Órgão da Província Redentorista Nossa Senhora Aparecida • Edição 3 • Agosto a Novembro de 2024

Órgão da Província Redentorista Nossa Senhora Aparecida • Edição 3 • Agosto a Novembro de 2024
FRATERNIDADE: Os Redentoristas em Juiz de Fora (MG) p. 27
ESPERANÇA: Primeiros padres da Província Nossa Senhora Aparecida p. 30
30
ESPERANÇA - Primeiros padres da Província Nossa Senhora Aparecida 3 4 5 11 7 16 18 14 21 27
FORMAÇÃO EM FOCO
Fé, cidadania e formação da consciência moral
ATUALIDADE - Dr. Raphael Campos A Igreja Católica e os direitos autorais
MISSIONARIEDADE - Leiga da Igreja, leiga da Província Nossa Senhora Aparecida
DICA DE LEITURA
“A luz que vem da Bíblia”
SÍNTESE - 60 anos da Lumen Gentium
ESPIRITUALIDADE
A esperança não decepciona
MEMÓRIA - 130 anos da chegada dos Bávaros ao Brasil
FRATERNIDADE - Os Redentoristas em Juiz de Fora
FOCUS PROVINCIALIS
Edição 3 - Agosto a Novembro de 2024
Superior Provincial
Pe. Marlos Aurélio da Silva, C.Ss.R.
Editores
Ir. Carlos José, C.Ss.R.
Ir. Joelson Rodrigues, C.Ss.R.
Ir. Orlando Augusto, C.Ss.R.
Fr. Fabrício Oliveira, C.Ss.R.
Pe. Thiago Costa, C.Ss.R.
Mário Pereira
Revisão
Ana Lúcia de Castro Leite
Sofia Machado
Diagramação
Maicon dos Santos
Email comunica2300@gmail.com
Tiragem
500 exemplares
Éum privilégio poder novamente entrar em contato e em comunhão com todos vocês, por meio deste órgão de comunicação de nossa querida Província! As coisas boas existem para serem partilhadas e repartidas. Se não prestarmos atenção, o grande risco é de achar que estamos sob a ditadura do cotidiano. No entanto, a partir da contribuição de tantas pessoas, constatamos muita vitalidade missionária presente em nossa Unidade Redentorista. É claro que sempre podemos aprimorar e nos doarmos ainda mais. Aliás, esse deve ser um princípio a termos sempre presente em nosso horizonte, para que a mediocridade não se torne a nossa bandeira. A reconfiguração segue um ritmo bom e seguro! Ela será, segundo nosso empenho e envolvimento nos processos!
Como somos seres em construção e eternos aprendizes, vale muito acolher e nos deixarmos provocar por reflexões que nos ajudem em nossa formação e na elaboração de nossas ideias. O mundo de hoje exige uma consistência de argumentação diferente, pois não bastam mais os argumentos de autoridade! Mesmo quem abdica de manifestar sua posição político-ideológica, tem de saber que já está optando por um lado! Para todos nós importa mesmo é saber que temos critérios éticos oriundos da fé cristã que devem incidir sobre esse campo, que, às vezes, parece minado e pouco atrativo. Ademais, na atualidade pululam assuntos interessantes, mas que nem sempre nos dedicamos a dar a devida atenção a eles, dentre os quais está o dos direitos autorais na Igreja.
Felizmente, a configuração de nossa
Província comporta um amplo campo de atuação para todos e todas que queiram exercer sua missionariedade. Nesse sentido, nesta edição se dará destaque para a juventude laical, como
uma expressão auspiciosa e de força renovadora e inovadora!
Na sequência de nossa revista encontramos boas motivações de leitura de uma obra interessante e relevante, bem como um sobrevoo por uma temática fascinante e pertinente sobre os sessenta anos da Constituição Dogmática sobre a Igreja – a Lumen Gentium! Desconhecer pérolas como esta é perder a rota eclesiológica do presente e do futuro da Igreja! Por sermos “peregrinos da esperança”, nunca é demais nutrirmos nossa espiritualidade dessa virtude essencial para continuarmos nossa missão.
Por fim, não poderia jamais ser negligenciada uma data memorável e significativa como esta dos 130 anos da chegada dos missionários redentoristas bávaros, em Aparecida. Nesse sentido, somos agraciados com o interessantíssimo texto inédito, pois ressalta curiosidades que fogem das informações já sobejamente sabidas. Ademais, a história dos 130 anos da missão no Convento Redentorista de Juiz de Fora provoca-nos a recordar e a questionar a relevância da missão no hoje de nossa vida. E finalizamos nosso percurso por estas páginas com o perfil daqueles que representam as primícias presbiterais de nossa Província. A esperança é de que sejam melhores e mais audazes na arte de evangelizar, jamais uma edição do passado travestida de algo moderno. Para os desafios presentes não servem as respostas em pretérito! Como filhos de Santo Afonso vale ter ousadia evangélica, amor aos pobres e fuga das adequações da cultura eclesiástica fossilizada!
Portanto, que você desfrute de uma boa leitura e passe em revista tudo isso que só buscamos para despertar seu interesse!
Provincial da Província Nossa Senhora Aparecida
Coronel Fabriciano tem a graça de poder contar com a presença dos Missionários Redentoristas aqui na Paróquia São Sebastião. Gratidão!!!!!!! Gratidão!!!!!!! Gratidão!!!!!!!
@irenyfloresdelima8295
É muito gratificante para todos nós “desfrutarmos” do tão nobre “trabalho” de vocês todos Redentoristas! Parabéns, que Santo Afonso os proteja sempre! Obrigada por vocês existirem!
@angelarodrigues7264
Deus chamou, e vocês ouviram! Todos os Missionários Redentoristas são iluminados e cuidam da vida humana espiritual, familiar, física. Também da fauna, flora. Todos os seres vivos são criados por Deus e cuidados pelos religiosos, que trabalham com sabedoria e muita vontade! ������
@teresinha.nunes.94009841
Nós temos de agradecer todos os dias por esses missionários redentoristas que estão sempre presentes, levando a Palavra ao povo, pelos meios de comunicação ou pessoalmente. Gratidão! Ana Helena T Pereira Zamarella
Virgem Maria, Mãe de Jesus Cristo, interceda a Deus em nome de seu Filho, por nós pecadores! Obrigada por uma graça alcançada hoje! �������� Terezinha Nunes
Já vivi 4 Missões, 3 em Pirapozinho-SP e 1 em distrito de Primavera Rosana-SP ���� , muitas saudades. Igual aos Missionários Redentoristas não há para reunir o povo para rezar e retornar à vida de comunidade. Que Deus e Nossa Senhora abençoem todos que trabalham nas Santas Missões. @fatimavovoliliebento
Alegria de Nossa Província Redentorista. Quanta bênção! @Vidas
Tenho grande amor a todos os REDENTORISTAS e à Mãezinha Aparecida. @Sebastião Ferreira filho1
mo, o que abalou as desigualdades sobre as quais se sustentava o Império Romano. Se a história registra o influxo da fé em semelhantes mudanças radicais nas sociedades, registra também, desde o relato sobre Caim e Abel, o outro lado de concepções nada favoráveis à convivência respeitosa e colaborativa. Nessa ambivalência navegam as pessoas, inclusive as que se apresentam como gente de fé radical e observante, que Jesus, em seu tempo, chamou de “lobos em pele de ovelhas”. Em síntese, não há contribuição de uma fé à consciência moral de cidadania sem princípios e gestos em favor de uma organização social cidadã respeitosa e colaborativa. E são pessoas e comunidades que fazem isso. E aqui se coloca a Igreja.
O acúmulo de poder e de privilégios é o caminho mais sutil para perverter a cidadania com desigualdades e discriminações. Os tempos digitais nos trouxeram instrumentos incríveis de comunicação, e vemos como o poder acumulado de influenciar as pessoas se tornou astronômico e altamente rendoso. Os sistemas digitais permitem incutir sentimentos, adotar narrativas e controlar a opinião de um grupo. Analistas sociais indicam, nesse processo, a incrível concentração de poder econômico e político em mãos particulares, de modo que o poder público curador e defensor do
bem de todos, vai sendo solapado pelas privatizações e, até mesmo, pela ocupação interesseira das cadeiras legislativas que defenderiam o bem comum. A cidadania, como direito, está sendo, portanto, corroída. Não predomina o interesse de cultivar uma comunidade interativa. Ao contrário, fomentam-se os medos e as ameaças para acirrar a contraposição, estratégia mal disfarçada para oferecer satisfação aos desejos particulares. Esse processo, mostram também as análises, reflui para as Igrejas. Pessoas religiosas, inclusive líderes, alimentam a corrosão da cidadania e fazem o mesmo jogo do poder interesseiro, ao isolarem a fé dos compromissos sociais e atiçando medos de ameaça à fé, antepõem as doutrinas e preceitos às demandas da dignidade lesada das pessoas.
Essas abreviadas observações analíticas ajudam a perceber o desafio de se levar a contribuição da fé para formação da consciência moral cidadã: levar nesse contexto a bandeira do respeito e compromisso com a dignidade das pessoas e suas condições de bem-viver. E ter a coragem de juntar os “pés com os que anunciam o bem e fazem ouvir a paz” (Is 52,7).
Pe. Márcio Fabri dos Anjos, C.Ss.R. Diretor da Editora Ideias & Letras
ENTREVISTA COM O DR. RAPHAEL CAMPOS, DO DEPARTAMENTO JURÍDICO DO SANTUÁRIO NACIONAL
AIgreja católica, com sua rica e extensa herança cultural, produz uma grande quantidade de obras artísticas, teológicas e litúrgicas que, ao longo dos anos, foram objeto de direitos autorais e, eventualmente, muitas delas chegaram ao domínio público. Esse tema intrigante e multifacetado da interseção entre a Igreja, os direitos auto -
Saiba os cuidados que a Igreja deve ter com a criação de conteúdo protegido por direitos autorais
rais e a ética no uso de obras em domínio público é o escolhido para a entrevista com o advogado Raphael Campos, do departamento Jurídico do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida.
Neste diálogo, exploraremos como a Igreja lida com a questão dos direitos autorais em relação a suas obras históricas e contemporâneas. Discutiremos, também, como o conceito de domínio público permite que essas obras sejam acessíveis para uma audiência mais ampla e as implicações éticas que surgem quando utilizamos ou adaptamos essas obras.
A ética no uso de material em domínio público é um aspecto crucial para garantir o respeito à integridade original e à intenção do criador, especialmente em contextos religiosos onde o significado e a sensibilidade cultural desempenham um papel significativo.
Quais devem ser os principais cuidados que a Igreja deve ter com a criação e distribuição de conteúdo protegido por direitos autorais?
Com o advento da Lei n. 9.610/1998, o Brasil passou a ter uma legislação específica sobre direitos autorais. Por isso, sempre que se fala sobre “produção de conteúdo”, inclusive por Igrejas, é essencial que a instituição siga o que prega a lei. No que tange aos principais cuidados com a criação e distribuição de conteúdo, destacam-se os seguintes: a) atribuição de créditos (identificação do autor); b) utilização de imagens apenas autorizadas, com exceção daquelas que já estejam em domínio público; c) criação de conteúdo original, o que fortalece o posicionamento e a autoridade; d) posse de um sistema de gestão de acervo, capaz de
identificar, com facilidade, toda a documentação respectiva à produção e distribuição do conteúdo, sobretudo voltado ao histórico de autorizações/cessões.
Como a tecnologia e a internet têm impactado a forma de as instituições religiosas lidarem com direitos autorais?
A era digital trouxe transformações em todos os aspectos da sociedade, e o mundo “criativo” não é exceção (produção literária, audiovisual etc.). Com o advento das novas tecnologias, como a inteligência artificial, surge um novo paradigma para os direitos autorais, sobretudo porque não apenas alteram a forma como as obras são criadas, distribuídas e consumidas, mas também desafiam as leis tradicionais já estabelecidas. Lincando-se as possibilidades criadas com
as novas tecnologias ao uso, cada vez mais expressivo, das mídias sociais, a conclusão é a de que, desde que a produção e a distribuição observem as condições impostas pela Lei, sua dissipação torna-se cada vez mais alcançável, especialmente diante da desnecessidade de altos investimentos.
A entrada de certos conteúdos em domínio público pode impactar a forma como essas obras são usadas e compartilhadas pela Igreja?
Conceitualmente, direito autoral é a proteção exclusiva conferida ao autor de produções culturais, artísticas e científicas. No Brasil, a proteção permanece válida por 70 anos, contados a partir do dia 1º de janeiro do ano seguinte à morte do autor, sendo certo que somente após esse prazo é que a
Inteligência Artificial trouxe transformações em diferentes aspectos da sociedade
Conceito de domínio público permite que obras sejam acessíveis para audiência mais ampla
obra passa a ser considerada domínio público, podendo ser utilizada livremente. Como se trata, portanto, de norma de ordem pública, nenhuma produção fica imune, estendendo-se, assim, sua aplicabilidade às Igrejas. Sendo assim, todo criador de conteúdo precisa ter em mente que, passado o prazo legal de proteção, sua obra estará em domínio público. Pode-se citar, como ponto positivo, a perpetuação no tempo e a manutenção da titularidade (direito de autor) incidente; enquanto, como ponto negativo, a ausência de contraprestação pelo uso (direito patrimonial).
Quais são as implicações legais e éticas de reutilizar obras religiosas em domínio público?
Apesar de os termos “ética” e “moral” terem a mesma origem (relativa a bons costumes), possuem significados diferentes. A ética busca uma reflexão filosófica sobre a moral. A moral representa os costumes, os hábitos, os comportamentos dos seres humanos, as regras de comportamento
adaptadas pelas comunidades. No aspecto jurídico, direito é o sistema de normas de conduta imposto por um conjunto de instituições responsáveis por regular as relações sociais. Neste compasso, inexiste implicação legal quanto ao uso de obras que estejam em domínio público, visto que o próprio conceito traduz essa possibilidade. Do ponto de vista ético, considerando-se que o autor ainda tem garantido o pleno direito ao uso, é plausível que o respeito, privilegiando as melhores práticas comportamentais, prevaleça, sobretudo com relação à concessão dos créditos (titularidade autoral).
Como a Igreja pode educar seus membros e o público sobre a importância dos direitos autorais e do domínio público?
A proteção do direito autoral recai sobre o criador e sua criação. Significa dizer que toda pessoa que produz algo, seja artístico, literário ou científico, tem o direito de receber por sua ideia e protegê-la de cópias e imitações. Dessa forma, a originalidade do produto criado fica assegurada. No Brasil, o registro do direito autoral pode ser concluído por meio da Biblioteca Nacional, mas vale dizer que o ato é meramente declaratório, pois a proteção independe de sua conclusão.
A Igreja, como uma grande “produtora” de conteúdos, a fim de garantir a contraprestação devida pelo uso, a originalidade de suas obras e, até mesmo, a propagação da fé por meio das distribuições, deve ter em mente que o instituto do direito autoral é de observância obrigatória, que busca assegurar a isonomia, fortalecer a cultura e cumprir a legislação.
Mário Pereira
Sou Deisiane Andrade, jovem redentorista da Província Nossa Senhora Aparecida, da unidade de Coronel Fabriciano (MG). Atualmente, atuo como Ministra da Eucaristia, liturgia e catequista na comunidade Imaculada Conceição, na paróquia de São Sebastião. Sempre tive o incentivo de minha família para participação na igreja, mas este amadurecimento foi aos poucos. A virada de chave, quando encontrei a verdadeira alegria e amor de falar Jesus e vivê-lo, em todas as partes de minha vida, foi com a realização das santas missões populares redentorista, na paróquia. A fé, a devoção do povo e o entusiasmo dos missionários trouxeram uma curiosidade de poder vivenciar tudo
aquilo. Logo depois, tivemos a Jornada Afonsiana-SP e a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, que aumentaram a chama de aprofundar ainda mais o carisma redentorista. Fiquei completamente apaixonada por conhecer como Santo Afonso levava a mensagem do Evangelho aos mais abandonados e como esse carisma se propagou ao longo dos tempos.
Desde então, começamos um trabalho muito forte e com grande participação dos jovens, com formações sobre os santos e a espiritualidade redentorista, acessando o acervo riquíssimo de Santo Afonso. Com a espiritualidade fortalecida, começamos a promover trabalhos em creches, lar de idosos e com
a população em situação de rua, além de participações em missões em outras paróquias e até outras cidades e estados.
A congregação redentorista realmente é uma grande família acolhedora, aquela que prega a qualidade de vida das pessoas, cuida com amor e igualdade, promove com alegria o legado de Santo Afonso, seguindo os passos do Redentor. Quando iniciamos esse trabalho com a juventude, em meados de 2012, tínhamos apoio total, com um acompanhamento presente nas etapas de nossa identidade jovem e até onde gostaríamos de chegar. A princípio, em nossas unidades tivemos uma resistência na participação das comunidades, por ser um jeito novo de evangelização, mas sabíamos que, durante o ano, poderíamos marcar em nossa agenda dois encontros anuais em âmbito provincial, em que poderíamos apresentar nossos problemas e nossas necessidades como grupo.
Sabemos que a realidade atual da juventude é muito diferente do que era há 12 anos. Passamos por momentos de dificuldades no período da pandemia, muitas perdas, desemprego, problemas de saúde e familiares. É necessário olhar com carinho para o primórdio e entender o motivo de chegar à atual conjuntura, para voltar com a energia e a alegria que só o jovem tem.
O sentimento que expresso ao olhar para trás é de gratidão a Deus por permitir ter vivido tantos momentos importantes e marcantes, desde a primeira missão, quando nos encontros havia a partilha de cada unidade. Certamente esta é uma das motivações para não desistir de apostar na juventude e conhecer outras realidades que, muitas vezes, são tão diferentes da nossa. Seguimos esperançosos por melhorias na reconfiguração da Província Nossa Senhora Aparecida, que realmente possa ter essa
identificação com a juventude e acreditar que ela pode ser um agente transformador da realidade. Todos os jovens que se identificam com o carisma da Congregação são convocados a fazer parte desta família nascida de Santo Afonso. Em todos os ambientes de convívio: na família, promovendo um ambiente de harmonia para escuta de Deus; na faculdade/escola, ao falar de Deus de uma forma simples, de modo que atraia os outros a fazerem a experiência; na comunidade, sempre procurando conhecer as Escrituras Sagradas, partilhando as experiências de fé, respondendo com amor à participação pastoral, e, na sociedade, lutando pela defesa da causa dos pobres. Sempre presente e a serviço na vida dos jovens. Jovem, venha seguir o Redentor!
Deisiane
Andrade Leiga redentorista – JUMIRE
Abrindo sua nova coleção “Tesouros da Igreja”, a Editora Santuário lançou recentemente o livro “A Luz que vem da Bíblia”. Peço a vocês licença para apresentar essa minha obra, escrita com o cuidado de oferecer o melhor do que aprendi nas aulas em Roma, em Jerusalém e na experiência pastoral de meus 63 anos de Sacerdócio. Nosso povo tem sede da Palavra; é como dizia Amós, em nome de Deus: “Enviarei fome à terra, não fome de pão nem sede de água, mas de ouvir a Palavra de Deus” (8,11). Meu objetivo foi ajudar as pessoas a conhecerem melhor a Bíblia e, conhecendo, deixar-se apaixonar por esse Livro, que ensina a viver o compromisso do cristão. Que abramos a Bíblia em clima de oração, dizendo com o jovem Samuel: Fala, Senhor,
eu quero ouvir (cf. 1Sm 3,10). Procurei fazer o leitor viver aquela bonita realidade descrita por Santo Ambrósio: “Quando tomamos nas mãos com fé as Sagradas Escrituras e as lemos com a Igreja, voltamos a passear com Deus no paraíso”.
Não proponho um estudo teórico que satisfaça curiosidades, mas ofereço reflexões e meditações sobre fatos da Bíblia, sobre momentos capitais da História da Salvação, buscando aprender com eles a orientar nossa vida cristã, pois a própria Bíblia afirma que a Palavra de Deus é “lâmpada para meus passos e luz em meu caminho” (Sl 119,105).
Com linguagem simples e direta, levo o leitor a reviver em 12 capítulos as experiências marcantes do Povo de Deus, extraindo mensagens
para sua vida, aquela “luz que vem da Bíblia”. Eu quis incentivar o leitor a rememorar os fatos, colocando-se dentro de cada um deles para reviver a experiência dos personagens bíblicos. Exatamente como testemunhou um jovem na 27ª Bienal do Livro em São Paulo: “Eu gosto de ler, porque me imagino dentro daquela história”. Sim, nossos leitores poderão sentir-se como os hebreus a caminho da Terra Prometida, como os ouvintes da pregação dos Profetas, como os Apóstolos que vibraram ao conhecer pessoalmente o Messias e, mais tarde, continuaram a obra dele anunciando a Boa-Nova.
Se a história nossa de cada dia é mestra da vida, como falou Cícero, muito mais o será a História Sagrada, para quem sabe ler e interpretar “os sinais dos tempos”. Isso é confirmado pelo Vaticano II ao nos ensinar que “a revelação se executa por meio de ações e palavras intimamente relacionadas entre si” (DV 2). Deus nos fala também pelos acontecimentos e, desde o início, fala-nos pela criação: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mãos” (Sl 19,2).
Para estimular a reflexão do leitor, cada capítulo termina com três perguntas referentes ao tema proposto. Com certeza, vamos nos surpreender, vendo que a Bíblia pode interrogar-nos sobre questões de grande
atualidade, por exemplo, a proteção de nossa “casa comum”, nossa empatia com pessoas deprimidas e o saber lidar com as perdas da vida. Assim como Deus enviou mensageiros para manter a esperança dos exilados em Babilônia, assim envia a Igreja de hoje como mãe que acolhe com ternura o povo sofrido, porque ela é uma presença desse Deus-misericórdia.
Predominam os capítulos sobre o Antigo Testamento – nove entre doze – e essa foi uma escolha proposital, por tratarem de temas menos familiares ao público católico em geral.
O último capítulo nos transporta ao Apocalipse, o livro da esperança cristã, que descreve o “novo céu e a nova terra, quando Deus enxugará toda lágrima de nossos olhos” (Ap 21,1.4).
Procurei mostrar a Bíblia como uma história do amor de Deus à humanidade; história que termina no paraíso, onde havia iniciado.
Aquela mesma aventura, que começou com Abraão e passou por Moisés e os Profetas, para atingir seu ponto alto em Jesus e os Doze, continua na Igreja dos Mártires, dos Doutores e dos grandes Missionários, até chegar a nós, a quem cabe levar adiante, com a força do Espírito Santo, a obra da evangelização.
José Raimundo Vidigal, C.Ss.R.
OConcílio Vaticano II foi chamado de um Concílio da Igreja e sobre a Igreja. Sabendo que o intento dos padres conciliares era o de atualizar e fomentar o diálogo com o mundo contemporâneo, entendeu-se que era necessário, em um primeiro momento, olhar para aquilo que a Igreja é em si mesma e depois considerá-la em sua relação com o mundo.
Neste ano de 2024, a Constituição Dogmática Lumen Gentium (Luz dos Povos) completa 60 anos de sua aprovação. Trata-se de um dos mais importantes textos do Concílio Vaticano II. O documento aborda a identidade e constituição da Igreja como corpo místico de Cristo, ou seja, explicita, de fato, o caminho que a Igreja deve percorrer. Constata-se que, com o tempo, houve certo esfriamento do debate e um enfoque menos referido ao tema do “povo de Deus” como uma metáfora para entender a Igreja. Por isso, o objetivo da monografia é dar um aceno a essa importante Constituição Dogmática, como também
mostrar a influência do ensino latino-americano, na concepção eclesiológica do Papa, e sinalizar como a categoria povo de Deus é fundamental na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium.
Em vista disso, para melhor perceber a novidade dessa eclesiologia, expôs-se alguns aspectos da vida da Igreja e a fonte bíblica da categoria povo de Deus. Em seguida, abordou-se a própria eclesiologia do Povo de Deus na Lumen Gentium e seu primeiro fruto mais solene e decisivo, a Gaudium et Spes. A eclesiologia do povo de Deus possibilitou o cumprimento da finalidade do Concílio, de passar de uma Igreja compreendida como sociedade perfeita, fortemente hierarquizada e burocrática a uma Igreja povo de Deus, mais dialogal e missionária, onde todos se responsabilizam pela evangelização.
A eclesiologia do Concílio foi recebida criativamente pelo povo de Deus na América Latina, desenvolvida e proposta pela teologia e pelo Magistério local. As conferências do episcopado
latino-americano trazem contribuições inovadoras e concretas para a evangelização. A eclesiologia latino-americana foi determinante na concepção eclesiológica da Evangelii Gaudium.
A Igreja povo de Deus emerge como sacramento de Cristo e tem sua identidade fundamentada no mistério trinitário. Pastoralmente, isso significa recordar a dimensão contemplativa, doxológica e litúrgica da comunidade. A Igreja que anuncia o Evangelho percebe a necessidade de formar seus pastores e os leigos para que a Palavra de Deus incida mais decisivamente na cultura. Na Igreja povo de Deus todos são responsáveis pela evangelização, desde seu batismo, e a missão se realiza de maneira sinodal.
Sumariamente, entendemos que o povo de Deus também atua como um sacramento histórico da salvação, por isso não poderia ignorar as interpelações do tempo presente nem renunciar à missão profética, com a cultura e a economia contemporânea. O sacerdócio comum dos batizados, os carismas e os ministérios são temas fundamentais da eclesiologia do povo de Deus e foram redescobertos pela efervescência dos novos movimentos eclesiais. A Igreja pobre para os pobres foi uma reflexão dominante na América
Latina e o modo mais criativo de recepção da doutrina conciliar. Tudo isso recorda que o povo de Deus deve ser missionário do Reino de Deus. A especificidade da missão da Igreja católica é a do anúncio da alegria do Evangelho de Jesus Cristo, morte e ressuscitado, especialmente aos mais pobres e abandonados.
Fr. Alane Andrade Pereira, C.Ss.R.
Nossa amada Igreja convoca seus filhos à preparação de mais um momento forte, um tempo de renovação da fé, a realização do “Ano Santo” ou “Jubileu da Esperança”. A convocação do papa Francisco para 2025 traz como tema: “Peregrinos da Esperança”. A ação de peregrinar está na alma do povo de Deus, desde a saída do Egito em busca da Terra Prometida.
Jesus convoca um tempo novo de esperança
Ao longo da História de Salvação, os profetas ganham destaque como porta-vozes de Deus. O texto de Isaías 61,1-2, apresentado por Jesus em uma sinagoga de sua terra, Nazaré, como projeto de vida anunciado pelo profeta: “O espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para anunciar a Boa Notícia aos pobres, a libertação aos presos e a recuperação da vista
aos cegos, para dar liberdade aos oprimidos, e para proclamar o ano da graça do Senhor” (Lc 4,18ss). Está aí anunciado pelo próprio Jesus o advento de um novo tempo, cheio de esperança para os desesperançados, aqui representados por quatro grupos: pobres, presos, cegos e oprimidos. Vale salientar que o primeiro Jubileu ocorreu no ano 1300 e foi convocado pelo papa Bonifácio VIII.
A convocação e o sonho de esperança do Papa
Na convocação da bula do Jubileu Ordinário de 2025, o papa Francisco diz que no momento histórico atual em que, “esquecida dos dramas do passado, a humanidade encontra-se submetida a uma difícil prova que vê muitas populações oprimidas pela brutalidade da violência” (Spes non confundit, 8), e convida todos os cristãos a tornarem-se peregrinos de esperança. Daí podemos perceber que o
termo “esperança” ganha um sentido ativo, como diria nosso Paulo Freire, uma esperança do verbo “esperançar”. Trata-se de uma esperança ativa, profética, com olhar crítico nos sinais dos tempos e detectar neles os que são de morte e tiram a esperança do povo.
A Igreja nasceu levantando a esperança dos fiéis
Três mistérios estavam presentes no nascimento e missão da Igreja: a Cruz, a Ressurreição e Ascensão e o Pentecostes. A cruz, que era instrumento de condenação para bandidos, foi transformada em símbolo de esperança; a ressurreição e ascensão empoderaram os novos cristãos e, nem mesmo o martírio os impediu de crescer e testemunhar; o Pentecostes “incendiou a alma da Igreja” e mostrou que o Espírito Santo não é controlado
pelos instrumentos de morte. Daí, podemos afirmar que dois fundamentos básicos e profundos alimentam a esperança de quem crê: a salvação que Cristo nos ofereceu, mostrando que a vida não acaba aqui, e a certeza de um Deus que caminha conosco na luta por esperançar.
da Padroeira de 2024 refletiu o tema “Mãe Aparecida, acolhei-nos como peregrinos da esperança”.
A “esperança” nas pastorais e nos grupos da Igreja No Antigo Testamento Deus se assume como “Pastor” e delega seu poder aos Juízes, reis, profetas e sacerdotes. A Igreja hoje, por meio do “Jubileu da Esperança”, convoca seus inúmeros grupos: pastorais, movimentos, organismos, serviços, grupos de oração a transformar as pessoas em pessoas esperançosas. Para isso é necessário que nossas lideranças estejam em sintonia com a realidade, sejam críticas e enxerguem as “possibilidades possíveis”, isso as farão perceber que muitas ofertas de esperança da sociedade atual são verdadeiras ilusões.
A Festa da Padroeira do Brasil e o Jubileu
“Mãe Aparecida, acolhei-nos como peregrinos da esperança!” Sendo o Santuário Nacional a referência mariana e evangelizadora do Brasil, o tema da festa não poderia estar dissociado do Ano Santo Jubilar de 2025. O termo “peregrinar”, que
Romeiros em direção à Casa da Mãe Aparecida
consta no tema, está em sintonia com a vocação dos Santuários. Na “Casa da Mãe Aparecida”, sua “porta santa” estará aberta para ser o “rosto de Deus” no Jubileu, sua Divina misericórdia.
Pe. Rosivaldo Motta, C.Ss.R.
No dia 28 de fevereiro de 2024, celebramos 25 anos da presença dos Missionários Redentoristas no sul da Bahia, em Arraial d’Ajuda, distrito da cidade de Porto Seguro. Todavia a nossa história aqui começou um pouquinho antes! Em 1992, a Missão Redentorista da Bahia foi elevada à Vice-província, tendo por primeiro vice-provincial o Pe. Tadeu Pawlik. Muito zeloso pelas Santas Missões, logo formou a maior equipe de nosso grupo. E, depois de uma formação sólida, veio o grande desafio: pregar missões em todas as paróquias da cidade de Feira de Santana, a segunda maior cidade da Bahia. Com a graça de Deus, as missões foram um sucesso! Deixaram os párocos felizes, dentre eles, o então Pe. José Edson Santana de Oliveira.
O cronista cuidadoso começa a contar assim a aventura no primeiro livro das Crônicas da Comunidade Redentorista de Aparecida: “Como nossa
volta para a Baviera se protraísse de ano para ano e crescesse o número de juvenistas, nasceu o desejo de um campo de trabalho mais apropriado, de uma missão no estrangeiro. Durante o Capítulo
Convento na Alemanha, de onde saíram os missionários bávaros
Geral de 1894, foi comunicado esse desejo ao novo Geral, Pe. Mathias Raus, que concordou com ele, sem todavia saber ainda onde”.
De 1873 até 1894, os redentoristas da Baviera viveram no exílio ou na clandestinidade, sob a Kulturkampf de Bismarck. Estavam recomeçando a vida, ainda sem muita segurança, mas com boas perspectivas. Eram 39 padres, 40 irmãos professos e 18 noviços, 12 clérigos estudantes e 13 noviços. Sem muita certeza do futuro, mas sentindo suas forças renovadas, começaram a pensar em novas terras para seu apostolado. Informaram disso o Superior em Roma.
As tramas de Deus. No mesmo ano, em junho de 1894, chegaram a Roma o bispo de Goiás, Dom Eduardo Duarte da Silva, e o bispo coadjutor de S. Paulo, Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcante. O primeiro, depois de muitas recusas, foi procurar o superior geral dos redentoristas, Pe. Matias Raus, e conseguiu os missionários que queria para sua diocese. Animado com essa informação, Dom Joaquim Arcoverde foi também apresentar seu pedido e foi atendido. Em 13 de junho, Pe. Raus mandou comunicar ao superior da Baviera o pedido e a aceitação, ou melhor, aceitou os voluntários que se apresentavam para a missão no exterior.
Parece providencial que, nessa altura, não se imaginava que, em 9 de julho, em Berlim, o governo alemão iria reconhecer que os redentoristas não eram jesuítas, devolvendo-lhes a liberdade de ação. Se o soubessem, teriam coragem de aceitar o trabalho no Brasil, quando iriam precisar de todas as suas forças na pátria? Mas não sabiam.
Em Gars, na Baviera, foram aceitos os voluntários:
– Pe. Gebardo Wiggermann, 51 anos, quatro anos na Universidade de Tübingen, como padre fizera-se redentorista; em 1893, participou do capítulo geral dos redentoristas, assembleia importante que levou a congregação a se abrir para as missões estrangeiras. Foi o encarregado de recrutar padres e irmãos para a nova missão. Antes ainda de viajar, foi nomeado superior da comunidade em Goiás e responsável pela nova Missão. Interessante que, antes ainda de viajar, Pe. Gebardo já estava falando da necessidade de se criar um seminário para a formação de redentoristas brasileiros. E até já apontava o Pe. Valentim von Riedl como seu possível diretor.
– Pe. João da Mata Spaeth, 63 anos, cursou a universidade da T ü bingen, antes padre diocesano, foragido durante a Kulturkampf. Preparando-se para o Brasil, sua primeira preocupação foi arranjar uma boa espingarda e treinar a pontaria, para matar onças e outros bichos.
– Pe. Lourenço Gahr, 65 anos. Até 1894, Pe. Lourenço teve de sofrer muito, já pela situação política e religiosa, já por seu estado de saúde bastante abalado. Mesmo assim, ofereceu-se para vir com a primeira turma, com a idade avançada e quase cego de uma vista.
– Pe. José Wendl, 50 anos, foragido na Holanda durante a Kulturkampf, quis ir para a América do Norte como missionário; era professor no seminário.
– Pe. Miguel Siebler, que, depois de alguns anos, iria deixar a congregação, sendo muito atuante no clero diocesano.
– Pe. Valentim von Riedl, que, afinal não poderia partir, gravemente enfermo.
– Frater Lourenço Hubbauer, 22 anos, no final do curso de teologia.
– Irmão Floriano (Vicente Grilhisl), 22 anos, alfaiate da comunidade de Gars, que mais tarde no Brasil seria ordenado padre.
– Irmão Norberto (Miguel Wagenlehner), 37 anos, cozinheiro.
– Irmão Gebardo (Gebardo Konset), 39 anos, marceneiro.
– Irmão Rafael (Jorge Messner), 31 anos, foi soldado do exército alemão, chegando ao posto de suboficial.
– Irmão Simão (Corbiniano Veicht), 28 anos, marceneiro e pedreiro.
– Irmão Ulrico (José Kammermeier), 27 anos.
– Irmão Estanislau (Pedro Schraffl), 52 anos, condecorado na guerra de 1870; durante a Kulturkampf, não podia entrar para o convento; por isso até 1884 foi empregado da congregação. Havia pressa.
“Foram tomadas todas as providências para uma breve partida, pois o rev. bispo de Goiás queria tomar o navio no dia 5 de outubro, em Bordéus. No dia 20 de setembro, em Gars, reuniram-se todos os missionários destinados ao Brasil. Em 21, tirou-se uma fotografia de todos. Logo após veio o médico atender Pe. Riedl, que declarou que ele estava com pneumonia muito grave,
sendo-lhe por isso impossível viajar.”
No domingo, dia 23, houve uma festa de despedida “como nunca tínhamos tido”. Segunda-feira, 24, às 4 da manhã, os missionários deixaram Gars, para tomar o trem rumo a Paris e depois Bordéus. Ali chegaram dia 28 de setembro, às 10 horas, e encontram o Bispo de Goiás.
Dia 5 de outubro, quinta-feira, em Bordéus, às 14 horas, embarcam no Brésil, com seiscentos companheiros de viagem. O cronista anotará depois: “O rápido vapor Brésil fazia 30km em uma hora”. Às 17 horas, quando jantavam, o navio já avançava em mar calmo. Depois veio o enjoo que atacou todos, uns mais outros menos. Tempo bom até a costa do Brasil. Os bávaros fizeram questão de anotar que, no dia 16, a passagem do Equador foi comemorada com três garrafas de cerveja, trazidas de Estrasburgo.
na Alemanha, de onde saíram os missionários bávaros
Pe. Vicente Grilhisl (4º sentado da esq. para dir.) conviveu com o jovem Pe. Vítor Coelho de Almeida
Madrugada de 21 de outubro, tudo coberto de neblina; depois choveu todo o dia. Às 9 horas, na entrada do porto, ficaram esperando até a tarde, porque não vinha permissão para entrar na baía. Às 17h30, começaram a se ajeitar em lanchas a vapor, atropelo e confusão. Irmão Norberto e Irmão Floriano, que procuravam na cabine alguns papéis e o restante da bagagem, ficaram para trás. O
cronista escreveu: “Após um pequeno descanso, pusemo-nos a caminho a pé por uma meia hora, guiados por um padre que se juntara ao bispo de Goiás, em direção ao seminário episcopal. Tomamos então o bonde, viajando ainda uma boa meia hora até chegarmos ao seminário, às 8 horas da noite”.
Dia 24 de manhã, tomaram o trem para São Paulo. Pe. Miguel
Siebler escreveu:
“Os trens são muito rápidos, levantavam uma nuvem de poeira e não se podia fechar as janelas por causa do calor. Penso que em uma tal velocidade, se o trem saísse dos trilhos, os passageiros todos morreriam”. Pelas 15 horas, passaram por Aparecida: “Que sentimentos tivemos ao vê-la tão bonita diante de nós”. Chegaram a São Paulo, às 19h30, e, “em charrete de dois lugares”, foram levados ao seminário.
Dia 18 de outubro, Pe. Gebardo e Pe. Spaeth acompanharam até Aparecida Pe. Gahr, Pe. Wendl, Ir. Estanislau, Ir. Rafael e Ir. Simão. Tomaram o trem das 16h30 e chegaram perto das 23 horas. Acolhidos com banda de música e por muitos moradores. Depois do jantar foram levados para a casa provisória, bem pequena. No dia seguinte, celebraram, pela primeira vez, no santuário. À tarde, chegou o Fr. Hubbauer, que ficara doente no Rio. Dia 31, Pe. Gebardo deixou os cinco pioneiros sozinhos em Aparecida. Tinham de começar quase do nada, e iriam começar.
Nas primeiras informações para a Alemanha, Pe. Wendel escreveu : “Aparecida é uma aldeia de cerca de 500 habitantes, em sua maioria, comerciantes e lojistas. É Santuário Nacional, vindo diariamente peregrinos de
Envelope que trouxe a foto dos pioneiros Redentoristas ao Brasil
A foto oficial com os Redentoristas que partiram para o Brasil, em 1894
todo o Brasil, em número de 300 para 400”. Carta do Pe. Siebler: “A afluência é grande, de todo o Brasil, sendo tão grande em sete meses do ano, que a igreja não comporta os peregrinos. As confissões vão das 4 horas da manhã. Aparecida tornar-se-á uma Altötting (santuário mariano da Alemanha) brasileira, quando for maior o número de sacerdotes no Santuário. Muito bem se poderá fazer a este povo privado de padres, não podendo por isso nem sequer fazer a páscoa”.
E não perdeu ocasião de insistir: “Lembro que precisamos de padres moços, clérigos, principalmente para São Paulo; aprenderiam a língua com mais facilidade. Os perigos morais não são maiores do que na Europa, a modéstia é geral”.
De São Paulo saíram para Goiás na segunda-feira, 5 de novembro. Foram três dias de trem até Uberaba. Ali ficaram sabendo que o bispo de Goiás, Dom Eduardo Duarte da Silva, queria que se fixassem em Campinas e, a partir dali, dessem assistência ao santuário de Barro Preto e a mais quatro paróquias próximas. Pe. Gebardo observou em carta do dia 16: “Tanto em Campinas como em Barro Preto, deveremos começar, no correr do tempo, uma escola primária, o que me parece necessário, pois enquanto o pessoal não
souber ler e escrever, não poderá também aprender o catecismo”.
Em 17 de novembro, sábado, partiram para Campinas. Só no domingo, 12 de dezembro, ali chegaram, às 13 horas, sob uma chuva torrencial. Foram imediatamente à igreja e rezaram o Te Deum.
Pe. Gebardo escreveu: “Campininhas está situada em um planalto, por isso o clima é temperado, o ar é bom e a água potável é muito boa. Barro Preto está situado entre colinas, como em uma bacia, sem boa água. O terreno que nos colocam à disposição aqui em Campininhas é bom, gastando-se uma hora para percorrê-lo em sua periferia. Poder-se-ia colocar dentro dele toda a cidade de Roma. Uma parte do terreno é de matas e outra de campo. Uma parcela do terreno é patrimônio da Igreja e outra propriedade particular de Mons. Sousa, que deseja doá-la a nós, pois quer deixar a diocese”.
Dia 17, fizeram a primeira visita ao santuário de Barro Preto, ou Trindade, como o povo dizia. “Meu Deus! Que sensação depois de tão longa viagem chegar ao destino, junto do Pai Eterno.” Ali e em Campinas, constataram a difícil realidade religiosa do povo, e fizeram notar: “A maioria do povo deve andar de 20 a 30 horas e até mais para poder se encontrar com um padre. E os poucos que existem não pregam nem catequizam! ... O caráter do povo é bom. Como pude observar, o povo é dócil, de bom coração, é hospitaleiro; pode-se sem muita dificuldade fazer muito bem entre eles. Orgulham-se de ser católicos”.
Bem, muito mais seria preciso contar, mas fica para outra vez. Não posso, porém, deixar de me perguntar se hoje eu também estaria tão disponível para o desafio de terras distantes e novas situações.
Os redentoristas holandeses, os padres Mathias Tulkens e Francisco Lohmeijer, chegaram a Juiz de Fora (MG), em 5 de dezembro de 1893, e residiram em uma pequena casa, emprestada por D. Philomena Kelmer. E em 26 de abril de 1894, chegaram os padres Teodorus Helsen, Afonso Mathijsen e Geraldo Schrauwen, os Irmãos Gregório Mulders, Felipe Winter e Doroteu van Lent. Com estes estava composta a primeira comunidade missionária em terras brasileiras, e passaram a residir em outra casa maior.
A construção da primeira Casa Redentorista se iniciou em 4 de abril de 1895. Mas, oito meses depois, os missionários mudaram para o Convento, ainda em construção, em 25 de outubro de 1895. Porque dois dias depois
chegavam os padres Pedro Belks, Hendrik Jong e Hendrik van Weesemale, os Irmãos Vitus e Sebastião Warmerdam. Ainda neste ano de 1895, Dom Silvério Pimenta (1840-1922) esteve em “Visita ad limina” e retornou de Roma com novas expectativas para seu Pastoreio, na Diocese de Mariana (MG). Aos redentoristas estava confiado o novo impulso nesta Evangelização, a começar por Juiz de Fora, cidade de 25 mil habitantes, entreposto comercial, projetando-se como industrial, com grande colônia alemã e algumas famílias italianas. A contar com católicos brasileiros e estrangeiros, luteranos e metodistas. O intuito do bispo também era o de barrar o possível crescimento do protestantismo, em Juiz de Fora.
Na Quaresma de 1905, Dom Silvério esteve em “Visita ad limina” para prestar contas de como se encontrava sua Diocese, nos últimos dez anos. Neste mesmo ano, em 15 de abril, o papa Pio X publicou a Encíclica “Acerbo nimis”, a qual serviu de base para a publicação da Carta Pastoral do bispo de Mariana, em 30 de junho, com a exortação sobre “o Ensino da Doutrina Cristã”, nas Escolas. Da mesma forma, enfatizava a importância do Catecismo às crianças e aos adultos, exigia-se dos pregadores falar com clareza e profundidade ao ensinar os Mandamentos, o temor a Deus, a recepção dos Sacramentos, o respeito aos pais e ministros da Igreja, às autoridades civis, inclusive o trato cortês e atencioso com todos. Enfim, a Igreja católica continuava sua missão e condição de “Mãe e Mestra” na Educação humana e religiosa.
Por conseguinte, as atividades redentoristas, a partir de Juiz de Fora, no Território da Diocese de Mariana, deviam primar pela Pregação, pelo Ensino Religioso (Escolas e Colégios Católicos), pela celebração dos Sacramentos, Sacramentais, Devocionais e semelhantes. Assim, aqueles missionários pioneiros se fizeram disponíveis e conscientes dos desafios, a começar pelo idioma e uso da linguagem adequada. A boa acolhida do bispo Dom Silvério Pimenta e responsáveis eclesiásticos, também os leigos foram prestati-
vos desde a chegada dos redentoristas. O espaço pastoral, chamado “Curato da Glória”, foi o lugar onde se estabeleceram os primeiros missionários holandeses. Começava assim a saga dos redentoristas nesta porção do Território Mineiro, enfrentando os desafios da incompreensão da língua, da cultura, das solenes procissões e das barulhentas festas. As locomoções, feitas por trens, cavalgadas, charretes ou a pé, levavam os mensageiros da Palavra, do Ensino na vivência da fé cristã, do conviver e do ensinar a crescer em Comunidade. Os Movimentos, como a Liga
Católica, o Apostolado da Oração, os Vicentinos e outros faziam a diferença como fermento na massa, que compunha a Igreja.
Há 130 anos os redentoristas enfrentaram muitos dilemas e desafios para se adequarem em terras brasileiras, dentro e fora do Convento. Eles, em muitas situações e modos de viver, tiveram de renunciar a muita coisa para se reinventar em novos ambientes sociais, culturais, religiosos e mentalidades. E conseguiram aprender a superar e a vencer, abrasileirando-se, ensinando o que sabiam e aprendiam para liderar e conviver bem com o povo. Sabidas e muito conhecidas foram as compreensões e incompreensões de ambas as partes. Certamente, a mística missionária, pautada pelo “distacco” alfonsiano, ajudou os redentoristas a serem mais unidos e trabalharem por amor à Redenção dos remidos. Quando se somam as cruzes da vida com a Cruz Redentora, tudo se consegue!
Depois de cinco gerações passadas, a Reestruturação e a Reconfiguração nos exigem novos compromissos com a vida missionária. É preciso revisar nosso estilo de vida, nossos apegos e costumes, as controvérsias de mentalidades nos fazem urgentes apelos de conversão ao coração, ação missionária e Eclesial. É exigente para nós os detalhes da Comunidade, que requer capacidades de discernimentos para perder e ganhar. Então, fazem-se necessários os Planejamentos Comunitário e Pastoral, com aceitação e o assumir do novo jeito de ser missão da Comunidade. A saber, que este seguimento em harmonia com os “passos do Redentor” carece de fé forte, esperança viva e compromisso para mudar tudo o que for preciso. É verdade que a “pastoral de manutenção” nos atrapalha e nos dificulta a autenticidade alfonsiana, clementina e tantas outras daqueles que nos precederam: eles aceitaram e assumiram as mudanças que lhes foram caras.
O ethos missionário dá atenção aos clamores do povo. O genuíno redentorista gosta ou aprende a gostar, no cumprimento da vontade Divina. As atividades em equipe fazem “bri-
lhar o Sol da justiça”, Ele é o Cristo Redentor e nós somos seus continuadores, na unidade e comunhão. “Como bons administradores da multiforme graça de Deus, cada um coloque à disposição dos outros o dom que recebeu. Se alguém tem o dom de falar, proceda como com palavras de Deus. Se alguém tem o dom do serviço, exerça-o como capacidade proporcionada por Deus, a fim de que, em todas as coisas, Deus seja glorificado, em virtude de Jesus Cristo” (1Pd 4,10-14). Assim, os redentoristas devem servir em justiça e santidade, nas atividades apostólicas e pastorais.
No Convento Redentorista de Juiz de Fora, há diversas e bonitas imagens sacras, todas carecendo de restauros para se recuperarem suas expressões originais. Da mesma forma nos exigem a Reestruturação e Reconfiguração da Congregação Redentorista, inclusive desta “Comunidade Mãe no Brasil”. Portanto, faz jus restaurar nosso coração, nossas mentalidades e atitudes, para que, unidos à Cruz Redentora, brotem em nós as alegrias da Ressurreição. É do ardor missionário que irradiam as convertidas inspirações e criatividades pastorais. “Quer ser líder? Comece servindo!” (Papa Francisco).
É preciso continuar o Cristo da Cruz que nos dá força na unidade da Ressurreição, a começar por nossa Comunidade do Convento Redentorista de Juiz de Fora. Amém.
PE. GUILHERME DIAS VIANA, C.Ss.R.
Sou o Pe. Guilherme Dias Viana. Nasci em 7 de julho de 1996, em Guarulhos (SP). Filho mais velho de Milton Viana (in memoriam) e Eulinda Dias Viana. Tenho um irmão mais novo, Gustavo Dias Viana.
Desde a infância, senti no coração o chamado de Deus para a vocação sacerdotal. Na paróquia de Santo Antônio, iniciei minha vida cristã, de participação na comunidade, fazendo parte dos grupos do Mej, Coroinhas e Acólitos, jovens, como catequista, grupos de rua, entre diversas outras atividades.
Conheci a Congregação Redentorista em 2012, em uma romaria ao Santuário Nacional de Aparecida. Nesse mesmo ano, iniciei o acompanhamento vocacional. Em 2014, ingressei no seminário Santíssimo Redentor, em Santa
Barbará d’Oeste (SP), para a etapa do Aspirantado/Propedêutico. Entre 2015 e 2017, morei no Seminário São Clemente, em Campinas (SP), para a etapa do postulantado e os estudos filosóficos, na PUC-Campinas. Em 2018, fiz o Noviciado em Tietê (SP). Professei os votos religiosos em 19 de janeiro de 2019 e iniciei os estudos teológicos em São Paulo (ITESP), residindo no Alfonsianum I – Ipiranga (2019) e na paróquia Nossa Senhora da Esperança (20202022). Em 2023, fiz meu tirocínio missionário, no Suriname, e a preparação para os votos perpétuos, na Colômbia. Ao retornar ao Brasil, professei perpetuamente na congregação, em 8 de março, e fui ordenado diácono, no dia 9 de março, em Aparecida (SP). Atualmente, vivo e trabalho no Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em São João da Boa Vista (SP).
Fui ordenado presbítero no dia 20 de julho de 2024, pela imposição das mãos de Dom Edmilson A. Caetano, Ocist, bispo diocesano de Guarulhos (SP). Escolhi para meu ministério o lema: “Tudo por causa do Evangelho” (1Cor 9,23). Expressão utilizada por São Paulo para indicar sua motivação para a obra apostólica: “Tudo faço por causa do evangelho”. Com esta inspiração e como redentorista, enviado para anunciar a Boa-Nova, quero que o Evangelho seja sempre a luz e motivação para todo o meu apostolado.
Sou Pe. Thiago Costa Alves de Souza, Missionário Redentorista, natural de Coronel Fabriciano, Minas Gerais. Filho de Maria de Lourdes e Anibal (falecido). Tenho dois irmãos, Bruno e Danila.
Conheci os redentoristas em minha cidade, na Paróquia São Sebastião. Realizei vários trabalhos pastorais nessa paróquia; participava do grupo de jovens e fazia parte da Jumire, Juventude Missionária Redentorista. Antes de entrar para a Congregação Redentorista, eu me formei em Ciências Contábeis, especializei-me em Gestão de Empresas, trabalhei um tempo com Controladoria e Finanças, mas, a partir do momento que comecei a conhecer mais profundamente a espiritualidade redentorista, os trabalhos e a missão dos Redentoristas, decidi participar do processo de acompanhamento vocacional.
Portanto, em 2015, fui convidado a fazer parte da formação redentorista, entrando para a Comunidade Vocacional São Clemente, em Juiz de Fora (MG), onde realizei os estudos de filosofia. Em 2018, fui para Curvelo (MG) fazer a experiência do ano SPES (Síntese Pessoal de Experiências Substantivas), o Pré-noviciado. Em 2019, fiz o Noviciado em Tietê (SP). No ano de 2020, professei os votos de Pobreza, Castidade
e Obediência na Congregação do Santíssimo Redentor. Nesse mesmo ano, comecei a fazer teologia na FAJE, Faculdade Jesuíta em Belo Horizonte (MG), concluindo em 2022. Em 2023, fui enviado para Chaitén, no Chile, para fazer a experiência pastoral. Por lá morei por um ano.
Em 2024, quando retornei para o Brasil, passei a residir em Aparecida (SP), trabalhando na Editora e Gráfica Santuário. No dia 8 de março, desse mesmo ano, professei os votos perpétuos na Congregação Redentorista e, no dia 9 de março, pela imposição das mãos de Dom Orlando Brandes, fui ordenado diácono transitório. No dia 10 de agosto de 2024, em Coronel Fabriciano, pela imposição das mãos de Dom Vicente de Paula, C.Ss.R., fui ordenado presbítero.
O lema de minha ordenação foi “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar sua vida em resgate de muitos” (Mt 20,28). Escolhi esse tema, pois reconheço que o trabalho de um presbítero é estar a serviço, trabalhar pelo Reino de Deus, ajudando as pessoas menos favorecidas, levando a esperança e a paz a quem necessita. Um sacerdote pode exercer várias atividades, trabalhar em diversas frentes missionárias, mas acredito que a dimensão do serviço a Deus e ao povo deve ser a essência do ministério ao qual foi ordenado. Levar a presença e o amor de Cristo a todos, sem acepção de pessoas. Buscando ser sinal da presença viva de Cristo em nosso meio. Anunciando sua Copiosa Redenção, com simplicidade, humildade e sensibilidade. Conto com suas orações, para que eu continue perseverando na fé e no chamado que Deus me fez.
PE. JOILSON RAMOS SANTOS, C.Ss.R.
Sou o Pe. Joilson Ramos Santos, C.Ss.R., nasci no dia 14 de maio de 1997, na cidade de
Serrinha (BA), sendo o sexto filho de Jandira Ramos Santos e Pedro Ferreira dos Santos. Vivi minha infância e adolescência na comunidade Barra do Vento, localizada a nove quilômetros da cidade. De família tradicional católica, desde criança sempre estive envolvido nos eventos dos grupos e movimentos de minha comunidade, participando ativamente do grupo de jovens, da Legião de Maria, da Liturgia, Catequese e Infância e Adolescência Missionária (IAM).
Dentre essas pastorais e esses movimentos, duas delas foram marcantes em meu processo vocacional: a Legião de Maria e a Infância Missionária. Tenho a convicção de que, nutrido por essas experiências, surgiu em mim o desejo de ser missionário. Assim, passei a pesquisar e conhecer algum instituto, alguma Congregação ou Ordem que tivesse o carisma missionário.
Por meio de minhas buscas e por intermédio de amigos, tive conhecimento da existência da Congregação do Santíssimo Redentor. O primeiro contato com os Missionários Redentoristas aconteceu em 2013, graças a uma visita da Imagem Peregrina do Senhor Bom Jesus da Lapa à diocese de Serrinha e, posteriormente, em uma visita ao Santuário da Lapa. Naquele momento, tive a confirmação de que iria dizer meu Sim a Deus pela vida religiosa consagrada. No ano de 2014, concluí o ensino médio, e, nesse mesmo ano, iniciei meu processo de discernimento vocacional com os Missionários Redentoristas da Bahia.
Em 2015, ingressei no Aspirantado, na Comunidade Vocacional Beato Gaspar, em Bom Jesus da Lapa (BA). Após um ano, fui admitido ao Postulantado no Seminário São Geraldo em Salvador (BA), onde fiz a experiência do Postulantado pelo período de três anos. Nesse mesmo período, iniciei a graduação em Filoso-
fia, pela Universidade Católica de Salvador. Na sequência, fui aprovado pelo Conselho de Formação da então Vice-Província da Bahia, para iniciar a etapa do Noviciado no ano de 2019, no Noviciado Interprovincial de Goiânia (GO).
Ao final do Noviciado, emiti os votos de Pobreza, Castidade e Obediência na Congregação do Santíssimo Redentor, no dia 26 de janeiro de 2020, na Paróquia Nossa Senhora das Candeias, em Pituaçu, Salvador. De 2020 a 2022, cursei a Teologia na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), residindo na Comunidade Vocacional Dom Muniz (CVDM), em Belo Horizonte (MG). No ano de 2023, realizei a experiência pastoral missionária na comunidade Nossa Senhora das Dores, em Miracatu (SP). Neste ano de 2024, passei a compor a comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Juiz de Fora (MG).
Continuando firme no propósito de seguir os passos de nosso pai Fundador, Santo Afonso Maria, no dia 8 de março, no seminário Santo Afonso, em Aparecida (SP), professei perpetuamente os votos de Pobreza, Castidade e Obediência, juntamente com o voto e o juramento de perseverança na Congregação. E, no dia 9 do mesmo mês, no Santuário Nacional em Aparecida (SP), fui ordenado diácono para o serviço da Igreja.
Assim, no dia 21 de setembro do ano em curso, a exemplo do Cristo Sacerdote que, ao entrar no mundo, afirma: “Eis que eu venho, ó Deus, para fazer a tua vontade” (Hb 10,7), dei mais um passo na concretização de meu caminho vocacional, recebendo o segundo grau da ordem, a Ordenação Presbiteral, pelas mãos de Dom João Batista Alves do Nascimento, C.Ss.R., Bispo de Barra (BA). Foi um tempo de graça em minha vida e acredito que também na vida daqueles(as) que viveram esse momento.
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