias colegiais. Para complementar o presente texto apresento algumas fotos que considero de grande interesse. Apresento a foto de família do Capitão João Baptista Pereira Jr, o criador dos Serviços Fotográficos do Colégio, na década de 30 do século passado e uma foto da família Baptista Pereira, com o pai e o filho fardados, uma foto do meu tio João Rogério Conde Pereira (222/1939), fardado de gala, quando comandava a 3.ª Companhia e a clássica foto, na escadaria da Enferma, do Capitão Baptista Pereira Júnior com os alunos da sua
Companhia. Não resisto a apresentar uma foto de uma magnifica máquina fotográfica, de topo de gama, do Capitão Baptista Pereira Júnior, dos seus tempos de pioneiro da fotografia no Colégio Militar.
Estas máquinas, dada a sua configuração, eram então conhecidas por «máquinas de fole». A bela máquina, cuja foto se apresenta, é hoje propriedade de meu primo António Conde Pereira, filho de João Rogério Conde Pereira (222/1939).

João Rogério C. Pereira (222/39).
As fotos que recebi e que pretendo apresentar em próximos artigos, são fotos dos tipos mais variados. Temos fotos relativas a ginástica, atletismo, futebol, ordem unida, desfiles, instrução militar, instrução de equitação, visitas de estudo e o que mais se possa imaginar. Estes artigos, com uma selecção das fotos por temas, permitirá o registo de mais episódios da vida colegial, que de outra forma cairiam em esquecimento.

Adelino Lage 176/1966
Recuperada pela veia e traço criativo do António Sacchetti (33/1965), cujo primeiro desafio, lhe foi colocado pelo Martiniano Gonçalves (9/1958), há mais de três anos, trazemos à revista mais uma tradição do Colégio Militar, a “Garraiada” dos finalistas do Colégio Militar, da qual não se tem memória do seu início, mas que é, no entanto e ao dia de hoje, uma “Tradição” que se concretiza no mês de Junho, antes da realização do “Speliking”.
Em tempos idos e vividos nos últimos anos do século passado, a sua realização era feita na Praça de Touros do Campo Pequeno, mas, hoje em dia, realiza-se em praças de touros nos arredores de Lisboa, em praças privadas de ganadeiros próximos da família colegial, os quais cedem os garraios, sem a qual a festa não se realizaria, como foi o caso deste ano, com o curso 2017/25, que realizou a sua garraiada na Arena Multiusos de Paio Pires.
Os participantes, finalistas que se despedem da vida Colegial, têm assim uma última oportunidade de exibir capacidades e dotes físicos, alguns a cavalo, outros em arriscados números a pé, em que a capacidade criativa surpreende os presentes e ultrapassa mesmo, nos relatos que se seguem ao evento, as me - Cartaz da Garraiada do Curso 2017/25

lhores memórias dos anos anteriores. A coreografia, vai desde o habitual toureio a cavalo às pegas de forcados, em aulas de ginástica com a participação do “bicho”, em exercícios dignos do melhor circo em época natalícia, terminando quase sempre num Ramalho ao garraio, “sem que em momento algum se ultrapassem os limites de protecção ao animal”, apenas por vezes confundido com... tanta bravura, ou se calhar apenas inconsciência, dos jovens que participam na festa.
Os últimos testes ou exames escolares de fim do ano ainda estão distantes, pelo que a dedicação ao evento é total, criando e arriscando números, normalmente sem ensaios prévios, aportando à garraiada momentos hilariantes, com a necessidade, aqui e ali, da aplicação de um penso ou mercurocromo, para sarar este ou aquele acidente, quando o aluno e o garraio se de-
A moeda com que se compram os bilhetes, o “capote”, é essencial para a concretização do evento, hoje em dia facilmente registado pelos smartphones dotados de câmara e video, que permitem gravar e partilhar para memória futura a valentia dos participantes, a que a divulgação nas redes sociais dos tempos modernos, facilita a vida e confirma que se “cumpriu a Tradição”.
Um ZACATRAZ à manutenção e respeito pelo espírito das tradições, cuja passagem de testemunho se repete a cada ano, assegurando assim a continuidade no seu estado mais puro e original.
Ideia Original: Martiniano Gonçalves 9/1958
Desenhos de: António Sacchetti

Quem é Quem



Pedro Chagas 357/1977
Em 2009, na comemoração dos 50 Anos de Entrada do seu Curso no Colégio, o Rui Sá Leal (502/1959) publicou as memórias sobre o seu tempo no Colégio no livro "'Ratas' - Memórias do Colégio de há 50 anos".
O livro apresenta os diferentes aspetos da vida colegial vistos pelos olhos de um “Rata”, desde a prestação de provas de admissão até à festa de encerramento do ano letivo, passando por todos os aspetos essenciais para a transmissão de valores, como as tradições, o convívio na camarata, etc.
Mais do que um retrato de um ano ou de uma década específica, o livro é uma caracterização da vida colegial com a qual nenhum Menino da Luz deixará de uma gran-
de parte, mesmo nos dias de hoje. Para além dos textos e de diversas fotografias, o livro conta com algumas dezenas de ilustrações feitas pelo Pedro Massano (487/1958). O Pedro é um ilustrador profissional com uma longa e prestigiante carreira, e criou uma linguagem gráfica que se adequa de forma perfeita ao texto, contribuindo para um resultado final de grande qualidade.
Recentemente, e considerando a disponibilidade da App “Quem é Quem” como um mecanismo adicional para divulgar conteúdos relacionados com o Colégio e com a Associação, surgiu a ideia de divulgar este conteúdo junto das diferentes gerações de Antigos Alunos, tanto mais que o livro teve uma edição limitada (300 exemplares) e esgotou rapidamente. Para atingir

esse objetivo, havia que obter a autorização dos autores, que aceitaram com entusiasmo a divulgação do seu trabalho a toda a comunidade colegial, mas havia, sobretudo, o desafio de encontrar um formato que fosse adequado ao meio – um telemóvel não é um dispositivo adequado para ler livros – e aos hábitos de leitura resultantes da transição para o digital – as pessoas privilegiam formatos mais curtos.


A forma escolhida foi uma coleção digital de cromos na App “Quem é Quem”, emparelhando cada ilustração com um extrato de texto do livro. Os cromos são obtidos por troca de pontos que são ganhos pela utilização da App, e os cromos repetidos podem ser trocados com outros colecionadores, tal como acontece com as coleções de cromos “físicos” (até há opção de “palmar” cromos repetidos a quem já acabou a coleção… afinal de contas, precisam deles para quê?).
Desta forma, procuram-se atingir os seguintes objetivos:
• A leitura dos conteúdos, já que estes não ultrapassam os 3 ou 4 parágrafos;
• O consumo progressivo da informação – é mais fácil arranjar tempo para ler alguns textos por semana, do que todos os textos, caso sejam disponibilizados de imediato;
• A apreciação dos textos e das ilustrações – há mais tempo para apreciar cada conteúdo do que o que seria dado, caso todos os conteúdos fossem disponibilizados de imediato;
• O aumento de visitas à App, uma vez que estas permitem ganhar pontos para trocar pelos cromos;
• Ter uma componente lúdica, permitindo a alguns recordar as experiências de colecionar cromos que viveram na sua infância e juventude;
• Ter uma componente “social”, dado que os colecionadores pro -
curam outros colecionadores para trocar os seus cromos.
O modelo escolhido, embora não consiga transmitir toda a riqueza da obra, procura preservar a sua essência, e facilita o seu conhecimento por uma audiência mais jovem e mais alargada.Alguns meses após o início da disponibilização da coleção na App, quais são os resultados até agora?
É de realçar o impacto junto dos alunos dos 11º e 12º anos do Colégio, que representam 40% de todos os que terminaram a coleção; os restantes anos do Batalhão Colegial adicionam mais 10%, colocando os Alunos com um peso de 50%.
Houve 104 pessoas que terminaram a coleção, há 63 a colecionar ativamente, 93 “perderam-se pelo caminho” (estavam a colecionar ativamente, mas pararam em determinado momento, alguns já perto do objetivo), e 159 recolheram os primeiros cromos, mas não acharam interessante seguir com a coleção.
Em termos de sucesso desta iniciativa, gostamos de olhar para ela numa lógica de “copo meio cheio”: houve algumas centenas de Alunos e Antigos Alunos que tomaram contacto com uma obra que retrata de forma divertida e terna muitos pormenores da vida colegial, o que, de outra forma, não teria acontecido.
Queres colecionar os cromos? Ainda vais a tempo! Encontras o ponto de acesso na metade superior do ecrã principal.

Escolher a Itália – país considerado com maior diversidade genética vitícola do Mundo, ou seja, ainda com maior número de castas autóctones do que Portugal – como próxima protagonista desta viagem internacional pelos sabores do vinho é quase inevitável. E dentro desta, sobressai a Toscana q ue conjuga tradição ancestral, diversidade territorial e uma notável capacidade de se reinventar, para além de ser um ícone do enoturismo mundial: é um território onde o vinho se confunde com a paisagem, a história e o modo de vida.
A tradição vitivinícola da Toscana remonta à civilização etrusca, que já cultivava a vinha muito antes da romanização da Península Itálica. Durante o Império Romano, o vinho toscano ganhou notoriedade em Roma e noutras regiões, tornando-se um produto essencial nas trocas comerciais. A Idade Média viu consolidar-se o papel do vinho no quotidiano e na economia local, com as ordens monásticas a
preservarem e desenvolverem as práticas agrícolas. No século XVIII, o grão-duque Cosimo III de Médici instituiu limites territoriais para a produção do Chianti, antecipando os modernos sistemas de denominação de origem e dando o primeiro passo para o reconhecimento oficial das especificidades locais.
Atualmente, a Toscana ocupa uma posição de destaque na produção vinícola italiana e internacional.
É responsável por cerca de 8% do total de vinho produzido em Itália, com uma área de vinha de aproximadamente 57.000 hectares. A região está dividida em 11 Denominações de Origem Controlada e Garantida (DOCG), 41 Denominações de Origem Controlada (DOC) e 6 Indicações Geográficas Típicas (IGT, ou IGP no acrónimo europeu), que cobrem praticamente todo o território das províncias de Florença, Siena, Arezzo, Grosseto, Pisa, Pistoia, Lucca, Livorno, Prato e Massa-Carrara.
Para além disso, uma das DOCG, a Chianti DOCG, está ainda dividida em 7 sub-regiões (sottozone).
Importa notar que, a partir da década de 1970, começaram a surgir na Toscana os chamados Super Toscanos — designação não oficial atribuída a vinhos de excecional qualidade produzidos fora da classificação tradicional, frequentemente recorrendo a castas internacionais como o Cabernet Sauvignon e o Merlot.
Este movimento, liderado por nomes como o Sassicaia e o Tignanello, alcançou rapidamente notoriedade mundial, desafiando os paradigmas enológicos da época.
Em resposta, e após a criação da categoria IGT em 1992, a maioria destes vinhos passou a adotar essa menção, beneficiando da maior liberdade criativa que oferece. Paralelamente, o sistema de denominações evoluiu, reconhecendo a relevância do fenómeno com a criação das Bolgheri e Maremma DOC
— que legitimam o uso de castas internacionais — e, de forma singular, com a atribuição da Bolgheri Sassicaia DOC exclusivamente à Tenuta San Guido, produtora do emblemático Sassicaia.
O relevo toscano é dominado por colinas suaves (67% do território) que se elevam entre os 150 e 500 metros de altitude, com solos argilosos, calcários e arenosos, proporcionando uma grande variedade de microclimas; ainda assim, as zonas de montanha cobrem 25% da região. O clima é tipicamente mediterrânico, mas com influência continental nas zonas interiores e colinas mais elevadas. Esta combinação de fatores edafoclimáticos favorece a produção de vinhos equilibrados, com excelente frescura, complexidade aromática e potencial de envelhecimento.
O panorama vínico toscano é dominado pelos vinhos tintos, que representam cerca de 85% da produção total. A casta rainha é a Sangiovese - presente em quase todas as denominações de prestígio.
Com maturação tardia, apresenta aromas de cereja, ameixa, ervas secas e especiarias, taninos finos e elevada acidez, o que lhe confere versatilidade e longevidade. É também uma casta camaleónica, adaptando-se de forma distinta aos diferentes terroirs da região, o que justifica as múltiplas expressões que assume, desde o Chianti ao Brunello di Montalcino.
AS TRÊS PRINCIPAIS CASTAS TINTAS NA TOSCANA SÃO:
• Sangiovese (predominante, com 64% da área plantada de vinha;

base de todos os grandes vinhos clássicos);
• Merlot (5%)
• Cabernet Sauvignon (4%)
Tanto o Merlot como o Cabernet Sauvignon são castas importadas e adaptadas com sucesso, sobretudo na costa oeste, em Bolgheri e Maremma.
NOS VINHOS BRANCOS, MENOS EXPRESSIVOS EM TERMOS DE VOLUME MAS COM CRESCENTE PROCURA, AS TRÊS CASTAS
• Trebbiano Toscano (5% da área de vinha plantada; casta de grande produtividade, com aromas a maçã, pera e ervas);
• Malvasia Bianca (2%; aromática com notas de damasco, mel e flor de laranjeira);
• Vernaccia di San Gimignano (1%; mineral, cítrica, com bom potencial de envelhecimento — corresponde à única DOCG branca da Toscana); Tanto a Trebbiano como a Malva-
sia Bianca são sobretudo usadas para a produção de Vin Santo, um vinho licoroso, doce, com uma tipicidade de sabor rica, com notas de frutas secas, mel, caramelo e especiarias, que fazem deste vinho um dos mais icónicos da Toscana.
• CHIANTI DOCG E CHIANTI CLASSICO DOCG: a zona mais emblemática, com sub-regiões que diferem em altitude, solo e estilo. Enquanto na Chianti Classico DOCG a regra é que os vinhos devem conter um mínimo de 80% da casta Sangiovese, na Chianti DOCG esse valor pode descer até aos 70%. Os vinhos variam de leves e frutados a complexos e estruturados, consoante o grau de envelhecimento e a zona de produção.
• BRUNELLO DI MONTALCINO DOCG: 100% Sangiovese Grosso, maturado no mínimo 5 anos antes de comercialização (dos quais pelo menos 24 meses em barrica). É um dos vinhos italianos com maior prestígio internacional e maior longevidade. A nossa experiência pessoal sugere-nos uma espera de 9 anos depois da colheita e uma decantação de 2,5 horas antes de servir.
• VINO NOBILE DI MONTEPULCIANO DOCG: elaborado com a variante Prugnolo Gentile da Sangiovese, oferece um perfil aromático rico e elegante.
• BOLGHERI DOC: na costa do Tirreno, foi aqui que nasceram os Super Toscanos.
• MORELLINO DI SCANSANO DOCG: zona emergente na Maremma, com
vinhos frescos e frutados, ideais para consumo mais jovem.
A paisagem toscana é inseparável do seu vinho. As colinas cobertas de vinhas, ciprestes e oliveiras, entrecortadas por vilas medievais, quintas seculares e castelos, fazem da região um dos destinos de enoturismo mais procurados do mundo. Rotas como a Strada del Vino Nobile ou a Strada del Chianti Classico oferecem experiências únicas, com provas, visitas guiadas, gastronomia tradicional e, por vezes, alojamento em antigas propriedades vinícolas ou nalgum soberbo palazzo menos conhecido.
A Toscana tem também apostado fortemente na sustentabilidade ambiental, com um número crescente de produtores certificados em viticultura biológica e biodinâmica. As vinhas em modo de produção biológica já representam cerca de 40% da área plantada. Algumas adegas tornaram-se ícones de arquitetura ecológica e integração paisagística, como a Cantina Antinori nel Chianti Classico, cuja estrutura semi-subterrânea em terracota se funde com a colina.
Entre os produtores de referência da região destacam-se o Marchesi Antinori (Chianti, Bolgheri, Montalcino — uma das famílias mais antigas do mundo no negócio do vinho); a Tenuta San Guido (criadora do Sassicaia, o “Barca Velha” italiano); a Frescobaldi (diversificado portefólio de vinhos premium); e ainda, entre outros, Castello di Ama, Fontodi, Mazzei, Banfi, Avignonesi ou Argiano. Para quem deseja descobrir os sabores da Toscana sem sair de casa, recomendamos experimentar um tinto clássico,
como seja o Chianti Classico Riserva ou o Brunello di Montalcino, ou um branco Vernaccia di San Gimignano. Para ocasiões muito especiais, um Super Toscano como o Sassicaia, o Tignanello ou o Ornellaia oferece uma prova da modernidade de alta qualidade, ainda que com preços mais (muito) elevados.
Provavelmente a maior loja de venda online de vinho italiano será a xtrawine.com, com vinhos para todos os preços e gostos, com frequentes promoções, e que recentemente reduziu os custos de transporte para o nosso País. É, pois, uma alternativa interessante e completa caso não encontremos ao virar da esquina o vinho que procuramos.
A área de vinha total da Região Vitivinícola da Toscana é de 57.000 hectares.
A produção foi de 2,33 milhões de hectolitros de vinho (8% da produção nacional).
A proporção de vinhos certificados foi de 90%, com 62% para Denominação de Origem Protegida (incluindo DOCG e DOC) e 28% para certificação IGT (Indicação Geográfica Típica).
A produção média por hectare é de 41,2 hl.
Existem 11.400 viticultores na Toscana, com uma dimensão média de propriedade de 5 hectares, e 6.680 adegas, que produzem 32.280 vinhos diferentes.
O volume de exportações de vinho correspondeu a 70% da produção regional e elevou-se a 1,19 mil milhões de euros (15% das exportações de vinho italianas).

António Prazeres de Castilho 147/1948
Finalmente, no dia 1 de Dezembro de 2015, como tínhamos previsto, chegámos a Cape Town - conhecida pelos portugueses, como, Cidade do Cabo, depois de uma viagem muito atribulada pelo Oceano Índico - mar que não nos deixou grandes recordações. Esta cidade é o fim de uma etapa marcante da nossa Volta ao Mundo - por tudo que ela representa, nomeadamente para mim:
- Ela retrata e fixa na minha memória, neste derradeiro trajeto pelo Oceano Índico, como sendo uma extensão de mar muito perigosa, aonde as condições meteorológicas mudam rápida e radicalmente, alterando por completo o seu estado.
- Contrariamente a esta situação de tormenta, apresenta belos momentos de calmaria, onde é possí-
vel velejar na maior descontração, confiança e serenidade. Esta região está localizada a Sul do Canal de Madagáscar. - Contando bem, é pela quarta vez que estou a visitar esta cidade: 1966/ 71/ 2008/ 15.
- A permanência na Cidade do Cabo tem um programa muito completo e variado - mais de um mês –pois incluía o Natal e a Passagem do Ano 2015/16, além de inúmeras visitas à cidade e seus arredores.
- O presente do Natal mais querido será a visita de alguns familiares nesta época natalícia. É um grande apoio emocional a presença da Família em qualquer altura da viagem – mas nesta quadra, especialmente…
Eu recebo a Anne Marie e a minha filha Maria João, que está a trabalhar em Moçambique.A Manuela e o Luís irão ter a filha e os netos.
Por falar de Família, quando se está longe, como nós estamos, as ausências de entes queridos, em certas datas do calendário, pesam bastante. No dia 5 de Dezembro deste ano, faz a minha Filha 54 anos e a minha neta 16.
É nestas alturas, como já tenho dito, que, para dar a Volta ao Mundo é preciso estar físicamente e mentalmente preparado para aguentar estas privações e outras.
O Allegro ficou na Waterfront Marina, uma zona a sul do antigo porto comercial de Cape Town. Toda esta enorme área, incluindo as antigas instalações portuárias – escritórios, armazéns, parques, etc, foi transformada, dando lugar a locais de diversão, anfiteatros, praças e pracetas adornadas com monumentos, centros de arte, artesanato e etnografia, cais destina-
dos a marítimo-turismo, pequenas zonas habitacionais, restaurantes e grandes centros comerciais.
Para o leitor fazer uma pequena ideia dessa grandeza – existem sete centros comercias, semelhantes ao do Parque das Nações, em Lisboa!!! Este espaço é o principal ponto de encontro para a maioria da população de Cape Town, para além do grande número de turistas que visitam esta cidade. Pelo que me foi dado saber
o percurso e entregou-me numa folha A4 o itinerário que eu desejava. Depois de agradecer, com vários – Thank You…Thank You –lá fui procurar a dita Igreja.
Sem noção exata da distância, pois a planta não tinha escala, andei uns três quartos de hora a pé, deparando com uma grande e magnifica igreja.
À porta deste grandioso monumento estava um pequeno grupo

Antiga torre de controlo do Porto.
é a única cidade, depois da independência, que pode ser visitada com segurança!!! Já o era assim, quando em 2008, daqui parti, num veleiro, rumo às Ilhas de Trinidad / Tobago.
No dia 2, quarta feira, ainda sem programa organizado, e sem Família, fui procurar a Catedral Católica. Em boa hora, entrei no Cape Grace Hotel, perto da Marina, onde uma rececionista, simpatiquíssima e muito eficiente, através do Google, localizou St. Mary ´s Cathedral. Na copiadora imprimiu
aguentou o esforço e “abriu” ! Este percurso não seria tão doloroso, se eu não tivesse estado tantos dias a navegar sem exercício físico, principalmente caminhar.
Não podendo pôr o pé no chão, chamei um táxi, para voltar ao barco, onde estive dois dias imobilizado e com tratamento de choque.
- Dose de cavalo, para quem já não deveria ser burro!!!

Etnografia.
de pessoas, às quais perguntei se ali seria a Catedral Católica. Muito admiradas, disseram-me:
- Não, esta é a Catedral Protestante, mas a Católica fica muito perto, basta andar um pouco mais e virar na próxima rua.
Agradeci e disse com um ar divertido:
Se não encontrar a Igreja, volto aqui - pois o nosso Deus é o mesmo … O grupo riu e aplaudiu a minha franqueza. Depois desta caminhada, o meu pé esquerdo não
No domingo, fui então à celebração na Catedral Católica, rezada por Sua Eminência, o Senhor Bispo de Cape Town. Ao visitar a igreja, com grande espanto, deparo com um espaço consagrado a Nossa Senhora de Fátima
Uma grande imagem, dentro de uma redoma de vidro, com vários quadros, em idiomas diferentes, explicando o milagre de Fátima. Por estranho que pareça, não havia nenhuma alusão a Portugal, mas somente, que este milagre tinha acontecido em Ourém, na
Cova de Iria!!! Um pormenor singular e invulgar, que registei, foi a existência de uma mesa, onde se encontra um recipiente com pequenos papéis quadrados.
Neles, os fiéis que desejassem, escreveriam os seus pedidos a Nossa Senhora de Fátima, depositando-os depois, numa caixa, através de uma ranhura!!!
No fim da celebração, fui falar com Sua Eminência, o Senhor Bis-
tanta informação? Não indica, porém, que Fátima fica em Portugal!!!
A resposta foi:
- Esta Catedral é na sua maioria frequentada por fiéis católicos, residentes na Cidade do Cabo, pertencentes à enorme colónia de emigrantes portugueses e seus descendentes.
Desta forma, todos eles sabem perfeitamente onde fica a povoação de Fátima…respondi que a

po, que se encontrava à saída da Catedral, despedindo-se das pessoas. Muito simpático, falámos sobre variadíssimos assuntos. Perguntou-me o que fazia na Cidade do Cabo, ficando espantado, e, encantado, quando lhe falei da nossa aventura da Volta ao Mundo, num pequeno veleiro. Quis logo saber uma série de pormenores da viagem: tripulação, rotas seguidas e tempestades … Não consegui fugir à tentação de lhe perguntar:
- Por que é que o recanto dedicado a Nossa Senhora de Fátima tem
do grande porto, em Docan Dock. Tem uma marina e um estaleiro capaz de fazer todos estes trabalhos.
O Allegro foi colocado em seco, com a ajuda de uma grua e um charriau, pois os serviços não têm travel lift - um elevador muito prático para tirar os barcos da água e transportá-los a distâncias relativamente pequenas, para serem reparados. As instalações do clube são só destinadas a membros, mas como nós tínhamos

justificação não era assim tão linear como isso, pois católicos estrangeiros, nomeadamente os sul africanos, não deveriam ter tal informação……e, fiquei por ali, para não ser desagradável a Sua Eminência, que estava a ser tão gentil.
Estávamos a 7 de Dezembro. Tínhamos que mudar o Allegro para outra marina que tivesse um estaleiro, onde pintassem o fundo com antifouling, fossem revistos os zincos, e polido o casco. Indicaram ao Luís, um clube privado – o Royal Cape Yacth Club -que fica dentro
o veleiro a reparar no estaleiro, usufruíamos das infraestruturas e comodidades existentes para os sócios. No caso de ser possível dormir no barco, em conformidade com o programa das reparações, tínhamos acesso livre às casas de banho, restaurante e bar - tudo com aspeto excelente.
A apresentação da nossa estadia na Cidade do Cabo será feita por mais que uma vez, terminando assim a primeira parte.
…E SIGA A MARINHA…

Rui Castilho (147/1948) no último convívio na Feitoria, com António Menezes (568/1969) Presidente da AAACM, e António Damião (236/1959) do Núcleo da Feitoria em 9 de Setembro 2025
Camaradas colegiais e amigos,
O assumir da responsabilidade da revista ZACATRAZ permitiu-me, neste últim o ano, conhecer e interagir com o Rui Castilho (147/1948), a quem a vida foi roubada de forma injusta, quando a vivacidade, que manteve no seu último almoço da Feitoria, nada indiciava ser a última vez que falávamos e permitiu apresentar-lhe o actual Presidente (568/1969) da AAACM, momento que, a seu pedido, e usando a máquina fotográfica que o acompanhou na viagem do Allegro e agora sempre presente nos almoços da Feitoria, qual repórter oficial desses eventos, registou a
última foto dessa sua ligação à Associação e à colaboração com a revista ZACATRAZ.
Tínhamos programado e acordado uma relação de trabalho, que permitiria que esta sua volta ao mundo nos acompanhasse no mandato de três anos, com que me proponho assegurar a publicação da ZACATRAZ, atracando uma última vez o Allegro, em porto seguro, no primeiro trimestre de 2027.
A confiança que depositou na minha organização e programação da ZACATRAZ, assegurando a divulgação sequencial desta sua experiência de vida, num percurso que não andasse às voltas, mas sim com rumo certo, fez com que me tenha entregue por antecipação os textos das próxi-
mas "pernas" que, mesmo já sem ele entre nós, ainda iremos publicar nos próximos números.
Nunca como agora fez sentido a frase, que "Um Menino da Luz não Morre, apenas passa a viver dentro de nós Antigos Alunos", já que, o relato desta sua viagem, ainda nos irá acompanhar em mais cinco "pernas", até ao porto seguro de onde saíram para a volta ao Mundo, num relato que terminará em janeiro de 2026, e pela última vez já sem a assinatura a que nos habituou... "E SIGA A MARINHA".
Adelino Lage 176/1966
Direcção da ZACATRAZ

Cláudia Cordeiro Mateus 487/2013
Desde o primeiro ano de Colégio que quis ser interna. Observava os meus camaradas, a sua rotina; a formatura do pequeno-almoço e a do jantar, o elo mais próximo aos graduados e as experiências que, ao fim ao cabo, apenas um Menino da Luz que vivencia o internato tem.
Como já referi no meu artigo anterior a este, em 2013, quando o Colégio abriu as suas portas a alunas, o regime de internato não nos era possível.Porém, após dois anos, o primeiro edifício de internato feminino deu por terminada a sua construção e pôde receber algumas Meninas da Luz que pretendiam o regime interno.
É com enorme saudade que me relembro de ser uma dessas meninas, ansiosa perante uma nova rotina, a tal rotina que imaginava desde o primeiro ano. E as expectativas corresponderam à realidade: desde o acordar numa camarata rodeada das que estavam lá para mim, até ao recolher,

na mesma camarata, com brincadeiras e sorrisos que marcavam o final de um dia preenchido.
Além disso, o internato abriu-me as portas a experiências únicas como os jogos culturais, a noite das patrulhas, a noite das pinturas, os jogos de companhia, as conversas à noite nos cantos dos graduados e o estudar com um camarada que percebesse mais de alguma matéria.
Nunca me esquecerei do meu tempo na segunda companhia.
Foi uma altura que me marcou, não só pela formação do meu curso, o Curso 2013, como também pelo elo que senti que criei com os meus graduados. Acredito que foi um dos momentos em que dei uma volta de 180 graus enquanto Aluna e Menina da Luz. Lembro-me do exacto momento em que me apercebi da influência e impacto que o Colégio tinha em mim: tínhamos acabado um treino de armas, na altura era pequena e a arma pesava…, contudo, nesse treino, decidi que ia dar tudo, batimentos, postura, braços
à altura dos ombros, alinhamentos… após esse treino, um graduado deu-me os parabéns. A partir desse momento dei o meu melhor em cada treino.
Umas meras palavras ditas a uma menina de 13 anos auxiliaram a tornar-me no que sou hoje e jamais me esquecerei desse momento. No ano seguinte, o Curso 2013 passou para o andar de baixo, 3ª Companhia.
Tinha consciência de que, com o avançar dos anos as exigências aumentavam e foi o que, efectivamente, senti. Aos meus olhos, a terceira não foi nada fácil, contudo, tenho a noção de que o apoio e ajuda entre os meus camaradas nos permitiu ultrapassar a “vassoura”, e persistir enquanto Curso naquela enorme casa.
Finalmente, gostava de deixar umas palavras sobre o internato no Colégio Militar. Poucas são as escolas que possuem este tipo de regime e muitos, especialmente os de fora, que desconhecem esta casa, o encaram como uma forma de punição ou de correcção.
A verdade, dito por alguém que o viveu, é que é uma oportunidade única que encoraja a autonomia dos alunos, fortalece relações e os torna mais próximos de serem homens e mulheres preparados para a sociedade.
Um Forte Zacatraz!



A gestão e consolidação dos artigos da revista, é algo que pela complexidade e dimensão, envolve riscos de erro, que não devendo acontecer, infelizmente ocorrem, o que foi o caso deste artigo, publicado no número anterior, com um erro de atribuição da autora do texto, da responsabilidade de Cláudia Mateus, 487/2013, a quem a Direcção da Zacatraz apresenta um pedido de desculpas e sobretudo o agradecimento pela colaboração, que tem vindo a prestar à revista.

Estávamos no 5º ano. Mal acabou a aula de Inglês Prático com o Mr. Williams, recém-chegado de Inglaterra, os livros e cadernos foram imediatamente despejados nas carteiras e, rapidamente, dois dos alunos substituíram o fardamento pelo equipamento de ginástica e foram à Desportiva requisitar uma bola de futebol. Os restantes alunos de cada turma também rapidamente se equiparam e todos correram para o campo. Porquê tanto nervosismo? De facto, en-
tre o 5º A e o 5º B estava a haver grande emulação e o jogo daquela tarde era um verdadeiro “despeneiranço”. Mas, sejamos francos. Havia uma outra razão. Faltavam dois alunos para completar a lista dos convocados para a equipa de futebol que ia representar o Colégio e alguns, dos mais desembaraçados e habilidosos, queriam cair nas boas graças do Capitão Simões que de “motu próprio” se tinha arvorado, com êxito, a ser selecionador e treinador da equipa colegial. Acresce ainda que devido
aos treinos mais intensos a que os convocados eram submetidos e que se acrescentavam às atividades físicas que faziam parte do horário normal (ginástica, equitação, esgrima, instrução militar), o excedente energético despendido era compensado por uma alimentação reforçada da qual faziam parte uns bifes deliciosos que substituíam ao lanche os habituais papo-secos com queijo, manteiga, marmelada ou qualquer outra compota.Estes eram tirados do cesto que passava entre fileiras na Companhia. Os bi-
finhos eram degustados no refeitório. Um luxo. À excitação assim provocada pela gula somava-se o desejo de superação pessoal e de valorização da turma que animava cada um dos atletas.O jogo foi renhido. O resultado final não foi esclarecedor.
Empate: 2-2. O Jorge fez uma enorme exibição. “Safou” a turma B de uma derrota esmagadora até porque o Zé Maria, com o seu porte atlético e a sua inteligência desportiva, jogou e encantou. Marcou os dois golos e, com a exibição que fez, ainda mostrou a excelente qualidade de guarda-redes que o Jorge era. Com mãos seguras e enorme agilidade, estava sempre no caminho da bola e impedia-a de ultrapassar a linha de golo. Excelentes reflexos e coragem levaram-no a vários “estiranços” e “mergulhos” que lhe garantiram, apesar das joelheiras e do almofadado dos calções, numerosas raspadelas na pele pois a areia do campo pelado não quis deixar por mãos alheias as suas capacidades abrasivas. Nada especial, mas a impor uma ida à Enferma para uma limpeza com água oxigenada e algumas pinceladas de mercurocromo.
Foi, no final do jogo, quando íamos entregar a bola à Desportiva que a ideia surgiu. Fazia calor, tínhamos corrido muito, a sede apertava.
À falta de qualquer bebida refrescante lembrámo-nos dos Sais de Frutos. Eram doces e, com os tartaratos a dissolverem-se na água, ficava uma excelente bebida gaseificada. Éramos pessoas de ação. Tínhamos pensado, íamos executar. Passámos a escadaria da Enferma, infletimos à direita já no jardim, abrimos a porta e entrámos.
Apesar do nosso ar afogueado e da muita transpiração aperfeiçoámos o melhor aspeto de doença que conseguimos alinhavar.
- Então o que é que os senhores alunos querem? - interrogou Valério, o enfermeiro de serviço.
Mau! - Prenunciámos nós adivinhando que algo ia correr mal.
Compungidamente, o “Bola” adiantou-se e disse:
- Alguma coisa nos fez mal ao almoço. Tivemos de ir jogar futebol e a meio do tempo estávamos muito enjoados e quase a vomitar.
- Mas chegaram a vomitar? perguntou, inquiridor, Valério. E continuou:
- Têm cólicas? Estão com ar afogueado, mas não têm febre.
- Não, não, nada disso.
Imprudentemente atrevemo-nos:
- Temos a impressão de que um pouco de Sais de Frutos nos faria bem.
Valério, com a tarimba de longos anos de serviço no Colégio, sorriu malicioso:
- Não é o mais indicado para o vosso caso. Há melhor!
Despejou umas poucas gotas de Láudano de Sydenham, ou pintura de Ópio Açafroada, o Elixir Paregórico da Farmacopeia Portuguesa, num copinho com água e acrescentou:
- Agora bebam.
O remédio era intensamente amargo. Execrável. Provámos e… ficou nos copos.
Saímos a correr pela porta fora, furiosos. Valério não conseguiu deixar de soltar uma enorme gargalhada
Manuel António Vaz Da Silva e Sousa 356/1948


Oinício do século passado assistiu a um desenvolvimento da aeronáutica como uma das suas principais marcas. Com mais precisão conceptual, a aviação, como ramo da aeronáutica reservada aos “mais pesados que o ar”, teve um crescimento tecnológico exponencial, passando de aeronaves com dificuldades estruturais de sustentação dos irmãos Wright, em 1903, e do 14-bis de Santos Dumont, em 1906, para aeronaves com capacidades para efetuar travessias aéreas intercontinentais em 1919 e nos anos seguintes. Cerca de quinze anos bastaram para se vencerem etapas e barreiras do conhecimento, testarem novas soluções inovadoras e potenciar capacidades das aeronaves. Obviamente, para este caminho muito contribuí-
ram as necessidades associadas à Grande Guerra no desenvolvimento de aviões para observação, bombardeamento e combate aéreo. Por outro lado, os feitos dos pioneiros da aviação eram intensamente usados como imagem do país, como demonstração de poderio militar e tecnológico e, principalmente, como meio de influência geopolítica que as principais potências mundiais utilizavam a rigor.
Em presença deste complexo contexto surgem as viagens de longa distância e as tentativas de viagens de circum-navegação. Aeronaves dos Estados Unidos, Reino Unido, França, Itália, Países Baixos, Argentina e… Portugal, entre outros, com algum sucesso e muito fiasco e infortúnio pelo meio, tentaram e
conseguiram verdadeiros feitos aeronáuticos dignos de nota. Ao mesmo tempo, na procura de êxitos aeronáuticos, as disputas das grandes potências eram feitas ombro a ombro, num verdadeiro espírito de insistente competição.
Em 27 maio 1919, o Lieutenant Commander Albert Cushing Read da Marinha dos Estados Unidos atingiu Lisboa, e conseguiu a primeira travessia aérea do Atlântico Norte. Utilizou para o efeito uma aeronave Curtiss NC-4 com um motor Liberty. De facto, esta travessia foi muito bem preparada, tendo sido utilizados três aviões e 21 navios destroyers que, separados por intervalos de 50 milhas e equipados com holofotes, iam fornecendo indicações do rumo até Lisboa. No dia 8 de maio, iniciaram a traves-
sia na Base naval de Rockaway Beach, Nova Iorque, e tiveram escalas, entre outras, nos Açores, Lisboa, Figueira da Foz, Ferrol. O NC-4 de Read chegou a Plymouth em 31 de maio. Por motivos meteorológicos, os hidroaviões NC-1 e o NC-3 amararam e não conseguiram completar a travessia.
O primeiro ficou danificado na amaragem, a tripulação foi resgatada por um cargueiro grego que o rebocou, mas afundou-se posteriormente ao largo do Corvo. O segundo ficou à deriva dois dias no Atlântico até que conseguiu atingir o porto de Ponta Delgada.
A terceira década do século XX foi, claramente, muito rica em termos aeronáuticos, a nível global e também em Portugal. Em 14 fevereiro de 1920, os pilotos italianos Arturo Ferrarin e Guido Masiero e os seus mecânicos efetuaram a viagem Roma-Tóquio em dois biplanos SVA, conseguindo efetuar a primeira viagem aérea entre a Europa e o Extremo Oriente.
Os aviões SVA eram construídos de madeira e lona, com a cabine aberta, a velocidade era mantida sensorialmente e o piloto navegava apenas com o auxílio de um relógio e bússola. Os dois aviões chegaram a Tóquio no dia 31 de maio de 1920, primeiro Masiero e cerca de uma hora depois Ferrarin, onde os aguardava uma multidão de 200 mil pessoas.
O Reino Unido abalançou-se na competitiva corrida à circum-navegação aérea com o contributo do Squadron Leader Archibald McLaren que tripulou um avião biplano anfíbio Vickers Vulture, da Royal Air Force, dotado de um único motor 450 NP Napier Lion. McLaren, acompanhado de mais um piloto e de um mecânico,
partiu, em 24 de março de 1924, de Calshot com o planeamento para fazerem escalas em França, Itália, Cairo, atravessarem a Índia, Birmânia, China, Japão, Alasca, Canadá, cruzarem o Atlântico, Portugal, Espanha, França e regressarem a Southampton. Contudo, esta viagem teve bastantes contratempos: substituições de motor na Grécia e na Índia, uma troca de radiador, um acidente que destruiu o avião Vickers em Akyab e implicou a troca da aeronave, doença dos tripulantes. Em 4 de agosto, uma questão meteorológica forçou uma amaragem junto à ilha de Bering que danificou irremediavelmente o avião, tendo a tripulação sido resgatada por um navio russo. Terminou desta forma a tentativa britânica de circum-navegação aérea.
Os franceses tentaram igualmente a proeza da viagem de circum-navegação através do ás da Grande Guerra Pelletier D`Oisy e o seu mecânico
Besin, que tripularam um Breguet 19 de 400HP, contruído em duralumínio, na época o avião mais evoluído do fabricante francês. Partiram de Paris em 24 de abril de 1924 em direção a Bucareste e com escalas em Alepo, Bagdad, Buchir, Bender Abas, Karachi, Agra, Calcutá, Rangoon, Saigão, Hanói. A viagem terminou abruptamente em Shangai, no dia 20 de maio, quando Pelletier D`Oisy destruiu o seu avião num campo de golfe. Utilizando um Breguet 14, Pelletier conseguiu atingir Tóquio no dia 17 de junho. Em resumo, Pelletier D`Oisy não atingiu o seu objetivo inicial de circum-navegação, mas até Tóquio fez 120 horas de voo em 84 dias.
Quatro aviões Douglas World Cruises (DWC), batizados como Seattle, Chicago, Boston e New Orleans, e oito tripulantes do United States Army Air Service iniciaram, em 6abr1924, a viagem aérea de circum-navegação que demorou 175 dias e


percorreram mais de 42 000 quilómetros, rumando no sentido este-oeste. nem coletes salva-vidas.
Dos quatro DWC, só o Chicago e o New Orleans regressaram novamente a Seattle em 28 de setembro, concluindo desta forma um feito aeronáutico extraordinário: pela primeira vez foi realizada uma viagem aérea de circum-navegação. Coloca-se uma questão: e Portugal? Naquela década, em termos aeronáuticos, num país mergulhado numa crise política, económica e social no auge da I República, sem indústria aeronáutica, com parcos recursos para as Forças Armadas e com uma imberbe Aeronáutica Militar, só nos restava o fator pessoal e o sonho. De facto, a ideia de uma viagem aérea de circum-navegação nasceu com Sacadura Cabral, infelizmente desaparecido no Mar do Norte em acidente aéreo no dia 24 novembro 1924. Contudo, outros pioneiros aeronáuticos como Sarmento de Beires, Brito Pais e Jorge de Castilho deram sequência ao sonho.
A viagem aérea De Portugal a Macau (7 abril -20 junho 1924) efetuada por Brito Pais, Sarmento de Beires e Manuel Gouveia nos PÁTRIA (Breguet
16 e De Haviland 9A) constitui um grande sucesso nacional e de grande prestígio para a Aeronáutica Militar. O que é necessário referir é que na génese desta viagem está uma declarada intenção de avançar, após atingirem Macau, para uma viagem de circum-navegação, tanto mais que em abril de 1923 foi apresentado, por Pais e Beires, um relatório com os estudos e as necessidades dessa mesma viagem. Mas as tentativas para se concretizar uma viagem aérea de circum-navegação não findaram em 1924. Três anos depois, Sarmento de Beires, Jorge de Castilho e o Manuel Gouveia num hidroavião Dornier J Wal, batizado como ARGOS, partiram de Alverca em 2 março 1927 com o objetivo inicial de completarem uma viagem aérea de circum-navegação. Em 16 mar, efetuaram pela primeira vez a travessia aérea noturna do Atlântico Sul numa só etapa: 18 horas e 12 minutos sem escala, 2595 km desde a Guiné até Fernando Noronha - até à altura o mais longo voo noturno efetuado na história da aviação. Depois rumaram até ao Rio de Janeiro. Por razões técnicas não puderam prosseguir a viagem e regressavam já a Lisboa quando tiveram de amarar com uma avaria e
o ARGOS acabou por naufragar. Em suma, foi notável a evolução da aeronáutica em tão pouco tempo. Cerca de 20 anos medeiam entre o feito dos Irmãos Wright e uma viagem aérea de circum-navegação concluída com sucesso. Notável a competição entre as principais potências da época que contribuiu para o desenvolvimento tecnológico, a evolução da aeronáutica e a rivalidade com objetivos políticos, militares e de imagem do país. Correndo por fora desta competição internacional, foi notável a prestação aeronáutica portuguesa que rumou entre os escassos recursos económicos e tecnológicos e o enorme empenhamento dos pilotos, do tamanho dos seus sonhos.

O nosso obrigado à colaboração Tenente Coronel Fernando Ribeiro, com este seu texto, que dá continuidade aos artigos dedicados à viagem aérea de Portugal a Macau.

Na Apresentação, o autor Francisco Piedade Vaz (373/1967) remete-nos para uma reflexão fundamental e cara a todos os Meninos da Luz: poderá a construção do carácter ético de uma pessoa, em conjunto naturalmente com outros aspectos relevantes da sua experiência de vida, influenciar a forma como toma decisões?
Francisco Vaz não tem dúvidas: a qualidade ética do chefe, mormente se for militar de topo num conflito de dimensão mundial, pode ser decisiva.
É o caso da II Grande Guerra, na qual milhões de homens e mulheres de todos os continentes combateram e morreram em terra, no ar e no mar, utilizando armamentos e equipamentos altamente destruidores em quantidades colossais.
Pela forma como desempenhou o cargo de Comandante-Chefe da Esquadra americana no Pacífico entre 1941 e 1945, no comando de dois milhões de homens e de mil navios, o Almirante Nimitz merece ser considerado um dos mais reputados chefes militares da II G. G. O livro está organizado em 4 capítulos. O I relata a vida do Almirante, o II analisa as operações no Pacífico, o III ocupa-se da teoria estratégica e o IV desenvolve o seu estilo de comando e liderança.
Da vida do Almirante, recheada de acontecimentos importantes tanto no plano privado como no profissional, extrai o autor no capítulo I uma característica singular: a discrição que manteve de forma persistente, recusando qualquer biografia enquanto fosse vivo e evitando toda a controvérsia pública. O único confidente de
Nimitz para as queixas relativas a subordinados incumpridores do dever foi a sua mulher, e ela, metodicamente e por indicação do marido, destruía as cartas onde essas faltas eram mencionadas.
No capítulo II estão relatadas as principais batalhas da guerra no Pacífico, podendo destacar-se as referências à operação «Shangri-La» realizada em Abril de 1942 e durante a qual, para enorme surpresa de todo o mundo e em especial dos japoneses, que consideravam inviolável o seu espaço aéreo, aviões B-25 americanos bombardearam seis das mais importantes cidades japonesas.
Também merecem citação especial o combate entre porta-aviões em Coral Sea, a formidável batalha naval pelo controlo do atol de Midway, durante a qual os japo-
neses perderam quatro porta-aviões e, com isso, a superioridade relativa em meios navais, bem como os ferozes combates pela posse de Guadalcanal.
No capítulo III aborda-se a forma como Nimitz entendia o Poder Naval, analisando sucessivamente o respectivo conceito, os meios utilizados, a estratégia gizada e aquilo que o autor denomina a «Obra-prima de Nimitz». Tomamos aí conhecimento do Plano «Orange», concebido para combater a ameaça japonesa na sequência da vitória sobre a Rússia em 1905, sendo clara a determinação expansionista nipónica na região.
Obrigados a ter uma presença dissuasora em dois oceanos, em 1939, na eminência de muito prováveis avanços japoneses no Pacífico, os EUA actualizaram o Plano «Orange», transformando-o no Plano «Rainbow», com base no qual Nimitz concretizou a sua «obra-prima» em três actos: retardamento do avanço japonês em Coral Sea, detenção do avanço em Midway e assestamento do golpe decisivo em Guadalcanal.
Para o capítulo IV, Francisco Vaz escolheu o sugestivo título de «Estilo de Nimitz», que analisou sob três perspectivas: liderança, carácter e competência. Para a boa liderança convergem muitas qualidades humanas e a confiança, que só se alcança através do sucesso profissional.
Quanto ao carácter, o autor não se cansa de listar as mais notáveis características do Almirante, para além das que resultam da sua personalidade intrínseca: paciência,

confiança, coragem e sabedoria. A reconhecida competência do Almirante, por fim, deve ser apreciada em três aspectos essenciais: as ordens e directivas têm de ser bem comunicadas e compreendidas; a análise correcta de cada problema determina o foco e a decisão; e esta exige criatividade no planeamento e na concretização. O panegírico do Almirante Ches-
ter Nimitz representa um acto de justiça relativamente à memória de um dos mais prestigiados chefes militares da II Grande Guerra. Escrito em inglês, o livro recupera a tese de doutoramento do autor em História Marítima e inclui extensa Bibliografia e Anexos.
No último jantar anual da nossa Associação, realizado em Novembro de 2024, na Quinta dos Gafanhotos, em Carcavelos, fiz um pequeno discurso de despedida das funções de Presidente do Conselho Supremo da AAACM. Dirigindo-me aos Alunos aí presentes exortei-os a honrarem sempre a nossa farda. Para eles terem consciência da importância da mesma, lembrei-lhes que a nossa farda cor de pinhão era a farda de Caçadores do Exército Português, que nos tinha sido atribuída pela Rainha D. Maria II, em homenagem a seu pai, o Rei D. Pedro IV, o «Rei Soldado».
D. Pedro IV era Coronel Honorário de Caçadores 5, e Comandante do «Exército Libertador», que, vindo dos Açores, desembarcou nas praias do Mindelo, ao Norte do Porto, ocupando de seguida a cidade. Os «bravos do Mindelo», assim ficaram conhecidos os seus soldados, foram cercados no Porto pelas tropas de seu irmão D. Miguel. O cerco do Porto durou cerca de um ano de 1932 a 1933. Durante o cerco do Porto, D.Pedro IV envergou sempre a sua farda de coronel de Caçadores. O Porto
nunca se rendeu, fazendo jus à sua designação de «Cidade Invicta».
No final do meu discurso, depois de chamar a atenção para alguns destes factos notáveis da história da farda cor de pinhão, tomei uma liberdade. Para motivar os Alunos, disse: «Ao honrar a nossa farda, tornai-vos dignos de ser considerados, OS CAÇADORES DA RAINHA». Ao honrar a nossa farda, estamos a honrar a Rainha, que nos atribuiu a mesma.No período final da Monarquia, no século XIX e início do século XX, era usual os nossos reis e infantes terem graduações honorárias do Exército e/ou da Armada, tal como foi o caso de D. Pedro IV.
No reinado de D. Maria II, atribuiu ela graduações honorárias das tropas de Caçadores, aos seus maridos. O seu primeiro marido, D. Augusto de Leuchtenber e St.ª Cruz, foi nomeado, em 4 de Outubro de 1834, Coronel Honorário do Regimento de Caçadores 1 (designação temporária do 5 de Caçadores), designação que usou até à sua morte prematura, em Março de 1835. O seu segundo marido D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, foi nomeado CoroESTÓRIAS

1837 - As primeiras fardas cor - de - pinhão, com trompas de caçador nas abas posteriores do dólmen.
nel Honorário do Regimento de Caçadores 5, em 1 de Janeiro de 1836. O Rei D. Pedro V, filho de D. Maria II e de D.Fernando, foi nomeado, em 1846, com 9 anos de idade, Coronel Honorário do Regimento de Granadeiros da Rainha. Faleceu prematuramente em Novembro de 1861.
O Rei D. Luis I, sucedeu ao seu irmão D. Pedro V. D. Luis I tinha «assentado praça» na Armada, em 1846, como Guarda-marinha Honorário. Quando subiu ao trono, em 1861, era Capitão-de-mar-e-guerra Honorário. Passados meses, em Março de 1862, tornou-se Coronel Honorário tanto do Batalhão de Caçadores 5, como do Regimento de Cavalaria 2, lanceiros da Rainha.
O Rei D. Carlos I «assentou praça», em 1866, aos 3 anos de idade, como soldado do Regimento de Cavalaria 1, lanceiros de Victor Manuel (rei de Itália). Em 1868, foi nomeado Comandante Honorário do Batalhão de Alunos do Real Colégio Militar. Em 1879, foi nomeado Guarda-marinha Honorário. Em 1988, foi nomeado Coronel Honorário do Regimento de Cavalaria 2, do Príncipe D. Carlos. No ano seguinte subiu ao trono. Em 1890, o «seu» Regimento de Cavalaria 2 passou a designar-se Regimento de Cavalaria 2, lanceiros de El-Rei, do qual teria continuado a ser Comandante Honorário. Em 1890, tornou-se Coronel Honorário do Regimento de Caçadores 5. Nos anos seguintes, recebeu várias nomeações honoríficas de reinados estrangeiros. Foi nomeado Coronel-Honorário de um regimento de Infantaria prussiano, de um regimento de Infantaria do Exército britânico, Almirante-Honorário da Armada Real Britânica e Coronel-Honorário de um regimento de Infantaria do Exército Espanhol.
O Príncipe Herdeiro D. Luis Filipe, em 1891, aos 4 anos de idade, «assentou praça», presume-se que no Regimento de Infantaria 18, do Príncipe Real. Em 1893, foi nomeado Comandante
Honorário do Batalhão de Alunos do Real Colégio Militar. Em 1892, foi nomeado Alferes-Honorário do Regimento de Cavalaria 2, lanceiros de El-Rei. Foi promovido a Tenente e a Capitão-Honorário deste regimento, respectivamente, em 1906 e 1907. Morreu prematuramente, em 1 de Fevereiro de 1908, assassinado no Terreiro do Paço, em Lisboa, juntamente com o senhor seu pai.
O Infante D. Manuel, que sucedeu a seu pai D. Carlos I, nasceu em Novembro de 1889. Em 1904, com 15 anos, assentou praça na Armada, como Aspirante de Marinha. Em 1908, subiu ao trono, com a designação de D. Manuel II, e tornou-se Almirante General e Marechal General. Em 1908, tornou-se Coronel-Honorário do Batalhão de Caçadores 5, caçadores de El-Rei.
Em 1910, deu-se a revolução republicana e D. Manuel II partiu para o exílio. Veio a falecer em Julho de 1932.
Do exposto verifica-se que todos os últimos Reis, com excepção de D. Pedro V, foram Coronéis Honorários de Caçadores 5. Não é assim coisa pouca considerar os Alunos do Colégio Militar «Caçadores da Rainha».
Barbosa (71/1957)

O presente artigo baseia-se no excelente livro «Família Real. Uniformes», de Pedro Soares Branco. No início da década de 60 do século passado, pouco antes do início da Guerra do Ultramar, foram criados, no nosso Exército, os Caçadores tropas do Exército a usar boinas como cobertura de cabeça. A cor escolhida para as boinas foi naturalmente a cor de pinhão tradicional das tropas de Caçadores. O primeiro oficial que vi com a boina cor de pinhão foi um Antigo Aluno, o então Tenente-Coronel João Pinto Soares na altura Comandante do Batalhão de Caçadores 5, aquartelado em Lisboa.

Na última segunda-feira de maio, os Estados Unidos pararam para celebrar o Memorial Day — uma data que vai muito para além de churrascos, promoções e desfiles. É um dia de silêncio e respeito, de lembrança e responsabilidade. Um dia para reconhecer aqueles que ofereceram tudo — sangue, labuta, suor e lágrimas, como disse Churchill — em defesa de um ideal: a liberdade.
Originado após a Guerra Civil Americana como Decoration Day, o Memorial Day evoluiu para homenagear todos os militares norte-americanos mortos em combate. Mas essa memória não pode — nem deve — ser estática. Em tempos de polarização, tensões internacionais e ameaças veladas à democracia, lembrar os que morreram pela liberdade exige mais do que flores sobre lápides.
Exige consciência histórica, vigilância moral e escolhas responsáveis. A geração que combateu o fascismo e o nazismo na Segunda Guerra Mundial não o fez por vaidade ou ambição. Lutou contra ideologias que negavam a dignidade humana. Muitos caíram em praias desconhecidas e selvas inóspitas, longe de casa, pela liberdade de pessoas que jamais conheceriam. Honrar essa entrega significa preservar os princípios que motivaram esse sacrifício — não apenas celebrá-los, mas defendê-los.
No entanto, vivemos hoje um cenário mundial que, em certos aspetos, inquietantemente se assemelha àquele que precedeu os grandes conflitos do século XX. Com os nacionalismos agressivos, os revisionismos históricos, a crescente militarização e a relativização dos direitos humanos, o presente ecoa os fantasmas do passado. O equilíbrio global, já frágil, oscila pe-
rigosamente entre diplomacia e confronto. A história já nos mostrou como esse filme termina — e não é com aplausos.É nesse ponto que a voz da moral, muitas vezes abafada pelos ruídos da geopolítica, precisa ser ouvida. Diversos líderes espirituais e pensadores têm alertado para os caminhos insensatos que o mundo contemporâneo parece seguir. Entre esses, os pontífices da Igreja Católica têm oferecido reflexões que transcendem a fé e se dirigem à consciência humana.
Em 1963, João XXIII publicou a encíclica Pacem in Terris, um grito pela paz em plena Guerra Fria, em que proclama a paz como bem universal: “A paz de todos os povos na base da verdade, justiça, caridade e liberdade” — uma paz fundada na dignidade, nos direitos humanos e na justiça social. Já Paulo VI, em 1967, na Populorum Progressio, declarou que “o desenvolvimento é

o novo nome da paz”. A verdadeira segurança global, segundo ele, nasce não das armas, mas da equidade e da solidariedade entre os povos.João Paulo II — que conheceu o totalitarismo por dentro — foi incansável contra todo o tipo de violência declarando que a guerra é sempre “uma derrota da humanidade”.
Bento XVI, ao escolher o seu nome pontifício, evocou Bento XV como “profeta da paz” e repetiu a condenação da guerra como “desperdício inútil”. E o Papa Francisco, com a sua linguagem direta e acessível, não poupou nas críticas aos conflitos armados atuais, denunciando aquilo a que chamava a “terceira guerra mundial aos pedaços”. Em 2020, na encíclica Fratelli Tutti, afirma: “Toda a guerra deixa o mundo pior do que o encontrou". Estes apelos não são discursos religiosos: são clamores morais. São convites à lucidez.
O Memorial Day, portanto, não pode ser apenas um ritual patriótico. Ele precisa ser também um espelho. Um espelho que nos pergunte: o que estamos a fazer com o legado daqueles que tombaram? Estamos, de facto, a construir um mundo mais livre, mais justo, mais pacífico?
Dos campos de batalha de Gettysburg às montanhas do Afeganistão, das águas de Guadalcanal às areias de Fallujah, soldados americanos — muitas vezes ainda jovens — entregaram o bem mais precioso que possuíam: a própria vida. O seu sacrifício não está apenas nos livros de história: vive na liberdade conquistada e nos princípios de humanidade a serem defendidos.
No Colégio Militar, Instituição em que os princípios de disciplina e de serviço em prol do bem comum são pilares da formação, temos a res-
ponsabilidade de refletir sobre o verdadeiro significado desta data.
Não se trata apenas de olhar para o passado, mas de aprender com ele. O Memorial Day ensina-nos que a liberdade tem um preço — e que cada geração deve estar disposta a preservar, a proteger e a respeitar esse legado.
Memória verdadeira não é nostalgia. É responsabilidade. Honrar os que morreram pela nossa liberdade não é apenas recordar o passado, mas lutar — com as armas da justiça, da palavra e da paz — para que o seu sacrifício não tenha sido em vão. Porque o que se ganhou com sangue, labuta, suor e lágrimas pode ser perdido com indiferença, vaidade e egoísmo. Hoje, mais do que nunca, precisamos de lembrar. Mas mais ainda: precisamos de escolher. E que essa escolha seja pela paz. Uma paz justa.

Óscar Ribeiro 481/1977
Era um típico dia frio de fevereiro em Lisboa, mas o auditório da subsidiária portuguesa de uma bem conhecida multinacional farmacêutica fervilhava de energia. O recém-nomeado CEO preparava-se para a sua apresentação global. À hora prevista, e com uma pontualidade suíça, o novo CEO apresentou-se. Sossegou os mais nervosos: não haveria despedimentos. Mas havia algo de novo. Trazia consigo uma nova forma de liderança, que guiaria a cultura e o futuro da empresa: "Servant Leadership". E, ato imediato, lembrei-me do nosso lema- SERVIR - e dos ensinamentos de liderança do Colégio. E não resisti a, ao longo do tempo, ir confrontando aquele que veio a ser o mote de liderança deste novo CEO, com aquela que tinha sido a minha vivência colegial. Partilho estas reflexões na nossa revista, esperando fomentar o debate sobre liderança e o nosso Colégio.

A expressão servent leadership traduz-se habitualmente como liderança ao serviço, ou liderança para servir, ou liderança servidora. Prefiro a última, pela sua simplicidade.
Cumpre começarmos pelo princípio. O que é a liderança servidora? Trata-se de um tipo de liderança, introduzido por Robert K. Greenleaf, através do ensaio intitulado "The Servant as Leader".
CARACTERISTICAS PRINCIPAIS
QUE DEFINEM ESTE MODELO E O PAPEL DO LÍDER:
• Ouvir ativamente: dedica tempo a escutar a equipa de forma aberta.
• Empatia: compreende genuinamente os sentimentos e as necessidades da equipa.
• Recuperação: ajuda a equipa a superar conflitos e frustrações.
• Consciência: possui autoconhecimento e compreensão do contexto. CÓDIGO
• Persuasão: influencia e inspira, evitando a imposição.
• Pensamento visionário: comunica uma visão clara .
• Planeamento: analisa o passado, vive o presente e planeia o futuro.
• Compromisso com o desenvolvimento das pessoas.
• Construção de comunidade: cria sentido de pertença e responsabilidade partilhada.
• Responsabilidade: promove a prestação de contas.
Exemplos mundiais deste estilo de liderança incluem Mahatma Gandhi, Nelson Mandela, Jesus Cristo - a famosa passagem bíblica em que Cristo lava os pés dos discípulos simboliza a essência de servir para liderar.
No contexto português, também temos exemplos notáveis, como António Guterres, atual Secretário-Geral das Nações Unidas, ou na área empresarial, o Comendador Rui Nabeiro, um exemplo paradigmático de liderança servidora e de sucesso empresarial.
A Liderança Servidora vista a partir do que é nosso: o Lema, a Divisa, os Valores.
O nosso lema expressa, de forma poderosa, numa única palavra, o nosso propósito: Servir. A sua origem está obviamente radicada na ideia de servir a Pátria (“Amar e honrar a Pátria” - 1º princípio do nosso Código de Honra).
Servir a Pátria, através de um contexto que, creio eu, tem uma profunda inspiração militar, como é próprio de uma instituição de formação militar. Ademais, “Este reino é obra de soldados”. como dizia o nosso Mouzinho de Albuquerque. Acresce o contexto histórico marcado pelas Invasões Francesas, pela 1ª Guerra Mundial e pela Guerra Ultramarina. Daí que me pareça que o SERVIR do nosso lema tem, na sua génese, a ideia Servir a pátria pelas armas!
Lembro-me de uma história que me marcou. Em 1985, ingressei no curso de admissão à Academia Militar. Completei o curso, mas acabei por desistir da admissão, optando pelo Ensino Universitário civil. O oficial, meu comandante, comentou: "Pensei que o Colégio formava alunos para servirem a Pátria, mas acabou por desistir". Reagi de pronto: "O Colégio forma para servir a Pátria. A vida militar é uma via. Mas há outras."
Servir, deverá ter uma interpretação mais alargada e inspiradora, agluti nando todas as formas de servir a so ciedade. Tenho, contudo, a opinião muito pessoal de que essa mensa gem inspiradora e plural, sobressai pouco na linguagem colegial.
Também a nossa divisa apela à liderança pelo serviço. Expressa compromisso mútuo e partilha de responsabilidades. É um reflexo direto da liderança servidora.
Liderança servidora, presente quan do ajudávamos os nosso camaradas
menos destros a saltarem o fosso da pista de combate. Ou quando organizávamos explicações para os camaradas mais novos com negas. Ou quando assumíamos a responsabilidade pelas “asneiras” de camaradas, já “tapados” por pontos negativos. Etc, etc.
A nossa divisa reflete assim responsabilidade e compromisso –valores centrais de uma liderança servidora. São valores que, infelizmente, escasseiam na nossa sociedade, mas que continuam presentes nos verdadeiros líderes.

O CÓDIGO DE HONRA E OS NOSSOS VALORES.
Muitos dos valores colegiais aproximam-se da liderança servidora, estando bem expressos no Código de Honra. Mas de todos, eu destacaria um, que penso ilustrar de forma sublime o que me refiro. “Ser modesto no êxito, digno na adversidade e confiante face às dificuldades” (7º). Uma expressão maravilhosa para definir um líder servidor. Um conceito tão inspirador quanto raro, e que tanta falta faz, nos dias que correm, a quem lidera.
As organizações vivem com paradoxos. O Colégio terá os seus. Partilho aqui, a partir da minha reflexão, algumas “tensões” entre a liderança servidora e os valores colegiais.
Tratados por igual…e a empatia?
A liderança servidora exige empatia: atenção às necessidades de cada membro da equipa; compreender o histórico, os valores, as crenças e os desafios de cada um.
Ora, desde sempre ouvi e interiorizei que, no Colégio Militar, somos todos iguais. Sempre tomei esse princípio como sagrado. É aquela visão de justiça. Que não olha a status, ou amizades, ou conveniências. Somos justos! Preferimos uma avaliação rigorosa, imparcial, inatacável, sem olhar a quem.
Eu aqui me confesso… fui, em tempos, orgulhosamente esse líder. Com o tempo, passei a tentar incorporar o contexto e a estar mais
focado em abordagens mais equitativas. Empatia não é sinónimo de favoritismo. É compreender o que motiva, o que limita, o que inspira cada elemento da equipa. Fica a reflexão.
A camaradagem e a comunidade… um outro paradoxo?
O espírito de camaradagem é das nossas maiores marcas. Orgulho-me do tratamento por "TU". A camaradagem nasce da entreajuda, da partilha de desafios e crescimento conjunto.
Mas é um círculo fechado. É a nossa tribo. Quem está dentro, pertence. Quem não está, não pertence. Já o sentido de serviço obriga-nos a olhar para fora, a servir todos, mesmo os que não fazem parte da nossa tribo.
Não quero ser mal interpretado. Sou um ferrenho defensor da camaradagem colegial. Mas ela encerra um risco: o de se tornar um círculo fechado. Vivemos num mundo mais aberto. O desafio é sermos camaradas entre nós e servidores da comunidade. De todos. E, ao fazê-lo, sermos exemplo de liderança.
As sociedades evoluem e a liderança não é exceção. Modelos emergem, paradigmas transformam-se. E creio que o Colégio vai fazendo o seu caminho, assente em valores e princípios de liderança que têm mostrado ser intemporais. Nesse longo percurso, o Colégio Militar tem sido e conti-
nua a ser, entre outras coisas, uma extraordinária escola de liderança. Mas será que temos plena consciência da força desse legado?
Quando vemos organizações multinacionais, empresas de referência, a adotarem culturas e modelos de liderança que estão enraizados em valores que são o ADN do Colégio há mais de 200 anos, faz sentido perguntarmo-nos “Será que sabemos reconhecer e tangibilizar esse ativo? E em que medida é que o temos sabido comunicar junto da sociedade. Como uma marca!
Sim, como uma marca!
Apetece-me terminar com um desafio. Será que existe um modelo de liderança “made in Colégio Militar”? E se sim, como o podemos afirmar e comunicar? A bem do Colégio e da sociedade portuguesa.

Tiago Silva 690/2017
anos. 8 anos é o tempo que eu, e o meu curso, vivemos dentro destes muros. 8 anos em que vivemos guiados por um sonho que nos veio do passado. O sonho da Excelência. Sobre dias longos e anos muito curtos, vimos mais da metade daqueles que começaram ao nosso lado saírem. Crescendo, empurrados pelos desafios da jornada, limámos arestas e polimos um Curso.
Hoje, olhando para nós, não seria sincero nem justo dizer que somos perfeitos, ou que discordâncias não existem. Mas mesmo nas mais profundas divergências, lutamos sempre por aquilo que julgamos ser melhor para esta Casa e melhor para o nosso Curso, incondicionalmente. E a isso chama-se amor. Amor a uma causa. Amor a um grupo. Amor a um sonho. Quando estava no meu
primeiro ano, “rata”, nesta mesma cerimónia, ouvi um discurso sobre Família. Uma família proclamada partida. Na altura não sabia exatamente o significado daquelas palavras, mas hoje, compreendo-as. É nisto que tudo culmina: Uma família. Esta familia. Uma família que tem de ser unida, mesmo na sua tão grande diferença de membros. Saudável, mesmo na sua incompatibilidade de ideias. Mas deixem-me também que vos diga, com orgulho, que esta família, com as suas infindáveis imperfeições, com as suas incontáveis falhas, é hoje mais robusta do que aquela que encontrei há 8 anos. Não por minha causa, não por causa do meu Curso, mas sim por causa de nós. Todos nós. E por isso digo-vos, a todos, aluno, militar, docente, funcionário, pai, valorizem-na, lutem por ela. Façam por aquele capote e barretina no
alto significarem algo. Façam por aquela chama arder mais dentro de cada um. Porque chegará o dia em que eu virei ao Colégio e já não encontrarei cá as mesmas pessoas, já não andarei nos mesmos espaços, já não serão as mesmas regras, mas eu tenho muita esperança de encontrar os mesmos valores, de ser o mesmo espírito, de existir o mesmo sonho. Nós somos herdeiros de um legado de 222 anos, temos o direito de usufruir dele, mas temos também o dever de o fazer continuar. Porque não é o espírito que nos faz quem somos, somos nós que o fazemos como ele é. E fazemo-lo a cada dia, a cada momento, dando o melhor de nós, pois isso, isso é a Excelência.
Assim, dirijo-me agora a vós, Curso 2018. Vocês já sabem qual é o vosso assumir de responsabilidades em poucos meses.

Estão perfeitamente cientes do que já ouviram e ouvirão vezes sem conta sobre o trabalho que têm pela frente e a sua relevância. Sobre exemplo e esforço. Ora eu quero-vos apenas dizer algo mais simples e talvez mais real: Eu acredito que conseguem. “Acreditar” é provavelmente a melhor motivação que existe. Acreditar leva-nos a fazer grandes sacrifícios por uma causa, leva-nos a mudar quem somos e, mais relevante, acreditar em alguém leva-nos a seguir, a sermos voluntariamente liderados. Por isso, façam por que acreditem em vocês, no vosso projeto, na vossa liderança e, acima de tudo, acreditem realmente em vós próprios e no que estão a fazer, porque grandes obstáculos virão, garanto-vos, e muita vontade de desistir e afrouxar, em parte ou por completo, virá com eles. E quando essas alturas chegarem, e o espírito estiver a fraquejar, tudo
o que restará será o vosso propósito. Acreditem nele e poderão desfrutar de mais um dia como excelentes. Desejo-vos ainda, profundamente, que nas vossas tarefas sejam melhores do que eu alguma vez fui, ou do que o meu curso foi, mas lembrem-se também de que pouco servirá serem melhores se não conseguirem que aqueles que a vós sucederão também vos superem.
Por fim, dirijo-me a vocês, meus irmãos e irmãs do Curso 17. A nossa missão está cumprida. A jornada dentro destas antigas paredes terminada. Durante anos vivemos tradições, cerimónias. Este ano, fizemo-las. Durante anos sentimos a mesma rotina e horários. Este ano, cada dia foi especial. Durante anos fomos liderados. Este ano, liderámos. E, honestamente, estou orgulhoso, mesmo com todas as nossas lacunas, estou orgulhoso de nós.
E deveríamos estar todos. Porque acredito que deixamos esta Casa melhor do que quando tomámos as suas rédeas e porque acredito que deixamos aos nossos sucessores um caminho aberto para ainda maiores feitos. Mas mais que orgulhoso, estou grato. Grato a vocês que me acompanharam, que me moldaram com toda e cada experiência. Que fizeram de todos os momentos nossos momentos. E jamais são estas palavras de despedida. Continuamos e continuaremos a conviver e a crescer em conjunto. Disso tenho a certeza. Agora, deixemos uma última vez o que temos a dar com a farda-cor-pinhão. Mostremos uma última vez o Curso 17. Por fim, asseguro-vos: um dia, em retrospetiva, olharemos para estes anos de luta e irão parecer-nos os mais belos, porque o foram.
Amo-vos muito malta! Amo-vos mesmo muito!
Aos restantes, que os vossos erros não vos definam pelo que podiam ter sido, mas que vos marquem pelo quão perto da Excelência estiveram.
Um obrigado a todos aqueles que nos acompanharam durante estes anos. Um obrigado a esta Casa. Um obrigado, meu Batalhão.
Forte Zacatraz

Os Alunos e Antigos Alunos do CM orgulham-se da promoção a General, do Antigo Aluno 127/1950, Vasco Joaquim Rocha Vieira, reconhecido e promovido a título póstumo, ao posto de General, no passado dia 1 de Julho.
Decreto do Presidente da República n.º 60/2025 1 de Julho de 2025.
O Presidente da República decreta, nos termos do n.º 2 do artigo 26.º da Lei Orgânica n.º 2/2021, de 9 de Agosto, o seguinte:
É homologada a promoção por distinção, a título póstumo, ao posto de General do Tenente-General Vasco Joaquim Rocha Vieira, efectuada por delibe -
ração de 12 de Maio de 2025 do Conselho de Chefes de Estado-Maior e aprovada por despacho do Ministro da Defesa Nacional de 23 de Junho de 2025.
Assinado em 27 de Junho de 2025.
Publique-se.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa
ANTIGOS
(503/1986)
Num dos últimos números do jornal de Negócios encontramos dois artigos de Antigos Alunos, em destaque na sociedade, em Portugal e no estrangeiro.
Encontramos o Pedro Afonso (503/1986), CEO da Vinci Energies, presente na capa do jornal, dando rosto a uma entrevista dedicada ao sistema fiscal, desenvolvida em quatro páginas no interior do jornal, sistema que considerou não ser amigo dos grandes grupos, “nivelando por baixo”, e assim promovendo “quem se mantém pequeno”.
Numa sequência de perguntas com resposta rápida, destaque para o Colégio Militar, a que se referiu com “Personalidade, valores, vida, o colectivo sobre o individual”.
No mesmo número do jornal de Negócios, mais um Antigo Aluno em destaque, o Luís Faro Ramos (617/1972), Embaixador de Portugal no Brasil, entrevistado no tema “As oportunidades no Brasil e o futuro no Mercosul”, desenvolveu o seu pensamento sobre o “Acordo”, que ao fim de 25 anos de negociações se arrastavam no
tempo foi, finalmente, assinado em 6 de Dezembro de 2024.
Em algumas das ideias chave, que decorrem do seu pensamento, destaque para a realidade portuguesa que é hoje muito mais conhecida e apetecível para o investidor brasileiro.
Temos assim duas entrevistas de áreas chave da economia que merecem leitura, se encontra disponível na internet, com o orgulho de darem visibilidade, reconhecimento e rosto, no sucesso de Antigos Alunos presentes em altos cargos da sociedade.
Direcção da Zacatraz

Luís Faro Ramos (617/1972).

Pedro Afonso (503/1986).
AAAACM esteve presente nas cerimónias do 10 de Junho de 2025, Dia de Portugal, de Camões e dos Combatentes, em memória e homenagem aos militares que serviram nas províncias ultramarinas, durante a guerra de 1961-1974. A Associação depositou a sua coroa de flores, marcando presença e respeito na cerimónia, que acolheu um forte e emotivo discurso, do Coronel Comando Paulo Pipa de Amorim, sublinhado por longos e emotivos minutos de aplausos, de todos os que ali estiveram presentes.
Se o “discurso”, pela sua dimensão, não nos permite a partilha nestas páginas, merece ser lido, já que está presente e disponível em diversas redes e plataformas sociais, recordando aqui as suas últimas palavras:
Assim, imbuídas dessa vossa energia individual e colectiva, venerando a grandeza de todos aqueles que sofreram no corpo e na alma o preço do dever cumprido, estou certo que, olhar o futuro com a responsabilidade do excelso legado de que são portadoras, continuará a temperar as almas das futuras gerações de Combatentes, as quais continuarão a gritar bem alto o brado que nos une, que nos galvaniza e nos levará sempre à vitória: Viva Portugal.
Belém, 10 de Junho de 2025
Paulo Júlio Lopes Pipa de Amorim Coronel





O Presidente da AAACM António Menezes (568/1969) no acolhimento aos graduados.
ADirecção da AAACM, inovando, acolheu nas instalações no PM34 antigo Quartel da Formação, no Largo da Luz, os graduados, finalistas do curso 2017/25, futuros Antigos Alunos, já ligados à associação, pelo seu estatuto de sócio aluno.
Foi um momento de confraternização, antecedido por palavras dos elementos da direcção presentes, em particular do presidente António Menezes (568/1969), promovendo uma dinâmica a que se pretende dar continuidade, de aproximação dos futuros Antigos Alunos, desde o primeiro dia em que vestem a farda cor de pinhão, com a Associação, que irá ser o futuro elo de ligação ao longo dos seus percursos de vida.
A marcar o evento, foi oferecido a cada um dos alunos uma lembrança personalizada, e o último número da revista Zacatraz, com que pretendemos manter a ligação nesta nova fase das suas vidas de estudante.
A terminar, um Zacatraz dirigido ao curso 2017/25, com votos de um caminho, que a todos desejamos com sucesso.
Da Direcção

O Zacatraz na despedida dos graduados.


Hugo Ferrão 572/1966
No dia 30 de Novembro de 2024, eu e a minha mulher fomos levados ao Colégio Militar pela Engª Silvicultora Graça Rato para me encontrar com uma família de advogados, Álea e Pedro Rato, com quem tenho partilhado parte da minha existência, para acompanharmos uma “fera” pequenita, de seu nome Henrique Maria Teles de Menezes Montenegro Rato (279), mais conhecido entre nós por “Henriquinho”, no dia em que foi admitido no 1º Ciclo, que simultaneamente coincidente com a cerimónia do Compromisso de Honra dos Novos Alunos do Batalhão Colegial.
Inevitavelmente, como Antigo Aluno do Colégio Militar, e na fase de transmutação de “Rata” em “veterano”, enquanto esperava pus-me a revisitar as imagens-memórias e lá encontrei a minha mãe com o
seu casaco com peles de leopardo e o meu pai de mão dada ao meu irmão, nos claustros. Vejo-me miúdo, como o Henrique, a ser iniciado no simbolismo ritualizado pela figura do Comandante do Batalhão quando abraça o “Batalhãozinho” transmitindo-nos o legado humanista plasmado na divisa inquebrantável de “Um por todos, todos por um”, preservado de geração em geração, como se verificou em 2012-13, perante a possibilidade de encerramento de instituições como o Colégio Militar, os Pupilos do Exército e o Instituto de Odivelas em que os Antigos Alunos se mobilizaram perante o “poder destrutivo institucionalizado” como dizia José Manuel Tribolet (230/1959). Separei-me momentaneamente destas memórias graças à ressonância da sonoridade dos “Zacatraz”, sorri, perante a intensidade intemporal dos compromissos assumidos por todos nós.

Tínhamos combinado ir almoçar a minha casa, fizemos os devidos elogios aos pais do Henrique pela decisão de o candidatarem ao Colégio, e entregou-se ao neófito o emblema da Barretina grande, o livro, “Colégio Militar Património e Colecções” e a revista Zacatraz, mas para minha surpresa, sem que me tivesse apercebido, a minha mulher foi vestir o meu dólman ao Henrique, o que me emocionou.
De tarde, conversámos, entre muitas coisas, sobre os professores que mais me tinham marcado, e contei-lhes como fora significativo o professor de desenho, o Arquitecto Fernando António Torres de Sá Fernandes, também conhecido por “Sá Pantas”, no reconhecimento da minha vocação. O resultado foi ter passado a vida ligado às Belas-Artes. Também lhes falei da “paixão arqueológica”, de ressuscitar aquilo que está esquecido, e devido às exposições feitas no Museu Militar de Lisboa e no Colégio Militar, havia encontrado um espólio muito interessante, graças ao meu sobrinho, Miguel Serrão de Moura Carvalho e Melo, bisneto da Alice Ogando de Oliveira Brun (1900-1981), casada com o escritor André Francisco Brun (1881-1926), um oficial do exército, Professor Auxiliar no Colégio Militar em 1915, que virá a fazer parte do CEP-Corpo Expedicionário Português, participando na I Guerra Mundial (1917-1918).
É neste contexto adverso, que se relaciona com o pintor Adriano de Sousa Lopes (1879-1944) que se havia voluntariado e propusera um programa pictórico (por palavras suas: «documentar artisticamente», através desenhos, gravuras, águas-fortes e pinturas, o protagonismo
das tropas portuguesas na frente de batalha) ao Ministério do Exército. Soube que a neta da Alice Ogando, Maria Ivone Ogando Serrão de Moura (1942-2012) havia preservado, para além de documentação escrita, desenhos, aguarelas, uma água-forte com dedicatória a André Brun de Sousa Lopes e também vários objectos pessoais.
Estas duas personagens, o escritor e o pintor, subliminarmente, estiveram presentes em duas exposições individuais, da minha autoria, indissociáveis das vivências colegiais, sendo uma delas materializa no espaço do Museu Militar de Lisboa, na sala sobre a Grande Guerra, concebida pelo pintor Sousa Lopes, sendo considerada, entre os Museus Militares Europeus, como uma das mais belas, com a instalação intitulada: «Eranos, Bang! Bang! A Consciência de Si» (2018). A outra exposição, decorrente da do Museu Militar, foi exposta no «Open Day –Arte Contemporânea», agora designada: «Axis Mundi Colégio Militar, Imaginário e Identidade» (2018), montada no Atrium do Grande Auditório e continha numa pequena vitrine, com a minha barretina, alguns dos objectos e documentos pertencentes a André Brun e Sousa Lopes, amavelmente cedidos por Miguel Carvalho e Melo.
Fiquei interessado em desenvolver estas matérias à volta do André Brun e do Sousa Lopes e presentemente, para além desde artigo, preparo uma conferência e um ensaio para apresentar na Academia Nacional de Belas-Artes em Maio deste ano.
André Brun nasce no fim do século XIX (1881) em Lisboa, num período em que a Monarquia Constitu-

cional no seu rotativismo oligárquico, agonizava sem encontrar soluções políticas para questões tão significativas como o Ultimatum (1890/91), reforçando o ideário republicano («república, laica e jacobina»), agregador de todo o descontentamento e considerando legitimo o recurso às armas para por termo à Monarquia. A Carbonária, uma organização próxima da Maçonaria, protagoniza papel central na implantação da República, determinante no regicídio do Rei D. Carlos (1863-1908) e do seu filho o Príncipe D. Luís Filipe (1887-1908), figuras queridas do Colégio Militar, ambos Comandantes Honorários do Batalhão de Alunos, sem esquecermos o espaço encantatório do Teatro D. Luís Filipe (1903).
André Brun e Sousa Lopes vivem neste turbilhão de renovação política, em que a cumplicidade entre a oligarquia aristocrática e a Igreja Católica Apostólica Romana, indissociáveis da Monarquia (trono e altar), termina com a implantação da República dita capaz de regenerar e garantir a própria existência de Portugal enquanto nação in-
dependente. Os republicanos têm como grande veículo de disseminação do seu ideário, a imprensa (jornais, revistas, cartazes, folhetos, caricaturas, livros), cujos leitores maioritariamente vivem nas grandes cidades (revolução urbana), pois não podemos esquecer que cerca de 76% da população portuguesa era analfabeta. Brun, desde muito novo escreve, mantém uma tertúlia onde tudo se debate, é um dos fundadores do cenáculo artístico «Águia», é «republicano cosmopolita», refere ser um devorador de livros, e tornou-se um dos escritores mais lidos em Portugal, através dos artigos jornalísticos, de ironia subtil e mordaz, e dos livros, de um «género alegre escrito em português», onde cria personagens que caricaturam a sociedade portuguesa, sendo transportadas para as suas peças de teatro.
Adriano de Sousa Lopes, «paisano de nascença» (André Brun), revela qualidades artísticas desde jovem, reconhecidas por um grupo de mecenas que lhe permite vir para Lisboa e frequentar a Escola de Belas-Artes, (aluno não matriculado de Desenho – 1895-1898), tendo como figuras tutelares os pintores Luciano Freire (1864-1935) e Veloso Salgado (1864-1945). Será Ramalho Ortigão, um dos seus patronos, a escrever a Luciano Freire, recomendando-o, resultando daí uma relação de grande amizade por toda a vida. Poderíamos dizer que o desenho dinâmico de Sousa Lopes tem forte influência de Luciano Freire e o cromatismo ou a «fosforescência da cor», como gostava de dizer, assim como a espacialidade pictórica provem da Pintura Histórica de Veloso Salgado. Recebe da Academia uma bolsa de estudo (pensão) para o estrangeiro na especialidade
de Pintura Histórica e inscreve-se na Academia Julian, «território dos Nabis», muito influenciados pelos Simbolistas e Impressionistas e posteriormente concorre e é aceite na École Nationale et Spéciale des Beaux-Arts de Paris (1903) ficando seduzido pela luminosidade e espontaneidade dos Impressionistas, no entanto existe, pressente-se a tensão permanente nas suas obras entre a objectividade do naturalismo e a espiritualidade romântica.
O escritor considerou A Malta das Trincheiras o seu melhor livro e no capítulo «Um pintor nas «trinchas», retracta o pintor, como um homem entre homens, que viveu a experiência da guerra com todos os «lãzudos», escrevendo com admiração: «Das minhas melhores recordações da guerra, uma das que mais profundamente me impressionaram e sensibilizaram mesmo foi a convivência com Sousa Lopes, ali nas linhas, nas barbas de Fritz». Sousa Lopes vem a fazer um conjunto vasto de desenhos (conhecem-se mais de 250) que dão origem às águas-fortes, onde somos confrontados com a essencialidade do momento captado por traços vibrantes das múltiplas cenas da guerra.
Termino, evocando a amizade inquebrantável e muitas cumplicidades republicanas, entre o escritor e o pintor, expressa no retracto de André Brun, realizado no «Pátio das Osgas» que veio a ser utilizado na capa do livro «A Malta das Trincheiras, e na dedicatória de Sousa Lopes na água-forte sobre papel, prova de autor, com os seguintes dizeres: «O 23 de infantaria no Pátio das Osgas, Flandres. Ao André Brun querido camarada e precioso amigo como recordação do seu batalhão do seu amigo. S.L.».



Fotografias de André Brun. À cima está sinalizado com um ponto vermelho, ao centro, nas trincheiras, segue-se a «recordação de França» e por último o Bilhete de identidade do Ministério da Guerra com a patente de Major (1923).

Desenho (retracto de André Brun) e água-forte de Sousa Lopes no «Pátio das Osgas» com dedicatória.
1Reforma de José Pedro Aguiar-Branco, que extingue o Instituto de Odivelas e integra as alunas e professoras no Colégio Militar.
2É Albino Forjaz de Sampaio quem faz referência à nomeação de André Brun como professor auxiliar do Colégio Militar (2 de Dezembro de 1915). SAMPAIO, Albino Forjaz de,Colecção Patrícia - André Brun: a sua vida e obra, Lisboa: Editora Empresa do Diário de Notícias, 1931. p 4 (A sua carreira militar: Condecorações). Também em MATOS, José Alberto da Costa, História do Colégio Militar, Edição Comemorativa do 2º Centenário do Colégio Militar, II Volume, Lisboa: Estado-Maior do Exército, 2003. na página 651, é apresentado um quadro relativos docentes da instituição onde se encontra referenciado André Brun como Capitão de Infantaria, Professor Auxiliar em 1915.
3O ano tenebroso de 1917, é descrito por Vasco Polido Valente como «A Revolta dos Abastecimentos». VALENTE, Vasco Pulido, Tentar Perceber, Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1981, pp 159-198.
4 ALBUQUERQUE, Luís Sodré de; SALTEIRO, Ilídio (coord.), EVOCAÇÃO nos 100 Anos da Primeira Grande Guerra, Salas da Grande Guerra do Museu Militar de Lisboa, Lisboa: CIEBA – Cen-
tro de Investigação e Estudos em Belas-Artes da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, 2020.
5 FERRÃO, Hugo, «Olhar para dentro das coisas onde aparecemos», em Zacatraz, Revista da Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar, nº 236, Julho/Setembro, Lisboa: 2024, pp. 24-27.
6 VENTURA, António, A Carbonária em Portugal 1897-1910, Lisboa, Livros Horizonte, 2008.
7 Não podemos esquecer que na I República de 1910 a 28 de Maio de 1926 existiram 45 governos.
8Os autores do regicídio (1 de Fevereiro de 1908), foram Manuel dos Reis da Silva Buiça e Alfredo Luís da Costa, ambos pertencentes à Carbonária, sendo mortos no local do atentado. Suponho ter existido um terceiro atirador (triangulação) nunca identificado. VENTURA, António, A Carbonária em Portugal 1897-1910, II Edição, Lisboa: Livros Horizonte, 2008.
9 ROSAS, Fernando, A Primeira República 1910-1926, como venceu e porque se perdeu, Lisboa: Bertrand Editora, 2008.
10 Alice Ogando numa carta prefácio para o livro Consultório Psicológico, apresenta uma auto-biografia de An-
dré Brun, que nos ajuda a perceber melhor o escritor. Faziam parte grémio artístico e literário «Águia» entre outros: Carlos Simões, Francisco Valença, Manuel Ribeiro, Eugénio Vieira, Bernardino Chagas e Forjaz de Sampaio. BRUN, André, Consultório Psicológico, doenças do coração e miolo, Lisboa, Editora Gleba, s.d, pp.12-21.
11 Luciano Freire, além de ter sido secretário da Academia de Belas-Artes (1900-1910), leccionava a cadeira de Desenho (1896-1933).
12SILVEIRA, Maria Aires e SILVEIRA, Carlos, (coodr.), «Adriano de Sousa Lopes 1879-1944 Efeitos de Luz», Lisboa, Museu Nacional de Artes Contemporânea do Chiado, 2015. SILVEIRA, Carlos, Adriano de Sousa Lopes um pintor na Grande Guerra, Lisboa, Edições 70, 2018.
13 BRUN, André, A Malta das Trincheiras, Migalhas da Grande Guerra: 1917-1918, Lisboa, Guerra e Paz, 2024, pp. 139-143.
14 André Brun, foi comandante do batalhão de Infantaria 23. A água-forte também é conhecida por «Infantaria 23 na Ferme du Bois (distribuição do rancho) 1918.
No passado dia 10 de Maio, o Colégio Militar (CM) abriu as portas à comunidade colegial e ao público em geral, para o aguardado Open Day/2025. Um evento que reuniu famílias, alunos, candidatos e potenciais alunos, e Encarregados de Educação, num ambiente de celebração e partilha. O evento, que aconteceu dentro das instalações do CM, foi uma oportunidade para conhecer de perto o dia a dia da vida colegial, o trabalho e os projectos desenvolvidos no Colégio, além de estreitar os laços com a comunidade e as instituições que actuam em parceria com a escola.
Logo no início da manhã, os visitantes foram recebidos com uma série de actividades de índole física, envolvendo os alunos do 1ºCiclo do ensino básico, seguindo-se toda uma panóplia de actividades escolares e culturais que reflectem a diversidade e o caracter único do Projecto Educativo do CM. Apresentações musicais, exposições de arte e visitas ao património edificado, incluindo colecções visitáveis, marcaram o tom festivo e educativo do evento. A participação activa dos alunos foi um dos pontos altos, mostrando não só o talento e a disponibilidade dos estudantes, mas também a importância da cultura no desenvolvimento pessoal e social dos
jovens. O espírito de disciplina e superação, característico do Colégio Militar, esteve presente nas diversas actividades físicas que foram organizadas para o evento. Desde corridas de obstáculos, até aos desportos colectivos e de equipa, o público teve a oportunidade de testemunhar o rigor e a energia que marcam a formação dos alunos desta nobre e secular instituição. Destaque para a exibição de habilidades físicas de ginástica (solo e saltos), judo, esgrima e equitação, que conjuntamente concorrem para um projecto único e ecléctico.
A jornada contou ainda com a presença de diversas entidades, parceiras do CM e do Exército, que, de alguma forma, contribuem para o enriquecimento da formação, conhecimento e das actividades realizadas.
Os Ramos das Forças Armadas marcaram presença, como tem sido habitual, desta vez realizando uma demonstração cinotécnica e actividades de divulgação e recrutamento pelo Exército, e um stand interactivo da Força Aérea Portuguesa (simulador de voo). A Câmara Municipal de Lisboa (CML) também esteve presente, mostrando o apoio institucional à educação e ao desenvolvimento dos jovens, numa vertente relacionada com o programa Eco escolas.


Outros parceiros importantes, como a Azimute Radical, entidade especializada em actividades radicais e desportivas, também abrilhantaram o evento com uma série de actividades interactivas e sensoriais vocacionadas para as crianças e famílias.
A tarde foi ainda marcada por piqueniques e confraternização entre famílias, alunos e professores nos vários espaços verdes do CM. Além da componente pedagógica, o acontecimento proporcionou um ambiente acolhedor, onde todos puderam socializar, trocar experiências e celebrar o espírito de comunidade que é cultivado no Colégio Militar. Com muita comida, música e risos, os diversos piqueniques foram o ponto de encontro ideal para reforçar os laços e demonstrar a importância do convívio familiar e escolar na formação dos jovens alunos.
O Open Day do Colégio Militar foi um sucesso, mostrando não apenas as competências adquiridas pelos alunos, mas também a colaboração entre diferentes entidades e a importância do envolvimento das famílias no processo de ensino/aprendizagem para a vida. Através de actividades culturais, físicas e institucionais, o evento destacou os valores da disciplina, do trabalho colaborativo e da dedicação, pilares fundamentais que alicerçados numa formação de matriz militar, pretendem preparar gerações de jovens alunos para o futuro, entregando-os à sociedade como cidadãos responsáveis e conscientes. Com um ambiente acolhedor e de confraternização, o Open Day destaca-se, anualmente, como um momento marcante para toda a comunidade colegial e respectivas famílias, a par de todos aqueles que nos quiseram conhecer.
Artigo recebido do Colégio Militar










DE 70
- LUZ 09 MAIO 2025

Um representante do curso, dirige as seguintes palavras ao senhor Coronel Director do Colégio Militar: Tem V.Ex.ª perante si 28 alunos, prontos para comemorar o 70º aniversário da sua entrada neste Colégio, no longínquo ano de 1955. Digo alunos, por uma simples razão. Ao deixarmos o Colégio despimos a gloriosa farda cor de pinhão, atribuída ao real Colégio Militar pela rainha D. Maria II, mas mantivemos, na mente e no coração, o «Espírito do Colégio Militar», nosso guia, nossa luz. Continuamos assim alunos. Não somos uns meros
visitantes deste Colégio sem igual. Esta é a nossa Casa Mãe.
Nesta casa recebemos uma educação ímpar e uma segunda família. Ainda não tínhamos saído do Colégio e já tínhamos saudades. São a gratidão e a saudade, que aqui nos trazem hoje. Já tivemos cerca de 40 baixas no nosso curso. Já partiram, mas continuam vivos para nós, ainda ouvimos as suas passadas para além da curva do caminho. O nosso curso no Colégio coincidiu no tempo com acontecimentos marcantes das histórias de Portugal e do Colégio.
- Em 1957, participámos, no Terreiro do Paço, na grandiosa parada de recepção à jovem Rainha Isabel II, da Grã-Bretanha.
- Em 1958, vivemos as eleições presidenciais, que selaram o destino do General Humberto Delgado, Antigo Aluno do Colégio.
- Em 1958, a nossa classe especial de ginástica teve a sua primeira internacionalização, exibindo-se na Feira internacional de Bruxelas.
- Em 1958, inaugurámos o “Colégio novo” (o edifício do internato).
- Em 1959, deu-se a primeira apresentação pública da nossa Escolta a cavalo.
- Em 1959, desfilámos de novo no Terreiro do Paço, na recepção ao Imperador Hailé-Selassié, da Etiópia.
- Em 1960, recebemos a primeira visita de uma delegação do Colégio Militar do Rio de Janeiro.
- Em 1961, vivemos o ano horrível do início da guerra em Angola, do fim de S. João Baptista de Ajudá e da invasão da Índia Portuguesa.
Os acontecimentos de 1961 determinaram o resto das nossas vidas. Ficámos a pertencer à geração dos últimos soldados do império. A grande maioria de nós foi mobilizada para o Ultramar. O nosso curso foi duramente castigado. Perdemos 3 camaradas de curso na guerra, em Angola: um médico militar miliciano, morto numa emboscada em Cabinda e dois alferes milicianos pilotos-aviadores, em acidentes aéreos no Negage. Não estão mortos, nem para o Colégio, nem para nós. O Colégio recorda-os em lápide colocada no seu átrio de entrada. Nós não os esquecemos. Estão aqui connosco em espírito, o 408 Silvério marques, o 283 Raúl Couvreur e o 205 Salgueiro Lopes. Recordamo-los com o maior afecto.
À guerra, sucedeu o golpe militar de 25 de Abril de 1974. Também aí estiveram camaradas do nosso curso. Seguiu-se um conturbado processo revolucionário, com fim em 25 de Novembro de 1975, ao que se seguiu a democracia.
Ao longo de 50 anos de democracia, assistimos, impotentes, á progressiva redução das Forças Armadas à insignificância, fruto da irresponsabilidade e da ignorância dos que
agora o lamentam. O desprezo pelas Forças Armadas teve, obviamente, consequências muito gravosas no Colégio. A diferença entre o “nosso Colégio” e o Colégio do presente é abissal. Há cerca de uma dúzia de anos, um governante de má memória impôs alterações profundas no Colégio e a sua realização de sopetão. Podia ter tido consequências trágicas e irreparáveis.
O Colégio passou a ter o ensino primário, regime misto de frequência e Alunos externos. O Colégio sobreviveu. Ficou isto a dever-se ao seu lastro de mais de dois séculos de existência e a uma notável actuação dos graduados, que aqui enaltecemos. A nossa Associação disse então presente, como era seu dever, dando todo o seu apoio à Direcção do Colégio e aos alunos. O ensino primário já tinha sido sugerido pela nossa Associação. Tem sido um sucesso, como fonte de alimentação do Batalhão.
A admissão de Alunas, era impensável no nosso tempo, causando-nos a maior apreensão. Foi combatida por muitos de nós. Por mim, inclusive. Estávamos errados. As Alunas representam hoje 40% do Batalhão. Desde o dia em que ingressam no Batalhão, o seu objectivo é bem claro “não ficar, em nada, atrás dos rapazes”. Muitas atingiram esse objectivo. Já tivemos várias Alunas Comandantes de Companhia. Este ano temos a primeira Aluna Comandante da Escolta, por sinal um bom calção. Só falta termos uma Aluna Comandante de Batalhão.
A existência de Alunos externos constitui um sério problema. Os gerais e as camaratas são os cadinhos onde se amalgama o Espírito do Colégio Militar e a camaradagem,
nossas características identitárias. Os Alunos reconhecem este facto, por isso procuram o internato, nem que seja apenas nos últimos anos de curso. O internato é obrigatório para se ser graduado.
No último número da revista Zacatraz, figuram dois artigos da autoria de duas Alunas, da Porta Bandeira do ano passado e da actual Comandante da Escolta. Recomendo a sua leitura. São dois hinos de louvor ao Espírito do Colégio Militar, o nosso património imaterial mais valioso. Enquanto o Espírito do Colégio se mantiver vivo, o Colégio será uma Instituição com futuro.
Longa vida ao Colégio Militar, é este o nosso desejo.

Eduardo Henrique Vidigal Solano de Almeida (5/1954); António Filipe Nunes Salvador Tribolet (61/1956); Luis Filipe Ribeiro Ferreira Barbosa (71/1957); Luis Fernando Cordeiro Falcão Mena (77/1955); António Manuel Latino Tavares (100/1955); José de Pina Cabral e Trindade (101/1955); Fernando José de Meneses Mourão Rodrigues (107/1955); João Carlos de Figueiredo Pinheiro (203/1955); Carlos Manuel de Sousa Baptista (211/1955); Ernesto Manuel de
Andrade e Silva Durão (227/1955); Manuel José de Matos Almeida (262/1956); Francisco Manuel Geraldo de Faria Paulino (265/1956); Mário Carlos de Sousa Tavares (274/1956); Mário João Conde de Carvalho Pereira (257/1956); Manuel Augusto Moutinho da Silva Pereira (292/1955); Francisco Agostinho de Jesus da Silva (307/1955); António Fernando Diniz de Ayala Boaventura (339/1955); Manuel Lourenço Castelo Branco Gomes Pereira (353/1956); Mário Delfim Guima-
ROMAGEM DE 15 ANOS DE SAÍDA - LUZ 23 MAIO 2025
rães Tavares de Almeida (362/1955); José Manuel Esteves de Carvalho (368/1957); José Fernando Décoppet dos Santos Coelho (379/1957); José Manuel Vasconcelos e Silva de Magalhães (409/1955); Joaquim Guilherme Fernandes Correia de Sá das Neves (420/1955); Francisco José da Silva Antunes (422/1955); Manuel Agostinho de Castro Freire Meneses (423/1955); Fernando Manuel Schiappa de Azevedo (429/1955); Rui Manuel Marques Pires (437/1955);

No passado dia 23 de Maio, o Curso de 2001/2009 teve a oportunidade de regressar ao Colégio Militar para celebrar os 15 anos de saída. Maiores que sejam as responsabilidades pessoais e profissionais nesta fase, voltar
à casa que nos viu crescer é uma oportunidade única para reagrupar, num reencontro com os colegas de curso que connosco fizeram este percurso.
A efeméride teve início no Quartel da Formação, ponto de partida para
este reencontro nas instalações da Associação de Antigos Alunos, onde fomos amavelmente recebidos pela actual Direção. À nossa chegada, recebemos das mãos do Presidente um simbólico “kit de acolhimento” como um sinal de boas-vindas nes-
te retorno carregado de lembranças e memórias. Daqui partimos juntos em direção ao outro lado do Largo da Luz, para aquela que foi a nossa morada durante 8 anos.
Chegados ao Colégio fomos dirigidos à Biblioteca, onde o Coronel Diretor nos colocou a par do momento atual da instituição, e dos esforços incessantes para continuar a afirmar-se como uma oferta educativa e cívica completa e diversificada, inevitavelmente distinta daquela por nós experienciada há década e meia atrás, mas alicerçada nos mesmos valores morais, éticos e intemporais que sempre acompanharam os Meninos da Luz. Caminhando pelos Claustros bicentenários, somos invadidos por memórias e lembranças dos tempos que por ali circulávamos de barrete na cabeça. As paredes de pedra, levam-nos a viajar no tempo e reviver por momentos a azafama da vida colegial. Vislumbrar a Cúpula remete-nos para memórias profundas e impactantes que dificilmente conseguimos explicar por palavras, como o sentimento de camaradagem vivido nas camaratas, o brio de vestir a farda cor-de-pinhão, ou o arrepio que se sente ao ouvir o Hino Nacional num espaço tão emblemático.
Somos também brindados com reencontros com professores e funcionários que aqui já serviam aquando da nossa passagem. Entre gargalhadas e sorrisos, fazemos juntos uma viagem no túnel do tempo e lembramos pequenas histórias que fizeram parte desse capítulo por aqui vivido. Relembramos o quão importante foram os seus contributos na nossa formação e quão gratos estamos pela sua dedicação na nossa formação.
Antes de descerrar a placa comemorativa da ocasião, temos também a oportunidade do tradicional convívio com os atuais Alunos, partilhando com eles algumas das nossas memórias e experiências aqui vividas. Nesta confraternização com os nossos sucessores antes do desfile do Batalhão, temos a confirmação de que os pilares idealizados pelo Fundador, continuam presentes nos atuais Alunos e que num cenário de constante mudança e evolução se têm mantido inalterados. Antes do tradicional almoço de convívio, assistimos ao desfile do Batalhão, que liderado pelos Alunos graduados se apresentou com garbo e brio, marchando perfiladamente em continência.
Em nome do Curso de 2001/2009
Raphael Monteiro 410/01

David Andrew Pereira Inácio (67/2002); Alexandre Manuel Oliveira da Silva (82/2001); Lourenço Teixeira Beirão Reynaud Ribeiro (89/2001); João Paulo Serafim Lobato (91/2000); Bruno André Nogueira Vieira (97/2000); Tomás de Ayala Botto Fraústo da Silva (108/2001); David Sabaté Moreira (194/2001); Tomás Lourenço Oliveira Pegado (195/2001); Ruben Joel da Silva Martins (203/2001); André Alexandre Frias Abreu (211/2001); Ricardo Salgado Duarte (284/2001); Jorge Miguel Roque Amado (297/2001); Diogo Miguel Falcão Milheiro (319/2001); Raphael Taboada Monteiro (410/2001); João Luis Fernandes Simões (453/2000); Raúl António Correia Araújo (481/2003).



Durante os quase 20 anos do Núcleo da Feitoria da AAACM, o Rui Castilho vinha, de Vila do Conde, aos almoços/convívios mensais; e fez excelentes reportagens fotográficas. Com perto de 80 anos fez a volta ao Mundo num pequeno veleiro e foi publicando reportagens na “Zacatraz” sobre essa odisseia… Foi um grande camarada, atento aos outros e que deixa saudades…
- Conviveu connosco intensamente desde que começaram os almoços da Feitoria, embora já antes, noutros convívios, o víamos sempre com o mesmo estilo alegre e participativo e transbordando de afeição a todos. Sabemos que teve uma grande e intensa carreira profissional, de geómetra, de que ele tinha muito orgu-
Geómetra
Nasceu a 26 de Outubro 1937
Faleceu a 5 de Maio de 2025
lho (do bom) e que trabalhou muitos anos em Angola e Moçambique.
Uma das suas grandes paixões foi o mar e navegou por todo o mundo, como ele demonstrou nos vários artigos da “Zacatraz” e na excelente apresentação que fez no Clube do Alto da Barra, em Oeiras, numa das muitas tertúlias organizadas por Manuel Barão da Cunha. Agora parte aos 87 anos e a minha memória dele é, como um filme de alegria, de companheirismo, de entusiasmo de viver, sempre a fotografar, outra das suas paixões, todos os nossos encontros.
- Que enorme choque! Sempre pensei que o Rui seria aquele que havia acompanhar o funeral de cada um de
nós, tal era a sua vitalidade e o gosto e vontade de viver. A sua volta ao mundo à vela, iniciada aos 78 anos de idade, é algo de verdadeiramente extraordinário. O seu amor ao Colégio e a sua camaradagem eram excepcionais. Era um fora de série.
Creio que estará a navegar agora em paz e em águas calmas.
Pedro Lagido 330/47
Manuel Barão da Cunha 150/48
José Sampaio 67/49
Luís Barbosa 71/57






João Luís de Carvalho Charters Taborda (572/1961)
Faleceu a 4 de Abril de 2025
Manuel Eduardo Leal Vilarinho Pereira (11/1949)
Faleceu a 27 de Abril de 2025
Joaquim António Alcaide de Sousa (388/1949)
Faleceu a 16 de Abril de 2025
Luís Eduardo de Almeida C. Soares de Oliveira (137/1939)
Faleceu a 6 de Maio de 2025
Recebemos na “Zacatraz”, a triste notícia do falecimento destse nossos camaradas, que subiu ao “Zimbório”, na Cúpula da Capela dos Claustros. Na impossibilidade de termos assegurado algumas palavras que aqui o recordassem, endereçamos a todos os seus familiares, as nossas mais sentidas condolências. A Redacção


O10foi um grande amigo. Entrámos no mesmo ano, em 1965, ficamos na mesma camarata, no mesmo pelotão, na mesma turma e reprovamos ambos no primeiro ano. Já no segundo ano o 10 ficou na turma E tendo eu ficado na D. No entanto, mantivemos sempre a amizade e o relacionamento forjado nas dificuldades do primeiro ano. Passei diversos fins-de-semana com ele, em casa da tia, onde ele vivia, quando não estava no Colégio e passou também algumas férias em minha casa em Leiria. Foram tempos que recordo com nostalgia própria de um tempo passado e bem passado. Apesar de mantermos sempre


(10/1965)
Gestor de Produto
Nasceu a 14 de Novembro de 1954
Faleceu a 23 de Junho de 2025
o contacto, fomos afastando-nos principalmente por razões académicas. Com a nossa saída do Colégio e a ida do 10 para Moçambique o afastamento foi total passando a ser uma memória. Finalmente, na celebração dos 50 anos de entrada do curso de 1965, em 2015 encontramo-nos outra vez e mantivemos um contacto em alguns almoços que combinamos os dois.
Para terminar gostaria de recordar uma situação que mostra a preocupação do 10 para com os outros, para com os amigos. Como chegava sempre atrasado à primeira formatura após a alvorada, começava o meu
dia a apanhar. O 10 dizia-me sempre “Num dia destas apanhas um chapadão”. E, na realidade, um dia o Comandante da Primeira – disse-me “Estou farto 57” e levei logo um chapadão. O 10 disse-me qualquer coisa como “Escusavas de ter apanhado. Bastavas teres-te levantado ao toque e não ficares mais 5 minutos na cama”. Nos dias seguintes o 10 teve o cuidado de verificar sempre se me levantava ao toque de alvorada.
Agora que subiste ao Zimbório, resta-nos as memórias. Para ti, meu amigo, um grande ZACATRAZ.
José Luís Pereira do Nascimento (57/1965)
Nasceu a 25 de Setembro de 1954
Faleceu a 14 de Junho de 2025
OCarlos, apesar da sua passagem breve de três anos no Colégio Militar, manteve uma relação próxima com o curso de 1966, tendo estado presente em várias tertúlias à volta de uma mesa, em que o convívio e as recordações ali contadas, tinham nele um dos mais atentos às estórias da nossa juventude. Acompanhámos através da filha, os últimos meses, em que uma doença prolongada e sem tréguas, o retirou da nossa companhia. Por ti, Carlos, o ZACATRAZ do curso.
A Redacção
OS QUE NOS DEIXARAM


Recebemos do João Fernandes (47/1962) na “Zacatraz”, a triste notícia do falecimento do seu irmão e nosso camarada, que subiu ao “Zimbório”, na Cúpula da Capela dos Claustros.
Depois de concluir o ensino liceal em Portugal, frequentou a Escola


Morreu no passado dia 30 de Junho, de síncope, ao sair da missa em Oeiras o 591/1967, meu primo...
Estava feliz com a sua recente reforma do Estado Maior das Forças Armadas onde trabalhou toda a vida e saiu com um louvor por serviços distintos.
(358/1948)
Faleceu a 17 de Junho de 2025
de Peritos Têxteis em Tarrasa (Espanha), e fez a sua carreira profissional na indústria de lanifícios em empresas da família.
Além disso, e durante 32 anos foi cavaleiro tauromáquico com alternativa, tendo cumprido um percurso digno e apaixonado.
Era Irmão dos (AA) Antigos Alunos António Nuno Matias Fernandes (10/1950) já falecido, João Manuel de Sousa Fernandes (47/1962), Joaquim Guilherme de Sousa Fernandes (228/1964) já falecido e pai do Gonçalo Paiva Fernandes (358/1998).
João Fernandes 47/1962
Nasceu a 19 Julho de 1957
Faleceu a 30 Junho de 2025
Foi um miúdo triste, com a infância e adolescência marcadas pelos dramas da guerra colonial. Passava os fins de semana em minha casa, muitas vezes com o 3/1967
Zé Potes e com o 40/1969 também nosso primo Mário Lemos Pires.
Ainda terá ido a alguns dos nossos encontros, há muitos mais anos,
mas, mais recentemente e há menos anos, apesar da insistência do nosso já falecido 595 João Balula Cid e de mim próprio, não conseguimos, talvez por algumas prisões familiares e também, como agora se confirma, por motivos de saúde.
João Sabbo 17/1967 (primo)

(309/1962)
Faleceu a 7 de Maio de 2025



(113/1952)
Faleceu a 15 de Junho de 2025
(6/1956)
Recebemos na “Zacatraz”, a triste notícia do falecimento destse nossos camaradas, que subiu ao “Zimbório”, na Cúpula da Capela dos Claustros. Na impossibilidade de termos assegurado algumas palavras que aqui o recordassem, endereçamos a todos os seus familiares, as nossas mais sentidas condolências.
A Redacção

