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NOTÍCIAS Finalistas

Lisboa não tem beijos nem abraços não tem risos nem esplanadas não tem passos nem raparigas e rapazes de mãos dadas tem praças cheias de ninguém ainda tem sol mas não tem nem gaivota de Amália nem canoa sem restaurantes, sem bares, nem cinemas ainda é fado ainda é poemas fechada dentro de si mesma ainda é Lisboa cidade aberta ainda é Lisboa de Pessoa alegre e triste e em cada rua deserta ainda resiste LISBOA AINDA 20 de março de 2020, Manuel Alegre

Finalistas...

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Foi repentina e inesperadamente que fomos forçados a parar.

Fomos levados a abrigarmo-nos na segurança dos nossos lares.

Deixámos que o medo da mais assustadora pandemia nos dominasse.

Janelas abertas, durante muito tempo, foram apenas as da comunicação social.

Todos olhávamos à nossa volta e descobríamos em nós pensamentos diferentes.

E quais seriam os pensamentos dos nossos alunos, especialmente daqueles que já há muito abraçávamos, saudosos, por saber que estavam de partida?

E foi assim que, numa aula de Português, debruçadas sobre o Zoom, na ilusão de que isso nos permitiria a proximidade que a todos nos faz tanta falta, lhes pedimos para erguerem os olhos, ouvirem o Poeta, ouvirem-se a si próprios e permitirem que nós, ansiosas, os ouvíssemos também.

Queríamos a despedida diferente. Queríamos que o “até sempre” fosse abraçado de lágrimas, de sorrisos e muitos braços envoltos. Queríamos dizer nos seus olhos as palavras todas da vida que partilhámos juntos. Queríamos…

Mas agora o que importava era tão somente ouvir…

Estas são algumas das frases que nos fizeram chegar, pelo Zoom, pelos versos do Poeta, pelos seus sentimentos que agora emanavam da sua respiração.

Como gostamos de todos vós. Como sentimos a vossa falta. Como vos queremos dizer que são grandes nos nossos corações e na nossa história!

Sabemos que há em cada um de vós, alunos finalistas do ensino secundário, a coragem para bem viver, para bem escolher, para ser feliz! Confiamos em todos vós!

Ana Guerra e Teresa Ribeiro (Professoras de Português do 12.º Ano)

12.º A

“O tempo passado em casa serve para descobrirmos paixões e talentos que estavam adormecidos e que nunca tiveram tempo de florir.” Beatriz Nunes

“A pandemia pela qual estamos a passar tem impactos positivos na nossa sociedade, tal como a união mundial, a preocupação pelo outro e a eliminação de hábitos desnecessários... Fechados em nossas casas, nós ainda somos nós.” Beatriz Rosas

“Nos momentos em que nos privamos de tantas coisas que considerávamos essenciais e descobrimos que sem elas a vida continua, podemos, finalmente, apreciar a pureza das que ficam, pois quando a nossa casa e rua são o mundo, olhar para o céu e perdermo-nos nele é viajar.” Camila Freitas “Mesmo que as ruas lá fora estejam desertas, as nossas casas e corações estão cheios.” Carolina Diogo “A sociedade uniu-se, união inicialmente forjada pelo medo, agora, ligada pelo respeito. Esta é a opinião de um jovem de 17 anos cuja vida parou e, nesse tempo, se dedicou a pensar.” Daniel Dinis “Aprendemos a valorizar os abraços, os beijos e os sorrisos que neste novo presente são virtuais. Aprendemos que, embora olhemos para a janela e sintamos um aperto no coração, olhamos lá para fora e vemos um futuro recheado de esperança no horizonte.” Filipa Martins “Nada acontece sem um motivo e esta pandemia, que nos levou ao isolamento social, obriga o ser humano a refletir que não é superior ou “dono” do mundo.” Inês Rolo

“Milhares de pessoas continuam a lutar pelo nosso país, para que este não pare, para que este possa voltar à normalidade, para que possamos voltar a ter risos e esplanadas, assim como praças cheias de gente na cidade de Lisboa.” João Gregório “Apesar desta pandemia nos ter puxado “o tapete” no que toca à liberdade e alcance de objetivos, devemos permanecer otimistas e fortes, pois depois da tempestade vem a bonança.” João Ruivo “Não gosto deste vírus, mas devo agradecer-lhe por abrir os olhos da humanidade e mostrar que o essencial é invisível aos olhos. O coronavírus ensinou-me a aproveitar cada dia como se fosse o último, sendo que a expressão carpe diem nunca pareceu tão indicada.” Madalena Pires “A vida. A vida não para. A nossa vitalidade e vontade interior de viver saltitam nos nossos corações.” Maria Coutinho “E o mundo ri e chora à procura de uma pequena vitória e, passo a passo, no relógio a hora e ninguém sabe que escreve a história.” Maria Mafalda Ribeiro

“O nosso mundo interior cruzou-se com o mundo real e todos os nossos planos perderam a sua importância.” Maria Luísa Silva “Quando tudo voltar “ao novo normal”, espero que tenhamos aprendido que nós também somos universo por explorar, tão grande como aquele que nos rodeia e, se queremos viver neste mundo, que o façamos como seus visitantes e não como seus donos.” Francisco Lima

“Apandemia que vai ficar na história, isolando o ser humano na sua essência.” Daniel Silva

“Todos os nossos planos foram cancelados como se o vírus nos tivesse ligado e colocado a chamada em espera... sem previsão para desligar. A liberdade ganhou um novo significado, uma vez que o ditador é invisível.” Mariana Sousa “Todas as pandemias têm um fim, agora o que retiramos destas experiências é que define cada um de nós, podendo ajudar-nos a avançar para o futuro ou prender-nos e arrastar-nos para as profundezas.” Miguel Rolo “Temos tempo para afinar todas as cordas da guitarra, que é a nossa mente, para quando esta situação melhorar tocarmos a nossa melhor canção para o mundo.” Miguel Nogueira Rolo “O vírus trouxe-me o facto de conseguir criar horários de estudo, de treino e de diversão.” Pedro Silva

“Resistamos... porque nunca fomos povo de nos render e não será agora que o iremos fazer.” Sarah Joosab

“Somos obrigados a parar: a refletir, a viver, a esperar, a temer, a observar. De súbito, somos todos iguais; estamos no mesmo estado frágil, vulnerável, vivemos a mesma situação. Entendemos a efemeridade das coisas da vida. Pela primeira vez, sentimos a pele do outro, partilhamos a dor, a esperança e compreendemos que, sem elas, a nossa existência é tão débil quanto uma pétala na tempestade.

Não há “beijos nem abraços”, mas há palavras e há saudade, não “tem risos nem esplanadas”, mas tem sorrisos e alpendres, não “tem passos”, mas tem vozes, não “tem mãos dadas”, mas tem mãos unidas, ainda que não fisicamente, tem “praças cheias de ninguém”, porque a esperança ocupa o espaço, o medo foi assustado e encoberto pelo “fado” e pelos “poemas”. “Ainda resiste”, ainda resistimos, juntos e com a consciência de

que, se um dia a humanidade foi a escolhida para enfrentar semelhante pesadelo, é porque adiante se segue um sonho, o sonho de reerguer, de construir, de alcançar.

Ainda existe esperança, ainda podemos sentir juntos e partilhar o que chamamos de liberdade. Ainda. Sofia Pereira

“Esta pandemia serve para reafirmar que, embora tenhamos dominado o mar e o monstro do Cabo Bojador, a humanidade continua tão frágil como era há séculos atrás e... assim continuará.” Tiago Henriques

“A natureza que tanto tempo esteve cinzenta... agora, em abril de águas de mil, vê-se um sol em sorriso invisível que apenas se sente. Tanta poluição que desapareceu do azul dos céus... e não tivemos nós de desaparecer para tal acontecer, tivemos apenas de parar de nos guiar pela ambição desmedida, pela cegueira e pela surdez propositadas.” Vanessa Filipe

12.º B/C

“São tempos de guerra, podemos dizer, mas de uma guerra fora do comum, travada entre os seres humanos e um vírus. Parece que estamos a lidar com um vírus inteligente, que foi capaz de nos atingir onde mais dói – interferindo nas nossas relações sociais.” Afonso Soares “Esta pandemia obrigou-me a olhar para a Terra de uma forma diferente, uma forma que mostra que o planeta nunca foi, não é e nunca será um planeta perfeito. Para se tornar num, a sua população, que também não é perfeita, tem de se unir e de ser principalmente inteligente, e assim penso que este momento em que nos deixou afastados, curiosamente, nos deixou mais unidos.” António Andrade

“Por mais mal que traga, esta doença não nos impede de aprender, de crescer, nem nos abate a esperança de a ultrapassar, tal como a resistência para o conseguir.” António Benoliel “Nada é como conhecíamos “antigamente”. Na verdade, este “antigamente” não se refere a um passado longínquo, refere-se, sim, ao mundo que nós conhecíamos há algumas semanas atrás, antes do confinamento social que somos obrigados a cumprir, para o nosso bem e para o bem de todos os que nos rodeiam.” Beatriz Fortuna “Aresiliência é, por definição, “a capacidade de um indivíduo de lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas” . Devemos, por isso, procurar encontrá-la no nosso interior e fazer dela uma companhia constante. Numa cidade de portas fechadas, reside em nós a escolha de manter as janelas abertas.” Carolina Afonso “Esta conjuntura tem-me atribuído muito tempo que tenho utilizado para voltar a praticar atividades que fui largando com o passar dos anos, como por exemplo a guitarra ou a pintura, para brincar mais com as minhas cadelas e tentar, pelo menos, aproximar-me mais dos meus irmãos. No entanto, quando estes momentos de distração e entretenimento acabam, não consigo parar de pensar no que poderia ter feito, se isto nunca tivesse acontecido.” Carolina André

“Forçados a mudar completamente os nossos hábitos e a nossa maneira de pensar e de agir, apercebemo-nos de que aquilo que julgávamos ser o mais importante, afinal não é. Antes de aparecer o vírus, competíamos uns com os outros e não dávamos valor a quem nos rodeava, e agora, em contrapartida, temos tempo e não temos as pessoas.” Carolina Nascimento “A falta de conhecimento do ser humano perante certas situações, neste caso uma doença, pode levá-lo a ficar consumido pelo medo, pois nós, humanos, estamos habituados a ser superiores no que toca à ciência. Temos sempre uma certa curiosidade de tentar perceber os factos novos e durante o tempo em que não os conseguimos alcançar, por vezes, o medo consome-nos, principalmente numa situação pandémica que provoca mortes.” Catarina Moutinho “Muito se perdeu, porém um novo e indispensável sentimento surgiu em muitos de nós: a valorização das coisas vulgares que antes fazíamos e a aceitação deste novo desafio para aprofundarmos a nossa ligação com aqueles com quem vivemos.” Diana Martins

“A liberdade já era um dado tão garantido que, de certa forma, não lhe dávamos a devida importância. Em suma, acho que este tempo que passámos e ainda vamos passar isolados fisicamente de outras pessoas nos permitiu perceber a sorte que temos em poder viver sem amarras e sem medo constante de sermos infetados por um vírus invisível.” Diogo Sousa

“O medo com que vivemos nestes dias vai continuar instalado por entre as ruas, nas casas, nas pessoas... O toque não será o mesmo, mas a esperança por dias melhores é o nosso abrigo.” Eduardo Fortunato

“Não é fácil suspendermos a vida que temos, não é

fácil deixarmos de fazer rotinas a que estamos habituados, não é fácil para ninguém, mas é nestes momentos que, por vezes, valorizamos a vida que temos e somos gratos por estarmos com os de que mais gostamos, fazendo o que queremos dentro do que é possível.” Fábio Reais “Devemos aproveitar esta altura para ficar em casa, olhar para o passado, avaliar o ponto em que estava a nossa vida, observar atentamente o presente, a ausência de atividade nas ruas “cheias de ninguém” e tentar visualizar um futuro, ganhando a noção de que nada é garantido.” Gil Alves

“Como tudo na vida, esta situação também nos ensina algo: nunca tomarmos nada por garantido, porque nada na vida é para sempre, temos de usufruir do nosso tempo o melhor que conseguirmos.” Guilherme Pais “O Covid-19 foi um vírus inesperado que de repente apareceu e nos forçou a permanecer em casa até tempo indeterminado. Estaria a mentir se dissesse que esta situação não me tem afetado, pois sinto-me como um rato encurralado num labirinto à procura do pedaço de queijo.” João Gonçalves “Os impactos negativos são mais do que os positivos, ainda assim, tem havido impactos positivos marcantes, como a questão climática e a preparação que algumas empresas têm feito para assegurar o futuro.” Leonardo Silva “Tudo aquilo que tomávamos por garantido já não o é mais. Deste modo, começamos a valorizar os pequenos acontecimentos como os almoços com os avós, os cafés com os amigos, a aprendizagem na escola e a presença dos professores, o que significa que, no futuro, quando tudo isto passar, vamos viver como antes não vivíamos, vamos apreciar as simples caminhadas e os pequenos acontecimentos da vida. ” Maria Carolina Castanheira

“Querida Lisboa, Acho que durante os meus 17 (quase 18) anos nesta terra, nunca tinha visto as tuas icónicas ruas vazias. Tu, coração do país, a nossa Lisboa, vives agora apenas raros encontros com os que procuram suprimir as suas necessidades básicas. Mas tu vais continuar sempre igual, porque connosco ou sem nós, continuas a mesma, com a mesma história, casa de poetas e inspiração de grandes obras. Espera por nós, brevemente voltamos para ti. Até já.” Mariana Simões “Pensávamos estar numa das melhores fases da nossa vida, no ano em que somos finalistas, mas, devido ao perigo de contágio, fomos obrigados a ficar fechados em casa. Percebemos, então, que a única forma de combater este surto é ficarmos confinados a quatro paredes, na segurança dos nossos lares.” Marta Martins

“Considero que a pandemia veio servir como um botão de “pausa” a meio de um refrão, permitindo a todos refletir durante e sobre a situação, levando a que, no futuro, sejamos todos diferentes. Este “pausar” provoca um melhor entendimento da “música” e de tudo o que a constitui.” Martim Serradas

“Com isto, penso que, como pessoa, sinto que, agora, mais do que nunca, é momento para trabalhar no sentido pessoal, ou seja, procurar perceber que aspetos é que devo melhorar e de que forma é que posso fazer isso. Depois disto, penso que todos voltaremos mais forte e prontos a seguir em frente com as nossas vidas.” Pedro Amado “À escala mundial, os níveis de poluição baixaram drasticamente e habitats parcialmente destruídos começaram a regenerar-se e, individualmente, faznos inovar os nossos hábitos que, muitas vezes, poderão não ser os melhores.” Rodrigo Pires “As crianças passaram a desenhar arco-íris em casa como símbolo da esperança. Ponho-me a pensar nas caras pintadas delas, nas mães que já não querem saber das roupas sujas de tinta e que dão gargalhadas juntamente com os filhos. A música surgiu nas varandas. O nosso vizinho da frente, que sempre foi tão sério, agora dança ao som da Macarena. E nós rimos. Rimos muito! E os cães? O que ontem era uma tarefa simples, como levá-lo à rua, hoje é um luxo. Já t^m um ar cansado de tantos passeios que dão. Eu olho para os meus e adivinho o seu pensamento. Mais uma risota, claro.” Rodrigo Rosa “Penso que, quando somos sujeitos a grandes ruturas, os nossos comportamentos alteram-se e a nossa própria visão relativamente ao mundo também. um dos grandes erros até agora cometidos foi tomarmos a liberdade como algo garantido e permanente. Ora, neste momento, nada nos é garantido e, por isso, temos tendência a dar mais valor ao que outrora tomávamos como algo indubitável.” Sofia Santos

“Claro que esta pandemia vai alterar para sempre a nossa maneira de viver. Nos primeiros tempos, é normal que a população ande desconfiada. A verdade é que irá existir sempre uma certa desconfiança, não propositada, mas que faz parte do nosso instinto enquanto humanos.” Tiago Henriques

TEMPOS DE QUARENTENA

No dia 01 de dezembro de 2019, foi detetada na China uma doença fora do vulgar. Parecia uma gripe ou uma pneumonia, mas não era nem uma coisa nem outra. Era proclamado a 31 de dezembro, pela OMS, o novo Coronavírus (mais conhecido, por COVID-19).

Esta estranha doença espalhou-se pelo mundo inteiro e rapidamente chegou a Portugal, no dia 02 de março de 2020. Duas semanas depois, foi declarado o estado de emergência. Os carros deixaram de circular nas estradas, as consultas menos importantes foram adiadas, os hospitais esvaziados o mais rapidamente possível e foram montados hospitais de campanha por todo o lado. As escolas começaram a fechar e todas as gerações do país foram mandadas para casa. Só as lojas de bens de primeira necessidade ficaram abertas. Portugal preparava-se para lutar contra a doença. Assim se passaram dois longos meses, até ao dia em que o estado de emergência foi substituído pelo estado de calamidade, a 03 de maio de 2020.

Durante os dois meses fechada em casa, percebi o valor de ir para uma boa escola todos os dias, de conversar no chão do recreio com as minhas colegas, de poder passear na rua com as pessoas que mais adoro, de uma festa de aniversário, de uma visita, de um almoço de família, ou de um simples abraço, de um beijo, de todas aquelas pessoas que preenchem a minha vida, de sorrisos meus conhecidos (escondidos atrás das máscaras). É disto que sinto mais falta.

O mundo atravessa uma fase difícil, mas que temos de ultrapassar. Não poderia ser de outra forma. “Temos de cuidar dos vivos e enterrar os mortos” disse o Marquês de Pombal perante uma situação semelhante, e é isso mesmo que nós vamos fazer. Durante estas semanas, também me apercebi das mudanças humorísticas que todos nós enfrentamos. Ora me sentia feliz, pois estava um dia lindo de sol e cinco minutos depois sentia-me frustrada, pois não conseguia enviar o trabalho que fiz com tanto cuidado. As mudanças continuavam depois de ver as notícias na televisão (ora as que nos davam mais esperança, ora as mais tristes).

Sinto, no entanto, que esta fase difícil vai ser superada como qualquer outro desafio e um dia tudo voltará ao normal. Temos de ter coragem. Vai ficar tudo BEM! (Maio 2020) Ema Piñeiro 6.ºC

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