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Acultura queer tem cada dia conseguido criar o seu espaço há pelo menos algumas décadas, com muita batalha e resistência, seja para os artistas, políticos, ativistas, ou simplesmente para um público não tão atuante, mas que precisa ser representado. Porém, todos nós sabemos que ainda não estamos no mundo de arco-íris da bandeira.
Logo a Unclad vem como um veículo de comunicação, mas também de acolhimento para a comunidade. Um espaço que serve tanto de entretenimento, conhecimento e, às vezes, de provocação.
Um espaço para entrar na sua rotina que faça você se sentir a vontade de ser quem é, se sentir identificado pelo conteúdo e perceber que não está sozinho, ou...
Perceber que existe um universo maior, que você não conhecia e pode se inserir, mas, claro, se você se sentir confortável ou instigado.
Basicamente um lugar de várias trocas, sejam culturais ou pessoais, onde o objetivo é que você veja a Unclad como um lugar para se sentir livre com as suas
Fotografia e Direção
Giovana Heusi Comunicação
Rafael Lucena Redação
Shadi Design
Dante Redes sociais e Ilustração
14 Modelo Samuel
Freud, pioneiro nos estudos da sexualidade humana, via a busca por prazer como expressão da libido. Infelizmente, a sexualidade é muitas vezes reprimida moralmente, dificultando sua discussão aberta. Mas ela é essencial para a experiência humana, abrangendo aspectos físicos, emocionais e sociais, e é única para cada pessoa.
Tudo isso nos leva a perguntar: quanto da nossa sexualidade nós realmente conhecemos? Será que nós conhecemos todas as opções que nosso corpo nos oferece?
A repressão impede que a descoberta floresça. E se as referências são poucas. A sexualidade se reduz. Quem nunca ouviu alguém falar que se cansou do mesmo sexo, da criatividade zero ou que a rotina bateu? É mais comum do que gostaríamos.
Mas também já faz muito tempo que se fala sobre explorar novas zonas do corpo, usar tudo o que se têm, afinal, sexo não é só penetração! Então que tal tentar? Que tal testar todos os seus limites e aos poucos entender o que te apetece e o que não? O processo é maravilhoso, você vai descobrir que seu corpo fala. Mas aonde eu toco? O que eu faço? Vem com a Mary...
Antes de tudo vem a criatividade. Sabia que vibradores não só para as zonas íntimas? Eles têm diferentes formatos, tamanhos e texturas e podem ser um aliado pra estimular aquilo que você ainda não entende ou que já precisa de um upgrade. Uma bela massagem relaxante nas áreas mais sensíveis do corpo pode ascender uma excitação que talvez você ainda não tenha sentido.
Agora, se a questão é onde ir, temos algumas diquinhas!
Sabia que as coxas são lotadas de terminações nervosas? Um estímulo com as mãos ou mesmo com um vibro no momento de excitação pode representar não só um prazer intenso, como uma boa surpresa.
A orelha, especialmente os lóbulos pode trazer uma sensação de relaxamento profundo ao ser pressionados, mordiscados ou apenas passar a mão. Sabe aquele arrepio gostoso? Experimente!
Outros tipos de toys também são aliados. Siliconados, óleos, excitantes com sensação de vibração, de frio, de calor, ou até os mais hardcore, como chicotes. Não tem limite!
A gente só costuma dar atenção para as costas durante uma massagem, né? Mas, bora mudar essa rotina. Beija, usa a língua, esfrega, morde. Bora trazer umas sensações novas para essa área, pois como fica próximo dos órgãos genitais, pode trazer uma maior excitação!
Existe muitas áreas a ser exploradas como mãos, pulsos, pés, braços, o corpo é cheio de surpresas maravilhosas que só está esperando você a se aventurar por elas. É preciso transar com o corpo todo! E é claro que a Mary tem uma indicação babadeira que pode te auxiliar e te incentivar nessa descoberta. Nossa varinha mágica é perfeita para momentos a sós, a dois, a três ou mais, são 10 modos de vibração suficiente para você praticar todo tipo de massagem, além de ser recarregável, super discreta e silenciosa. Entre em contato com a Mary e garanta a chave para novas experiencias. E se você quiser mais dicas de outras partes do corpo e como estimula-las, peça sua consultoria gratuita!
Beijo, capimigues, e até loguinho!
Mary Mail!
Tem dúvidas sobre sexo, anseios íntimos que precisam de uma fada madrinha pra ajudar a resolver, críticas ou sugestões? Envie sua cartinha através dos canais de comunicação da Unclaad ou da Mary Condom, e iremos responder através da nossa coluna. Não se esqueça de que aqui você tem uma melhor amiga! •
Tenho experiência em criar looks para performance de drag queen desde antes de entrar na faculdade. É nesse começo que você percebe o quanto é difícil produzir em Brasília, além dos preços serem altos, a escolha de materiais é muito limitada nas poucas lojas de tecidos e aviamentos que temos. Com isso, quem procura por itens específicos acaba tendo que adaptar suas ideias ou comprar online ou em outras cidades.
Dentro da faculdade, fica ainda mais perceptível como entrar no mercado da moda de maneira profissional é caro. O curso em si não é acessível para todos, o que impede muitos de se especializarem na área. Por isso, muitos estilistas são considerados “autodidatas”; aprenderam a fazer moda sozinhos ou com a ajuda de familiares que repassam o que sabem. No meu caso, via minha avó costurando apenas para consertos do dia a dia, o que me trouxe uma leve familiaridade com a máquina de costura, que herdei e confeccionei minhas primeiras peças.
A moda tem um lado afetivo, além do comercial. As roupas servem para nos expressar, sentir e lembrar de momentos, isso não tem preço. A moda deve ser inclusiva e acessível, proporcionando oportunidades para todos, independentemente de sua origem ou condição financeira. Iniciativas que incentivam a troca de conhecimentos e recursos entre os aspirantes a estilistas e profissionais experientes são fundamentais para o crescimento da indústria da moda em nossa região.
Dessa forma, podemos criar uma comunidade mais unida e criativa, onde todos possam se sentir um pouco mais representados e valorizados.
Apesar dos desafios, a moda brasiliense continua a florescer. Muitos talentos fazem trabalhos incríveis com
as poucas ferramentas que têm disponíveis na cidade.
As redes sociais são as maiores armas que nossos designers possuem. Uma presença online pode levá-los a diversos lugares, como vestir pessoas influentes e, com isso, crescer a popularidade da marca e suas vendas.
Eventos de moda também são plataformas essenciais para que os estilistas locais apresentem suas coleções. Porém, organizar um desfile de moda envolve uma série de custos: locação de espaço, contratação de modelos, cenografia, iluminação, equipe de beleza e produção.
Além disso, a promoção desses eventos para atrair a atenção da mídia e dos influenciadores demanda campanhas de marketing robustas e bem planejadas. •
Bem vindo ao Mapas de Afeto, onde celebramos a diversidade e a inclusão ao destacar locais seguros para a comunidade LGBT+ em Brasília. Nesta curadoria especial, exploraremos bares, cafeterias, espaços culturais e outros estabeqlecimeqntos que não apenas acolhem, mas também celebram nossa individualidade e o amor em todas as suas formas. Cada edição trará recomendações cuidadosamente selecionadas, onde você poderá ser autêntico e se sentir à vontade. Junte-se a nós nesta jornada para descobrir espaços onde a inclusão e a diversidade são respeitadas.
Em um ambiente onde a autenticidade se mescla com a coletividade, o Objeto Encontrado destacase por fusão entre a qualidade dos produtos e sua atmosfera festiva e engajada que permeia nosso espaço, guiando-nos na busca por uma sociedade mais justa e inclusiva.
A equipe acredita que todos merecem um espaço onde possam ser autênticos e sentir-se acolhidos. Este ambiente vai além de uma simples cafeteria; é um refúgio seguro e inclusivo para a comunidade LGBT+, cercado de bandeiras e mensagens de amor e representatividade.
No Objeto Encontrado, momentos especiais são compartilhados em um espaço onde o amor e o respeito são os ingredientes principais.
OBJETO ENCONTRADO
SCLN 102 Bloco B Loja 56 Asa Norte, Brasília - DF
Para você viver uma experiência ainda melhor, o Mapas de Afeto preparou algumas sugestões. No Objeto Encontrado a dica é experimentar a cheesecake e o drink pisco sour, aproveite para registrar seu momento nas paredes com colagens que são super instagramáveis. Já no Blocogê, o Mapas sugere pedir uma cerveja gelada e a cachaça de frutas vermelhas, e aos finais de semana a indicação é a moqueca.
OBlocogê é um bar por seu ambiente vibrante e acessível. Este bar destaca-se não apenas por suas bebidas e petiscos, mas também por ser um espaço que celebra a dibersidade e a inclusão. Frequentado por um público variado, o Blocogê é um posto de encontro popular para aqueles que buscam um lugar descontraído e seguro para socializar.
O Blocogê é conhecido por seu cardápio, como a famosa moqueca, suas bebidas (cerveja gelada e boas cachaças) e suas programações musicais. A decoração do bar é um reflexo de sua personalidade única, combinando paredes coloridas e cheia de arte para criar uma atmosfera descontraída. Além disso, o espaço tem um compromisso com a comunidade LGBT+ e outros grupos, promovendo um espaço seguro e mais inclusivo.
BLOCOGÊ
SCRN 714/715 Bloco G Loja 6
Asa Norte, Brasília - DF
Engenheiro cartógrafo e apaixonado por conectar pessoas e lugares. Com olhar minucioso para aspectos geoespaciais e sensibilidade para experiências humanas, combina sua formação técnica com uma visão artística para criar mapas que celebrem a autenticidade e a diversidade de Brasília. Assim surgiu o Mapas de Afeto, um canal para dar visibilidade a iniciativas por marketing e eventos, criando uma jornada de experiências nos cantinhos mais cool da cidade. •
Quantos anos você tem? 20.
Onde nasceu? E cresceu? Brasilia, na Asa Norte e cresci basicamente minha vida inteira no Riacho Fundo.
Qual sua sexualidade?
Atualmente não tenho uma sexualidade definida assim, eu empaquei na parte de explorar kkkk mas ultimamente estou me rotulando como gay.
Como você se sentiu ao ser convidado a posar pra revista? Me sinto honrado, por incrível que pareça sou muito tímido e tenho bastante insegurança com meu corpo, por isso acho que vai ser bom pro meu auto conhecimento experiências como essa.
Como você vê o nu masculino numa sociedade que costuma pensar mais na sexualidade e delicadeza em corpos femininos?
O corpo masculino me atrai. Discordo da pergunta, porque hoje em dia a sexualização de ambos os corpos são exploradas; a da mulher sempre de uma forma pior, mas acho o corpo masculino bem atraente, vou estar sendo hipócrita se não disser.
Afro Honey é uma trapper e influenciadora nascida em Brasília, criada no Cruzeiro Novo, Asa Sul e Norte. Com 21 anos já lançou excelentes músicas (confira no Spotify), criou o estilo cyberpink, participou do reality Let Love da Globoplay e o Projeto ConexãoAfro. Se ficou perdido, confira a entrevista para se encontrar.
Porque você quis se tornar artista?
Eu cresci no meio de uma família muito artística. Desde pequena era envolvida em bandas, corais, peças teatrais, minha mãe é cantora... e desde pequena eu sempre falava: Nossa, quero ser cantora quando crescer!
Mas as adversidades, da vida, processo e período da adolescência e vida jovem, me fizeram ficar um pouco distante desse sonho por um tempo. Quando tinha acabado de entrar na faculdade, tinha pego um estágio super legal no mercado de bebidas, era um estágio dos sonhos mesmo, mas mesmo assim, ainda não me sentia feliz e realizada, parecia que eu estava me amarrando no conforto, por medo de encarar o que eu realmente queria, ser artista.
Até que entendi que era aquilo mesmo que eu queria, na real que eu sempre quis. Eu canto desde pequena, sempre gostei e levei jeito pra isso (sem brincadeira, meu primeiro solo foi com 3 anos, porque eu sempre canto o máximo!). Mas eu tinha me desmotivado no caminho, seja pelas críticas que recebi ao longo da infância e adolescência, como:“ai, sua voz é estranha”, “ se for cantar só pode gospel”, “quem disse que você sabia cantar?”, ou até mesmo pela correria da vida, e perceber que esse caminho não era fácil. Mas no fim fui entendendo que a vida era só uma, e se eu tinha oportunidade, e estrutura pra seguir em frente com meu sonho, era isso que importava.
Como foi sua caminhada para se tornar artista?
Eu cresci numa família cristã, e muito ativa nas atividades da igreja. Era teatro, dança, música, coral... e sempre participei de todas essas atividades, minha mãe é cantora e enfermeira, e sempre me incentivou muito a seguir essa carreira, me colocou na musicalização infantil desde criança, na adolescência me inscreveu na Escola de Música de Brasília, que cursei durante 2 anos, em contra tempo também fazia parte de bandas e corais da Igreja.
Mas em 2018, comecei a me afastar muito, porque tinha que estudar pro vestibular e era muito corrido, continuar nas atividades. Por outro lado, eu sorrateira, não me via longe da arte, então fundei o ConexãoAfro nesse período, onde fazia diversas produções culturais, então lá me encontrei como produtora cultural.
Mas meus olhos brilhavam nos projetos musicais, e quando subia no palco para apresentar algum evento. Nesse processo ouvi de uma amiga minha: “Você sabe que o palco é o seu lugar, você brilha quando tá nele!”, »
então em 2022 comecei a construir a Afro Honey, faço comunicação na faculdade, então esse processo de “construir“ artista ou marca, era algo recorrente pra mim, aproveitei alguns trabalhos da faculdade, para conseguir me aprofundar nisso. E em 2023, consegui lançar meu primeiro single, Combo da Honey, mas foi basicamente esse o caminho.
Que desafios você encontrou e continua encontrando nesse meio?
São diversos recortes e desafios. A começar por ser uma mulher no movimento Hip Hop, onde ainda tem muito machismo e é muito conservador em diversos aspectos. A Afro Honey tem muitas referências drags, e foge de alguns padrões de gênero comum, isso já gera uma cobrança maior em ter que entregar um trabalho muito bom, e sustentar o rojão de que muitos não vão querer me levar a sério, ou prestigiar o meu trabalho, por achar muito diferente, ainda mais vindo de uma mulher, mas se bem que é ótimo também, quando julgam, e enxergam que é um diferente tão bom quanto. Ser mulher no gênero musical trap, também é uma questão, temos pouco espaço, ainda somos cotas nos festivais e eventos do gênero, mas eu escolhi estar no trap também pela liberdade de poder falar o que quer, trazer a arte pro cenário cômico também, autoironia, e poder sair do politicamente aceitável. Meu cabelo rosa, e roupas, chamam atenção sempre em ambientes presenciais ao vivo, e ainda tenho que lidar com olhares, pré-julgamentos e até deboche, e então encontrar equilíbrios entre esses corpos, que, dependendo do acesso e oportunidade, são muitos corpos brancos e padrões, logo, pra ser levada a sério, é sempre uma missão, postura, essência e mostrar que isso não é muito mais do que uma brincadeira, é minha arte e é parte de quem eu sou e como minha história e essência é contada.
na minha época em que eu trabalhava mais com as produções culturais.
[...] Eu escolhi estar
Mas isso não isenta minhas críticas. Inclusive já fiz uma diss pra VÁRIOS rappers, e trappers homens da minha cidade, inspirada na Ebony! Foi um momento!
no trap também pela
liberdade de poder falar o que quiser [..]”
Como você vê a cena de Brasília nessa questão?
Eu entendo que estamos numa cidade nova, ou seja, várias questões e bases culturais estão se estruturando e amadurecendo agora. Eu admiro muito os artistas de trap, rap, e arte independente como um todo daqui. Inclusive conheci o trap pelos artistas locais daqui, então eles realmente são parte das minhas referências, e tive oportunidade de trabalhar com vários, principalmente
Apesar deu rir quando eu penso nisso, foi uma crítica necessária. Os homens cis acham que por conta deles serem do Underground, não tem muito o que fazer pra mulheres na cena do Hip Hop, afinal “estamos no mesmo barco, e no mesmo corre”, só que no final cada atitude muda muito, sim! Desde você chamar uma mina pro feat, até você incluir ela nos shows que você faz, na line... infelizmente a galera ainda só sabe citar minas nas letras se for pra falar que ta comendo elas, é uma ex doida, ou porque é a mãe ou a mulher deles. É só nesse contexto que ainda nos enxergam. Mas diferente de muitas cenas, por mais que eu veja as vezes a gente bastante autocrítico, nos esforçamos pra permanecer unidos, pra fazer colaborações, e para mudar o cenário das coisas, uma cidade muito aberta e curiosa pro novo que começa por aqui, sempre fui muito abraçada desde os meus primeiros trampos.
O que é o Cyberpink e de onde ele surgiu?
Cyberpink é um conceito que eu idealizei. Por me ver como uma jovem da gen-Z, impactada com os efeitos da tecnologia, mas não me percebia como cyberpunk, por entender que uma imagem mais negativista, pessimista e carrancuda, não era a minha principal lombra, e não era dessa forma que eu tecia a minha crítica ao sistema. Por outro lado a cibercultura, e a realidade do mundo descrito no cyberpunk era algo que eu já via, e realmente acredito que já estamos vivendo. Mas quem eu conseguia ver que ganhava os holofotes, do sistema, eram artistas, e canais, seja ele de pessoas, páginas..., que conseguiam unir com um tom de humor, auto ironia e idealização do mundo perfeito cor de rosa, mesmo sabendo do caos que estava, a possibilidade de criar meu próprio mundo cor de rosa, me fez pensar muito no termo cyberpink, e a começar estudar artistas e trabalhos que se utilizam disso para ter voz nas redes, e conseguirem de fato serem ouvidos e irem mudando a perspectiva do mundo. O Cyberpink é um hacktivismo, por meio do entendimento do jogo algorítmico hiper positivista que vivemos nos dias de hoje, entender como se manter em vista, de forma que o sistema se confunda se é apenas uma hiper idealização, ou uma ironia no meio de todo caos.
Porque dessa aproximação com o cyberpunk?
Já se fala sobre Cyberpunk, a um tempo. A primeira vez citado e pensado foi na literatura de ficção científica, em 1980, mas a cada tempo que se passou, ele começou a se fundir com a realidade, com nossa cultura, política, comunicação e formas de se relacionar, logo estando na gen-Z, uma geração que já nasceu conectada e familiarizada com a tecnologia, como algo de fato já acoplado no nosso dia a dia e relações, fui entendendo que alguns aspectos tecnológicos, influenciavam também no meu modo de pensar, e de existir nesse mundo, seja em me relacionar com o próximo, até mesmo a forma de me enxergar. Cyberpunk tem sido o movimento que tem cada vez mais me mostrado a realidade, realmente triste, caótica, acelerada e problemática, que veio chegando na gente, e moldando nossos comportamentos. É o filtro cru e pouco romantizado, da realidade que estamos escolhendo e caminhando.
O cyberpink talvez seja a grande tentativa de reversão desse caos cyberpunk que cada vez mais estamos vivendo, de forma coletiva e esperançosa, que quando pregada, é vista muitas vezes como utópica, e hiper idealizada. »
Porque fazer música, especialmente o trap?
O trap, é a música da gen-Z, rápida, muita informação em muito tempo, tem licença poética pra ser fútil. Tá tudo bem quebrar regras no trap,desde que você tenha certeza do que você está fazendo.
Você pode cantar até sobre calvície, e isso ser visto como algo maneiro também. O que me encanta no trap, é a liberdade, de eu poder cantar sobre o que quiser, e ter momentos que possa sim falar de outra coisa que vivo, sem me resumir só a dor, só a racismo, como se minha existência tivesse que ser só o resumo das minhas dores. É como aqueles seriados, sabe? Que tem um personagem gay, e o enredo dele é ser gay, a personalidade é ser gay, todas as problemáticas são sobre ser gay, e ele não tem identidade!
Também como o personagem Cirilo, que a narrativa dele e história, é, muitas vezes resumida em ser uma criança negra que sofre por uma criança branca e por ser pobre.
Tipo, pessoas negras são mais que isso, entende? Também somos PESSOAS, também temos gostos, afetos, sentimentos, opiniões e preferências, pra além das nossas dores. Já dizia Emicida: “Permita que eu fale não as minhas cicatrizes, elas são coadjuvantes em meio a figurantes que nem deviam tá aqui”.
Ouçam nossas histórias, gostos, e vontades para além de só a nossa cor. Até porque sinto que é muito cômodo e educativo, pessoas brancas só nos consumirem quando estão assistindo nossos sofrimentos, isso chega até ser sádico! Então enxergo o trap como resistência, hoje você não vai me ouvir cantar sobre dor branquinho, hoje você vai ter que me ouvir falar sobre minha tarde no salão de beleza, fazendo as unhas com as minhas amigas!.
Como você enxerga sua sexualidade,ou sensualidade, atrelada ao seu trabalho?
MC Carol e Tati Quebra Barraco têm sido muita referência pra mim ultimamente, elas falam sobre como mulheres negras podem também cantar sobre sexo, e isso não nos tornava menos, e talvez, mulheres brancas não entendam isso.
Porque por muito tempo, a gente só se ouve sendo cantada por outros corpos, ou quando vão comentar da nossa sexualidade, é muitas vezes pela idealização branca da “mulata gostosa” de forma violenta e disfarçada, ou de uma maneira muito poetizada e escondida. Porque nossas vivências sexuais, querem
ser resumidas, muitas vezes, só a violência. E violência sexual, não é a mesma coisa que sensualidade e nossa sexualidade! Mas pra eles é ótimo nos confundir, porque aí não percebemos de verdade quando estamos dentro de uma violência ou não, entende?
Ouvir nossa sexualidade e ter uma referência traga por nós mesmas, nos faz entender e captar cada vez mais quando estamos numa experiência legal e consentida por ambas as partes e quando estamos sendo só vítimas. Ainda mais pra uma sociedade, que faz pouca questão de falar sobre educação sexual abertamente.
A arte, tem salvado muitas mulheres, mostrado que nós também sentimos prazer, temos nossos momentos, vontades... Lido com isso pensando em como quero que as minas que me acompanham se sintam bem com essa parte delas também, porque muitas vezes quem estava nesse estado de confusão fui eu, que não entendia a diferença de afeto e violência, era eu.
Já estive nesse lugar, e até hoje fujo pra não cair nessas armadilhas do racismo com o gênero, que deixa isso turvo para cada vez mais sermos violentadas “legalmente”; gritar isso de forma óbvia é sobre ser livre, e ter com clareza na mente o que e nossos mundos sexuais e prazeres, a gente também merece se divertir e ter prazeres igual qualquer ser humano adulto, com uma vida sexual ativa e saudável.
Como surgiu a sua participação no reality Let Love?
Foi muito do nada, o convite realmente aconteceu de forma inesperada. E eu que não sou boba, e gosto de viver intensamente a vida, disse SIM.
E como foi a experiência?
Muito doida, estar numa casa cheia de câmeras, durante 4 dias, é uma experiência. Ser observada, abrir minha intimidade, ser eu e aceitar me entregar de verdade, sem amarras e personagem, foi muito bom! Vivi uma experiência única, mágica, e muito muito especial na minha vida.
Fiz amizades e tive aprendizados que levo até hoje.
Participaria de algo parecido de novo?
Com Certeza! Mas agora namoro HAHA, então não poderia ser de relacionamento, só se fosse com o meu bofe oold.
E seu envolvimento com as causas sociais?
Sempre fui uma pessoa mão na massa, ver um problema, algo que precisaria mudar, e que me incomoda, me move, me faz me movimentar para mudar. Estamos nesse mundo, e se movimentar para continuar deixando ele vivo e saudável, deveria ser um pensamento coletivo, e quando falo isso não é sobre querer mudar o mundo todo, é buscar a mudança e a melhoria ao que está ao seu alcance.
Às vezes vai ser passear com seu cachorro quando ele tiver mostrando que tá precisando muito passear, no outro dia vai ser dividir o lixo pra ajudar na coleta seletiva, no outro vai ser ir ver uma amiga que não tá bem, precisa de ajuda... Enfim o importante é se movimentar. E sou atenta em causas e justiças sociais desde pequena, por mais que pareça contraditório, a igreja me instigou muito a isso, sempre ouvia quando era pequena essa necessidade, de ajudar o outro, e quem precisa, a coletividade, e o afeto, a forma que isso poderia mudar nossa sociedade, então trampo com projeto social desde a minha adolescência.
Como surgiu o Projeto ConexãoAfro?
Surgiu em 2019, com o desejo de conectar a juventude negra do DF, porque sentia que não nos conhecíamos, e ainda não tinha nada muito palpável na nossa cidade, que nos conectasse, e criasse redes de conhecimento e trocas de vivência.
O que faz o Projeto ConexãoAfro?
Hoje o ConexãoAfro visa conectar jovens negros do DF entorno por meio de criação de redes de afeto, que reverberam em produções culturais, atividades, formações, produções artisticas, eventos, oficinas, e momentos de acolhimento e promoção de saude mental. Vemos o aquilombamento como tecnologia ancestral, para criarmos redes e nos conectarmos mais como comunidade.
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