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O que \u00E9 que elas t\u00EAm?

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Fique de olho

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Conheça 20 canções há anos entre as mais executadase, a partir da análise de metadados da UBC, entendao contexto em que elas mais fazem sucesso

por_ Alessandro Soler e Ricardo Silva ∎ de_ São Paulo

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É generalizada a sensação de que um hit, hoje em dia, tem vida efêmera. Também o é a certeza de que alguns sobrevivem, permanecendo na cabeça e na boca das pessoas ano após ano. A dúvida suprema, martelada uma e outra vez por compositores, produtores, intérpretes, por você e por nós, é: qual, afinal, é o segredo das que ficam?

Uma análise do imenso sistema de metadados da UBC, que traz informações sobre todas as obras cadastradas na nossa associação, líder em distribuição de direitos autorais musicais no Brasil, dá algumas dicas.

As canções no topo das mais executadas dos últimos dez anos — período escolhido por contemplar um novo tipo de consumo, mais acelerado, mais urgente, como o que ocorre no Spotify e no YouTube, por exemplo — são temas de telejornais e programas informativos. A lógica é simples: elas tocam todo dia na TV, garantindo aos seus autores uma posição hors-concours na classificação geral. Por isso, nos centramos nas demais, elaborando uma lista com as 20 primeiras.

Apesar da hegemonia do sertanejo, do pagode, do arrocha, do funk e de outros sons de forte apelo popular nos meios de comunicação, nas rádios e no streaming — como revelamos na reportagem de capa da Revista UBC #38, sobre os gêneros mais ouvidos em cada estado do Brasil —, as canções que permanecem, sólidas, são de estilos bem mais universais. Tom Jobim (e Vinicius de Moraes), Gilberto Gil e Tim Maia são os únicos com diferentes criações (e, às vezes, por até nove anos seguidos) na lista, o que atesta a longevidade indiscutível do seu trabalho.

Entre as 20 principais — fora, sempre é bom repetir, as trilhas de telejornais e programas informativos —, têm espaço também outros nomes da MPB (Gonzaguinha, Paulo Sérgio Valle), do pop-rock (Kiko Zambianchi e Herbert Vianna), das marchinhas de carnaval (Antonio Almeida e Oldemar Magalhães), do sertanejo (Allê Barbosa, José Augusto), do axé (Manno Góes) e do funk (Anitta). Uma amostra que dá boa dimensão da pluralidade musical brasileira.

As 20 mais do top 100 da UBC, entre 2009 e 2018

1

“Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar)”

Para cima, explosiva, animada, é a tradução do seu criador, Tim Maia. Aparece nove anos no top 100.seu criador, Tim Maia. Aparece nove anos notop 100. No início da década, brilhava quase que exclusivamente em rádios, shows e bares de música ao vivo. Pouco a pouco, ao longo dos anos foi virando hit de festas de casamento. Tanto que, em 2018, teve uma de suas maiores execuções no segmento Casas de Festas, do Ecad, que engloba tais eventos.

2

“Parabéns a Você”

Dispensa comentários. A esmagadora maioria do seu sucesso, que a pôs sete anos na lista das “mais-mais” da década, vem das execuções ao vivo em casas de festas, bares, restaurantes, boates e estabelecimentos do gênero, com alguma participação de rádio e TV. No Brasil, a letra da canção — cujos acordes da original americana já estão em domínio público — é de Bertha Celeste Homem de Melo.

3

“Show das Poderosas”

Apesar do caráter particularmente efêmero de hits do chamado pop-funk, ficou cinco anos no top 100. É a canção por excelência ligada ao estouro de Anitta. Escrita por ela, sozinha, exalta o poder feminino com ímpeto e energia. “É a primeira música forte de impacto da fase pop dela, uma das coisas mais emblemáticas que eu produzi na minha carreira,”, descreve o megaprodutor Umberto Tavares.

4

“Jeito Carinhoso”

Escrita por Allê Barboza, é hit do sertanejo e do pagode. Teve uma primeira gravação, pela dupla Jads & Jadson, que lhe garantiu o estouro no carnaval de 2013 e uma enxurrada de execuções em shows, rádios e eventos ligados às festas juninas. Em 2015, o grupo de pagode Bom Gosto a relançou, dando-lhe novo ímpeto em boates, bares e restaurantes de música ao vivo e, claro, também rádio e TV. Resultado: cinco anos no top 100.

5

“Evidências”

Um dos maiores sucessos do sertanejo em todos os tempos, não saiu do top 100 em nenhum dos nove anos que analisamos. A composição é uma parceria matadora de José Augusto e Paulo Sérgio Valle, e a interpretação mais conhecida (houve várias) foi de Chitãozinho & Xororó. É hit de festas de casamento, de bares e restaurantes com música ao vivo e de shows, além de rádios do Sudeste.

6

“Praieiro”

Escrita por Manno Góes e gravada por Jammil e Uma Noites, também figura em todos os nove anos analisados. Sucesso do axé, tem tudo a ver com o verão, com o clima hedonista e para cima ligado ao estilo. Tem expressiva participação nos segmentos rádio, shows e, principalmente, carnaval e shows realizados durante a folia.

7

“Meu Erro”

Nove 9 anos no top 100 na última década. Clássico de Herbert Vianna lançado originalmente em 1985, é uma das canções mais conhecidas dos Paralamas do Sucesso (com regravações de CPM22, Roupa Nova, Chimarruts e diversas outras bandas, o que lhe garante vida nova de tempos em tempos). Hit de bares e restaurantes ao vivo, de rádios e, nos últimos anos, de festas de casamento.

8

“Garota de Ipanema”

Talvez a canção brasileira mais famosa no mundo, ao lado de “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso. Seis anos no top 100. Mítica criação de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, traduz a bossa nova e evoca um sonho feliz de país (e de cidade, o Rio de Janeiro). Nos últimos anos, tem sua força na música ao vivo de bares e restaurantes, em shows, em rádios e na TV.

9

“Primeiros Erros”

Nove anos no top 100, é uma composição de Kiko Zambianchi, gravada por ele nos anos 1980 e relançada pelo Capital Inicial nos 2000, o que lhe garantiu um estouro na rádio, nos shows e na TV, nos primeiros anos analisados, e, mais recentemente, em bares e restaurantes de música ao vivo.

10

“Asa Branca”

Há 8 anos seguidos, brilha nas festas juninas e nos shows juninos, o que se reflete na inconteste predominância da distribuição de setembro. Criação de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, é a música dos são-joões nordestinos por excelência.

11

“Vamos Fugir”

Escrita por Gilberto Gil e Liminha, brilhou num comercial de uma famosa marca de chinelo nos anos 2000. Teve regravação do Skank em 2010. Dali para cá, não sai do repertório de casas de festas (de casamento, de aniversário), da música ao vivo de bares e restaurantes e das rádios. Há oito anos no top 100.

12

“Wave”

Outro clássico da bossa nova gerado no piano do maestro Tom Jobim, em 1967, figurou em 4 anos entre os 10 analisados. Teve um revival nas rádios e, desde o início da nossa série, em 2010, deve à música ao vivo de bares e restaurantes o seu lugar no top 100.

13

“Esperando na Janela”

Outra música obrigatória nos festejos juninos (quando tem seu grande boom de execuções), foi lançada em 2000 por Gil (a autoria é de Manuca Almeida, Raimundinho do Acordeon e Targino Gondim). Do ano seguinte para cá, não saiu mais do top 100. No início, graças aos shows e à TV; agora, à música ao vivo em bares e restaurantes.

14

“Quando a Chuva Passar”

Sucesso na voz de Ivete Sangalo, este axé foi escrito por Ramón Cruz e figura cinco anos no top 100. Além da grande qualidade artística, há um empurrão que lhe garantiu anos de execução maciça: foi tema do casal protagonista da novela da TV Globo “Cobras e Lagartos”, em 2006, e, em 2010, tema de abertura da novela “Escrito nas Estrelas” (na voz de Paula Fernandes).

15

“Porque Homem Não Chora”

Foi um dos hits que projetaram o cantor Pablo e seu arrocha nacionalmente. “É a música da sofrência por excelência”, ele chegou a dizer numa entrevista, usando a palavra que cunhou para se referir à pegada típica do gênero que canta. Composição de Rony dos Teclados, ficou dois anos no top 100.

16

“Marcha do Remador”

Única marchinha de carnaval na lista da UBC, figurou cinco anos entre as mais executadas. Escrita por Antônio Almeida e Oldemar Magalhães, foi lançada pela diva Emilinha Borba no carnaval de 1964. Não saiu mais da boca do povo. O sistema de metadados da UBC mostra que, esmagadoramente, seu sucesso se atribui a blocos e shows de carnaval.

17

“Eu Sei Que Vou Te Amar”

Outra da dupla Jobim e Moraes, aparece quatro anos no top 100. Hit inconteste de bares e restaurantes de música ao vivo, esse ícone da bossa nova também frequenta rádios e shows ano após anos.

18

“Você”

Como se alguém duvidasse da capacidade incrível de Tim Maia de gerar hits, eis que aparece outra dele quatro anos (entre dez) no top 100. Nos últimos tempos, essa canção romântica e extremamente popular deve suas execuções, principalmente, à música ao vivo, aos shows, rádios e casas de festas.

19

“O Que é O que é?”

Sete anos na lista das “maismais”, é uma criação de Gonzaguinha e outra a se destacar em festas de casamento, música ao vivo e rádios. Nos últimos anos, voltou a ter bastante execução na televisão com sucessivas reprises da telenovela “Vale Tudo”, cuja trilha sonora integra.

20

“Eu Quero Tchu, Eu Quero Tcha”

Composição de Shylton Fernandes, fez sucesso de 2012 em diante. Nesse ano, integrou a trilha sonora do grande sucesso da TV “Avenida Brasil”. Sertanejo gravado por João Lucas & Marcelo, tem um refrão com batida funk que é tido como um exemplo pioneiro das fusões entre esses estilos que ganharam outros hits mais tarde.

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