Tribuna do Norte 71 anos - E-book Entrevistas Exclusivas

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Natal • Rio Grande do Norte Domingo, 14 de fevereiro de 2021

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»ENTREVISTA » JOÃO D0RIA GOVERNADOR DE SÃO PAULO

Governador, como acha que devem ser as alianças do PSDB em 2022? Haveria espaço para o PT? Ou apenas para os partidos de centro ou de direita?

GOVERNO DE SÃO PAULO

Essa é uma aliança pelo Brasil. Nós temos de somar forças para que o Brasil possa ter um projeto e uma proposta que não seja negacionista, que valorize a educação, que valorize a cultura, que proteja o meio ambiente, que respeite a democracia, que respeite os veículos de comunicação, que tenha um sentimento integrador na sua política internacional, que respeite a diversidade em torno de um grande Brasil. E há perfeitamente espaço para o PT. Eu respeito o Partido dos Trabalhadores e há figuras exemplares, que o representam no Legislativo e no Executivo. Não podemos discriminar aqueles que pretendem apoiar um projeto pelo Brasil, mas longe dos extremos.

O senhor apoiou Jair Bolsonaro em 2018 e hoje é um opositor. O que mudou? Considera que por tudo que vem acontecendo no Brasil com a pandemia é motivo para impeachment do presidente?

Quem citaria entre essas figuras exemplares? O senhor já fez críticas enfáticas ao ex-presidente Lula...

Fiz e se justificam inclusive. Mas vou dar exemplos de governadores que são do PT e fazem um trabalho com muita dignidade e com muita decência: a governadora Fátima Bezerra (PT) faz um trabalho que eu reputo dedicado, empenhado; o governador do PT no Estado do Piauí, Wellington Dias, também faz um trabalho com muita dedicação de proteção ao seu povo; outro que foi parlamentar do Nordeste, agora governador do Estado do Maranhão, Flávio Dino, embora não seja do PT, é do PC do B, um partido à esquerda também, mas um homem com dignidade e com princípios, tem postura na defesa do povo do seu Estado. Nós precisamos ter a capacidade de somar com pessoas como essas e tantas outras que têm bom sentimento e capacidade de diálogo. E repito, ficarmos longe dos extremos, tanto da extrema-esquerda como da extrema-direita. Os extremos

não querem diálogo. Os extremos querem impor as suas posições, sejam extremistas de esquerda, sejam extremistas de direita. E a minha posição, que fique clara, é a posição de centro. Eu não sou nem de centro-direita e nem de centro-esquerda. Minha posição é de centro-liberal, que entende e compreende a importância do diálogo, com aqueles que estão mais à esquerda e mais à direita, pelo Brasil. Nós precisamos somar forças para salvar o Brasil e os brasileiros do desastre do governo Bolsonaro, que quase levou o Brasil à bancarrota e já é responsável por uma situação trágica, diante de uma pandemia com muitas vidas que poderiam ter sido salvas e, lamentavelmente, por negacionismo, se foram.

‘Não podemos discriminar quem apoiar um projeto pelo Brasil’ « RUMO A 2022 » Doria afirma que, no diálogo

por uma aliança em busca de uma proposta para o país, só os extremistas não devem ter espaço

Sobre o impeachment, essa decisão e essa avaliação devem ser do Congresso Nacional. Sobre Bolsonaro em 2018, eu não tenho compromisso com erro. Errei, não devia ter votado em Bolsonaro. Devia ter anulado o meu voto. Nunca anulei um voto na vida, mas deveria ter anulado o voto [em 2018]. Não votaria em Fernando Haddad. Venci Fernando Haddad quando da disputa para a prefeitura de São Paulo, em 2016. E Fernando Haddad era prefeito, com apoio do expresidente Lula, aliás no auge do prestígio do ex-presidente. E Fernando Haddad perdeu as eleições para mim e no primeiro turno. Então, não tinha a menor possibilidade de, dois anos depois, endereçar o meu voto a Fernando Haddad. Ele merece respeito, diga-se de passagem. Foi um bom adversário na campanha. Não fez uma campanha suja. Fez uma campanha limpa, mas, evidentemente, as nossas opiniões são distintas. Mas é uma pessoa que respeito. Agora, Jair Bolso-

devem participar desse diálogo e devem participar desse debate, sem exclusões.

A governadora Fátima Bezerra faz um trabalho que eu reputo dedicado, empenhado; o governador do PT no Estado do Piauí, Wellington Dias, também faz um trabalho com muita dedicação de proteção ao seu povo.”

naro é um erro. Não tenho compromisso com erro. Por ter errado uma vez, não vou me perpetuar no erro. Certamente, milhões de outros brasileiros cometeram esse erro. O senhor é candidato em 2022 à Presidência da República?

Não é hora de tratar de candidaturas. Quero continuar sendo um bom governador do Estado de São Paulo. Um governador que trata da vida e da proteção das pessoas, que acredita e investe na vacina, que protege a todos que defendem a democracia, que acredita que nós temos de diminuir as diferenças sociais. É o que nós estamos fazendo aqui em São Paulo. Agora é a hora da saúde. Dos nomes que são cogitados, quem considera que não pode ser candidato a presidente da República. Ou que não merece o apoio de uma aliança de centro para ser candidato a presidente?

Não é o caso de falar sobre exclusões. É caso de falar sobre inclusões. Todos que quiserem ajudar no projeto pelo Brasil,

Quais são os nomes que devem estar na discussão desse projeto?

Todos que defendem a democracia, a liberdade, os princípios do diálogo, que aceitam o contraditório e que lutam pelo Brasil, lutam verdadeiramente pelo Brasil. Patriotas de fato, não patriotas de fachadas. Qual o projeto que o senhor defende para o país e, principalmente, do ponto de vista de uma política econômica, que o senhor acha importante para a retomada do desenvolvimento do país?

Uma política econômica claramente liberal, de desestatização, menos estado e mais da iniciativa privada. Nós precisamos ter um governo aberto ao investimento privado, seja nacional, seja multinacional, e concentrar as ações de governo naquilo onde é essencial para as políticas de saúde, educação, segurança pública e atendimento social, além de gerar empregos, que são fundamentalmente gerados pelo setor privado. Nesse contexto, o senhor acha que foi importante aprovar a autonomia do Banco Central?

Sim, defendo a aprovação da autonomia do Banco Central. Eu não farei oposição por oposição, pelo simples fato de que o governo que aí está, um governo fracassado... Se tiver alguma medida que seja construtiva como essa que o Congresso Nacional votou, eu apoiarei, como manifestei meu apoio à autonomia do Banco Central. Essa é uma visão que considero liberal e importante. Eu defendia isso no passado. Aliás, está trabalhando conosco no governo de São Paulo, o ex-presidente do Banco Central, que já defendeu a autonomia, enquanto lá esteve e depois também o fez quando foi ministro da Fazenda, que é o Henrique Meirelles, que hoje é secretário da Fazenda do Estado de São Paulo.


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