Revista Escriba 8ª ed. – “O Amor em Tempos de Pandemia”

8ª Edição

Revista Escriba Uma antologia poética

O Amor em Tempos de Pandemia Produção

Tiro de Letras Editora Capa Annacris andrades

Anabela Pedroso Ana Beise Ana dos Santos Adrian’dos Delima Benette Bacellar Cláudia Gonçalves Dariely Gonçalves Duda Fortuna Edison Botelho Edgardo Néstor Brites Fábio Amaro Geraldo Carvalho Gerson Nagel Hamilton Alex Jessica Kauana de Bastos Júlio Alves Leandro Angonese Léo Cruz Léris Seitenfus Lilian Rocha Manuela Lopes Dipp Maria Ottilia Rodrigues Mauro Ulrich Nina Vargas Paulo Jorge Riss da Silva Paulo Rodrigo Ohar Ricardo Mainieri Rudi Renato Jr. Selma Nanci Feltrin Sérgio Canarim Sannio Rosa Porto Alegre / RS 2020

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é muito claro amor bateu para ficar nesta varanda descoberta a anoitecer sobre a cidade em construção sobre a pequena constrição no teu peito angústia de felicidade luzes de automóveis riscando o tempo canteiros de obras em repouso recuo súbito da trama Ana Cristina Cesar poeta

Por Edison Botelho Me toca Além dos caminhos das ruas Através dos muros e paredes Além desta verdade crua Me toca Por favor, vem e me toca Sem sair do longínquo lugar Aonde você sem entoca Me toca Com a leveza de um sabiá Que bem te vi bem aqui Em meu peito a pulsar Me toca E me leva, me leva e me leva Além dessa insana quarentena Além do amargor que nos entreva Me toca E troca tudo isto por um dia de sol Por uma linda manhã, ou uma tarde Ou pela delicadeza de um arrebol Me toca Simplesmente me toca em sorriso Em pensamento e sentimento Pois é só isso que eu preciso

Por Ricardo Mainieri

Úmida quarentena

Noite de chuva. Pingos tamborilavam no telhado. Uma arrastada quarentena submetia às pessoas ao isolamento. Até os fantasmas andavam sumidos. Apenas os cachorros e gatos saíam às ruas. Tempos ásperos de COVID-19.

Vanda e Roberto eram um casal de poetas. Já haviam assistido a todos os filmes na Netflix. Visto as últimas notícias. Relido diversos livros empilhados ao lado da cama.

Em meio a noite tediosa, Roberto lembrou-se que não faziam amor há mais de um ano. Começou, lentamente, a acariciar a mulher. Logo, passaram para os beijos ardentes e Roberto convenceu Vanda. Ato contínuo iniciou-se o doce combate.

No auge do ato, Vanda sentindo aproximar-se o orgasmo gritou: - Querido, me inunda com teu amor.

Roberto abriu a janela.

Por Benette Bacellar em meio a pandemia crio algo novo com palavras macias que tornem um momento de amor inspirador ligeiro, que é sem demora vem logo me ouvir hora de dizer coisas não ditas coisas guardadas escondidas então não me despedace pois reinvento meu viver renasço em outro lugar enquanto digo estas coisas alguns silenciam, espantados pensam nas próprias vidas questionam-se em covardia admirados com tal ousadia em meio a pandemia passo os dias em agonia em meus olhos está escrito dando noção do infinito te achei, não quero ir embora entretanto, paro e penso no horizonte a liberdade que amo se reforça num côncavo arco feito flecha atirada aos céus vai, pode ir, meu amor moras na poesia em plena quarentena e na arte dos meus dias

Por Edgardo Néstor Brites Para minhas ferramentas Há algo que vai além de mim.

Minhas outras partes, meu outro corpo.

Meus braços ferramentas desaparafusando etapas, ajustando porcas com mãos de chave inglesa.

Detector de tensão de minhas fases vivas.

Soldar-te, aquecer-te Medir-te com meu testador, testar-te.

Oh! Manômetro de meus gases.

Minhas chaves de fenda em teus parafusos de aço.

Uns metais, cobres.

Giram teus motores, acendo tuas luzes.

Desencapador de minhas junções te conectando.

Despindo tua máquina!!!

Minhas ferramentas todas!!!

Extensões minhas em ferro, plástico, borracha.

Minhas outras partes, meu outro corpo.

Por Rudi Renato Jr. Mas e se a poesia incendiária nas mentes paranóicas que se amam?

O cânone inventado/suprimido/metamorfoseado A HIPÓTESE APÓCRIFA DAS BORBOLETAS TRANSCENDENTAIS atravessam as horas do espírito magro Acompanham as bololíneas do amor como uma coisa a ser #maloseada Duas sopas - SINGING INTO THE MICROPHONE - of madness

Esta festa $ a que vamos

Esta dor a que solupamos

Esta triste história que narroamos (são penas ~ flu tuan do ~ num mar de absinto) As escolas as igrejas & os palácios pisam nos verbos deitados sobre a montanha de coisas verdes

Nada disso nada feito de nada

Nada a que nos propomos

Nada nada nada Nada passa de uma hipótese de dentro da tua mensata

A mente do vagabundo alimenta o dia As quadras poliesportivas os almoços as almôndegas

Tudo!

Absolutamente tudo! + o amor & suas escamas

não passam de uma gripe uma doença

um vírus que mata

Por Sérgio Canarim O amor em tempos de Quarentena Enclausurados esquecemos o amor O medo domina o ser a morte espreita a porta Sussurros alcançam os ouvidos

o coração acelera

o peito aperta

a cabeça formiga

a realidade some Medo medo medo a morte entrou no claustro Respiro fundo o coração retumba Silêncio! Quem sou eu?

Eu sou o vazio O vazio anima todas as coisas O vazio é o todo e de tudo o amor brota infinito Infinito, derrama na clausura infinito, transborda em meu peito lambuza os meus braços cai no meu ventre inunda o meu sexo Os olhos embotados em lágrimas percebem o coração assustado Essa carne que pulsa Essa nascente de mel, de vida Essa nascente do infinito amor

Por Gerson Nagel Enquanto uns se sentem em prisão domiciliar Eis-me aqui, o astronauta tupi or not tupi Vestido à caráter ao baile de máscaras Rumo ao lado oculto da nua sala Adentro o refrão que ensaias Alguns passos lunáticos Sufocada por estar Nesse ambiente De Sol nascer De vitamina D Pura falta de jazz Colorido blue eyes Treze lances de escadas Através Subir & descer Da vida sem se cansar: – Canto além de você!

O bravo é envelhecer Quando (não) se é prisioneiro Por ad–mirar, antever Perante o espelho Quem é você?

Aquele que vês Louro, alto, tônus, tez Ofegante, a que tudo abocanha?

Não ia te dizer. Por aí vai.

Por Ana dos Santos Amor, essa palavra fora de moda, há tempos... pessoas trocam de amores como quem troca de roupa...

O amor não está na moda, definitivamente.

O mundo digital não é o mundo real.

A internet é líquida e o amor é concreto.

O sexo é virtual, mas, melhor com o toque na pele, o cheiro, o sabor...

Distâncias são relativas, o amor já viajou por cartas, telegramas, e não encontrou um coração dentro de um quarto.

O beijo, pra acontecer, precisa do outro.

O sexo já foi feito por telefone, por imagens, por vídeos.

“Manda nudes!”, mas não te iludes!

Dormir de conchinha precisa de outro corpo.

O amor próprio é perfeito, eu aceito meus defeitos.

Amei e fui amada, não espero menos do que o outro presente na minha frente.

Olho no olho, dar e receber as mãos, os beijos, o prazer.

O amor veste perfeitamente um corpo nu!

Por Paulo Rodrigo Ohar Páscoa na pandemia festa religiosa que comemora a ressurreição em tempos de desilusão e de um inimigo que não vemos mas tira vidas e nessas idas sem volta a morte é um trote fatal de tal sorte que não há ressurreição, nem remissão só na distância e no isolamento (lamento irmão) sobreviveremos para juntos mais tarde depois de uma reflexão solitária percebemos quanto nos faz falta nos unirmos novamente nos abraçando e chorando junto com a mãe Terra e pensando naqueles que não ressuscitaram mas deixaram uma saudade bem viva

Por Jessica Kauana de Bastos Sistematicamente ao pensar sobre as coisas absurdas que acontecem num mundo cheio de patologias e utopias tento a fuga desses delírios me esvarindo na poesia... alguns acham loucura a arte de criar algum sentido na indiferença dessa realidade vazia da atualíssima modernidade líquida... mas a partir de agora só me surpreendo com gestos loucos de expressões ao amor aqueles rara’mentes verdadeiros...

Por Lilian Rocha Canção Nosso primeiro encontro Foi no estacionamento Cruzamos olhares No segundo dia Um tímido Boa noite!

Blocos diferentes...

Não te vi mais.

Na sacada Procurava o teu olhar Não via Não escutava Não sentia Sábado à noite Escutei sons pela janela Era Nora Jones Meu coração palpitou O som tinha o brilho Do teu olhar O vibrato Dos nossos corações Amei cada canção E sei que cantamos juntos A nossa paixão Sem olhares Sem falas Só a presença distante Da canção.

Por Ana Beise

Por Paulo Jorge Riss da Silva Gárgula no início era um nojo uma vergonha dum mal-estar então se torna patente sobretudo evidente em qualquer lugar ainda que tente evitar imanente miasma vulgar miserável fracassa balbuciando entressílabos babas pedestres infâmias inertes podres blasfêmias jazendo potentes sob um mortiço luar lenço encharcado arfante inóspito gorgolejar

Por Geraldo Carvalho O smart-amor na pandemia do phone Hoje aconteceu algo inesperado, meu smartphone estragou, e em

meio a pandemia, para não ficar incomunicável, retirei o chip e recoloquei-o em um velho celular. Velho celular, de velhos tempos, de bons e felizes momentos, repletos de dificuldades, mas de esperança e amor.

Amor que não iniciou e não terminou durante a pandemia, antes fosse, pois, breve seria a minha angustia e agonia. Amores não acabam, continuam adormecidos, até que um dia acontece o que é tão temido, ou esperado, voltam como sussurros aos ouvidos, invadem o coração, revivem a paixão.

Te encontrei por acaso, nem por isso criei caso, simplesmente me apaixonei. Fomos tudo o que sempre quis, me acomodei, eu sei, já era o suficiente feliz. A vida continuou, os sonhos mudaram, as prioridades também.

Crescemos juntos, agora cada um precisa o seu espaço, e por mais que eu tente, não éramos mais felizes como antes, descobrimos de repente, infelizmente.

Quis o destino, pra meu desatino, nessa pandemia, relembrar de você.

O que posso fazer? Resta relembrar dos momentos bons, várias cores, muitos tons, muitos sabores, e até temores de como seria, se algum dia você não mais me amasse.

As lembranças ainda são pungentes, mesmo que se queira esquivar, a mente parece que tenta uma peça pregar, não há como apagar, ocultar. Maldita lembrança, maldita pandemia, maldito celular.

E essa minha mania de amar? Tem como aguentar? O jeito é deixar a saudade se dissipar, a pandemia passar, o smartphone funcionar. Então, vamos ver o que irá sobrar, se só a lembrança, nostalgia... ou quiçá... você pra amar.

Por Leandro Angonese Amor nos tempos de pandemia Amor, estranho amor Por quem?

Pelo homem?

Pela economia?

Amor, estranho amor Morrer e ressuscitar mil vezes se preciso for Deus! A economia não pode parar Descalços, flagelados Sem teto, sem pão Órfãos do estado Largados a própria sorte Fodidos e fodedores Bebendo para esquecer a morte Líderes ensandecidos Senhores da vida e da morte Lunáticos seguidores Navegantes de Nau a deriva Em meio a tormenta Elegeram por Deus o dinheiro E o pobre moeda de troca Enquanto o cavaleiro sorridente Entoa aos quatro cantos da terra Seu canto trágico da morte.

Por Mauro Ulrich Vírus 19 O inimigo invisível está na maçaneta da porta, na fresta da janela, no saco plástico que envolve o jornal, na folha da folhagem, na horta, na sola da sandália, na fivela, está em mim, em ti, em todos os nós.

O inimigo invisível está nele e também está nela.

O inimigo invisível te espera na fila do SUS, no carrinho do supermercado, no corrimão do ônibus, sem data ou horário marcado; na dobra do cotovelo, nos caninos do teu cão e até no pelo.

O inimigo invisível não grita, não geme, não se espanta; tu sente a febre, a dor, o corpo apodrecendo, a faca na garganta.

O inimigo invisível te almoça, se farta, vomita, te cospe e depois também te janta.

Por Duda Fortuna Sobre estar só, mas nunca estar sozinho nem um segundinho tantos amores e ideias para ajudar se reconhecem se reconectam se relacionam bem no fundinho do finalzinho da inspiração E o que sentes ? Conta pra gente lança no mundo que se transformou fez a roda girar e do vira virou o sentido pra compartilhar o amor é a resposta o amor nas coisas simples da vida o amor um jardim que cuidamos no dia dia Sobre estar só, mas não estar sozinho nem um momentinho sobre se amar e não se afogar nesse mar tantos dilemas e falsos problemas que se percam daqui lá no fininho do vaziozinho da expiração

Por Júlio Alves meu verso torto anseia ter a mesma manhã da perna torta de Mané gingar pra lá e pra cá e tá lá o João no chão o dito do escrito deseja ser como um grito agudo de tantas Elzas deslumbrantes vindas lá do planeta fome

é este texto ainda encontra eco na discrepância o lado de cá dentro do universo da exclusão é tão cheio de diversidades que a caretice do lado São não suporta a assepsia e vem dar uma chafurdadinha na lama. afinal é tão gostoso. depois toma um grande banho com sabonete antibacteriano e passa lencinhos umedecidos vindos de Paris. lindos. a vespa verde picou a ponta da língua do palhaço que recitava poesia erótica nunca vi um verbo tão inchado tinha uma picadura envenenada no rabo bem afiada pra afundar na carne do incauto nauseabundo pansexual em pandemia se roça num roçado de macaxeira mas ama mesmo o jerimum

Por Maria Ottilia Rodrigues Quarentena Na cama Com lençóis brancos E minha alma branca Choro um choro desconsolado Fumo um cigarro Dois Três Lembro dos nossos cigarros Compartilhados na boêmia Em que viver era apenas respirar E acordar no outro dia Sem paradeiro Sentir o ar entrando nas narinas Que se criaram no ventre da nossa mãe Choro meu choro amargo Tremo-me a cada poema feito Pois o que me resta são palavras Escritas em um papel molhado Com uma letra borrada Do meu tremer Do nosso tremer Do vosso tremer Desesperados pela ânsia De amar como criança Não respiramos mais, meu amor Somos fruto do dia a dia Do viver na melancolia Do não viver.

Por Selma Nanci Feltrin Acreditar, é preciso

Nosso sonho maior para o mundo, agora, é conseguirmos que essa pandemia se dissipe, vá embora. E que possamos conquistar, a cada dia, o mais íntimo dos nossos desejos de paz mundial, fraternidade entre as nações e muita harmonia.

E àqueles seres que aqui não conseguem viver com equilíbrio, possam ser auxiliados a criarem seus espaços de vida ideal em seus dias, se autoconhecerem melhor, banir de si mesmos os constantes estados de de desarmonia, para que tudo se reequilibre no Planeta com mais energia.

E a presença da Covid – 19, que nos iguala a todos deste vasto mundo sem nenhuma distinção e sem facultar a nenhum potentado, governo ou potência o direito de modificar o poder destrutivo de sua essência, possa-nos educar o egoísmo e exercitar a caridade moral, mantermo-nos mais confiantes de que há algo maior além desse Planeta. Afinal, nem precisamos de mais evidência, mas necessitamos de menos arrogância e mais esperança, e de acreditar no progresso do espírito, para expandir mais os conhecimentos da Ciência.

Por Dariely Gonçalves

Adapte-se!

Vivemos tempos de conflito ético explícito. De um lado, a preservação da saúde e da vida e a necessidade de distanciamento social para conter-se a transmissão da doença, bem como para que um número menor de pessoas adoeça simultaneamente, evitando-se, assim, que o sistema de saúde entre em colapso, antes mesmo de conseguir organizar-se.

De outro, temos a preservação da saúde da economia e, consequen temente, a preservação dos meios de subsistência de todos nós, “o pão nosso de cada dia” de cidadãos, patrões, empregados, empresas, autônomos, profissionais liberais, informais; evitando-se, assim, o desemprego, o desabastecimento de produtos essenciais, falências, insolvências, fome.

Mas, para além das questões ligadas à ética, esbarramos, também, em outras tantas demandas que estão a nos desafiar diariamente, como o medo, as dúvidas, a insegurança, as incertezas e as preocupações fruto dessa nefasta moléstia, cujo tratamento, medidas, cura, prevenção, entre outros aspectos ainda são desconhecidos ou incertos.

Da mesma forma, e como se os ânimos já não estivessem suficientemente alterados, precisamos lidar com a abrupta mudança de nossas rotinas, já estabelecidas, consolidadas; com a interrupção ou adiamento de sonhos, projetos e objetivos, forçando-nos a suportar esta intolerável situação.

Além disso, precisamos encontrar meios de manter a serenidade, o equilíbrio, a calma e a paciência, diante de uma solidão forçada pelo afastamento de amores, famílias e amigos, ou, ao contrário, pelo convívio intenso e ininterrupto, o que não invariavelmente, apesar de todo o afeto envolvido, não é fácil de enfrentar, já que “de perto, ninguém é normal”.

Não menos angustiante, as polarizações, discussões, controvérsias e atritos gerados por entendimentos distintos, mal entendidos, disputas políticas ou puro desconhecimento e ignorância, assim como, a ansiedade gerada pelo bombardeio de informações alarmantes, contraditórias e conspiratórias que, na verdade, retratam, unicamente, que não há certeza sobre nada e as convicções ainda estão sendo construídas.

Necessário, se faz entendermos que “não é o mais forte que sobrevive, nem

o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”. Leon Megginson, sobre a “Origem das Espécies”, de Charles Darwin que afirmou: “os organismos mais adaptadosaomeiotêmmaischancesdesobrevivência,doqueosmenosadaptados”.

Então, adapte-se!

Por Adrian’dos Delima

Quarentena ou verão do amor Trancafiados em casa com o gato Quase Adão e Eva no Paraíso O tempo todo estamos Dois humanos e os animais Como sempre brigam um pouco casais De aposentados por muito convívio Há os pais Já não aguentam o viver com suas crias Preferem elas malcriadas na escola Juntinhas Sob controle com os professores Aulas à distância? Não e não Ainda bem que o sistema público De ensino não suporta isso Melhor estarem todos Expostos ao leva e traz do vírus Diz a prefeita da mortífera Barcelona

Aqui bem perto Uma comunidadezinha De uma família Quase hippye Grande passa o tempo Em paz e amor no ilhamento Mirem-se no seu exemplo Mulheres de Atenas Há como essa comunidades Em que as pessoas não podem Ficar sozinhas e juntas vão estar No risco e na solidariedade

Se há vários mais que se unem O que dizer que se espera De dois ou três ou mesmo cinco dez Contando com dois ou três ou quatro Humanos com os cães e os gatos

Por Fábio Amaro Pandemia No império dos micróbios, vírus e bactérias bailam alheios aos olhos, nas pontas dos dedos, nas palmas das mãos.

Vivem na multidão ou no interlocutor que lança perdigotos por aspersão.

Como bobos de caras atônitas, lemos livros, dormimos comprido, e esboçamos crônicas nas inconstâncias da memória.

A história passará, talvez trágica, não há mágica nem messias, só um derramado de alegrias que não podemos sorver de roldão.

Muitos terminarão debaixo do chão, outros mudarão consciências, a essência do sujeito é o condão com sugestão para mudá-lo.

O amor é o machado, a doença é o medo, a compaixão, a conquista.

Não há segredos, só picaretas e egoístas, ao que me pergunto: não estamos, afinal, todos juntos?

Por Hamilton Alex “Fodas empatadas & pandemia”

Há diferentes formas de amor/amar, na PANDEMIA, há o presida e o amor cego ao CARGO, que desemboca nos que amam o sistema que mantém uma minoria de ricos NA MELHOR e FODE o resto da geral.

Os cowboys sopram seu berrante tocando sua boiada pra rua pra que eles sensibilizem A CARNE MAIS BARATA DO MERCADO, pra que joguem a roleta-russa do vírus letal. Algo como usar o Corona como arma biológica de massa de combate à pobreza (exterminando-a).

Mas aí feita essa análise conjuntural de BOTEQUIM, algumas palavrinhas para a microfísica desapoderada deste cronista despigmentado-falogenitalista(?), MAS S/ LUGAR DE FALO, OPS, DE FALA (haja vista os bares estarem fechados!).

O destemperado presidente prega a TROCAÇÃO PURA DE GOLPES com o COVID-19, se tivesse lido o Quijote saberia da diferença entre a CORAGEM e a TEMERIDADE, mas esse não leu nem sequer O Doce Veneno do Escorpião, de Surfistinha, Bruna.

Assim fico eu com amor-próprio um homenzarrão pau d’agua, barbudo e graxudo criando brincadeiras divertidas com o meu filhinho de 11 meses, trancados em casa.

Aí quando esse fim-de-mundo passar, os historiadores chamem o período do das FODAS EMPATADAS, comigo acontece de modo PITORESCO: meu garotinho acordando e se negando a ir dormir em sua cama, enquanto minha garota e eu, damos risada maníacas porque estávamos com um tesão dos diabos pra trepar, bela cena para um comercial de banha de porco.

Por Léris Seitenfus Hoje amor Pande(mico) Amor em quarentena aprisionado no coração o poema só vai parar de sangrar se for solto no ar livre para o vôo de beijos que consagram todas as curas.

Por Léo Cruz Amor na quarentena quarentena, ninguém sai, cada um liga sua antena e ama por wi-fi.

Por Sannio Rosa

Por Nina Vargas Sobre isolamento A pandemia, a louça na pia, a monotonia, o que tem pra jantar?

A mosca na sopa, o teu cheiro na minha roupa, que saudade te abraçar.

A rua vazia, a cama metade fria, queria me teletransportar!

A quarentena, o isolamento, e a saudade, é outro sentimento, que só faz aumentar.

Mas vamos ficar em casa, meu bem, até tudo isso passar.

Não estar contigo, merda de solidão, mas enquanto não posso deitar no teu peito, meu abrigo, guarda-me em teu coração.

Por Manuela Lopes Dipp ...por mais que a estupidez grite a humanidade brada mais alto Estamos acostumados E vacinados Contra a hipocrisia Contra o descaso Contra o desprezo Contra o descalabro De quem não vê De quem não sente De quem existe, mas não vive Mas nós, poetas Com o coração maior do que a galáxia Temos compaixão dos pobres de empatia Temos pena dos pobres de propósitos Nós, poetas, Daremos alforria Aos subjugados pela matéria Aos condenados à superfície das coisas Nosso brado é mais alto E toda a humanidade cabe em nossas orações insubordinadas.

Por Anabela Pedroso

Podemos nos dedicar muito ao ser amado, à funções e profissão, à liberdade de gênero, ao respeito por nossos ancestrais, à diversidade cultural e à educação nossa e de outros, à igualdade econômica e muito mais, sempre haverá muito a ser feito e pensado.

Desejamos tantas transformações positivas ao mundo, mas dormimos mal, nos alimentamos mal, não nos damos tempo para o bom e fortalecedor lazer. Nossas constantes atenções e ações sobre tudo que existe fora se transformaram desculpas para não lembrarmos de nós mesmos. Isso nos tornou frágeis emocionalmente, mentalmente e fisicamente.

Porém, hoje, em tempos de quarentena e com mais tempo para revermos a vida e tudo o que fizemos dela e nela, talvez resulte em conta negativa e ao mesmo tempo em oportunidade para percebermos e melhorarmos o que estiver fora de lugar, fora de medida, fora da real intenção, fora de equilíbrio.

Estamos numa época tecnológica, mas a maioria de nós nem sabe respirar direito. Estamos com fartura de alimentos, mas menos saudáveis. A medicina avançou, mas os medicamentos nos adoecem mais do que curam.

Temos muito e não temos nada que realmente importe e nem a nós mesmos.

Estamos nos falsificando. As relações se ampliaram, mas perderam muito de seus valores e virtudes. Há desamor em toda a parte e em todos os setores em que se possa pensar. O resultado deste desamor está em nosso planeta, continente, país, cidade, rua, casa, família e relacionamentos e, em nosso corpo.

Queremos muito e tudo, mas não precisamos de tanto e nem de tudo.

Só necessitamos de um pouco de alimento puro, de um pouco de ar puro, de um pouco de amigos verdadeiros, de um pouco de amor e respeito por tudo o que há neste mundo. Há uma coisa que precisamos de muito: necessitamos desesperadamente de muito amor por nós mesmos. Seres sem amor por si não amam à mais nada e, como um ato de profundo desamor pela base da criação que é ele próprio, todo o resto pode deixar de ser bom e legítimo.

Estamos em tempos de amor possível na quarentena. Temos grande chance de nos reconciliarmos com a nossa própria vida, conhecendo e reconhecendo quem e o que somos e através disso nos reconciliamos com o nosso mundo.

Por Cláudia Gonçalves Do ermo __ há um vazio na história um vazio no bolso um vazio no ensino um vazio no falar __ há um vazio no ouvir um vazio no olhar um vazio no peito um vazio no andar __ há um vazio no sentir um vazio no encontro um vazio no abraço um vazio no deitar [há um vazio no amor] o vazio está cheio começo fim e meio

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