Edição e textos Débora Sander, Rafaela Pechansky e Tatiana Cruz
Colaboradoras Laura Viola e Sophia Maia
Designer Bruno Miguell Mesquita
Capa Luísa Zardo
Revisores Antônio Augusto e Liziane Kugland
Impressão Impressos Portão
Olá, tagger
Você já sentiu que era tarde demais para realizar um desejo? Aprender a falar um idioma, a dançar ou a tocar um instrumento, começar uma faculdade, fazer novos amigos, mudar de carreira, viver uma grande paixão? Por mais que a gente tente, não é fácil escapar do imperativo da juventude. Parece que todas as possibilidades mais empolgantes de uma vida se concentram na primeira metade dos nossos dias sobre a Terra. E depois, o quê?
Não importa que idade você tenha, a gente aposta que o livro deste mês vai mexer com a sua visão sobre o envelhecimento. No romance da autora portuguesa Filipa Fonseca Silva, você vai conhecer Helena, uma viúva de 79 anos que leva uma rotina aparentemente pacata entre o apartamento onde mora com o gato, encontros com velhas amigas e a convivência esporádica com os filhos e netos. Quando a casa dela pega fogo, seus familiares descobrem que a vida da protagonista é, na verdade, muito mais movimentada que a deles próprios — cheia de festas, aventuras sexuais e o frio na barriga de quem deseja e busca, verdadeiramente, sentir-se viva.
Se você e eu tivermos um pouco de sorte, ficaremos velhos. E, se tivermos desde já a lucidez de Helena, saberemos contemplar cada dia como uma nova oportunidade de encontrar prazer, do jeito que for. Convidamos você a exercitar esse olhar hoje mesmo, se perdendo nas páginas de um livro que é uma verdadeira ode à alegria de viver.
Boa leitura!
Experiência do mês
Seu livro além do livro: para ouvir, guardar, expandir, crescer.
“As pa l av ras s i g ni f i ca m mais do q ue o q ue es t á e
Mimo
Leitores são também colecionadores de citações. No mês da mulher, preparamos com carinho uma cápsula de inspiração literária através das palavras de escritoras gigantes. Para um ritual diário de reflexão, para conhecer novas autoras, para dedicar a alguém especial, atravessar angústias, arejar as ideias e contemplar o mundo sob múltiplos olhares.
Depois de terminar o livro, convidamos você a seguir pensando, sentindo e compartilhando o que bateu por aí a partir dessa leitura. No Papo de Livro, nosso podcast, tem sempre uma entrevista exclusiva para aprofundar a experiência pós-leitura!
" Filipa Fonseca escreve envelhecimento e a sexualidade feminina desconstruir tabus.
Público
Criada pela designer Luísa Zardo, a capa
ria ser diferente: vibrante e cheia de cor como a narrativa que ela guarda. Representada em uma pintura, Helena ganha os merecidos ares de musa que sua história inspira. Na luva, seu fiel companheiro felino Chopin passeia pela casa em chamas que dispara a sequência de revelações da trama.
Visite o app para saber mais sobre o livro e participar da comunidade.
Para entrar no clima desta narrativa ambientada na Lisboa dos dias atuais, dê o play na nossa seleção musical recheada de composições de artistas portugueses contemporâneos.
sumário
Por que ler este livro
Um espaço todo seu, para aproximar e celebrar a maior comunidade leitora do Brasil 04 06 10 13 14 16
Bons motivos para você abrir as primeiras páginas e não parar mais
A autoria
Um retrato caprichado e uma entrevista com quem está por trás da história
Dois dedos de prosa
De onde veio, do que fala, o que é o livro que você vai ler
Da mesma estante
Livros que poderiam ser guardados na mesma prateleira do livro do mês
Universo do livro
Livros, séries, filmes que orbitam o livro do mês
Espaço da comunidade
“Filipa Fonseca Silva escreve sobre o envelhecimento e a sexualidade feminina para desconstruir tabus.”
- Público
“
E se eu morrer amanhã? expõe, literariamente, uma vertente do feminismo que nunca foi defendida abertamente: que as idosas podem e devem ter uma vida sexual ativa, sem os tradicionais preconceitos morais.”
- Miguel Real
" Filipa Fonseca Silva escreve sobre o envelhecimento e a sexualidade feminina para desconstruir tabus. "
Público
Por que ler este livro
Um romance original, surpreendente e divertido que rompe com o olhar condescendente que a sociedade projeta sobre a sexualidade de mulheres mais velhas — um tema que não costuma ter espaço na literatura. Escrito pela primeira autora portuguesa a entrar para a lista de mais vendidos da Amazon, E se eu morrer amanhã? convida o leitor a abraçar a existência com entrega, ousadia e irreverência. Uma luz de esperança que nos mostra que na vida cabe ainda mais do que imaginamos, e que a alegria pode ser cultivada até o momento da nossa última respiração.
“Talvez tenha esta faceta um pouco existencialista na minha escrita, de inventar histórias que despertem o leitor para a importância de dar sentido à vida e vivê-la com paixão.”
Um panorama sobre a trajetória literária de Filipa Fonseca Silva e uma entrevista exclusiva com a autora do livro do mês, em que ela conta como se tornou escritora, comenta os temas de sua literatura e o nascimento da encantadora Helena de E se eu morrer amanhã?
A vida comum guarda sem alarde uma porção de coisinhas valiosas. A autora do livro deste mês bem sabe disso, e são esses os tesouros que ela busca expor em seus livros. Afinal, não é no dia a dia que moram nossas angústias mais humanas? Não é também nesse registro cotidiano que os pequenos insólitos rompem a aparente banalidade das horas? E não é daí que surgem as histórias que contamos aos amigos na pausa para o café, no churrasco de domingo ou na mesa do bar?
Filipa Fonseca Silva dá conta desse dia a dia transitando por temas variados: a crise dos trinta, uma discussão de relacionamento dentro de um elevador emperrado, um chefe difícil, a catástrofe climática que invade a pretensa normalidade da vida comum, a ousadia de uma octogenária em viver intensamente e perseguir o prazer. A escritora portuguesa tem oito livros publicados, e se o cotidiano é um tema que remete a uma certa repetição, não é essa a tônica de sua escrita, que se mantém inventiva e surpreendente depois de mais de uma década de trabalho.
Graduada em Comunicação, Filipa ingressou na faculdade pensando em ser jornalista, mas seu interesse pela área criativa a levou para a publicidade. Foram 15 anos trabalhando em agências de propaganda. Em 2011, a portuguesa publicou seu primeiro livro, Os 30 — nada é como sonhamos. A edição em inglês da obra alcançou o Top 100 da Amazon. Desde então, Filipa não parou: seguiu pelo romance e também publicou histórias curtas, crônicas e ensaios.
Seu livro mais recente, Admirável mundo verde (2024), é uma distopia futurista em que um grupo de ativistas climáticos toma o poder e instaura uma sociedade totalmente ecológica. Foi durante a escrita dessa narrativa — o maior ponto fora da curva de sua trajetória literária — que Filipa ouviu falar de uma senhora idosa na França que guardava na gaveta uma coleção impressionante de acessórios sexuais. A personagem da vida real deu origem a Helena, protagonista de E se eu morrer amanhã?. No
livro, um incêndio doméstico obriga a personagem a deixar sua casa e, nesse contexto, a família se depara com uma caixa recheada de vibradores e até um balanço erótico pendurado no quarto daquela senhora que eles pensavam ser tão pacata. A ideia de que a matriarca da família tenha uma vida sexual ativa é tão inacreditável que a suspeita de seus filhos, imediatamente, é de que Helena esteja ficando senil.
O livro abre portas para uma reflexão pouco explorada na literatura. Com Helena, a autora nos convida a pensar em uma miríade de questões que atravessam toda uma geração de mulheres: o roteiro de casar cedo e construir a vida inteira em torno da satisfação masculina, o acordo monogâmico, que sempre privilegiou os homens, e o incentivo social a uma postura de subserviência das mulheres.
Lançado em 2023, o livro vai virar filme, ainda sem data de estreia. Esta será a segunda adaptação audiovisual de uma obra de Filipa Fonseca Silva — a primeira foi o curta-metragem O elevador, inspirado no livro homônimo da portuguesa e disponível no YouTube (acesse pelo QR Code na seção Universo do Livro).
Além de trazer temas do universo feminino em seus livros, a portuguesa integra o Clube das Mulheres Escritoras, espaço em que se articulam cerca de 20 autoras do país. Na entrevista a seguir, você pode ler o que a própria Filipa tem a dizer sobre a criação de suas histórias, o livro do mês, sua relação com os leitores e com a literatura brasileira.
Como você se tornou escritora? Essa dimensão da criatividade sempre esteve presente na sua vida? Pode soar estranho, mas penso que me tornei escritora ainda antes de saber ler. Costumava pegar nos livros e, através das ilustrações que via, inventava histórias para contá-las aos meus bonecos, que dispunha no chão do quarto. Assim que aprendi a ler e a escrever, foi como se tivesse, finalmente, encontrado a minha forma natural de expressão. Sempre escrevi: contos, diários, poemas, histórias infantis, muitas crônicas, num blog que tenho desde 2003, até à publicação do primeiro romance, em 2011.
Seu primeiro livro é um retrato de um grupo de amigos na casa dos trinta anos, e fala de aspectos compartilhados dessa idade. Já E se eu morrer amanhã? é uma narrativa com reflexões fundamentais sobre a velhice. Em que sentido a sua relação com a passagem do tempo se reflete nos temas da sua escrita?
Não sei se será tanto a minha relação com a passagem do tempo, mas antes com fases que considero determinantes na vida de qualquer pessoa. A chegada à vida adulta no primeiro, o envelhecimento em E se eu morrer amanhã?. São fases em que refletimos sobre aquilo que já fizemos e aquilo que ainda nos falta fazer.
Desde os meus 14 anos, quando o meu avô morreu, tenho esta consciência muito vincada de que tudo pode terminar de repente e de que o nosso tempo na Terra não é assim tanto.
Também num outro livro, O elevador, uma das personagens principais vive numa ansiedade de querer viver tudo, sem desperdiçar um minuto. Então talvez tenha esta faceta um pouco existencialista na minha escrita, de inventar histórias que despertem o leitor para a importância de dar sentido à vida e vivê-la com paixão.
Helena é uma protagonista muito original e carismática. Como essa personagem ganhou vida?
A Helena foi inspirada numa pessoa real, que vive algures na França. Uma amiga falou-me dessa senhora que, aos 86 anos, ainda tinha uma vida sexual e social muito ativa, e isso colocou-me perante o meu próprio preconceito: eu nunca tinha refletido sobre a sexualidade na velhice. Então decidi investigar e descobri que existe todo um universo de pessoas idosas cheias de vida e projetos, e que ninguém fala sobre o assunto. Quase como se fosse um tabu. Mesmo essas pessoas ativas parecem ter vergonha de assumir que ainda querem ter uma vida sexual, que ainda querem ter um papel na sociedade.
Senti que estava na hora de mudar isso. Quis trazer para a literatura uma protagonista idosa, mas que não fosse retratada como alguém frágil, doente, ou que sofre de solidão. Uma protagonista que fosse o contrário de tudo isso e que pudesse começar a derrubar o muro de vergonha e preconceito que ainda se ergue perante esses assuntos.
A história de Helena toca em um assunto que não é muito disseminado na literatura e no debate público de maneira geral. Como tem sido a recepção do seu livro por leitores idosos?
Tem sido excepcional! A quantidade de mulheres mais velhas que me têm agradecido por ter escrito este livro é surpreendente. E homens também. Consideram-no muito necessário para combater o idadismo. Aliás, a minha avó, que tem 92 anos e que, tal como tantas mulheres da sua geração, teve uma vida de casada muito parecida com a da Helena, disse-me que, de todos os meus livros, este é de longe o seu preferido.
Seu livro será enviado pela TAG para milhares de brasileiros, que vão ler essa narrativa no português original. É o mesmo idioma, mas ao mesmo tempo não é exatamente o mesmo — o que, pessoalmente, eu acho encantador. Você lê literatura brasileira? Como é sua relação com essas particularidades da língua portuguesa de diferentes países? Leio, sim. Na verdade, alguns dos livros que mais me marcaram na vida são de autores brasileiros e,
recentemente, tenho descoberto várias autoras contemporâneas, como a Socorro Acioli ou a Eliana Alves Cruz. Também sou muito fã da poesia e apaixonada pelo Chico Buarque em todos os gêneros que ele escreve. Adoro precisamente essas particularidades da lusofonia, que tanto nos enriquecem. É maravilhoso descobrir novas palavras e expressões. Mesmo dentro do Brasil, tenho amigos de São Paulo, do Rio, de Floripa, e todos usam expressões diferentes, que adoro conhecer. E é por isso que sou contra o acordo ortográfico, que veio tentar uniformizar uma língua que, felizmente, é rica demais para ser uniformizada. Prefiro-a assim, solta e livre.
MINHA ESTANTE
Primeiro livro que li: Rosa, minha irmã Rosa, Alice Vieira.
Livro que estou lendo: Eu sou a minha poesia, Maria Teresa Horta.
Livro que mudou minha vida: Ensaio sobre a cegueira, José Saramago.
Livro que eu gostaria de ter escrito: Alice no país das maravilhas, Lewis Carroll.
O último livro que me fez chorar: Atos humanos, Han Kang.
Último livro que me fez rir: Cartas da Terra, Mark Twain.
Livro que não consegui terminar: Ulisses, James Joyce.
As transformações e os caminhos da sexualidade na velhice
A médica ginecologista Halana Faria conversou com a TAG sobre os tabus, os desafios e as possibilidades do sexo na terceira idade — e qual o papel da literatura para movimentar esse diálogo. Além de sua atuação clínica, Halana desenvolve um importante trabalho de educação em saúde sexual, promovendo palestras, rodas, oficinas e workshops em escolas, empresas e eventos comunitários. Ela também fala de tudo isso na sua página do Instagram @ginecologiafeminista.
A menopausa traz alterações fisiológicas que impactam na forma como as mulheres experienciam sua sexualidade. Como atravessar essa transformação sem deixar de ter uma vida sexual ativa?
Essas alterações fisiológicas podem ser muito distintas de uma pessoa para outra, então é importante saber que as pessoas vivenciam suas transições para a menopausa de maneira diversa. Algumas vão realmente passar por bastante sintomatologia, o que pode gerar uma perda de qualidade de vida global. Porque é um impacto de ondas de calor. Os calores interferem no sono, e aí, dormindo mal, a pessoa também fica numa situação de maior irritabilidade, indisposição. Afora a questão fisiológica, tem todas as questões de sobrecarga mental que em geral recaem sobre as mulheres — sobrecarga de trabalho, as mulheres nessa fase da vida também estão muitas vezes cuidando das pessoas acamadas e doentes da família. Isso tudo precisa entrar nesse debate sobre como é que a gente vive a sexualidade na maturidade. É claro que todas essas mudanças vão impactar a disponibilidade, o desejo.
Tem outra coisa bem importante, que é uma atrofia geniturinária — que é da vagina e também da uretra —, que muitas vezes não é tratada. Eu recebo às vezes pacientes com mais de dez anos de menopausa que têm uma atrofia genital muito grave, muito intensa, que acaba, claro, contribuindo para a dificuldade em manter relações sexuais saudáveis e satisfatórias. E eu colocaria aí nesse caldo algo que impacta não só a sexualidade na maturidade, mas de maneira geral, que é a vivência de situações de violência ou um medo dessas situações. Isso impacta na maneira como as pessoas desejam ou não ter sexo. Também tem o histórico de relações sexuais pouco prazerosas, que são muitas vezes descritas nas situações conjugais, muito voltadas a um prazer que é puramente penetrativo.
E eu acho que as mulheres em geral, talvez… Assim, é muito difícil essa generalização, porque não tem nada tão diverso quanto a maneira como as pessoas vivem o sexo. Mas eu acho que existe uma lacuna com relação a como as pessoas veem o erótico. As mulheres acabam associando erotismo a pornografia, e existe uma visão negativa da pornografia, porque ela também é muito voltada para esse prazer heterossexual, masculino. Mas a gente poderia ganhar repertório, por isso a importância da literatura. Acho que a gente precisa de mais narrativas, descrições sobre o prazer na maturidade. Existe uma verdadeira lacuna de narrativa erótica, das mulheres sendo descritas como pessoas que sentem prazer, das pessoas falando sobre diferentes formas de ter prazer, e que isso esteja mais acessível para as pessoas. Eu inclusive costumo recomendar para as pacientes literatura erótica, e não só, mas sobre a vivência da sexualidade na maturidade.
Apesar dos desafios do corpo que fazem o sexo ser diferente na terceira idade, talvez um desafio maior ainda seja o contexto social. Como você observa na sua experiência clínica a relação de pacientes mais velhas com a própria sexualidade?
É muito difícil fazer qualquer generalização. Eu atendo algumas mulheres nos seus 60, 70 anos que têm muita intimidade com as suas parcerias. Sejam mulheres lésbicas, mulheres heterossexuais, que têm relações íntimas de qualidade. É claro que muda, né? Muitas vezes um homem nessa idade também já tem mais dificuldade de manter ereção. Então as carícias, as maneiras como se promove boa comunicação, intimidade, são diversas.
E, claro, tem também as pessoas que ficam satisfeitas porque, bom, “agora eu não preciso mais cumprir esse contrato sexual do matrimônio”. “Ah, meu marido agora tem diabetes, tem problema para manter ereção, e eu já não preciso mais comparecer.”
A gente escuta isso, olha que coisa triste, a sexualidade no matrimônio entendida como um contrato, como algo que a mulher deve oferecer. Então é difícil falar de uma forma genérica sobre isso.
Socialmente, somos levados a associar o sexo a uma ideia de performance e também de um corpo que atende em maior ou menor grau a um padrão de beleza — como se apenas pessoas jovens e magras fossem capazes de ter relações sexuais satisfatórias. Você enxerga uma relação entre o tabu que temos com o sexo na terceira idade e a pressão estética, que atinge principalmente as mulheres?
Sim, acho que existe essa associação de um corpo sarado, musculoso, ligado à sexualidade e à juventude, justamente por conta da profusão de imagens que nos chegam, da produção de conteúdo pornográfico, de corpos muitas vezes irreais. Acho que a gente carece, de maneira geral na sociedade, de exposição de corpos reais na mídia. E, claro, se as mulheres se sentem pressionadas a performar um determinado corpo para então poder vivenciar a sua sexualidade de uma maneira plena… Né? Então, por exemplo, “eu não consigo me entregar porque eu tô vendo que a minha barriga tem dobras, porque meu peito cai”. A gente ouve isso no consultório, essa dificuldade de uma aceitação do próprio corpo — que obviamente acaba dificultando muito que a pessoa esteja disponível para essa conexão que estar numa relação, seja sexual ou não, vai exigir. Com certeza, isso acaba nos limitando pro sensório de maneira geral. Nem só para a vivência da sexualidade, mas para sentir esse corpo que corre, sua, toma banho de mar, ama, e que é muito mais importante do que a quantidade de gordura corporal que você tem ou deixa de ter, né?
Da mesma estante
Livros que poderiam ser guardados na mesma prateleira do livro do mês, para quem quiser continuar no assunto.
LITERATURA CONTEMPORÂNEA EM LÍNGUA PORTUGUESA
A multiplicidade e a beleza do nosso idioma em diferentes territórios
O RETORNO,
Dulce Maria Cardoso
Todavia, 216 pp.
Uma família partida é forçada a deixar sua vida para trás e voltar para Portugal às vésperas da independência de Angola. Na chegada, experimentam o oposto do “avanço colonial”: o sentimento de perda e o estigma que recai sobre os “retornados”.
NIKETCHE: UMA
HISTÓRIA DE POLIGAMIA, Paulina Chiziane
Companhia das
Letras, 296 pp.
Depois de descobrir uma série de traições do marido, com quem vive há 20 anos, uma mulher decide conhecer, uma por uma, as amantes de seu companheiro, espalhadas por todo o Moçambique. A vencedora do Prêmio Camões constrói um impressionante panorama da condição feminina e da sociedade de seu país.
A HISTÓRIA DE ROMA, Joana Bértholo
Dublinense, 256 pp.
Uma escritora realiza o desejo de reencontrar o homem com quem viveu um romance em Buenos Aires, depois de dez anos sonhando com esse momento. Um livro sobre percursos materiais e afetivos, sobre o amor, a complexidade da memória e todas as histórias que poderiam ter sido.
Universo do livro
Livros, séries, filmes que orbitam o livro do mês
GRACE AND FRANKIE
SÉRIE DA NETFLIX, COM JANE FONDA
E LILY TOMLIN, QUE QUEBRA ESTEREÓTIPOS
DA TERCEIRA IDADE
EM UM ENREDO
AUTÊNTICO, DIVERTIDO E SURPREENDENTE.
MAR BRANCO
SÉRIE PORTUGUESA MAIS
ASSISTIDA DA NETFLIX, BATIZADA
ORIGINALMENTE DE RABO DE PEIXE. BASEADA EM UM EPISÓDIO
REAL, A PRODUÇÃO CONTA A HISTÓRIA DE UM PESCADOR QUE
ENCONTRA UM BARCO CHEIO DE COCAÍNA NA ILHA DOS AÇORES.
ANTES DE PARTIR
FILME DE ROB REINER, COM MORGAN FREEMAN
E JACK NICHOLSON, EM
QUE DOIS HOMENS COM
DOENÇAS TERMINAIS FOGEM
DO HOSPITAL EM UMA
AVENTURA PARA REALIZAR
SEUS ÚLTIMOS DESEJOS.
ACENDE A LUZ
SÉRIE DOCUMENTAL DA
GLOBOPLAY QUE TRAZ
HISTÓRIAS REAIS SOBRE
SEXUALIDADE, AUTOESTIMA, PRAZER E RELACIONAMENTOS DEPOIS DOS 60 ANOS.
" Filipa Fonseca Silva escreve sobre o envelhecimento e a sexualidade feminina para desconstruir tabus. " Público
O BARATO DE GRACE
FILME DE NIGEL COLE, COM BRENDA BLETHYN. UMA VIÚVA DESAFIA A MORAL DA CIDADEZINHA ONDE VIVE AO APLICAR SUAS HABILIDADES DE JARDINAGEM PARA PLANTAR MACONHA E SOLUCIONAR SEUS PROBLEMAS FINANCEIROS.
18/12/2024 08:51:49 O ELEVADOR CURTA-METRAGEM DE FÁBIO REBELO E INÊS BARROS QUE ADAPTA O ROMANCE HOMÔNIMO DE FILIPA FONSECA SILVA, AUTORA DO LIVRO DESTE MÊS.
Disponível no YouTube
Espaço da comunidade
Olá, Madame TAG! Sou associada há cinco anos e tenho uma preocupação que não sai da minha cabeça: a minha memória. Gosto muito dos livros da TAG e também me aventuro por outras leituras, explorando autores renomados da literatura brasileira e estrangeira. Ah, e sou apaixonada pelos clássicos! Mas, depois de alguns dias do término de uma leitura, com frequência esqueço os nomes dos personagens, do autor e até o enredo da obra. Sinto que esse desafio envolve tanto minha memória quanto minha tendência perfeccionista, que me faz querer guardar cada enredo na mente. Como a leitura pode me ajudar a lidar com essas questões? Tem algum “remédio” ou dica que resolva isso num piscar de olhos?
Consuêlo Valdevino
Cara perfeccionista,
TAG — Experiências Literárias
Tv. São José, 455 Porto Alegre, RS (51) 3095-5200 (51) 99196-8623
Poucas coisas nesta vida se resolvem num piscar de olhos, mas também são raros os casos em que a literatura não consegue ajudar. Vou recorrer à escritora americana Maya Angelou, que certa vez afirmou: “As pessoas vão esquecer o que você disse, vão esquecer o que você fez, mas não esquecerão o que você as fez sentir”. Ora, o mesmo vale para os livros. O que mais importa não é lembrar exatamente do que você leu, de cada detalhe de uma história ou dos nomes de todos os personagens. A verdadeira joia da leitura é o universo afetivo que aquela história abre para você. E isso eu garanto que, não importa quanto tempo passe, você não vai perder. Pegando emprestadas as palavras de mais uma escritora inspiradora, a portuguesa Matilde Campilho, é bom lembrar: “A poesia, a música, uma pintura não salvam o mundo. Mas salvam o minuto”. Concentre-se no minuto da leitura, tome nota de seus trechos favoritos se assim desejar. E, se der vontade de relembrar tudo, por que não se permitir um repeteco daquele livro que te marcou?
Publisher Rafaela Pechansky Edição e textos Débora Sander, Rafaela Pechansky e Tatiana Cruz
Colaboradoras Laura Viola e Sophia Maia
Designer Bruno Miguell Mesquita Capa Luísa Zardo
Revisores Antônio Augusto e Liziane Kugland Impressão Impressos Portão
“O que dá o verdadeiro sentido ao encontro é a busca, e é preciso andar muito para se alcançar o que está perto.”