




Desde 2011 é comemorado o Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, simbolizando a luta antirracista. Data esta do assassinato de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo de Palmares na região de Alagoas, lugar de refúgio dos escravizados no Brasil Colônia. Este dia nos serve como lembrança dos tempos de escravidão no Brasil e suas consequências negativas para o país, como o racismo e discriminação racial que até hoje acontecem.
É verdade que o processo escravocrata foi abolido, pela lei Áurea, em 1888, mas também é verdade que o país sofreu por mais de 300 anos e nos deixou marcas que doem até hoje. Consequência dos processos econômicos unidos à discriminação racial. Os números mostram que a população que se declara preta ou parda cresce anualmente. No Brasil, as pessoas autodeclaradas pretas e pardas representam, agora, 56% da população. Já o percentual de pessoas que se declaram brancas caiu para 43%.
Quando dividimos em situação econômica, a população preta e parda está visivelmente do lado mais pobre e em condições de moradia, saúde e educação mais precárias. E não é incomum assimilar esses fatores ao preconceito racial, que põe a pessoa preta em lugar de menos merecedora de direitos, e esta pessoa, ausente de oportunidades, muitas vezes chega as ruas e permanece muito tempo por lá.
A população em situação de rua, no Brasil, aumentou principalmente em consequência do período de pandemia. Em 2019, eram 174.766 pessoas em situação de rua no país. Em setembro de 2022, o número saltou para 213.371, e ainda pode ser subnotificado de acordo com especialistas. Segundo o levantamento da POLOS-UFMG, 68% dessa população é negra.
A capital paulista tem a maior parte desse contingente: 2 em cada 10 pessoas em situação de rua vivem em São Paulo. Em seguida, as capitais com maior número de pessoas em situação de rua são Rio de Janeiro (12.162), Belo Horizonte (11.165), Brasília (7.308) e Salvador (6.952).
O levantamento considera apenas as pessoas que estão no CadÚnico. Mas, uma vez que os municípios têm dificuldade para atualização e realização de novos cadastros, especialmente por conta da pandemia, o número pode ser ainda maior.
“ Esse é um fenômeno social complexo que, no Brasil, tem relação com o racismo estrutural. Essas pessoas são historicamente inviabilizadas e silenciadas e estão tendo seus direitos violados recorrentemente” , diz o coordenador do POLOS-UFMG, André Luiz Dias.
De acordo com o Censo da população em situação de rua, feito pela Prefeitura de São Paulo, das 31,9 mil pessoas que vivem nas ruas da capital paulista, 22,6 mil declararam sua cor ou raça. Desse total, 10,9 mil são pardas e 5,5 mil são pretas. Juntas, elas representam 71% do total. A proporção de negros entre os moradores em situação de rua, portanto, é o dobro do que na população de São Paulo (apenas 37% dos habitantes da capital paulistas se identificam como negros).
O Dia da Consciência Negra é mais uma data para reflexão do quanto a empatia é necessária. A pessoa preta precisa de atenção, oportunidade e respeito. A reflexão que esta reportagem traz é: como você tem participado para promover a diferença? Este é um chamado para mudar esta realidade, onde o pouco faz muito, para muitos.
Fontes: G1, Ebc Brasil, Educa. IBGE
Todos possuímos uma história a ser contada, com seus desafios, conquistas, momentos de felicidade e tristeza, e claro que com o Bem da Madrugada não seria diferente. Então por que não contar essa jornada para todos os voluntários que estão desde o início e os que chegaram ao longo do caminho? Assim surgiu o documentário Jornada do Bem!
Durante o mês de novembro uma equipe esteve empenhada na criação do documentário, que foi exibido no mesmo mês, no dia 29, em um evento no cinema Petra Belas Artes, na Consolação em São Paulo. O evento durou das 19h00 às 23h00 e reuniu vários voluntários, líderes e coordenadores dos projetos da Somando Mais Ações.
Foi uma noite de muita alegria e confraternização entre os voluntários, alguns se conhecendo pessoalmente pela primeira vez, outros revendo velhos amigos. Após o período de confraternização no coquetel, todos se dirigiram a uma das salas do cinema onde o documentário seria exibido. Além dos 133 lugares disponíveis para os presentes, o doc ficou disponível no YouTube para quem quisesse acompanhar on-line e pode ser assistido clicando neste link .
O primeiro desafio a ser encarado foi a construção do roteiro. O roteiro de um documentário é a maneira com que se guia todo o processo de filmagem e edição, indicando um caminho a ser seguido, mas que pode ser alterado conforme o andamento.
Escrever o roteiro não foi uma tarefa fácil, afinal, como resumir em poucas páginas mais de 20 anos de história? Para conseguir isso, o roteirista, este mesmo que vos “fala” rs, segui as ideias propostas por Priscila de Souza, CEO da Somando Mais Ações, e encaixei cada pergunta e descrição de cena de modo que contasse a jornada do BdM, desde sua fundação, até os dias atuais.
Se escrever já é um desafio a parte, filmar e editar também o são. Para lidar com isso, contamos com o profissionalismo de Lucas Pires e Bruno Battaglia, como filmakers e editores.
“Filmar para o doc teve um gosto especial, um mix de sentimentos. Foi o primeiro doc do Bem, tudo novo, mas deu tudo certo. Bruno mandou muito bem na edição, e a galera do roteiro, foi uma força tarefa, foi emocionante ver na tela de cinema o projeto mais lindo do Brasil, com algumas imagens feitas por mim”, relata Lucas.
“Um dos maiores desafios foi contar uma história que perdura tanto tempo quanto a do Bem da Madrugada. Começamos a idealizar e gravar o projeto na fase atual dela, então tivemos que ter a empatia de nos colocar no começo de tudo pra colocar na história. Isso encaixa com a outra parte do desafio, que foi criar uma sequência que fizesse sentido pro espectador entender a história como um todo, a jornada, que dá nome ao documentário”, explica Bruno.
Fazer com que quem assiste se identifique com o que está na tela é uma tarefa difícil para muitas produções e foi mais um ponto a ser levado em consideração durante a montagem das cenas. “De uma forma geral, eu acredito que todos os voluntários se sentiram representados. Conseguimos focar muito na parte de assistência e ajuda do Bem, que é o que “linka” todos nós quando fazemos parte do Bem” , r essalta Bruno. Mas ele deixa claro que mais ainda está por vir. “A nossa ideia é contar também as outras histórias que estão por trás do BdM, uma parte mais profunda, tanto dos voluntários quanto dos assistidos”.
“Acredito que conseguimos captar a essência dos voluntários. Sempre há histórias diferentes, sorrisos diferentes, mesmo quando são os mesmos assistidos. Eles sempre têm algo novo para nos falar, um abraço diferente pra dar”, relata Lucas. Esses sentimentos são um motivador para continuar o trabalho no auxílio às pessoas em vulnerabilidade social e também inspiram para os próximos documentários e as várias histórias que ainda serão contadas. “Isso é o Bem, manter esse elo, manter esse amor até que um dia dê tudo certo. Essa é a nossa esperança, ir para mudar a vida daquela pessoa que iremos encontrar em situação de rua” , explica Lucas.
“Mais do que uma inspiração, esse doc é o pontapé inicial para todos os outros! Se não tivéssemos sentado, pensado, produzido e visto ele sendo executado não estaríamos falando sobre os próximos documentários. Ele é o pontapé inicial e servirá, logicamente, de inspiração para os seguintes”, enfatiza Bruno.
A animação foi grande para todos que estiveram presentes
Com três horas de duração, a exibição do documentário foi feita no dia 29/11, às 19h, no cinema Petra Belas Artes, na Consolação, em São Paulo. O cinema possuía capacidade para 133 pessoas na sala e foi realizado um coquetel antes. Às 21h30 as portas da sala de exibição foram abertas e o documentário foi exibido para todos que compareceram ao local e também pela internet.
Foi uma noite memorável para todos que estiveram presentes, mas para que isso acontecesse foi necessário um planejamento criterioso e muito bem desenvolvido.
“Foi tudo feito em conjunto, com a galera bem disposta a dar ideias e fazer parte do evento. Senti um senso de comunhão em fazer o evento acontecer. A Pri liderou as decisões e estava à frente do evento, mas por trás também tinha uma galera empenhada em fazer algo bonito e essa vontade nos permitiu realizar um evento bonito”, conta Breno Faria Lopes Rocha, que atua na área de eventos da Somando Mais Ações.
O sentimento ao ver tudo pronto e funcionando perfeitamente não poderia ser outro além de felicidade, conforme conta Breno. “Eu acabei de chegar ao BdM, mas no evento pude ver no olhar das pessoas o quanto todos gostavam de ser parte daquilo, do sentimento de pertencer a algo bom e o quanto era motivador”.
Os depoimentos também foram um ponto tocante no documentário para todos que assistiram. Acompanhar as histórias de voluntários mais antigos, coordenadores e assistidos mostrou o quanto o Bem da Madrugada é importante e impacta positivamente nas vidas de tantas pessoas.
“Ouvir as histórias e o quanto o BdM mudou aquelas vidas é motivador! Eu saí do evento querendo fazer ainda mais e pensando no que melhorar para o ano que vem. O sentimento que ficou foi a vontade de fazer mais!”, enfatiza Breno.
Após a exibição do documentário a noite ainda reservava mais uma surpresa para todos que estavam no Petra Belas Artes. Em especial para Hugo Orion, voluntário há cinco anos, embaixador BdM e líder do BdM SP. No estilo “arquivo confidencial” foi exibido um vídeo com depoimentos de amigos e familiares de Hugo sobre sua vida e o voluntariado no BdM.
Antes de entrar para o Bem da Madrugada, Hugo já havia participado de duas ações voluntárias, uma em uma pequena comunidade e a outra em Guarulhos, onde mora. “Comecei a procurar por mais ações, porque essas duas que havia participado foram com famílias e crianças carentes, e isso me fez ver que eu precisava dar mais valor ao que eu tinha dentro de casa”, relembra Hugo.
Após essa reflexão, não demorou muito para Hugo e o BdM terem seus caminhos cruzados. “Me informaram de uma ação que ocorria no centro de Guarulhos, próximo à Sé, e fui conferir. No começo do Bem as ações aconteciam de acordo com as doações do dia. Se tivessem 200 pães, era o que ia conosco pra rua. Junto a isso tinham as roupas, suco, água. Toda quinta-feira, quando tinha ação, eu participava”.
A convivência com tantas pessoas gerou amizades que Hugo levará pra vida toda e que impactaram positivamente em sua vida. “Fiz amizades maravilhosas e conheci pessoa incríveis que me ensinaram muito sobre voluntariado e as pessoas em situação de rua”.
O BdM se tornou mais do que um projeto de voluntariado que se pratica durante a semana, passou a ser parte essencial da vida de Hugo. “Sou
muito grato ao BdM, eu vivo o Bem da Madrugada! Tenho ele tatuado no meu corpo! Nele, eu aprendi a ouvir mais, não julgar as pessoas. Já comi na rua, sentei na rua e ouvi diversas histórias. São experiências que todos deveríamos ter, porque o voluntariado muda as pessoas, nos ensina a amar o próximo e querer ajudar”.
Hugo também nos ensina que quem quer fazer o bem, sempre arruma uma oportunidade. Não é difícil encontrar alguém precisando de ajuda, basta olhar!
“Dentro do carro eu sempre ando com coberta, suco, água, lanche, porque em qualquer esquina você encontra alguém precisando de ajuda. As vezes um ‘bom dia/boa noite’ ou perguntar como a pessoa está já a faz voltar a se sentir importante”, esclarece Hugo.
O apoio em casa também foi muito importante na trajetória de Hugo no BdM, mesmo nos períodos de dificuldade havia a compreensão e apoio familiar em casa. “Durante a pandemia o Bem da Madrugada foi o único coletivo que saiu para as ruas e foi gratificante. Minha mãe, que infelizmente faleceu e vai completar um ano no dia 30, tinha
asma e 65 anos na época, mas ela sempre me apoiou. Ela falava ‘Filho, vai lá! Tem pessoas lá fora que precisam de você mais do que eu aqui em casa’. Ouvir isso da sua mãe, com os riscos que se corriam de trazer uma doença pra casa, era pegado. Mas participamos das ações, na época eram só os líderes, e seguimos todos os protocolos da OMS”.
Receber o carinho do BdM em forma de homenagem foi uma surpresa para Hugo. Tímido, ele confessa que não esperava por isso quando foi ao evento reencontrar os amigos e assistir ao documentário.
“Eu caí em lágrimas porque ao ver o vídeo me veio na mente cinco anos atrás, tudo o que percorri e vivi no Bem da Madrugada. É lindo ver como o projeto cresceu e diversos grupos se criaram. Todos eles são importantes, até os voluntários que de repente ajudam como podem doando um pacote de bolacha. Todos são importantes, não tem o maior ou melhor, o Bem da Madrugada é isso!”, afirma Hugo. A emoção tomou conta e ficou impossível segurar as lágrimas
Intuito do projeto é ensinar sobre os riscos de doenças e como repassar as informações de maneira adequada
No dia 16/11, quarta-feira, aconteceu a estreia do “Doutor Ensina”, um programa ao vivo e on-line realizado pelo Médicos nas Ruas, com intuito de ensinar os riscos das doenças e orientar como passar os ensinamentos as pessoas em situação de rua.
Para o programa inicial, o convidado para apresentar foi o médico urologista, Darlan Pereira Brito, aproveitando a campanha mundial realizada durante todo mês de novembro, intitulada de “Novembro Azul”.
O Novembro Azul tem como objetivo sensibilizar e conscientizar a população masculina em relação aos cuidados com a saúde e a importância da realização dos exames de prevenção contra o câncer de próstata. Além da orientação dos riscos do câncer de próstata, e a maneiras de como preveni-las, durante a live, Pereira apresentou dicas de como agir e orientar as pessoas em situação de rua e ajudá-las a buscar ajuda médica.
O intuito do programa é ter sua realização uma vez por mês, trazendo temas importantes para cada edição. A live que ocorreu pelo Instagram, foi gravada e poderá ser assistida através do canal do YouTube do Bem da Madrugada.
Foto de divulgação do “Doutor Ensina” com o médico Darlan Pereira.
É com muita tristeza e pesar, que noticiamos o falecimento de Oscar Lira, embaixador do Bem da Madrugada Baixada.
Mais que um embaixador do Bem, Oscar era alegre, companheiro e muito empenhado em ajudar a quem precisa. Ele foi um dos principais responsáveis pela implantação do projeto na baixada santista, e demais projetos como Médicos nas Ruas, Psicólogos, Veterinários e Navalhas nas Ruas no litoral paulista.
Oscar foi um amigo dedicado, gentil e sempre esteve pronto a doar amor para a população em situação de rua. Muito presente desde o início e sendo sempre lembrado. Ele será eterno para o Bem da Madrugada Baixada e para todos nós do Instituto Somando Mais Ações.
A saudade estará sempre presente, mas através dela as boas memórias de quem se foi continuarão vivas.
Este projeto tem como objetivo informar, conscientizar e promover o bem.
Agradecimento especial a todos os voluntários da Somando Mais Ações, que doam amor, respeito e empatia para quem precisa.