August 1st 2019

Page 1

Tribuna Portuguesa 1919

2019

1 a QUINZENA DE AGOSTO DE 2019 Ano XL - No. 1298 Modesto, California | $2.00 / $45.00 Anual

QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA • WWW.PORTUGUESETRIBUNE.COM

FIVE WOUNDS

PORTUGUESE NATIONAL PARISH

100 Anos

PEN

O

GUSTIN

TY

O

UN

13

G.P.S.

F

GUSTINE EM FESTA

TECOS T S

CIE

E

30-31

DED

19

16-19

DI

VIN

O ESPÍRI

T

O

14-15

T. 1 9 4

4

ES

TO

MONTEREY

SAN

FES TA DO

NOVA IMAGEM

4-5

23

edições por ano

assine o tribuna e traga um amigo também! www.portuguesetribune.com

MARIA CABRAL O ADEUS

11


2

Editorial

1 de Agosto de 2019

AQUELAS TORRES CHAMAM O ESPÍRITO HUMANO, SÃO UM FAROL DE FÉ THOSE TOWERS CALL TO THE HUMAN SPIRIT, ARE A BEACON OF FAITH

“E

stas torres chamam ao espírito humano,” afirmou o bispo de San José, Oscar Cantú, durante a sua homilia nas comemorações do centenário da Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas. O orador da gala do centenário da igreja, Tony Goulart, afirmou: “A arquitetura de nossa igreja é um farol de fé!” O edifício de uma igreja é muito mais do que um local de culto aos domingos. É o centro de toda uma comunidade. As igrejas da nossa comunidade, os seus eventos religiosos e as festas do Espírito Santo fazem parte integrante do que somos como comunidade luso-americana e o que somos como um jornal. Vejamos: nossa edição de 15 de julho continha 5 eventos religiosos e do Espírito Santo na capa (de 6 reportagens de capa); a nossa edição de 1 de julho teve 3 em 5; e assim por diante. Quinze das 32 páginas da nossa última edição foram dedicadas a esta temática. Quantas das nossas igrejas, dos organizadores dos eventos religiosos e das festas do Espírito Santo, seus voluntários e participantes reconhecem o papel que a Tribuna Portuguesa desempenha na documentação do legado de nossa comunidade? Quantas igrejas, das suas comissões, das organizações do Espírito Santo e seus membros assinam o único jornal português a oeste das Montanhas Apalaches? Enquanto a Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas foi descrita como um farol de fé, a Tribuna Portuguesa é de facto um farol do nosso espírito humano, cívico e religioso como portugueses e luso-americanos.

“T

hose towers call to the human spirit” said Bishop of San José Oscar Cantú during his homily at the Five Wounds Portuguese National Church’s centennial celebrations. The church centennial gala’s keynote speaker Tony Goulart even stated: “Our church’s architecture is a beacon of faith!” A church building is much more than a place of worship on Sundays. It is the center of a whole community. The churches, their religious events and the Holy Spirit festas are an integral part of who we are as a PortugueseAmerican community and who we are as a newspaper. Let’s see: our July 15th edition contained 5 religious and Holy Spirit events on the cover (of 6 cover stories); our July 1st edition had 3 of 5; and so on. Fifteen of the 32 pages in the last edition were dedicated to these themes. How many of our church and Festa organizers, volunteers, and participants recognize the role The Portuguese Tribune plays in documenting our community’s legacy? How many of the churches, Holy Spirit organizations, and their board and committee members subscribe to the only Portuguese newspaper west of the Appalachian Mountains? While the Five Wounds Portuguese National Church has been described as a beacon of faith, The Portuguese Tribune is indeed a beacon of our human, civic, and religious spirit as Portuguese-Americans. miguel ávila miguelavila@tribunaportuguesa.com

PODER PARA DECIDIR, PODER PARA MUDAR, PODER PARA ENSINAR

H

oje na Festa de Oakdale tivemos uma conversa muito interessante com um Presidente das nossas Festas. Lamentámos que as Festas ofereçam corridas de toiros de BORLA, quando sabemos que as nossas festas não tem dinheiro quase para se sustentarem, tal o monte de responsabilidades fiscais que os nossos salões tem, além das imensas despesas da sua própria manutenção. Já há salões que andam a fazer angariações de fundos para poderem pagar as suas taxas. Então como é que se percebe que andemos a pedir dinheiro a todo o mundo e depois gastemos esse dinheiro numa Corrida de Toiros, sem podermos receber esse investimento de volta para ajudar a Sociedade? Quem de bom juízo, gasta $50 mil dólares de ofertas oferecendo bilhetes de BORLA a toda a gente que queira encher uma praça, mesmo que não sejam aficionados e até muitos que nem gostam de toiros. E há aqueles que enchem praças para ver os forcados “levarem pancadaria”. Participam porque tem bilhetes de borla e recusam-se pagar para ajudar a Sociedade quando é caso disso. Com que cara amigos meus vão pedir dinheiro para ser usado, sem beneficio algum

J.B. Castro Avila

para a Sociedade? E pedem-no em nome do Espírito Santo. Gostaria de ver um Presidente de uma Festa (tal como já fazem em Tulare, Artesia e Thornton) a alterar esta situação que nem lembra ao diabo. Antigamente as corridas eram todas pagas, até que um dia, uma importante Sociedade decidiu dar bilhetes de borla para encher praças e quase todas as outras não quiseram ficar atrás e fizeram o mesmo. Dá um gozo às pessoas dizerem que na sua festa a Praça estava cheia (claro, com bilhetes de BORLA e com o dinheiro do povo). Como todos sabem fazem-se mais bilhetes que a capacidade da praça e outro dia os responsáveis do Condado de Merced aperceberam-se de haver mais gente do que diz a lei. Já em Thornton aqui há uns anos, proibiu-se a entrada de mais pessoas, porque as autoridades acharam que havia excesso de pessoas. Por favor não abusem do sistema. Se a praça tem capacidade para 3000 lugares não façam bilhetes para 5 mil. E ilegal e sujeitamo-nos a uma pesada multa. As praças que decidirem um dia que toda a gente deve pagar o seu bilhete, terá o nosso total apoio. Faremos propaganda para que todos participem ajudando assim a Sociedade a promover boas corridas de toiros. Sabemos que é de norma oferecer bilhetes a quem ajuda a festa, o que é salutar e justo.

OWNED AND PUBLISHED BY The Tagus Group L.L.C. José Ávila PUBLISHER Miguel Ávila DIRECTOR / EDITOR Roberto Ávila ART DIRECTOR CONTRIBUTORS: Eduardo Mayone Dias, Onésimo T. Almeida,

P.O. Box 579866 Modesto, CA 95357-5866 Phone/Fax: 209-576-1951 portuguesetribune@sbcglobal.net

Crónicas do Perrexil

39 ANOS

José Brites, Diniz Borges, Luciano Cardoso, José Raposo, Margarida Silva, JoãoLuís de Medeiros, Caetano Valadão Serpa, Maria das Dores Beirão, José Duarte da Silveira, Goretti Silveira, Rufino Vargas, Elen de Moraes, Paul Mello, Victor Rui Dores, João Bendito, Serafim Cunha, Carlos Reis, Jim Verner, Carlos Alberto Alves, Joel Neto, Tony Goulart, Lelia Nunes, Nelson Ponta-Garça, Miguel Canto e Castro, Ze Duarte, Lucia Soares, Judy Avila, Vamberto Freitas, Lisa Falcão, Diniz Borges, João Gago da Câmara, José Henrique Silveira de Brito CORRESPONDENTS: Fernando Dutra (Artesia), Filomena Rocha (San José)

E já neste fim de semana que teremos o habitual Festival Taurino a favor dos Jovens Cancerosos e dos Jovens com Autismo. Temos sido bons em participar nesta corrida de toiros que ajuda tanta gente. Não mentirei se disser que a média de receitas destes festivais andará à volta de $32,000 dólares, o que dá $16,000 a cada grupo já mencionado. Convém referir que os novilhos são sempre oferecidos assim com o trabalho dos artistas. Por favor encham a praça neste Sábado para uma causa muita justa. No passado fizemos uma campanha de angariação de assinantes para o nosso jornal, sem muito sucesso, diga-se de passagem. O que vamos pedir agora é que cada assinante trouxesse um amigo para que ele também pudesse gozar o trabalho que fazemos em prol de uma Comunidade rica de tradições. Basta ler o Tribuna para nos apercebemos da riqueza da nossa Comunidade em variados aspectos – Festas, Musica, Folclore, Fraternais, Desporto, Pintura, Cultura diversa e até Política. Mencionaremos o vosso nome sempre que nos indique um amigo que também nos queira ajudar. A imprensa faz muita falta, mas só é importante se for lida, apreciada e ajudada.

Year XL, Number 1298 august 1st, 2019 Tribuna Portuguesa was founded by John P. Brum in July of 1979. Tribuna Portuguesa (ISSN 0199-6746) is published bi-weekly, except on the first week of January, for $45.00 a year, by The Tagus Group L.L.C., 825 Chapman St., San José, CA 95126-1606. USPS: 525-930 Periodical Postage Rate paid at San José, CA. Postmaster: Send address changes to: Tribuna Portuguesa, P.O. Box 579866, Modesto, CA 95357-5866. A Redacção reserva-se o direito de omitir ou não publicar parcial ou integralmente os textos recebidos, sempre que os mesmos sejam considerados falaciosos ou atentem contra a integridade de outrém, à luz da Lei de Imprensa. Opiniões expressas em artigos assinados são da responsabilidade dos respectivos autores. Artigos designados “Informação Comercial” são da responsabilidade das firmas referidas.


1 de Agosto de 2019

novo livro de liduíno borba

LIVRO BIOGRÁFICO DE TRÊS BISPOS DA NOSSA DIÁSPORA

Lançamento na Festa de Nossa Senhora da Assunção dos Portugueses, em Turlock, Califórnia, no dia 17 de Agosto de 2019 (Sábado), pelas 4h30m da tarde, na Igreja da Paroquial, com a presença dos Bispos Myron J. Cotta e Steven Lopes, com a apresentação do João Fontes de Sousa, diácono, sendo mestre de cerimónias António Borba. Aqui fica o convite. www.liduinoborba.com

Patrocinadores

3


4

Comunidade

1 de Agosto de 2019

Inauguração da Nova Imagem da Casa do Benfica SAN JOSÉ, CA • 19 JULHO

fotos de manuel mendes

C

onforme estava previsto, realizou-se na passada sexta-feira, dia 19 de Julho, uma bonita recepção à Comitiva do Sport Lisboa e Benfica, na Casa do Benfica em San Jose, que aparentemente veio à Inauguração da nova imagem da sua congénere. Para além dos convidados, vieram os amigos e muitos curiosos que não esconderam o seu agrado, pela musica brasileira e latina, que foi animando a chegada dos amantes encarnados e de todos quantos se prezaram de ir à festa e apreciar e cumprimentar a família benfiquista. A sala encheu-se, o pátio também, o bar alegrou-se com o espírito das bebidas mais atrevidas e a conversa alegrou-se de regozijo por um dia que ficará na memória dos velhos sócios, e dos novos que se vão formando, assim tomem o gosto pelo grupo que já vem de gerações. José Mendes, Presidente da Casa do Benfica, foi o anfitrião, que fez as honras de recepção, a todos quantos chegaram para a festa, e sempre que pôde apresentou os visitantes de Lisboa aos convivas e jornalistas para a cobertura do acontecimento, que teve como finalidade a Inauguração da Nova Imagem da Casa do Benfica em San Jose, com uma pequena loja, para exposição e compra de artigos e recordações da Equipa encarnada, com uma bonita placa em tom dourado com o nome de Luis Filipe Vieira, que deveria estar presente, mas infelizmente devido a outros cumpromissos não lhe foi possível ter vindo, tendo sido representado pelo vice-presidente do Clube e outros membros da Direcção. Mas a grande atracção da festa, foi mesmo o grande LUISÂO, ex-Capitão do Benfica, que deu autógrafos e abraços aos adeptos, muitos já familiarizados com o famoso agora director de Relações Publicas. Por entre discursos e aplausos, os ânimos subiram de contentamento e entusiasmo, para cada vez mais seguirem com afinco a vontade dos benfiquistas. A completar este Encontro, esteve a Cônsul de Portugal em San Francisco, Dra. Maria João Lopes Cardoso, que falou do seu gosto imenso de estar presente neste evento, como em outros de grande importância na Comunidade. O suculento jantar deu lugar para a cavaqueira agradável e a preparação para o alegre convívio e a espera do jogo com a equipa Chivas de México, no LEVIS, no dia seguinte, que resultou em 3-0, para Benfica. Melhor do que isto, os Encarnados não podiam esperar nem pedir. Filomena Rocha-Mendes

José mendes, presidente da casa do benfica de san josé com Virgílio Duque Vieira, vice-presidente do benfica

José mendes, maria joão lopes-cardoso, Virgílio Duque Vieira, luisão


1 de Agosto de 2019

levi’s stadium, santa clara, ca • 20 julho

Desporto

benfica 3-0 chivas del guadalajara

bruno lage

golo de rafa

golo de seferovic joão filipe

rúben dias

5


6

Calendário

1 de Agosto de 2019

Tribuna

Comunidade

11

Mae Macau Art Exhibition Opening 12 pm – 5 pm. Runs from Aug. 10 - Oct. 1. Free Admission. CIQ Gallery: 3423 Balboa St., San Francisco, CA. Phone: 415-397-0767. www.lusitanousa.org

AGOSTO 2019

02

75th Santa Clara County Fair Opening Day. Runs Aug. 1-4. Santa Clara County Fairgrounds, 344 Tully Road, San Jose, CA 95111. www.thefair.org

02

Lusitano Club of California Russian River Camping & Canoe Trip, Aug 2-4. Mirabel Park, 8400 River Road, Forestville, CA. Phone: 415-990-5534. www.lusitanousa.org

11

Hayward N. Senhora do Monte Mass, Auction, Picnic & Dance. Hall: 21160 Ocean View Dr., Hayward, CA. Phone: 510-581-4034

11

San Jose Bom Jesus Milagroso Mass & Procession. Church: 1375 E. Santa Clara St., San Jose, CA. Phone: 408-292-2123

31

Casa do Benfica San José Apresenta Noite Branca/White Night. 6 pm. 1098 E. Santa Clara St., San Jose, CA 95116. Phone: 408-293-4200

17 18

“Três Bispos” Book Launch. 4:30 pm. N. Senhora da Assunção, Turlock, CA. See page 3 & ad on page 13

SETEMBRO 2019

Pismo Beach Parade, Mass, Sopas & Dance with “Chico Avila”. 390 Bello St., Pismo Beach, CA 93449. Escalon Our Lady of Fatima Luso-American Fraternal Youth Mass, Procession, Lunch & Theatrical Program Aug 3 @ 1 p.m. Auction. St. Patrick’s Church, 19399 E. Hwy 120, Escalon, CA. Phone: 209-838-2133 Fraternal Convention Aug. 2-5. • Renaissance Resort & Spa, 44-400 Indian Wells Ln., Indian Wells, Hayward Bom Jesus Milagroso CA. Livestream by Diaspora Media Group.. Mass, Auction, Picnic & Music. 21160 Ocean View Dr., Hayward, CA. Phone: 510-581-4034

01

03

ramana vieira

03

“A Night in Portugal” with Ramana Vieira. 7:30 p.m. $30/ person. The Village Theater, 233 Front St, Danville, CA 94526. Phone: 925-314-3400. www.ramanavieira.net

03

Carlos Vieira Foundation 8th Annual Bloodless Bullfight Festival. 7 p.m. Praça de Toiros de Stevinson, 2962 N. Lander Ave., Stevinson, CA. Benefits Families affected by autism or cancer. www. carlosvieirafoundation.org

01

18

Teatro de Variedades do Porto Judeu

Livermore Nossa Senhora da Ajuda Mass & Concert. St. Michael's Church: 458 Maple Street, Livermore, CA. Phone: 925-216-3953

25

Teatro de Variedades do Porto Judeu USA Tour. Gustine 9/06, 9/08; San José 9/13; Artesia 9/14; Tulare 9/15, Modesto 9/20; Livingston 9/21; San José 9/22.

Manteca Reading of Accounts, Lunch & Auction. Hall: 230 North Main Street, Manteca, CA. Phone: 209-823-7084

25

Hayward N. Senhora do Loreto Mass, Auction, Picnic & Dance. 21160 Ocean View Dr., Hayward, CA. Phone: 510-581-4034

25

Gustine Our Lady of Miracles Parade, Mass, Sopas & Music by “Progresso”. G.P.S. Hall: 500 - 3rd Street, Gustine, CA. Phone: 209-854-1830

Turlock Our Lady of Assumption Mass, Lunch, Marching Bands, Procession & Entertainment. Church: 2602 S. Walnut Road, Turlock, CA. Phone: 209634-2222. See ad on page 13

San Diego Padres vs LA Dodgers Portuguese Heritage Night. Sponsored by PFSA. Petco Park. 100 Park Blvd, San Diego, CA 92101. Phone: 619-7955555. www.mlb.com

06 08 08 09

Gustine Bullfight at Bella Vista Arena. 7:30 pm. 210 Santa Fe Grade Rd., Gustine, CA 95322

04

Petaluma St. Anthony Festa Mass & Procession, Dinner & Dance. Hall: 4649 Bodega Ave., Petaluma, CA 94952. Phone: 707-762-4015

09

Chowchilla Holy Ghost Festa with Music by “Alcides Machado”. Portuguese Hall: 800 S. 3rd St., Chowchilla, CA. Phone: 408-292-2123

31

Quakes Portuguese Heritage Night Sponsored by PFSA. 5:30 pm. Avaya Stadium. 1145 Coleman Ave, San Jose, CA 95110. Phone Mark Raney: 408556-7777. Email: mraney@sjearthquakes. com. www.fevo.com

golf classic

13

The Luso-American Education Foundation 23rd Annual Sam Pelicas Memorial Golf Classic. Metropolitan Golf, Links, 10051 Doolittle Dr., Oakland, CA. Phone: 925-828-3883.


Patrocinadores

1 de Agosto de 2019

Joe Matos

C

A

MADE

SANTA SA

Address: 3669 Llano Rd, Santa Rosa, CA 95407

IN

RO

CHEESE FACTORY

I F OR N I AL

St. Jorge Cheese is an Artisan Farmstead cheese made from our own cows’ raw milk

Open everyday from 9AM - 5PM Telefone: (707) 584-5283 • call to place your order via UPS with a 2 lbs minimum

Maria Ribeiro Delas

www.cheesetrail.org/cheesemakers/matos-cheese-factory

OCTAVIO RAMALHO

Vacations America Inc.

Broker Associate

Your Real Estate Consultant for Life!

From new construction to beautiful existing homes, I will help you find the perfect place to call HOME.

Partidas para 2019 Partidas da Terceira: Junho - 11, 18, 25 Julho - 02, 09, 16, 23, 30 Agosto - 06, 13, 20 Setembro - 03, 17

Partidas de oakland: Junho - 12, 19, 26 Julho - 03, 10, 17, 24, 31 Agosto - 07, 14, 21 Setembro - 04, 18

Temos um especial para quem não pode ir aos Açores e que queira trazer a familia a visitar a California: FIRST TIME HOME BUYERS • INVESTMENT HOMES NEW CONSTRUCTION • RANCHETTES Serving the Portuguese Community of the Bay Area & Central Valley

Call OCTAVIO for all your Real Estate needs! SELLERS • Call or Visit my Website to find out what your home is worth!

Direct: 888-314-5735 /OctavioRamalhoRealtor Cal BRE Lic# 01397526

homes@calloctavio.com www.newhouseca.com

Partidas da Terceira • junho - 11, 18, 25 regresso da california • agosto 21 e setembro 04, 18 USD $950.00 preço final!

Para marcações pode contactar o nosso escritorio através do numero 669-292-5454 ou visite-nos no 1396 E. Santa Clara St., San Jose, CA (em frente à Igreja das Cinco Chagas) ou contacte o seu agente de viagens mais perto. email: zeto.carvalho@sata.pt www.azoresairlines.pt Limited space and restriction may apply. Capacity controlled and subject to availability and changes without notice. Cancellation policies apply. Azores Airlines are not responsible for errors or omissions.

7


8

Opinião

1 de Agosto de 2019

Água Viva

Ao Cabo e ao Resto

Filomena Rocha

Victor Rui Dores

filomenarocha@sbcglobal.net

victor.dores@sapo.pt

DOS MALEFÍCIOS DO FACEBOOK

P

LEVANTAR VÔO…

artir para muito longe!…….. - Muitos de nós dizemos, quando as coisas da vida não correm tão bem como desejamos. Mas, será que alguma coisa é mesmo perfeita? - Não creio! Mesmo assim, todos tentamos ultrapassar. Mas ultrapassar o quê? - A verdade, a mentira, a hipocrisia do mundo em que vivemos! O mundo incerto e até cruel que nos oferecem os políticos de meia tigela sobretudo quando se vêem em campanha eleitoral, às vezes com um sorriso cínico no rosto, brilhante de maldade, como quem já sabe o que se vai passar por dentro da vida de cada um. Custa a crer, mas é verdade! Já os tenho visto como doçuras, e de doces por dentro do rosto nada têm. Mas não é só isso que me faz querer levantar vôo. Também os preços com que nos debatemos quase todos os dias, quando vamos às compras para trazer, não o mais caro, mas o mais necessário que, na maioria das vezes é o que custa mais. Se eu recuar no tempo, então sim, difícil será compreender como tudo mudou. Bem sei que já se passaram uns aninhos valentes, mas esses justificarão a crueldade dos preços que fez as nossas vidas darem um salto tremendo para o descalabro, a que dão o nome de progresso, e evolução dos tempos. Na realidade, esta situação não se passa apenas aqui, onde vivo, no País das Maravilhas e do Melting Pot, como antigamente era considerado e chamado à boca cheia. Esta situação do descalabro, está acontecendo também nos nossos lugares do antigamente, onde cada um no seu pequeno jardim, tinha também um pequeno quadrado de terra onde cultivava os verdes mais imediatos para fazer um caldo, uma pequena sopa da pedra, mas que depois de um dia cansativo de trabalho sabia a riqueza de uma vida sã e ordeira! Porque será que não conseguimos ter o discernimento, para dar valor às coisas que o têm? - Esta mania de voar sem tino, sem pensar duas ou muitas mais vezes, tem feito muita gente perder o pé no chão seguro, ainda que telúrico das nossas terras saudosas e incomparàvelmente belas, desde Portugal, Açores e Madeira. Mas, naquele tempo, era tudo tão pobre, tão miserável, que algumas pessoas preferiram deixar para trás o belo da Natureza, alguns até os pergaminhos de Familia e partir para longe, à procura de um novo olhar, uma outra forma de vida, o construir de uma nova história de encantar, que fizesse esquecer as velhas paredes com histórias que não eram as suas, cheias de dramas infindos. Com o passar dos anos, ninguém sabe o que teria sido melhor. O Futuro é sempre incerto, e uma luta constante e a Deus pertence! Há quem não acredite! Há quem diga que nós somos os donos e senhores do que, bom ou mau nos acontece! Mas ainda não me convenci dessa parte. Sou antes pronta a acreditar que nós seres humanos, somos uns bichinhos inconsistentes, inconformados, que nunca estamos contentes com o que o que temos e somos e de aventureiros procuramos sempre mais. E por que não? Por que não devemos aspirar a ser e a ter mais? Foi assim, por ter sonhos e ambição que o Homem pousou na Lua! - Levou o tempo que levou, mas cumpriu o sonho que deu lugar a outros sonhos! Homens e Mulheres, todos têm esse direito! O mesmo direito de sonhar e conseguir realizar coisas boas para elas, para filhos e filhas, e para o Mundo! E não necessàriamente tem de andar num campo de batalha! A Mulher de hoje, tem cada vez mais exemplos de luta e de valor, para voar mais alto, para seguir em frente, mesmo que nalguns comandos ainda existam os habituais mandões, até no próprio Lar, que se acham capazes machucar e dominar o querer Feminino.

“M

as tu não tens facebook? Como é possível?” - é pergunta que vou ouvindo no dia a dia. Respondo dizendo que considero o facebook uma feira de vaidades e que prefiro mil vezes o mundo real ao mundo cibernético. Sim, sou dos poucos portugueses que não têm facebook. E daí? Não questiono a importância das novas tecnologias de informação e da comunicação. E nada tenho contra as redes sociais e os blogues, nem contra o “twitter” nem contra o “instagram” nem contra o facebook em si - sou contra aqueles que fazem mau uso da internet; acima de tudo, sou contra o modelo de observação da vida alheia. Refiro-me aos que, impunemente, utiliza ma insinuação torpe, a suspeita genérica, a intenção malévola, a calúnia, a difamação e a devassa a coberto do anonimato e do disfarce mais hipócrita. É o mundo orwelliano no seu esplendor. Toda a gente vigia, observa, comenta e compara - o que acaba por produzir invejas, malquerenças e ressentimentos. Fotos e mais fotos e mais fotos! Caras, caras e mais caras. Tanta selfie. Tanta autocontemplação. Tanto narcisismo. Tanta ostentação. Tanto exibicionismo. Tanta futilidade. Tanta mesquinhez. Tanta palermice. Não sou voyeur, não gosto de olhar pelo buraco da fechadura. (Convirá, a propósito, lembrar que o facebook foi inventado para ser uma rede de namoro entre universitários norte-americanos...). Quero lá saber dos “likes”, dos “posts”, dos “links” e outras bizarrias. Quero lá saber se fulano tem ou não frio nos pés, e que me importa qual a música que sicrano ouve quando se sente maldisposto... (Pensamentos profundíssimos...). Tenho mais que fazer, até porque, em tempo de massificação e de globalização, serei sempre contra todas as formas de manada. É que prezo, e muito, a minha privacidade, bem precioso. Prefiro estar no café a falar com os meus amigos e a ver gente. Sim, é que eu tenho amigos de carne e osso, não preciso de seguidores nem de amigos virtuais. E que descaramento aquele de, diariamente, me perguntarem se eu quero ser amigo de alguém que eu nunca vi mais gordo... Quem está no facebook e nos blogues comunica muito e fala pouco... Um destes dias, num restaurante, verifiquei que um jovem casal, enquanto aguardava a comida, em vez de falarem um com o outro, ou, vá lá, olharem um para o outro, teclavam furiosamente os respectivos ipads, cada um virado para o seu lado. Albert Einstein bem que avisou: “Eu temo o dia em que a tecnologia ultrapasse nossa interacção humana, e o mundo terá uma geração de idiotas”. São idiotas os que se radicalizam na net e viram terroristas. Mas igualmente idiotas são aqueles que andam por aí de auscultadores, desligados do mundo e estupidamente alienados às novas tecnologias... Voltemos aos malefícios desse vírus infecto-contagioso que dá pelo nome de facebook... Sabem aquela do morto que jaz na casa funerária? Pois à exceção do morto, da esposa e do agente funerário, a sala está vazia. A esposa, chorosa, lamenta: “Não percebo, ele tinha cinco mil amigos no facebook!”... (Esta foi-me contada pela minha amiga Maria João Dodman que a ouviu em terras do Canadá). Há que desconfiar dos amigos cibernéticos. Mais esta: dois cãezinhos conversam num parque. O mais velho pergunta ao outro: -Tens facebook? Surpreendido com tal pergunta, responde com convicção: -Ora essa! Como é que eu vou ter facebook? Isso é coisa de gente. Eu e tu somos cães! O outro, admirado com a ignorância do amigo, diz calmamente: - Então, tu não sabes que na internet ninguém sabe que és cão!? E quando as pessoas decidem expor-se, conscientemente, no inescrutável mundo do facebook, a coisa pode mesmo dar para o torto. Sei de uma professora que postou, na sua página, montes de fotos suas tiradas no Algarve e... quando regressou tinham-lhe assaltado a casa. Naturalmente foi alguém que sabia que ela estava de férias... Vou continuar a desconfiar das bem-aventuranças do facebook.


Opinião

1 de Agosto de 2019

FALTA de RESPEITO

Q

uando minha sogra, com os seus 98 anos, vem a nossa casa ou vamos a casa de minha cunhada Margarida e ela lá está, há sempre uma partida de sueca. Se bem que não me considero um ás nas cartas gosto de jogar e gosto de ver quem

sabe jogar. Na mercearia e taberna, de meus pais, era raro o dia que não havia jogos de cartas. Jogava-se à sueca, à bisca dos 9 ou à bisca mandada e também ao dominó. Fui, portanto, embalado, visto os quartos de cama da nossa casa serem por cima da taberna, com alguns gritos, quando era o jogo da bisca mandada, de; dá-lhe a bisca, corta, mata, e outros mais que agora não me lembro. Claro que no jogo da sueca isso não acontece. É um jogo silencioso no qual se tem que ter muita atenção e até se costuma dizer que quem joga cartas não vigia patas. Mas, voltamos ao jogo em casa de minha cunhada. Como minha sogra gosta também muito de jogar à canasta e o jogo da canasta é jogado com dois baralhos, tivemos que separar as cartas para começar a nossa partida de sueca. Eu dei 10 cartas a cada um e quando fui contar as minhas vi que só tinha 9. Nunca chegamos bem à conclusão como isso aconteceu porque antes de eu dar cartas contaram 40. Para não perder tempo, em virtude de os dois baralhos terem estado misturados minha cunhada resolveu ir buscar um novo. Cartas para a mesa, começamos a jogar, trunfos era

José Raposo

jmvraposo@gmail.com

hos, ilhéus, caudas de baleias, lagoas, etc., etc. Caso interessante, havia algumas com paisagens da Terceira, mas não vi nenhum touro. O jogo continuou e quase todas as vezes eu apanhava o valete de espadas e lá me punha a olhar para o Santo Cristo. Algumas vezes era a única carta de espadas que tinha e aconteceu que minha sogra tinha

We are your Steak and Tri-trip specialists, and we are well known for our Peppersticks and Game Processing. Sanders Meat Service is a dependable meat shop that offers quality USDA meats and cuts to the Turlock, CA area. We are owned and operated by Helio & Angela Couto, and we proudly serve all of the Northern and Central California. We cater to all occasions, and our game season is during hunting season (July–December).

Angela & Helio Couto USDA

Certifie • • • •

Ao Sabor do Vento

espadas e eu que nem tinha reparado bem para as cartas, tinha entre outros o valete, ou cavalo de espadas, e reparo que era a imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres. Pensei que estava a alucinar, esfreguei bem os olhos, mas não havia dúvida. Era a imagem do Ecce Homo. Pus-me a reparar nas outras cartas e eram todos com motivos dos Açores: Igrejas, moin-

Sanders Meat Service & Shop

M E AT S &

Vacuum pack • Double wrap Custom butchering • Curing and smoking Cut to specification • Peppersticks and jerky USDA Certified meats for sale at flea markets

d

CUT S

1220 South Avenue • Turlock, CA 95380

Phone: 209-634-7525 www.SandersMeatService.com We will be available after hours up until 9:00 PM. Please call for appointment. We offer shipping of Linguiça & Peppersticks with a 10 lb minimum.

9

trunfos de outro naipe e lá me matava o Santo Cristo. Eu não ficava nada contente e pensava: Que raio de coisa. Este Santo Cristo não faz milagres. Deixa-se matar pelos ouros, paus ou copas. Havia ali algo que me incomodava e mesmo muito. Já me pronunciei várias vezes sobre matérias de religião e os leitores sabem perfeitamente que não sou, nem muito religioso nem crente em muita coisa. No entanto participo ou participava nas festas religiosas da nossa comunidade porque é a cultura do meu povo e se eu posso fazer algo por isso, faço com gosto e com todo o respeito que merece. Tenho amigos que por causa disso me chamam de; ateu, agnóstico e até hipócrita. Têm todo o direito a pensarem o que quiserem e francamente isso não me aquece nem me arrefece. Sou quem sou e pronto. Não pensem que eu estou aborrecido por ser um Corisco de São Miguel e ser a imagem que é venerada na minha ilha que está nas cartas. Fosse lá qual fosse o santo ou santa, ficaria chateado da mesma maneira. É que eu não acredito em religião nenhuma, mas respeito todas. Que tivessem fabricado um baralho de cartas com igrejas, monumentos, lagoas, paisagens e tudo o mais, acho muito bem, mas pôr a imagem do Santo Cristo dos Milagres, ou de qualquer outro santo, no Valete de espadas ou outra carta qualquer, na minha opinião é uma autêntica FALTA DE RESPEITO.


10

Opinião

1 de Agosto de 2019

NEM SEMPRE A SAUDADE CHORA*:

OS AÇORES E A SUA DIÁSPORA

A

Nos Açores é que se investe Para bem da nossa terra.

Padre Mateus das Neves do poema O “amaricano”

emigração açoriana é, como se sabe, quase tão antiga como é o nosso povoamento. O arquipélago tem sido ponto para muitas partidas com poucos regressos. Com quase 400 anos de emigração, com comunidades espalhadas pelo Brasil, pelos Estados Unidos, pelo Canadá, pela Bermuda, pela Austrália e outras partes do globo, a diáspora açoriana é hoje, num mundo globalizado, um dos recursos mais importantes que o arquipélago possui. A açorianidade que se vive nas comunidades das Américas, a vitalidade de uma diáspora integrada e ligada à sua terra natal, ou à terra dos seus antecessores, é, indubitavelmente, uma das maiores riquezas da Região. Os Açores não seriam os mesmos Açores sem a sua Diáspora e ainda bem que este Governo Regional, chefiado por Vasco Cordeiro, acaba de criar um instrumento que, como disse Rui Bettencourt, Secretário Regional Adjunto da Presidência para as Relações Externas: “criará as condições para que os açorianos que vivem fora da Região tenham a possibilidade de participar no projeto açoriano.” É tempo de se institucionalizar este relacionamento especial dos Açores com os emigrantes e seus descendentes que tal como nos disse o poeta florentino Pedro da Silveira: “ergueram, vilas e cidades na pátria estrangeira.” O Concelho da Diáspora Açoriana é o passo certo no momento certo. Ao longo de vários séculos que os açorianos, de todas as ilhas, têm olhado, além-arquipélago, para a sua sobrevivência. Apesar da incontestável beleza dos Açores, hoje disseminada (e ainda bem) em revistas e jornais de viagens e turismo em todo o mundo, o arquipélago foi, durante muitos anos, vítima de um total abandono pelos poderes centrais, que a bem da verdade, raramente olhavam além da dita “capital do império.” O estatuto autonómico dos Açores, agora com quatro décadas de vida, e ainda incompreendido por muita gente, particularmente, e em larga escala, infelizmente, por muitos diplomatas portugueses, deu à Região os instrumentos necessários para as oportunidades e as responsabilidades que advêm de uma governação própria. Desde o momento da autonomia que os Açores começaram a olhar para as suas comunidades e encetou-se o processo de aproximação. Desde então que se iniciaram intercâmbios e apoios a estudos sobre a nossa presença nas Américas. Essa aproximação, fortaleceu-se no primeiro governo do PS ao criar-se a Direção Regional das Comunidades, e, cimentou-se a 3 de julho deste ano em curso ao ser aprovada por unanimidade, no plenário açoriano, a criação do Conselho da Diáspora Açoriana (CDA). É que tal como Rui Bettencourt afirmou na apresentação deste projeto-lei: “a diáspora açoriana no mundo—em particular nos Estados Unidos da América, no Canadá, na Bermuda e no Brasil, caracterizase, hoje pela sua presença, influência, afirmação, e mesmo liderança em áreas tão diversas como na economia, no empresariado e na criação de riqueza, na

Reflexos do Dia-a-Dia Diniz Borges

d.borges@comcast.net

atividade académica, na política, na ciência, na tecnologia, na inovação e na investigação, na cultura e na intervenção social.” Os Açores são as nove ilhas da Região, mas também são a sua Diáspora. A criação deste novo conselho institucionaliza esse conceito. O Governo e o Parlamento entendem, e ainda bem, que o espaço Açores não é só as nove ilhas e o mar que as rodeia, mas os emigrantes e açor-descendentes que plenamente integrados nas suas sociedades continuam a ser açorianos e com outros mecanismos e projetos, como este CDA, possuem um potencial colossal para o arquipélago e as 243 mil pessoas que continuam a habitar estas ilhas paradísicas.

Rui bettencourt Não é fácil entender a força telúrica que estes pedaços de basalto têm nas novas gerações. Há anos que conto uma das histórias mais bonitas em várias décadas de dar aulas. Um aluno que no primeiro dia se identificou como J. Makorowski, dizendo que estava ma minha aula porque era açoriano. Quando lhe questionei a identidade, pelo nome, perentoriamente respondeu: “sim, eu sou açoriano, porque a minha avó velhinha (bisavó como se sabe) era de São Jorge.” Este jovem com sangue de várias etnicidades, desde polaco a irlandês, identificava-se, como tantos outros ainda a fazem, com as nossas ilhas e a nossa cultura e querem aprender mais sobre quem são e contribuir para as ilhas da sua ancestralidade. Cito de novo a profunda alocução de Rui Bettencourt perante o parlamento açoriano: “estes açorianos, da primeira geração, mas igualmente filhos, netos e bisnetos, em alguns casos descendentes de açorianos de quinta ou sexta geração, são portadores dos Açores no mundo e sentem-se, e são, tão açorianos como nós.” Esta realidade, alicerçada pela presença de emigrantes e açor-descendentes nos mais variados campos da sociedade onde se integraram, conjugada num projeto que irá além do saudosismo, institucionalizado e com objetivos próprios, permitirá que os Açores estejam de braço dado com a sua Diáspora, construindo uma Região única para quem nela vive e para quem, à distancia, vive com ela. É imperativo como nos disse Rui Bettencourt, que todos os açorianos, de todas as gerações, estejam onde estiverem, possam participar no desenvolvimento dos Açores. No mundo de hoje, isso é perfeitamente fazível. O labor que os diretores regionais têm feito, particularmente

Paulo Teves, que nos últimos 7 anos tem trabalhado imenso para aproximar as novas gerações, permitiu este momento. O primeiro passo está dado para um conselho que como afirmou o Secretário Regional, “não é um simples conselho consultivo, onde apenas se ausculta: este é um conselho onde se pretende envolver no desenho dos Açores do futuro o nosso povo espalhado pelo mundo.” Claro que há muito trabalho a fazer. É mais do que óbvio que não será um processo fácil e em breve aparecerão os cínicos e os que atropelam só por atropelar, porém como nos disse Oscar Wilde: já todos sabemos que os cínicos sabem o preço de tudo e o valor de nada. Há, pois, que pegar neste projeto de unir os açorianos em todo o mundo, através deste Conselho da Diáspora (CDA) e construirmos os Açores e as comunidades que todos queremos: uma região mais coesa, mais facultosa, com mais oportunidades para os jovens e com um crescimento mais significativo na qualidade de vida de cada um dos seus habitantes. E uma comunidade mais consciente do seu legado cultural, mais empenhada no futuro da região, mais entendedora de que, na realidade nem sempre a saudade chora e que os conceitos do emigrante não são os mesmos das novas gerações. Como apologista de que os Açores só o são na realidade com as suas comunidades, com a sua Diáspora, acredito que este Conselho da Diáspora será benéfico para a região e a diáspora. Estou convicto de que trará benefícios mútuos. Estou consciente que o trabalho que se deve fazer entre os cidadãos é longo, quer com os residentes, quer com as comunidades (emigrantes e açor-descendentes) e terá que ser baseado no que o antigo presidente americano Barack Obama disse: “há que lutar pelo que se acredita. Não nos devemos sucumbir ao cinicíssimo. Não devemos desistir com as dificuldades. É que todos nós temos de decidir: ou participamos num mundo cínico ou num mundo de esperança.” Prefiro a esperança! Este é momento de instituir uma outra ligação entre os Açores e a Diáspora. Uma ligação que vá além da esporádica visita de saudade. Os Açores são mais do que um copo, um bom petisco e uma iluminação. No pós-modernismo do século XXI, na era dos investimentos globais, as oportunidades económicas existem nos Açores e os açor-descendentes podem contribuir para o desenvolvimento da terra dos seus antepassados, que também é sua, enquanto beneficiam como investidores, como agentes culturais, como intervenientes em vários campos. Ainda bem que Vasco Cordeiro anunciou, aqui Califórnia, há três meses, este projeto. Ainda bem que na Assembleia Legislativa Regional todos os partidos se pronunciaram e votaram a favor. Como disse o deputado José San-Bento, este conselho: “representa um novo patamar, um patamar nunca alcançado de relacionamento entre a Região e as nossas Comunidades. Representa o reconhecimento e influência crescentes das nossas comunidades quer na Região quer nos seus países de acolhimento.” Rui Bettencourt relembrou-nos a pertinência das palavras de Vitorino Nemésio, escritas há meio século: “a verdade é que o açoriano, embora comedido e pausado nos gestos, civilizou largamente as ilhas e ainda teve vagares para ajudar a terra alheia, sobretudo o Brasil e a América.” É tempo da contra viagem, ou a viagem ao contrário como escreveu Manuel Ferreira Duarte. Uma viagem ao contrário que seja fundamentada nas novas comunidades e nos novos Açores. O Governo e o Parlamento açorianos deram o primeiro passo. A Diáspora certamente que dará os próximos. Juntos, e com a nossa identidade dispersa, e daí ainda mais universal, trabalhando em conjunto, teremos, certamente, a Diáspora e a Região que todos ansiamos. *titulo de uma antologia de poesia açoriana sobre emigração açoriana que organizei e prefaciei proveniente de uma quadra da saudade do cancioneiro popular da ilha Graciosa.


Opinião

1 de Agosto de 2019

11

Rasgos d'Alma

MARIA CABRAL (1926-2019)

P

aradisiacal, on the middle of the Atlantic Ocean, Madeira is a gorgeous flower garden like no other. Blessed by Mother Nature, the beautiful island dazzles your eyes. Meeting its people warms our soul. Genuinely friendly, Madeirans feel elated for being born on such a lovely place. Maria Cabral was always grateful to her beautiful birth land where her life began 93 years ago… – … a long journey we now remember with a warm smile. On the distant spring of 1926, Alzira Nolasco had left Bristol, Rhode Island, back to her native Madeira where she met Arnaldo Coimbra Figueira. A decorated actor, he was also a congenial charmer. They fell in love and she gave him a beautiful daughter, whom they named Maria Antonieta Coimbra Figueira. The marriage, however, wouldn’t last long. The couple didn’t quite click together and the little girl had to grow up feeling it as she followed her mother back to the States to live in Brooklyn, New York, for a few years. The severe winters of the Big Apple, though, made Maria think twice as she reached the age of taking on her future. An active young woman and truly go getter, she loved to pull up her sleeves and eagerly pursue her goals. With a high school diploma and an engaging personality, considering herself a people’s person, she dreamed of impacting as many lives as possible. Moving to a warmer California, with weather resembling Madeira’s, turned out to be a favorable step towards that desired direction.

maria & laverne cabral Arriving in the San Francisco Bay Area on the spring of 1947, more than thrilled with the change, Maria soon made a pleasant impression on everyone she met, especially the men crossing paths with her. A fierce temperament and dynamic persona, together with her stunning looks, helped her to go after what she wanted. A steady job, to start with, was her top priority which she promptly accomplished by responding to an ad put out by Carvalho Travel Agency, then in San Francisco, and after a short interview with manager Marcy Costa, immediately impressed with her style and stamina so unusual in that day and age for a luso-american young lady. As she started working, the good vibes continued and guys couldn’t help but notice the new girl in town. The next male she truly impressed was a Hawaiian son of Azorean descent. Since he saw Maria for the first time in an ice-skating arena close to his home, in Oakland, Laverne Cabral wouldn’t take his eyes off of her. “That’s my girl.” He repeatedly said it to himself pursuing her with all his heart. “I’ll do

whatever it takes.” And he wasted no time in making the next and crucial move by borrowing his dad’s 1937 brand-new Oldsmobile. After granting permission from Mom, Maria was riding next to him on that serene summer evening when, suddenly, right in front of a local mortuary, the car stopped and magic happened. With eyes locked on one another, the lips sealed the romantic moment, as they kissed for the first time before their relationship bloomed passionate into the real love that made them tie the knot. Once married, with the priorities set, a vibrant and relentless young woman,

Luciano Cardoso

lucianoac@comcast.net

ria Cabral excelled in promoting tours to her native country mainly to the Azores islands which she visited many times traveling with her delighted clients. If any trouble or inconvenience surged she was there to intervene and resolve. No problem was ever too big for a woman of her firmness. Only five feet tall, she stood taller to men of the highest stature. Titles and powers never daunted her. Alfredo Vaz Pinto, the former president of TAP Air Portugal found that out one night as he was soundly asleep in the comfort of his Lisbon home. In urgent need of a larger airplane for one of her expanded tours,

maria antonieta figueira cabral Maria Cabral embraced her career with a sharp business mind backed by her caring Portuguese soul. Carvalho Travel Agency became her working world giving her the chance to meet fascinating people but, above all, to help those who would come to her through the years from all over the state with different needs. And there were plenty among immigrant families. A licensed notary, she was able to assist and solve problems with sympathy, always putting her tender heart ahead of her financial gains. That was the key for her continuous success and growing popularity in the Portuguese community. Buying out Carvalho Travel Agency and relocating it to the heart of Little Portugal, right in front of Five Wounds Portuguese National Church, in San Jose, was undoubtedly a smart move. The business flourished in style. Ma-

Maria was phoning from California, ignoring the eight hours discrepancy on the time zone separating both countries. Mr. Pinto woke up in a bad mood: “Lady, do you know who you’re bothering at this hour? I’m Alfredo Vaz Pinto. It’s my sacred time to sleep tight and not being disturbed by anyone one bit.” She didn’t hesitate on her wry response right back to him: “Of course, I do. And I hope you know who’s calling too. I’m not just anyone. My name is Maria Cabral and it’s my sacred time to work very hard for what I really need without being discouraged one bit.” Needless to say, after exchanging a few more pleasant words, the problem was fixed in cordial terms. On another incidence, with her tour all set to fly away to Terceira, after having every passenger accommodated in a TWA 707, inexplicably, Maria Cabral

was denied access on the flight because her boarding pass was missing. But she knew it wasn’t her fault and had no problem explaining it why, loud and clear, blaming the mess-up on the staff’s negligence. The argument heated up and tensions boiled over. The departure got delayed. With no decision in sight, and the pilot threatening to take off, Maria opened her arms at the exit door and confronted the crew by shouting repeatedly from deep inside her lungs: “This plane is not leaving without me!” She was right. The flight remained stalled until a solution was found. Standing firmly taller than her fragile five foot frame, she managed to make another huge statement, this time impeding a giant airplane loaded with passengers from moving an inch at the runway. Once her mind was made up, Maria never hesitated to tell it like it is and then take the necessary action. Her voice earned local respect and echoed far away. It is no secret that Maria Cabral was an outgoing woman who enjoyed talking to anyone around her. Speaking at the microphone was always an obvious pleasure which complimented her colorful character. Radio was her great passion for over thirty years. During that period, she regularly went on the air entertaining her loyal audience as the popular “Maria de Portugal”, before climaxing as “Maria Ilhoa”. Communicating well and befriending people of all walks of life was a bona fide strength that speaks volumes about her impact in the community. Her listeners would come from far needing assistance of different sorts. Whether legal, financial or psychological, the aid was always available and never denied. The gratifying strategy of helping others paid off one way or the other. She truly believed it was no accident the reward God gave both her and her husband of long, healthy lives tied to one another. What was her secret for longevity and happiness together? “I’m a party girl!” Maria used to say it sitting next to Laverne, both wearing a huge smile so fond to their dear friends of many years celebrating good times together. The fun couple preferred not to think of bad times or bad people in their happy lives. Although hosting and entertaining prestigious guests throughout the years under her roof, Maria always showed a soft heart when dealing with folks and families in need of urgent assistance. And that’s how she built a successful career based mainly on helping others – a wise choice she never regretted and now everyone praises waving her last good-bye wrapped in gratitude.


12

Patrocinadores

1 de Agosto de 2019

Sousa’s Discount Food & Liquor 1584 Washington Blvd., Fremont, CA 94539 • Telefone: 510.659.8366 • Fax: 510.659.6369

Super BOCK 24-pack $25.99

Bacalhau Grado da Noruega

Queijo do Topo São Jorge $7.99/lb

Preços tão baratos que não os podemos mencionar! –Abilio e Fátima Sousa

/sousasfoodnliquors

Silk & Spice

Casal

Garcia

$9.99

$5.99/ea per case

Aveleda

Vinho Verde

$5.99/ea

Largest Selection of Brazilian & Portuguese Foods!

FOR SALE

Amigos. Familia. Comunidade.

1998 Tropical 36’ by National RV Lino M. Amaral Agent

Auto RV Home Life Earthquake Business Health Bank Annuities

CA Lic# 0725137

510-724-5432 lino@asklino.com

Dual A/C • Stereo • Awning Gel Coat • Jacks • Back-up Camera Generator • Pop-Out • “Timbren” Cushion Ride • Low Miles 16,000

$23,000 OBO

LINO AMARAL AGENCY 2489 San Pablo Avenue Pinole, CA 94564

www.asklino.com

Um nome bem reconhecido e membro ativo na comunidade Portuguesa na área da baía - Lino Amaral está aqui para todas as suas necessidades de seguros.

Eu Falo Portugues!

(650) 303-0517

Tribuna Portuguesa Social email: portuguesetribune@sbcglobal.net www.portuguesetribune.com


1 de Agosto de 2019

Patrocinadores

13


14

Festa do Divino Espírito Santo de Monterey Comunidade

1 de Agosto de 2019

75 ANOS DE FESTA • MONTEREY, CA • 13-14 JULHO

NO ESPÍRIT

with faith and devotion in your heart, it is easy to fit in because it means something. In 1962 another large hall was built on the property to cook and serve sopas to thousands of people. Later on, after my husband and I were married, we became FDES Directors. I served as Secretary of the Ladies’ Auxiliary for few years, and when the men and women folded together to form one Directors’ committee, I served on that, too. In the 1996-1997 year, my husband and I served as Presidents. When this festa celebrated its 50th anniversary, in 1994, my sister Leonor and her late husband Luciano Azevedo were Presidents. They headed different events and brought in some new traditions. They suggested we buy a gold crown, which was donated by our families: Leonor & Luciano Azevedo, Judy & Guilherme Avila, and Dora & Gabriel Coelho. Dora and Gabriel’s daughter, Melissa, was Monterey’s Senior Queen for that year. Leonor also created an album with many pictures and reminders of the past 50 years. It was a very special year and they did a great job. Now back to the present: 2019 was a fantastic anniversary year, with Charles and Stephanie da Silva serving as Presidents. They worked very hard all year to make this anniversary a success. They had the idea to honor past Presidents and past Queens for this special occasion. On Saturday night, we have a ceremony where the outgoing and incoming Queens for the year exchange their crowns. Once the Queens, their families, and officers were introduced, the past Presidents in attendance were introduced and marched in procession to the head table, where there were 33 lit candles commemorating each deceased past president. There was a moment

T. 1 9 4

4

ES

TO

MONTEREY

SAN

O

n July 13 & 14, with a great deal of pride, our F. D. E. S. Portuguese Hall of Monterey celebrated the 75th Anniversary of Festa do Divino Espirito Santo. When I arrived here in Monterey as a teenager in March of 1958, to live with my uncle and aunt, I remember hearing people talking about this festa. I was very curious; it was a Portuguese event, but here in California. My uncle told me I would see relatives and meet many people at this function. When July came around, I remember my aunt getting me a new dress for the festa. I could not wait for the date to arrive. On the day of the festa, we all went to watch the parade, in downtown Monterey as it is today. It was very different from what I was used to on our island of São Jorge; nothing seemed familiar compared to the festas I grew up attending. It was very confusing, as I saw many flags and queens marching in very fancy dresses from different places that had nothing to do with Monterey. After the parade ended, we went to the Portuguese Hall for sopas, the traditional stew of beef, cabbage, and bread in broth. I was told that the hall was for dancing and that sopas were served outside of the hall, where some tables and chairs were set up on the ground. After we waited a long time, people came around with some large pans of sopas. To be honest about it, I was not impressed! However, I soon learned how the festas worked: rotating every Sunday throughout the summer, queens go from town to town, marching in parades to represent their home Hall. As for the sopas, they do the best they can, I was told. I enjoyed the dance and had a good time. From that year on I attended the Monterey festa year after year. I got involved and watched it grow. When you come

VI DI

O

FES TA DO

fotos nesta página de Tessa Avila

of silence and then much applause. Great ceremony! Other festivities kicking off our festa weekend were performances by the wonderful marching band from Livingston, Lira Açoriana, and a Folklore dancing group from Hilmar. Both performances were enjoyable and made the anniversary that much more special. The evening continued with music by Chico Avila for everyone’s dancing pleasure. On Sunday morning, the the parade took the usual route, from the Custom House Plaza in Monterey to San Carlos Cathedral Hall, where mass was celebrated in Portuguese. The Queens’ court, made up of 6 girls who are all cousins, was unbelievably beautiful in intricately woven gowns and capes in shades of champagne and silver. Our Junior Queen, Olivia da Silva, is the daughter of our Presidents, Stephanie and Charles da Silva. Olivia’s side maids are her cousins Lilyana da Silva and Lilia Leonardo. Our Senior Queen, Isabella Melo, is the daughter of Nadine and Mario Melo. Isabella’s side maids are Kaitlyn and Holly Machado. Always helping behind the scenes are Joe and Fatima Melo, Stephanie’s parents and also past Presidents of the Monterey Hall. They worked hard to help their daughter and son-in-law with every task. All their grandchildren were part of the court. It’s gratifying to those of us who have been around a long time to see the generations pass and still be upholding these traditions. A big thank you to this wonderful family, and all the hardworking Directors and members of the FDES, for working so hard to put on this beautiful event and and for making our 75th anniversary festa such a success.

Judy Avila

judyravila@gmail.com


VI DI

NO ESPĂ?RIT

O

ES

T. 1 9 4

presidentes: charles e stephanie dasilva vice-presidentes: david e tessa avila

chico avila

rainha isabel

TO

MONTEREY

SAN

2019-2020 rainha grande: Isabella melo aias: kaitlyn machado e holly machado 2019-2020 rainha junior: olivia dasilva aias: lilyana dasilva e lilia leonardo

15

Comunidade

4

FES TA DO

1 de Agosto de 2019


Festa do Divino Espírito Santo de Gustine

16

Comunidade

1 de Agosto de 2019

GUSTINE PENTECOST SOCIETY, CA • 18-22 JULHO

PEN

Santo para a Capela. O conjunto Sem Dúvida abrilhantou a dança no salão, com Cantoria ao ar livre com Johnny Branco da Terceira, Manuel dos Santos de Artesia, José Ribeiro de Modesto, Lénio Parreira e António Azevedo de Hilmar. Acompanhados pelos guitarristas Dimas Toledo de Turlock, Tommy Vieira e Steve Soares de Hilmar. No domingo, formação do desfile do Salão do G.P.S. com a Missa celebrada pelo Bispo de Stockton, Myron J. Cotta, e Pastor Leonard Trindade. Chico Avila encarregou-se da dança no salão, com apresentação das Rainhas e a Comissão. Na segunda-feira, dia 22 de Julho, uma Grande Corrida Mista no Bella Vista Parque em Gustine (Ver página 20.) Muitos Parabéns ao G.P.S. por mais uma bela festa!

TECOS T S

O

TY

GUSTIN

CIE

G.P.S.

F

O

UN

13

noite de fados com artistas e a comissão da festa

E

São 106 anos de Festa do G.P.S. em Gustine. A Festa começou no dia 18 de Julho com o tradicional Triduo e Missa no Santuário dos Milagres pelo Padre António Silveira da Igreja das Cinco Chagas de San José, e o pastor Leonard Trindade. Na sexta-feira, 19 de Julho, houve Noite de Fados com Mara Pedro, de Portugal, David Garcia, de San José e Kristine Nunes, de Idaho. Todos acompanhados por Francisco Pereira, Manuel Escobar e João Cardadeiro. No dia 20, o tradicional Pézinho com os bezerros enfeitados seguindo do Santuário de N.S. dos Milagres, ao Salão do G.P.S com a Filarmónia Nova Artista de Tracy, seguido pela actuação do Grupo Luso-American Conselho #18 Gustine/Los Banos. A Missa foi celebrada seguida pela Procissão com as Coroas do Divino Espírito

DED

19

paulo matos

kristine nunes

(mc)

(idaho)

david garcia

mara pedro

francisco pereira

manuel escobar

(san josé)

(costa leste)

joão cardadeiro (fremont)

(Viseu, portugal)

(san josé)


1 de Agosto de 2019

PEN

TECOS T S

O

TY

GUSTIN

CIE

G.P.S.

F

O

UN

13

E

pézinho com a comissão e antónio silveira, Pastor

DED

19

foto de john freitas

cantoria com johnny branco (terceira), manuel dos santos (artesia), josé ribeiro

(modesto), lénio parreira e antónio azevedo (hilmar). acompanhados por dimas toledo conjunto (turlock), tommy vieira e steve soares (hilmar), joe coelho (manteca). sem dúvida apresentado por luis nunes.

Comunidade

17


Festa do Divino Espírito Santo de Gustine

18

Comunidade

1 de Agosto de 2019

GUSTINE PENTECOST SOCIETY, CA • 18-22 JULHO

PEN

TECOS T S

O TY

GUSTIN

CIE

G.P.S.

F

O

UN

13

E

coroação

DED

19

2019-20 rainhas

2018-19 rainhas

presidentes: ernesto e maria longoria vice-presidentes: michael e elizabeth alves secretarios: joe e teresa machado, tesoureiros: john e cecelia pires marshal: carlos e stephanie fontes


Comunidade

1 de Agosto de 2019

19

2019-20 rainha grande: ashlyn alamo aias: kyleigh brace e destany karp 2019-20 rainha pequena: sierra torres aias: paloma silva e camila oliveira

bispo myron j. cotta

PEN

TECOS T S

O TY

GUSTIN

CIE

G.P.S.

F

O

UN

13

E

troca de coroas

DED

19


20

Tauromaquia

1 de Agosto de 2019

G.P.S. Festa do divino espírito santo de gustine

corrida mista • 22 julho • gustine

Quarto Tércio José Avila

josebavila@gmail.com Uma corrida mista tem sempre um outro sabor. Embora hoje em dia não hajam muitos aficionados ao toureio apeado, quero crer que mesmo assim, as pessoas apreciam ver um matador com o capote, com a muleta e o saber bem bandarilhar. Assim foi na Corrida do GPS. Foi uma boa escolha. E até faz com que os ganaderos tenham de ter um outro tipo de toiro para matadores. Oxalá no futuro possamos ver mais corridas mistas. Talvez havendo mais corridas mistas, as pessoas se apaixonem por essa arte diferente de enfrentar um toiro. Não se esqueçam de ir no próximo Sábado a uma das mais importantes corridas de toiros - aquela que premeia financeiramente os jovens com CANCRO e AUTISMO. Por favor, ajudem, e compareçam na Praça de Toiros de Stevinson. Ajudar quem precisa só fica bem aos verdadeiros aficionados.

amadores de turlock

amadores de merced

3 toiros ganadaria açoreana 3 toiros ganadaria joe alves & João silveira

paulo j. ferreira

jacobo botero

antónio garcia “el chihuahua”

amadores de turlock

amadores de merced

Luis filipe


1 de Agosto de 2019

Patrocinadores

Cupão de Assinatura 23 edições SIM! Desejo ser assinante do Tribuna Portuguesa.

Por favor enviem-me o jornal para o endereço seguinte:

por ano

Nome: Endereço: Cidade: Zip code:

Estado:

Telefone:

Email:

Enviar com um cheque de $45.00 por ano para: Tribuna

Portuguesa P.O. Box 579866 Modesto, CA 95357-5866

21


22

Opinião

1 de Agosto de 2019

"Crónicas de Hoje e de Sempre"

O DANIEL “MARGARIDA” VAI À GRACIOSA!

A

pequena cidade de Auburn, minha vizinha de Condado e de fronteira territorial, é um lugar muito aprazível. Foram três franceses, pesquisadores de ouro, que praticamente fundaram a cidade. Isto é como quem diz, eles descobriram um filão do precioso metal e assentaram arraiais nas margens da confluência de dois braços do American River. Outros aventureiros seguiram-lhes as pisadas – o ouro atraia gente de todo o Mundo – e o burgo foi crescendo, adicionando comerciantes e malandrecos que se aproveitavam das mãos-largas dos garimpeiros. Desde 1849 até agora, Auburn foi mudando o seu estilo de vida, já que a febre do ouro desceu de temperatura. Já não o há por estas bandas, ficaram alguns bonitos edifícios históricos que foram testemunhas daquela época dourada. Rodeada por férteis pomares e procurada por muitos desportistas da natureza que exploram os trilhos pedonais nas matas e praticam canoagem nos rios, Auburn não conseguiu passar dos 15 mil habitantes e bem bom que assim é, há muita natureza ao redor para preservar. Nesta pequena cidade, já há largas dezenas de anos, vive o meu amigo Daniel “Margarida”. É um dos graciosas mais gracioso que eu conheço. Deixou a Ilha Branca, na companhia da sua simpática esposa, Francelina, quando tinha 26 anos (ela tinha 21) e agora já vai a caminho dos 85. Nunca o ouvi cramar com dores, não se queixa de doenças ou infortúnios, o único lamento que lhe cruza os lábios é o provocado pela saudade da sua terra. Regressou várias vezes de férias mas agora diz que já não vai mais lá. “Tenho só uma irmã viva, João, ela já nem me reconhece”, disse com um sopro de tristeza nos lábios. “Pronto, não tenho nada que ir lá fazer”. Mesmo, na última vez que cruzou o continente americano e o rio Atlântico, foi vítima de atrasos e manobras por parte da SATA que os fizeram perder três dias de férias para além de outros transtornos. “Nem o dinheiro que nos deram chegou para pagar o hotel na Terceira”, informou-me, desanimado. Eu consolo-me a falar com o Daniel. O sotaque puro que ele ainda mantem transporta-me até aos lagares, aos currais das vinhas, às pacatas ruas que se cruzam de modo que, de todas, se pode chegar à beira do mar.

João Bendito joaobendito@yahoo.com

O Daniel traz a ilha na voz e nos olhos. Basta olhar para ele, vejo-o a ver tudo e consigo, ao mesmo tempo, acompanha-lo na sua peregrinação pelas canadas e caminhos das Dores, da Cruz do Bairro, nas pescarias nos calhaus do Barro Vermelho. Recorda tudo, o Daniel. Diz-me das casas dos vizinhos e parentes, dos seus amigos de juventude, da amizade que o ligou ao meu tio Carlos. “Quando falares com ele, João, dá-lhe um abraço meu”, pediume várias vezes. Parece-me até que a insistência para que fosse a sua casa esta tarde era só para me avivar a memória, para que eu não me esquecesse do abraço. E mostrou-me coisas que guarda e que preza em ter...

um relógio de mesa, mais que centenário, que o pai, imigrante na Califórnia muito antes ainda de ter casado com a mãe do Daniel, levou para a Ilha mas o meu amigo, numa das suas viagens de saudade, trouxe-o de novo para a terra de origem. Está ali, coberto com um naperom de renda, mudo e quedo, sem movimento. Ao lado do relógio, num caixilho branco, outra preciosidade que viajou para a Graciosa e voltou ao Estado Dourado, um mais que bonito calendário do ano de 1905, com as estações do ano representadas por lindas bonecas de porcelana. O Tempo parece que parou na casa do Daniel. O que não teve vontade nenhuma de trazer, disse-me, “Foi aquele par de sapatos que comprei na mercearia-ambulante do «Traquitana», faziam-me cais nos pés”. Num envelope de plástico transparente, preso na parede da salinha, vi um recorte do Auburn Jornal, um dos periódicos que cobre esta zona. Com orgulho, vendo que a modéstia do Daniel não o iria deixar contar a estória em condições, a senhora Francelina explicou-me que ele teve honras de página de jornal porque, em 2011, num dos seus passeios pela baixa

da cidade, Daniel encontrou um envelope do Wells Fargo Bank com uma pequena fortuna dentro. Eram 2 mil dólares ao todo, notas verdes e brilhantes. Daniel nem pensou muito, foi entregar o dinheiro a um agente da polícia. Este, por sua iniciativa, investigou o caso e encontrou a dona do dinheiro. Perguntei ao Daniel se tinha recebido alguma recompensa pela sua boa ação. “Olha, a senhora deu-me uma garrafa de vinho. Ainda está ali, nunca a abri”. Fiquei a conhecer melhor o Daniel “Margarida”, descobri que ele, tal como eu, não é homem de se desfazer de nada. A cave da casa está cheia de tarecos velhos, caixas com coisas que ele já não usa há anos, barris de vinho vazios, garrafas, eu sei lá. No alpendre, um carro azul, ainda em bom estado, de modelo que eu quase nem reconheci. “É um Nissan, de 1985. Tem 34.000 milhas”. Espantado com a longevidade do carro, indaguei porque não comprava um mais moderno. “Para quê? Este ainda me serve bem, já não vou para longe”. E, a brincar, acrescentou: “Só se houvesse uma ponte para a Graciosa!” Mas não há. O Nissan de ’85 vai continuar à sombra das latadas que rodeiam toda a casa do Daniel, já com verdes cachos, a desafiarem as vespas e os possums, e ali à ilharga do canteiro da hortelã. Despedi-me eu também da latada e do simpático casal, e fiz a viagem de regresso a casa a imaginar-me a conduzir na tal ponte com que o Daniel sonha. Poderia ser que ele me quisesse acompanhar, íamos conversar toda a viagem... Prometi ao Daniel ir visitar e tirar uma fotografia com a irmã dele. E prometi a mim mesmo que vou levar o Daniel comigo, neste meu regresso à Ilha Branca. O meu amigo vai estar a meu lado quando eu apresentar aos graciosenses o livro “Barro Vermelho – Ilha Branca”, o meu modesto contributo para perpetuar as memórias de outras épocas e de outras gentes. Na minha voz eu levo o cantar dolente do sotaque dele; nos meus olhos eu levo os olhos brilhantes e húmidos do Daniel, para que possa rever a sua juventude; no meu sorriso, eu vou carregar o lindo sorriso de Francelina, para ela poder saudar as amigas de infância; e, nos meus braços, vou concentrar toda a força de um grande abraço para o meu tio Carlos, o amigo que o Daniel nunca esqueceu. Sentado na sua cadeira preferida, debaixo da latada, o Daniel vai esperar o meu regresso. Assim me disse e eu acredito. Ele quer que eu lhe traga a Ilha de volta à sua alma.

LAND For Sale • Ponta Delgada • São Miguel • Azores, Portugal

Excellent property (5800sq m) located in the heart of the Urban Park with index of construction of 0.5, allowing the construction of 2900 sqm: 12 - 15 homes or apartment building or hotel. Take advantage of the surrounding green area to invest in an excellent high-income housing project. Invest in one of the noblest areas of Ponta Delgada with greater expansion. €750,000 Euros / $847,500. US Dollars

Please contact owner in U.S @ 508.254.7669 or Broker at Century21AZOR


Comunidade

1 de Agosto de 2019

23

PORT ORCHARD • from kitsap daily news

From the heart: Film Festival contributors pour their talents, energy into offerings

“Fish Hook” is a locally made film among festival screenings eric monteiro

PORT ORCHARD — For independent filmmakers like Eric Monteiro, creating, directing and shooting a film is a psychic meal that feeds their inner creative soul. Just as long-distance marathon runners are compelled to hit the road in order to keep their competitive juices flowing, filmmakers feel a little unfulfilled without having a screenplay in work and a camera ready to capture actors putting scripted words to life and into motion. That was the case for Monteiro, a Bay Area native and Los Angeles resident who spends much of his work hours shooting and directing commercial and industrial films. A significant chunk of his time is spent shooting and editing for Disney’s consumer product division in Glendale, Calif. A graduate from San Francisco State University’s film production program, the filmmaker nevertheless carves out time from his busy work schedule to create his own films. “I usually write and direct my own feature-length films, but it had been a while since I had shot one because I was busy writing my next one,” Monteiro said. “I was really missing being on set and shooting something. ‘Fish Hook’ is the result of me really wanting to shoot something really fast over one weekend for no money and to get it out there really quickly.” “Fish Hook” will be part of the Port Orchard Film Festival’s “Fantasy” shorts block, to be shown at 1:20 p.m. on Saturday, May 4, at the festival’s home, the Dragonfly Cinema on Bay Street. It’s a short film that not only got the filmmaker’s creative juices going but, in the end, offered a reflection of his cultural background. “My family is Portuguese from Portugal, so it’s kind of a love letter from me to my own Portuguese-American heritage,” Monteiro said by telephone from Los Angeles earlier this week. “It’s a love story about two fishermen — one’s a man, the other a woman. It’s something simple, romantic and for all ages.” The film starts out with a down-on-his-luck fisherman at a coastal dock in Portugal, not catching anything until he pulls up what Monteiro labeled a “magical fish hook.” It’s old, antique-looking and wooden, with a mystical glint to it. When the fisherman ties it onto his line and tosses it into the water, suddenly his luck changes — he begins pulling out large, fat fish from the ocean. That’s when the Portuguese angler realizes this fish hook is something special. Not only does he pull out oversized fish, the man also reels in Portuguese beer and wine — the very things he had been wishing for. Soon after, the fisherman meets up with a fisherwoman, who admires his special lure — and he begins to admire her. Monteiro was able to make the film with just $500 budgeted for the project — far less than the cost of most similar independent efforts. A significant chunk of that money — $200 — was for a permit to shoot on the beach from a pier at Avila Beach in central California. The lead actors, James Trenton and Stephanie Pessoa, lent their talents for the project free of charge, he

siad, because they loved the story. So much so, that both traveled gratis to the Avila Beach location, about 200 miles north of their home base in Los Angeles. The sweet fantasy story stars Trenton, who is a University of Puget Sound alumnus and is otherwise a successful, well-known radio personality and creator of “Love Line” on KROQ radio in Los Angeles. His female co-lead, Pessoa, ventured into acting after managing the acting career of her son, Andy, who started appearing at age 9 on shows for CBS, NBC, Disney, Nickelodeon and Comedy Central. The filmmaker said Pessoa, who isn’t Portuguese, is married to a man who is. In fact, she lived there in the picturesque country for a short time and is attuned to the Portuguese culture. At the time “Fish Hooks” was shot, Monteiro said, Trenton had just begun branching out with the goal of becoming a film and television actor. His availability was also motivated by a desire to get some acting credits under his belt before taking on paid gigs. This film short was his first lead role, Monteiro said. “Since casting him in this movie, he’s been very successful having small parts in major movie and television shows,” the filmmaker said. Monteiro and Trenton will be at the film festival to attend the short’s premiere theatrical showing. The Port Orchard Film Festival is the only traditional event — shown in a theater in front of an audience — that “Fish Hook” is to appear in, Monteiro said, although it has been in television and webcast festivals in Tampa and Detroit. “I tend to romanticize film, so the Dragonfly Cinema offers not only the perfect setting but also the love and care by the passionate people driving this event,” Monteiro said in a previous interview. The filmmaker said he’s busy conceptualizing his next project: an intriguing father-daughter adventure story about a man who has the ability to breathe underwater. It will be shot primarily in the Bay Area, he said, with some scenes filmed in Olympic National Park. Bob Smith www.kitsapdailynews.com

JAMES TRENTON “The Fisherman”

You might know me from my years on L.A. radio as “Poorman” on KROQ FM, KIIS FM, ALT 98.7FM, and POWER 106. I began my acting career in 1988 as a costar in the cult classic movie “Heathers” starring Christian Slater and Winona Ryder. Some of my recent credits include a starring role in a Pepsi Commercial, a co-starring role alongside John C. Reilly in the iconic Mr. Ooizo video ‘Ham’, and a starring role with Nick Offerman in the They Might Be Giants video ‘The Greatest’, and a regular background character in the newsroom of Steven Spielberg’s ‘The Post.’ I have a recurring role as ‘The Boss’ with Instagram/YouTube Superstar Zach King, and recently starred in a TV Pilot entitled “Life Lessons” as the “Lunatic”. I co-starred in an independent film entitled “Mister Misfortune” as Andre the Loan Shark. I costarred as the boxing ‘Referree’ in a series entitled “On The Ropes”. Of everything I’ve done, “Fish Hook” is the penultimate experience! It’s a wonderful film made on the tiniest of budgets. I refer to this gem as “The Little Film That Could”.

STEPHANIE PESSOA “The Fisherwoman”

Stephanie Pessoa is a native of Los Angeles. Stephanie's involvement in Hollywood began when her youngest son, Andy, started acting at the young age of 9. For the better part of nine years, she has managed his career accompanying him on sets of CBS, NBC, FX, Disney, Nickelodeon, Comedy Central and many more, including TV, film, and voice over. In 2014, she ventured to launch her own acting career and has booked numerous theatrical and commercial roles.

ERIC MONTEIRO, Director

I had been in the writing cave for a while, working on a couple of new feature length scripts to develop, and was really missing being on set. So I decided to shoot this little short film over one weekend, a personal love-letter to my own PortugueseAmerican culture. It was designed for a very niche audience, so I’m surprised and honored that it’s been so well-received by several festivals around the country. I couldn’t be more thankful to the Port Orchard Film Festival for including us in their festival line-up. I tend to romanticize film, so the Dragonfly Cinema offers not only the perfect setting, but also the love and care by the passionate people driving the event. It’s perfect for the theatrical premiere of ‘Fish Hook’.

PREVIEW

You can view the short film preview trailer for ‘Fish Hook’ at the link below. https://vimeo.com/325058181

FISH HOOK

A down on his luck fisherman finds a magic fish hook and soon realizes that it gives him the power to catch whatever his heart desires.

www.monteirofilms.com www.facebook.com/MonteiroFILMS twitter.com/MonteiroFILMS www.instagram.com/monteirofilms


24

Opinião

1 de Agosto de 2019

Chasing the Dream

Falar mal

(de tudo e de todos) dá saúde

É

uma cultura caseira, da rua, da taberna que também se estende aos bastidores literários, cultos e acima de tudo aos meios de comunicação. Estes, os últimos, usam palcos mais clássicos, usam linguagem mais cívica, vocabulário requintado e representativo de pessoas que estudaram muito; mesmo muitíssimo. Além dos jornais diários mais simbólicos do poder de escrita Portuguesa, os canais televisivos nos seus programas de fundo apresentam questões e argumentos, palestras, monólogos de qualidade. Um programa que penso ser o mais histórico e emblemático, é aquele apresentado pela apresentadora da RTP Fátima Ferreira—Prós & Contras. E neste com protagonistas de relevo, nota-se prós e contras bem elucidativos. Os participantes, ora bem disciplinados e polidos, usam todos os argumentos para falar mal de tudo e de todos. Tudo civilmente argumentado. No entanto ao fim do programa se espremermos ou coarmos o que disseram, o que sai contém essa marca de censura. Tudo está mal! Desde de miúdo revoltava-me com as quezílias de família; que uns falavam (mal) de outros familiares, que guardavam as quezílias como relíquias que só eram postas de fora se houvesse uma doença, um grande azar na vida ou numa ocasião mais drástica como falecimento de um parente. Perdão era oferecido (com um certo receio) e o ambiente de amizade de família voltava com certa prudência. Não possuo nada de santinho. Contudo, desde de novo cultivei a crença de se não tenho algo de positivo acerca de alguém prefiro não dizer e citar coisa alguma. Ou prefiro estar calado. Gosto do argumento, da troca de ideias, na defesa de valores pessoais e sociais, dar com um afinco—sem equívocos—o meu pensar derivado da minha experiência pessoal, profissional, social e mesmo o meu pedestre conhecimento filosófico. A minha rubrica nessa matéria é bem vincada. Graças a uma colega da Escola Industrial e Comercial de Ponta Delgada emigrei para os Estados Unidos em 1966. Bem, casei com ela, tivemos e temos filhos, netos, noras e todas as regalias que emigrantes têm na terra to Tio Sam. Embora concentrando-me em ser um bom emigrante, ter adquirido cidadania Americana, nunca me esqueci da terra onde nasci e das amizades construídas durante o serviço militar. Três viagens durante a época dos setenta, oitenta e noventa deram aviso que haveria possibilidades de mais assiduidade de cultivo de amizades. E eis que compramos casa na Lagoa em 2006. Convívios aumentaram com o cultivo de novas amizades em São Miguel. E a cultura da censura, da critica, e portanto do falar mal voltou com as suas cores bem vinculadas. Dá saúde. Na Califórnia, não é difícil haver encontros onde a cultura do falar mal encontra adeptos Luso-Ameri-

JC de Melo

jcdemelo@aol.com

canos. Esses adoram apontar erros de vária ordem a tudo que se faz ou se tem feito nas Regiões Autónomas ou Continente. Ficamos aliviados no desafio de falar mal. Claro, justiça deve ser feita. Porque, como em Portugal, igualmente existe nos Estados Unidos a cultura do falar mal. E desde 2016 os EU têm no habitante da Casa Branca, o mais fanático, mas eficaz global representante do falar mal. Todo o mundo menos ele é corrupto, desonesto, imbecil, incompetente e, portanto, merecedor de um ditador como ele; ditador na democracia mais antiga, eficaz e por conseguinte relevante do nosso planeta. Bem, existem excepções: o sistema eleitoral na última eleição presidencial nos Estados Unidos deixara certas dúvidas na eficácia e justiça do sistema democrático Americano. Mas avançando para outro exemplo vivo, foi num episódio recente—dia do voto nas Europeias—que tive um encontro com pessoas não conhecidas, com menos idade da minha (hoje em dia todo o mundo é mais novo do que eu) que estive perto de tomar uma bebedeira com desconhecidos tornados em amigos. Nada mais nem menos do que depois da procissão do Senhor Santo Cristo em Ponta Delgada, sentei-me com os meus amigos típicos e outros antes estranhos na mesma mesa na enorme esplanada (provisória) de comes e bebes ao lado da igreja de São José. E lá trocamos conversa acerca do dever de votar, do dever de dar a nossa opinião mesmo em branco/nulo. Citando que fora a minha primeira oportunidade de voto em Portugal, encontrei certo desdenho—mesmo se desdenho respeitoso—pelos meus companheiros de cerveja e de petiscos. No caso destes, a razão fora simples: não têm nenhum apreço pelos políticos ou pelo que esses fazem. Nem sequer merecem o voto em branco. Para quê? Não fazem nada de jeito! Conclui que mesmo se pessoas bem meigas e bons conversadores, esses novos companheiros foram incorrectos na decisão de não participar no valor e dever do voto. Nos dias que se seguiram ao voto, li artigos e estatísticas que singularizaram os Açores por ser a região da UE como mais abstenção do voto. Que distinção pessoal e colectiva! Pergunto eu: será que as regiões autónomas se esqueceram que foram os fundos comunitários que elevaram as regiões a lugares de igualdade com o resto do território da UE? Será que se esqueceram que poderíamos estar classificados com muitas regiões do mundo que são vistas ou classificadas de segunda classe ou subdesenvolvidas? Será que poderíamos ter desempenhado um papel bem importante e singular se votássemos com uma percentagem maior e condigna; digamos de 70% de participação? Penso que poderíamos. Contudo admito que também sou sonhador – de lendas e fantasias ou do poderíamos. Contudo, seria interessante. Um facto existe. São quinze anos consecutivos que venho viver (temporariamente) para São Miguel. Em todos estes e não obstante a realidade que vários er-

ATTENTION BROTHERS & SISTERS I am LAURA HOLLY, Spiritual Reader & Advisor. I specialize in helping people throughout the world with all matters of life. No matter what your problem, maybe I can solve it. May it be love, business, Spiritual healing, lost nature, emotionally hurt or emotionally confused. If you are seeking love, if you are troubled and and don’t know where to turn? I can give you never failing advice. I can guide you to find the light that you’ve been searching for. If you feel empty and all alone? Seek no further, I am here for you. Come, call or write me, I’m looking forward to guiding you into the light and to bring you back to the happiness you deserve. Thank you and blessings be upon you.

Established and licensed consultant for 30 years

Call LAURA HOLLY: 510.886.2426 Serving 2 Locations for your Convenience

ros têm sido cometidos pelos governos dos Açores em diversas matérias, acções e patamares; provavelmente com certo desperdício e má gestão—não diferente de muitas organizações e empresas privadas— tenho verificado ano após ano que muito positivo se tem feito. É com orgulho modesto, mas inequívoco que apresento a amigos dos Estados Unidos que nos visitam, a beleza da nossa ilha—o melhor que a natureza oferece e agora protegida e preservada com melhoramentos condignos. Agora aponto outro exemplo que pode validar a minha opinião na cultura do falar mal. Gosto e compro a revista (semanal) do Expresso quando resido em São Miguel. Para mim tem classe e de lá aprendo e comparo com algo que leio na Califórnia. E regalome com a primeira página, aquela que a Editora Clara Ferreira Alves se orgulha com a seu poder intelectual, literário e acima de tudo quando usa o chicote linguístico e analista de tudo e de todos. E foi que o editorial da edição número 2434, de 22 de junho, representava o melhor da sua rubrica editorial. Depois de ler o editorial duas vezes investi mais uns minutos em analisar o teor do seu sermão, a sua crítica/censura de multicores e o uso dum alargado vocabulário. Vesti-me da virtude paciência e identifiquei vinte e três frases negativas, puramente falar mal; catorze palavras novas, bem novinhas e estranhas para mim e que possivelmente nunca irei usá-las no futuro; dezasseis frases cunhadas de “se não se fez ... se não se pensou ... se não se planeou ... se não se impediu e por aí fora.” E tudo porque o senhor Mark Zukerberg, empreendedor e magnata do Facebook e agora inventor da “Libra”—um provável novo sistema monetário e financeiro (money exchange)—e diferente daquele que o nosso planeta usa presentemente. O dilema da senhora Alves, cálculo eu, é que Portugal não inventou tal sistema; como não tem feito nadinha no mundo. No seu pensar, Portugal é um parasita que vive à custa dos outros --- do inventar dos outros, do criar dos outros, da liderança dos outros. Em suma: somos um “sem abrigos” de fato e gravata ou de calções de banho de praia, da sardinha assada, do fado e p-tas&vinho verde. Claro que a senhora autora do Editorial da Revista Expresso está consolada que falou mal de tudo e de todos. Pergunto: será que ela fez o calculo que Portugal ocupa menos de ,01% da população e da superfície do nosso planeta? Será que ela se esqueceu que foi em Portugal que se inventou o mais útil e usado sistema de radar e de controlo de portagens? Via Verde—made in Portugal—é testemunho de que podemos fazer algo importante. É só uma questão de pensarmos no positivo. Volto ao meu lema: se eu não tiver algo positivo para dizer, melhor é estar calado. Menos é igual a melhor. Ao fim do dia ou deste dia, estou consolado que falei mal daqueles que falam mal (de tudo e de todos.) E, por conseguinte, ganhei saúde. Estou feliz!


Opinião

1 de Agosto de 2019

Ideias ao Desafio

(amores & tremores democráticos)

M

uitas das vulnerabilidades individuais podem ser consideradas debilidades breves, transitórias, como por exemplo a ignorância humana, quase sempre equiparada ao misterioso ‘pecado-original’. Não é novidade lembrar que o luto étnico imposto pela ditadura da pobreza, separa vontades, neutraliza inteligências, acicata desconfianças; todavia, muitas comunidades imigrantes continuam orvalhadas pelo suor-frio da vigília duma espera em melhores dias… Viva a Esperança! Para minimizar os efeitos alusivos ao desafio do pãonosso de cada dia, seria bom considerar o cultivo das Ideias ao Desafio, a começar pela reconciliação inteligente das nossas diferenças étnicas, na justificada ânsia de fomentar a união na diversidade… Servidos pela ferramenta da palavra escrita, vamos sugerir o aplauso sereno face ao rol dos empreendimentos democráticos realizados, desde meados de 1976, pela militância açoreana envolvida no progresso cívico, educacional, empresarial … Todavia, o dever corajoso de discordar das discutíveis prioridades assumidas pelos campeões da mediocridade regional, acarreta enorme validade democrática. Contrariar a demorada fragilidade psico-democrática insular (muito afeita à teatralidade político-veneradora do novo-riquismo consumista) seria uma tarefa bem-vinda. Dotados com valiosas especificidades ambientais, os Açores são ilhas naturalmente vocacionadas para oferecer o tipo de serenidade rústica,

25

Memorandum

João-Luís de Medeiros jlmedeiros@aol.com

património cada vez mais raro e dificil de encontrar na superfície do atribulado terceiro planeta do sistema solar. Não… não vamos aceitar cumplicidade no delírio de assoprar farelo chinês no miolo da açorianidade. Historicamente, os Açores já foram usados como entreposto logístico para os famosos empreendimentos das caravelas de antanho; depois, foram usados como galeria prisional para gente considerada subversiva pelo vigilantes salazaristas; mais tarde, (indiferentes à comprovada bravura terceirense) surgiram ‘bases’ aéreas para protecção ocidental do Atlântico-Norte. Agora, vamos apenas lembrar o seguinte: até finais de 1980, as ilhas açoreanas eram consideradas o armazém-atlântico gerador de emigrantes ofendidos pelo tradicional indiferentismo geo-lusitano… Perante o delírio de profanar a rusticidade paroquial duma terra outrora pacata, não vale a pena rogar pragas! Não seria novidade descortinar as varandas da desgraça internacional: nos últimos 40 anos, a açorianidade tem sofrido as consequências do tráfico ilegal droguista e os gemidos do bailado da libertinagem sexual… Agora, seja-me permitido transcrever a gota duma frase publicada há 15 anos: “a autonomia política e administrativa dos Açores não requer apenas uma ajuizada gestão fiscal. Requer, sobretudo, um apurado sentido de perspectiva civilizacional, que não dispensa a virilidade cívica”… Finalizo, já! Continuamos a (sobre)viver numa era furiosa: já foi dito que o 25 de Abril não resistiu à revolução! Ora, em vez de continuarmos a ‘abrir a boca’ de espanto face à comédia que o capital internacional vai representando nos Açores (no bailado das

modesto, ca • june 28

‘sapateias-financeiras’), seria preferível que o ilhéu micaelense optasse pelo adequado treino intelectual para enrijecer a própria autonomia psico-política, sem se petrificar no evitável desperdício da glorificacão da ancestralidade étnica do opus dei. Melhor dizendo, no relacionamento étnico há contágios considerados desejáveis… A pobreza moderna não pede esmola, porque tem aprendido a viver à sombra da ‘fartura envergonhada’ dos novos-ricos que procuram cristianizar o capitalismo; liberalizar o turismo droguista sob o pálio da mediocridade simpática; obedientes praticantes da ‘arte de ser sábio, ou seja, a arte de saber o que ignorar’… P.S. – Obviamente, teríamos alguns temas frescos alusivos aos livros recentemente editados na praça da diaspora açoriana, merecedores do nosso solidário comentário. Mas hoje, estou a sentir a lacrimável emoção perante a recente notícia do falecimento vários amigos, nomeadaAndré Bradford de mente, o apreciado deputado açor-europeu, dr. André Bradford, cuja inesperada ausência enlutou a comunidade açor-lusitana. Envio sinceras condolências aos seus familiares, aos inúmeros camaradas e colegas deputados. Viva a autenticidade humana! (*) O autor escreve de acordo com a antiga grafia.

PFSA Portuguese heritage night • modesto nuts Everyone had a great time with the Modesto Nuts Professional Baseball Club at PFSA’s Portuguese Heritage Night! Many thanks to Johnny Galo for celebrating our Portuguese heritage. PFSA would like to thank everyone for coming out on this wonderful summer evening in Modesto.


26

Cultura

1 de Agosto de 2019

PAGINA DE ARTES E LETRAS DO TRIBUNA PORTUGUESA

Apenas Duas Palavras Diniz Borges

MANUEL ALEGRE

d.borges@comcast.net

“Alma”, Portugal no seu melhor e pior

F

A minha mãe teve sempre para mim grandes desígnios. Quais eles fossem não sei. Nem ela própria o saberia. Era uma força que vinha de dentro dela, uma obstinação. Ela queria grandes coisas para mim, um destino, talvez um milagre. Manuel Alegre, Alma

inalmente li o grande romance Alma de Manuel Alegre (Prémio Camões 2017, entre todos os outros grandes prémios literários portugueses ao longo da sua carreira), já na sua 16ª edição. Cada frase é um verso, cada passo narrativo um poema. Tem como tempo ficcional principalmente os anos 40, e a visão de um adolescente de 14 anos de idade e de uma família que o narrador diz ser “remediada” mas com boa vida, que testemunha a sorte de todos numa então pequena vila que dá o título ao livro, e toda a alegria e desgraça de um povo oprimido pela ditadura salazarista, romance símbolo de todo um país tanto ruralizado como citadino. Autobiográfico ou não, é toda uma “realidade” e um tempo que fica aqui brilhantemente retratado, ou então reinventa um mundo perfeitamente paralelo. Alma foi publicado originalmente em 1995, os anos em que eu andava totalmente dedicado à literatura açoriana e luso-americana, os meus anos da redescoberta das minhas raízes e estado existencial no meu país de origem após 13 anos na Ilha Terceira, onde nasci e me criei desenvolvendo já uma ideia das geografias físicas e humanas que desconhecia por completo, e depois 27 anos de América do Norte, onde me tornei homem, me formei na faculdade, seguidos de 14 anos no ensino secundário oficial da Califórnia. Um crítico ou ensaísta tem a obrigação de dizer de onde vem e como foi a sua mundividência foi moldada pela experiência pessoal e em directo. A literatura para mim nunca foi um acto meramente literário ou intelectual: foi o contacto possível com outros mundos desconhecidos, imaginados e sonhados, “realidades paralelas”, uma vez mais, que só nas artes têm a sua devida representação e que nos leva a um melhor entendimento tanto do artista como da comunidade a que pertence ou da pátria sua no seu todo dentro e fora de fronteiras delimitadas. Literatura e sociedade numa dialética constante. Há muito decidi elevar a obra e, quando é inevitável, castigar a sociedade de onde brotam as palavras em qualquer dos géneros literários cultivados pelo seu autor ou artista. Redescobri o meu país não através de formação e maturação ou revivências, mas sim através das letras. Quando, já nos anos 70, descobri e li com emoção Praça da Canção e O Canto e as Armas, de Manuel Alegre, ou as suas determinantes visões que nos levam a perceber tudo um pouco mais certo do passado e prevemos um certo futuro de um povo mais ou menos livre e uma sociedade aberta, foi-me mais do que decisivo: foi a descoberta que eu pertencia a um país com grandes poetas, escritores e pensadores, e que eu em breve redescobriria a liberdade e

Em pleno verão, com temperaturas altíssimas em muitas partes do globo, incluindo aqui na Califórnia, eis a frescura de um texto sobre um livro que já vai na sua décima-sexta edição, Alma de Manuel Alegre. O texto é de Vamberto Freitas, cujos ensaios, cuja crítica literária é da mais consistente e profunda não só nos Açores, mas em todo o nosso país de origem. Leiam o texto do Vamberto, com atenção e logo que tenham oportunidade o livro de Manuel Alegre. Confesso que sou um leitor de tudo o que Manuel Alegre escreve. A sua poesia alimenta-me. Porque tal como escreveu Natália Correia também se come poesia. A obra de Manuel Alegre está alicerçada num profundo sentimento de justiça social e de liberdade, a liberdade que nem toda a gente entende. Manuel Alegre canta Portugal, mas o Portugal universal, nunca o Portugal das pequenas intrigas políticas que nos diminuem como cultura e como povo, nunca o Portugal folclórico que a RTP internacional, e as outras televisões privadas, impingem, diariamente. A obra de Manuel Alegre é um símbolo do Portugal culto que todos nós queremos construir. Mais, a sua obra precisa, com alguma urgência, ser traduzida para inglês. É tempo que os lusodescendentes, cuja vasta maioria não lê em português, tenham oportunidade de ler Manuel Alegre. Mais do que nenhum outro poeta vivo, Manuel Alegre ensina-nos o que é ser português. Abraços,

Diniz

a dignidade. Nada menos do que isso, para além da poesia já aqui mencionada, que devo repetir, e neste caso só parcialmente, a Praça da Canção. Só muito mais tarde, e já de regresso definitivo ao meu país, descobriria alguma da sua poesia dos anos mais recentes, Senhora das Tempestades, e prosa, com destaque no meu caso pessoal, para Uma outra memória: a escrita, Portugal e os seus camaradas dos sonhos. Falta-me agora ler Jornada de África e a restante obra, que vem a seguir, toda sua escrita parte central do cânone literário definitivo e nacional. Alma, traz ainda como prefácio deste romance o texto de apresentação da primeira edição feita por Mário Soares, e que conclui com algo que me parece estranho: “Haverá a tentação de identificar Alma com Águeda”. Erro grave, julgo. Alma é um grande romance de genuína ficção, criativo, original, transfigurado: Nunca soube muito bem porquê, mas os autores portugueses que conheço, pelo menos alguns deles, temem que interpretemos a sua ficção como sendo “autobiográfica”, ou como se isso diminuísse o seu alcance puramente artístico. Creio que foi Gabriel García Márquez que disse ou escreveu um dia que só se escrevia bem quando se escreve sobre que o melhor conhecemos, e esse conhecido sujeito-protagonista será cada um de nós. Até no ensaísmo não podemos fugir desse acto comunicativo. Neste caso de Alma, ainda por cima, vem assinado à mão no fim da narrativa por Manuel Alegre, depois de ele ter escrito “Águeda, 11 de Agosto de 1995”, e relembremos que o nome do narrador é Duarte Faria, sendo parte do nome completo do autor. O seu narrador é agora adulto e escritor que recorda a sua vida e a da família, assim como de toda vida do seu lugar naquele tempo, em analapses sustentadas que nos levam a vários períodos da nossa História nacional, mas concentrando-se insistentemente nos anos 40 durante e depois da II Guerra Mundial, também os dias implacáveis do salazarismo. Sua mãe, que ele relembra nas palavras que servem aqui de epígrafe, chama-se Mariana, e dedica-se exclusivamente a manter a casa da família em ordem, o seu único refúgio de quando em quando, é limpá-la quase psicoticamente ou em fúria para esquecer o que vai na rua. Seu pai, Lourenço de Faria, originário de uma velha aristocracia que havia entrado na História do país, mas agora recordada só esporadicamente, a sua vivência limita-se a andar de espingarda na casa ou na brincadeira no seu quintal quando há zangas especialmente com a sua mulher e os outros portas adentro, e ele manda tiros para o ar num acto mais de humor e nunca de raiva. De resto Alma vive do futebol e dos cafés, a discussão quase sempre em volta da perseguição da polícia secreta de Salazar, que a dada altura centra-se nalgumas personagens da vila, governada

por um Antoninho Pena, figura sob o suspeito dos restantes cidadãos aqui representados. O narrador vai observando tudo, as euforias do futebol (com violência pelo meio durante os jogos, como que numa metáfora e espírito do tempo), e ainda mais o medo atávico do governo fascista que tanto intimida como prende, tortura e mata os seus opositores. Estamos geograficamente mais ou menos no interior do centro de Portugal, outro símbolo do restante país naquela época política, e era preciso “domesticar” um povo até então livre e que aparentemente preferia de longe o caos da Primeira República ao autoritarismo que havia tomado conta do Estado que de “Novo” tinha pouco, herdeiro do absolutismo multi-secular de todo o nosso passado na preferia da Europa. É difícil e impossível não fazer uma leitura do próprio autor em cada uma destas páginas fulgurantes, ora irónicas ora de humor, com a sensualidade de um adolescente perante as criadas lá de casa e outras mulheres. “Parti – diz o narrador no fecho do seu romance – de camioneta para Lisboa, já no fim de Setembro. Não sei se a manhã estava cinzenta e triste ou se foi assim que ela se gravou na minha memória. Como saber o que é e o que não é, o que se inventa e acrescenta e o que se corta e encurta. Senti um aperto na garganta ao passar a ponte. Olhei o rio, a nora, os salgueiros, os campos. Alma, dizia eu. Como quando era pequeno e dizia mãe”. Alma é esse grande romance cuja adolescência já consciente ou entendimento precoce do seu lugar na sociedade era evidente, pormenorizada, em que cada detalhe nos leva a imaginar o seu dia-a-dia, as suas alegrias e medos, a sua indignação que mais tarde se converte numa vida de aventura e perigo. Não vale a pena falar aqui dos pormenores históricos ou do que foi após estas páginas, a sua entrada no liceu, a sua vida em Coimbra, a sua mobilização para a guerra em Angola e prisão, a fuga para a França, e eventualmente dez anos em Argel ao serviço da rádio da emissora Voz de Portugal. Basta lembrar as palavras da sua mãe fictícia que citei acima. Previa uma vida diferente e distinta. Foi concretizada em primeiro lugar na grande literatura da nossa geração, e depois na política. Este é um livro de ficção, sem dúvida. Só que para um leitor minimamente conhecedor do percurso do autor será impossível, uma vez mais, não o associar a toda uma caminhada que fica, vai ficar, nos anais da nossa vida durante os piores anos de Portugal. Manuel Alegre, Alma, Lisboa, Dom Quixote/LeYa (prefácio de Mário Soares), 2019.

Vamberto Freitas


Manuel Cabral 1 de Agosto de 2019

PADARIA

POPULAR BAKERY

Patrocinadores

organista • vocalista

Manuel Cabral ORGANISTA • VOCALISTA

Grande selecção de productos de mercearia

baked fresh daily!

Papo-secos • Pão de trigo • Bolo do Pico • Pão de Milho • Biscoitos • Rosquilhas • Massa Sovada Bolos de Casamento, Baptisados, Aniversários

Qualidade é a nossa preocupação!

Os nossos productos estão à venda nos bons super mercados!

Telefone: 408.258.2800 1636 Alum Rock Ave., San Jose, CA 95116

Musica Bem Portuguesa e Inglesa

Contacto: 562.924.3509

Musica Bem Portuguesa

Contacto: 562.924.3509

Recordando amigos de portugal

domingos das 8:00 às 10:00 a.m. 103.3 FM or online at KPCA.FM

Diretor Carlos Medeiros

27


Opinião

1 de Agosto de 2019

Paralelo 38

,

28

INCENDIOS,

insanidades e futilidades

O

s fogos são de origem criminosa, está mais que provado. A Polícia Judiciária, a PSP e a GNR fartam-se de prender incendiários. E, todavia, o fogo posto persiste, e persistirá, até deixar de haver matas para arder, porque o negócio criminoso fala mais alto num país habitado por gente cada vez menos escrupulosa. Há um mês atrás, fui almoçar à Sertã com um casal amigo que vive em Mação. Antes do almoço, estivemos a tomar uma caipirinha no balcão frente à casa de onde se avista a propriedade. Era uma visão devastadora. O arvoredo estava completamente queimado do último incêndio, ocorrido em 2017. O fogo esteve a não mais de cinquenta metros da casa e, não sendo a coragem e a perseverança do meu amigo com uma mangueira persistentemente debitando água sobre as chamas, a casa teria ardido. Ele próprio só não sucumbiu ao fogo por ter tido a feliz ideia de se molhar em permanência e de respirar junto à saída da água da mangueira, obtendo assim mais oxigênio, e dado o calor insuportável do ar à volta que se fazia sentir.

João Gago da Câmara joao@ilha10.net

Um dos assuntos da nossa conversa de almoço, como se depreende, foi o fogo. - Como e porquê – perguntei. - Porque, João, há interesse no fogo. Estes incêndios são uma mina. Há madeireiros que pagam a homens que ateiam os fogos para seguidamente comprarem a madeira muito mais barata aos proprietários das florestas ardidas. E há casos em que a madeira até chega a ser-lhes ingenuamente oferecida a troco de limparem as matas, cortando árvores ardidas cujos troncos, resistentes a altas temperaturas, são aproveitados e vendidos a bom preço no mercado – respondeu-me prontamente o meu amigo. E após falarmos do clima associado a essa devastação, com temperaturas altíssimas, nunca vistas no passado, a atingirem o país, e do abandono de Trump do Acordo de Paris, abordámos os aproveitamentos políticos da situação. É que, com efeito, há, em Portugal, um voar de abutre sobre estes incêndios, antes, durante e depois de acontecerem. Quanto mais fogos, mais dividendos políticos há a tirar por parte das oposições ao governo, esquecendo-se os críticos que Assunção Cristas teve a tutela da política florestal durante quatro anos e liberalizou a expansão do eucalipto cuja plantação se tornou quase selvagem, esgueirando-se hoje entre os pingos da chuva, ou entre as labaredas do fogo, nas matas da sua mais que muita responsabilidade, como se nada tivesse a ver com ela. É Rio, incitado por jornalistas que precisam de notícias para vender jornais, a dizer que falará depois da extinção dos incêndios; é Miguel Sousa Tavares a vir advertir que se neste ano de eleições os incêndios forem graves “o governo vai levar um grandessíssimo pontapé” … e que “a maioria absoluta vai decidir-se por ação do PS”. O que é isto? Que insanidade é esta a grassar pelo país?! E, porém, o fogo posto persiste, e persistirá, até deixar de haver matas para

arder, porque o negócio criminoso fala mais alto num país habitado por gente cada vez menos escrupulosa. O próprio Presidente da República, ao referir-se aos incêndios de 2017 – pasme-se – ousou afirmar, em 2018, ao Público e à Renascença, que “voltasse a correr mal o que correu mal no ano passado, nos anos que vão até ao fim do meu mandato, isso seria, só por si, no meu espírito, impeditivo de uma recandidatura”. Pois então não se recandidate! Cumpra, com toda a falta que fará ao país! Porque, está visto, já voltou a correr mal, não por culpa do governo, mas das alterações climáticas, da idiotice de Cristas e de incendiários selvagens, os que operam diretamente no terreno, e dos seus mandantes. Ultimamente, a política do dedo apontado tornou-se viral em Portugal. Quanto mais tempo estiverem com a ponta do dedo apontada ao outro, até sem justificação admissível, mais protagonismo julgam ter no aparelho partidário e até no aparelho de Estado. Puro engano! Há que desvalorizar, de uma vez por todas, essa pseudopolítica persecutória e ridícula, que não leva a nada, e focarmo-nos com seriedade no essencial, que assenta no reordenamento do território – plantado a martelo em tempos que não são para esquecer – no respeito criterioso pelo Acordo de Paris e seu implemento e numa cada vez mais rigorosa fiscalização preventiva e ação das polícias, que deverão investigar, atuar firmemente no terreno e prender os autores de tão catastrófica destruição da nossa natureza coletiva. E há que voltar a legislar, agravandose enormemente as penas de prisão para tão hediondo crime; atribuindo-se, eventualmente, penas de prisão máxima a incendiários e a madeireiros criminosos. Julgo ser esse o caminho.

Manuela e Celestino Aguiar

Inauguração do ZIG ZAG HOSTEL • praia da vitória

tibério dinis com celestino aguiar

celestino e manuela aguiar

Parabéns a Manuela e Celestino Aguiar! Amor! Fruto de um intenso sentimento com a Praia da Vitória, de quem partiu e agora regressa às origens! Humildade! Realizaram e executaram três grandes investimentos na Praia da Vitória, sem qualquer busca de protagonismo. Com provas dadas e ao terceiro investimento decidiram convidar os amigos e familiares! Coragem! São líderes absolutos do investimento da Diáspora na Praia da Vitória e são impulsionadores e força motriz de mais investimento vindo da Diáspora!

Tibério Dinis

Presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória

Rua Duque de Palmela, n.º 3 capacidade para praia da vitória, terceira 30 pessoas


1 de Agosto de 2019

Patrocinadores

29


Five Wounds Portuguese National Church

30

English Page

1 de Agosto de 2019

CENTENNIAL 1919–2019 • SAN JOSÉ, CA

The Five Wounds Portuguese National Centennial Weekend celebrations started Friday, July 12, 2019 with Mass and Procession of Our Lady of Fátima presided by The Most Reverend João Lavrador, Bishop of the Azores and concelebrated by Pastor Rev. António Silveira. On Saturday, July 13, the Solemn High Mass at 5 pm was presided by The Most Reverend Oscar Cantú, Bishop of San José and concelebrated by the Bishop of the Azores and the Rev. António Silveira. A sold-out Gala Dinner and Fado Concert followed at the unrecognizable Cristo Rey Jesuit High School’s Valley Foundation Pavilion. The event was emceed by parishioners Connie Goulart and Lúcia Soares; parishioner Tony Goulart was the keynote speaker; and the Fado performers were parishioner David Silveira Garcia and

Mara Pedro from Portugal accompanied on Portuguese Fado guitar by Cordeone Loic da Silva, on acoustic guitar by parishioner Manuel Escobar, and on bass by João Cardadeiro. The church’s centennial celebrations concluded on Sunday, July 14 with Solemn High Mass presided by Bishop of the Azores João Lavrador and concelebrated by Rev. António Silveira. A beautiful procession followed through several streets of San José accompanied by the Portuguese Band of San José and escorted by Portuguese-American police officers Luis Borges and John Carapinha. For the first time, the statue of São José (St. Joseph) made its appearance in a procession. Mayor of San José, Sam Liccardo, participated in the Mass and Procession and even helped carry one of the statues.

Our lady of fátima mass & candlelight procession july 12

joão lavrador, bishop of the aZores

centennial high mass july 13

oscar cantú, bishop of san josé

miguel ávila, david tram, S.J. mayor amélia soares ávila sofia soares ávila representative


English Page

1 de Agosto de 2019

centennial gala dinner & fado night july 13

connie goulart

lucia soares

João lavrador

maria João celina lopes-cardoso belém

david garcia

antónio silveira

tony goulart

mara pedro

joaquim ávila

centennial high mass & procession july 14

san josé mayor sam liccardo, bishop joão lavrador, rev. antónio silveira familia ávila-Soares

31


32

Ultima Página

1 de Agosto de 2019

Let’s Be Social

Life Insurance & Savings Plans

Follow us @mypfsa

EDUCATIONAL SAVINGS ACCOUNT Great to start a college fund for children. Funds can be withdrawn for education tax free. New Beginning

WHOLE LIFE

Protect your family 10 & 20 Year Pay Life Whole Life Universal Life

College

TERM INSURANCE Starting a family

Protect your family 10, 15, 20,30 Year Term 30 Year Term – 20 Years Guaranteed

RETIREMENT SAVINGS ACCOUNTS

Start a Retirement Savings Account Deposits of $1,000 - $9,999 - Earn 3% Deposits of $10,000 – UP - Earn 4%

Retirement Planning

Legacy

Both, Traditional and SEP IRA’s Annuities - Flexible and Single Premium (Guaranteed first twelve (12) months) (Minimum Guaranteed 2%)

WEALTH TRANSFER Falamos Português

Transfer wealth to future generations Single Premium Life Insurance CONTACT US TODAY! 1-866-687-7372 www.MYPFSA.ORG

JUNE 8

2019 Portuguese Nights JUNE 22 HeritageJUNE 28 A’s July 27 www.mlb.com

Padres Aug 27 www.mlb.com

Quakes Aug 31 www.fevo.com

www.MYPFSA.org


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.