Revista UBC #34

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Triba listas

Por que o mais recente lançamento do trio marca um novo padrão no mercado

AUDIOVISUAL

CARREIRA

ANTONIO CICERO

Trilha para desenhos, um filão animado

Análise de dados para aumentar a criatividade

Poeta, diretor da UBC e imortal da ABL


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#34

NOVEMBRO 2017

A Revista UBC é uma publicação da União Brasileira de Compositores, uma sociedade sem fins lucrativos que tem como objetivos a defesa e a distribuição dos rendimentos de direitos autorais e o desenvolvimento cultural.

Conselho Fiscal Geraldo Vianna Edmundo Souto Manno Góes Fred Falcão Sueli Costa Elias Muniz Diretor executivo Marcelo Castello Branco Coordenação editorial Elisa Eisenlohr Assistente de coordenação editorial José Alsanne Projeto gráfico e diagramação Crama design estratégico Editor Alessandro Soler (MTB 26293) Textos Alessandro Soler (Rio de Janeiro e Madri), Andrea Menezes (Brasília), Bruno Albertim (Recife), Kamille Viola (Rio de Janeiro), Luciano Matos (Salvador) e Ricardo Silva (São Paulo) Fotos Gustavo Stephan (Rio de Janeiro) e imagens cedidas pelos artistas (créditos nas respectivas páginas) Correção Na edição passada, por erro de edição, Guilherme Paranhos, autor da fotografia de Ney Matogrosso publicada na página 17, não foi identificado. Tiragem 9.000 exemplares/Distribuicão gratuita Rua do Rosário, 1/13º andar, Centro Rio de Janeiro - RJ, CEP: 20041-003 Tel.: (21) 2223-3233 atendimento@ubc.org.br

por_ Manno Góes

“Ser autor é trazer-nos inédito o que ainda pertence ao conhecimento geral.”

Editorial

Diretoria Paulo Sérgio Valle (Presidente) Abel Silva Antonio Cicero Aloysio Reis Ronaldo Bastos Sandra de Sá Manoel Nenzinho Pinto

Na parede de uma das estações de metrô de Lisboa, esta frase anônima repleta de sabedoria estampa a sensibilidade, o olhar lúdico e o poder transformador dos criadores. Personagens que tornam arte o cotidiano, os amores e as percepções de mundo que os rodeiam. A capacidade de transformar o óbvio em algo inédito e singular é o que faz os autores serem engrenagens fundamentais para o funcionamento da máquina criativa da indústria musical e de tudo que a rodeia.

Esta habilidade de fazer o comum virar algo genial está muito bem exemplificada nesta edição, por meio da matéria de capa, que mostra toda a capacidade inventiva dos Tribalistas Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes e Marisa Monte - reunidos novamente após quinze anos, explorando novas formas de distribuição e marketing. Importante também destacar a efervescência produtiva do rock baiano, que se renova e ganha nova relevância, com novos nomes, alcance e possibilidades. E, no audiovisual, muito interessante observar o crescimento da produção de trilhas para desenhos animados no Brasil. Também nesta edição tratamos sobre a inadimplência de bares do Rio de Janeiro e da prefeitura de Salvador - cidade recentemente escolhida pela Unesco como “Cidade da Música” e que, contraditoriamente ao título e à homenagem recebidos, não paga direitos autorais desde 2005 - apesar dos sucessivos esforços e tentativas de diálogos para solucionar o débito. No empenho de valorizar e dignificar os autores e suas criações, a UBC segue atenta e firme em seu propósito de reconhecer e proteger o talento, a arte e seus criadores. O autor existe. UBC: Por quem faz a música. Boa leitura!


20 26 28 30 34 37

20

26

MERCADO: Domínio público Audiovisual: Desenhos animados Pelo País: Rock baiano Arrecadação: O preço da música

DÚVIDA DO ASSOCIADO

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ENTREVISTA: Dudu Borges

NOTÍCIAS INTERNACIONAIS

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CAPA: Tribalistas

NOVIDADES NACIONAIS

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Perfil: Antonio Cicero

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FIQUE DE OLHO

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Carreira: Análise de dados

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JOGO RÁPIDO: Otto

ín dI ce 12

16

1 40

38

30


jogo rápido 5

Em novo e maduro álbum, “Ottomatopeia”, o cantor, músico e compositor sintetiza os sons do Brasil e faz dueto com Roberta Miranda do_ Bruno Albertim

A epo peia de Otto

do_ Recife

foto_ Kenza Said

Foram cinco anos desde “The Moon 1111”. Notase o tom maduro que Otto, 49 anos, imprimiu a “Ottomatopeia”, seu mais recente álbum, lançado em agosto. Coerente e diverso, tem a musicalidade mais amplamente brasileira do bicho que pula, alcunha que recebeu nos tempos de percussionista da Mundo Livre S.A. As dez canções inéditas vão do samba de terreiro ao pop. E, além delas, há uma refrescante versão de “Meu Dengo”, sucesso de Roberta Miranda, que faz dueto com Otto. Outros feats são de Céu, Manoel Cordeiro, Felipe Cordeiro, Andreas Kisser e Zé Renato. Seria “Ottomatopeia”, pela diversidade, seu disco mais “brasileiro”? Eu sempre trouxe o Brasil nos meus discos. “Ottomatopeia” talvez seja o que mais sintetiza minha brasilidade. Sem perder a universalidade.

LEIA MAIS Reveja entrevista de Otto ao site da UBC, em que fala sobre o relançamento de um álbum clássico em vinil e o embrião de “Ottomatopeia” ubc.vc/SonhosIntranquilos

O título do álbum remete à sonoridade das suas letras, mas também a epopeia, ao tempo contado pela saga e pelas experiências. Sente que é mesmo seu disco mais maduro? Não só (traz) a maturidade minha, mas a da geração que tocou os arranjos... A produção de Pupillo, os músicos... Somos uma geração bem atuante e, felizmente, elevadora na música brasileira. Os donos do bom gosto poriam Otto e Roberta Miranda em gavetas distintas. Na era do pós-tudo, faz algum sentido essa distinção? Roberta Miranda foi um presente. Muito sensível, muito arretada. Uma amiga. Dadivosa e generosa, permitiu que eu gravasse “Meu Dengo” e ainda veio cantar. Uma voz maravilhosa. Roberta ensina, e eu aprendo a cantar meu país.


NOVIDADES nacionais 6

do_ Recife

foto_ Leo Aversa

por_ Bruno Albertim

VEJA MAIS O vídeo oficial de “As Caravanas” ubc.vc/AsCaravanas

...E a Caravana de Chico passa O barulho veio antes da audição. Depois que “por você, largo mulher e filhos”, versos do single “Tua Cantiga”, vazaram e fizeram estalar uma polêmica sobre machismo na música, seu autor, Francisco Buarque de Hollanda, se defendeu com humor: “Machismo seria manter a mulher e a amante.” Chico continua afiadíssimo. E as letras, melodias e arranjos de “Caravanas” dão fé disso. Aos 74 anos, exigente consigo como ninguém mais, reaparece com as mais explícitas referências políticas em anos, sinal de luz em

tempos obscuros. Primeiro álbum de inéditas desde 2011, “Caravanas” é Chico Buarque mais lapidado pelo tempo. E bem editado. São apenas nove, em vez das usuais doze canções que costuma lançar por disco. Parceria com o baixista Jorge Helder, “Casualmente” é uma declaração de amor a Cuba em forma de bolero, cantada metade em português, metade em espanhol. Um sutil e dúbio recado aos odiadores das redes sociais, “Desaforo” é um samba sobre alguém com o hábito inadiável de falar da vida alheia. “Massarandupió”, marcada por guitarras, é uma parceria com o neto Chico Brown: o título faz referência a uma praia baiana de naturismo. De um humor luminoso, “Blues para Bia”, com seu violão e seus metais, é a declaração de amor de um eu-lírico masculino a uma garota gay.

Em formato de samba com várias subversões harmônicas, “Jogo de Bola” é também declaração, mas a outro amor antigo de Chico: o futebol. Outra neta, Clara Buarque, participa da regravação de “Dueto”, dobradinha do avô de 1979 com Nara Leão. Chico reedita ainda outra antiga, “A Moça do Sonho”, do musical “Cambaio” (2001), de João Falcão e Adriana Falcão. No ápice do novo trabalho, ele tensiona as questões contemporâneas de imigração, preconceito social e clandestinidade em “As Caravanas”: a canção que dá nome ao disco fala que “não há barreira que retenha esses estranhos/ suburbanos tipo muçulmanos do Jacarezinho a caminho do Jardim de Alah”. Já “Tua Cantiga” é uma arrojada balada buarqueana sobre o amor suspendendo a ordem natural dos afetos. Lirismo magnético.


REVISTA UBC

foto_ Juliana Henriques

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Mariana Volker e Liminha:

vem mais coisa boa aí

O canto de Lucina

Nitidamente mais interessada em construir uma obra do que rir de acordo com os humores do mercado, Lucina, a cantora mato-grossense radicada no Rio, acaba de lançar seu mais novo álbum, oito anos depois do elogiado “+ Do Que Parece”. “Canto de Árvore” reafirma o calibre refinado que marca a trajetória da artista desde seu aparecimento, com a dupla Luhli e Lucina (1972-1998). Na faixa-título, parceria com o poeta arrudA, o arranjo singelo do violão de Lucina cede o protagonismo a uma letra belíssima. Em outras das onze canções inéditas, sendo dez dela própria, Marcelo Dworecki (baixo, cavaquinho e violão), Peri Panne (violoncelo e vocal), Otávio Ortega (acordeão e teclado) e Décio Gioielli (percussão e tambores metálicos) fazem a base sonora. “Foi autoprodução, feito em janeiro deste ano no estúdio Cajueiro. Ney Marques teve participação especial, e a Calavera patrocinou o estúdio”, enumera Lucina. O resultado alcança uma sonoridade difícil de ser engavetada em conceitos pré-formatados, moldura musical para uma poética aguçada.

Além de cobrir os bastidores deste último Rock in Rio numa “invasão” ao Instagram da UBC, a cantora carioca Mariana Volker aproveitou também para soltar a voz. Foi no show de covers da banda capitaneada por Liminha em homenagem a grandes clássicos do rock, quando Mariana entoou nada menos que “Rock ‘n’ Roll”, classicaço do Led Zepellin. A parceria entre Mariana e Liminha é antiga. Em 2014, ela gravou com ele o elogiado EP “Palafita”, uma vigorosa aquarela sonora de um pop solar, levemente psicodélico, com bons aportes de blues, reggae e rock. Sem conceito ou prazos amarrados, Mariana já está, de novo, pensando em entrar em estúdio. Quer reunir coisas que anda gravando para começar a pensar num próximo disco. De novo, sob a batuta do tarimbado parceiro.


NOVIDADES nacionais

REVISTA UBC

8 de_ Madri

Pedro Salomão:

o poema é a solução Pedro Salomão é o que se pode chamar de influenciador digital no meio musical. Juntas, suas redes sociais contam com meio milhão de seguidores. Não à toa, ainda que não exatamente frequente nos meios tradicionais, virou bombação nas plataformas de streaming. Lançado no primeiro semestre de 2017, seu primeiro EP já rodou mais de um milhão de vezes. Na rede, ele vai aumentando o alcance de sua poética em canções como “Leoa”, “Cafuné”, “Só Você é Você” e “Olhar de Aquarela”. O título do EP chama atenção também pelo trocadilho bem-humorado e sincero: “Cada Um Com Seus Poemas”.

VEJA MAIS Entrevista em vídeo para a UBC em nosso canal no YouTube www.youtube.com/user/UBCMusica

foto_ Ana Alexandrino

Rei Arthur A capa, assinada pela artista plástica paraense Elisa Arruda, traz o artista no centro: a cabeça de Arthur Nogueira suspensa numa via-láctea emoldurada por duas meias-luas. É arte, é mensagem e, não à toa, “Rei Ninguém” foi lançado durante a última São Paulo Fashion Week, em agosto. O trabalho, empacotado pelo selo Joia Moderna, traz participação de luxo de Fafá de Belém, conterrânea de Arthur, na faixa “Consegui”, parceria dele com Antonio Cicero (tema de

reportagem nesta edição da Revista, lá na página 16). Antes, Arthur Nogueira já havia dedicado ao poeta, com releituras, “Presente”, seu álbum anterior. “Só faço música para os poetas, estou sempre em busca deles”, resume um dos artistas com maior estofo na nova MPB.

VEJA MAIS Arthur Nogueira fala sobre as ideias e inquietudes que moldaram o projeto “Rei Ninguém” ubc.vc/ArthurN


NOVIDADES nacionais

REVISTA UBC

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Carlos Dafé,

Nos anos 1970, ele comandava uma espécie de república artística no bairro carioca de Vigário Geral. Em sua casa no topo da comunidade, nomes como Tim Maia, Oberdan Magalhães (Banda Black Rio) e João Nogueira se revezavam nos banquinhos, instrumentos e vocais. Dali para as boates e clubes do resto do Rio foi um pulo. Dafé tinha mesmo o que mostrar. “Pra Que Vou Recordar o Que Chorei”, um samba-soul que lhe rendeu a alcunha de Marvin Gaye Brasileiro, foi só um de seus inúmeros sucessos, com cem regravações em português, espanhol, inglês e até russo. Neste dia 25 de outubro, o grande Dafé completa 70 anos. E, apesar da agenda de shows imensamente menor, mantém um título: segundo o batismo do crítico Nelson Motta ainda nos anos 1970, a voz cortante, aguda, de Dafé, diferente do padrão grave do gênero, o colocaria no lugar de Príncipe do Soul. Bem ao lado do Rei, e seu amigo, Tim.

os 70 anos do Príncipe do Soul

Domenico,

O outro mundo de

Já lançado no Japão, está disponível no Brasil o segundo álbum solo de Domenico Lancellotti — ou o terceiro, se levado em consideração “Sincerely Hot”, disco em que assumiu, conforme o acordo de revezamento entre os parceiros, o comando frontal do projeto +2, formado com Alexandre Kassin e Moreno Veloso. Lançado pelo selo indie carioca Lab 344, “Serra dos Órgãos” chega seis anos depois de “Cine Privê” e tem arranjos de metais de Marlon Sette, além de uma miríade de participações de expoentes da cena contemporânea carioca, Bruno Di Lullo e Stéphane San Juan entre eles. Só de músicas inéditas, traz momentos como “Voltar-se”, marcada pela batida de violão de Bem Gil, e “The Good is a Big God”, num belo arranjo de cordas e sem letra, mas com as vocalizes de Nina Miranda. Na canção “Projeção”, o próprio Domenico investe num falsete sob a moldura de cordas. O resultado é seu projeto mais experimental.

Chris Fuscaldo sempre escreveu sobre música. Jornalista com passagens por jornais e revistas, começou a escrever música em 2013, enquanto, em “desaceleração” da rotina da imprensa, se dedicava a um livro e a um mestrado na Argentina. De volta ao país, conheceu o produtor argentino radicado no Rio Juan Cardoni, que a convenceu a voltar aos palcos, algo que já havia feito antes. Surgia o embrião de “Mundo Ficção”, seu álbum de estreia. “É a mistura das minhas referências com as do Juan: o pop e o rock vieram dos dois; a MPB partiu de mim; o tango, dele”, conta a cantora, que chamou o resultado final de TPB, ou tango popular brasileiro. Chris não descansa. Enquanto vai mostrando o disco novo, finaliza a biografia de Zé Ramalho. Tudo devidamente registrado em seu blog Garota FM, agora convertido no site oficial chrisfuscaldo.com.br.

ainda mais experimental

Chris Fuscaldo


notícias internacionais 10

de_ Madri

Tempo de aquisições nos EUA

O outono estadunidense começou quente. A histórica editora Carlin America Inc., que tem a obra de Elvis Presley, AC/DC e Billie Holiday, será vendida por US$ 250 milhões à Round Hill Music, segundo a agência Bloomberg. A notícia chega três meses depois do anúncio da venda de outra editora independente, a Imagem Music Group, à Concord por mais de US$ 500 milhões. Outras grandes negociações este ano por lá incluíram a compra do selo de rock de Nashville Broken Bow pela BMG (US$ 103 milhões) e a da gravadora Spinning pela Warner (US$ 100 milhões).

‘Ripping’ está em

Ascap e BMI:

Um estudo da maior sociedade de autores do Reino Unido, a PRS for Music, revelou que 70% da pirataria musical na internet hoje têm como origem as extrações (rippings) de vídeos de populares sites de streaming como o YouTube. Entre 2014 e 2016, o crescimento dessas extrações foi de 141,3%, superando todas as outras formas de pirataria. Além do YouTube, o SoundCloud, o Spotify e o Deezer também são fontes involuntárias de material pirata.

A Ascap e a BMI, as duas principais sociedades de autores dos EUA, uniram forças e vão lançar uma base de dados conjunta para aferir o uso de músicas no mercado de lá. Com soluções tecnológicas inovadoras, o acordo permitirá uma verificação de dados mais rápida e acurada, facilitando o licenciamento, as cobranças e os repasses aos autores. O plano é que a estreia da base seja no primeiro trimestre de 2018.

70% da pirataria

base de dados única


REVISTA UBC

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ubc no mundo Grupo de

Comunicação da Cisac Elisa Eisenlohr, responsável pelo departamento de comunicação da UBC, foi designada vice-presidente do Grupo de Especialistas em Comunicação (CEG, na sigla em inglês) da Cisac, a Confederação Internacional das Sociedades de Autores e Compositores em reunião no fim de setembro, em Paris, onde fica a sede da Cisac. Esse time assessora diretamente o Comitê de Política Global (GPC) da entidade na implementação das suas prioridades comunicacionais. Além disso, o

Seminário na

grupo é responsável por definir e implementar campanhas de comunicação do GPC, compartilhar boas práticas de relações públicas e comunicação e aconselhar nestes temas o GPC e a Cisac como um todo, bem como replicar tais práticas nas respectivas sociedades nacionais, como a UBC. O CEG é formado ainda por representantes de outras 14 associações, de países como Inglaterra, Estados Unidos, França entre outros.

Geraldo Vianna, conselheiro fiscal da UBC, esteve em agosto na Bolívia para encontros com criadores locais e com a sociedade de gestão coletiva do país andino, a Sobodaycom. Idealizados por Vianna e pela diretora-executiva da Aliança LatinoAmericana de Compositores e Autores de Música (Alcam), Barbara Nash, os seminários, em Oruro e Santa Cruz de la Sierra, foram o segundo encontro desse nível na Bolívia num intervalo de três anos. “Foi impressionante a transformação da comunidade de autores de lá para cá. Hoje, se mostram mais preocupados com as mudanças do mercado, com a transferência de valor, a necessidade de um acordo com os grandes players do mundo digital para melhorar os pagamentos”, afirma Vianna.

Bolívia


CARREIRA 12


REVISTA UBC

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Inspirado em

dados reais

Debate sobre o uso de ferramentas de monitoramento do consumo dos fãs como forma de potencializar a criação artística ganha corpo e chega a superconferência de música no Rio de_ Londres e Rio

À medida que os estudos de consumo quase em tempo real e outros temas de marketing se tornam parte integrante — indissociável? — do mundo musical, duas correntes quase opostas se enfrentam. Uma prega que a análise de dados potencializa a criatividade, ao permitir um diálogo fluido entre artista e fãs. Outra, que padroniza as entregas de novos conteúdos, pasteurizando-os. O tema ganha corpo no mundo e chega à conferência Music Trends Brasil, de 25 a 27 de outubro, no Rio. Mais especificamente à mesa “Como a análise de dados pode resultar em mais criatividade”, com debate de Guilherme Figueiredo, diretor de marketing da gravadora Som Livre, Scott Cohen, cofundador do distribuidor digital inglês The Orchard e membro do conselho da associação musical BPI, e Arthur Fitzgibbon, do agregador digital OneRPM. A mediação é de Domingos Silva Neto, o Depa, coordenador de projetos especiais da UBC. Cohen faz uma defesa enfática da análise de dados como ponto de partida de uma criação. “Se entendo os padrões de consumo e navegação dos fãs, ofereço conteúdos que eles possam querer”, ele explica, ressaltando que o processo não mata a criatividade; ao contrário, ao impor-lhe desafios práticos, a potencializa. Figueiredo vai na mesma linha: “É importante entender o comportamento do consumidor para tentar surpreendê-lo. É nessa surpresa que mora a criatividade.”


CARREIRA

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Esquadrinhar as redes sociais em busca das reações dos potenciais fãs, portanto, é vital. “Vivemos na economia da atenção, é importante entender o que leva um conteúdo a chamar a atenção”, analisa Cohen. “Mas não basta olhar curtidas e compartilhamentos”, gestos mecânicos, completa Figueiredo, para quem “os comentários, que requerem esforço do seguidor”, são mais nobres. O especialista brasileiro afirma que esse tipo de análise não é tarefa fácil, mesmo para quem tem familiaridade com as ferramentas de medição de Facebook, YouTube ou Spotify. “A minha sugestão é que o artista busque fazer boas perguntas antes de mergulhar nos dados: onde fazer o próximo show?; qual a melhor playlist para o meu estilo musical?; qual fã é mais ativo nas minhas redes sociais?; quem é o influenciador digital que comunica para o público que quero atingir?” Ambos coincidem em que as redes sociais são um excelente, e completo, ecossistema de divulgação e retroalimentação. “Costumavam ser a imprensa, a TV, a rádio, os CDs e os shows... Agora há diferentes formas, reme a favor da maré”, ensina Cohen.

E os “lados B” a ver com isso? A cultura digital viu a proliferação dos singles, entregas de músicas desvinculadas de álbuns e programadas para bombar. Muitos são cuidadosamente forjados — com direito a estudos para se chegar à hora certa da virada, à velocidade ideal do bit — e poderiam, em teoria, levar à extinção das estranhezas, das experimentações que, nos álbuns do passado, acabaram parando nos lados B. Fizemos a mesma pergunta sobre a possibilidade do “fim do lado B”, nesse sentido, a Guilherme Figueiredo e Scott Cohen. Confira o que eles disseram: GF: Não sei se essa cultura do single vale para todos. Continuo vendo artistas lançando discos completos. Por mais que exista essa tendência, a descoberta de faixas alternativas é mais acessível hoje. Os serviços por assinatura proporcionam o acesso a milhões de faixas por preço fixo, e isso teoricamente estimula a experimentação. SC: Os lados B, com frequência, eram canções que simplesmente não eram tão boas para entrar no álbum. Lançá-los era, ao mesmo tempo, marketing e arrancar mais dinheiro dos fãs. Há muitíssimas mais formas de inovar hoje em dia.


FIQUE DE OLHO

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do_ Rio

Rock in Rio arrecada

Valores do acordo

Ruidosa

R$ 9,6 milhões

Net/Claro inadim distribuídos plência

O Ecad divulgou o valor arrecadado no megafestival Rock in Rio, realizado em setembro passado: R$ 9,6 milhões. A previsão é que o valor pago seja distribuído em novembro (exceto os direitos referentes às execuções na Tenda Eletrônica, que podem ficar para dezembro devido à complexidade na identificação das obras musicais). O rateio será da seguinte maneira: 70% para titulares de obras executadas no Palco Mundo; 20% para o Palco Sunset; 4% para o Rock District; 4% para a Tenda Eletrônica; 1% para a Rock Street; e 1% para o Street Dance. Os direitos relativos à exibição do Rock In Rio nos canais Globo e Multishow serão distribuídos conforme os calendários normais de TV Aberta e TV Por Assinatura: Globo, janeiro de 2018; Multishow, fevereiro de 2018.

Foram distribuídos no último mês de setembro os R$ 77 milhões relativos aos direitos autorais de execução pública de TV por assinatura que estavam bloqueados desde 2014 por determinação judicial. O montante se refere ao acordo fechado com a Net e a Claro e dependia de um acerto entre a UBC e as demais sociedades de gestão coletiva após a adoção consensual de uma nova regra de distribuição mais justa para todos os titulares de direitos autorais. Esse resultado reafirma nosso compromisso com boas práticas para o futuro da gestão coletiva e de todos os seus titulares.

A inadimplência de casas de diversões país afora é uma das frentes que o Ecad trabalha para combater. Um levantamento recente do escritório central mostrou que, das 17 principais casas noturnas da Barra da Tijuca, do Centro e da Zona Sul do Rio de Janeiro, nove não pagam direitos autorais sobre as músicas que tocam, numa dívida que supera os R$ 4,3 milhões. Em lugares menores do país, a situação pode ser ainda pior. “O artista vive da execução musical e do pagamento. Quando não há pagamento, a gente tenta acordo. Quando não há, entramos com ação”, disse ao jornal “O Dia” Marcos Costa, gerente da unidade do Ecad no Rio, que tenta na Justiça receber o valor devido pelas boates.


PERFIL 16

Antonio Cicero, mais novo imortal da ABL, evoca a relação milenar entre músicas e poemas e fala sobre seu processo de produção de uns e outras por_ Kamille Viola

do_ Rio

fotos_ Gustavo Stephan

pop Poeta


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PERFIL 18

Em agosto passado, o brilhante letrista e diretor da UBC Antonio Cicero se tornou imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), passando a ocupar a cadeira 27, deixada vaga pela morte do crítico, professor e escritor Eduardo Portella e que teve como fundador Joaquim Nabuco. Mais ou menos um ano antes, o Nobel de Literatura havia sido concedido ao trovador estadunidense Bob Dylan. São pelo menos dois signos maiúsculos de uma aparentemente recente chancela do mundo literário ao musical que tem surpreendido alguma gente. O próprio Cicero, no entanto, não vê nada de estranho. “A primeira poesia que se conhece, a da Grécia clássica, era musicada. A própria expressão ‘lírica’ vem, é claro, de ‘lira’. A poesia lírica se apresentava como canções. Os primeiros poetas não escreviam seus poemas; eles os cantavam, enquanto tocavam a lira, durante festins ou banquetes. Às vezes uns bailarinos dançavam durante as apresentações. Como os poemas épicos são muito longos, supõese que consistiam numa espécie de ‘rap’, algo entre o canto e a recitação”, descreve o compositor de grandes sucessos do pop e da MPB nas vozes da irmã, Marina Lima, do parceiro Lulu Santos e de tantos outros. “Isso prova que um poema escrito não é necessariamente melhor do que uma letra de música. Esse fato foi ignorado durante

Tudo o que sei e sinto entra em jogo no ato de criação.” Antonio Cicero


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muitos séculos, mas hoje, quando, por exemplo, no Brasil ou nos Estados Unidos, grandes poetas se dedicam a escrever letras de música, isso volta a ser reconhecido.” Embora já escrevesse poesia antes de tornarse letrista, foi a música que impulsionou sua carreira: quando morava em Washington, onde fez pós-graduação em Filosofia, Cicero teve um poema musicado por Marina, “Alma Caiada”. A canção caiu nas graças de Maria Bethânia, que chegou a gravá-la para o disco “Pássaro Proibido” (1976), mas foi impedida de lançá-la pela censura. Zizi Possi também registrou a música, que saiu no disco “Pedaço de Mim” (1979). No mesmo ano, Marina estrearia com o álbum “Simples como Fogo”, que trazia cinco parcerias com o irmão. Não tinha volta: Antonio Cicero era oficialmente um letrista. E dos (muito) bons. O número de canções (são mais de cem!), aliás, supera o de poemas. “Uma das razões (para isso) é que, de fato, quando um cantor e compositor que admiro me propõe uma parceria e me entrega uma bela melodia, não resisto e faço a letra para ela. Além disso, vários poemas que publiquei em livros já foram musicados, de modo que também viraram letras de música”, resume Cicero. Ele explica que sempre parte da música, não o contrário. “Ao escrever uma letra, sou influenciado ou inspirado pela melodia que ouço. Além disso, também a imagem e a personalidade do parceiro ou da parceira que me deu essa melodia me influenciam e inspiram. E, por último, caso meu parceiro ou minha parceira estejamos fazendo uma canção para outro cantor, também a imagem e a personalidade dessa outra pessoa me influenciam e inspiram”, detalha. “Ora, nenhuma dessas influências ou inspirações

existe quando escrevo um poema. A diferença principal é essa. Fora isso, o trabalho de fazer uma letra é muito parecido com o de fazer um poema para ser lido. Tudo o que sei e sinto, todas as minhas faculdades — razão, emoção, intelecto, sensação, sentimento, memória —, tudo pode entrar em jogo e tudo se confunde no ato de criação.”

Duplamente imortal No dia 20 de setembro, Cícero gravou sua participação no projeto Depoimentos para a Posteridade, do Museu da Imagem e do Som (MIS) do Rio de Janeiro, onde foi sabatinado por Caetano Veloso, Rosa Maria Barbosa de Araújo, Presidente do MIS, Eucanaã Ferraz, Luciano Figueiredo, Antonio Carlos Secchin. Cícero falou sobre as comparações entre poesia e letra de música e lembrou o tempo em que viveu em Londres — para onde foi, em 1969, porque seu pai tinha medo do envolvimento do filho com os movimentos sociais. Lá, ele cursou Filosofia e conviveu com Caetano, Gilberto Gil, Jorge Mautner, o poeta Haroldo de Campos e o compositor Péricles Cavalcanti, entre outros. A convivência com o compositor baiano começou porque Cicero tinha um grau de parentesco com as irmãs Dedé e Sandra Gadelha, respectivamente mulher de Caetano e de Gil. “O Caetano tinha essa coisa de absolutamente não fazer nenhuma separação entre ‘high culture’ e ‘low culture’, entre cultura erudita e cultura popular. Ele encontrava as coisas às vezes mais profundas exatamente onde parecia ser o produto mais popular”, lembra Cicero, que, eclético, sincrético, trabalha num novo livro de filosofia.


capa

20

Tri ba lis tas Um lanรงamento, cinco acertos


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As inovações que fizeram do novo álbum do grupo a mais surpreendente entrega do ano no país por_ Alessandro Soler

do_ Rio

Um salto para o futuro e uma piscadela ao passado. No lançamento tido como o mais inovador do ano por seu formato, “Tribalistas” estabelece uma ponte entre a forma mais imersiva como se consumia música antigamente e a era do streaming e das redes sociais. O segundo álbum do grupo homônimo, formado por Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, foi entregue em agosto, 15 anos depois do primeiro, agregando conteúdos presentes em discos de vinil ou CDs — letras, fichas técnicas, fotografias — a outros como videoclipes e lyric videos (vídeos com as letras), tudo empacotado para consumo em dispositivos móveis. A ideia do chamado hand album, ou álbum de mão, já chamaria a atenção por si, mas ainda se anunciou de maneira espetacular: num vídeo surpresa, estrelado por Carlinhos, Marisa e Arnaldo e transmitido para milhões de pessoas no mundo inteiro pelo Facebook. Além da maior rede social, se sentaram juntos pela primeira vez o maior serviço de streaming — o Spotify —, o maior distribuidor digital de música ibero-americana — a Altafonte — e os artistas e suas equipes. São pelo menos cinco os acertos que tornam esse lançamento um provável modelo para outros. Nas próximas páginas, seus protagonistas explicam as ideias por trás dele.


capa 22

01

No princípio era o streaming

A aposta é clara: o streaming foi a forma prioritária de distribuição. “2002, quando lançamos o primeiro, foi o último suspiro do álbum físico. Era preciso nos colocarmos no mundo de hoje, que é digital, de maneira sagaz”, afirma Marisa Monte. “Ficou claro que não dava para ter as majors tradicionais à frente, por isso procuramos distribuidores digitais e plataformas de streaming.”

Animada com as possibilidades do formato, mas ciente da necessidade de melhorar os pagamentos aos artistas, Marisa crê que a resposta está na expansão: “A música deixou de ser produto e passou a ser serviço. O digital, em suas diferentes formas, já é 60% do mercado. Só o Spotify tem quatro milhões de assinantes no Brasil e potencial para dez vezes mais. As remunerações vão crescer junto, é inevitável. Mas as leis precisam acompanhar, regular as relações, proteger os criadores.”


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Encontro de titãs

Outra mudança de lógica foi não priorizar os meios de comunicação tradicionais e divulgar em redes sociais. “Queríamos um contato direto com o nosso público, sem passar por intermediários e oferecendo o que a gente tem, o nosso dom, a nossa música”, Marisa conceitua. Era natural ir ao Facebook para apresentar o conteúdo hospedado no Spotify. Como equacionar, porém, o problema de ter tantos gigantes juntos? Quem teria a palavra final? “Não houve conflito entre Facebook e Spotify. O maestro maior eram os

Tribalistas. Tanto o Facebook quanto nós viemos com soluções técnicas e adaptações para atender ao que eles queriam”, descreve Roberta Pate, responsável pelo relacionamento com gravadoras e artistas do Spotify Brasil. Fábio Silveira, gerente nacional do agregador digital espanhol Altafonte no Brasil, faz coro: “Nada acontecia sem a discussão entre os artistas. O nível de conhecimento deles é tão incrível quanto a vontade de aprender. Às vezes, alguém jogava uma ideia em uma reunião, e começava uma discussão produtiva e repleta de cuidados com os detalhes.”


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Ouça o vídeo, veja a música

Tudo junto e misturado

04 O Spotify já vinha testando, em pequena escala, vídeos de artistas em suas playlists (numa indicação de que entrará num segmento que tem a hegemonia absoluta do YouTube e vê a expansão de um faminto Facebook, que, segundo o “The Wall Street Journal”, investirá US$ 1 bilhão em vídeos originais em 2018). Agora, o gigante sueco dos streamings lançou pela primeira vez no Brasil as versões visuais das músicas, tudo reunido na página do álbum na plataforma e na

playlist “This is: Tribalistas”. São peças audiovisuais de conceito simples — filmagens com boa luz e boa edição das gravações num estúdio no Rio —, com direção de Dora Jobim. “Como o Tribalistas é um projeto muito visual, vimos a oportunidade de usar vídeo aqui no Brasil. Conseguimos articular a parte técnica com os engenheiros na Suécia. Já havia vídeos rodando nos EUA, mas algo nesse nível foi inédito”, explica Roberta.

O hand album, o espaço no Facebook que concentra tudo reunido, é uma inovação que tem como base um formato de anúncios já usado por lá, chamado canvas: uma apresentação de tela cheia e interativa, adaptada no caso dos Tribalistas para ter os conteúdos que eles queriam, como se fosse um disco de vinil daqueles antigos, com encartes, letras e tudo mais. “É uma experiência única com foco em mobilidade”, define Christian Rôças, do Creative Shop, o setor de inovação do Facebook. “Quando somamos essas possibilidades com o alcance da nossa plataforma, temos uma poderosa ferramenta para o mercado da música.” A ideia é estender o novo formato a mais lançamentos, inclusive lá fora, com vídeos verticais, imagens em 360 graus, em 3D... Novas parcerias com o Spotify, é claro, estão no radar.


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E começa o show Aproveitar-se da fama global para criar um evento global. Com essa ideia em mente, era preciso pensar soluções técnicas, como a entrada das músicas no ar em cada país de maneira a não “furar” o Brasil. “Não podíamos correr o risco de o álbum ser lançado, por questões de fuso horário, 12 horas antes no Japão, por exemplo. Montamos uma ação de publicação escalonada a partir da hora daqui”, comenta Fábio Silveira, da Altafonte. O start foi o vídeo-espetáculo no Facebook, quando seis milhões de pessoas assistiram ao vivo, em 52 países, à apresentação dos quatro primeiros singles, em 9 de agosto. Arnaldo, Carlinhos e Marisa não decepcionaram: cantaram, responderam perguntas, falaram do conceito do álbum... Um show para impactar e extrapolar fronteiras — do país e dos lançamentos tradicionais do mercado.

Artistas-operários O envolvimento de Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes na elaboração do conceito e nas trocas com os players digitais traduz um papel mais proativo e global que muitos artistas há anos vêm desempenhando em seus projetos. “Quando meu filho tinha 4 ou 5 anos, perguntaram a ele o que eu fazia. Ele mandou: ‘Reunião’”, Marisa ri. “É uma nova lógica, mesmo, um trabalho enorme, o público não tem noção… Estar no palco cantando não é trabalho, é prazer e alegria. A gente trabalha para poder fazer isso. O trabalho é antes.” Paralelamente à megadivulgação dos Tribalistas, os três mantêm suas agendas. Arnaldo roda o país com o show “A Casa é Sua”, de clima intimista; Carlinhos segue como jurado do programa “The Voice Brasil”, da TV Globo, e tem aparecido em shows como um do Afoxé Filhos de Gandhy, em setembro, em Salvador; e Marisa estende a turnê com Paulinho da Viola, a convite deste. “Seriam, a princípio, três shows. Já foram não sei quantos desde maio. Quero degustar esse momento com prazer e dedicação. Olhar a dois metros de mim, no palco, o Paulinho da Viola, meu amigo há 25 anos, cantando e tocando aquelas músicas maravilhosas não tem preço.”

Ouça MAIS O álbum “Tribalistas” na íntegra no Spotify ubc.vc/Tribalist


Entrevista 26

‘Nada falso se sustenta’


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Dudu Borges, produtor de sertanejo com seis bilhões de reproduções de suas músicas, fala sobre a razão de o estilo ser o nº1 no país: as pessoas querem se reconhecer no que escutam de_ São Paulo

Dudu Borges é um dos maiores produtores do sertanejo hoje. E isso é muita coisa. O estilo mais popular do país — só Dudu tem seis bilhões de streams de músicas que produziu — se reinventa misturando-se a ritmos variados, em parte graças ao feeling dele e ao estouro de “Chora Me Liga”, cantada por João Bosco e Vinícius, em 2009. Aos 34 anos, esse campograndense se orgulha de captar o espírito do tempo musical: o Brasil das misturas, das raízes populares e interioranas e do hedonismo, que quer se reconhecer nas canções que escuta. Muitos o consideram o midas do sertanejo. Como transformar uma composição em ouro? Não tem fórmula, tem uma sequência de fatores que se alinham: o intérprete, o produtor, o momento de carreira, o gerenciamento artístico e, é claro, o mercado. Há pessoas que pretendem apenas seguir o fluxo, fazendo coisas parecidas com o que já toca por aí, e pessoas que têm verdade, mas ainda não têm certeza de como seguir. O compositor tem que sentir a sua própria música e, sendo genuíno, acreditar nesse sentimento. Nada falso se sustenta.

Quais as diferenças entre o sertanejo de hoje e o de décadas passadas? Hoje ele conversa com todos os públicos e abriu um leque de arranjos e melodias que abraçam vários outros gêneros. O sertanejo é acessível, tem empatia. O público brasileiro vive o que se escuta no sertanejo, e não tem nada melhor do que se sentir representado através da música. Qual será a próxima grande onda do estilo? O reggateon veio muito forte, e o hip hop tomou novos caminhos para se popularizar. Minha aposta é música boa com brasilidade, conteúdo e identidade, vejo muito disso no grupo Atitude 67. Grande parte das suas receitas vem de direitos autorais. Como vê esse setor no país? Caminha de modo positivo e corresponde às expectativas dos envolvidos por estar sempre atento a novas maneiras de beneficiá-los. Há firmeza nos órgãos e competência nos profissionais, evolução constante e tecnologia a nosso favor. LEIA MAIS No site, a entrevista completa com Dudu ubc.vc/DuduBorges


DOMÍNIO PÚBLICO 28

Domínio público...

‘pero no mucho’

Inúmeros fonogramas famosos estão perdendo sua proteção, mas os direitos dos seus autores continuam garantidos. Entenda

Ary Barroso

por_ Andrea Menezes

Uma enxurrada de fonogramas de famosas canções brasileiras gravadas antes de 1947 está entrando — ou prestes a entrar — em domínio público. São obras que fizeram sucesso nas vozes de Aracy de Almeida, Emilinha Borba, Nelson Gonçalves, Dalva de Oliveira, Lamartine Babo, Orlando Silva, Francisco Alves, Carmen e Aurora Miranda, Dorival Caymmi, Isaurinha Garcia, Mario Reis, Odete Amaral, Vicente Celestino, Silvio Caldas e muitos outros. Segundo a lei de direitos autorais (9.610/98), as gravações sonoras ficam protegidas por 70 anos contados a partir do dia 1º de janeiro subsequente à sua fixação. Mas isso não significa que o uso passa a ser totalmente livre a partir daí. Porque incidem sobre elas

Dorival Caymmi

de_ Brasília

ilustrações_ Lan


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29 A Batucada Começou Gravada por Odete Amaral antes de 1946, já não tem proteção ao fonograma. Mas, sim, para os herdeiros do autor (que é Ary Barroso, morto em 1964 e, portanto, “protegido” até 31 de dezembro de 2034). Eu Sonhei (Que Tu Estavas Tão Linda) Sucesso na voz de Silvio Caldas, já tem seu fonograma original em domínio público. Um dos autores, Francisco Mattoso, inclusive já morreu há mais de 70 anos (mais especificamente, em 1941). Porém, o outro autor, Lamartine Babo, não. Ou seja, o domínio público total será só depois de 2033. Cruz da Desilusão Gravada por Nelson Gonçalves em 1943, foi composta por José Gonçalves, da dupla Zé e Zilda, que morreu em 1954. Portanto, domínio público da obra, só em 2025. Como Eu Sambei Hit de Emilinha Borba. O fonograma já está liberado, mas seus autores, José Fernandes de Paula (o Peterpan) e Afonso Teixeira, morreram, respectivamente, em 1983 e 1989. Portanto, direitos autorais garantidos até o fim de 2059. O Que É Que a Baiana Tem Dorival Caymmi escreveu e canta (com Carmen Miranda). O fonograma já perdeu a proteção. Mas a obra como um todo, só depois de 2078. Feia Composição e gravação de Jacob do Bandolim gravada em 1948. A gravação sonora, portanto, entra em domínio público em 1º de janeiro de 2019. Mas a proteção ao seu direito de autor, em 2040, já que o autor morreu em 1969. Jacob do Bandolim

também os direitos dos autores, que têm regras diferentes. Estes são garantidos por 70 anos após a morte do autor ou do último dos autores (no caso de uma parceria).

Estas ilustrações foram feitas pelo artista Lan e fazem parte do acervo cultural que a UBC preserva

Para se ter uma ideia, o fonograma original da canção “Ai Que Saudade da Amélia”, de Mário Lago e Ataulfo Alves, gravado por Ataulfo em 1941, já perdeu a proteção. Mas tanto os herdeiros de Alves como de Lago mantêm os direitos autorais. O primeiro morreu em 20 de abril de 1969; portanto, extinguem-se os direitos em 1º de janeiro de 2040. O segundo morreu em 30 de maio de 2002; assim, domínio público na parte autoral, só em 1º de janeiro de 2073. Confira no quadro ao lado outros exemplos.

Ataulfo Alves


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A partir do alto, “O Show da Luna!”, “Mundo Bita”, “Peixonauta” e “Escola Pra Cachorro”


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Produção de trilha sonora para desenhos é um dos filões com maior possibilidade de expansão por_ Ricardo Silva

de_ São Paulo

MERCADO

ani ma do


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A lei 12.485, de 2011, que obriga as emissoras de TV por assinatura dedicadas a filmes, séries, animação e documentários a exibir pelo menos três horas e trinta minutos de conteúdo brasileiro por semana em seu horário nobre, abriu uma grande porta para a produção nacional. No caso dos desenhos animados, a cota foi superada em 92% em apenas quatro anos. Oportunidade de trabalho não só para os próprios produtos audiovisuais, mas também para as trilhas sonoras deles.

“Quando terminei a primeira temporada, eu nem sabia o que era um cue sheet (documento que descreve o uso de música numa produção audiovisual com todas as informações técnicas). Foi um dos músicos que contratei, e que vem de uma família de advogados, que me ajudou. Muitas vezes, o que você recebe pelos direitos fonomecânicos (de gravação) é pouco. Se eu não recebesse até hoje os direitos de execução pública, não teria valido a pena”, descreve Tatit.

“O impacto da lei foi enorme. O conteúdo nacional, especialmente o infantil, agrada o público e é um bom negócio”, diz Débora Ivanov, presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine).

Brasileiros já têm boa fama lá fora

O associado Paulo Tatit, autor da trilha de “Peixonauta” e “Escola Pra Cachorro” (esta junto com Sandra Peres, sua parceira no projeto infantil “Palavra Cantada”), é um dos inúmeros profissionais que já desenvolvem trabalhos de grande qualidade e têm retorno financeiro por eles. Muito bem informado sobre os meandros da produção e da documentação do seu trabalho, o que facilita o recebimento dos direitos, ele compôs todas as canções originais e inéditas da série, que teve 52 episódios só na primeira leva.

O cable retransmission foi criado em 1985, quando a aferição de dados de programação de canais sediados num país e exibidos em outros era difícil. Assim, a regra determina que, quando não há informações suficientes sobre os autores das canções, o dinheiro da execução pública seja enviado ao país de origem do sinal para que lá se faça a distribuição. Muitas vezes, a programação-base que a emissora do país de origem usa, porém, é a de lá, e, se o desenho brasileiro não se emite internacionalmente, pode ser que o autor nacional tenha problemas para receber. “Antes, quase não havia conteúdo brasileiro nesses canais, por isso dava no mesmo. Isso mudou. Por isso o Ecad e as associações estão trabalhando para mudar a regra e chegar ao máximo de distribuição feita localmente ”, diz Peter Strauss, gerente de relações internacionais, distribuição e licenciamento da UBC.

Paulo Tatit, criador da trilha original de “Peixonauta”

foto_ Daryan Dornelles

Obras feitas por produtoras daqui, como “Peixonauta”, “O Show da Luna!”, “Escola Pra Cachorro”, “Mundo Bita” e “Galinha Pintadinha”, entre outras, extrapolaram as nossas fronteiras. Grande parte da distribuição relativa aos direitos autorais das músicas executadas já é feita localmente, enquanto outra ainda depende de distribuição internacional por conta de um mecanismo global chamado cable retransmission, ou retransmissão de TV a cabo, estabelecido entre as sociedades de autores e cujas regras vêm sendo atualizadas.

As séries, como lembra Tatit, são extensas. Então, ele recomenda cuidado na hora de fazer um orçamento justo, pois a elaboração de um trabalho original demanda tempo e muita experimentação: “Recebi avaliações muito positivas da trilha do ‘Peixonauta’, pois foi a primeira vez que se ouviu um pandeiro, um cavaquinho, ou mesmo um acordeão, tocando choro, samba e outros ritmos brasileiros em uma trilha de desenho animado. Pegou bem uma trilha com cara de Brasil.”


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A “cara de Brasil” é mesmo um atrativo. Para Fernando Yazbek, diretor da editora Spin Music, que representa os direitos das canções de “O Show da Luna!”, já há uma associação entre os profissionais daqui e produtos de qualidade. “O brasileiro tem talento para a animação, tem feito mais e melhor. É um ramo sobre o qual o compositor pode se debruçar e que deverá ter crescimento expressivo”, diz. Chaps Melo sacou isso há bastante tempo. Autor tanto da ideia original da série de clipes e esquetes de animação “Mundo de Bita”, sucesso na internet com mais de 60 clipes, ele viu o projeto se multiplicar DVDs, TV, aplicativos, peças de teatro… Tudo começou em 2012, e foi duro. “Em nosso estúdio, a Mr. Plot, definimos que iríamos focar exclusivamente em conteúdos próprios. Acontece que boa música e desenho animado de qualidade são brincadeiras caras. Hoje, com cinco DVDs, criamos uma base de conteúdo que garante a sustentabilidade. Logo, olhando para trás, posso dizer que valeu a pena. Mas foi doloroso”, diz Chaps, que produz o primeiro álbum em espanhol, junto com a Sony Music, para o mercado latino-americano. “Está em desenvolvimento a série para TV em desenho animado com dramaturgia e música, que deve ganhar versões em outros idiomas. É um grande sonho, que esperamos realizar até 2019.”

Chaps Melo: planos de versão em espanhol

Está em desenvolvimento a série para TV. É um grande sonho.” Chaps Melo, criador da ideia original e da trilha de “Mundo Bita”


PELO PAĂ­s

Rock Ă vista Canto dos Malditos na Terra do Nunca: redescoberta do rock baiano

foto_ Rana Tosto

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Salvador e cidades do interior do estado produzem uma nova safra de roqueiros que vencem o forte mainstream musical local e mandam seus sons para todos os cantos do Brasil por_ Luciano Matos

Berço do próprio país e de inúmeros dos grandes ritmos que caracterizam a nossa rica herança musical, a Bahia vive um momento de redescoberta. O rock produzido no estado ganha um sopro de criação e evoca a linhagem que parte do grande Raul Seixas, passando pelo Camisa de Vênus de Marcelo Nova e por Maria Bacana até chegar à estrela Pitty. A eles se soma uma turma boa que projeta suas mágoas, dores, raivas e amores por meio do já mais que sexagenário rock ‘n’ roll. É o caso de Vivendo do Ócio, Maglore e Canto dos Malditos na Terra do Nunca, bandas que têm feito barulho com trajetória sólida e uma porção de discos lançados, seja de forma independente, seja através de grandes gravadoras. Para estar mais perto do eixo de produção tradicional, as duas primeiras chegaram a ir bater ponto em São Paulo, mas sem perder o tempero baiano, essa musicalidade

Morto há 28 anos, Raulzito continua a ser a referência máxima do rock baiano — e, para muitos, o maior roqueiro da história do país. Com influências diversas, como Elvis Presley, Chuck Berry, Beatles, Bob Dylan e Luiz Gonzaga, são ainda mais numerosos os artistas que inspirou. Transitava magistralmente por estilos regionais como o baião, promovendo misturas que caracterizam o fazer musical nacional. “Rock ‘n’ roll não se aprende nem se ensina”, ele disse certa vez. Os novos baianos que renovam a cena ao estilo do “maluco beleza” põem em xeque esse raciocínio…

de_ Salvador

especial que, de um modo geral, as bandas dedicadas ao estilo por aqui imprimem a suas criações. A Canto dos Malditos teve também experiência com majors e, depois de 11 anos, está lançando um novo disco. Com menos foco, mas uma potência criativa peculiar, há toda uma geração de artistas do interior do estado, como Semivelhos e Sanitário Sexy, de Juazeiro; Novelta, Calafrio e Clube de Patifes, de Feira de Santana; Dona Iracema, de Vitória da Conquista; Limbo e Inventura, de Alagoinhas. “O rock no interior sempre teve força e ótimas bandas. O que ocorre agora é que estamos todos conectados, e o que às vezes se resumia à cena da cidade toma outra proporção, chega bem mais longe”, explica Joilson Santos, integrante da Clube de Patifes e produtor do Festival Feira Noise, em Feira de Santana. Salvador também acompanha o surgimento de uma nova safra, que


PELO PAís

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passa pelos diversos estilos dentro do rock, do pop quase puro ao reggae rock, ao hard rock, ao metal, ao progressivo, ao psicodélico, à surf music… São nomes como Circo de Marvin, Aurata, Ivan Motosserra, Ronco, Benete Silva, Os Informais, Game Over Riverside, Astralplane, Soft Porn... Para Rogério Big Bross, produtor local dos mais atuantes, dono de selo e responsável pelo festival Big Bands, o rock baiano nunca esteve tão produtivo e em atividade. “Só não está tanto na mídia. Mas o número de CDs e clipes lançados é grande, e a circulação de bandas cresceu bastante”, diz.

Semivelhos: som de Juazeiro que reverbera em todo o Brasil

O rock do interior sempre teve força. Agora estamos conectados.” Joilson Santos, produtor do Feira Noise Uma característica do atual rock feito na Bahia é a diversidade. Para Teago Oliveira, líder do Maglore, que tem integrantes da UBC como Dieder, essa geração atual é mais plural e menos homogênea. “Ela tem mais possibilidades de assimilação e construção estética, porque hoje tem muita coisa acontecendo, e há muita facilidade em gravar e experimentar. Essa turma não centra sua musicalidade apenas naquele rock de guitarras distorcidas, que também é uma delícia”, explica. As possibilidades, ele diz, são tão diversificadas quanto a própria trajetória da criação na Bahia, um estado de pura música.

Vivendo do Ócio: estouro via São Paulo


arrecadaÇÃO

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Vale quanto pesa Há muitas situações em que sua música é executada publicamente: em shows, filmes, programas de TV, rádio, sites de internet, quartos de hotéis, eventos, até mesmo em lojas e outros estabelecimentos com sonorização ambiente. Nessas situações, você terá valores a receber. Muita gente se pergunta como é feito o cálculo disso. Pois são os próprios autores, reunidos em assembleias das suas associações, como a UBC, que determinam o que o Ecad vai cobrar. Primeiro, leva-se em consideração o nível de importância do uso da música. Ela pode ser indispensável, necessária ou secundária. Os valores, claro, variam. Além disso, conta a periodicidade de utilização. Se o uso é permanente ou

Entenda como se calcula o preço pelo uso da sua música em execução pública do_ Rio

eventual, há diferenças. Ainda influi o tipo de utilização: radiodifusão, música mecânica, música ao vivo etc. De posse desses dados, recorre-se à tabela de preços. Por exemplo, um show com música ao vivo produzido por um usuário eventual deve pagar 10% sobre a receita bruta. Assim, se houver a cobrança de, digamos, R$ 20 e um público de 200 pagantes, o valor a ser repassado ao Ecad será de R$ 400. No caso de não haver cobrança de ingresso, pode ser utilizado o parâmetro da área do espaço físico do show ou o custo do evento. Outra situações que influem são se o evento é beneficente, se é religioso, e várias outras. No site do Ecad está disponível a tabela que permite os cálculos, a fim de que você tenha uma ideia dos usos em diferentes situações.

LEIA mais Conheça mais detalhes dessas regras no Regulamento de Arrecadação dos Direitos Autorais de Execução Pública em ubc.vc/RegArrecadacao Saiba como se calcula o preço dos direitos de reprodução em ubc.vc/PrecoAutorizacao


Dúvida do Associado

“Tenho visto nas redes sociais que a prefeitura de Salvador tem uma dívida grande com relação ao pagamento de direitos autorais. É verdade? O que o Ecad tem feito sobre isso?”
 [ Tenison Del Rey

Salvador - BA ]

Revista UBC É verdade. O Ecad informa que a prefeitura da capital baiana não paga direitos autorais de execução pública referentes aos eventos que realiza desde 2005, no governo de João Henrique Carneiro (ex-PDT e PMDB, atualmente no PR). Como a prefeitura não revela quanto paga por cada evento, o total exato não se conhece, mas fontes extraoficiais estimam a dívida em mais de R$ 30 milhões.

Já naquele ano, o escritório central ingressou com o primeiro processo contra a Saltur, empresa responsável por eventos da prefeitura como o carnaval, o réveillon, o Festival da Primavera e a Festa da Cidade. Tal ação derivou na condenação da municipalidade a pagar pelo que devia e que incluía eventos entre 2005 e o carnaval de 2011. O valor não foi pago, e há previsão de multa de R$ 8 mil por evento que a prefeitura realizar.

O atual prefeito, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), assumiu em 2013 e tampouco pagou. Reeleito em 2016, manteve a inadimplência. Atualmente, correm outros dois processos na Justiça, referentes a dívidas de 2012 a 2015 e de 2016, respectivamente. Estamos atentos ao desenrolar desse imbróglio e, assim que houver algum avanço, informaremos aqui pela Revista e pelo site da UBC.

E você, tem dúvida? Entre em contato com a UBC pelo e-mail atendimento@ubc.org.br, pelo telefone (21) 2223-3233 ou pela filial mais próxima.


Toda obra audiovisual começa com um bom roteiro. A trilha sonora, também. O Guia Música em Audiovisual traz conceitos fundamentais a quem quer compor canções originais para filmes, novelas, séries etc. Confira em ubc.vc/MusicaEmAudiovisual e, depois, é só começar a criar.


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