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nçaCentro Nacional de Cibersegurança- O ano da pandemia e da cibersegura
O ANO DA PANDEMIA O ANO DA PANDEMIA
E DA CIBERSEGURANÇAE DA CIBERSEGURANÇA Pedro Xavier Mendonça Centro Nacional de Cibersegurança pandemia de 2020 recordou-nos o papel central que a Natureza Areservou à incerteza. Se as gerações das últimas décadas o tinham esquecido, recordaram-no agora e talvez não o esqueçam, até que O outro lado desta moeda pagou-se com assimetrias. Os trabalhos imateriais e intelectuais conseguiram manter graus de funcionamento impossíveis para muitas outras profissões, com consequências no emprego e na sobrevivência outras gerações afortunadas olvidem também como é incerto este mundo. dos empresários. O nível de preparação das organizações para um evento deste Temos de segurar nas mãos a incerteza e viver com ela, compreendê-la, defini- tipo não foi universal. Na verdade, algumas empresas estavam prontas para o la e deixar que a sua sombra (ou luz) atinja o nosso quotidiano, condicione trabalho à distância porque tinham suficiente maturidade digital e não porque alguns dos nossos passos, quer para andarmos mais devagar, quer para, em tivessem planeado e prevenido um evento como uma pandemia. certo sentido, corrermos mais depressa. A cibersegurança é um dos indicadores destas assimetrias. Não há digitalização Um dos aspetos mais visíveis desta pandemia foi o modo como as tecnologias para o bem comum sem cibersegurança. Por isso, em 2020, algumas digitais foram uma boia de salvação para muitas pessoas e organizações. A sociedades descobriram que são capazes de uma digitalização acelerada, mas necessidade de recolher a casa encontrou na Internet a ligação ao mundo que também que essa digitalização traz consigo necessidades de cibersegurança. se fechava atrás da porta da rua. E nisto fomos todos extraordinários. Isto é, fora Algumas destas necessidades existiam, mas eram pouco visíveis. Outras, do comum. Nada do que que aconteceu, e ainda acontece, nos tinha ganharam relevância. Por exemplo, já antes era fundamental que as acontecido antes. A sociedade funcionou, mantendo em muitos domínios os organizações tivessem políticas de cibersegurança consistentes e formassem os níveis suficientes de interação entre os indivíduos para que o trabalho de cada seus colaboradores em boas práticas nesta matéria. Hoje, isso é ainda mais um se realizasse. importante, visto que aumentaram os ciberataques oportunistas que exploram as fragilidades do trabalhador isolado. É por isso que ganhou novo peso o modo como os funcionários utilizam os computadores em casa para fins profissionais, quer estes dispositivos sejam próprios, quer sejam fornecidos pela organização.
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Em plena pandemia de Covid-19, o cibercrime não teve contemplações. Quem pensava que uma situação trágica para a Humanidade teria como efeito conter as ações hostis dos cibercriminosos, enganou-se. O número de incidentes registados a nível nacional e internacional aumentou. Os ciberataques foram rapidamente adaptados às circunstâncias para afetar as pessoas nos seus pontos mais vulneráveis. O confinamento promoveu campanhas com vista a comprometer o uso de serviços digitais por parte das pessoas isoladas em suas casas. O medo da doença foi aproveitado para a realização de fraudes digitais. A desinformação ganhou espaço à custa do caráter aberto da ciência. O setor da saúde, sobretudo a nível internacional, viu-se ainda mais sobrecarregado para conseguir resistir a ataques que colocaram em perigo os dados dos pacientes.
É de particular relevância neste panorama o papel da chamada “engenharia social” , isto é, das técnicas de manipulação dos indivíduos. Esta evidência mostra como estes problemas entrecruzam de uma forma profunda a dinâmica técnica e a dinâmica social. Não podemos proteger as pessoas das ameaças do ciberespaço se não as protegermos de si mesmas e umas das outras. É certo que um ataque cibernético é concretizado, em última análise, através de um meio técnico, mas o valor afetado é um valor humano. A engenharia social inscreve a componente humana na cadeia de um ciberataque, muitas vezes como vetor crítico, mediante a ilusão de uma imagem fraudulenta, por exemplo. As variáveis geopolíticas também marcam este campo de conflito, colocando países com interesses díspares a utilizarem o ciberespaço como terreno de disputa. Neste território sem fonteiras, o cibercrime balança entre estruturas altamente organizadas, por vezes apoiadas por Estados, e modos de atuação quase pueris, com mero objetivo de exibir capacidades ou fazer afirmações políticas, não raras vezes ideologicamente pouco robustas. Paralela à camada social, a dinâmica técnica é muito intensa. O sublinhar do fator humano não pode esquecer isto. A inovação tecnológica brota do submundo do cibercrime através da renovação constante das metodologias de ataque, obrigando ao aceleramento da inovação entre aqueles que são responsáveis pela cibersegurança. Grande parte das vezes, a dinâmica social não deteta estas ameaças, a não ser quando o valor que se pretende proteger é finalmente comprometido, como os dados pessoais ou a reputação. Como o corpo submerso de um iceberg, estas ameaças representam o verdadeiro gigantismo do que enfrentamos.
É neste contexto que 2020, além do ano da pandemia de Covid-19, é o ano da cibersegurança. Não porque estejamos necessariamente mais seguros, mas porque as sociedades perceberam, ou têm uma oportunidade para perceber, como a cibersegurança deve ser um pilar da digitalização. A incerteza da natureza também está presente nas dinâmicas sociotécnicas que povoam o ciberespaço. Por isso, a preparação das organizações e dos indivíduos para as ciberameaças deve ser universal. Essa é uma certeza que devemos ter para 2021. Reconhecer isto é já ajudar a mitigar os efeitos adversos da incerteza.



João C. Silva Cofounder
João C. Silva é cofounder da digital connection, uma agência de comunicação e marketing que, durante o tempo de confinamento, sentiu um crescimento nos pedidos de gestão de redes sociais e criação de lojas online. Em entrevista, João C. Silva explicou, em particular, a importância das redes sociais e do marketing digital para a existência atual e futura das empresas.
Como se abriu o mercado português às redes sociais e A importância das redes sociais, para as marcas, aumentou. Com como é que estas foram usadas pelas marcas para se isso, aumentou também a importância do serviço de gestão de aproximarem do seu público-alvo? redes sociais, prestado por agências como a digital connection? As redes sociais são uma ferramenta de comunicação que está Sim, até porque as pessoas devem perceber que, quando estão a disponível para todas as marcas e todas as pessoas. É uma contratar um serviço destes, estão a contratar uma equipa e não verdadeira democratização da comunicação. As marcas uma única pessoa. Nessa equipa, existe um copywriter, um conseguem, assim, relacionar-se com os seus stakeholders e designer, um gestor de projetos, um técnico de campanhas, um construir uma comunidade de relações positivas, que depois fotógrafo e um operador de câmara – são seis pessoas, com seis permitirá fazer crescer a marca, e consequentemente, produtos, diferentes valências, para gerir uma rede social. Sai mais barato serviços e mesmo informação. As redes sociais mais utilizadas contratar a agência do que contratar uma equipa interna. É em Portugal são o Facebook, o Instagram, o Youtube, o necessário também que as pessoas compreendam que não é Whatsapp, o TikTok, o Twitter e o Linkedin e todas têm objetivos qualquer pessoa que gere uma rede social, porque todos os e formas de estar na própria rede social distintos, pelo que as posts têm de ter uma razão para serem publicados. Existe um empresas devem adaptar a sua estratégia de conteúdos à rede planeamento e uma gestão do que se pretende atingir com social em questão. optando por desenvolver mais estas redes, determinado conteúdo. especificamente. Eu, particularmente, aconselho as marcas a estarem presente e com uma estratégia específica nas redes sociais mais relevantes para os seus públicos. São elas que permitem dar voz à marca, que esta se personifique.
Esta presença das marcas nas redes sociais torna-as mais expostas aos comentários do público. Esta exposição das marcas é positiva? Parece-me que uma marca não tem de se esconder, quando algo corre mal, porque isso só alimenta rumores. A marca tem de ser a primeira a falar sobre os temas. Nunca podemos deixar de comunicar. Este medo de ter comentários negativos é uma falsa questão, porque nunca podemos desaparecer com medo de que digam mal de nós. Se existe uma crítica negativa, a marca deve ser a primeira a querer saber o que aconteceu, a explicar porque aconteceu daquela forma e a desmistificar o acontecimento junto do seu público. A redes sociais vêm ajudar as marcas a falar e a poderem explicar no timing correto o que aconteceu e porquê. É por isso que o community manager é tão importante, pois esta gestão das redes sociais é o que permitirá às marcas darem o seu ponto de vista no tempo certo. Acredito, portanto, que a exposição traz mais benefícios do que problemas.
Sentiu um aumento significativo das empresas que procuram a vossa empresa para gerir as redes sociais e mesmo para criar campanhas de marketing e lojas online? Não há qualquer dúvida. O facto de estarmos em confinamento permitiu perceber a importância das redes sociais. Até as escolas – nós de repente ficámos a gerir a comunicação de seis escolas – porque todos os outros canais que eles costumavam utilizar para angariar alunos estavam vedados, nomeadamente a realização de feiras. As campanhas de Google Adwords foram muito importantes para destacar um determinado serviço e para angariar novos clientes. Muitas empresas, de setores díspares e que nunca tinham pensado nisto como algo mais sério, procuraram-nos, alguns desesperados, para mudar essa situação. Reformulámos e digitalizámos vários negócios. É importante, também, trabalharmos não só as redes sociais, mas todo o digital – email marketing, SEO, Google Adwords, bloging, influencers - tudo isto faz com que a presença online seja notada. O que mais aumentou foi a criação de websites e um maior cuidado com os mesmos. As redes sociais também aumentaram muito, enquanto canal de relação com os consumidores, e o Adwords, para angariar clientes.
Como antecipa o ano de 2021? Este será um ano de transição, onde se irá perceber como as coisas correm. Não sabemos como será a recuperação empresarial, mas acredito que o digital seja sempre uma solução, visto que o investimento é menor e será possível continuar a comunicar com os seus clientes. Depois, ainda irão surgir algumas tendências – primeiro na Ásia e na América do Norte – e a nossa relação com os gadgets – telemóvel, computador e tablet – irá evoluir. Daqui a pouco, acredito que seja possível termos gadgets sensoriais, por exemplo, bem como a pesquisa por voz, em vez da escrita e a inteligência artificial também será uma aposta. Haverá uma evolução tecnológica. O futuro é o digital e este será o caminho a ser trilhado pelas marcas.

Joaquim Teixeira Diretor
A “ON24H Alarmes” é especialista em soluções de segurança, com pessoas que possuem experiências na área da segurança há mais de 25 anos, distinguindo-se dos restantes players através da sua capacidade de construir soluções de segurança à medida das necessidades de cada cliente. O diretor, Joaquim Teixeira, destacou, em entrevista, a importância das soluções de prevenção de incêndio para edifícios industriais. omo se destaca a “ON24H Alarmes” , Cem relação à concorrência e ao seu posicionamento no mercado? formado comercial e tecnicamente. Fazemos o estudo prévio e construímos a solução mediante o conhecimento que temos das e todos os nossos trabalhadores cumpriram sempre todas essas indicações. Esta atitude transmitiu muita segurança aos nossos clientes, o A “ON24H Alarmes” destaca-se no mercado necessidades do cliente. Temos soluções muito que também nos assegurou a continuidade da pela ampla gama de soluções que tem. Temos simples e outras mais complexas, que atividade. uma vantagem em relação à concorrência, pois adaptamos às necessidades do cliente. adaptamo-nos facilmente a esta exigência e às A pandemia não influenciou de forma constantes mutações que a área da segurança Existem atualmente soluções que satisfazem significativa a área da segurança? eletrónica sofre. A “ON24H Alarmes” constrói as todo o tipo de capacidades financeiras? Este ano foi muito difícil, mas a área da soluções à medida de cada cliente, nunca Sim, as soluções evoluíram muito, tecnicamente, segurança é uma das que não sofreu partindo de nenhuma solução pré-definida, o que levou a um preço bastante acessível para intensamente. Foi possível “ir trabalhando” , que é o que a maioria das empresas desta área todos. Podemos trabalhar com tecnologias de tendo sempre em consideração as medidas de faz. Temos um nível de exigência e de satisfação alta gama, quando os clientes assim o exigem, segurança e prevenção, sobretudo porque o dos clientes muito alto, porque as nossas mas temos soluções mais simples, com uma nosso target está direcionado para a área soluções são adaptáveis a cada caso. Os clientes tecnologia também ela evoluída e que permite industrial. Essa foi a razão para ser possível sentem-se mais seguros com este tipo de ao cliente obter exatamente a proteção que continuarmos a trabalhar até hoje. soluções. precisa, por um valor mais baixo.
Como se processa todo o trabalho, quando um cliente vos procura? Esse trabalho é da responsabilidade do nosso departamento comercial, que tem pessoal Que adaptações teve a “ON24H Alarmes” que levar a cabo para fazer face à Covid-19? Adotámos logo em março as medidas de saúde que a Direção-Geral da Saúde (DGS) aconselhou Que soluções disponibiliza? A “ON24H Alarmes” é conhecida por ter um mundo de soluções a nível de segurança. Somos especialistas em sistemas de segurança e não em
sistemas de alarme. Instalamos os sistemas de alarme convencionais sim, mas, além disso, estamos certificados em todas as áreas de segurança eletrónica desde a videovigilância, controlo de acessos e na segurança contra incêndios em edifícios, que é uma das áreas onde ainda há muito a fazer em Portugal. A videovigilância foi outra área que implementámos muito nesta fase da pandemia – sobretudo a deteção termográfica – que deteta a temperatura das pessoas, com as devidas autorizações legais. Depois, existem ainda as soluções de automatismos e controlo à distância.
Diria então que falta sensibilizar os empresários para a importância da proteção contra incêndios? Quando falamos em segurança contra incêndios, existem equipamentos e procedimentos que a lei obriga a que sejam colocados, sob pena de, aquando de uma fiscalização, existir uma coima. Nos últimos anos, a sensibilização dos clientes para as necessidades de cumprir a legislação em função da segurança contra incêndios é mais evidente, mas ainda não é suficiente. Por outro lado, temos ainda a questão da pouca fiscalização existente. A verdade é que, quando confrontamos um cliente com a necessidade de instalação de determinados equipamentos e procedimentos, este fá-lo apenas por obrigação e para evitar as coimas. Falta ainda o entendimento de que, numa situação de incêndio, o importante é mesmo prevenir, pois os custos da prevenção são muito inferiores aos de combate ou destruição.
O que lhe parece que mudou, ao longo deste ano, sobretudo no que concerne a rotinas de trabalho? Esta pandemia veio trazer hábitos e adaptações que, sem dúvida, acredito que irão permanecer. Uma delas será o teletrabalho, que muitas empresas irão acabar por implementar, até porque poderá trazer menos custos às empresas, sobretudo no que respeita a infraestruturas. É claro que isto traz uma adaptação diferente das pessoas às suas próprias residências. Assim, temos de pensar que a segurança já não passa por sistemas para proteger a casa enquanto as pessoas estão fora, mas sim por sistemas de proteção para proteger o exterior da casa, pois as pessoas estão agora muito mais tempo em casa. Já existem fabricantes a trabalhar intensivamente nas questões residenciais, sobretudo na questão da proteção do exterior da moradia. Outra grande aposta é a proteção a espaços industriais, que estão agora – frequentemente – sem ninguém, ou com muito menos pessoas durante o período de funcionamento. A “ON24H Alarmes” está já a preparar-se para estas novidades, pois evoluímos à medida que as novidades vão chegando. Gostamos de estar na vanguarda e só assim é que conseguimos acompanhar a evolução tecnológica e sobreviver economicamente.
