Black - 12ªed. da Revista Escriba

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R evista E scriba 12ª Edição

É BLACK P ro d u ç ã o

TdL editora Adrian’dos Delima Álvaro Barcellos Camila Rosa Matos Cátia Castilho Simon Christian David Delma Gonçalves Diva Helena Eledir do Prado Rosa Erick Citron Gerson Nagel Hamilton Alex Isabel Furini João Das Letras João Dinato José Eduardo Degrazia Leandro Alves Leandro Angonese Leonardo de Oliveira Lianto Segreto Lilian Rocha Lota Moncada Lucas Paz Luiza Câmara Magalhe Oliveira Malu Baumgarten Manuela Lopes Dipp Márcia Gonçalves Paulo Jorge Riss da Silva Maria Alice Bragança Mauro Ulrich Renato de Mattos Motta Ricardo Mainieri Rosmeri Menzel Rudi Renato Jr. Sannio Soninha Porto Vania Clares Victor C. De Freitas Victor Colonna Zaira Cantarelli Porto Alegre / RS 2021


“eu bato contra o muro duro esfolo minhas mãos no muro tento longe o salto e pulo dou nas paredes do muro duro não desisto de forçá-lo hei de encontrar um furo por onde ultrapassá-lo.” (Oliveira Silveira, O Muro)


Grafite: Leandro Alves Porto Alegre - RS @leandroalves.art


O aroma o cheiro do pasto e o aroma das plantas ainda que escassos nos confortam de algum modo trazendo certa leveza pras almas tensas da cidade. (não há força capaz de apagar para sempre um sentimento que trazemos no fundo do peito - uma voz que clama por justiça e paz). hão de criar-se com força os germes lançados à terra e que pulsam ainda lentos carregando mas mãos dóceis a bandeira incansável da esperança!

Álvaro Barcellos Pelotas - RS


As catedrais são de pedra Os negros dividem a sua solidão com Deus. Sim, estão só, na humilhação e na escadaria da igreja. Seus dedos magros, esticados, lembram gravetos, queimados, esturricados. Os negros se esticam e imploram “uma esmolinha, pelo amor do Senhor”. São negros invisíveis que me doem no peito. Uma vã esperança de ainda dar-se um jeito. Uma escravidão degradê. Ah, meu Senhor, meu Sinhozinho, por favor me diga: onde está Você que também não vê?

Mauro Ulrich Santa Cruz do Sul - RS facebook.com/mauro.ulrich.5


É Natal O brilho Das lâmpadas De Natal Refletem A pobreza Congelada Onde o peru É ossada E o Papai Noel É o roto Desempregado Novo empreendedor Do “ifood” Aifude, aifude, aí... fude Sem seguro Sem carteira Sem rosto O tempo É o limite “Envelheço na cidade” Brilhante e cinzenta

Lilian Rocha Porto Alegre - RS Instagram@lilikamarques24


Nascente e Crepúsculo & Ave, Aza sou ave só aovvento só umvvulto no infinnito no infinito ave um vulto ao vento ao vento um vulto ave no infinito

United Do ninho Umdois Passarinh Lá, lás Onde em vês Atento o ver Bandos de ajuda E ao longe lás Nos apontarmos PrAtrravess ar

Adrian’dos Delima Canoas - RS


Grafite: Erick Citron Porto Alegre - RS instagram.com/erick_citron/

fotografia: Omar Freitas Jr.


Espectros nos terraços À meia-noite chegam em bando os fantasmas os frenéticos fantasmas que se divertem açoitando os telhados falando com as gárgulas dançando nos terraços chegam feridos pelas falsas palavras que conspiram - os fantasmas desprezam as vozes daqueles que possuem um coração habitado pelas sombras e uma boca coberta de mentiras tornou-se este mundo um paradigma do absurdo no qual as mentiras respiram sem medo enquanto as verdades acuadas e feridas (órfãs de palavras - sem defesa) escondem-se entre os fantasmas e dançam nas ruas, nos terraços e nos abismos da vida.

Isabel Furini Curitiba - PR facebook.com/isabel.furini


Índios Primeiro um barulho de tiro depois uma flecha, duas flechas, três flechas chumbo voava igual passarinho de repente BUM, uma explosão cai um índio, depois outro Índio um tronco de árvore e no final só as chamas refletindo o sorriso dourado do jagunço que cumpria expediente.

João Das Letras Rio de Janeiro - RJ


Identidade Me enxergo nos outros Na soma dos números Da caminhada da vida. Ao olhar os cabelos brancos, Vejo o tempo que passou. Nos olhos deles, As histórias assistidas. Na imperfeição do rosto, As estradas percorridas, No corpo o peso das bagagens. Somos todos Somos únicos Somos os mesmos Na mesma jornada. Indo de volta Para depois retornar. Márcia Gonçalves Porto Alegre - RS


Ventre de lágrimas Desabrochamos em tempos e espaços diferentes Viemos do mesmo ventre Ventre que recebe a semente Ventre que fecunda amor Ventre que gera vidas Ventre de mulher fértil Ventre frágil expelindo vidas Ventre que experimenta dores Ventre que ouve o choro da cria nascendo Ventre que espera amor Ventre sedento de carinho Ventre que é um ninho Ventre que cresce sozinho Ventre que verte lágrimas Ventre que perde um filho Ventre que verte bênçãos Ventre de oito filhos Ventre de Maria de Lourdes

Diva Helena Muriaé - MG dhlenamf@gmail.com


Marias Das cores, das flores, das dores, dos prazeres. Marias dos tempos, das naus, dos troncos, amas da sinhá e do sinhô. Marias dos cafezais, dos quilombos, das agruras. Das lutas nos olhares, do silêncio nas gargantas, das chibatas impressas no couro, no corpo, na alma. Marias sem valor, sem vinténs, sem direitos, sem vida... Marias marcadas na mente, marcadas no ventre, senzala abissal, vil e banal. Não vira os olhos, Maria, eu preciso de ti!

Rosmeri Menzel Venâncio Aires- RS facebook.com/juntadoletras


Tudo pode acontecer Daqui a um minuto eu não vou gostar Quem sabe eu vá gostar muito mais Sem iludir-me na ilusão da paz Quem sabe eu seja capaz e destrua o meu ego assaz Acorde e refaça dos velhos sonhos E vá me encontrar na tua ausência Pra ser um a mais a querer tua presença Daqui a um minuto eu vou chorar Quem sabe eu vá sorrir de tudo um pouco Quem sabe eu esteja ficando louco O certo é que eu quero seguir os teus passos Das dúvidas e tropeços eu ainda desfaça E tente sair desse impasse Cair no abismo do teu abraço E vá me encontrar na tua ausência Ser um a mais a querer tua presença Num segundo no mundo Tudo pode acontecer Morrer e viver vai depender de você Pense nos desejos nos quereres Desvende-se... Desarme-se... É só tentar se amalgamar e no amor se mesclar Se afiançar... Sair do mar das contradições Sem previsões ancorar no cais das sensações Sem olhar para trás Fugir das incertezas do passado Esperançar os novos dias que virão com força vivaz Desfazendo do que te prende a mais e te tira o gás De tudo que passou e foi fugaz!

Delma Gonçalves Porto Alegre - RS instagram@delmagonçalvesmattos


No panteão procuro deuses encontro mortos Num velho dicionário em latim Procuro a origem, o significado das palavras Traças caem sobre mim No velho livro do Genesis Divago sobre a criação do mundo Em Darwin a teoria da evolução Ouço o que me sopra Eolo, o deus do vento O mundo é um grande mistério Cerbelo, o guardião dos infernos De braços abertos Aguarda paciente minha alma OH, Malak Ol Laq Anjo da suprema verdade Envolva tuas asas sobre mim Ya Amixi - tenho sede Ya Ohi - tenho fome Quem me dera fixar morada no Monte Hermmon Possuo olhos de Tiresias Por cidades antigas anda vaga minha alma Entre os rios Tigre e Eufrates defequei Dolmenes e Menires Sim, eu criei Sou a consciência dos seres brutos Trago dentro de mim Um sincronismo eterno Vago retilíneo Entre o céu e o inferno.

Leandro Angonese Caxias do Sul - RS instagram.com/leandro.angonese.1/


#NemPenseEmMeMatar change.org/levantefeminista2021


Levante Feminista Contra o Feminicídio Artista: Luiza Câmara @luizascamaraart


Ária Às vezes hiberno. Necessito. Indisciplinadamente e sem discernimento maturo na quietude o que assimilo. Repleta de mundo, de rostos, de gestos, penso, penso que somos e temos. Quase se perde o tempo do que foi e diante do que resta finjo me apressar. Atenta à voz semente que se forma vibro, desfibrilo, ressuscito. Incontida e luminescente canto as notas do amor que recolho. Vania Clares São Paulo - SP @vaniaclarespoetisa


Deusa em desconstrução na gramática substantivo feminino na vida real comum de dois independe de útero reconhece-se mãe de ouvido em desigual embaraço dessacralizemos as palavras libertemos, pois as mães em todos seus arrepios que vazem por entre os dedos clara e não mais ovo

Cátia Castilho Simon Porto Alegre - RS


Palpitação ‘Um sol rasgado penetra em sombras pela janela Há um aspecto misterioso As cores tem encantos miúdos Cenas pulsam no silêncio do coração que o tempo avoluma.’ Zaira Cantarelli Tapes - RS zairacantarelli@yahoo.com.br


Para o poeta Para o Poeta as palavras são nuas desvestidas de sentidos até a inspiração bater à porta e vestir o poema o olhar, a janela, a foto outro poema, o dia, a lua aquele índio, o mendigo acendem a língua-morta folhas e mais folhas amarrota difícil pegar o jeito até que o verso venha e gema perfeito, cheio de si e tenha dito. Soninha Porto Porto Alegre - RS Instagram: @soninhaportopoar


Legião mosquedo ensandecido revoando devoluto subtraindo minha inconsciência intranquila espalho vinagre na varanda assombrado como quem espanta sombras de esguelha e a sorrelfa cascas de pão seco para as formigas a zumbizeira de asas celofane atazana e aborrece ecos do mosquedo em desespero inspiram juras de piedade arroubos de arrependimento lamentos de nunca mais enquanto mosqueando estertoram irracionais despencando rumo ao esquecimento mera ilusão era tudo em vão as hostes mosquentas retornam inclementes e mais assaz enquanto sigo ilhado raivoso derrotado cercado de moscas por todo lado fedendo a vinagre decompondo sob a luz * nublada como sempre * morri jah não lembro aquele mês

Paulo Jorge Riss da Silva Santa Cruz do Sul - RS


Christian David & Ernani Cousandier instagram@moscotosco/


A fronha ao Sol

Meus versos

es

canga

disponho/deponho

lha

dos

no varal

feito fronhas para quem queira e com tempo e cola

a fronha

noturna

alvejá-los

juntá-los/jantá-los.

A brisa já secou a lágrima a brasa já virou cinza

ao vento

o sol

dos

José Eduardo Degrazia Porto Alegre - RS

a rima queimou

meus

sonhos.


Vento Sou como vento forte, Que entra derrubando todos os quadros da parede. Sou como água numa tempestade, Inundando e afogando todos os sentimentos Que nunca foram ancorados. Sou como fogo, Queimando tudo que há pela frente E rastejando mata adentro. Sou como terra, desmoronando em cima de tudo, Escondendo tudo ao alcance da tua visão. Sou tudo ao mesmo tempo!! Eledir do Prado Rosa Venâncio Aires - RS pradorosaeledir@gmail.com


Antes que... Ainda não está bom este poema que fiz para ti. Quero te mostrar mesmo assim, antes que o esquecimento devore esta emoção. O poema não está bom. As palavras – estas palavras – saem de meu coração. E o coração está à deriva, nunca encontrou paz ou porto. Queria te mostrar estes versos, antes que eu me esqueça, antes que eu te esqueça, como esqueci Pedro, João, José. O poema não está bom. Quero te mostrar, antes que me falte coragem, antes que a nau tome outro rumo, bandeira a meio mastro, já sem prumo..

Maria Alice Bragança Porto Alegre - RS @maria_alice_braganca


O amor No pampa gaúcho, uma tarde de sol as colinas se desenrolavam vastas verdes uma depois da outra na imensidão solitária, capões de mato, ondas de campo, como mar Ele tinha os cabelos compridos desgrenhados olhos doces de vaca triste, o corpo moreno em trapos e calças jeans eu, saia azul tingida com cordão amarrado que a mãe fez era longa a saia, e uma camisa branca do pai, dentro os peitos soltos No pasto os quero-queros gritavam e voavam raso ameaçantes Com mão leve empurrei ele no solo onde o morro se inclinava Montei devagar entrei ele em mim a saia sobre nós o campo deserto a não ser pelo sol, a não ser pela grama e as capoeiras, a não ser pelo canto dos pássaros a não ser pelo meu gozo que também cantava eu tinha vinte anos ele era o meu amor.

Malu Baumgarten Toronto - Canadá www.urubuquaqua.com


Projeção e fotografia: Gerson Nagel



O amor talvez seja algo importante Mas é bem provável que não seja ¿Como seria possível ter certeza? Ter certezas não é algo tão selvagem Quanto pendurar uma lâmpada no alto do universo Quando finalmente pendurei descobri que o imperador do sorvete era teu pai Açaís são uvas com gosto de terra Mas açaí não é tanto quanto astronauta Astronauta é algo bem enorme Talvez como uma montanha Talvez como o oceano Tenho um vício pelo oceano Que boa parte dos meus poemas carregam ao menos uma vez essa palavra molhada A água é uma mistura de hidrogênio com oxigênio Já não lembro a proporção ¿E de quê adiantaria?

Rudi Renato Jr. Porto Alegre - RS rudi.tedeschi@acad.pucrs.br


MALABARISMO

(para Jade Gräwer)

força nos músculos, leveza no corpo, o que é difícil de fazer parece fácil pra quem olha, pra quem olha é difícil fazer com que pareça fácil o que faz quem fez; pra quem faz fica até fácil porque fez, fez, fez até que não fazer ficou difícil.

Renato de Mattos Motta Porto Alegre - RS facebook.com/renato.mattos.motta/


Morada O barraco é de madeira Em frente tem uma praça Balanços enferrujados Ainda se espreguiçam no ar Meninos ladeira abaixo Carrinhos de rolimã Subida a gente se dobra Cidade vista de cima As noites alumiadas Gatos pirilampos cigarras Pisca-pisca no farol Numa linda árvore de Natal Aqui estamos em obras O prefeito esqueceu de nós Falta pra casa material O amor me espera no portão. Gerson Nagel Porto Alegre - RS instagram.com/gerson_ngl/


hamilton alex e lucas PAZ - em Tomiello Fratelli


Terceiridade para disfarçar dias grises tonalizo cabelos Grecin tons de grisalho faço ergométrica bebo Red Bull agridoce ilusão de juventude de tempos sem dor.

Ricardo Mainieri Porto Alegre - RS facebook.com/ricardo.mainieri/


Minha primavera Sem mais, nem bater a porta, com sua natural irreverência, o vento me invade, me abraça, multiplica os sons, arrepia a calma depositada imóvel há tanto tempo na espalmada mão. Ah, as sensações que o vento traz! Eriça a pele, desarruma a alma, - cristal desatinado sempre a tilintar evoca desejos, coreografa amores e essa gota lúdica, teimosa, deslizando pelas costas me alerta, me acorda, me singra, me atordoa com sua sensual constância me obriga a sentir, a sentir – e mais e mais a cristalina, a definitiva certeza minha primavera germina outra vez.

Lota Moncada Porto Alegre - RS facebook.com/lota.moncada


Tautologia Ahh pois é, tem dessas. Vou te contar... Mas aí que tá, o pior não é isso coisa e tal... O engraçado é que até aí tudo bem, tipo... Faz parte. Uma coisa é uma coisa Outra coisa é outra coisa. E detalhe... digo mais: O ruim é que é mesmo, mas enfim, acontece. Então que seja… Mas vamo marcar, sim... Vamo se falando. Leonardo de Oliveira Porto Alegre - RS leonardodeoliveira.o2@gmail.com


A morte do padeiro E morreu como um cão morre de tristeza, na mesma semana que o dono. Essa manhã o pão não chega mais à mesa do brasileiro: Morreu o padeiro Antônio Carlos da Silva que ontem, (quem acredita?) vivinho da silva, me pagou uma cerveja no bar do Lauro. Ele, que passou fome no Rio de Janeiro e hoje levava boa vida como padeiro de padaria. Morreu o padeiro. Chorai, bairro! Chorai, viúvas desse pobre namoradeiro! Ninguém mais come pão desse padeiro que morreu como um cão morre de tristeza, na mesma semana que o dono.

JOÃO DINATO Contagem - MG facebook.com/cadeRnodeHumor


Zero. Intensidade zero. Três da manhã. Um grau. O frio é polar, vem de onde? Da Antártida. Da Groenlândia. Onde fica a Groenlândia? De quem é a Groenlândia? O que fizeram dela? Somos uma espécie de Groenlândia. Uma semi-terra, inseminação, sem quase ninguém, possuídos por outros, esquecidos, gelados. Mas só nesta noite. De frio polar. Nesta noite, nos mexemos sob cobertores e edredons. Com aquelas calças gostosas de moletom. Que sorte temos, não é mesmo? Barriga cheia, cabeça feita. O mundo repleto de suas forças. Suas placas tectônicas, seus icebergs, florestas. Às vezes sinto tudo isso no peito. Ora como um aperto, ora como um impulso. Os japoneses adoram caçar atuns, devoram toneladas de atuns, enfrentam o mar revolto para ter isso, com aqueles arpões estilosos. Devoram atuns. São atuns né? Enfim, trago arpões no peito, mas faço massa com atum enlatado.

Victor C. De Freitas Instagram@vic_cfs


arte: Sannio


O menino dos torrones A infância do menino dos torrones Não tem brincadeira Na pandemia, não foi à escola Ficou sem recreio, sem jogo de bola O estômago roncador, denuncia A falta de merenda e de tudo Pernas franzinas correm doídas Entre carros estressados O tempo-criança escorre voraz Nas sinaleiras e esquinas Torrone aí tia? Preto, brasino, ligeiro Vida difícil, cheia de violências Escancarando a exploração Emoldurando dramas desumanos Desigualdades, exclusão Indiferença, invisibilidade Na rua sobrevivência Ao voltar para casa, não há água A comida e o banho, só outro dia Amanhece e segue a realidade Outros meninos, como ele Às pencas gritam em jargão O torrone está em promoção E o tripalium vai matando A infância nada doce A ancestralidade do menino Chora, compulsivamente, com ele A luta dos que se importam, segue

Magalhe Oliveira Porto Alegre - RS magalheoliveira3@gmail.com


Escrevo para náufragos Meu verso Cifrado De esperança Vã Criptografada A mensagem Dos olhos tolos Bêbados Do inalcançável Horizonte Escrevo para andarilhos Que se furtam Dos trilhos Do caminho habitual Que não se conformam Com a sina Para os que desconstroem O castelo de cartas Marcadas Sem blefe Sem amarras Sem ponto Sem final Minha escrita Marginal É para os que Têm sede.

Manuela Lopes Dipp Porto Alegre - RS instagram@manueladipp


Sujeito oculto O problema são as conjunções desconjuntadas As interjeições rejeitadas Os adjetivos desajeitados Os substantivos sem substância As relações de deselegância entre as palavras. É preciso superar o superlativo: O absoluto sintético E o analítico. Achar o verso Entre o verbo epilético E o pronome sifilítico. Falta definir o artigo inoxidável O numeral incontável, impagável. Resta procurar o objeto direto Situar o particípio passado E o pretérito mais-que-perfeito Desvendar a rima Desnudar a palavra Encontrar o predicado E revelar o sujeito.

Victor Colonna Rio de Janeiro - RJ


Intempestiva Exaltar-te na Arte. Onde no estandarte não garante pedestal. Desça ao chão. Sinta a terra fértil em teu pulso. No coração abriga uma canção. Fique de pé e sustenta o oco da vida. Não crie expectativas. Tampouco o futuro é certo. O passado é ancestral. O delírio é saber que isso não vai dar ao fim. A ira é dar provas da luta e resistência. Sem resultado e sem garantia. O eterno não sustenta no tempo. O instante não tem duração. A dúvida é o começo da incerteza. Certeza não faz crença. Fé é dom de viver. Quem vive não quer sobreviver.

Lianto segreto Costa Verde - RJ instagram@liantosegreto


Ode aos poetas do Vale Imortalizei meus versos Nas páginas dos livros E Poeta do Vale me tornei E assim caminhei Pelo Poetas do Vale VII VIII XI X Pois a poesia é minha vida Poeta do Vale eu sou Por toda a eternidade Camila Rosa Matos Cachoeira do Sul - RS


Levante Feminista Contra o Feminicídio, integrado pela Themis e Promotoras Legais Populares (PLPs). acesse: http://themis.org.br/

Teaser da Escola de Hip Hop itinerante do Alvo Cultural. acesse: www.alvocultural.com/ edição de vídeo: @matheus.100p/ especial agradecimento à Jeferson Fidelix

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