15th july 2017

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Tribuna Portuguesa 2 a Quinzena de Julho de 2017 | Ano XXXVI - No. 1251 Modesto, California | $2.00 / $45.00 Anual

QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA • WWW.PORTUGUESETRIBUNE.COM

I.E.S. San José

103 Anos Louvando o Divino P.

15–18

Fazer Comunidade na Terceira

João & Cecília Pires

P.

20–21

Estatua na Silveira

73 Anos de Festa

F.D.E.S. Monterey

P.

28–29

Manuel Eduardo Vieira

P.

12–13

Sugestões July 14-23 - Stanislaus County Fair in Turlock Julho 14,16 - Festa do GPS (Gustine) July 20-23 - Festa da PFSA Council #16 Newark Ago 3-7- Convenção da LAF em Sacramento Ago 12-13 - Brotherhood St. Antonio, Tracy Ago 19-20 - Festa do Pismo Beach Set 7-11 - Festa dos Milagres - Gustine Set 16 - Festival de Folclore no Chino Oct 13-16 - Festa de Thornton/Corridas Toiros Oct 20-22 - Festa N.S. Rosário em Hilmar Oct 29 - Festa de Fatima em Tracy

SATA Entrevista

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Editorial

15 de Julho de 2017

O Bom do que é Nosso! The Good Among US!

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o último editorial falamos aqui das nossas comunidades serem fonte de orgulho junto das suas terras de origem. Após as participações de organizações comunitárias nas Festas Sanjoaninas na Ilha Terceira, aconteceu novamente com uma homenagem a um líder comunitário que foi reconhecido com uma estátua na sua terra natal – Silveira na Ilha do Pico. Parabéns ao amigo Manuel Eduardo Vieira! Tal como temos muito orgulho daquilo que é nosso, das nossas origens, do nosso país onde nascemos, é sempre bonito ver reconhecimentos e homenagens quando a pessoa ainda se encontra entre nós e não só após a sua morte. Temos de dar valor e reconhecimento ainda em vida!

pírito Santo continuam em força durante os meses quentes do Verão. As nossas páginas mostram tudo da sua beleza e do sacrifício que todos os anos pequenos grupos de devotos trabalham incansávelmente para a sua realização. O que acho pena é ver-se tão poucas pessoas a admirar os bonitos desfiles de irmandades com as suas rainhas e aias vestindo lindos vestidos e capas. Mas será que vale mesmo a pena tanto sacrifício quando pouquíssimas pessoas assistem ao desfile, apenas algumas comparecem na missa? Será que se vai às festas do Espírito Santo só por tradição, para comer as sopas e encontrar alguém amigo que não se via desde a festa ou ano anterior? Porque se vai… porque vou a uma festa do Espírito Santo?

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n the last editorial we wrote about our communities being a source of pride in their country and region of origin. After the participation of community organizations in the Sanjoaninas festivities in Terceira Island, a proud moment happened again with a tribute to a community leader who was recognized with a statue in his native village – Silveira on Pico Island. Congratulations to our friend Manuel Eduardo Vieira! Just as we are very proud of what is ours, of our origins, of our country where we were born, it is always beautiful to see recognitions and tributes when the person is still among us and not only being recognized after death. We have to value and recognize them during their lives!

year small group of devotees work untiringly for its fulfillment. How pitiful it is to see so few people admire the beautiful parades of brotherhoods with their queens and side maids wearing beautiful dresses and capes. But is it really worth so much sacrifice when so very few people attend the parade and only a few attend Mass? Do you go to the Holy Spirit festas because it’s a routine or tradition, just to eat the “sopas” and chat with a friend who you haven’t seen since the previous festa or the previous year? Why do you… why do I go to a Holy Spirit festa? miguel ávila miguelavila@tribunaportuguesa.com

Our feasts in honor of the Divine Holy Spirit continue in strength during the hot summer months. Our pages show all of their beauty and the sacrifice that every

As nossas festas em honra do Divino Es-

The roads, stupid...

Crónicas do Perrexil J.B. Castro Avila

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uem é que não se lembra do mote da campanha de Bill Clinton: “The Economy, Stupid...”?

As minhas férias em Pacific Grove, Monterey e Carmel, fizeram-me recordar esse banner no quartel-general da campanha do jovem de Arkansas nos anos 90’s. Como é possível que uma área tão bonita da Península de Monterey, que recebe milhões de turistas de todo o mundo, tenha as estradas tão más? Basta ver que a Rua Cannery Row, a mais famosa de todas, não vê o seu pavimento (em cimento) recuperado há mais de 40 anos. Como é possível, Presidentes de Câmaras, Vereadores, Condados, Congressistas, CALTRANS e até Senadores, poderem assistir a esta degradação das estradas e das ruas, sem nada fazerem há dezenas e dezenas de anos? Que falta de empenhamento, que falta de inteligência, que falta de envolvimento cívico. Inacreditável. Em Monterey vimos duas ruas interiores a serem pavimentadas. Mas também vimos outras a serem remendadas e muito mal remendadas como o Expressway 68. Que falta de profissionalismo. Nem sequer remendar alcatrão conseguem fazer bem feito.

P.O. Box 579866 Modesto, CA 95357-5866 Phone/Fax: 209-576-1951

E vem agora o governador chorar, sem saber onde irá buscar os $68 biliões para reparar estradas na California. Porque não foram reparando aos poucos e poucos desde há 30 anos? De políticos estamos falados. Poucos e maus. E ainda por cima incompetentes. Até que ponto pode a América não ser governada? Até que ponto podemos estar no Mundo sem ninguém nos ligar patavina? Até que ponto podemos ver a Europa dizer que a China é a futura ligação trans-atlântica? Que raio de Congresso é que temos? Como pode o Congresso deixar passar tudo o que temos visto? Será que só eu é que tenho óculos? O 25th Amendment da Constituição Americana, define as regras necessárias para se acabar com esta pantomina que todos estamos a assistir. Haja homens e mulheres de boa vontade. Se no campo da política esta família hoteleira tem feito o que tem feito em frente aos nossos olhos, o que não terá sido nos seus negócios? Bancarrotas = 4, e tudo o mais que nem sabemos. Muita gente ao longo dos anos tem discu-

tido as homenagens em tempo útil, com as pessoas vivas, ou em tempo póstumo. É uma discussão mais académica do que outra coisa qualquer. Sempre que possível as Homenagens devem fazer-se quando as pessoas aindas as possam gozar em vida. Possam olhar para um busto, uma estátua ou mesmo o nome de uma Rua ou Avenida e rever-se naquilo que lhe deu esse merecimento. Não faz sentido nenhum depois de 100 anos fazerem-se um busto ou estátua para homenagear um poeta, um político ou um padre, bispo ou Papa. Fazê-mo-lo hoje porque houve muita gente esquecida nas nossas terras e muita gente com responsabilidade que se esqueceu em tempo devido de homenagear tanta gente boa que viveu ao nosso lado. O tempo vale o que vale, por isso usemo-lo com inteligência. O nosso agradecimento para o artista escultor picoense Rui Goulart que, por sua iniciativa, vai recordando pessoas que muitas gentes com responsabilidades nessas épocas foram esquecidas de homenagear. Hoje, mais do que nunca, as nosaas comunidades californianas querem re-visitar as nossas ilhas. Mesmo com todos os azares da SATA e de outros terceiros,

OWNED AND PUBLISHED by The Tagus Group L.L.C. José Ávila PUBLISHER Miguel Ávila DIRECTOR Roberto Ávila ART DIRECTOR CONTRIBUTORS: Eduardo Mayone Dias, Ferreira Moreno, Onésimo T. Almeida, José Brites, Diniz Borges, Luciano Cardoso, José Raposo, Margarida Silva, Mercês Coelho, Edmundo Macedo, João Luís de Medeiros, Caetano Valadão Serpa, Manuel Calado, Maria das Dores Beirão, Henrique Dedalo, Egídio Almeida, José Duarte da Silveira, Goretti Silveira, Rufino Vargas, Elen de Moraes, Paul Mello, Victor Rui Dores, João Bendito, Serafim Cunha, Carlos Reis, Jim Verner, Carlos Alberto Alves, Joel Neto, Monica Soares, Sergio Pereira, Judite Teixeira, Tony Goulart, Lelia Nunes, Nelson Ponta-Garça, Miguel Canto e Castro, Ze Duarte, Lucia Soares. CORRESPONDENTS: Fernando Dutra (Artesia), Filomena Rocha (San José)

milhares de pessoas movimentaram-se para gozarem a bem gozar tudo o que as nossas ilhas podem oferecer de melhor amizade, culinária, bom tempo, belas paisagens, muitas delas nunca vistas, facilidade de movimentação entre ilhas. As nossas festas mais tradicionais das Ilhas compreenderam de uma vez por todas, que a participação dos emigrantes nas suas festas só trazem beneficios às suas terras, às suas festas e apetecências para regressar. Daqui a dois meses teremos um novo Cônsul de Portugal em San Francisco. Vem de muito longe, de terras outrora pertencentes à Russia. Tem experiência mas o grande problema não é este. O grande problema é Portugal não compreender que o custo de vida em San Francisco não é igual a Aveiro ou a Setubal. Para se ter empregados consulares competentes temos que pagar de acordo com os lugares onde os consulado estão inseridos. Querem pagar menos? Então mudem o Consulado para uma cidade em redor de San José, mesmo ficando com a residência oficial em San Francisco. Como é que Portugal não percebe isto há tantos anos? Para que servem as visitas dos Secretários de Estado?

YEAR XXXVII, Number 1251 July 15th, 2017

The Portuguese Tribune was founded by John P. Brum in July of 1979. The Portuguese Tribune (ISSN 0199-6746) is published bi-weekly, except on the first week of January, for $45.00 a year, by The Tagus Group L.L.C., 1975 Emory St., San José, CA 95126. USPS: 525-930 Periodical Postage Rate paid at San José, CA. Postmaster: Send address changes to: The Portuguese Tribune, P.O. Box 579866, Modesto, CA 95357-5866. A Redacção reserva-se o direito de omitir ou não publicar parcial ou integralmente os textos recebidos, sempre que os mesmos sejam considerados falaciosos ou atentem contra a integridade de outrém, à luz da Lei de Imprensa. Opiniões expressas em artigos assinados são da responsabilidade dos respectivos autores. Artigos designados “Informação Comercial” são da responsabilidade das firmas referidas.


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Patrocinadores

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What is a Fraternal Benefit Society? Fraternal Benefit Societies or “Fraternals� are not for profit membership organizations that have a representative form of government and are organized through a lodge system to carry out social, intellectual, educational, charitable, benevolent, moral, fraternal, patriotic or religious purposes. Fraternals provide members with life insurance and other financial protection benefits in accordance with state law and use the earnings to fund member-supported community activities. Fraternals are chartered by state law and have been exempt from income tax under Section 501(c)(8) of the U.S. Tax Code since 1909.


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Comunidade

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Festa do E.S. de Stevinson A Festa do Espírito Santo de Stevinson realizou-se nos dias 14 a 19 de Junho. Na Quinta-feira depois do terço houve Comédia. No dia seguinte cantoria com Artur Miranda, Eduardo Papoila, Rodrigo Pavão, Lénio Parreira, José Ribeiro e Antonio Azevedo, acompanhados por Manuel Avila, Dimas Toledo, Manuel Brasil e Julio Brasil. No Sábado houve o habitual Bodo de Leite com Pézinho seguido de almoço de carne guisada. Durante a tarde houve actuações de grupos folclóricos, arrematações da gado. Pelas 8 pm novamente Cantoria no Salão e baile com o Conjunto “Só Mais Um”. A noite acabou com a apresentação das Rainhas e Oficiais. No Domingo, Coroação até Igreja de Santa Maria. Missa presidida por Luis Cordeiro e abrilhantada pelo Coro do Santo Rosário de Hilmar. Houve Sopas e Carne, arrematações e baile. Na Segunda-feira, Corrida de Toiros, já apresentada neste jornal na quinzena passada. Presidentes - Rui e Jennifer Brasil Vice-Presidentes - Manuel e Fátima Silva Secretária - Melissa Soares Tesoureira - Manuela e Manny Avila Marshal - John Sousa

A Direcção da Festa presididia por Rui e Jennifer Brasil com Luis Cordeiro, pregador da mesma


Comunidade

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Coroação da Rainha Pequena Addison Gro- Coroação da Rainha Grande Ashley Brasil ve e aias Regan Bettencourt e Emma Lopes e aias Lilly Azevedo e Haylie Brasil

Coroação dos Presidentes e família

Alva Pomba

A Festa tem de ter sempre uma boa cozinha Cantoria - Artur Miranda, Eduardo Papoila, Rodrigo Pavão, Lénio Parreira, José Ribeiro e Antonio Azevedo, acompanhados por Manuel Avila, Dimas Toledo, Manuel Brasil e Julio Brasil.

Fotos de João Freitas

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Opinião

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Labareda Feia

Rasgos d'Alma

Luciano Cardoso

lucianoac@comcast.net

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verão começou muito mal em Portugal. O fogo criminoso ardeu impiedosamente dezenas de vidas no coração da pátria mãe. O país chorou a valer e as lágrimas molharam-nos a todos. Daqui, doeu imenso ver toda aquela feia labareda lá, ao longe. Imagine-se então a dor sentida de perto. Deve ter sido um autêntico inferno vivo. Cada vez que um incêndio se alastra em tão dramáticas proporções, o coração humano derrete-se em amável generosidade. O espírito solidário da alma lusitana, uma vez mais, soube vir ao de cima. As manifestações de pronto apoio às vítimas sobreviventes da catástrofe, o auxílio a quem perdeu tudo, tem sido deveras impressionante. Cá à distância, nos longínquos confins da diáspora, tocou-nos de sobrema-

neira o lindo concerto musical agregando cerca de duas dúzias dos melhores artistas nacionais e teledifundido em direto para o disperso universo luso em sintonia com todas as rádios em cadeia verdadeiramente histórica. “Somos um povo do caraças”. A frase popularucha soou espontânea da voz emocionada de um dos vários apresentadores presentes – por sinal, um cómico comovido com a rápida resposta da nossa boa gente. “Unidos, somos o melhor povo do mundo”, sublinhou ele, rendido ao gordo montante de mais de um milhão de euros ali angariados em poucas horas. Somos quando queremos, sublinho eu. Basta querermos, sublinharão tantos outros compatriotas. Porque, no fundo, o problema é que nem sempre se quer. Quiz o diabo tecê-las bem tecidas naquela martirizada área florestal e foi o que se

Livro dos Forcados à Venda O Livro dos 40 Anos dos Forcados Amadores de Turlock está à venda nos seguintes lugares: Tulare: Tulare Angrense Hilmar: Padaria Portuguesa San José: Casa do Benfica

Comprar o livro é compreender melhor a nossa Festa Brava. O livro fala de ganaderos, de artistas, de praças, de grupos de forcados. Uma jóia para arrumar.

viu. Quanto não daríamos para nada daquele horrorizante espetáculo termos visto. Chamas assassinas queimando vidas à balda, destruindo famílias ao desbarato, roubando tudo a todos quantos sem nada ficaram. Foi, de facto, chocante observar toda aquela arrepiante tragédia através das horrendas imagens que a televisão nos fazia chegar cá em reportagens dramáticas e francamente desoladoras. Tentar pormo-nos na pele de quem escapou mas tudo perdeu não creio ser humanamente possível. Imaginei, por breves instantes, o pesadelo bater-me à porta… – … abri e fugi. Não houve tempo para mais. Deixei tudo atrás. Estou a referir-me aos haveres, claro. Houve quem deixasse família. Imaginem só, se podem, ter de fugir à pressa sem tempo sequer de pestanejar e correr a toda a força até o fôlego o permitir. As chamas monstruosas a avançarem e os gritos aflitos de um filho, filha, pai, mãe, familiar a ser devorado ali pelo fogo feroz… – … o melhor é não imaginar. Nada do que eu possa aqui escrever trará alívio algum a quem sentiu este drama na pele e o sentirá para sempre na alma. Gostaria de ter alguma magia e poder reverter sobretudo as situações de gritante desespero colado às vidas vazias das vítimas castigadas sem apelo nem agravo. Sinto pena, mas não estou só nesse amargo lamento. E ainda bem porque muito me apraz associar-me ao doce sentimento de solidariedade que nos une nos momentos difíceis. Nesse aspeto, concordo sermos

mesmo um povo do caraças. Ainda não há muito tempo, isso já havia ficado demonstrado no pavoroso incêndio da Madeira. Prova evidente de que, perante tamanho infortúnio, sabemos unirmo-nos e excedermo-nos de forma que dá gosto ver. O que me desgosta constatar em alturas destas é gente malfazeja a aproveitar-se da desgraça alheia. Pelintras sem escrúpulos assaltando as moradias em ruínas para se apoderarem do pouco que restou a quem sem quase nada ficou. Mas esses são os reles maltrapilhos sem ponta por onde se lhes pegue. Custa-me mais engolir, e até apetece “dar sopapos” (como dizia meu avô), as baboseiras cuspidas à toa pelos prezados senhores políticos querendo tirar manhoso proveito partidário da molesta situação. Não apetecia largar-lhes logo dois estalos na tola alertando-os mesmo ali para o firme facto de que com coisas sérias não se brinca? Brincava no outro dia com um amigo meu àcerca do lato sentido da frase. “É pá, somos ou não um povo do caraças?” … “Já fomos, pá. Quando éramos heróis do mar e demos novos mundos ao mundo. O país era um império que fez história e lá gravou nomes imortais. Agora, se reparares bem, resta-nos essa distante memória… e pouco mais. Antes, uniamo-nos emocionados como raça orgulhosa entre as raças. Hoje unimo-nos com emoção mas mais em torno das desgraças. Seremos mesmo esse tal povo do caracas…?” O fogo foi-se e a resposta repousa nas cinzas.


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Opinião

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Água Viva

Memorandum

Filomena Rocha

João-Luís de Medeiros

filomenarocha@sbcglobal.net

“Á Procura da Governação”

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epois de umas semanas de ausência, eis-me aqui de novo, mas sem a muita energia que eu desejaria ter. Sou assim, de altos e baixos, se não apanho o fresco ar da Natureza e o ameno Sol de Inverno, que necessito para me fortalecer. Eu sou completamente o oposto dos painéis solares que enchem de luz e calor as casas, e muitos recintos de diversão e não só; onde efectivamente seja propicia a claridade ambiental, a troco de nada. Que pena não ser mesmo assim em todos os lugares do planeta e pena também que não tivesse sido feita mais cedo a descoberta deste bem precioso, que é a estrela solar, em vez de se rebuscar no subsolo as energias que com o tempo quase nos matam, se não tivermos o máximo cuidado. Peritos cientistas e grandes estudiosos

do ambiente, estão seguros do perigoso percurso que temos feito e cada vez mais insistem neste assunto, que infelizmente muita gente tenta em fazer por ignorar, chamando de loucas e visionárias as pessoas que se interessam pelo nosso bonito planeta... Os convictos ambientalistas, não se cansam de nos chamarem a atenção para o enorme perigo das falsas energias, mas existem sempre os incrédulos e teimosos, ou comodistas que não querem admitir a realidade. Entre eles, está o mais “poderoso”, o numero 45 da Casa Branca, como alguns lhe chamam, que não quer saber destas retóri-

cas. Chego a pensar que afinal a frase “América Primeiro” não passou de uma frase de engodo, que poderia ter feito todo o sentido, para um Povo sedento de mudança, se se tivesse mantido a ideia e feito dela trajectória correcta, com factos que se vissem e não com ameaças de altas muralhas para separação de ideais, de povos e ideias. Com o planeta Terra cada vez mais quente, com os Animais cada vez mais sujeitos à tortura do calor pelo degelo; com as cheias que mais desmoronam terrenos e os levam para longe, arrastando na sua fúria e descontentamento as pessoas que menos culpa tiveram neste cartório, de forças mal medidas e pesadas... não sei, não tenho o Poder da adivinhação, mas com este cenário triste e de pouco aproveitamento de aprendizagem, faz-me pensar que a America não está mesmo no Primeiro Lugar da lista de prioridades, desta Governação sem sentido de orientação. Eu pergunto-me, assim como muito boa gente também o faz, com tanto para fazer neste belo País, admirado e amado por muitos, e odiado e invejado por tantos outros, que se passa que parece não haver pessoas de luta, de inteligência, de decisão, de sentido comum, de pensamentos para o bem, para a inovação, para o entendimento, para a Paz entre países, para selar amizades, para o diálogo, a criação… Em vez de andar à procura de passados sem interesse, e como quem anda à descoberta de si mesmo… Da sua própria rota, para a própria governação.

jlmedeiros@aol.com

Ideias (s)em férias...

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elizmente, continuamos vivos, dedicando alguma atenção ao que se passa ao nosso redor. Imagino que a maioria dos eventuais leitores do “memorandum” é gente oriunda da cultura luso-açoreana: muitos dos nossos compatriotas continuam interessados em datas históricas, como por exemplo recordar o “8 de Julho de 1497” – data em que Vasco da Gama iniciou a sua primeira viagem rumo à India, aventura que durou cerca de 11 meses; depois de várias paragens na costa oriental d’Africa, o brioso navegador chegou à costa ocidental da India, numa zona perto de Calcutá...

Estamos a viver (ou a existir?) numa etapa da estória planetária em que é cada vez mais difícil disfarçar o fastidioso cansaço da humanidade. A violência não tem fronteiras. Muitas comunidades começam a acreditar que, quando tudo é tolerado, nada, NADA tem valor! O autoritarismo político deixou de ser doutrina inventada pelo antigo império comunista; por seu turno, o demorado desassossego islâmico continua a brincar aos ‘ferros-quentes’ com a trilogia “síria-trumputinista”... Apetece perguntar: será que os Estados Euro-Atlânticos irão optar pela humildade inteligente de comprender o resto da humanidade, sem menosprezar os povos ocidentais e orientais do hemisfério Sul? Será que um dia acontecerá um Estado Democrático na República Chinesa e na Rússia? (Seria pura ingenuidade sonhar com o natal democrático nas comunidades islâmicas). No século XIX, houve um filósofo que considerou a democracia como regime ideal para vigorar numa comu-

nidade de santos... Atrevo-me a aceitar a hipótese de que o Ideal democrático não despreza os ‘santos-pecadores’ da diaspora açor-lusitana... Mas é sempre avisado prevenir que as comunidades humanas coexistem sempre com o pé no acelerador da inveja, do ciúme... porque o ser humano sofre muito duma dor muito especial – que é a “dor de ser quase”... A nossa geração não inventou a Democracia. Mas é preciso acreditar que a Democracia é um valioso instrumento que requer treino para ser usado. Aliás, a Democracia não é um credo religioso para cumprir de olhos-fechados e de mãos-postas. O acto eleitoral não deve ser considerado mera etapa da lotaria cívica, nem mero ritual para acelerar a pressão arterial da vigilância fascista... De resto, a maioria dos jornalistas (estamos a referir a “maioria”) consome o tempo a recitar a conhecida salvé-rainha declamatória da crise, mais ou menos camuflafa pelo “capote & capelo” dos festivais folcloristas de sabor religioso... (.../...) Ao olhar o rosto enrugado da República portuguesa ... o que seria razoável dizer para contrariar o negativismo cívico-politico? Embora à distância de 5.000 milhas, lamento dizer que o nosso estimado Portugal continua a sofrer uma “dor d’alma”– embora as agências de rating internacionais estejam mais prudentes no linguajar do seu diagnóstico financeiro. A recente experiência governativa (maldosamente rotulada “geringonça”) está a ser forçada a fazer ginástica para emagrecer... Já começámos a notar que as vestimentas constitucionais da República Portuguesa estão a ficar largas para disfarçar o corpo cada vez mais “enfezado” do infantilismo lusitano. Com a mais solidária serenidade possível, vamos continuar a aguardar os relatórios finais alusivos às causas originais dos incêndios florestais. Hoje em dia, nem sempre é possível aderir ao pragmatismo da “resposta-seca” do Marquês de Pombal, quando em 1755 foi confrontado pelas prioridades operacionais, face ao medonho terramoto lisboeta: “primeiro, enterrar os mortos; depois, cuidar dos vivos”. A fragilidade defensiva da Nação Portuguesa ficou há dias exposta na vitrina euro-atlântica, devido ao assalto a uma das dependências militares do “Polígono de Tancos”. A comunicação social parece enrouquecida de tanto falar da punição de generais. Felizmente, o comandante-supremo das Forças Armadas portuguesas está a cultivar um inteligente silêncio. Ora, vamos admitir que “Ideias (s) em Férias” merecem algum descanso. O meu desejo é o de que as crises financeiras não sejam ampliadas por crises de Amor no seio da humanidade... Afinal, merecemos ou não o desafio da sobrevivência?...


Opinião

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Peregrinação a Artesia

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unca li, confesso, a que é por muitos considerada uma das melhores obras da literatura de viagem portuguesa. Este género literário é um dos meus favoritos mas, por uma razão ou outra, “A Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto, nunca me passou pelos olhos. Conheço pedaço aqui, texto ali, citação acolá mas não mais do que isso. Falava-se muito no livro nas aulas de Português e, sobretudo, de História, no curso do Liceu do meu tempo. Publicado em 1614, o livro tornou-se, polémico porque os relatos nele contidos acerca das expedições e descobertas dos portugueses não se adequavam aos desejos das autoridades, que os consideravam até enganadores e mentirosos. Contudo, as descrições das viagens do seu autor, os contactos que manteve com culturas diferentes, os pormenores dos usos e costumes de lugares distantes e misteriosos, fizeram do livro um best-seller que, mesmo hoje em dia, merece a atenção de muitos leitores. Ainda não mereceu a minha mas prometo que o farei em breve. Embora possa ser usado num sentido mais lato, a maioria dos dicionários – pelo menos aqueles que eu tenho – definem uma peregrinação como sendo uma viagem a um lugar santo ou de veneração, quase sempre para cumprir uma promessa, um voto. Desde tempos imemoriais que se fazem peregrinações por todo o Mundo. As maiores religiões servem-se delas para fazer afluir aos seus santuários multidões de fieis, geralmente em datas certas do calendário. Os maometanos fazem o possível para irem a Meca pelo menos uma vez na vida; os cristãos e os judeus procuram os lugares santos da Palestina e de Israel e por toda a Ásia os hindus e budistas caminham distâncias enormes para visitarem templos

"Crónicas de Hoje e de Sempre" João Bendito

joaobendito@yahoo.com

milenários e outros locais de culto onde são recebidos por sacerdotes que praticam ritos cujas origens se perdem na imensidão dos tempos. A minha religiosidade (ou, melhor dizendo, a falta dela) perdoame – passe a expressão – o facto de eu não fazer promessas e, por-

ta gente participe só por tradição, como acontece com as caminhadas que fazem à roda da ilha Terceira em direção à freguesia da Serreta, onde se venera a Senhora dos Milagres. Pelo menos praticam alguma forma de atividade física, dá jeito às pernas e ao coração. Foi nesse sentido que tam-

tanto, não participar em peregrinações. Respeito quem as faz e quem se mete a caminho para pedir a ajuda divina ou a intervenção seja lá de que santo for para resolver problemas ou conseguir curas para doenças ou situações complicadas. Por outro lado não me aquece nem arrefece que mui-

bém um ano me juntei a irmãos e primos e lá fui, estrada fora. Mas, quando começou a chover, já quase em São Bartolomeu, eu pedi desculpa aos meus companheiros e à Senhora milagrosa e interrompi a minha primeira e única peregrinação. Se fui perdoado não sei mas pelo menos não

fiquei alagado pingando.. A fé e a devoção dos nossos imigrantes na terceira pessoa do triunvirato divino, motiva-os a deslocações às terras de origem, com o fito de pagarem promessas ou para assistirem a outras festividades religiosas e profanas. Por vezes penam os olhos da cara para lá chegarem, a malfadada SATA prega-lhes cada partida que é mesmo de se lhe tirar o chapéu. Este ano foram várias centenas de californianos que voaram para a Terceira, para participarem nas Sanjoaninas e para visitarem familiares e amigos, já que, felizmente, nem todos o fazem pelos motivos descritos acima. Recebi, através do Facebook, fotografias de dois amigos que me deixaram muito contente. Os dois fizeram o favor de ir visitar o Snack-bar “Copacabana”, em Angra do Heroísmo, que está instalado no mesmo lugar onde funcionou a Loja do Ti Bailhão, a Loja do meu pai e onde existe um mural que mostra a história do estabelecimento. Um deles, o meu ex-colega de trabalho Norberto Silva, conhecia a antiga taberna e sempre teve palavras de apreço para com o taberneiro. Já o outro amigo, o J.V. – falei-vos dele no “Tribuna” do mês passado, no artigo “Amizades à Distância” – nunca lá tinha entrado mas fez questão de ir conhecer o lugar que eu e o meu irmão Jorge descrevemos no livro “A Loja do Ti Bailhão”. A esses dois amigos, em tom de brincadeira, eu perguntei se não tinham ido lá pagar uma promessa, o que originou um comentário engraçado de um deles: “Era impossível, faltava o santo do teu pai”. Claro que ele não se referia à pessoa do meu progenitor mas sim a uma (malcriada) imagem de Santo António, que era motivo de chacota para alguns clientes. Bastava puxar no barbante e o santo mostrava toda a sua pujança anatómica.

A semana passada tive o prazer de conversar, em emissão via internet, com o realizador e amigo Osvaldo Palhinha, no programa que ele faz na Rádio Portugal USA. Veio à baila o assunto da Loja do Ti Bailhão e o simpático radialista afirmou que a antiga taberna era como que uma sacristia onde todos iam pedir a bênção. Eu discordei e afirmei que a Loja não era uma sacristia mas sim uma CATEDRAL, baseando a minha argumentação no simples facto que, por exemplo, muitos dos soldados das “ilhas debaixo” que vinham assentar praça no BII17, conheciam bem a tasca do ti Bailhão mas nunca sequer puseram os pés na Sé catedral dos Açores. Há por ai alguém que se atreva a discordar desta verdade? Ora bem, para terminar, devo dizer-vos que, no último fim de semana deste mês de julho, também me vou meter ao caminho e percorrer umas centenas de quilómetros – não a pé, salvo seja! – para, respondendo ao amável convite do Osvaldo e da direção do Artesia DES, ir levar o livro “A Loja do Ti Bailhão” até ao sul da Califórnia, ao encontro de velhos amigos e de outros novos que, com certeza, terei a oportunidade de conhecer. Será com muito gosto que o faço, sei que o meu pai tinha muitos amigos naquela zona e espero ainda poder encontrar alguns deles. Se for preciso, até levo comigo a famosa imagem do Santo António, pode ser que algum aproveite para lhe “pagar o culto” e beijar-lhe ... o pezinho!

Falecimento

Michael Antonio Sousa Cupão de Assinatura 23 SIM! Desejo ser assinante do Tribuna Portuguesa.

Por favor enviem-me o jornal para o endereço seguinte: Nome: Endereço: Cidade:

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Zip code: Telefone: Email: Enviar com um cheque de $45.00 por ano para: Tribuna Portuguesa

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edições por ano

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Michael passed away on June 26, 2017. Michael loved serving others through his nursing career, and through his extensive involviment in the portuguese community. He was a member of Our Lady of Assumption Parish, and a Director/dancer for Mar Bravo of Casa dos Açores in Hilmar. His parents, Antonio & Rosa Sousa of Stevinson, and the brother of his heart, Julio Brasil of Denair, survive Michael. Michael was preceded in death by his paternal gransparents João & Olivia Sousa, maternal grandparents Ramiro & Maria Azevedo, aunt Maria Elvira and uncle João Sousa. The Rosary and funeral was held on July 5th at Our Lady of Assumption of Turlock. Thanks to Whitehurst-Norton-Dias Funeral Service, for the information. Tribuna Portuguesa envia sentidas condolências a toda a família e amigos.


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Opinião

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Deu Borem Kurum, Californiangoans

Ao Sabor do Vento José Raposo

jmvraposo@gmail.com ...“Na quarta parte nova os campos ara; e, se mais Mundo houvera, la chegara.”

A

ssim escreveu, Camões num dos cantos dos Lusíadas. Um dos lugares onde os Portugueses chegaram e marcaram presença durante 450 anos foi Goa. Um território Português anexado, pela Índia, em 1961. Há dias fui convidado pelos meus amigos, Goeses, Lino e Sharon Pereira para uma festa em honra de São João. A festa foi num parque em Mountain View. Ao nos aproximar-mos podia-se constatar no ar o aroma do caril e dos mais ingredientes usados nos muitos pratos indianos. Misturado com esses aromas escutava-se uma melodiosa voz feminina que depois soube ser a de Roshelle Dias que se havia deslocado propositadamente de Los Angels para cantar na festa. Do distante Mumbai veio, também, Sanio. Embora eu não compreende-se uma palavra que fosse durante a parte cómica que ele interpretou, confesso que só os maneirismos dele fizeram com que eu me risse. Pediu-lhe que ele cantasse Maria Pitache (Barra de Damão) que é uma canção da autoria de Remo Fernandes, o que ele fez e muito bem. Durante o espétáculo tanto ele, como Roshelle, acompanhada pelo pai interpretaram as mais lindas canções indianas entre as quais uma dedicada ao São João. Havia barracas com jogos para as crianças e para os adultos. Houve um torneio de volleyball. Outro torneio a que chamam “Tie braker” que consiste em dois grupos que chutam à baliza como nas penalidades dum jogo do nosso futebol. Houve corridas com o ovo numa culher e outra a que chamam “Three leg race” No fim destes

jogos os vencedores são premiados e com prémios de valor. Meses antes alguns indivíduos encarregados vendem bilheres para uma rifa a fazer no dia da festa. Os bilhetes era de 10 dólares cada e os prémios eram todos no valor de algumas centenas de dólares. Só na rifa fizeram tanto como 15 mil dólares. E eu pensei que nós nas nossas festas continuamos a verder bilhetes para rifas por um dolar cada ou seis por 5. As pessoas de Goa não se identificam como Indianos. Dizem que são Goeses. Uma grande maioria têm nomes Portugueses. Têm orgulho de serem descendentes dum povo que deu mundos novos ao mundo. Esta festa como disse foi em hora de São João. As pessoas usam coroas de flores na cabeça e colares de flores ao pescoço e há juízes que qualificam as mesmas e escolhem o vencedor. Há também um concurso de comidas. A festa termina com um mergulho na piscina. Achei estranho e perguntei por quê? Então me foi explicado que quando a Virgem Maria foi visitar sua prima Isabel, que estava grávida, São João ajoeulhou-se no ventre da mãe e a piscina simboliza o ventre de Isabel. Estão mesmo a ver que nós Portugueses deixamos em Goa bem vincado as nossas tradições e costumes. Durante a festa muitas vezes se ouvia o grito de Viva São João e VIVA GOA. Foi um dia muito bem passado. Fiquei contente por ter a oportunidade de presenciar uma festa de uma outra cultura com raízes Portuguesas. Só me resta acrescentar. Deu borem kurum, CALIFORNIANGOANS


15 de Julho de 2017

Temas de Agropecuária Egídio Almeida

eialmeida@yahoo.com

Dairy Goat Farming - atractivo para os Canadianos

A

s explorações de produção e comercialização de leite caprino são um relativamente novo fenómeno no Canadá. A publicação Dairy Global visitou uma destas maiores instalações de Jason Lyons, uma das maiores e mais progressivas daquela região, e esses educados nesta cultura Canadian - American, muitos se recordarão de ouvir a rima de “Three Billy Goats Gruff “que descreve as aventuras de três Billy goats de que um, pelo menos, foi oferecido ao primeiro Batalhão de Fuzileiros Navais pela Rainha Vitorira em 1884 e até aos nossos dias continua à frente do Regimento em paradas e ocasiões mais importantes, mas está claro que muitos Billy’s não chegarão a este patamar de glória durante a sua vida. Em algumas partes do Globo, leite e carne de cabra são uma importante e significan-

te parte das suas dietas. Países tais como a India e Paquistão estão na vanguarda, dependendo em grande parte em leite de cabra. Naturalmente queijo pode ser produzido deste leite e muitos consumidores são atraídos por este leite muito mais baixo em energia de que o leite de vaca. Por exemplo, os grandes supermercados estão vendendo não apenas uma qualidade de queijo maiormente produzido na França e Reino Unido. Estes os mais populares e e por isso que “Sanaas & Alpine Goats” são as melhores produtoras e as mais famosas também. Estas cresceram inicialmente numa produção de vacas

leiteiras e poderiam ter ficado a ser parte desta exploração mas escolheram aprender a mecânica geral de carros pesados. Quando o seu pai se aproximava dos anos dourados, Lions outra vez foi convidado pela família a regressar a casa, mas não se sentiu atraído para o resto de uma vida ao rabo da vaca, em vez disso tomou a posição inicial de criar cabras uma vez que podia tirar vantagem da experiência do pai e do “Billy Goat “ também. A população subiu para 450 animais com a família e um funcionario a tempo inteiro na sua instalação, perto de Brampton, Canada. O ponto mais alto da produção deste queijo é no Outono, que como muitos outros produtos de especialidade vão para o mercado durante as festividades dos fins de ano. Esta industria de leite de cabra está práticamente na sua infância no Canadá, com a Província do Ontário na vanguarda, seguida de perto por Quebec. Segundo esta fonte de informação, as pessoas sentem-se atraídas pelos numeros, e com produção livre de quotas e sem grandes investimento em infraestuturas. Em comparação, no Canadá, a industria de lacticinio está acossada para fins politicos, sociais e económicos, mas falta-lhe ainda protocolo - monogastrics competem com humanos por cereais e o gado, quando recebem os melhores cuidados. Casas de ordenha rotárias já são parte do meio ambiente que é mais aprazível e amigo. A reprodução desta raça é extremamente difícil, devido ao facto de que a mortalidade infantil das cabritas, que é de 15 para 20 % e ao elevado risco da E.coli e pneumonia, há que haver milhares de hectares que poderiam reacender a ideia “Billy Goat Gruff” tirando vantagem das suas irmãs, usando a sua contribuição para aumentar os frutos da terra para diminuir a fome no mundo.Tanto poderia ser feito, e tanto, que infelizmente não se faz

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Opinião

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Comunidade

15 de Julho de 2017

Manuel Eduardo Vieira

Descerramento de Estatua na Silveira

Uma Estátua em vida Porque sua vida é Bem Por todos é conhecida Por vídeo a vi também.

Uma tela de amizade, Amor e dedicação, E com a emoção que há-de Tocar nosso coração.

Permita Deus que a veja E toque mui admirada Antes que minha vida seja Outra partida e morada.

Façam chegar estas linhas Da forma que eu as canto Para lhe dar odes minhas Ao Homem que já faz tanto.

Liduino Borba entrevista E segue esta maravilha Dá-nos também a vista Da grandeza dessa ilha.

Manuel Eduardo Vieira Emigrante açoriano Que tem valor na Silveira Das Lajes o soberano.

Ilha do Pico, a Maior, De onde tenho uma costela, E do Comendador melhor Que tem direito a uma tela.

Ato heroico e virtuoso Que é visto e vivido: Picaroto tão bondoso Que amei ter conhecido.

Rosa Maria Silva

Nelson Ponta-Garça, José Santos, Tomás Orlando Cardoso,Manuel Eduardo Vieira, Paulo Teves e Liduino Borba

Muitos amigos presentes

Manuel Eduardo Vieira e Rui Goulart, o escultor da estátua

Tomás Orlando Cardoso, Presidente do Salão da Silveira

Manuel Eduardo Vieira e Roberto Silva, Presidente da Câmara das Lajes do Pico, no descerramento da placa


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Comunidade

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A Famíla Vieira toda presente na Silveira

Roberto Silva, Manuel E. Vieira e Paulo Teves

A alegria dos Vieiras num dia para não esquecer

Filomena e António Nunes; Laurinda e Manuel E. Vieira; Angie e Liduino Borba

Manuel e Laurinda Vieira com Rui Goulart A Vila das Lajes do Pico quiz homenagear um Homem da Silveira, que tem um currículo de bem fazer e de bem ajudar. Todos conhecem a vida de Manuel Eduardo Vieira. Aos 16 anos embarcou para o Brasil e depois de vários anos no Rio de Janeiro e ao vir ao casamento de um irmão à California, o amor de mãe pediu-lhe para ficar nos States. E assim foi, e assim começou um carreira inesperada de industrial da batata doce, comprando um pequeno negócio do tio - A.V. Thomas Produce. Assim começam as historias simples nesta terra da abundância e das oportunidades. Tribuna Portuguesa sauda o amigo Manuel bem como toda a família Vieira, com um especial cumprimento para a Laurinda Vieira. 700 pessoas assistiram ao evento e depois partilharam as Sopas

Fotos de JEdgardo Vieira


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Entrevista

15 de Julho de 2017

Administração da SATA

A segurança da operação da SATA nunca está em causa Pedimos à Administração da SATA para nos responder a algumas perguntas, devido aos acontecimentos de todos nós conhecidos. Verdade se diga, que muitas destas situações foram causadas por outros e não pela SATA, como por exemplo, a Companhia de Catering ter danificada a porta do avião, o carro do reboque ter danificado o reboque do avião, ter um pássaro entrado no motor. Claro, que todas estas coisas impediram o normal funcionamento dos aviões, havendo atrasos e prejudicado o normal trajecto de muita gente para e dos Açores. Os problemas da SATA não se devem só ao azar. O que é que tem acontecido? Os problemas operacionais registados recentemente foram provocados por alguns incidentes com algumas aeronaves da sua frota nomeadamente 1 A310 devido à colisão de um trator de reboque, 1 A310 ao transitar num taxyway danificou umas luzes de sinalização ambos no Aeroporto de Logan em Boston e 1 A320 no Aeroporto Humberto Delgado em Lisboa em que uma viatura de abastecimento de Catering embateu na aeronave danificando uma porta. A SATA Internacional, devido a estes incidentes, chegou a ter 4 aeronaves imobilizadas num total de 7 aeronaves. Mais de metade da nossa frota ficou, temporariamente, fora de serviço. Todos estes incidentes provocaram, obviamente, bastantes constrangimentos na disponibilidade da frota para cumprimento do plano operacional. Os grandes protestos em Boston são mais devidos às pessoas sentirem-se abandonadas, sem saberem o que se passa ou passará. Custa a acreditar que a SATA e seus funcionários não tenham aprendido nada do passado. Qualquer situação de irregularidade operacional provoca grandes constrangimentos nos passageiros que são afetados pelas mesmas. Nesta altura de época alta em que existe uma utilização intensiva das aero naves por parte de todas as companhias aéreas, não é fácil ultrapassar uma situação de avaria através da substituição por uma outra aeronave. Trata-se de um procedimento complexo e que exige disponibili-

Este é o novo tipo de avião a ser adquirido pela SATA - Airbus A321NEO dade de aeronaves no mercado. Assim, não sendo possível dar uma resposta rápida aos seus passageiros, embora fosse confrontada com escassez de lugares em hotéis na área de Boston e arredores, a Sata providenciou como lhe compete alojamento, alimentação e transporte aos passageiros afetados. A demora numa reposição atempada dos voos afetados foi originada pela razão já apontada da disponibilidade de aeronaves nesta altura do ano bem como no tempo de reparação das aeronaves e necessárias autorizações das autoridades competentes. Tendo a SATA aviões “velhos’ não seria melhor alugar novos aviões, ou mesmo reduzir o numero de voos, antes que algum incidente ocorra? Os incidentes ocorrem com todas as transportadoras aéreas. Diariamente são noticiados incidentes com aeronaves. A SATA possui na sua frota aeronaves da nova geração (A330/A320) e aeronaves A310 que irão ser brevemente substituídas por A321NEO/LR. Contudo, todas as aeronaves constantes da frota da SATA estão sujeitas a complexos e obrigatórios programas de manutenção que lhe garantem a necessária certificação das autoridades competentes. A SATA coloca assim em

SATA - um pouco de história A Azores Airlines é uma companhia subsidiária da SATA Air Açores, licenciada para operar voos no exterior dos Açores. Resultou da aquisição e transformação, em 1994, da companhia de táxi aéreo Oceanair. A 19 de Março de 1998 a sua razão social foi alterada de Oceanair para SATA Internacional, tendo a companhia obtido, a 17 de Junho, o Certificado de Operador Aéreo. O seu licenciamento e certificação efectuou-se segundo a exigência dos regulamentos da União Europeia.

Em 1995, depois de 50 anos de voos inter-ilhas, a SATA iniciou voos não-regulares charter, utilizando o Boeing 737-300 para operadores turísticos nacionais e estrangeiros. Desde Janeiro de 2000, os voos para os EUA e Canadá passam a ser realizados pela SATA Internacional que presentemente opera nestas rotas os Airbus A310-300. Em 1999, a SATA Internacional ganhou o concurso para as ligações aéreas entre Ponta Delgada, e o continente e para o Funchal.

Em 2002 ganhou mais uma vez o concurso para as rotas que já operava desde há 3 anos. No ano seguinte ganhou o concurso para a concessão dessas rotas. Em Outubro de 2015 ocorreu uma mudança no nome da companhia, passando a designar-se Azores Airlines, tendo igualmente o esquema de cores mudado de azul para verde, de forma a distinguir-se da companhia-mãe SATA Air Açores.

primeiro lugar a Segurança das suas aeronaves e dos seus passageiros. As avarias são comuns em todas as companhias aéreas. A SATA tem vindo a criar condições para minimizar eventuais problemas decorrentes das irregularidades provocadas pelas avarias. Está a Administração ciente das suas responsabilidades e do enorme perigo em continuarem a usar esse tipo de avião? A segurança da operação da SATA nunca está em causa. Como atrás foi referido, a responsabilidade da Administração da SATA é garantir em primeiro lugar que as suas aeronaves cumpram com todas as normas de segurança para poderem ser certificadas pelas autoridades competentes. Para isso, os planos de manutenção são cumpridos na integra e não existirá nunca nesta Empresa qualquer flexibilidade neste sentido. Convém referir que os incidentes reportados foram verificados em terra e não tiveram origem em qualquer irregularidade nas aeronaves, mas sim provocados por terceiros. Fale-nos um pouco sobre o serviço Oakland/Terceira, que tem corrido muito bem, com um

avião moderno e fretado? A operação de Oakland tem corrido bem e dentro das expetativas delineadas no seu plano operacional. A decisão do fretamento de uma aeronave para esta operação foi baseada em vários fatores de ponderação tais como, capacidade da aeronave, afetação de frota e disponibilidade de tripulações. Quando será que a SATA vai receber novos aviões? A Sata tem previsto receber a primeira aeronave A321NEO em novembro de 2017 e a segunda em fevereiro de 2018. Que pode a SATA fazer até lá com segurança? A segurança não está nunca em causa. Continuará assim a ser o fator determinante no desempenho da companhia. Todas as aeronaves da Sata cumprem e vão continuar a cumprir escrupulosamente planos de manutenção preventiva e obrigatória de modo a assegurar a segurança a que habituou os seus passageiros.


15 de Julho de 2017

Comunidade

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Irmandade do Espirito Santo de São José

103 Anos Louvando o Divino

Fotos de José Enes

Uma tradição picoense

Marcha de São João da Banda Portuguesa de San José

O Folclore está sempre presente nas nossas festas


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Comunidade

15 de Julho de 2017

Irmandade do Espirito Santo de São José Fazer 103 Festas em Louvor ao Divino Espírito Santo numa terra como a California, e numa Cidade como San José, é qualquer coisa de muito importante e de nos sentirmos orgulhosos por isso. A festa teve lugar desde 23 a 25 de Junho. Presidente: Ondina Diniz e João Diniz; Vice Presidente: Tony Silva e esposa; Secretaria: Anilia Nunes e Tony Nunes; Tesoureira: Helena Belém; Marechal: Mericia Belém - Past Presidente Mario Godinho - Directores: Ana Ferreira, Emilia Furtado, Jorge Ferreira, Orlando e Zulmira Bettencor, Ermelinda e Jorge Bettencourt, Rosemary e Joe Nunes Brasil, Natalia e Tom Caughey, Maria Correia, Jaime Machado, David Sousa. Na Sexta-feira e pelas 6 horas houve uma tourada à corda com 4 novilhos puros, seguindo-se baile com o Conjunto “Só Mais Um”. No Sábado e pelas 4:00pm Missa Campal celebrada pelo Reverendo Padre Antonio Silveira acompanhado pelo Coro da Igreja Nacional Portuguesa. Pelas 6:00pm actuação do Grupo Folclórico Alma Ribatejana, seguindo-se apresentação das Rainhas 2017-18 e Oficiais. Marcha de São João da Banda Portuguesa de San José. Pelas 7:30pm actuação do Grupo Folclórico Tempos de Outora e pelas 9:00pm-1:00am Baile na Rua com o Conjunto “RAÇA”. No Domingo e pelas 10:30 a.m. Formação da Coroação em frente ao Salão do I.E.S. Começaram-se a servir as Sopas às 11:00am e pelas 12:00pm Missa na Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas celebrada por Antonio Silveira Depois da Missa volta à Capela do I.E.S. e Bênção das Rosquilhas. Pelas 2:00pm Concertos pelas Filarmónicas União Portuguesa de Santa Clara; Sociedade Filarmónica Nova Aliança; Sociedade Filarmónica União Popular e Banda Portuguesa de San José. Houve também distribuição das Tradicionais Rosquilhas Açorianas e das 5:00 às 9:00pm Baile no Salão Principal com Chico Avila.

Rainha Pequena Regina Godinho e aias do ano passado

Rainha Grande: Sandra Rodrigues Aias: Stephanie Nunes & Casandra Villarreal

Presidente Ondina e João Diniz com Joe e Jovina Silva


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103 Anos Louvando o Divino

Santa Clara Street

Rainha Grande Rena Avila Legaspi e aias de 2016

Rainha Pequena: Samantha Nunes Aias: Abigale Brasil & Angelica Bettencourt

Directores da IES

Directores da IES

A chegada Ă Igreja


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Comunidade

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Irmandade do Espirito Santo de São José

103 Anos Louvando o Divino

Fotos de José Enes

Missa da Festa presididda por António Silveira, pastor da Igreja das Cinco Chagas

Coroações das Rainhas e Presidentes

Conjunto RAÇA

Uma rectaguarda de muito peso


Comunidade

15 de Julho de 2017

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Sanjoaninas 2017

Damas

Gustine - Sarah Costa

Artesia - Madison Sousa

Tulare - Kayla Ferreira

A jovem Rainha das Sanjoaninas - Rute Moniz Toronto - Katelyn Miranda

Gilroy - Kyle Robinson

Alenquer - Ana Manso

Filipa Fagundes

Beatriz Pereira

Mariana Sousa

Filarmรณnica de Artesia D.E.S.

Fotos de JEdgardo Vieira


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João & Cecília Pires

Fazer Comunidade em terra de origem

Pensamos que não há ninguém na California que não sonhe fazer uma função do Espírito Santo na sua terra de origem. Já houve muitas até hoje. Esta ultima foi sonhada há anos pela Cecília e João Pires e realizou-se há pouco tempo na Ladeira Grande, da Ilha Terceira. Os Pires, vieram da Austrália, da California e reuniram-se todos para saudar o divino na sua terra de origem - a Terceira. Amigos da California também se deslocaram à Ladeira Grande para partilhar das alegrias de toda a família Pires. Tal era a alegria, que até quiseram oferecer a toda a Ilha 3 touradas de corda com 12 toiros puros. O amigo Ivo Rocha, quiz presidir à Missa da Festa. Assim se faz comunidade a seis mil milhas de distância de Gustine.

João e Cecília Pires Família Pires

A saudação da Banda de Musica


15 de Julho de 2017

João & Cecília Pires

Comunidade

fotos de JEdgardo Vieira

João e Cecília Pires - a alegria feita comunidade

Ivo Rocha, monsenhor da Igreja, quiz estar presente e presidir à festa dos seus amigos Pires

Toda a Família Pires foi coroada

Com os Pastores e Ganadero da Casa Agrícola José Albino Fernandes

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Patrocinadores

15 de Julho de 2017


Manuel Cabral 15 de Julho de 2017

Patrocinadores

organista • vocalista

Manuel Cabral ORGANISTA • VOCALISTA

Musica Bem Portuguesa e Inglesa Contacto: 562.924.3509

Musica Bem Portuguesa

Contacto: 562.924.3509

Estrada do Aeroporto, n.o12 9760–451 Santa Luzia Santa Cruz, Praia da Vitória Horário Terça – Domingo: 11H00 – 15H00 18H00 – 22H00 a 2 Feira Encerrado

Contactos: 295 700 594•Joana 935 455 131•Carla 963 765 885 /restaurantesaboresdoatlantico

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15 de Julho de 2017

Visite o Sul e participe na sempre bonita Festa de Artesia


Patrocinadores

15 de Julho de 2017

The First and Only Restaurant with a Michelin Star in San JosĂŠ

Executive Chef, David Costa Pastry Chef, Jessica Carreira

Accepting Reservations for Dinner

1614 Alum Rock Ave. San JosĂŠ, CA 408.926.9075 | www.adegarest.com

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Cultura

15 de Julho de 2017

PAGINA DE ARTES E LETRAS DO TRIBUNA PORTUGUESA

Apenas Duas Palavras Diniz Borges

A Década Perdida

A

d.borges@comcast.net

Crónicas de uma América Cinzenta

Década Perdida – Crónicas de uma América Cinzenta (Letras Lavadas edições, 2012, 432 páginas) é uma colectânea de textos da autoria de Diniz Borges originalmente publicados entre 2003 e 2009 e que apacereram em diversos espaços de imprensa, tanto dos Açores, como a que serve as várias comunidades luso-americanas nos Estados Unidos. A década a que se refere o título é a primeira do século XXI, um período histórico subsequente aos ataques terroristas de 11 de Setembro que estiveram na génese das intervenções militares norte-americanas no Iraque e no Afeganistão, abarcando grande parte do mandato presidencial de George W. Bush. A referência cromática do subtítulo sugere desde logo a natureza sombria dos assuntos abordados, em contraste com o colorido da prosperidade e da abastança com que a cultura popular geralmente “pinta” o país. Significativamente, e em corroboração com o epitáfio de “perdida” associado à década em questão, a cronologia dos textos inicia-se no período imediatemente anterior ao envio de tropas para o Iraque. Cada crónica abre com uma citação, em epígrafe, atribuída a um estadista, escritor, filósofo ou pensador – e que se relacionada com o tema a desenvolver. À distância, esta colectânea lê-se hoje, e no seu conjunto, como um livro de história, mas sem, contudo, perder a actualidade. Este aparente contra-senso explica-se à luz dos efeitos políticos e económicos que se vêem repercutidos na sociedade à data em que se escrevem estas linhas, além de outros paralelismos que visivelmente se estabelecem entre o período histórico referido e os dias de hoje. Diniz Borges adopta uma postura progressista, de centro-esquerda, para imprimir ao seu discurso um timbre lucidamente crítico da administração Bush. Logo a abrir, Borges denuncia a promiscuidade evidente entre os grandes interesses económicos e o poder político no Estados Unidos como factor de subversão do sistema democrático norte-americano. O poderio económico das grandes companhias financeiras, petrolíferas e outras exercem enorme pressão no sentido de garantirem a conivência dos poderes legislativo e executivo na tomada de decisões que naturalmente as beneficiem, em detrimento do cidadão comum que acaba por sofrer com uma governação deliberada, ou no mínimo negligentemente, lesiva dos seus interesses. Um bom exemplo disso é precisamente a invasão do Iraque em 2003, operação que acarretou custos astronómicos e que terminaram nas folhas de pagamento de companhias como a Halliburton e a Bechtel, como forma de pagamento de bens e serviços por estas prestadas em regime de subcontratação preferencial. A intervenção militar no Iraque e toda a dinâmica política e económica envolvente dominam assim várias das crónicas em A Década Perdida, logo por ter sido justificada com base em premissas falaciosas, a saber, segundo Diniz Borges: 1) o Iraque não possuía armas de destruição maciça; 2) ao povo iraquiano não foi dada liberdade; e 3) nada implicava o Iraque ou Saddam Hussein aos ataques terroristas de 11 de Se-

tembro em Nova Iorque e em Washington. O autor recorda-nos que os indivíduos que levaram a cabo os atentados desse dia fatídico eram de nacionalidade Saudita, o que, para além do paradoxo de ser este país o principal aliado dos Estados Unidos no Médio Oriente, é sugestivo das relações no mínimo sinistras entre a adminsitração e a família real saudida e da qual Diniz Borges faz eco. A imagem de George Bush passeando de mãos dadas, literalmente, com o príncipe saudita pelos jardins da Casa Branca é bem sintomático desta promiscuidade de interesses. O discurso da liberdade e da democracia era rebatido pelas acções do presidente, as quais revelavam uma clara aversão à transparência e uma fuga doentia à verdade dos factos. Diniz Borges refere o exemplo concreto da supressão, imposta pelo presidente, de 28 páginas do Relatório dos Ataques Terroristas de 11 de Setembro, um acto de censura que visou ocultar graves indícios da implicação precisamente da Arábia Saudita nos trágicos eventos de 2001. Diniz Borges recorda-nos que fora já dinheiro saudita que circulara no famoso escânda-

sos pretextos. Estavam lançados os dados para se granjearem resultados análogos aos alcançados no Sudeste Asiático, com a consequente erosão do respeito internacional para com os Estados Unidos. Entretanto, várias das crónicas actualizavam o número de soldados americanos que iam perdendo a vida no Iraque ao longo dos meses. O cronista dedica especial atenção ao processo eleitoral que garantiu ao Presidente Bush o seu segundo mandato. Diniz Borges mostra-se especialmente preocupado com a forma como o Partido Democrata se libertou dos seus pergaminhos históricos e se furtou de constituir uma oposição efectiva face ao radicalismo da direita conservadora. A retórica maniqueísta da direita, observa Diniz Borges, teve o efeito de amedrontar os democratas que, com receio de serem apelidados de anti-patriotas, evitam a todo o custo recriminar a desastrada política externa da administração Bush. Por esses dias, o Partido Democrata encontrava-se efectivamente refém da falsa noção de que discordar de Bush seria prova de falta de patriotismo, “heresia das

lo político que ficou conhecido por Irão-Contra, durante os anos da administração Reagan. Entretanto, denuncia Diniz Borges, a pretexto de combater o terrorismo, permitiram-se sérios abusos de poder, em clara suspensão das liberdades, direitos e garantias assegurados pela Constituição. Sob a capa do patriotismo, e em consonância com o rufar dos tambores de guerra que repercutia por todo o espaço mediático no período anterior à invasão de 2003, o Patriot Act afirmava-se como uma ameaça às liberdades individuais mais básicas, sonegando ao mesmo tempo quaisquer laivos de dissidência que pudessem despontar. Ainda mais grave, insiste o autor, foi o uso das ameaças de terrorismo como arma de arremesso político que ajudaria à reeleição do Presidente Bush em 2004. Na verdade, a ardilosa táctica discursiva do “Quem não está comigo, está contra mim” destinava-se a silenciar as vozes discordantes e críticas da política externa da administração Bush, constituindo um sério e preocupante sinal de crise da democracia representativa. O Terrorismo substiuíra o Comunismo como móbil e principal pretexto para se cometerem erros históricos à escala global, tendo sempre a administração Bush e as suas mais proeminentes figuras rejeitando quaisquer comparações históricas com o que se passara no Vietname e no Cambodja três décadas antes. Mas os paralelismos eram evidentes para Diniz Borges, que reprovava a imprudente insistência no prolongamento e reforço da presença militar no Iraque sob tão falacio-

heresias na política americana” como sagazmente nos refere o autor. Explica ainda Diniz Borges que este acobardamento ficou bem vincado inclusivamente pela postura de “pragmatismo político” (leia-se, hipocrisia) adoptada pelo candidato democrata à presidência, John Kerry. A clarividência política do cronista vai mais além, propondo que esta tendência não foi pontual, mas antes reveladora de um processo sistémico. E para tal dá-nos conta da forma como Howard Dean viu o DLC (Democratic Leadership Council) retirar o apoio à sua candidatura, mostrando-se os seus membros mais interessados em encostar o Partido Democrata à direita do que em apoiar um candidado que se afirmava claramente de esquerda – inclusivamente à esquerda do próprio partido. O favorecimento do status quo em prejuízo de uma verdadeira alternativa política é bem sintomático das tendências ideológicas da política norte-americana. O cronista demonstra uma vez mais um conhecimento profundo dos meandros da política doméstica dos Estados Unidos ao mencionar o nome de Bernie Sanders, senador que, profeticamente, se tornaria candidado presidencial mais de 10 anos volvidos. Ainda mais significativamente, o facto de o mesmo Bernie Sanders, candidato assumidamente socialista, não parecer entusiasmar particularmente os apparatchiks do Partido Democrata diz bem da forma atenta como Diniz Borges segue a realidade política do seu país adoptivo. Diniz Borges lança ainda, em muitas das

Duas Palavras Há uns tempos atrás, o professor universitário Pedro Jorge Lopes, Professor Associado na Universidade Lander na Carolina do Sul, escreveu um texto, sobre A Década Perdida que publiquei há uns anos atrás. O magnífico texto de Pedro Jorge Lopes foi publicado numa revista académica, mas queríamos ao fim de muito tempo, (talvez demasiado tarde) partilhá-lo com os nossos leitores, sobretudo, porque as análises que o Pedro eloquentemente faz, infelizmente, na América de hoje, não só renasceram, como tomaram uma nova vida. Direi mesmo, que infelizmente para o país, o livro, do qual serei o último a falar, não é tão antropológico como deveria ser. Como é uma análise pormenorizada, vamos colocá-la- em duas edições da Maré Cheia. Abraços diniz crónicas reunidas no volume, um olhar crítico à comunicação social corporativa. Segundo o autor, quer a imprensa escrita, quer a imprensa falada falham rotundamente na sua missão primeira de informar e esclarecer o grande público. Ao invés, tornou-se, durante os anos de George Bush, num veículo de propaganda da Casa Branca e seus acólitos. Com a mesma sagacidade que caracteriza a sua análise política, o cronista discorre insistentemente da postura geralmente apática dos meios de comunicação social que, controlados por companhias dominadas pela alta finança, são subservientes do poder político, recusando-se a fazer as perguntas pertinentes que se impõem num estado de direito democrático e onde a liberdade de imprensa devia constituir valor inalienável. Durante a tal “década perdida”, e não obstante os falhanços das políticas da administração Bush serem evidentes, as conferências de imprensa na Casa Branca revelavam-se inócuas e inconsequentes. A aquiescência demonstrada pelos media cimentava a impressão de que a comunicação social não estava ao serviço do rigor e da busca da verdade, mas antes se limitava a fazer eco da propaganda inventada pela administração Bush, tanto a nível de política externa como interna. Um bom exemplo é como o plano de cortes fiscais para os mais abastados era camuflado como medida de estímulo à economia e à criação de emprego – sem que os jornalistas questionassem a viabilidade económica de tais medidas. Embalados pela febre patriotista colectiva, os principais meios de comunicação jamais contextualizaram o déspota que agora caía no Iraque como um antigo aliado dos próprios Estados Unidos e dos interesses económicos e geo-políticos que se alinhavam no Médio Oriente. Tinha sido o próprio Donald Rumsfeld, agora Secretário da Defesa norte-americano, quem foi a Bagdade durante os anos da administração Reagan oferecer apoio americano a Saddam Hussein, legitimando-o como um importante aliado face ao regime vizinho de Teerão – aliás em semelhança com o que já acontecera no Panamá com Manuel Noriega, entre outros exemplos infelizes. Continua na próxima edição


Tauromaquia

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Sanjoaninas - 1ª e 2ª Corridas

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Quarto Tércio José Avila

josebavila@gmail.com Quatro corridas com muita juventude criam muitas expectativas. O mercado e a pouca aficion nos Açores não permite grandes aventuras financeiras. Esta juventude mostrou o seu valor e respondeu bem às expectativas da Tertúlia Tauromáquica, responsável pela Feira Taurina. E até houve a sorte de estar presente o vencedor máximo da melhor Feira do Mundo - a Feira de Madrid - Ginés Marin. Esta foi uma aposta positiva na Juventude. São eles que criam mais ambiente, até porque, querem vingar na arte dificil de bem tourear.

Marcos Bastinhas, Manuel Telles Bastos, João Pamplona

João Pamplona - Prémio da Melhor Lide

Marcos Bastinhas - segunda corrida

João Pamplona

Fotos de JEdgardo Vieira

Ginés Marin - volta à arena em ambos os toiros Primeira Corrida - Concurso de Ganadarias Cavaleiros: Manuel Telles Bastos, Marcos Bastinhas e João Pamplona Forcados Amadores de Vila Franca de Xira e da Tertúlia Tauromáquica Terceirense Toiro de 6 Ganadarias - Vencedora em Apresentação e Bravura - Rego Botelho Melhor Grupo de Forcados - Amadores de Vila Franca de Xira Melhor Lide - João Pamplona Abrilhantou o evento a Soc. Filarmónica do Espírito Santo da Agualva Segunda Corrida: Cavaleiro - Marcos Bastinhas Matadores - Alvaro Lorenzo e Ginés Marin Grupo de Forcados da Tertulia Tauromáquica Tercirense - despedida do forcado Helénio Melo. Toiros (2) de José Albino Fernandes e 4 novilhos de Falé Filipe. Abrilhantou a Corrida a Sociedade Filarmónica Recreio Serretense

Ultima pega de um grande forcado - Helénio Melo

Álvaro Lorenzo - volta à arena em ambos os toiros

Helénio Melo - o dizer ADEUS depois de 25 anos


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Comunidade

15 de Julho de 2017

Festas dos 73 Anos de F.D.E.S. Como já todos sabem, a Festa de Monterey já não tem Direcção há alguns anos. A Festa é feita por amigos que se juntam e planeiam este bonito evento. Também este ano não houve Rainha Grande. A nossa comunidade vai mudando e também vai mudando as nossas festas. A Rainha deste ano foi Ryleigh Moody e as suas acompanhantes foram Alyssa Williams e Jamie Abanathie. De Segunda, 2 de Julho até 7, houve Rosário no Salão. No Sábado houve o habitual Almoço de Thank You - o melhor almoço da California - e à noite baile com Chico Avila, Apresentação de Rainhas e troca de coroas.

Monterey

No Domingo, 9 de Julho, a Coroação começou às 10:15 am desde a Custom House Plaza até ao Salão da Catedral de San Carlos. A Missa foi presidida por Eduino Silveira, habitual sacerdote desta festa, que foi muito concorrida este ano. No Hall da FDES foram servidas sopas desde as 10 am até às 3 da tarde. Houve arrematações, tascas e baile com Chico Avila das 4 às 9 pm. Monterey devido a ter um clima marítimo de baixas temperaturas tem sempre muita gente nas sua festas, muitas delas para fugir ás altas temperaturas dos nossos vales. Enquanto a temperatura no Domingo podia rondar os 65/66, no Vale da San Joaquin estava a 101 graus. Serviu de Secretária da Festa Diane Costa Gabler, de tesoureiro Dolores e Joe Silveira e como Marshal tivemos Charles e Stephanie da Silva. Na cozinha os habituais de sempre.

Troca de Coroas no Salão de Festas

Rainha Ryleigh lendo a Segunda Leitura

Rainha Grande 2016 Natalie com Dolores, Charles e Diane

Coroação das Rainha, aias e Santa Isabel


15 de Julho de 2017

Comunidade

73 Anos de Festa de F.D.E.S.

Rainha Pequena Ryleigh Moody e aias Alissa Williams e Jamie Abanathie

Rainha Pequena 2016 Sidney, com Jazline e Raelynn

Rainha Grande 2016 Natalie com Cassandra e Symantha

Rainha Santa Isabel

Rainha Pequena 2017 Ryleigh Moddy com Alyssa e Jamie

Chico Avila

Uma rectaguarda de muito boa gente

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English Section

15 de Julho de 2017

Mais

LĂşcia Soares

luciasoares@yahoo.com


15 de Julho de 2017

Goretti Carvalho, a arte ao serviรงo da Comunidade

English Section

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Ultima Pรกgina

15 de Julho de 2017


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