Amarelou - 11ªed. da Revista Escriba

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11ª Edição l Amarelou

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R evista E scriba

A mareloU 11ª Edição

P ro d u ç ã o

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Alexandre Cotta Alice Medeiros Camila Rosa Matos Careca BecoRS Cátia Castilho Simon Cesar Augusto de Carvalho Cristina Martim Branco Dagui Roswita Denise Malisk Diego Petrarca Diva Helena Edison Botelho Elias Ficavontade Gerson Nagel Isabel Furini JBMN Jean Pico Jéssica Iancoski João Salvador Júlio Alves Leandro Angonese Leonardo de Oliveira Lilian Rocha Lota Moncada Malu Baumgarten Manuela Lopes Dipp Márcia Maranhão de Conti Maria Alice Bragança Marlene Iserhard Nagel Mauro Ulrich Noélia Ribeiro Paulo Jorge Riss da Silva Paulo Rodrigo Ohar Renato de Mattos Motta Truck Tumleh Victor Colonna Zaira Cantarelli Porto Alegre / RS 2021


“Amarelou mangou de mim Não vai ficar de graça E dentro desta caixa Um corpo indigente Um corpo que não fala Um corpo que não sente Amarelô” — Otto, Amarelo Manga (em “Sem Gravidade”)


Floresceu Antes

BATALHAR

Floresceu antes de vez enquanto murmurava canções de tempos amanhecidos escandalosamente quentes

sobre o papel de seda os sonhos desfigurados adquirem novos contornos

As pétalas ainda comovem intenções sobrevoam corpo ostentando primaveras em nós

Cris MB. Porto Alegre - RS facebook.com/cristinamartimbranco

se as fadas jogam as asas transformam-se em gafanhotos - seres que rejeitam o mutismo seres com alma de musgo capazes de enfrentar a mutilação psicológica passa o tempo... as fadas tecem novas asas criam conexões espirituais e batalham para mudar o mundo.

Isabel Furini Curitiba - PR isabelfurini.blogspot.com


ROLOS DE PAPEL FILME

RODA VIVA

como ybá secando longe do pé

Eu repito o poema E é sempre outro poema.

dedos esticados pela ganância branca formam uma linha do polegar ao mundinho

Eu reescrevo o poema E o poema sempre me apaga.

movimentos de pinça roubam a tangerina tentando extrair a seiva interina sem que saibam robôs descascam o firmamento frutos envoltos em etileno enrolam horizontes em rolos de papel filme

Jéssica Iancoski Curitiba - PR instagram.com/euiancoski

Eu releio o poema E sou sempre outro.

Eu enlouqueço E é sempre de novo. Eu envelheço o poema E o poema sempre avinagra. Eu bebo E o poema anda em círculos. Eu amo o poema E o poema não tem vínculos. Eu me perco E o poema me acha. Eu termino o poema E estou sempre no rascunho. O poema nunca termina. Eu é que me acabo.

Victor Colonna Rio de Janeiro - RJ instagram.com/colonnavictor/


BELEZA NEGRA

SEMENTES No solo Da Pátria mãe Lágrimas de chuva Molham o nosso passado Colonialista, escravocrata Sementes brotam Não querem ser sufocadas Lutam contra os espinhos Da ignorância, do preconceito Crescem à margem Do centro Porém cada vez mais Se fortalecem No sol da esperança No ubuntu Do olhar da criança Arbusto, árvore Com frutos Renascem.

Eliasficavontade Porto Alegre - RS instagram.com/eliasficavontade

Lilian Rocha Porto Alegre - RS Instagram/@lilikamarques24


O erotismo não é problema seu Aurora Aurora da minha vida em prantos o céu desaba eu ontem em recaída Casa bagunçada uma tormenta danada persiana estragada Natureza morta pinta o céu de cores negras sombrinhas

Gerson Nagel Porto Alegre - RS instagram.com/gerson_ngl/

Erótico Encarnado Erotismo Viciado Carnal Carne Canibal Não me coma Ar Transar Transtorno Transe Corpo Amor Sexual Sensual Livrai-nos do mal

Deni Maliska Porto Alegre - RS instagram.com/denimaliska/


A PARTE Tem a parte do alto, tem a parte de baixo. Sou a parte do meio. A parte que parte, a parte que divide. Sou a parte que some. A parte que é vento, o vento que apaga, o vento que se alastra. Sou o vento que aquece. A palavra que forma e que deforma, a atitude que se contempla e se dilui. Sou o ponto e pronto. Às vezes até dois pontos, atravesso o travessão, dobro antes da vírgula, admiro a reflexão das reticências. Fujo dos colchetes e parênteses e sigo protegido pelas aspas. Sou um tanto barulho... Sou todo silêncio. Truck Tumleh Niterói - RJ www.kurt.com.br

Nem que seja Nem que seja... Na solidão, peço um verso Um simples vaso de flor Nem que seja um caco Peço um manto de sonho Um tecido de ilusão Nem que seja um trapo Peço uma linha de poesia Uma quadrinha de você Nem que seja um traço Edison Botelho Santa Cruz do Sul - RS edisonbsj@gmail.com


Viva a poesia da hora braba Salve a poesia que transborda da gente na hora braba quando o ar empestado não alimenta e a chuva carrega em suas águas o veneno das horas mal vividas e nos lava e nos lava no lodo sujo da indiferença. Salve salve poesia da triste hora se ao poeta nada resta além da falta Gritam as multidões aglomeradas sem amor um grito rouco e orgíaco e sem fundo não há mais fim não há mais meio não há nem havemos de encontrar o chão que se move sempre mais inferno daquilo que nos falta

Chamávamos humanidade dizíamos humano, humanizávamos como fosse este “ser” humano algo bom! Viva a poesia! Viva a poesia da hora braba! Que venha nos redimir que nos salve desta humanidade pobre desta condição não-animal que nos reduz que nos torne em lavada chuva, aerado ar, claro barro, bicho limpo!

Malu Baumgarten Toronto - Canadá urubuquaqua.com


Releituras de Tarsila Rodei por paisagens e paixões Rodei por paisagens e paixões Por florestas e ilusões Em curvas traçadas Em viagens passadas Em imagens aladas Rodei por bosques e sagas Crônicas apócrifas As vezes esquecidas, escondidas Outrora relembradas Em papeis de seda E fumos de rolos Rodei por linhas abstratas Por estradas inatas Por caminhos em parábolas Infinitos em dízimas periódicas Exponencias com nossos sonhos JBMN Porto Alegre - RS facebook.com/JnNetoContosEPoesias Marlene Iserhard Nagel Porto Alegre - RS facebook.com/marlene.iserhardnagel


O medo valsa em minha vida O medo valsa em minha vida, o vento traz uma canção macabra ou sacra, depende do som que ecoa no meu coração. O medo valsa em minha vida, entoo uma canção Sou Cigarra suavizando as dores da estação. O medo valsa em minha vida, minhas lágrimas são canções. O som da chuva é música clássica, bailo com a tempestade que me arrebata. O medo valsa em minha vida danço com os estrondos que ribombam em minha alma. Que som tem o tempo? Eternidade ou lamento? Céu estrelado, névoa densa meu coração é como uma tribo indígena dançando pedindo bênçãos.

Diva Helena Muriaé - MG dhelenamf@gmail.com

caça eu me espero do outro lado me olho e me indago por que não vens? eu me respondo não sei não tenho as rédeas do vento é ele quem me leva para fora para longe eu me olho vagamente também não entendo a resposta nem a pergunta que faço essa conversa obtusa esse atroar do nada eu me viro de costas para os meus olhos para que tanto afã? melhor eu me deixar um pouco melhor eu me dar um tempo eu me aguardo do mesmo lado esse vício me constrange. Márcia Maranhão De Conti Goiânia - GO instagram.com/marciadeconti/


A vingadora

Careca BecoRS Lisboa - Portugal rodrigomiranda.art@gmail.com


Pela janela do ônibus

DIGA NÃO

Pela janela do ônibus observo o dia, que me faz lembrar. Aquele calorzinho típico de primavera, a brisa leve, os pássaros a cantar. Um céu azul e limpo recorda o nosso início. Do frio na barriga ao te encontrar. Do perfume ao te abraçar. Detalhes que, me fizeram apaixonar. E nesse um ano sinto-me como no início, toda vez que te vejo lembro como é bom te amar.

Aproxima-te. Dissipa o pó abjeto que embaça a visão de teu corpo nu.

Alice Medeiros Cachoeira do Sul - RS instagram.com/alice_apenas/

Limpa essa areia do quarto que quero entrar descalça como tu. Sopra essa névoa de amargura. Emerge bem à altura do almejado gozo. Só por hoje. Só por hoje, aproxima-te de mim e sê meu vigoroso escravo do sim. Noélia Ribeiro Recife - PE instagram.com/noeliaribeiropoeta/


nirvana a iluminação assim vazia regurgitava a paz que eu não queria alegria de despejo carta de alforria alumiava aquela alma que ali já não havia a liberdade tao estranha outrossim sempre tardia exumava aquele corpo que inanimado ali jazia impugnando um olhar de esguelho enquanto sereno putrefazia nesse instante para sempre o infinito não te expia nem reconhece buda inquieto ou jesus da catatonia espirala ascendente extrapola a utopia uma estrela decadente multiversos em agonia

rorschach Santa Cruz do Sul - RS pjriss.silva@gmail.com


Loba ENSAIO SOBRE A PAIXÃO É sua felicidade refém de um sequestro consentido, e não querer pagar resgate

de uivos entendo já fui lacerada

É um acidente em alta velocidade entre sua fantasia e a realidade

mínimos decibéis eriçam dores antigas

É o desespero de desejar, o gozo do medo de dar errado, e perder o controle do incontrolável.

código morse cruzado no faro das iniciadas

João Salvador Pelotas - RS instagram.com/JSlavador/

reverbera ancestrais luas Cátia Castilho Simon Porto Alegre - RS catiasimon@gmail.com


A paz

Zen

agora é uma impossibilidade quântica Não há paz na matéria Não há paz na energia Não há paz nos pacifistas Não há paz nos templos Não há paz nas praças Não há paz nas mentes Não há paz nos corações de pais e de filhos Não há paz no gato, no cachorro e no passarinho Não há paz em canto algum desse mundo Não há. É uma impossibilidade quântica a paz agora

Hoje sim estou zen.

Manuela Lopes Dipp Porto Alegre - RS instagram.com/manueladipp

Não, sem. Sem saco sem paz sem tesão sem canto nem sequer me espanto da danação que desafina na contramão da minha sina. Lota Moncada Porto Alegre - RS facebook.com/lota.moncada


Efeito paisagem Meu deserto, minha duna, Minha culpa. Mares de pano preto, Meio fio inteiro de água que já não lava, O céu é lava, O chão é chuva. Sabe-se lá o que nos move, Pântano onírico, Areia movediça. Poça de medo Úmido Âmago Amargo Sonho vívido. Mimetizada paisagem Alagada De espelhos falhos, Faróis de carros, Orbes Cidades E signos: Somos peixes, Em aquários Frágeis E delicados Cavalos marinhos.

Leonardo de Oliveira Porto Alegre - RS instagram/leonardodeoliveira.o2


MEU ENTARDECER

Ócio Poético

No vespertino da vida quero escrever versos luminosos que se refletem em várias direções como luz estilhaçada

eu gosto das possibilidades que a poesia me proporciona além de brincar com as palavras gosto da vadiagem da vagabundagem da viagem do ócio criativo ativo em meu pensamento na caça das palavras no encaixe das rimas fico perdida em mim fico assim horas e horas procurando a perfeição em forma de poesia

Quero reproduzir sentimento com um sofisticado manejo de palavras para que a poesia possa filosofar com seus mistérios. Que seja um gesto salvífico libertador. Zaira Cantarelli Tapes - RS

Camila Rosa Matos Cachoeira do Sul - RS


desconectado desconectado das redes sociais cibernéticas tecnologias virtuais sou um fantasma vagando num mundo de humanos que já nascem conectados vem com chips acoplados em seus neurônios programados para operar nesta realidade

Alan Bari e a Turma do Guaíba

internet computadores são as novas divindades desconectado sou fantasma assombrado pelos conectados Paulo Rodrigo Ohar Porto Alegre - RS Jean Pico Porto Alegre - RS alanbarieaturmadoguaiba.com.br


MAIO A praia nas manhãs de verão A praia nas manhãs de verão; fechar os olhos e mergulhar na mornidão das conchas, vozes e ondas, os pés se enterrando na areia, e o vento trazendo o cheiro ancestral e generoso. Tudo é tanto à beira mar. Dagui Roswita Novo Hamburgo - RS

Noite de outono. Chove. Relâmpagos e trovões são sirenes de ambulâncias. É mais frio lá fora. Lágrimas transbordam por quase 500 mil mortes. Chove. Quantos minutos de silêncio e luto? Uns oito anos? Chove. Choro. O medo espia comigo da janela. O medo espreita, como o vírus. Chove. Maria Alice Bragança Porto Alegre - RS alicelabirintos.blogspot.com


XEQUE Quando a vida ia me dar um xeque-mate, a gata pulou sobre o tabuleiro! Fez a maior bagunça! Saiu pela casa com o rei adversário transformado em joguete entre suas patas. Foi aí que me dei conta que a vida é um cheque em branco.

Renato de Mattos Motta Porto Alegre - RS facebook.com/renato.mattos.motta

Soltei fogos Soltei fogos Sem motivo algum, Sem nada a comemorar Sorri falsamente Meu beijo tem gosto de traição Apostei em números errados Ilegíveis são as linhas de minhas mãos Ninguém consigo amar Se de fato Deus criou o homem do barro qual foi a parte que coube ao diabo? Não! Não quero ouvir o que tens para me dizer Estou farto de desculpas, teorias sem fundamento Respeite meu luto, meu momento Deixe-me só Leandro Angonese Caxias do Sul - RS ateu.poeta@gmail.com


Vovó A velhinha se curvou e um ossinho da coluna fez crec, crac, crou. A velhinha tão magrinha pesa menos que uma pluma. A velhinha tão magrinha que sozinha não dá uma. A velhinha se curvou e nunca mais voltou. Mauro Ulrich Santa Cruz do Sul/ RS facebook.com/mauro.ulrich.5

poesia de outdoor passou... Cesar Augusto de Carvalho São Paulo - SP cacarvalho49@gmail.com

nuvens passando

os anjos estão desenhando

Alexandre Cotta Riotinto - PB cottaalexandre77@gmail.com


Júlio Alves Porto Alegre - RS facebook.com/julio.alves.353

Tela amarela Tela amarela mais de um sol dentro dela Mulher de biquíni mais que o sorriso brilha o umbigo Nublada tarde gotas deslizam sobre a folhagem Diego Petrarca Porto Alegre - RS


O Escriba Cesar Augusto de Carvalho, integrante da 11ª edição, nos brinda com o vídeo “Celebração”.

Tiro de Letras Ed.

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