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Jorge Mautner

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Editorial

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Política, criação, parcerias e tecnologia na mente acelerada do compositor, que lança seu primeiro disco de inéditas em 13 anos

por_ Alessandro Soler ∎ do_ Rio ∎ fotos_ Gustavo Peres

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A biografia de Jorge Mautner não deixa dúvidas: parceiro de poetas e músicos, amigo de acadêmicos, ligado à política, à diplomacia, ao cinema, às artes visuais, à literatura (com o Prêmio Jabuti, inclusive, na estante), ele sempre se cercou dos bons. Não é diferente agora. Acompanhado da banda Tono, de Ana Cláudia Lamelino, Rafael Rocha, Bem Gil e Bruno di Lullo, o compositor, escritor, intérprete e músico lança “Não Há Abismo Em Que o Brasil Caiba”, primeiro disco seu de inéditas desde “Revirão”, de 2006.

Neste papo com a Revista UBC, Mautner fala sobre o novo trabalho, o panorama político nebuloso, que ele analisa com esperança, as novas cenas musicais y otras cositas más.

Há alguma diferença fundamental entre o Brasil de 13 anos atrás, quando saiu seu último álbum de inéditas, e o de hoje?

Há, sim. Há 13 anos, já tinha começado o uso da internet, mas agora estamos no auge. É óbvio que Trump, Bolsonaro e Netanyahu são uma reviravolta perigosa. O Steve Bannon, que é o ideólogo deles, é do neonazismo. O grande pensador Heidegger (que foi nazista e, depois, acabou inocentado pelos seus pares, pelo Sartre), disse, no início da década de 50, que “através da cibernética viveremos num planeta em que todos serão controladores e controlados”. Ao que o Nelson Jacobina, meu parceiro durante mais de 40 anos, corrigiu: “que nada, vão ser descontrolados e descontroladores.” Foi isso que aconteceu. Não é fantástico? O que levava dez anos, hoje, leva um segundo. Oito bilhões diante de uma telinha… Metade das conversas são com amigos, e a outra metade é um enlouquecimento!

Além das faixas assinadas unicamente por você, quem são os parceiros que cocriaram as demais?

Tem o João Paulo Reys, que é meu parceiro em “Oy Vey, Oy Vey” e “Bloco da Preta Gil”. Ele trabalha comigo há sete anos e fez meu site, Panfletos da Nova Era (www. panfletosdanovaera.com.br). O site tem shows gravados, entrevistas, fotos, manuscritos, depoimentos. Os outros parceiros são Bem Gil, Bruno di Lullo e Rafael Rocha, da banda Tono. E tem ainda Domenico Lancellotti.

Trump, Bolsonaro e Netanyahu são uma reviravolta perigosa.”

OUÇA MAIS! As canções de “Não Há Abismo Em Que Caiba o Brasil”.

ubc.vc/Mautner

Como foi criar junto com os integrantes da Tono?

Fundamental! Depois da morte de Nelson, a banda Tono passou a me acompanhar nos shows. E foi a partir dessa convivência nos palcos que surgiu a ideia de gravar o disco. Trabalhar com eles tem sido ótimo, eles sabem tudo!

Você tem acompanhado os movimentos que vêm renovando a música brasileira a partir de pontos tão diferentes como Fortaleza e Curitiba, Recife e Belém?

Olha, eu sei que, cada vez mais, graças ao celular e à internet, aparecem muitos talentos o tempo todo. Eu fico atento a isso. Não pesquiso novidades pois a minha preocupação é mais com o escritor e com a história, né?

Vê um panorama animador para a música nacional?

Vejo, ela é criativa em tudo. Mesmo em coisas de que eu não gosto... Não quer dizer que elas não se apresentem bem. Tem o rap, novas batidas, é uma eterna reinvenção. O tempo todo!

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