Jornal Sporting n.º 4027

Page 1


71 ANOS DEPOIS

ESTE É O RESULTADO DA UNIÃO, DA RESILIÊNCIA, DA VONTADE DE QUERER IR MAIS ALÉM E DO TRAJECTO INSPIRADOR E EXEMPLAR DE UMA EQUIPA.

17.05.2025

Glória no peito.

Lágrimas nos olhos.

Orgulho no coração.

E uma fé inabalável que nos permitiu alcançar o tão desejado Bicampeonato Nacional.

A partir daqui nada será como antes.

Terminámos na frente, com uma conquista que não representa apenas um número.

Este é o resultado da união, da resiliência, da vontade de querer ir mais além e do trajecto inspirador e exemplar de uma equipa.

Eu, e de certeza todos os Sportinguistas espalhados pelo Mundo, sentimos uma combinação de sensações indescritíveis que nos enche a alma e nos faz transbordar de orgulho por pertencer a esta família.

Que nunca deixemos de orgulhar e honrar quem criou os alicerces para que hoje possamos fazer parte desta História.

Que nunca esqueçamos o legado do Sporting Clube de Portugal e todos os que para ele têm contribuído ao longo do tempo.

Que o caminho da Glória seja sempre o de inspirar e motivar pelo exemplo.

Assim como todos os Sportinguistas, eu também “farei o que puder para te ver sempre na frente”!

Bem-vindo de volta, Bicampeão!

PROPRIEDADE: SPORTING CLUBE DE PORTUGAL DIRECTORA: MAFALDA BARBOSA MJBARBOSA@SPORTING.PT COORDENADOR‑ADJUNTO: LUÍS SANTOS CASTELO LSCASTELO@SPORTING.PT REDACÇÃO: FILIPA SANTOS LOPES FALOPES@SPORTING.PT; MARIA GOMES DE ANDRADE MGANDRADE@ SPORTING.PT; NUNO MIGUEL SIMAS • NQSIMAS@SPORTING.PT; XAVIER COSTA • XRCOSTA@SPORTING.PT FOTOGRAFIA: ISABEL SILVA; JOÃO PEDRO MORAIS; JOSÉ LORVÃO COLABORADORES PERMANENTES: JUVENAL CARVALHO; PEDRO ALMEIDA CABRAL; TITO ARANTES FONTES AGENDA E RESULTADOS: JOÃO TORRES JBTORRES@SPORTING. PT EDITOR E SEDE DA REDACÇÃO: ESTÁDIO JOSÉ ALVALADE, RUA PROFESSOR FERNANDO DA FONSECA, APARTADO 4120, 1501‑806 LISBOA, PORTUGAL TELEFONE: +351 217 516 155 E‑MAIL: MEDIA@SPORTING.PT NIF: 500 766 630 REGISTO ERC: 100313 TIRAGEM: 9500 EXEMPLARES DEPÓSITO LEGAL: 48492/91 DISTRIBUIÇÃO: VASP DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA, S.A., QUINTA DO GRAJAL – VENDA SECA 2739‑511 AGUALVA CACÉM IMPRESSÃO: WGROUP ESTRADA DE SÃO MARCOS, Nº 27, 2735‑521 AGUALVA CACÉM ESTATUTO EDITORIAL: HTTPS://WWW.SPORTING.PT/PT/ JORNAL/ESTATUTO‑EDITORIAL

ASSINATURAS: E‑MAIL: ASSINATURAJORNAL@SPORTING.PT LINHA SPORTING 707 20 44 44 INTERNACIONAL +351 30 997 1906 (segunda a sexta‑feira das 10h00 às 20h00)

MAFALDA BARBOSA

VERDES ANOS: A ÚLTIMA VEZ QUE OS LEÕES TINHAM VENCIDO DOIS

CAMPEONATOS

SEGUIDOS

O SPORTING CP NÃO CONSEGUIA LEVANTAR DOIS TÍTULOS DE CAMPEÃO NACIONAL

CONSECUTIVOS DESDE 1952/1953 E 1953/1954 – NA ALTURA, ESSAS CONQUISTAS SIGNIFICARAM ATÉ UM INÉDITO TETRACAMPEONATO E A CHEGADA AO SÉTIMO TÍTULO EM OITO ANOS. CURIOSAMENTE, A CONSAGRAÇÃO EM CASA FEZ-SE COM UMA VITÓRIA DIANTE DO… VITÓRIA SC, EMBORA O TÍTULO, ENTÃO, JÁ ESTIVESSE GARANTIDO. UM CAMPEÃO “IRRESISTÍVEL” E “INIGUALADO”, COMO FOI MANCHETE NO JORNAL SPORTING N.º 264, A 8 DE MAIO DE 1954. UMA EDIÇÃO QUE PODE LER AQUI COM OS SEUS PRÓPRIOS OLHOS.

Texto: Xavier Costa Fotografia: Museu Sporting – Centro de Documentação

Uma espera de intermináveis 71 anos chegou ao fim. É preciso recuar à era dourada do futebol do Sporting CP, entre os anos 40 e 50 do século XX, então iniciada pela

sinfonia goleadora dos Cinco Violinos, para encontrar o anterior par de Campeonatos vencidos de forma consecutiva. 1954 foi o ano, e por aquela altura os Leões monopolizavam os troféus nacionais. Quando se olha para a classificação da Liga 1953/1954, a superioridade verde e branca é total. O Sporting CP foi Campeão com

43 pontos – mais sete que o FC Porto – ao ter somado 20 vitórias, três empates e três derrotas em 26 jornadas. No entanto, o arranque dificilmente permitiu acreditar que os Leões iriam chegar ao quarto título consecutivo – e sétimo em oito anos. Ora, nas primeiras nove jornadas, marcadas por várias contrariedades (lesões e suspensões), já se contavam as três derrotas – nas Antas (1-0), Salésias (20) e Tapadinha (3-1) – e ainda um empate, redundando num quinto lugar. Nesta equipa, suportada pelo guardião Carlos Gomes, os defesas Manuel Passos e Manuel Caldeira e o médio Juca, entre ou-

tros, restavam os ‘Violinos’ Manuel Vasques e José Travassos ainda afinados, enquanto Albano – já trintão – estava em fim de carreira – Jesus Correia e Fernando Peyroteo já não jogavam. Havia, no entanto, um outro avançado a ‘explodir’: João Martins apontaria 31 golos no campeonato, onde foi o melhor marcador e ajudou (e muito) a reencontrar o caminho para o título. E, com uma “recuperação fulminante”, tudo mudou a partir da décima jornada, no último jogo em 1953, porque nunca mais o Sporting CP foi derrotado, ou seja, durante mais do que uma volta inteira. Seguiram-se 15 vitórias, apenas interrompidas por dois empates – em Évora (3-3) e no Barreiro (1-1) – para demonstrar que os Leões continuavam a reinar com autoridade no futebol português. Até então, nunca se tinha visto um Tetracampeão em Portugal – feito apenas superado pelo ‘penta’ alcançado pelo FC Porto já em 1997/1998. O título confirmou-se matematicamente na 23.ª jornada, em casa do Clube Oriental de Lisboa (2-4), seguindo-se a consagração em casa com uma ‘chapa 5’ ao Vitória SC que engrandeceu ainda mais a festa a verde e branco – cujos detalhes pode conhecer por si no encarte do Jornal Sporting dessa altura e que esta edição reedita.

Fez-se História então e, 71 anos depois, também. Além disso, a temporada de 1953/1954 deixa ainda outro curioso indicador à luz da presente época: foi ano de ‘dobradinha’ a verde e branco, uma façanha que o actual Sporting CP de Rui Borges tenta atacar também.

Nota: esta edição traz como oferta uma réplica do Jornal Sporting n.º 264, de 8 de Maio de 1954.

A equipa Campeã em 1953/1954
O avançado João Martins foi o goleador da temporada

“TODA A GENTE SE VAI LEMBRAR DO RAPAZ DE MIRANDELA

QUE FOI BICAMPEÃO NO SPORTING CP”

POUCOS DIAS APÓS A CONQUISTA DO TÍTULO, RUI BORGES RECEBEU EM SUA CASA O JORNAL SPORTING E A SPORTING TV PARA A PRIMEIRA GRANDE ENTREVISTA DESDE QUE É TREINADOR DOS LEÕES. NATURALMENTE FELIZ, BEM-DISPOSTO E SIMPÁTICO, COMO SEMPRE, O TIMONEIRO DO BICAMPEONATO FALOU DO PASSADO, NÃO ESCONDENDO A FAMÍLIA E A TERRA QUE O VIU NASCER E CRESCER, DA CAMPANHA QUE CULMINOU COM O 25.º TÍTULO NACIONAL DO SPORTING CLUBE DE PORTUGAL, DA EQUIPA QUE LIDERA E, CLARO, DO FUTURO (JÁ A PENSAR NO JAMOR E NO… ‘TRI’), MAS OS RECENTES FESTEJOS AINDA NÃO LHE SAÍRAM DA CABEÇA. “TODOS DEVIAM VIVER [O TRAJECTO E A FESTA NO MARQUÊS DE POMBAL] UMA VEZ NA VIDA. (...) É IMPOSSÍVEL NÃO SORRIR DURANTE O CAMINHO TODO”, GARANTIU.

|

Texto: Luís Santos Castelo, Tiago Labreca
Fotografia: Isabel Silva, João Pedro Morais

Passados alguns dias desde a noite do título e depois de toda a festa, como se sente? Ainda está a digerir tudo ou já só pensa na final da Taça de Portugal?

Foram muitos meses, muitas semanas e muitos dias de ansiedade e stress que levam a um cansaço enorme. O dever foi cumprido e a felicidade é indescritível. A festa, o Marquês… Estamos no trajecto e queremos que o dia não acabe. Toda a gente devia viver aquilo uma vez na vida. Tenho visto muitos vídeos e fotografias a sorrir o dia todo. Há que desfrutar do momento, mas a partir de agora o nosso foco está na final da Taça de Portugal.

Quando fechou os olhos, já de madrugada, qual foi a primeira imagem que lhe apareceu?

A primeira imagem que tenho é sempre da minha família. É uma alegria imensa sentir que estão orgulhosos e felizes por tudo o que o filho, o pai, o neto, o tio e o padrinho, com muito trabalho, conquistou. A felicidade deles é a minha. Depois, apareceram aqueles segundos no final do jogo, o trajecto até ao Marquês… Não dá para descrever e por isso é que digo que toda a gente devia passar por aquilo uma vez na vida. Para mim foi a primeira e espero que seja a primeira de muitas. É impossível não sorrir durante o caminho todo.

Os seus pais já lhe disseram que têm orgulho em si de‑ pois da conquista?

Já. Sou muito chegado à minha família. Falei com todos a seguir ao jogo. Com a minha mãe só falei no dia seguinte porque não tinha conseguido antes, mas mal a vi vieram-me as lágrimas aos olhos. Só ao olhar para eles percebo o orgulho e a felicidade. Há coisas que me marcam, como o vídeo que a minha irmã me mandou do meu sobrinho, antes do jogo, a pedir à padroeira de Mirandela para que o tio ganhasse. São coisas que me marcam muito, os verdadeiros troféus.

“ESPERO QUE SEJA A PRIMEIRA [FESTA] DE MUITAS”

Definiu se na conferência de imprensa depois do jogo do título como “apenas um rapaz de Mirandela que acreditou num sonho”. Que balanço faz do seu percur so, que começou por baixo e chegou ao topo do futebol português?

É impossível de descrever o nosso caminho. Foi tudo tão rápido e parece que temos muitos anos, mas não. Foi muito trabalho, acreditámos desde o primeiro dia. Tenho de falar da minha equipa técnica, porque lhes devo muito. Este ano, no Sporting CP, adicionámos o Luís Neto, o Gonçalo Álvaro, o Pedro Cardoso, o Tiago Ferreira ou o Hugo Tecelão, que têm sido incríveis. Temos um dia-a-dia muito leve e humilde e focado no trabalho. Depois, o Zé Pedro [Meireles], que era um rapaz que apanhava cones em Mirandela. Quando fui lá treinador, disse-lhe para seguir a parte de análise porque se um dia tivesse sorte ia levá-lo comigo. Hoje é um grande analista. O Fernando Morato é o meu braço direito e é um miúdo que procura todos os dias ser melhor. Tem ideias muito próprias e tem-me feito crescer imenso como treinador e pessoa, assim como o tenho feito crescer a ele. O Ricardo Chaves foi o meu último treinador quando eu era jogador e identifiquei-me com ele. Teve um passado bonito como jogador e achei que podia acrescentar muito, tem sido fantástico. O Tiago Aguiar juntou-se na época passada, em Moreira de Cónegos, num primeiro momento devido ao nível de treinador, mas depois percebemos que tinha os nossos valores. É muito diferente de todos e acrescenta. Olho para todos eles pelos valores que têm e o resto é trabalho, porque não nascemos ensinados e vamos aprendendo. Todos aprendemos imenso.

“JAMAIS

VOU ESQUECER A OPORTUNIDADE QUE FREDERICO VARANDAS ME DEU E A CORAGEM DE APOSTAR EM NÓS”

Na recepção na Câmara Municipal de Lisboa, Frederico Varandas disse, sobre si, que era “licenciado e doutora do” em valores como o carácter, a liderança e a nobre za. Reconhece esses traços de personalidade?

Agradeço ao presidente. No primeiro abraço que lhe dei depois do jogo agradeci pela confiança e por acreditar numa equipa técnica que não tinha um passado tão glorioso quanto isso. Era mais trabalho do que outra coisa, porque não tínhamos troféus nenhuns. É muito bom ouvir essas palavras, logicamente. Desde o primeiro segundo que senti que gostou muito de mim enquanto pessoa e só posso agradecer. Jamais vou esquecer a oportunidade que me deu e a coragem de apostar em nós.

“«FAMÍLIA» É A PALAVRA MAIS CERTA PARA DEFINIR O SPORTING CP”

Como era como jogador e o que o levou a ser treinador?

Acho que era bom jogador e que se fosse agora tinha tido mais oportunidades. Lá atrás, era mais difícil para os jovens terem oportunidades e tive sempre uma ou outra coisa que não correu tão bem para dar o salto. Sempre tive o sonho de ser jogador porque o meu maior ídolo era o meu pai, que chegou à Primeira Divisão e era, para mim, o melhor. Eu era um jogador inteligente, com boa leitura táctica e qualidade técnica, mas tive algumas lesões que não foram nada positivas para a minha carreira. Mas não me queixo porque o que queria era jogar e fui muito feliz. Fui quase sempre capitão de equipa porque gosto muito de ajudar os outros e dou-me bem com toda a gente. Olhavam para mim como um líder pela minha capacidade de comunicar e liderar. Quando voltei a jogar em Mirandela, fui convidado a ser treinador das camadas jovens e disse logo que sim. Essa parte fascinava-me e, aos 26 anos, pude começar a treinar dos sub-6 até aos sub-19. Passei por todos e fui campeão em alguns. Fezme crescer muito e desde o início. Sempre quis ser trei-

nador principal e quando terminei a carreira o presidente Carlos Correia deu-me a grande oportunidade de treinar o meu SC Mirandela.

E ainda se nota a qualidade dos seus pés quando par ticipa nos treinos no Sporting CP, especialmente nos cruzamentos…

Era das melhores coisas que tinha em termos técnicos. Era extremo e depois fui número 10 e o cruzamento era um dos meus melhores atributos. Quando tenho a oportunidade, faço-o nos treinos e os jogadores não se queixam. Elas vão direitinhas.

Chegou ao Sporting CP no final de Dezembro. Na apre‑ sentação, no Auditório Artur Agostinho, disse que o fu‑ turo seria “risonho” e garantiu ser “um sonho represen tar o Campeão Nacional”. Foi também nesse momento que proferiu a famosa frase «Quando faltar inspiração, que não falte atitude». É um lema que traz consigo ou surgiu naquele momento?

Trago desde sempre, até porque, se calhar, eu era um jogador com mais inspiração do que atitude e faltava-me mais intensidade sem bola. [Esse lema] cresceu comigo desde o primeiro dia desde que sou treinador. O futebol está muito diferente e está cada vez mais intenso e competitivo. Se a atitude não estiver lá, a qualidade técnica não vai chegar. Os jogadores e treinadores têm de se adaptar a isso. Juntando a atitude à qualidade, vamos ser melhores e fomos Bicampeões. Umas vezes mais com inspiração e outras com atitude porque somos melhores. Será sempre o nosso lema porque faz toda a diferença.

“O GRUPO? É FANTÁSTICO. NÃO TEM EGOS, NINGUÉM SE ACHA MELHOR OU PIOR”

Quais foram as primeiras impressões que teve do Sporting CP?

Bateram certo com a conversa com o presidente. O dia-a-dia da Academia Cristiano Ronaldo é muito família, como somos enquanto equipa técnica e fiquei muito feliz com isso. É o nosso habitat onde passamos muitas horas e sentimo-nos em casa. Toda a gente está lá para ajudar >>

Rui Borges recebeu o Jornal Sporting e a Sporting TV em sua casa

>> e não para complicar. Mesmo quando o resultado não é tão bom, somos obrigados a sorrir na Academia porque as pessoas estão ali para ajudar e para acreditar num futuro risonho. Todos se respeitam, a envolvência é muito boa e limpa em todos os departamentos. O trabalho de cada um é valorizado e fui educado dessa forma. (…) “Família” é a palavra mais certa para definir o Sporting CP.

“LESÕES? O AZAR DE UNS VAI SER A SORTE DE OUTROS E TEMOS DE ARRANJAR FORMA DE SER OS MELHORES NA MESMA”

Chegou, viu e treinou logo. Chegar ao Sporting CP foi o melhor presente de Natal que já recebeu? Que grupo encontrou?

Foi a melhor prenda que podia ter tido. É a única data do ano a que ligo muito porque tenho a família toda reunida e sou feliz com os meus. São os melhores dias do ano porque estou com todos e este ano foi diferente. Não consegui desfrutar do Natal pelo melhor motivo do mundo. Foi um Natal diferente, mas muito saboroso. O grupo? É fantástico. Não tem egos, ninguém se acha melhor ou pior. Todos respeitam o colega do lado e sabem o que cada um dá à equipa. (…) Foi fácil a equipa ligar-se e estar comprometida. O lema da atitude deu certo. O grupo agarrou-se ao lado positivo e ao que menos bom que estava a acontecer. Agarrámo-nos ao caminho, ao foco, ao propósito. Acreditámos muito e os adeptos foram incansáveis.

Os primeiros tempos foram muito intensos. Um dérbi a abrir, a deslocação a Guimarães, a final da Taça da Liga, foram vários desafios. Como viveu essas primeiras semanas?

Foram semanas muito intensas. Grandes jogos com grandes equipas. Por um lado, foi bom porque foram muitos jogos seguidos com grandes equipas e nem deu tempo de entender bem que estava no Sporting CP, o Campeão Nacional. Estava meio anestesiado e só queria ganhar, o que fez com que a pressão inicial não tivesse sido tanta. Estava tão feliz por estar no Sporting CP que só queria jogar e ganhar. Com o passar das semanas, sim, chegou algum stress e ansiedade, mas sempre feliz por representar o Sporting CP. Ficámos muito tristes quando perdemos a Taça da Liga, o primeiro troféu que disputámos, mas acreditávamos muito que se aquilo não caiu para o nosso lado, alguma coisa seria melhor e diferente mais tarde.

Seguiu se também a estreia na UEFA Champions League com uma visita aos alemães do RB Leipzig. Como foi ouvir aquele hino?

Foi um sonho de menino. Por isso é que digo que sou o Rui Borges de Mirandela e que se deixasse de ser treinador de futebol amanhã era a pessoa mais feliz do mundo. Não é o dinheiro que nos move, ainda que dê outro bem-estar na vida, mas sim a paixão pelo futebol. Tenho recebido milhares de mensagens e houve alguém que me disse que o futebol são as memórias que deixamos nas pessoas. As memórias que vou deixar na minha família são o melhor que existe na vida. (…) Toda a gente se vai lembrar do rapaz de Mirandela que foi Bicampeão no Sporting CP, onde já passaram grandes treinadores mundiais que não ganharam. A sorte dá muito trabalho e tivemos a competência de criar memórias nas pessoas

Ao longo dos meses que se seguiram, teve, natural mente, altos e baixos, mas talvez nenhum obstáculo tenha sido maior do que as lesões, que o obrigaram

“JOGADORES NUNCA ESTÃO CONFORTÁVEIS COM O QUE JÁ CONSEGUIRAM”

Todos os jogadores falaram em algo em comum: que este foi o melhor grupo que apanharam na carreira. Concorda?

Sim, claramente. O grupo é incrível. Tem camaradagem, amizade e eles demonstram isso. Têm uma amizade muito própria entre todos, é fantástico e importante para os liderar e gerir. Também temos a nossa percentagem de trabalho e união, mas grande parte é deles. Olho para as imagens e vejo o Conrad Harder, o Zeno Debast, o Geovany Quenda, o João Simões… São miúdos de 18, 19, 20 e 21 anos e são Bicampeões Nacionais. Serem jovens também os deixa com fome de triunfar e isso é importante. Vão à procura de ser cada vez melhores e são todos assim. O Viktor Gyökeres é um bom exemplo. Tem uma fome e ambição infinitas e isso passa para os mais jovens, que olham para ele. O grupo fica com essa fome, nunca estão confortáveis com o que já conseguiram. Querem mais, mais, mais. Essa exigência é um grande factor para conseguirmos triunfar.

Falou de Viktor Gyökeres. Como é treinar um atleta desde calibre? E Morten Hjulmand? Fica mais fácil liderar uma equipa com um capitão destes?

O Morten tem uma personalidade muito própria e ganha o respeito logo com a sua imagem pelo carácter e tranquilidade. Respeitamo-lo logo, no momento, no bater do olhar. Tem sido um grande líder dentro e fora de campo, dá um grande exemplo, tal como o Viktor. Ninguém pode ficar atrás do que eles tentam dar à equipa. São muito agregadores na atitude, na ambição. Foram dois pilares. Também não posso esquecer jogadores muito importantes para o balneário como o Nuno Santos, que esteve lesionado e tem uma resiliência diária. É impossível não olharmos para ele como um exemplo. Quer ser melhor, voltar e ganhar. O Matheus Reis e o Ricardo Esgaio ganharam tudo no Sporting CP e são muito importantes porque são a imagem do Clube. Olham para ele e respeitam-nos quando falam porque conquistaram essa valorização no grupo com muito trabalho. O Daniel Bragança teve uma lesão grave e é capitão de equipa, olham para ele como um símbolo da nossa formação. Tem grande resiliência, tal como o Nuno Santos. Deixo uma palavra, também, para o Francisco Trincão e o Franco Israel. O Trincão foi dos que mais me surpreendeu. A ver de fora, olhava para ele como um jogador especial no sentido técnico, mas a capacidade de trabalho tem sido indescritível. Achava que era só um virtuoso, mas não. Até pode perder 20 bolas que nunca o vou chatear. Tem um compromisso fenomenal com a equipa e por isso é que ele é muito melhor do que era quando foi para o FC Barcelona, por exemplo. Quanto ao Franco: temos dado muito valor ao Rui Silva, que tem demonstrado ser um grande guarda-redes e isso deixa-me muito feliz, mas o Franco tem uma personalidade que eu adoro. Falam muito da amizade dele com o Trincão, mas ele é muito amigo de toda a gente. Respeitou sempre a minha opção de apostar no Rui Silva e tem um dia-a-dia feliz. Nunca vejo aquele rapaz triste, está sempre a puxar pelos colegas. É impossível não sorrir ao lado dele e não ter vontade de lhe dar um abraço. Todos são especiais, mas falei aqui de alguns dos quais não se fala tanto.

Orgulhoso, o treinador exibe a medalha de Campeão Nacional 2024/2025

a ‘inventar’ soluções. Como viveu esse período tão complicado?

Agarrei-me ao que a vida me dá, tão simples como isso. Zero lamentações, zero. Fui educado a ser assim. Há que arranjar forma de superar os obstáculos, é o que é. Pelo menos temos de tentar e foi o que aconteceu. Para mim, os momentos foram sempre bons porque representar o Sporting CP já torna o dia-a-dia muito bom. Digam-me um treinador que ganha os jogos todos, não há nenhum no mundo. Temos de levar as coisas para onde queremos e é isso que tento. Levo sempre as coisas para a parte positiva. O azar de uns vai ser a sorte de outros e temos de arranjar forma de ser os melhores na mesma. O grupo agarrou-se a isso, foi sempre capaz e também nunca se lamentou. Todos estavam para ajudar e prontos para me de dizer para contar com eles. Foi assim com toda a estrutura, desde as pessoas que tratam do relvado até às que trabalham no refeitório.

“O JOGO QUE ME MARCOU

MAIS ACABOU POR SER COM O GIL VICENTE FC. (...) DISSE QUE IA SER O QUE NOS IA DAR O TÍTULO”

Principalmente na fase inicial, era muito difícil ter trei nos que não fossem de recuperação. Frederico Varandas falou do seu poder de adaptação e exemplos como de Zeno Debast são fruto disso, assim como a aposta em jogadores da formação.

Para nós, a adaptação a tudo foi um grande desafio. Vínhamos de um grande clube e tínhamos tido alguma experiência em competições europeias, mas entrámos num registo diferente e na cultura Sporting Cp. Tem sido um desafio fantástico para a equipa técnica e faz-nos crescer muito. Não conseguir treinar deixou-nos, no início, um pouco frustrados e ansiosos, mas deu resultado. Estamos sempre a aprender e nunca deixámos de ser a equipa técnica que somos. Em relação aos miúdos, em alguns jogos tínhamos muitos e fico feliz por terem conseguido dar resposta. Agradeço-os a eles e aos treinadores da equipa B por nos terem ajudado. Em certos momentos foram muito importantes para o grande objectivo da equipa principal. Fiquei muito feliz por terem conseguido voltar à Liga Portugal 2, que vai ser muito importante para o crescimento deles e para estarem ainda mais preparados para darem resposta na equipa principal. Deixo um abraço de parabéns e de agradecimento. Foi muito bom ver alguns deles a chorar quando se estrearam pela equipa principal. Olhava para eles e emocionava-me porque o sonho deles era o meu e não há nada melhor do que isso.

“O FUTEBOL É UM DESPORTO DE REGULARIDADE E FOMOS MAIS REGULARES EM TUDO”

Que jogos do campeonato lhe ficam mais na memória? O primeiro jogo, com o SL Benfica, foi importante. Estávamos em segundo e voltámos a passar para o primeiro lugar. O jogo em Guimarães também, um ambiente muito difícil. A vitória nos Açores porque foi logo a seguir ao empate com o SC Braga e tínhamos pressão. O jogo que me marcou mais acabou por ser com o Gil Vicente FC. No meu discurso antes do jogo disse que o jogo do título não ia ser com o SL Benfica, mas sim naquele dia. Disse que era aquele jogo que nos ia dar o título. Achava mesmo isso porque sabia que ia ser difícil, mas que se ganhássemos íamos ser Campeões. Quando o Eduardo Quaresma fez golo, corri como um ‘tontinho’

[risos]. (…) Todos os jogos foram importantes, mas o que senti nesse jogo bateu certo e teve muita emoção. Ninguém precisa de fazer electrocardiogramas nos próximos meses e foi um libertar de emoções indescritível para toda a gente. Foi fantástico e vai ficar marcado para sempre.

Melhor ataque, melhor defesa, mais vitórias, menos derrotas, melhor marcador, melhor jogador, jogador mais assistências, líder em 30 das 34 jornadas. É difícil contestar um título com tanta liderança? Para mim, nem sequer há dúvidas. O futebol é um desporto de regularidade e fomos mais regulares em tudo. Por vezes, só queremos desvalorizar tudo e todos e devíamos valorizar muito mais o que foi o campeonato, que foi fantástico. Chegámos à última jornada a discutir o título, a permanência e lugares nas competições europeias. Foi um campeonato para todos. Devemos, também, valorizar tudo o que o Sporting CP foi capaz de fazer. (…) A equipa foi capaz, em todos os momentos, de ser a melhor. A consequência disso é o Bicampeonato.

«Rui Borges, Campeão Nacional 2024/2025, o treina dor que conquistou o Bicampeonato pela primeira vez desde 1954». Esta frase já lhe soa normal ou ainda é estranho?

Soa-me a felicidade. Tenho defeitos e virtudes, ainda tentei ser estudante universitário e a maioria dos grandes treinadores ou foram grandes jogadores ou estudaram como José Mourinho, que era o maior ícone quando sonhei ser treinador. Carlos Queiroz também marcou uma mudança de paradigma. Não fui um grande jogador nem tenho uma licenciatura, mas fiz as coisas à minha maneira, com a minha ambição e capacidade de trabalho. Nunca me achei melhor do que ninguém, mas também nunca me achei pior. É um sentimento de orgulho e é isso que me deixa feliz. Mais do que qualquer troféu.

“MORTEN HJULMAND E VIKTOR GYÖKERES? FORAM DOIS PILARES”

A festa está feita, mas a época ainda não. Depois do histórico Bicampeonato, imagino que queira a ‘dobradinha’... É um sonho de pequenino. Claro que o maior sonho era ser Campeão Nacional e felizmente concretizei-o, mas como venho de escalões inferiores o primeiro sonho era disputar a final da Taça de Portugal por toda a beleza, o envolvimento, a cultura. Poder estar numa vai ser dos momentos mais marcantes da minha vida. Quando estamos nos escalões inferiores, seja a jogar ou a treinar, só temos a hipótese de chegar a uma final na Taça de Portugal. Foi um sonho que sempre alimentei e poder estar lá vai ser fantástico. Acredito que seja uma linda festa, mas quero ganhar. Vou fazer tudo para conquistar a Taça de Portugal.

Depois da final da Taça de Portugal e das férias, vai co meçar a pensar na Supertaça, mas o maior objectivo da próxima época é o ‘Tri’?

Claramente. É o sonho de todos nós. Será o nosso principal propósito. Voltar a sê-lo seria criar recordações em toda a gente e em nós próprios e continuar a ganhar para termos estas emoções novamente. É o melhor que nos pode acontecer e o que nos vai guiar para voltarmos a ter uma grande época de felicidade, tal como esta.

É caso para dizer: vamos ver? É, vamos ver. Com muito trabalho, acima de tudo, seremos felizes com toda a certeza.

“OS NOSSOS ADEPTOS SÃO OS MELHORES PORQUE SÃO DIFERENTES”

Semana após semana, falou sobre os adeptos e a importância que tiveram. Surpreendeu o de alguma forma?

Sim, surpreendemo-nos sempre. Daí dizer que todos deviam passar pelo Marquês de Pombal uma vez na vida. Uma coisa é vermos de fora, outra é por dentro, onde é ainda maior. Tudo o que os adeptos nos deram é impossível de descrever, tanto em casa como fora. As saídas da Academia foram fantásticas, assim como as chegadas ao Estádio José Alvalade. Vivê-lo dentro do autocarro é ainda mais louco. Não há palavras para o que nos deram e para o carinho que têm tido comigo desde que cheguei aqui. É fenomenal. Para além dos meus valores, sou muito aquilo que sinto. Quando me estreei na Liga Portugal, houve dois ambientes que me marcaram, que foram o do Vitória SC e o do Sporting CP. Tive a oportunidade de trabalhar no Vitória SC e, agora, felizmente estou no Sporting CP. A melhor sensação do mundo é provocada pelos adeptos. O futebol é isso, emoção e paixão.

Houve vários jogos fora em que o apoio foi ain da mais impressionante do que o normal, como em Rio Maior (contra o Casa Pia AC) ou no Bessa (diante do Boavista FC). Qual das deslocações lhe ficou mais na memória?

Talvez a do Bessa. O próprio estádio cria um bom ambiente, mas a imagem daquela bancada era fora do normal. Estávamos mesmo em casa e a equipa sentiu isso, como se viu no resultado. Apesar de o Boavista FC ter tido a infelicidade de descer, tem um ambiente sempre muito difícil e é um Campeão Nacional, há que não esquecer isso. Podia ter sido um jogo muito difícil, mas os adeptos fizeram-nos sentir em Alvalade. Para além do Bessa, lembro-me do jogo em casa do CD Santa Clara ou na Vila das Aves, onde também tivemos muitos adeptos. Os Sportinguistas fazem-nos sentir sempre em casa.

Há uma irracionalidade nesta paixão dos Sportinguistas pelo Clube que os torna ainda mais apaixonados?

Tanto os adeptos como o próprio Clube são diferentes na maneira de estar e de ser. Os valores são semelhantes aos nossos, da equipa técnica. Somos diferentes, é difícil explicar. Talvez por isso o dia-a-dia da Academia seja diferente, não sei. Os nossos adeptos são diferentes e não é por termos mais ou menos. A diferença é que marca, não é a quantidade. Temos muitos e são diferentes. Isso foi bem demonstrativo, pelo menos desde que estou no Sporting CP. Vê-se no dia-a-dia, na paixão que passam para nós. É uma cultura que não vai mudar e que só tem vindo a melhorar. Tem vindo a ser mais respeitada e olhada de forma diferente porque merece. Para mim, os nossos adeptos são os melhores porque são diferentes. Somos muitos, mas acima de tudo somos diferentes.

FUTEBOL EQUIPA PRINCIPAL

ESFORÇO,

DEDICAÇÃO, DEVOÇÃO... E UMA ÚLTIMA VITÓRIA QUE VALEU A GLÓRIA!

JOGO DE TUDO OU NADA CONTOU COM MAIS DE 49 MIL ESPECTADORES NAS BANCADAS E EM CAMPO UM GRUPO QUE SEMPRE ACREDITOU NO TÍTULO. SPORTING CP VENCEU O VITÓRIA SC E ALCANÇOU O TÃO DESEJADO BICAMPEONATO NACIONAL NUMA ÉPOCA COM MUITOS CONTRATEMPOS. PEDRO GONÇALVES E VIKTOR GYÖKERES, QUE TINHAM MARCADO NO PRIMEIRO JOGO DA PROVA, VOLTARAM A DAR O TRIUNFO AOS LEÕES.

Texto: Maria Gomes de Andrade Fotografia: Isabel Silva, José Lorvão

O Sporting Clube de Portugal sagrou-se, no passado sábado, Bicampeão Nacional, depois de receber e vencer o Vitória SC por 2-0 no derradeiro jogo da Liga Portugal 2024/2025.

Um título justo e merecido, numa época com vários contratempos que terminou da melhor maneira, com os Leões a fecharam a prova com 82 pontos, resultado de 25 vitórias, sete empates e apenas duas derrotas.

Por isso, a festa foi muita em Alvalade – antes de seguir para as ruas –, mas primeiro houve 90 minutos de muitas emoções diante de um Vitória SC que apareceu no reduto verde e branco com a intenção de estragar a festa e de conseguir um resultado que lhe permitisse ir à Europa na próxima época.

Ainda assim, com calma e paciência, o jogo do tudo ou nada foi de tudo perante um ambiente fantástico no Estádio José Alvalade com mais de 49 mil adeptos nas

bancadas, quase na totalidade Sportinguistas, a empurrar a equipa Leonina para a vitória desde o primeiro segundo de jogo. Para esta última partida do campeonato, Rui Borges teve de mexer na equipa, desde logo

pela ausência do capitão Morten Hjulmand, e apostou de início em Rui Silva, Eduardo Quaresma, Ousmane Diomande, Gonçalo Inácio, Geny Catamo, Hidemasa Morita, Zeno Debast, Maxi Araújo, Francisco Trincão, Viktor Gyökeres e Pedro Gonçalves. Sempre melhor do que o Vitória SC, o Sporting CP foi controlando o jogo desde o início, como seria de esperar e como tinha de ser, e aos nove minutos Gonçalo Inácio

deixou o primeiro aviso num cabeceamento. Deu até sensação de golo, mas a bola saiu ao lado. Pouco depois foi Viktor Gyökeres a fazer novo aviso, após receber de Geny Catamo que trabalhou bem na direita, mas o remate, em queda e com a pressão de um adversário, saiu fraco e ao lado da baliza de Bruno Varela. Ia havendo bons momentos, mas a verdade é que a primeira meia-hora de jogo esteve muito

parada. Várias faltas, livres longe de ambas as áreas e jogadores no chão, um deles Ousmane Diomande que teve de sair aos 23 minutos, entrando Jeremiah St. Juste para o seu lugar.

Pequeno contratempo para o Sporting CP, que manteve a dinâmica, não deixando o Vitória SC aproximar-se da área e continuando focado na baliza contrária.

Assim, após a meia-hora, Viktor Gyökeres, em dois momentos, esteve perto do golo, mas primeiro viu Bruno Varela levar a melhor e depois, após erro de Villanueva, o que valeu ao guardião vitoriano foi o ângulo ser reduzido. Também Francisco Trincão tentou o golo num remate de longe, mas saiu à figura.

Do outro lado, Rui Silva foi tendo uma primeira metade bastante tranquila, com a ocasião visitante mais digna desse nome a acontecer perto dos 40 minutos, mas o remate saiu fraco e bastante ao lado da baliza verde e branca. O perigo foi sempre sendo na área vitoriana, com o Sporting CP a estar perto do golo, aos 41 minutos, após canto e insistência Leonina, mas Hidemasa Morita não conseguiu cabecear para o fundo das redes um primeiro cabeceamento de Maxi Araújo quase ao ângulo.

Viktor Gyökeres selou o triunfo e fechou o campeonato com 39 golos
Pedro Gonçalves abriu o marcador e colocou o Sporting CP mais perto do título

Ao cair do pano da primeira metade, um dos lances característicos de Viktor Gyökeres, que escapou à marcação na esquerda, indo sozinho até à área, podia ter dado em golo, mas Bruno Varela saiu da baliza para evitar o pior e depois da insistência do sueco fez a mancha e negou-lhe o 1-0. Assim, manteve-se o nulo para o intervalo.

A segunda metade começou depois como a primeira, com o Sporting CP a querer chegar ao golo e Pedro Gonçalves a rematar, mas o remate de primeira foi contra Miguel Maga. A seguir, nova tentativa Leonina, na sequência de um canto, com Hidemasa Morita ao segundo poste a cabecear por cima da baliza e Francisco Trincão também tentou depois, num remate à entrada da área, mas o esférico saiu muito desenquadrado.

O Sporting CP sempre a atacar e o Vitória SC a não conseguir fazer muito com a bola e a perder algum tempo também. Aos 55 minutos, por fim, o golo do Sporting CP e a primeira explosão de alegria em Alvalade – na realidade a segunda, porque a primeira aconteceu pelo 1-0 do SC Braga ao SL Benfica, que também jogava pelo título: Zeno Debast recebeu no corredor central e ameaçou o remate, mas decidiu entregar na esquerda para Maxi Araújo que, dentro da área, atrasou para Pedro Gonçalves finalizar de primeira.

1-0 e o 25.º título da História do Sporting CP a minutos de ser celebrado, com os Sportinguistas a cantarem bem alto ‘o meu amor é verde e branco e eu só canto para te ver ganhar, meu amor amo-te tanto’. Dez minutos depois, Geny Catamo esboçou o 2-0, que daria maior tranquilidade à turma de Alvalade, num dos seus movimentos típicos, mas o remate saiu com estrondo ao ferro. A bola ainda ficou jogável, mas um defesa vitoriano impediu que Zeno Debast ainda a cruzasse para a frente da baliza.

Depois disso, mais uma tentativa de Viktor Gyökeres, sempre muito combativo, a rodar na área sobre um adversário, mas o remate não saiu com muita força e foi à figura do guardião vitoriano.

A 15 minutos do final do encontro, Rui Borges voltou a mexer na equipa e fez sair

Hidemasa Morita, apostando em Geovany Quenda. O jovem jogador entrou bem no jogo e pouco depois Viktor Gyökeres tentou servir-lhe a bola na área, mas Bruno Varela surgiu primeiro e evitou o remate, que teria sido bem perigoso. Já dois minutos depois o guardião do Vitória SC nada pôde fazer perante um Viktor Gyökeres com sede de golo: após ganhar um corte já dentro da área, o avançado sueco tirou um adversário do caminho, contornou o guarda-redes vitoriano e atirou para o fundo das redes.

Nova explosão de alegria em Alvalade, com os Sportinguistas a cantarem a mesma música e a gritarem um muito orgulhoso ‘Bicampeão, Bicampeão’. O título praticamente confirmado e a chegar em menos de dez minutos.

Rui Borges fez depois as últimas três substituições de uma assentada, fazendo sair Geny Catamo, Pedro Gonçalves e Francisco Trincão, apostando em Matheus Reis, Iván Fresneda e Conrad Harder para os últimos minutos.

Ainda assim, o apito final, que era aquilo que todos mais queriam, surgiu pouco depois com o desfecho mais desejado de todos: a confirmação do título e a conquista do Bicampeonato Nacional 71 anos depois.

17.05.2025

Campeonato Nacional 34.ª jornada

Estádio José Alvalade SPORTING CP VITÓRIA SC 2 0

0-0 ao intervalo

Pedro Gonçalves (55’) Viktor Gyökeres (83’)

Sporting CP: Rui Silva [GR], Eduardo Quaresma, Ousmane Diomande (Jeremiah St. Juste, 25’), Gonçalo Inácio [C], Geny Catamo (Iván Fresneda, 88’), Hidemasa Morita (Geovany Quenda, 76’), Zeno Debast, Maxi Araújo, Francisco Trincão (Conrad Harder, 88’), Viktor Gyökeres e Pedro Gonçalves (Matheus Reis, 88’). Treinador: Rui Borges. Disciplina: cartão amarelo para Zeno Debast (10’), Geny Catamo (57’) e Viktor Gyökeres (84’)

RUI BORGES: “TODOS NÓS MERECEMOS FICAR NA HISTÓRIA

DO SPORTING CP”

Após o triunfo sobre o Vitória SC e a festa no relvado do Estádio José Alvalade, Rui Borges falou aos jornalistas e deu conta da felicidade pela conquista do título.

CONQUISTA DO TÍTULO

“É especial por tudo o que os rapazes foram capazes de fazer ao longo do tempo. Um agradecimento infinito também ao que os adeptos fizeram desde o nosso primeiro dia. Foi muito importante não só o treinador e a equipa técnica fazerem o grupo acreditar, mas também os adeptos fazerem-no e isso tornou-nos quase invencíveis. Só assim, e também com o espírito de família que existe entre todos na Academia, é que conseguiríamos ser Bicampeões com todas as contrariedades que tivemos. A minha felicidade é a dos jogadores. São um grupo fantástico e só um grupo fantástico conseguiria ultrapassar tudo o que foi acontecendo ao longo do caminho. Por isso, é que eles são únicos, mais fortes e Bicampeões”.

PRIMEIRO PENSAMENTO APÓS A CONQUISTA

“Pensei no meu avô, Zé Pedro. Todos os meus avós já faleceram e acredito que eles lá em cima estão felizes e orgulhosos do neto, mas o meu avô Zé Pedro é muito especial para mim e acredito que está muito feliz pelo neto. Pensei também na minha família, nos meus pais, irmãs, na minha mulher e no meu filho. Nos últimos 15 dias sofreram um bocadinho, mas sabem muito bem quem é o Rui Borges como pessoa e o maior troféu que posso ter é o orgulho dos meus, dos que gostam de mim e das pessoas da minha cidade. Tenho muito orgulho em ser de Mirandela e do interior. (…) Sou apenas um rapaz de Mirandela que acreditou num sonho. Não fui um grande jogador, não fui um grande estudante, apenas alguém que acreditou num sonho e que foi capaz de o concretizar com muito trabalho e a ser feliz”.

MOMENTO MAIS DURO NESTA CAMINHADA

“A fase mais dura não existiu. Sou muito positivo e acreditei desde o primeiro dia que seríamos capazes de ser Campeões. Por isso, e apesar de tudo o que foi acontecendo, não há momento menos bom e o melhor foi assinar pelo Sporting CP. Não há maior felicidade do que essa e desfrutar do caminho. Disse após a final da Taça da Liga que acreditava que algo melhor estava guardado para nós e estava. Era ser Bicampeões e eles conseguiram. Foram capazes, trabalharam mais do que ninguém. Foram a melhor defesa, o melhor ataque, merecem todo o louvor e ficar na História do Sporting CP. Todos nós vamos ficar. Daqui a muitos anos vão lembrar-se do Bicampeonato, com uma equipa que tinha Viktor Gyökeres, com um treinador vindo de Mirandela, o Rui Borges, e um grupo de jogadores que soube dar a vida pelo Sporting CP”.

SAIU-LHE UM PESO DAS COSTAS

“Não, eu fui sempre desfrutando do caminho. A única semana em que estive mais nervoso foi nesta. Não pelo jogo em si, mas porque queria que o jogo chegasse rápido. Desfrutei sempre e a minha equipa técnica merece todo o reconhecimento. Digo o nome

de dois, porque estão comigo desde o primeiro dia, o Zé Pedro, que é analista e antes percebia pouco ou nada de futebol, e o Fernando, que é o meu prof, o meu número dois e o melhor adjunto do Mundo. Um louvor a todos eles e também aos que já cá estavam, o Tiago, o Neto, o Tecelão, o Gonçalo e o Pedro. Não tenho palavras para lhes agradecer por aquilo que eles aturam às vezes, por levarem comigo, por tudo o que me dão e por me fazerem crescer e ser melhor todos os dias”.

“QUANDO FALTAR INSPIRAÇÃO, QUE NÃO FALTE ATITUDE”

“Pedi que nunca faltasse atitude e nunca faltou e agradeço também aos adeptos que transportaram isso para dentro. Bem ou mal, nunca faltou atitude aos jogadores e acabámos com zero derrotas no campeonato, melhor ataque e melhor defesa. Não poderia estar mais orgulhoso da minha equipa. Umas vezes jogámos melhor e noutras não tão bem, mas o futebol está cada vez mais intenso e está para quem é mais competitivo. E nós fomos sempre muito competitivos. Não ganhámos sempre, mas nenhum treinador ganha os jogos todos. Não podia pedir mais a este grupo e não o digo porque fui Campeão. Se não fosse, dizia na mesma. Este grupo nasceu para vencer”.

QUEM É A ESTRELA DO GRUPO

“A estrela deste grupo é a equipa, são todos à sua maneira. O Nuno Santos, de fora, foi extraordinário desde o primeiro dia. Quando cheguei disse-lhe ‘agora que sou treinador do Sporting CP, não posso contar contigo’. Queria muito ter contado com ele, com o Simões, o Dani e com todos os que estiveram de fora ao longo do tempo e sofreram muito. Destaco esses jogadores que por questões físicas não puderam jogar tanto, assim como o Esgaio, que tem sido mesmo muito importante para nós, mas digo de forma sincera que a estrela é a equipa e o espírito colectivo que os jogadores têm”.

VIKTOR GYÖKERES

“É mais fácil ganhar com todo o grupo, o Viktor teve uma equipa toda a trabalhar com ele e a ajudá-lo. Ele é extraordinário e vai ser para sempre um dos melhores da História do Sporting CP e do futebol português. Deu muito ao Sporting CP, como a equipa lhe deu muito a ele. Todos eles foram muito importantes e ele também. (...) Acredito que é o melhor avançado da Europa, talvez do Mundo, e fico feliz e a torcer para que consiga ganhar a Bota de Ouro. Por tudo o que trabalha diariamente e por querer dar o contributo e ajudar apesar das dificuldades físicas. O futuro logo se verá, mas ainda temos um troféu para ganhar”.

RUBEN AMORIM E JOÃO PEREIRA

“O Ruben e o João foram importantes, cada um à sua maneira e são Bicampeões também e, para mim, é um orgulho. Se calhar o João entrou numa fase difícil e as coisas podem ter sido injustas, mas certamente terá um futuro brilhante. Quanto ao Ruben, admiro-o muito e é um exemplo a seguir para todos nós treinadores. Acredito que gostassem de estar aqui a festejar connosco”.

FUTEBOL EQUIPA PRINCIPAL

AS REACÇÕES DOS BICAMPEÕES NACIONAIS NO RELVADO

RUI SILVA, GEOVANY QUENDA, JOÃO SIMÕES, MATHEUS REIS E MORTEN HJULMAND MARCARAM PRESENÇA NA ZONA MISTA NO RELVADO DO ESTÁDIO JOSÉ ALVALADE DURANTE A FESTA, QUE, MAIS UMA VEZ, ABRILHANTOU AINDA MAIS UMA NOITE INESQUECÍVEL.

Texto: Luís Santos Castelo

Fotografia: João Pedro Morais, José Lorvão

Após o apito final, a esperada festa começou finalmente no Estádio José Alvalade. Gritos de alegria, abraços, cânticos, aplausos e um saudável caos digno do histórico Bicampeonato do Sporting Clube de Portugal. As celebrações começaram de imediato com a montagem do palco de vencedor da Liga Portugal enquanto a euforia tomava conta do plantel e dos Sportinguistas. Já com tudo

RUI SILVA

“Estou muito feliz por voltar a Portugal pela porta grande. Era um sonho poder representar um clube grande em Portugal e melhor ainda com esta conquista. Este passo foi muito importante para a minha carreira e estou muito feliz pela forma como me receberam com carinho, tanto a equipa como os adeptos. É uma sensação indescritível.

Sonhava muito em conquistar títulos e quando vim para aqui foi com o objectivo de ser Campeão. Ser Bicampeão é muito importante para entrar na História do Clube. Momento mais positivo? Não sei. Tenho vivido momentos incríveis aqui. Jogar em casa com os nossos adeptos e poder celebrar o Bicampeonato foi muito bonito. Taça de Portugal? Quem está nesta casa tem de ambicionar títulos. Agora há que festejar com os nossos adeptos e depois preparar o jogo da Taça de Portugal. É um grande orgulho para mim poder ser Campeão Nacional. Era um grande objectivo da minha carreira. Depois de muito trabalho e sacrifício, merecemos muito”.

pronto, a equipa técnica e os jogadores começaram a ser chamados pela ordem dos números na camisola, com o primeiro a ser Franco Israel. Um a um, todos foram aplaudidos até chegar Morten Hjulmand, que levantou o troféu para o momento alto da noite. Seguiu-se um espectáculo de projecção de imagens e luzes no relvado que abordou a História do Sporting CP desde a sua fundação, os 25 títulos nacionais conquistados e os Sportinguistas, não esquecendo, também, os legados de Manuel Fernandes e Aurélio Pereira. Apareceram, depois, imagens dos “heróis do presente”, os jogadores que fize-

MORTEN

HJULMAND

“Foi muito difícil acompanhar na bancada. Senti-me como quando não estou a conduzir o meu carro, não estava em controlo. No entanto, fizemos um jogo maduro e estou muito orgulhoso. Há muito tempo que esperava levantar este troféu. Desde a pré-época que pensava nisso, há quase um ano que pensava em ganhar o campeonato. E agora ganhei.

É muito especial ganhar a Liga com tantas dificuldades fora de campo. Foi difícil, mas o grupo demonstrou a qualidade que tem. Não duvidei em nenhum momento”.

JOÃO SIMÕES

ram parte desta conquista e o treinador Rui Borges. No final, o plantel dirigiu-se ao centro do relvado para festejar e receber mais uma grande ovação dos presentes antes do muito fogo de artifício ao som de ‘We Are the Champions’, um hino da banda Queen muito utilizado em festejos de conquistas no desporto.

Com amigos e família ao seu lado, os Bicampeões Nacionais voltaram a festejar a conquista de um título nacional, mas agora no relvado de Alvalade e com quase 50.000 Sportinguistas presentes. Tudo isto antes do percurso até ao Marquês de Pombal, onde estavam muitos mais.

“É um sonho, não há palavras. Depois de muito trabalho, muito sofrimento e de todas as dificuldades, soubemos ser Sporting CP e mostrar, mais uma vez, a raça de que somos feitos. O título é o reflexo desse trabalho. Ver o jogo de fora custa muito porque queremos sempre ajudar, mas sabemos que lá dentro também estão a lutar por nós. É um sofrimento, mas com uma confiança enorme na equipa.

Nunca houve dúvidas, tivemos sempre a certeza do que tínhamos de fazer jogo a jogo. Jogar, três pontos e voltar a trabalhar para a semana seguinte. As contas fazem-se no final.

Há menos de um ano estava no Europeu sub-17. Não esperava [estar aqui]. Tenho de agradecer a todos os que me ajudaram, ao pessoal da Academia Cristiano Ronaldo. É o meu sonho e o de todos os que estão lá a trabalhar para chegar aqui. Subida da equipa B? Muita felicidade por eles. Ajudaram-me e fiquei muito feliz. É a qualidade da Academia Cristiano Ronaldo. Há muita gente com qualidade que, um dia, pode chegar aqui”.

“Sonhava muito em conquistar títulos e quando vim para aqui foi com o objectivo de ser Campeão”, garantiu Rui Silva
Morten Hjulmand e Viktor Gyökeres: a dupla nórdica que brilha no Sporting CP

MATHEUS REIS

“É único. Sempre achei que é nos momentos mais difíceis das nossas vidas que mais nos fortalecemos. A minha carreira foi sempre assim. Entrei no Sporting CP depois de seis meses sem jogar, mas sabia do meu potencial. Sempre acreditei em mim, continuei a trabalhar e vim para cá. Encontrei pessoas trabalhadoras, de carácter, e ganhámos os dois primeiros títulos. Este ano foi muito atípico, mas continuámos resilientes e merecemos o Bicampeonato. Se foi o título mais complicado? Com certeza. Três treinadores diferentes, muitos jogadores lesionados... Foi o título mais difícil, o que só torna a conquista mais bonita”.

GEOVANY QUENDA

“Final da Taça? Vamos trabalhar para ganhar. Num grande clube como o Sporting CP é assim. Vou continuar a fazer o que fiz sempre até chegar à equipa principal. Não estou a pensar a longo prazo e na próxima temporada ainda estou aqui”.

O Estádio José Alvalade presenciou um grande espectáculo
Matheus Reis conquistou a terceira Liga ao serviço do Sporting CP
Depois do triunfo no campeonato, Geovany Quenda já pensa no Jamor: “Final da Taça? Vamos trabalhar para ganhar. Num grande clube como o Sporting CP é assim”
Paulinho voltou a ser o rei da festa Leonina

FUTEBOL EQUIPA PRINCIPAL

INESQUECÍVEL ONDA VERDE EM LISBOA: O MUNDO SABE QUE… O SPORTING CP É BICAMPEÃO

O AUTOCARRO COM OS BICAMPEÕES NACIONAIS PARTIU DE ALVALADE ÀS 23H15 E CHEGOU AO MARQUÊS JÁ PERTO DAS 01H20, MAS A VERDADEIRA MEDIDA DO TRAJECTO FEZ-SE PELA ONDA VERDE QUE O ACOMPANHOU. UMA MARCHA TRIUNFAL, UMA CIDADE PINTADA DE ESPERANÇA E UM TÍTULO CELEBRADO COM UMA ENORME E MERECIDA EUFORIA.

Texto: Filipa Santos Lopes Fotografia: Isabel Silva, João Pedro Morais, José Lorvão

A distância entre o Estádio José Alvalade e a Praça do Marquês de Pombal mede-se em cerca de 5,6 quilómetros – um percurso que, em condições normais, se faz em pouco mais de 13 minutos. Mas, na noite do último sábado, previa-se tudo menos uma noite normal.

Após a épica conquista do 25.º título nacional, e o primeiro bicampeonato em mais de sete décadas, o autocarro que transportava a equipa principal de futebol do Sporting Clube de Portugal até ao coração da celebração tardou duas horas e cinco minutos a completar o trajecto. Uma marcha triunfal, vibrante, empurrada por uma euforia como nunca antes se viu. Nessa noite, nasceu uma nova medida da distância entre o ponto de partida e o destino sonhado de cada temporada: a dimensão do cordão humano que ladeou o percurso, de alma entregue e braços erguidos.

O autocarro Leonino, serpenteando em câmara lenta, partiu quando o relógio marcava as 23h15 e só às 1h20 vislumbrou a estátua do Marquês de Pombal, onde uma incansável onda verde ansiosamente o esperava.

UM PERCURSO DE EUFORIA

Pelo caminho, Lisboa vestiu-se de verde e branco. Milhares e milhares de Sportinguistas encheram ruas, janelas e varandas para retribuir, com cânticos e sorrisos, o orgulho de um feito que é de todos. Não há estimativa oficial de quantos ali estiveram, mas quem

viu, sabe. De todas as idades — casais, famílias, grupos de amigos — o mar verde e branco foi muito além do horizonte e de tudo o que é mensurável.

Lá no alto, no tejadilho aberto do autocarro – no topo do veículo, mas também do mundo – os jogadores foram testemunhas desse amor imenso que os sustentou nos melhores e piores momentos da temporada. E foi em comunhão que com eles justamente celebraram: o Sporting CP foi a equipa com mais pontos (82), mais vitórias (25), menos derrotas (2), o ataque mais concretizador (88 golos) e a defesa mais sólida (27 sofridos) de uma liga disputada até final. Feitas as contas, vencedores incontestáveis. E, por isso, fizeram a festa.

Autocarro verde e branco foi engolido por uma maré de adeptos
O capitão Morten Hjulmand ergueu bem alto o troféu de Campeão Nacional 2024/2025

Zeno Debast, a rigor com uns óculos de sol platinados, vestiu uma camisola com a inscrição “Sandro Txitxon”, numa piscadela ao universo da rede social X (antigo Twitter), onde é figura acarinhada pelo seu estilo e gosto musical peculiares. Ricardo Esgaio conversou em videochamada com Sebastian Coates, uma espécie de ‘capitão honorário’ deste grupo, que, desde o Uruguai, vibrava com mais uma conquista Leonina. A seu lado, Hidemasa Morita gritava “querer o Sporting CP Campeão” – o sonho feito realidade – e Conrad Harder era o rosto evidente da felicidade. “Não consigo descrever o que estamos a viver, é uma loucura! A noite vai ser longa”, afirmou o dinamarquês, numa altura em que prestava declarações à Sporting TV enquanto o autocarro deslizava lentamente pelas ruas da capital. Geovany Quenda, entregue a um êxtase puro e contagiante, contemplativo mas bem-disposto, seguia sentado numa das colunas e gritava, a plenos pulmões, os diferentes cânticos verdes e brancos que davam (ainda mais) ambiente ao percurso. “Incrível, não há melhor!”, exclamou o jovem de 18 anos. Também o capitão Morten Hjulmand entoou em bom português “O dia de Jogo” e Jeremiah St. Juste assumia-se “Louco da Cabeça”, cantando sem parar. O camisola 3, emocionado, falou na língua de Camões para expressar tudo aquilo que sentia.

“Estou muito feliz por estar aqui. É uma grande festa, uma grande equipa, um grande sonho. Bicampeonato. Bicampeão. Sporting sempre! Estamos juntos. Obrigado, Sportinguistas, pelo apoio. Obrigado”, disse o central. Gonçalo Inácio, Eduardo Quaresma, Nuno Santos, Pedro Gonçalves e Daniel Bragança – os últimos três, a viver a recompensa após o calvário - mostraram saber de cor cada música e todas as letras do cancioneiro verde e branco. Já os estreantes Maxi Araújo, Rui Silva e Biel pareciam não acreditar naquilo que estavam a testemunhar.

“É incrível, muito melhor do que podia imaginar e do que me disseram”, comentou o ala uruguaio. Diego Calai, a viver um dia duplamente feliz com a subida da equipa B à Segunda Liga, foi também um dos mais animados. “Isto é inacreditável. Continuem a apoiar-nos, isto é tudo para e por vocês! Damos tudo por vocês, até à última gota de suor”, dedicou o guarda-redes.

Entoou-se “O Mundo Sabe Que” e, depois, a emblemática “We Are The Champions”, mas um dos momentos mais altos do percurso, contudo, estava reservado já para os quilómetros finais. Debaixo de um intenso fogo de artifício, muito fumo verde e ao som de “Força Brutal”, Viktor Gyökeres, melhor marcador do campeonato com 39 golos, assomou-se às laterais do autocarro para mostrar o ambicionado troféu aos Sportinguistas, que, lá em baixo, explodiam de felicidade. “Estou muito feliz, isto é estupendo. O ano passado vivi o melhor dia da minha vida e agora também”, afirmou o Viking sueco.

Já Franco Israel, de microfone da Sporting TV em punho, brincava com a ideia de mudar de profissão enquanto entrevistava os amigos Iván Fresneda e Francisco Trincão, o rei das assistências da Liga portuguesa. “É um dia fantástico”, disse o espanhol entre gargalhadas. “Vamos recordá-lo para sempre”, completou o internacional português, vestido com uma mítica e elegante camisola Stromp. Eduardo Felicíssimo também entrevistou João Simões, antecipando-lhe um futuro como líder de claque. O jovem médio mostrou-se muito emocionado. “Eu estou maluco! Isto é um sonho para mim. Estar aqui contigo, e com o [Geovany] Quenda, com quem fui campeão sub-15… este Clube é incrível, os adeptos são incríveis… não há palavras!”, garantiu.

Enquanto o autocarro não chegava ao epicentro da festa, o palco do Marquês fervilhava de

Gonçalo Inácio e Ricardo Esgaio são Bicampeões
Rui Borges, Frederico Varandas e Morten Hjulmand: três dos rostos maiores do sucesso Leonino
Maré verde a perder de vista

Sportinguismo. Katia Guerreiro cantou e encantou, Bispo e Papillon levaram os Leões ao rubro com as suas rimas, e os Supporting deram ritmo ao coração de quem esperava há horas. A animação continuou com uma bailarina a tocar o céu de Lisboa e actuações dos DJ Stereossauro e DJ Kura, que mantiveram a energia em alta.

“VAMOS VER”

Já a madrugada ia longa quando, muito próximo da 01h30 da manhã, os jogadores subiram ao palco para celebrar com os Sportinguistas. E mesmo depois de tanto tempo de expectativa, ninguém arredava pé. Pelo contrário; perante um entusiasmo crescente, e por ordem numérica, os ‘heróis Leoninos’ começaram a desfilar diante da estátua, acompanhados por músicas escolhidas a dedo. Os últimos a subir ao palco, acompanhados da Taça mais desejada, foram obviamente Morten Hjulmand, Rui Borges e, claro, Paulinho – recebidos num corredor por todo o grupo de trabalho. Apresentados os (Bi)campeões nacionais, Viktor Gyökeres, irreverente, foi convidado a discursar, e com parcas palavras – mas um conhecimento óbvio dos tradicionais ditados populares portugueses – arrancou gargalhadas a todos os presentes. “Em Abril, águas mil… em Maio vou dançar com o Esgaio!” – frase já imortalizada entre as melhores tiradas da noite. Ricardo Esgaio esse que foi, aliás, um dos grandes protagonis-

tas da festa, constantemente acarinhado por colegas e adeptos.

Já Pedro Gonçalves, como sempre animador de serviço, adaptou o discurso e imitou o gesto icónico do ex-técnico Ruben Amorim com um micdrop que… prometeu nova festa para breve. “Disseram que jamais seríamos campeões sem adeptos. Disseram que jamais seríamos Bicampeões sem o [Ruben] Amorim. Disseram que jamais seríamos Bicampeões sem o [Hugo] Viana. E dizem que jamais seremos Tricampeões sem o Viktor [Gyökeres]. Vamos ver”, atirou, literalmente, o avançado português.

Rui Borges também falou, visivelmente feliz, num discurso de gratidão direccionado aos adeptos Leoninos. “Obrigado é pouco por tudo o que fizeram por este Clube. Obrigado por nos fazerem acreditar. Vocês foram importantes. Obrigado, obrigado, obrigado”, frisou o timoneiro verde e branco.

Morten Hjulmand, o capitão, completou a tríade de discursos.

O médio dinamarquês começou por afirmar, com um sorriso, que ia falar “em português tranquilo”, elogiando depois “uma equipa que conseguiu conquistar o campeonato com três treinadores”.

“Só nós!”, gritou e repetiu. “Tenho 25 anos e o Sporting CP já não era bicampeão há 71. Bicampeão, Bicampeão, Bicampeão!”, finalizou, antes de iniciar o cântico “Eu quero o Sporting Campeão”.

Os jogadores da equipa B, com o talento que tanto contribuiu para esta conquista, também subiram ao palco, mostrando que o

futuro é promissor e que o ADN Leonino segue bem vivo. E, numa imagem que ficará gravada na memória colectiva, o presidente Frederico Varandas surgiu com a bandeira da Suécia aos ombros. No lado oposto do palco, Matheus Reis e Gonçalo Inácio faziam a festa com as suas famílias – a celebrar já o seu terceiro título de Leão rampante ao peito com a mesma alegria de quem vence pela primeira vez – antes de, todos juntos, a uma só voz com os adeptos, se cantar novamente “O Mundo Sabe Que”. Cachecóis ao ar e muita emoção. E ainda houve tempo para Luís Neto voltar a cantar para os Sportinguistas. O agora treinador-adjunto da equipa foi recebido com reverência e, com muito coração, fechou as celebrações

com o já seu “Voto Solene”, em dupla com o inevitável Pedro Gonçalves.

A festa terminou às 03h05 da manhã, mas os ecos dela ficaram a pairar. Lisboa não dormiu após os Leões abandonarem o palco. As ruas mantiveram-se vivas com buzinas, cânticos e lágrimas de felicidade. No fim, a onda verde que inundou a cidade não se esgotou com o apagar das luzes, porque há celebrações que se perpetuam no tempo. Ficam no peito, na pele, na História. Eternas. Como este 25.º título nacional. Segue-se agora o Jamor, e, com ele, a possibilidade histórica de uma dobradinha. Porque o Sporting CP não se contenta: aponta sempre ao topo. Onde já está. Onde quererá sempre continuar.

Pedro Gonçalves fez (mais um) discurso memorável no palco do Marquês de Pombal
A inesquecível festa do 25.º título do Sporting CP
Daniel Bragança emocionado no momento de entoar “O Mundo Sabe Que” em uníssono com os adeptos

BICAMPEÕES NACIONAIS

NACIONAIS 2024/2025

O “BI” É NOSSO!

Ser do Sporting CP, a ganhar ou a perder, é uma sensação que não se explica, sente-se. E, acreditem aqueles que não o são, é mesmo verdadeiramente indescritível, é um viver o clube simplesmente único. Um amor de uma vida.

E no passado sábado, nessa mistura de sentimentos daquilo que o Sporting CP representa para mim – mal acabou o jogo que nos deu o “Bi” – o primeiro das nossas vidas para a grande maioria dos leões – assumo que chorei de alegria e recordei pessoas que me marcaram no meu Sportinguismo, sobretudo da minha avó Alice, aquela que me comprou o primeiro equipamento do Sporting em criança e que me afagava as lágrimas de tristeza sempre que as coisas corriam mal ao nosso Clube. Sempre com uma palavra de conforto, com um “não fiques triste filhote”, da minha “velhota Leoa”. Mas também da minha filha, a quem telefonei mal acabou o jogo, das minhas netas Leonor e Matilde, do Sr. Olímpio, dos Leões de Parambos, a aldeia mais Sportinguista de Portugal, em suma de todos os que amam o símbolo do Leão desde o local mais cosmopolita às aldeias mais recônditas do país e um pouco por todo o mundo.

OPINIÃO

CAMPEONATO

NACIONAL I – Está feito! Conseguimos novamente o nosso título de Campeão, o 25.º título! E este em modo de Bicampeão! Milhares e milhares de Sportinguistas, 50 mil no Estádio, dezenas de milhares fora do mesmo, centenas de milhares em Portugal de lés-a-lés, milhões espalhados pelo Mundo! Uma festa imensa! Desde cedo que se sentia o título, as horas não passavam, a ansiedade crescia e nós a querermos que os minutos passassem depressa. Até que, às 18h00, começou finalmente o nosso último jogo do Campeonato, contra o sempre difícil e personalizado Vitória SC. Tínhamos 90’ para fazer História, para mais uma vez nos assumirmos como a Maior Potência Desportiva Nacional! O fervor à volta do Estádio era descomunal, a fé tremenda, a esperança total. Íamos a caminho do Bi! A primeira parte foi ansiosa e insípida, com notório domínio Leonino, mas escassas oportunidades no ataque e, em contraponto, exibindo sempre uma defesa sólida. Na segunda parte acelerámos um pouco o jogo e, dez minutos depois do reatamento, tivemos soberba jogada protagonizada por Quaresma, Debast, Maxi e pum… Pote fuzila de primeira! Alvalade “vem abaixo”! Explode mesmo! Estava feito o primeiro golo e o título ali tão perto! Depois, sempre com o domínio e controlo total do jogo e sempre sem permitir qualquer veleidade ao nosso adversário (não nos lembramos de uma defesa digna desse nome por parte de Rui Silva), fomos em busca da consolidação da nossa vitória! E sim, pouco depois dos 80’ de jogo, esta chegou com assistência de Pote e por intermédio do intrépido Viktor Gyökeres! Um golaço feito de raça, poder, força, técnica, um golo de arte e só possível mesmo a um avançado centro de eleição! Éramos Campeões! Bicampeões!

CAMPEONATO NACIONAL II – Este título é mesmo tão, tão merecido! O Sporting esteve quase sempre na liderança da prova. Sempre que, esporadicamente perdia a mesma, recuperava-a de imediato, logo na jornada seguinte, demonstrando um indiscutível estofo de Campeão, contrariamente a outros que sempre fraquejavam e reiteradamente demonstravam que não tinham mesmo a qualidade necessária e suficiente para conquistar o título! Acabámos a prova isolados na liderança, com 82 pontos, com mais dois pontos do que o segundo classificado. Este, nesta última jornada, para ser Campeão, precisava de fazer melhor resultado que o Sporting CP; fez pior! O Sporting CP ganhou, o SL Benfica empatou (apesar de ter jogado a última meia-hora contra apenas dez adversários)! Corolário das 34 jornadas é a liderança isolada do Campeonato, com o maior número de vitórias alcançado (25 ex

O “Bi” chegou e com ele a alegria de milhões de Leões que pintaram o país a verde e branco, sendo mesmo a festa no Marquês de Pombal mais um momento inolvidável de um Sportinguismo arrebatador. Foi lindo ver diversas gerações de Leões a festejar, dos mais idosos aos mais jovens, e tantos eles são, e que são também o garante de um futuro rampante e cheio de sucesso para todos nós. Este foi o 25.º título de Campeão Nacional do Sporting Clube de Portugal. Num ano cheio de vicissitudes, o Leão tremeu mas não caiu. Foi mesmo de antes quebrar do que torcer. Às adversidades reagiu sempre. Quando perdeu a liderança, numa época em que liderámos em 30 das 34 jornadas da prova, factor inequívoco da justiça da conquista deste “Bi, o Sporting CP, retomaria logo a liderança na jornada seguinte. Quando faltou a inspiração, nunca faltou a atitude.

Este título teve mesmo cambiantes invulgares. Três treinadores, dois directores desportivos, lesões em catadupa e de longa duração em jogadores nucleares, nada disto demoveu o Sporting CP. A equipa foi uma verdadeira família. Aquele “onde vai um vão todos” que fez escola em 2021, mantém-se vivo. Nada demoveu este grupo de trabalho, de que não quero pôr foco no individual, mas sim num colectivo uno e indivisível. Nele uma palavra de destaque terá de ser dada a Rui Borges. Gosto da genuinidade do míster. É humilde, não renega as suas origens, mesmo com jogadores lesionados e tantos eles foram ao mesmo tempo, nunca se ouviu um queixume da sua parte. Recorreu a jogadores da equipa B amiúde. Quando pegou na equipa recuperou a liderança ante o eterno rival em Alvalade. Abanou, mas nunca caiu. Foi o paradigma do sucesso. Um sucesso que se fez de trabalho. Que se fez de união. Que se fez de foco no essencial. Foi, pois, um Leão indomável aquele que

se sagrou Campeão.

Também neste trabalho tenho de destacar alguém que herdou um legado cheio de dificuldades. Éramos um clube cheio de problemas. Vivíamos mesmo tempos que a História pela negativa não apaga.

Claro que falo do presidente Frederico Varandas e da sua equipa de trabalho.

Em menos de sete anos de presidência devolveu o Sporting Clube de Portugal às conquistas, e tantas têm sido, além de sermos, aos dias de hoje, um clube moderno, de termos um estádio que nos orgulha, de estarmos fortíssimos no conjunto das modalidades, etc.

Não gosto de personalizar conquistas, mas esquecer este trabalho é algo que não consigo. Honra ao mérito.

Mas uma coisa é inquestionável este título é de todos nós. De todos aqueles que sentem o símbolo do Leão.

Agora, o tempo é de acreditar no “Tri”, mas não sem antes deixar de querermos mais e mais. E nesse mais, conto no horizonte próximo com a conquista da Taça de Portugal. É difícil a dobradinha?

Sim. Mas também é, obviamente, muito possível. O foco está já nesse troféu. Conquistem-no por todos nós. Façamos da festa da Taça a nossa festa. A festa do Leão. O “Bi”...esse, já é nosso.

P.S 1 – A equipa B, ao vencer o Amarante FC, garantiu a subida à Liga Portugal 2. Um feito muito importante para o Clube, mas também para o crescimento individual dos nossos jovens talentos. Parabéns, Leões.

P.S 2 – E no próximo fim-de-semana, na continuidade da lógica ganhadora do Sporting CP, pode chegar mais um “Bi”. Agora, no andebol. Somos um clube ecléctico e que tem no seu ADN a conquista. Somos o Sporting Clube de Portugal.

aequo), menor número de derrotas sofridas (apenas duas), melhor ataque (88 golos), melhor defesa (27 golos sofridos), melhor diferença de golos (61) e com o melhor goleador da prova, Gyökeres com 39 golos! É clarinho e justíssimo!

CAMPEONATO NACIONAL III – Este título é, por outro lado, tão, tão merecido por tantos outros aspectos, desde logo pelas vicissitudes que o Clube enfrentou ao longo desta atípica temporada, as quais soube enfrentar com coragem e de modo estoico! Foi a imprevista, inesperada, indesejada e traumática saída de Ruben Amorim do comando técnico da equipa; foram as lesões que, em catadupa, de modo muito sensível e notório a partir de Novembro, a equipa foi sofrendo, muitas delas em jogadores nucleares e indiscutíveis titulares; foi o consulado de João Pereira, onde, por isto ou aquilo, os resultados nos fugiram e só conseguimos quatro pontos em 12 possíveis (quatro jogos); foram as decisões de jogo que nalguns momentos nos foram sendo desfavoráveis e que permitem, na análise de “especialistas de arbitragem”, chegar à conclusão que, na Liga da Verdade do Record e em trabalhos similares de outros meios de comunicação social, o Sporting CP sempre ganharia o Campeonato, inclusive com maior avanço e destaque em relação aos seus mais directos competidores.

CAMPEONATO NACIONAL IV – E este título é também extraordinariamente merecido pelo fabuloso naipe de jogadores que o Clube tem! Pelo modo como a equipa soube suportar os infortúnios da época e ultrapassar as agruras da mesma. Pelo modo como soube receber Rui Borges e a sua equipa técnica! Pelo modo como este se soube integrar e moldar a equipa e jogadores ao seu jeito, sempre com um discurso positivo, com um querer total e com um contagiante acreditar no grupo de trabalho! Rui Borges, recorde-se, entrou em Alvalade para ganhar na 16.ª jornada ao SL Benfica e assim continuou. Foram 19 jornadas e não averbou nenhuma derrota nesses jogos, mesmo tendo jogado fora no Dragão, na Luz e em Guimarães. É obra! Obrigado, equipa! Obrigado, Rui Borges!

CAMPEONATO NACIONAL V – A equipa merece, sem dúvida, um enorme destaque! Foi ela, foram os nossos jogadores que nunca quebraram, que sempre lutaram! Eles tinham e têm o tal espírito de Campeão que tantas e tantas vezes Rui Borges salientou. O conjunto merece o nosso imorredoiro aplauso! E alguns destaques (correndo o risco de algum injusto esquecimento) vou fazer. Hjulmand, claro, o nosso fundamental capitão, orgulho do nosso Clube, pelo que joga, pelo que comanda e por ser quem é e como é! Depois, Gyökeres, claro, fez 39 golos no Campeonato, apesar de não ter feito todos os jogos, para além de muita assistência e de tudo, tudo o que deu à equipa, mesmo quando estava fisicamente limitado. Trincão foi fundamental, fez uma época extraordinária, coroada com golos fundamentais em Guimarães, na Luz, contra o Nacional e tantos outros. Rui Silva é um esteio que veio para ficar e resolveu-nos o tema da baliza. Palavra para o imenso rol de lesionados, desde logo para Pote (a cena no Marquês do mic drop é inolvidável!) que ainda regressou a tempo de ser decisivo neste último jogo e os ainda no estaleiro Nuno Santos, Daniel Bragança,

João Simões. Especial referência para Eduardo Quaresma, decisivo com aquele soberbo pontapé contra o Gil Vicente. E para o Ricardo Esgaio, seguramente o único homem no Mundo a merecer um verso em português do Viktor! E para tantos outros: Diomande, Quenda, Catamo, Gonçalo Inácio, St. Juste, Morita, Debast e os jovens da equipa B sempre tão bem! Obrigado, Equipa! Obrigado, a todos os jogadores!

FREDERICO VARANDAS – É o grande obreiro deste momento histórico da vida do Clube! Sete anos de mandato, três títulos de Campeão Nacional! É, para já, uma Taça de Portugal, três Taças da Liga, uma Supertaça! São oito troféus conquistados até ao momento! E nestes avultam, claro, os três títulos de Campeão, nos quais se insere o actual e histórico Bicampeonato! Um feito que não era alcançado desde a primeira metade dos anos 50! Frederico Varandas já apontou o futuro… quer mais títulos! Quer continuar a ganhar! Obrigado, presidente! Obrigado, grande Leão de juba alta! TAÇA DE PORTUGAL – É no domingo, no Jamor. Lá estaremos! Queremos trazer o “caneco” para o Museu! Venha ele! Força, equipe! Vamos à “dobradinha”!

EQUIPA B – No passado sábado, no Estádio Aurélio Pereira a nossa equipa B deu-nos uma outra enorme alegria! Conquistou o direito a subir de divisão! Na próxima época teremos, pois, a equipa B na Liga 2! Parabéns, equipa! Parabéns, Leões!

ANA BORGES – Esta nossa jogadora e capitã de equipa sai no final desta época! Foram nove temporadas de Leão ao peito! 216 jogos e oito títulos! Obrigado, Ana Borges! Até sempre!

Viva o Sporting Clube de Portugal!

P.S 1 – A CML decidiu mal quanto ao fecho, em cima da hora, de vários estabelecimentos hoteleiros nas imediações do Estádio José Alvalade. A decisão foi manifestamente tardia, mal explicada e é mesmo racionalmente incompreensível, inclusive em termos internacionais; depois, face à onda de contestação que imediatamente varreu o universo Leonino e – ao que se sabe – à intervenção de Frederico Varandas, tentou emendar a mão; foi tarde; o mal estava feito; certo é que há uma semana a CML não teve comportamento idêntico quanto a estabelecimentos nas cercanias do Estádio da Luz; não se percebe, pois, o racional desta infeliz decisão. Corolário do ocorrido foi a desagradável situação que na 2.ª feira ocorreu na recepção da comitiva do Sporting CP. Carlos Moedas e a sua vereação bem que poderiam ter poupado tanto assobio que lhes foi dirigido!

P.S 2 – A PSP já veio qualificar a operação de segurança dos festejos do título do Sporting CP como tendo decorrido de forma “globalmente tranquila, positiva e serena”. Já o ano passado foi assim. A massa Associativa e adepta do Clube é, no seu adn, maioritária e largamente composta por gente boa e ordeira! Soube que infelizmente houve um adepto que poderá ter ficado cego por, ao que parece, efeito de uma bala de borracha perdida. É uma situação triste (que carece ainda de adequada investigação) e que naturalmente lamentamos. Os meus votos de recuperação para este Leão!

JUVENAL CARVALHO
TITO ARANTES FONTES

CLUBE HISTÓRIA

ESTÁTUA DA PRAÇA DO MARQUÊS RIMA

COM SPORTING CP

CLUBE TEM FESTEJADO TÍTULOS DE CAMPEÃO DE FUTEBOL NA PRAÇA MAIS EMBLEMÁTICA DE LISBOA, IDEALIZADA E ERIGIDA POR SPORTINGUISTAS, E COM MUITOS MOMENTOS QUE FICARAM PARA A HISTÓRIA DESDE O NOVO SÉCULO.

Texto: Nuno Miguel Simas

Fotografia: Museu Sporting –Centro de Documentação

A Praça do Marquês de Pombal já é indissociável do Sporting CP. A rotunda localizada entre a Avenida da Liberdade e o Parque Eduardo VII e que homenageia Sebastião José de Carvalho e Melo, mais conhecido por Marquês de Pombal, secretário de Estado do Reino Português, diplomata e estadista que viveu entre 1699 e 1782 e que acima de tudo ficou conhecido pelo papel na renovação de Lisboa após o terramoto de 1755, tem uma fortíssima ‘marca’ Sporting CP.

A estátua inaugurada em homenagem ao Marquês de Pombal em 1934 foi desenhada e cons-

truída por Sportinguistas. Na génese arquitectónica do monumento esteve um: António do Couto, que teve uma vida de ligação ao Clube, no qual foi jogador de futebol nos primeiros anos de 1900, além de ter sido membro do primeiro Conselho Fiscal do Sporting CP e vice-presidente da Mesa da Assembleia Geral. António do Couto foi, ainda, Sócio n.º 1 do Clube, desde 1928 até 1946, ano em que faleceu.

O escultor do monumento, Praça Marquês de Pombal, foi Francisco dos Santos, que a partir de 1908 jogou no Sporting CP, onde foi, inclusivamente, companheiro de António do Couto na equipa de futebol. O Leão que faz parte da estátua no qual Sebastião José de Carvalho e Melo tem a mão

pousada, é um símbolo de poder, mas claro, remete, também, imediatamente para uma associação ao Sporting CP.

A ligação mais íntima das celebrações do título de Campeão Nacional na Praça do Marquês ao Sporting CP remonta ao início do século.

No final da temporada 1999/ 2000, pela primeira vez, o Clube passou a ter no Marquês de Pombal um dos centros nevrálgicos de celebração de conquista do Campeonato Nacional. Foi o Sporting CP o clube que comemorou pela primeira vez um título de Campeão na Praça do Marquês de Pombal.

Após o triunfo Leonino em casa do SC Salgueiros por 4-0, a equipa viajou de autocarro do Porto para Lisboa e dirigiu-se à praça situada no cimo da Avenida da Liberdade para festejar com uma onda verde de adeptos, o 21.º título no historial.

No topo da Avenida da Liberdade, a obra arquitéctónica com cerca de 40 metros de altura em pedra, não passa despercebida a ninguém e desde 2000 passou a ter ainda mais um encanto, a verde e branco, pois sempre que o Sporting CP é Campeão Nacional de futebol, muitos dos festejos Leoninos se concentram nesta emblemática Praça.

Tudo começou em Maio de 2000, mais precisamente nas primeiras horas do dia 15 de Maio, quando chegaram os capitães de equipa do Sporting CP à Praça do Marquês onde os esperavam muitos milhares de Sportinguistas. O restante plantel ficaria no antigo Estádio José Avalade, onde mais de 50 mil Sportinguistas aguardavam pelos novos Campeões Nacionais.

Inesquecíveis ficaram esses momentos de comunhão entre a equipa e a multidão de Sportinguistas –, com o ponto mais alto a ser a subida de Ivaylo Yordanov, então capitão de equipa, através de uma grua, para colocar um cachecol à volta da estátua do Marquês. E esta época, já no virar do último sábado para domingo, milhares de Sportinguistas, desceram as principais avenidas rumo ao Marquês de Pombal e concentraram-se na Praça iluminada a verde, com palco a condizer e homenagearam os Campeões Nacionais do 25.º título da História do Sporting CP. Mais uma noite para mais tarde recordar, numa Praça ‘apinhada’ de Sportinguistas em festa e que já é um coração Leonino, não tivesse uma estátua com um Leão a abrilhantá-la, num local que já é conhecido como ‘salão de festas’ dos títulos de Campeão Nacional de futebol do Sporting CP.

António do Couto (ao centro na fila do meio), arquitecto da obra, foi jogador, dirigente e Sócio n.º 1 do Clube
Em 2000, Ivaylo Yordanov colocou um cachecol verde e branco na estátua da Praça do Marquês de Pombal

FUTEBOL EQUIPA PRINCIPAL

A FESTA SEGUIU NA TRADICIONAL RECEPÇÃO NA CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA

OS BICAMPEÕES NACIONAIS FORAM HOMENAGEADOS PELA AUTARQUIA, CUJA PRAÇA DO MUNICÍPIO SE ENCHEU DE SPORTINGUISTAS PARA ENCERRAR DA MELHOR MANEIRA OS FESTEJOS DO TÍTULO.

Fotografia:

Após a conquista do título nacional pela segunda época consecutiva, a equipa principal de futebol do Sporting Clube de Portugal foi recebida e homenageada na Câmara Municipal de Lisboa (CML), durante o final de tarde da última segunda-feira, como manda a tradição.

E nem o sol inclemente que se fez sentir, nem o facto de ser início de semana desmobilizaram os inúmeros adeptos Sportinguistas que marcaram presença em massa – bem antes da chegada do autocarro Leonino – para encher a Praça do Município, e até as varandas e janelas circundantes, e voltar a celebrar a histórica conquista junto dos jogadores, equipa técnica e direcção do Clube.

A comitiva verde e branca chegou aos Paços do Concelho perto das 18h15, já sob um ruidoso ambiente de festa e ao som da ‘Marcha do Sporting CP’ pela voz da fadista Kátia Guerreiro. Com o presidente Frederico Varandas à cabeça, seguido pelo treinador Rui Borges e o capitão Morten Hjulmand – responsáveis por levar o troféu – os protagonistas foram subindo um a um ao palco instalado às portas da CML e, entre muitos aplausos, foram recebidos por Carlos Moedas, o autarca da capital.

Depois da tradicional fotografia na escadaria do edifício, os Bicampeões Nacionais foram encaminhados para a varanda do Salão Nobre da CML, a partir de onde brindaram os adeptos presentes na praça com o mais recente troféu conquistado. De volta ao palco, deu-se lugar aos discursos habituais da cerimónia, primeiro por parte de Carlos Moedas e, a seguir, de Frederico Varandas [ver caixa].

“Bicampeões, bem-vindos à Praça do Município”, saudou inicialmente o presidente da CML, antes de distribuir os méritos pela conquista, começando pelo presidente Frederico Varandas. “Três campeonatos é obra. É prova da sua liderança”, endereçou, realçando que “Lisboa é mais uma vez verde e branca”.

“Obrigado ao Sporting CP, que, tal como o Visconde de Alvalade defendia, é tão grande como os maiores da Europa, mas não só. Provaram que é das maiores instituições de todo o mundo”, enalteceu o autarca, que aproveitou também a já célebre frase de

Rui Borges na apresentação para abordar a época “de superação” dos Leões.

“A vossa época foi de atitude, mesmo quando parecia impossível, mesmo quando o choque parecia insuportável. Nunca vos faltou a atitude que distingue os Campeões”, sublinhou Carlos Moedas, passando ainda a destacar momentos memoráveis ao longo da caminhada, bem como alguns jogadores a nível individual, entre os quais Hjulmand pela sua “liderança” e os registos goleadores de Viktor Gyökeres, que bateu “os seus próprios recordes”.

“Viva o Sporting CP, viva a Glória daquilo que esperaram tantos anos, desde 1954. Hoje são Bicampeões, são o orgulho da cidade e do país. Obrigado pelo vosso Esforço, Dedicação e Devoção. A Glória é vossa! Viva o Sporting CP, viva Lisboa!”, concluiu.

Entre os discursos, Carlos Moedas ofereceu uma estatueta de Santo António a Frederico Varandas, uma a Rui Borges e outra a Hjulmand. Em sentido contrário, o presidente do Sporting CP entregou ao autarca um quadro com uma camisola personalizada dos Leões.

Para terminar a cerimónia, Kátia Guerreiro voltou ao palco para cantar ‘O Mundo Sabe Que’, ajudada pela voz de todos os Sportinguistas presentes, que levantaram os seus cachecóis para pintar de verde e branco a Praça do Município. À saída, os jogadores Leoninos ainda acederam aos pedidos de fotografias e autógrafos dos mais novos. Encerraram-se, assim, os festejos pelo Bicampeonato Nacional e todas as atenções viram-se para o Jamor, onde o Sporting CP vai em busca da Taça de Portugal e respectiva ‘dobradinha’ para fechar a época 2024/2025.

Texto: Xavier Costa
Isabel Silva, João Pedro Morais
Pela terceira vez nos últimos cinco anos, o Sporting CP foi à CML como Campeão Nacional

DISCURSO DE FREDERICO VARANDAS NA CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA

“A primeira palavra vai para os adeptos do Sporting Clube de Portugal. Obrigado por terem lutado connosco lado a lado, nos estádios, na estrada, nas ruas. Não só lado a lado, mas muitas vezes a carregar a equipa às costas nos momentos mais difíceis. Muito obrigado pela dedicação, entrega e, sobretudo, por terem acreditado até ao fim que aqui estaríamos novamente.

E sobre a festa... Meu Deus, que festa. Eu percebo que só vos chegue parte da informação, mas quero agradecer ao presidente Carlos Moedas, porque foram mais de 24 horas a tentar encontrar as razões técnicas e políticas para que não houvesse condicionamento da festa. Sou militar e respeito muito todas as forças de segurança, mas não tratem os adeptos de futebol como criminosos. Não prejudiquem algo que faz parte da nossa cultura, como o futebol. Não prejudiquem centenas de milhares de adeptos que têm paixão pelo seu clube apenas por uma minoria que não se sabe comportar. E que lição deram centenas de milhares de pessoas novamente. Numa festa linda foram bicampeões a saber festejar. Muito obrigado. As minhas segundas palavras vão para o nosso grande rival. Que luta foi! Foram um digno vencido e valorizaram muito a nossa conquista. Não venceram, mas não deixaram de fazer um grande campeonato. Honra ao nosso grande rival. Terceira palavra para o nosso Sporting CP, agora falando internamente. Quero dirigir-me a quem não está aqui hoje. Ruben Amorim, João Pereira e [Hugo] Viana também são campeões. Muito obrigado por tudo, porque também contribuíram para estarmos aqui. Mas o grande destaque tem de ser para os que aqui estão. E quem é que está aqui? O Bicampeão, meus senhores. Algo que não acontecia há 71 anos. É verdade que não tínhamos o maior orçamento, não fizemos o maior investimento, mas fomos quem fez mais pontos, o melhor ataque, defesa, quem liderou em 30 jornadas, quem teve o melhor marcador, o melhor da Liga. Há dúvidas? Mas há muito

mais para contar para lá dos números... E que ano que isto foi.

Agora, deixem-me dirigir para os heróis deste campeonato, os jogadores do Sporting Clube de Portugal. São heróis pelas inesperadas saídas que tivemos a meio, pela onda inacreditável de lesões durante o ano. Chegámos a ter 11 jogadores indisponíveis e por vários jogos não tivemos um único médio disponível. Tivemos lesões graves e longas em jogadores-chave do nosso plantel. Quando muitos começaram a tremer, este grupo nunca duvidou. Agarramo-nos uns aos outros. Não tínhamos este, jogava aquele. Aquele não podia, jogava este, mas em cada jogo lutámos com tudo o que tínhamos e lutámos até ao fim. Passámos por muito, merecíamos muito e eu sei que eles pensam como eu: de todos os títulos, este foi o mais saboroso.

E o que dizer sobre o nosso treinador Rui Borges? Já o ouvi dizer que é de Mirandela, mas míster deixe-me dizer que é-me indiferente se é de Mirandela, da Praça de Londres ou de Cascais. O que me interessa é sua capacidade de liderança, de gestão de grupo e competência. Também já o ouvi dizer que nunca estudou... Nunca estudou, mas é licenciado e doutorado em carácter, nobreza e valores - e mais. Pode dar muitas lições e explicações a pessoas que nunca conquistaram nada na vida, mas que se acham alguém apenas por falar numa televisão. Tenho de lhe ‘tirar o chapéu’ pela capacidade para se adaptar, quase sempre não jogando na sua ideia de jogo, mas não só se adaptou como venceu e é Campeão Nacional. Para terminar, só um apontamento. Este treinador conseguiu ser Campeão, fazer 19 jornadas sem perder, ir à Luz e ao Dragão, e nunca teve o ‘onze de gala’ disponível e que andou a jogar nas primeiras jornadas. Muito obrigado!

Por fim, não posso deixar de agradecer à estrutura do Sporting CP, que se tornou indiscutível e indispensável. Deu suporte a três treinadores e nunca tremeu. Uma

estrutura com cultura vencedora, sem lamentações e sem desculpas. É esta a cultura interna que há hoje no Sporting CP, seja na estrutura de futebol, nas modalidades, nos colaboradores, nos órgãos Sociais. Muito obrigado a todos.

Durante o ano, também fomos vendo e lendo muitos gurus e experts de comunicação, mas eu só posso dizer que percebem muito pouco de liderança e, ainda menos, de como tornar um clube vencedor. Presidente, não foi consigo [era Fernando Medina o autarca], mas em Maio de 2019 estivemos aqui pela primeira vez. Após a conquistada de duas Taças, com o treinador Marcel Keizer – coisa pouca – discursei nesta casa e disse que mais importantes do que estes títulos era o caminho que o Sporting CP estava a percorrer. Desde que esta Direcção entrou em funções, em 2018, o Sporting CP conquistou três Campeonatos e os nossos rivais dois cada um. Isto significa que, de forma objectiva e factual, o Sporting CP, desde 2018, é o número 1 em Portugal. E isto ainda parece mais surreal se nos lembrarmos que não vencíamos há 17 anos e estávamos no pior momento de toda a sua História. Qual é o segredo desta Direcção? Amor pelo Clube, espírito de missão, coragem, cabeça-fria e muita racionalidade. O Sporting CP é hoje um clube digno, íntegro, jovem, pujante e Bicampeão. Hoje vejo aqui à minha frente muitos jovens, muitas crianças. Uma das razões por que nós decidimos tomar conta deste clube foi para que não passassem aquilo que a minha geração passou: não festejar campeonatos durante 18 anos e, depois, 19 anos. Hoje tenho dois filhos em casa: com cinco anos, que viu o Sporting CP ser campeão três vezes. A minha filha, que faz hoje dois anos, só sabe ser Campeã.

E para terminar, para todos vocês, Sportinguistas. Nós respeitamos muito os nossos rivais, mas nós queremos muito, muito, mas mesmo muito, o Tricampeonato.

Viva o Sporting CP!”

A fotografia simbólica na escadaria do edifício
Rui Borges e Morten Hjulmand brindaram os Sportinguistas com o troféu

FUTEBOL EQUIPA PRINCIPAL

OS NOMES E OS NÚMEROS DO MERECIDO BICAMPEONATO 71 ANOS DEPOIS

O SPORTING CP SAGROU-SE BICAMPEÃO NACIONAL NUMA ÉPOCA ATÍPICA, NA QUAL TEVE TRÊS TREINADORES E VÁRIOS JOGADORES LESIONADOS DURANTE VÁRIAS JORNADAS. AINDA ASSIM, A EQUIPA LEONINA SOUBE SUPERAR TODOS OS CONTRATEMPOS E CONQUISTOU O TÍTULO COM TODO O MÉRITO. VIKTOR GYÖKERES DESTACOU-SE COM GOLOS E FRANCISCO TRINCÃO EM ASSISTÊNCIAS, MAS PARA A HISTÓRIA FICAM MUITOS OUTROS NOMES E MUITOS NÚMEROS.

JOGADORES CAMPEÕES

Afonso Moreira Biel

Conrad Harder

Daniel Bragança

Dário Essugo

Diego Calai

Diogo Pinto

Eduardo Felicíssimo

Eduardo Quaresma

Francisco Trincão

Francisco Silva

Franco Israel

Geovany Quenda

Geny Catamo

Gonçalo Inácio

Hidesama Morita

Henrique Arreiol

Iván Fresneda

José Silva

Marcus Edwards

Mateus Fernandes

Matheus Reis

Mauro Couto

Maxi Araújo

Morten Hjulmand

Nuno Santos

Ousmane Diomande

Pedro Gonçalves

Ricardo Esgaio

Rodrigo Ribeiro

Rui Silva

Vladan Kovačević

Viktor Gyökeres

Zeno Debast

VOLTARAM A FALTAR ELOGIOS PARA VIKTOR GYÖKERES. SE NO CAMPEONATO PASSADO, NA ÉPOCA DE ESTREIA COM A LISTADA VERDE E BRANCA, O AVANÇADO SUECO SURPREENDEU TUDO E TODOS, NESTE DEIXOU MUITA GENTE SEM PALAVRAS. VIKTOR GYÖKERES APONTOU 39 TENTOS (CINCO BIS, TRÊS HAT-TRICKS E DOIS POKERS) E FEZ NOVE ASSISTÊNCIAS, APESAR DE TER ESTADO FISICAMENTE CONDICIONADO. NO PÓDIO DE MELHORES MARCADORES DA PROVA FICARAM AINDA SAMU AGHEHOWA (FC PORTO) E VANGELIS PAVLIDIS (SL BENFICA) QUE MARCARAM MENOS 20 GOLOS DO QUE O AVANÇADO LEONINO, QUE É AINDA UM FORTE CANDIDATO À BOTA DE OURO DO FUTEBOL EUROPEU.

O SPORTING CP LIDEROU

EM 30 DAS 34 JORNADAS

DA LIGA, SENDO QUE SEMPRE QUE PERDEU

O PRIMEIRO LUGAR O RECUPEROU NA RONDA

SEGUINTE. ACONTECEU EM TRÊS OCASIÕES, DEPOIS DE CAIR AS TRÊS VEZES PARA SEGUNDO. DE REFERIR QUE APÓS A PRIMEIRA

JORNADA, A EQUIPA

LEONINA ARRANCOU

EM TERCEIRO. DESTAQUE

AINDA PARA OS 21 JOGOS

SEGUIDOS SEM PERDER, MAIS SEIS DO QUE A

SEGUNDA MELHOR

EQUIPA NESTA TEMÁTICA (SL BENFICA).

A TEMPORADA FICOU MARCADA POR VÁRIAS LESÕES, COM DESTAQUE PARA AS DE NUNO SANTOS (OUTUBRO), DANIEL BRAGANÇA (FEVEREIRO) E JOÃO SIMÕES (FEVEREIRO) QUE TIVERAM, INCLUSIVE, DE SER OPERADOS E A PARTIR DAÍ NÃO PUDERAM JOGAR MAIS. OUSMANE DIOMANDE, EDUARDO QUARESMA, JEREMIAH ST. JUSTE, MATHEUS REIS, MORTEN HJULMAND, HIDEMASA MORITA, GENY CATAMO E VIKTOR GYÖKERES TAMBÉM ENFRENTARAM ALGUNS PROBLEMAS FÍSICOS E ESTIVERAM AUSENTES, POR VEZES AO MESMO TEMPO, E PEDRO GONÇALVES FOI BAIXA DURANTE CINCO MESES.

11 DOS MAIS UTILIZADOS

Francisco Trincão Viktor Gyökeres Geovany Quenda

A ÉPOCA FOI ATÍPICA DESDE LOGO PELAS MEXIDAS NO COMANDO TÉCNICO. RUBEN AMORIM TEVE O CONVITE DO MANCHESTER UNITED FC E SAIU APÓS 11 JORNADAS E 11 VITÓRIAS SEGUIDAS COM JOÃO PEREIRA A SUBSTITUÍ-LO, MAS O EX-JOGADOR LEONINO FICOU APENAS QUATRO RONDAS NO CARGO. SEGUIU-SE DEPOIS RUI BORGES, QUE LIDEROU A EQUIPA VERDE E BRANCA NOS 19 JOGOS QUE SE SEGUIRAM ATÉ À CONQUISTA, ACABANDO POR VENCER 13 E EMPATAR SEIS.

MAIS UMA TEMPORADA EM QUE A FORMAÇÃO VERDE E BRANCA ESTEVE AO SERVIÇO E SE DESTACOU NA EQUIPA PRINCIPAL. PARA FAZER FACE ÀS LESÕES, MAS NÃO SÓ, EM 2024/2025 ESTREARAM-SE SETE JOGADORES. GEOVANY QUENDA ACABOU POR SER O MAIS UTILIZADO, ASSIM COMO JOÃO SIMÕES, QUE EM FEVEREIRO SE LESIONOU, MAS EDUARDO FELÍCISSIMO, ALEXANDRE BRITO, HENRIQUE ARREIOL, JOSÉ SILVA E MAURO COUTO TAMBÉM TIVERAM A SUA CONTRIBUIÇÃO.

O ESTÁDIO JOSÉ ALVALADE CONTOU COM 722.987 ESPECTADORES NAS 17 JORNADAS EM QUE FOI ANFITRIÃO, REGISTANDO-SE UMA MÉDIA DE 42.529 ADEPTOS POR JOGO. A MAIOR ENCHENTE FOI NO ENCONTRO DA CONSAGRAÇÃO DO TÍTULO: 49.154 PESSOAS. NOS JOGOS FORA, O SPORTING CP TAMBÉM CONTOU COM O APOIO MASSIVO DOS ADEPTOS LEONINOS QUE FORAM ESGOTANDO OS BILHETES EM TODAS AS JORNADAS E NO ESTÁDIO DO BESSA CHEGARAM A ESTAR MAIS DE 10.000 SPORTINGUISTAS.

Texto: Maria Gomes de Andrade
Alexandre Brito
Jeremiah St. Juste
João Simões
Rui Silva

TODOS OS RESULTADOS

Jornada Jogo Resultado

1.ª Sporting CP - Rio Ave FC 3 - 1

2.ª CD Nacional - Sporting CP 1 - 6

3.ª SC Farense - Sporting CP

4.ª Sporting CP - FC Porto 2 - 0

5.ª FC Arouca - Sporting CP

6.ª Sporting CP - AVS FS 3 - 0

7.ª GD Estoril Praia - Sporting CP 0 - 3

8.ª Sporting CP - Casa Pia AC

9.ª FC Famalicão - Sporting CP

10.ª Sporting CP - CF Estrela Amadora 5 - 1

11.ª SC Braga - Sporting CP 2 - 4

12.ª Sporting

13.ª

14.ª

15.ª

16.ª Sporting CP - SL Benfica

18.ª

19.ª

20.ª

21.ª FC

23.ª

24.ª

25.ª

26.ª Sporting CP - FC Famalicão

27.ª CF Estrela Amadora - Sporting CP 0 - 3

28.ª Sporting CP - SC Braga 1 - 1

29.ª CD Santa Clara - Sporting CP 0 - 1

30.ª Sporting CP - Moreirense FC 3 - 1

31.ª Boavista FC - Sporting CP 0 - 5

32.ª Sporting CP - Gil Vicente FC 2 - 1

33.ª SL Benfica - Sporting CP 1 - 1

34.ª Sporting CP - Vitória SC 2 - 0

GOLOS

88

MARCADOS

Melhor ataque

27

SOFRIDOS

Melhor defesa

MARCADORES

Viktor Gyökeres 39

Francisco Trincão 9

Conrad Harder 5

Pedro Gonçalves 5

Geny Catamo 5

Iván Fresneda 3

Daniel Bragança 3

Maxi Araújo 3

Gonçalo Inácio 3

Hidemasa Morita 2

Morten Hjulmand 2

Geovany Quenda 2

Ousmane Diomande 2

Marcus Edwards 1

João Simões 1

Eduardo Quaresma 1

PARA GEOVANY QUENDA FOI CHEGAR, VER E VENCER. FORMADO NA ACADEMIA, O JOVEM JOGADOR ESTREOU-SE COM APENAS 17 ANOS E ACABOU POR ESTAR NAS 34 JORNADAS DA LIGA, SOMANDO 2.256 MINUTOS, DOIS GOLOS E QUATRO ASSISTÊNCIAS. ENTRETANTO JÁ FEZ 18 ANOS, MAS ANTES DISSO JÁ SE TINHA TORNADO NO JOGADOR MAIS NOVO DE SEMPRE A FAZER MAIS JOGOS DE LEÃO AO PEITO NA EQUIPA PRINCIPAL.

ASSISTÊNCIAS

Francisco Trincão 15

Viktor Gyökeres 9

Conrad Harder 5

Daniel Bragança 4

Maxi Araújo 4

Geovany Quenda 4

Pedro Gonçalves 3

Hidemasa Morita 3

Zeno Debast 3

Gonçalo Inácio 3

Matheus Reis 2

Geny Catamo 2

Hjulmand 2

FUTEBOL EQUIPA PRINCIPAL

OS DEZ MOMENTOS QUE DEFINIRAM O TÍTULO

TODOS OS JOGOS E PONTOS CONTARAM, MAS ALGUNS VÃO FICAR DE FORMA MAIS PERMANENTE NA MEMÓRIA DE QUEM ACOMPANHOU A MEMORÁVEL CAMPANHA RUMO AO BICAMPEONATO EM 2024/2025.

Texto: Luís Santos Castelo

Fotografia: José Lorvão

ENTRADA DE (BI) CAMPEÃO 9 de Agosto de 2024

Sporting CP 3-1 Rio Ave FC

Os (então ‘apenas’) Campeões Nacionais começaram a Liga com um sólido triunfo sobre o Rio Ave FC por 3-1 no Estádio José Alvalade com um bis de Pedro Gonçalves e um golo de Viktor Gyökeres. Um início autoritário que começou a dar indícios do que viria a ser a campanha.

IMPARÁVEIS FORA DE CASA 17 e 23 de Agosto de 2024

CD Nacional 1-6 Sporting CP

SC Farense 0-5 Sporting CP

A segunda e terceira jornadas ditaram deslocações à Madeira e ao Algarve e a resposta verde e branca foi notável, com duas goleadas que não deixaram margem para dúvidas. Viktor Gyökeres estava de pé quente – como sempre – e facturou cinco golos nas duas partidas.

VITÓRIA NO CLÁSSICO

31 de Agosto de 2024

Sporting CP 2-0 FC Porto

Quarta jornada e o primeiro grande jogo da Liga. Na recepção aos dragões, o Sporting CP foi mais forte e venceu com Viktor Gyökeres a inaugurar o marcador e Geny Catamo a confirmar o triunfo. Estava confirmado: os Leões queriam muito o Bicampeonato.

TRIUNFO ÉPICO PARA CHEGAR AOS 11 10 de Novembro de 2024

SC Braga 2-4 Sporting CP

Na despedida de Rúben Amorim, o Sporting CP queria chegar às 11 vitórias nas 11 primeiras jornadas, igualando um recorde antigo. A situação estava difícil, com 2-0 para os minhotos, mas uma segunda parte épica viu o Clube chegar ao empate com golos de Hidemasa Morita e Morten Hjulmand e atingir mesmo os três pontos com um bis de Conrad Harder nos minutos finais.

RUI BORGES COMEÇA EM GRANDE

29 de Dezembro de 2024

Sporting CP 1-0 SL Benfica

Rui Borges chegou e logo com um dérbi importante para voltar à liderança da Liga. Geny Catamo voltou a ter gosto em marcar ao SL Benfica e resolveu um encontro marcante por dar início a uma nova era em Alvalade.

TRINCÃO RESGATA UM PONTO DE GUIMARÃES

3 de Janeiro de 2025

Vitória SC 4-4 Sporting CP

Jogar em Guimarães nunca é fácil e nem o hat-trick de Viktor Gyökeres impediu os visitados de virarem um 1-3 para 4-3. No entanto, já em tempo de compensação, Francisco Trincão apontou um golaço que valeu um precioso ponto fora de casa.

QUARESMA NO ÚLTIMO SUSPIRO

4 de Maio de 2025

Sporting CP 2-1 Gil Vicente FC

A formação de Barcelos estava a dificultar muito a vida aos Leões numa fase decisiva da temporada e marcou em Alvalade ainda na primeira parte. Foi preciso acreditar muito para chegar ao empate, por Maxi Araújo e já nos dez minutos finais, mas ainda mais já em tempo de compensação, quando um remate de Eduardo Quaresma só parou no fundo das redes para garantir a vitória. Um dos mais icónicos momentos da temporada e, certamente, um dos golos mais festejados.

EMPATE FAVORÁVEL NO DÉRBI

10 de Maio de 2025

SL Benfica 1-1 Sporting CP

Num dos dérbis mais esperados de sempre e em que qualquer um dos rivais se podia sagrar Campeão, Francisco Trincão fez o golo no empate que deixou o Sporting CP a um passo do título. Os Leões passavam a ser o único conjunto que só dependia de si a uma jornada do fim.

SUPERAÇÃO PERANTE LESÕES

3 de Março de 2025

Sporting CP 3-1 GD Estoril Praia

Depois de três empates consecutivos e a meio de uma dura onda de lesões, o Sporting CP bateu o conjunto de Cascais com tentos de Viktor Gyökeres (dois) e Gonçalo Inácio. Nota para a titularidade de Eduardo Felicíssimo e para as entradas de José Silva e Henrique Arreiol. Kauã Oliveira, Manuel Mendonça e Afonso Moreira estiveram no banco.

BICAMPEÕES!

17 de Maio de 2025

Sporting CP 2-0 Vitória SC

Finalmente, Bicampeões! Depois de 55 minutos tensos, mas sempre com o Sporting CP a dominar, Pedro Gonçalves fez o esperado 1-0. Mais tarde, Viktor Gyökeres fechou as contas e confirmou o 25.º título nacional da história do emblema verde e branco.

FUTEBOL EQUIPA PRINCIPAL

REI NA LIGA ATACA ‘DOBRADINHA’ EM DÉRBI PELA PROVA-RAINHA

PELA SEGUNDA ÉPOCA SEGUIDA, O SPORTING CP CHEGA À FINAL DA TAÇA DE PORTUGAL COMO CAMPEÃO NACIONAL E TEM A OPORTUNIDADE (OUTRA VEZ) DE SOMAR UMA ‘DOBRADINHA’ QUE ESCAPA HÁ 23 ANOS. DESTA VEZ, O RIVAL SL BENFICA É O ADVERSÁRIO, NUM DÉRBI QUE NÃO SE VÊ NO JAMOR DESDE A FUNESTA EDIÇÃO DE 1995/1996.

Texto: Xavier Costa Fotografia: José Lorvão

Conquistado e festejado o Campeonato, só falta um jogo para encerrar 2024/2025: a final da Taça de Portugal, marcada para as 17h15 deste domingo. E se esta já é uma temporada histórica para o Sporting CP, que voltou a ser Bicampeão Nacional mais de 70 anos depois, a ida ao Jamor pode torná-la ainda mais memorável. Os Leões não vencem a prova-rainha desde 2018/2019 e, mais do que isso, não conseguem fazer a ‘dobradinha’, isto é, juntar os troféus da Liga e da Taça na mesma época, há 23 anos – desde as conquistas em 2001/2002. E se tudo isso não fossem já aliciantes suficientes, a decisão reserva nada mais que um dérbi, porque no Estádio Nacional, já de bancadas esgotadas, o último ‘degrau’ que separa o Sporting CP da escadaria do Jamor – onde se levanta o troféu – é o rival SL

Benfica. Um dérbi que a final da Taça de Portugal não vê há muito também. Precisamente, desde 18 de Maio de 1996, então uma trágica edição – para lá da vitória encarnada (3-1) – marcada acima de tudo pela morte de Rui Mendes, espectador Sportinguista atingido mortalmente por um very-light lançado por um adepto adversário. Um episódio negro que nunca se poderá repetir, mas tampouco esquecer. Com o foco no que deve ser a ‘festa da Taça’, mesmo que acesa pela eterna rivalidade lisboeta, este será também mais um capítulo em que Leões e águias vão disputar frente-a-frente um novo troféu na temporada que agora se encerra. Em Janeiro, o SL Benfica levou a melhor na final da Taça da Liga ao bater o Sporting CP no desempate por penáltis (6-7, após o 1-1 no tempo regulamentar), mas na Liga a equipa verde e branca venceu a corrida ao rival pelo título – os Leões triunfaram

na primeira volta em Alvalade (1-0) e empataram recentemente na Luz (1-1).

Para este duelo, Rui Borges tem como principal boa notícia o regresso às opções do capitão Morten Hjulmand – cumpriu suspensão na última jornada da Liga –, mas levantou-se um ponto de interrogação em relação a Ousmane Diomande e, também, quanto a Hidemasa Morita, uma vez que ambos saíram limitados fisicamente do jogo anterior. Já Ricardo Esgaio ainda vai cumprir no Jamor o segundo jogo (de dois) de castigo após a expulsão para lá do apito final no dérbi da Luz, referente à Liga.

Do lado encarnado, o treinador Bruno Lage tem no polivalente Fredrik Aursnes, a contas com uma recente lesão muscular, a principal dúvida para o dérbi, mas já tem às suas ordens Renato Sanches, de volta após lesão.

Pelo caminho até esta final, o Sporting CP deixou pelo caminho

Portimonense SC (1-2), Amarante FC (6-0), CD Santa Clara (2-1 a.p.), Gil Vicente FC (0-1) e Rio Ave FC (4-1 no agregado das duas mãos), enquanto o SL Benfica eliminou Pevidém SC (0-2), CF Estrela da Amadora (7-0), SC Farense (1-3), SC Braga (1-0) e FC Tirsense (9-0 no agregado das duas mãos).

Neste regresso ao Jamor pela segunda época consecutiva, os actuais Bicampeões Nacionais vão em busca de um feito que já esteve ‘à mão’ na época passada, então contra outro rival (derrota por 2-1 a.p. frente ao FC Porto). Na mira está, outra vez, a 18.ª prova-rainha do palmarés e, consequentemente, a possibilidade da sétima ‘dobradinha’ de sempre – após as alcançadas em 1940/1941, 1947/1948, 1953/1954, 1973/1974, 1981/1982 e 2001/2002.

No que ainda à História desta mítica competição diz respeito, embora há muito não houvesse dérbi eterno no Jamor, será a nona final da prova-rainha disputada entre Sporting CP e SL Benfica, e o passado – muito promissor em termos de golos – até sorri aos encarnados [ver caixa], que levantaram o troféu em seis dessas ocasiões.

Por outro lado, a última vez que os Leões superaram as águias na decisão foi na memorável temporada de 1973/1974, precisamente quando os dois rivais lutaram até ao fim nas duas principais frentes, a Liga e a Taça, o que curiosamente só se voltou a ver na presente época. Então, nas semanas decisivas de 1974, o Sporting CP fez a ‘dobradinha’. 51 anos depois, os comandados de Rui Borges já levaram a melhor na Liga e vão à procura de repetir o feito na Taça. Certo é que o Sporting CP volta a estar, consecutivamente, na decisão de mais um título. Em 2023/2024, os Leões venceram a Liga e foram finalistas-vencidos

na Taça de Portugal, esta temporada perderam na decisão da Supertaça, caíram também na final da Taça da Liga, mas já ganharam o Campeonato e vão discutir outra vez a Taça de Portugal – e em 2025/2026 vão abrir a época, de novo, com a disputa da Supertaça. Agora, falta um passo para fazer (ainda mais) História.

Depois de ter sido finalista-vencido na época passada, o Sporting CP voltou a encontrar o caminho para o Jamor

FUTEBOL EQUIPA B

EQUIPA B É DE SEGUNDA!

JOVENS LEÕES VOLTAM, SETE ANOS DEPOIS, À LIGA PORTUGAL 2 DEPOIS DO TRIUNFO SOBRE O AMARANTE FC, QUE ASSEGUROU O SEGUNDO LUGAR NA LIGA 3 E A CONSEQUENTE SUBIDA DE DIVISÃO.

Texto: Luís Santos Castelo

Fotografia: Sérgio Martins

As atenções estavam quase todas viradas para o que ia acontecer no Estádio José Alvalade, mas, também no último sábado, a equipa

B de futebol do Sporting Clube de Portugal garantiu a subida à Liga Portugal 2, o segundo escalão do futebol nacional.

No Estádio Aurélio Pereira, os Leões receberam e venceram o Amarante FC por 2-0 na 14.ª e última jornada da fase de apuramento de campeão da Liga 3, assegurando o segundo lugar e a consequente promoção a uma competição que não disputavam desde 2017/2018.

A entrada e a primeira parte do conjunto de João Gião foram dignas de quem estava a lutar por uma subida de divisão. O Sporting CP nunca cedeu o domínio do encontro e controlou sempre as incidências, criando várias e boas oportunidades de golo. A primeira surgiu logo aos seis minutos, quando Afonso Moreira, muito bem lançado na velocidade, apareceu na cara do guarda-redes e atirou por cima.

A seguinte surgiu aos 25’, quando Rodrigo Dias bateu um livre para a área e José Silva rematou para excelente defesa de Rafael Flores.

17.05.2025

Liga 3 – Ap. Campeão 14.ª jornada

Estádio Aurélio Pereira

SPORTING CP AMARANTE FC

2 0

1-0 ao intervalo

Rafael Besugo (34’), Afonso Moreira (61’)

Sporting CP: Diego Calai [GR], João Muniz, David Moreira, Rodrigo Dias, José Silva (Lucas Anjos, 44’), Salvador Blopa, Rafael Besugo (Lucas Taibo, 78’), Mauro Couto (Flávio Gonçalves, 78’), Henrique Arreiol, Manuel Mendonça [C] (Luís Gomes, 69’) e Afonso Moreira (Gabriel Silva, 78’).

Treinador: João Gião. Disciplina: cartão amarelo para Henrique Arreiol (40’), Manuel Mendonça (66’) e Gabriel Silva (80’).

Do outro lado, num dos poucos ataques do Amarante FC, Faissal Zangré atirou muito por cima. O 1-0 surgiu de forma justa pouco depois da meia-hora: Salvador Blopa trabalhou muito bem pela esquerda e colocou a bola no coração da área, onde Rafael Besugo apareceu para o desvio para o fundo das redes. Marcador inaugurado e golo muito festejado em Alcochete.

Até ao intervalo, e tirando o tiro de Tiago Antunes muito ao lado, continuou a estar o Sporting CP por cima e com mais duas chances muito evidentes. Na primeira, José Silva ofereceu o golo a Afonso Moreira, que só não marcou graças a mais uma grande defesa de Rafael Flores. Na segunda, que aconteceu já depois da saída do lesionado José Silva para a entrada de Lucas Anjos, Mauro Couto acertou no poste. No final do primeiro tempo, o 1-0 era escasso para o que se tinha visto em campo. Depois do descanso, o encontro

contou com um ritmo mais baixo, mas continuou melhor o Sporting CP. Logo aos 47’, Afonso Moreira trabalhou bem e assistiu Manuel Mendonça, que não finalizou da melhor maneira. Seguiram-se novos tiros de Afonso Moreira e Manuel Mendonça, mas agora a passarem perto do poste.

Finalmente, as 61’, o 2-0 que deu mais tranquilidade ao emblema de Alvalade: Afonso Moreira interceptou um passe de Rafael Flores e, no frente-a-frente com o guarda-redes, não desperdiçou, dobrando a vantagem verde e branca.

Salvador Blopa, autor de uma

excelente exibição, ameaçou o terceiro e só não o fez por centímetros e, a pouco mais de 20 minutos do fim, Luís Gomes substituiu Manuel Mendonça. Diego Calai foi, finalmente, chamado a trabalhar aos 74’, quando defendeu o remate de Chico Sousa. Do outro lado, Lucas Anjos ameaçou, mas sem concretizar.

As alterações do Sporting CP foram esgotadas aos 78’, com as entradas de Lucas Taibo, Gabriel Silva e Flávio Gonçalves para as saídas de Rafael Besugo, Afonso Moreira e Mauro Couto.

O jogo foi bem gerido pelos visitados até ao final e o terceiro golo até acabou por surgir por intermédio de Gabriel Silva, mas o lance foi anulado por fora-de-jogo depois do recurso ao VAR. Após os sete minutos de compensação, terminou a partida e o plantel festejou muito a subida no relado do Estádio Aurélio Pereira. Sete anos depois, a equipa B está de volta ao segundo escalão do futebol português.

A festa verde e branca em Alcochete
Rafael Besugo inaugurou o marcador

FUTEBOL EQUIPA B

AS REACÇÕES DOS PROMOVIDOS

NO FINAL DO JOGO, O TREINADOR JOÃO GIÃO E OS JOGADORES ANALISARAM O ENCONTRO EM DECLARAÇÕES AOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO LEONINOS.

Texto: Luís Santos Castelo

Fotografia: Sérgio Martins

“Cheguei, mas não cheguei sozinho. Cheguei com uma equipa técnica que me apoiou e graças a uma estrutura que teve a coragem de apostar num treinador desconhecido. Agradeço ao presidente pela coragem e à estrutura. Depois, a quem nos recebeu de braços abertos desde o primeiro dia. Acolheram-nos muito bem e dedicaram-se a 100% a nós. Deixo uma palavra às equipas técnicas anteriores porque participaram nesta caminhada e aos jogadores, que ouviram e acreditaram. Fomos com tudo e sentimos que podíamos fazer algo especial desde o primeiro dia.

Para se ter sucesso enquanto grupo temos de ter valores para além de termos bons jogadores. Os jogadores perceberam isso muito bem. Apesar da tenra idade, são maduros e têm coração. Criou-se um espírito que fez com que, nos momentos difíceis, se acreditasse sempre, como se viu na forma como ganhámos na semana passada. Esta equipa tem muito Sporting CP num campeonato muito difícil com equipas competitivas e físicas. Dou, também, os parabéns ao Lusitânia de Lourosa FC, que foi um justo campeão e também subiu, e às restantes equipas que morderam os nossos calcanhares até ao fim, especialmente o CF “Os Belenenses”.”

MANUEL MENDONÇA

“Estou muito contente. São muitas emoções, era algo que ambicionávamos muito. Deixo uma palavra a todos os treinadores que estiveram connosco esta época. Esta vitória é do Sporting CP, de todos. Focámo-nos muito jogo a jogo. O principal objectivo nunca foi subir, mas sim chegar a esta fase, mas valeu a atitude de todos os jogadores. Estamos todos de parabéns. Ser capitão desta equipa foi muito fácil porque os colegas são extraordinários e os treinadores ajudaram-nos muito.”

RAFAEL BESUGO

“É um sentimento de orgulho e felicidade. Trabalhámos muito e enfrentámos adversidades que nunca tínhamos enfrentado, como a mudança de treinador. Agradeço a todos os treinadores que passaram e a todos os jogadores que estiveram connosco. Já era merecido. Somos uma família, um grupo fantástico. Nunca tive um grupo tão unido e tão bom. Sinto-me muito mais feliz pelo resultado do que pelo golo marcado.”

SALVADOR BLOPA

“Sinto um orgulho imenso na equipa pelo esforço que temos tido. Conseguimos a vitória e a subida e isso é que importa. Gerimos bem o jogo e durante a semana tivemos foco e os pés bem assentes no chão. Demos uma boa resposta e conseguimos os três pontos. Se estivermos todos unidos, nada nos pode parar. Estou, também, orgulhoso de mim mesmo porque foi uma época muito especial para mim. Obrigado a todos os Sportinguistas pelo apoio.”

O trabalho de João Gião foi reconhecido pelos jogadores
A festa continuou no balneário
O momento do apito final em Alcochete

MODALIDADES VOLEIBOL

JOÃO COELHO RENOVA CONTRATO ATÉ 2028

CAMPEÃO NACIONAL DE VOLEIBOL PELO SPORTING CLUBE DE PORTUGAL, JOÃO COELHO VAI CONTINUAR A LIDERAR A EQUIPA MASCULINA ATÉ 2028. A RENOVAÇÃO DO TÉCNICO, HÁ TRÊS TEMPORADAS NO CLUBE, REPRESENTA MAIS DO QUE UMA CONTINUIDADE POR TODOS DESEJADA: É A AFIRMAÇÃO DE UM PROJECTO VENCEDOR, AMBICIOSO E CADA VEZ MAIS CONSOLIDADO, COM OS OLHOS POSTOS NA EUROPA.

Texto: Filipa Santos Lopes

Fotografia: João Pedro Morais

Recém-campeão nacional pelo voleibol do Sporting Clube de Portugal, após uma final épica marcada pelo Esforço, Dedicação e Devoção que definem a identidade Leonina, João Coelho renovou contrato com o Clube até 2028. A continuidade do técnico é, nas palavras do próprio, sinónimo de ambição elevada, estabilidade importante e uma inegociável vontade de continuar a vencer.

“Renovar com o Sporting CP é uma honra e uma satisfação que encaro com muita responsabilidade”, destacou João Coelho aos meios de comunicação do Clube, já de olhos postos no futuro. “O que está para trás está bem feito. Os adeptos acreditam cada vez mais na modalidade e na equipa. Agora, é olhar com optimismo para um futuro que se espera igualmente risonho”, acrescentou. Após a conquista do mais ambicionado dos troféus, o único a nível nacional que lhe faltava de Leão rampante ao peito, o treinador admitiu que a fasquia está agora ainda mais elevada, mas que toda a estrutura do Sporting CP trabalha para que o sucesso seja uma narrativa constante no Pavilhão João Rocha.

“O Clube garante-nos condições de eleição, o grupo tem-se conseguido estabilizar e isso é positivo. É sinal de que o processo está a dar frutos. Queremos manter esta consistência e continuar a ganhar, com a responsabilidade de olhar sempre para a frente, para o próximo jogo, para a próxima competição”, garantiu.

João Coelho assumiu também que as vitórias recentes trazem com elas uma responsabilidade acrescida, compromisso esse que se ergue lado a lado com uma intacta – e igualmente renovada – ambição. “Temos de dar os passos necessários para consolidar

o nosso patamar de rendimento e afirmarmo-nos cada vez mais como uma equipa candidata a todos os troféus que disputa. E é isso que vamos fazer: lutando com unhas e dentes, com atitude, procurando sempre melhorar, segurar os jogadores que nos são uma mais-valia e presentear os adeptos com vitórias. É o que o Sporting CP espera de nós”, definiu.

A entrada na CEV Champions League é outro dos pontos que entusiasma João Coelho nesta nova etapa. “É um aliciante extra, uma motivação fabulosa. Trazer os melhores do mundo a este palco é algo que está no ADN do Clube. Não é um passo maior que a perna; vem de conquistas merecidas e é um passo em frente na afirmação do projecto. Queremos juntar os melhores –os jogadores e os nossos adeptos – e ter aqui as melhores equipas da modalidade.”

O técnico aproveitou ainda para deixar uma mensagem emotiva aos Sportinguistas, reconhecendo o papel fundamental que tiveram na caminhada vitoriosa da sua equipa. “Antes mesmo de sermos campeões, e ao longo de dois anos e meio, as suas palavras foram sempre de incentivo, de apoio, de força extra, de compreensão e de agradecimento. Se ganhámos agora o campeonato, muito devemos ao apoio que deles tivemos. A sua paciência e a sua crença de que éramos capazes também mexeu muito com a equipa nesta ponta final”, elogiou. Com os olhos postos no futuro e os pés bem assentes no presente, João Coelho “renova os votos” com os verdes e brancos, fechando com uma promessa ambiciosa. “Vamos olhar para a próxima competição como se fosse a última, sem pensar no que já conquistámos. Isso já pertence ao passado. Agora é olhar para a frente”, concluiu.

Frederico Varandas e João Coelho formalizaram a renovação do vínculo contratual do técnico
Treinador campeão nacional assinou novo contrato até 2028

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.