











No mês da campanha em conscientização ao suicídio, vários projetos atuaram em conjunto
Por: Kelvyn Henrique
Entre os meses do ano, um dos mais importantes é sem dúvidas o mês de setembro. Isso se deve ao fato de ser o mês de prevenção ao suicídio, conhecido como setembro amarelo. Nós da Somando Mais Ações não ficamos de fora e realizamos uma ação conjunta em 29/09, na Sé. Participaram dessa ação os Médicos nas Ruas, Psicólogos nas Ruas, Sorriso Social, Veterinários nas Ruas, Músicos do Bem e Fotógrafos do Bem.
Voluntários do Psicólogos nas Ruas se preparando para a ação.
Andréa Crispim Francisqueti, membro da diretoria dos Psicólogos do Bem, falou sobre a importância da ação.
“As pessoas em situação de rua ficam por muito tempo sem ter acesso a necessidades básicas que pra nós, muitas vezes, é algo comum do dia a dia. Por isso a importância dos Veterinários nas Ruas, que cuidam dos bichinhos, muitas vezes os únicos companheiros; o pessoal do Sorriso Social, que faz um trabalho importantíssimo. É importante realizarmos esse trabalho para levar o mínimo, além da questão da escuta, já que muitos ficam semanas sem falar com ninguém”.
O ato de ouvir ao próximo pode parecer simples, mas carrega uma importância autentica e inestimável a quem precisa e a quem se dispõe a fazer, como explica Andréa.
“O trabalho dos Psicólogos nas Ruas não é um processo terapêutico. Não é possível, afinal, não tem como se dar uma continuidade, mesmo que eventualmente você encontre a mesma pessoa em outra ação. Por isso, o que fazemos é uma escuta ativa, cujo intuito é deixar que essa pessoa expresse suas dores, o momento que está passando e tentamos ao máximo ajudá-la”.
Com tantas ações realizadas sempre ficam histórias marcantes na memória.
“Na última ação que participei havia um senhor que chorava muito, abatido, em desespero. Ele contava sobre algo que percebemos que havia acontecido há muito tempo, mas que o havia marcado imensamente. Isso é algo que vemos muito nas ruas, algo que para muitos não teria importância, mas que fica marcado e sendo revivido por muito tempo dentro um ciclo difícil de ser quebrado”, relembra Andréa.
O ciclo mencionado é um desafio com o qual muitas vezes os voluntários acabam se deparando e tem que lidar durante as ações.
“Esse ciclo é muito difícil de ser quebrado, porque nossas políticas públicas não conseguem atender a todos como realmente deve ser. Isso acaba nos deixando ‘reféns’ de um atendimento paliativo, por assim dizer”, esclarece Andréa.
Desde 2014 a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), realiza no Brasil a campanha Setembro Amarelo visando prevenir e reduzir o número de suicídios no país. Mas você já se perguntou de onde surgiu a ideia da campanha?
O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio acontece em 10 de setembro, a data foi criada pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e endossada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A campanha foi inspirada pela história de Mike Emme, um rapaz que cometeu suicídio aos 17 anos, em setembro de 1994, nos EUA. Mike tinha um carro amarelo e, no dia de seu velório, parentes e amigos distribuíram fitas amarelas e cartões com frases motivacionais para ajudar quem estivesse passando por momentos difíceis.
Em 2015, no Brasil, as fitas amarelas foram adotadas pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), CFM e ABP como o símbolo da campanha de prevenção ao suicídio.
Existe muito preconceito e desinformação sobre o tema, é importante estar atento para não propagar mitos que só servirão para discriminar e em nada contribuem para dar mais luz ao tema e realmente informar com clareza. Visando mudar esse paradigma, a ABP e o CFM criaram uma cartilha chamada Suicídio: informando para prevenir. Nela, foram listados alguns mitos e verdades para que você possa aprender mais e diferenciar a informação dos mitos.
O suicídio é uma decisão individual, já que cada um pleno direito a exercitar livre arbítrio.
FALSO. Os suicidas estão passando quase invariavelmente por uma doença mental que altera, de forma radical, a sua percepção da realidade e interfere em seu livre arbítrio. O tratamento eficaz da doença mental é o pilar mais importante da prevenção do suicídio. Após o tratamento da doença mental o desejo de se matar desaparece.
Quando uma pessoa pensa em se suicidar terá risco de suicídio para o resto da vida.
As pessoas que ameaçam se matar não farão isso, querem apenas chamar a atenção.
FALSO. O risco de suicídio pode ser eficazmente tratado e, após isso, a pessoa não estará mais em risco.
FALSO. A maioria dos suicidas fala ou dá sinais sobre suas ideias de morte. Boa parte dos suicidas expressou, em dias ou semanas anteriores, frequentemente aos profissionais de saúde, seu desejo de se matar.
Se uma pessoa que se sentia deprimida e pensava em suicidarse, em um momento seguinte passa a se sentir melhor, normalmente significa que o problema já passou.
FALSO. Se alguém que pensava em suicidar-se e, de repente, parece tranquilo, aliviado, não significa que o problema já passou. Uma pessoa que decidiu suicidar-se pode sentir-se “melhor” ou sentirse aliviado simplesmente por ter tomado a decisão de se matar.
Quando um indivíduo mostra sinais de melhora ou sobrevive à uma tentativa de suicídio, está fora de perigo.
FALSO. Um dos períodos mais rigorosos é quando se está melhorando da crise que motivou a tentativa, ou quando a pessoa ainda está no hospital, na sequência de uma tentativa. A semana que se segue à alta do hospital é um período durante o qual a pessoa está particularmente fragilizada. Como um preditor do comportamento futuro é o comportamento passado, a pessoa suicida muitas vezes continua em alto risco.
Não devemos falar de suicídio, pois isso pode aumentar o risco.
FALSO. Falar sobre suicídio não aumenta o risco. Muito pelo contrário, falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem.
É proibido que a mídia aborde o tema suicídio.
FALSO. A mídia tem obrigação social de tratar desse importante assunto de saúde pública e abordar esse tema de forma adequada. Isto não aumenta o risco de uma pessoa se matar; ao contrário, é fundamental dar informações à população sobre o problema, onde buscar ajuda etc.
Fonte: Cartilha “Suicídio: informando para prevenir”. Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP/Conselho Federal de Medicina - CFM. 2014.
Em 2019 a OMS realizou uma pesquisa onde registrou que são registrados mais de 700 mil casos de suicídios no mundo, sem contar as subnotificações, o que indica que o número de casos passaria de 1 milhão.
Já no Brasil, não mesmo período, os registros se aproximavam de 14 mil casos por ano, em média 38 pessoas cometiam suicídio por dia. No mesmo ano, o suicídio foi a 4ª maior causa de morte entre 15 a 29 anos de idade. Segundo a OMS, o número de pessoas que falecem por meio do suicídio é maior que por HIV, malária, câncer de mama, guerras e homicídios.
Segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidades (SIM) do Ministério da Saúde, entre 2010 e 2019, ocorreram 112.230 mil casos de mortes por suicídio no Brasil. Muitas vezes, esses números são “encobertos” pelos altos índices de homicídios e acidentes de trânsito, campeões entre causas externas de mortalidade.
Fonte: Cartilha “Suicídio: informando para prevenir”. Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP/Conselho Federal de Medicina - CFM. 2014.
Se estiver passando por algum momento difícil e precisar de ajuda, existem canais de comunicação específicos com profissionais aptos a te ajudar, aconselhar e conversar com você. Entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo 188 ou através do site https://www.cvv.org. br/. Nele você pode conversar pelo chat, enviar um e-mail ou procurar por postos de atendimento presenciais.
“A sensação que tenho participando das ações é a de compaixão, de empatia. O olhar para o próximo faz a gente se sentir realmente humano, parte de um todo, parte preocupado com a sociedade, é uma sensação muito boa.”
Camila Marçal – Voluntária BdM
Por: Debora SousaO trabalho voluntário é a participação de todos na luta contra os graves problemas sociais, é a movimentação em prol da mudança, ajudando quem vive as margens da sociedade. É importante que todos enxerguem as diferenças sociais e tenham contato com outros tipos de realidade para promover a mudança.
Nas ações práticas, levamos alimentos, roupas, kits de higiene e demais objetos de apoio a quem mora na rua, mas é valioso saber abordar essas pessoas, saber chegar no primeiro momento, que não cause medo, se comunicar para que ele entenda que o voluntário também doa acolhimento, empatia e um ombro amigo.
Nesse mês que celebra o Setembro Amarelo, mês da campanha de prevenção ao suicídio, estamos aqui para falar sobre o apoio psicológico à pessoa que vive em situação de rua. E algumas orientações são necessárias para que nas ações possamos levar carinho e apoio através da comunicação:
Ao participar das ações, lembre-se!
1. Chegue com calma, com respeito, cumprimente;
2. Se identifique e pergunte o nome do morador em situação de rua;
3. Caso este esteja sentado, agache na altura dele e ofereça o que você tem (alimentos e/ ou mantimentos);
4. E ofereça apoio, uma boa conversa. Abra diálogo e mostre-se disposto a escutar.
Só ele conhece a própria história de vida e quando você se dispõe a escutar, torna o momento mais agradável e mais alegre, torna a ação mais rica e satisfatória para ambos.
É importante levar alimento a quem tem fome, mas saber que uma conversa, com respeito e acolhimento, também traz resultado é recompensador. E para além das ações, o ato voluntário é diário e contínuo. Quando encontrar uma pessoa que mora na rua, não ignore, pule ou mude de calçada. Olhe, pense, dê bom dia, pois com esse exercício diário mudaremos nossa relação com essas pessoas.
Veterinários nas Ruas, um projeto nobre que dedica seu tempo e carinho aos animais que precisam de cuidados, assim como seus donos
Sempre que avistamos um morador em situação de rua, encontramos ao seu lado, um animalzinho de estimação. Pensando neles, surgiu o Veterinários nas Ruas, segmento do Somando Mais Ações, no qual seu foco e dedicação é exclusivamente aos melhores amigos de cada morador.
Seu início se deu em um momento crucial, durante a pandemia do Covid19, no qual muitos moradores se viram ainda mais necessitados. Para a coordenadora dos veterinários, Mariane Alves, esse momento também foi muito importante para o grupo, que conseguiu atrair bastante seguidores em seu início. “Divulgamos nas redes, e muitos estudantes ficaram empolgados, pois não tinham muitos projetos assim”, conta. Em um certo momento, o projeto chegou a calcular cerca de 300 voluntários, sendo estudantes e profissionais formados no curso de veterinária. “Tivemos que criar link de inscrição para a ação, para não virar bagunça”, relata Mariane.
A distribuição de alimentos é uma das principais atividades dos veterinários durante as ações
Em suas ações, o projeto costuma acompanhar outros segmentos, como o Bem da Madrugada e o Médico nas Ruas, que se unem para fazer um auxílio completo, para o animal e seu tutor. Em seus atendimentos, os voluntários buscam pela distribuição de alimentos para os animais e auxílios médicos, como: cuidados de higienização, controle de peso, vermífugos etc.
Uma das práticas que o projeto busca com cada tutor em suas ações é a autorização de castração de cada animal, pois assim, além da diminuição de uma doença como um tumor mamário para as cadelas e de próstata para os machos, a ideia de castração também é usada para a diminuição da procriação dos bichinhos, tentando diminuir o índice de animais abandonados na cidade. Algo que já requer um pouco mais de complexidade, pois precisa de autorização do tutor e um cuidado mais prolongado dos profissionais com o animal. “Já realizamos algumas castrações, mas é algo mais complexo. Pois precisamos de uma clínica que ceda o espaço para fazermos a operação. Para isso, tentamos reunir o máximo de animais para realizarmos num só dia, para valer a pena” , explica Mariane.
Toda essa burocracia, que requer cuidado, atenção e disposição, tem uma recompensa no final. Que é ver a felicidade dos donos de cada animal que é bem cuidado pelo projeto, pois, para muitos deles, são os únicos companheiros de jornada nas suas vidas. Pois são eles que motivam seus donos, lhe dão o carinho e atenção que lhes faltam nas ruas, algo que não só para Mariane, mas para todos os voluntários do projeto, é gratificante, e o que faz continuar realizando mais ações. “Poder ajudar esses animais, poder ajudar essas pessoas, é muito gratificante, toca a gente. Exercer essa empatia, esse amor pelo próximo, é um ato revolucionário, algo que muda a nossa vida”
EM PARCERIA COM HABIB’S, BEM DA MADRUGADA E SOMANDO MAIS AÇÕES DISTRIBUEM MILHARES DE ESFIHAS PARA MORADORES EM SITUAÇÃO DE RUA NA CIDADE DE SÃO PAULO
Nanoite do dia 22 de setembro, quinta-feira, aconteceu a ação #289 que moveu voluntários de todas as regiões de São Paulo. O Bem da Madrugada e a Somando Mais Ações, em parceria com a Esfiharia Habib’s, distribuíram por toda a cidade, 3 mil esfihas para população em situação de rua. A distribuição aconteceu nas regiões norte, sul, leste, oeste e centro.
Por volta das 19h00, todos os voluntários se reuniram na região central, para a organização dos grupos e preparação das equipes para atendimento e distribuição dos alimentos e kits. Junto com a equipe do Bem da Madrugada, vieram os voluntários dos Jurídicos nas Ruas e Assistentes Sociais nas Ruas, com o atendimento profissional; os Músicos nas Ruas pra levar muita animação e os Veterinários nas Ruas pra dar muito amor e cuidado aos animais.
Por: Debora Sousaalcançou
Nesta ação foram distribuídas milhares de esfihas, de diversos sabores, junto com bebidas, como água e café quentinho, tudo com animação dos músicos para aquecer o coração. Além disso, houve a distribuição de cobertores, roupas de combate ao frio (meias, toucas, luvas e cachecol) e kits de higiene, pois além de comida, a população em situação de rua precisa de suporte e cuidado para aguentar as baixas temperaturas.
O atendimento dos assistentes sociais e jurídicos foi muito importante nesta ação para orientar e esclarecer dos direitos e benefícios
sociais que a população tem direito, além do cuidado com a saúde dos animaizinhos de rua que os veterinários monitoram.
Centenas de voluntários se uniram para matar a fome, levar conforto, amor e acolhimento para a população vulnerável. A equipe do Bem da Madrugada junto com a Somando Mais Ações agradece por mais essa parceria com o Habib’s e demais marcas parceiras que contribuem para, além da erradicação da fome, ajudar a levar um pouco de dignidade para quem vive as margens a sociedade.
Embaixada do interior sergipano inicia a todo vapor, com 4 ações em pouco mais de um mês
No dia 10 de agosto, ocorreu a primeira ação do Bem da Madrugada da cidade de Lagarto, inaugurando assim mais uma embaixada, sendo a segunda no estado de Sergipe, e a décima no nordeste brasileiro.
A ideia surgiu após um aumento considerável de pessoas em situação de rua na região do interior sergipano, principalmente durante a pandemia da Covid19, sendo que Lagarto, é a terceira cidade mais populosa do estado. Para Júlio, embaixador da ONG na região, a primeira ação (e a sua inauguração) foram um importante passo para a cidade, já que apenas a capital sergipana tinha esse tipo de atenção: “A nossa primeira ação foi importante, e nos preparamos antes para isso, com ajuda de meus familiares e amigos, juntamente com o suporte do Bem da Madrugada de Aracajú”, relata Júlio.
Passado um pouco mais de um mês de sua inauguração, a embaixada já realizou 4 ações na cidade, e já possui alguns membros fixos na equipe, cerca de 15 voluntários que auxiliam na coleta de doações, organização de rota e distribuição. Se tratando de um projeto recente, a embaixada ainda tem muitos detalhes para se ajustar, como a falta de um local fixo para a ONG, e outros segmentos do Somando Mais Ações, que ainda precisam de voluntários específicos para serem implementados, como veterinários e psicólogos.
Como Júlio destaca, é necessário um passo de cada vez, e o foco em ajudar será ampliado de acordo com o crescimento proporcional da ONG, que já busca como primeiro passo, agora para o mês de outubro, ações do Dia do Bem:
“Como alguns de nossos voluntários tem diferenças de disponibilidades de horários, vamos começar agora em outubro, as ações para o Dia do Bem, que dará para mesclar com as ações noturnas”, explica.Distribuição de alimentos durante ação #004 do BdM Lagarto