Queridos confrades, familiares, oblatos, seminaristas, ex-seminaristas, leigos e amigos
No desejo de estreitar, cada vez mais, nossos laços de amizade e comunhão, chegamos até você para partilhar e repartir nossos feitos, nossa vida e missão. É muito gratificante saber que são tantas as pessoas que se interessam e torcem por nosso ministério missionário. Isso manifesta realmente que somos uma grande família espalhando as sementes da Boa-Nova do Reino!
Nesse sentido, é sempre importante estarmos atentos ao que acontece no mundo e na Igreja, a fim de cumprirmos bem nossa missão. Afinal, não a realizamos no abstrato, mas interagindo com nosso entorno. Por isso todo esse resgate sobre a sinodalidade na vida eclesial nos diz respeito diretamente, pois afeta o modo como devemos viver nossa vida e nos organizar em comunidade de vida apostólica. Apenas com uma consciência clara e esclarecida sobre as implicações que a vida sinodal traz, poderemos nos tornar mais sinodais e participativos!
Na sequência, somos presenteados com uma outra abordagem em forma de entrevista sobre a Campanha da Fraternidade de 2025. Ao mesmo tempo que reflete a contribuição da Igreja para a sociedade civil, em termos de ecologia integral, isso nos provoca a refletir e agir dentro do espírito da Laudato Si do Papa Francisco. A nossa Casa comum requer um empenho de todos para continuar existindo! Será com o empenho e a colaboração de cada um de nós que a Criação terá mais vida!
Entre as muitas prioridades apostólicas e frente pastorais, nossa Província considera uma como a pupila de seus olhos: as Obras Socais
ou CAS (Centro de Assistência Social). Há um forte investimento de pessoas e recursos financeiros para traduzir em atos e gestos concretos nosso carisma alfonsiano e redentorista de evangelização dos pobres mais abandonados. São oportunidades ricas de promoção da vida e da cidadania de tantas pessoas! Portanto, somos felizes por continuarmos avançando e crescendo nesta direção de servir e promover as pessoas, especialmente as mais carentes!
Como corolário formativo, contamos com a síntese de um trabalho monográfico sobre a Fraternidade e Fome, que nos ajuda a entender esta relação a partir da ótica cristã. Também o comentário sobre a encíclica do papa Francisco, que versa sobre o amor humano e divino a partir do coração de Jesus e que deve incidir sobre o dinamismo de nossa vida cotidiana. São motivações práticas para moldar e inspirar nosso agir e nossos relacionamentos!
Por fim, é sempre necessário cultivar a memória que nos oferece a gênese do que realizamos no hoje da história, ou seja, sempre temos um legado que nos remete aos pioneiros e primeiros idealizadores de um sonho. No campo da comunicação, se hoje nossa Província realiza um excelente trabalho, é porque, no passado, foram colocadas as bases necessárias para isso! De modo que nossa vitalidade missionária é reflexo da comunhão de vida e de empenho pastoral de muitas pessoas. Temos de somar, sempre mais, em espírito de fraternidade, nossos dons e nossas capacidades a serviço uns dos outros e de todo o Povo de Deus. Eis a nossa vocação!
C.Ss.R. Superior Provincial da Província Nossa Senhora Aparecida
Pe. Marlos Aurélio da Silva,
DE NAS INTERAÇÕES
Parabéns a todos os que puderam contribuir para que nascesse esse canal de comunicação, que para nós traz esperança e estímulo ao vermos, ainda que virtualmente, todo esse encanto por nossa Mãe Aparecida. Levar a comunicação aos quatro cantos do Brasil sobre essa obra é reconhecer que podemos estar nos lares de todos que têm Maria como Mãe, que intercede por todos nós, filhos e filhas dessa Terra, e por todas as mães que sabem levar seus milagres concedidos por seu Filho Jesus. Que Deus os abençoe sempre. Um grande abraço nordestino!
@mariajose0608
Eu também sou muito grata e feliz, mesmo distante “fisicamente” (só os acompanho pela Rede Aparecida de Comunicação). A União e Formação da Província só nos enriquecerá cada vez mais! Sempre rezo por vocês, tão queridos e abençoados Redentoristas! Parabéns desde sempre! @angelarodrigues7264
Deus continue abençoando e protegendo todos os Missionários Redentoristas!
@ana.andrade2022
Deus continue abençoando vocês hoje, amanhã e sempre! Forte abraço, um feliz Ano Novo, cheio de bênçãos de Deus e proteção de Maria, nossa Mãe Aparecida. Que ela dê muita saúde, paz e felicidades a todos!
@alice.rodrigues.garcione
São Geraldo foi uma alma singular, pobre com os pobres e muito Santo. Se todos seguissem seu exemplo, o mundo seria melhor. Quando fui seminarista dos Redentoristas, foi o Santo que me inspirou. Tenho a imagem dele em meu oratório caseiro. De alguma forma continuei com devoções da Congregação. Francisco Monteiro
Todas as vezes que eu vou a Aparecida, tenho de comprar livros nas livrarias do santuário porque sou apaixonada por leitura. De bons livros, faço uma lista para não esquecer. Dirce Fernandes
Admiro muito! Conheci os Missionários Redentoristas ano passado quando comecei a participar do coral de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em São Paulo. Deus abençoe! @RafaellaV
Meu carinho e minhas orações a vocês, padres e irmãos!
@Elizetemariadeoli49
“Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, participação e missão”
Opapa Francisco convocou-nos a viver e refletir sobre um sínodo acerca da sinodalidade, aspecto essencial de nossa vida cristã. No ano de 2024, após diversas etapas das conferências, dioceses e paróquias, concluímos parte desse caminho com a contemplação das vozes que ecoaram em toda a Igreja, nas mais diversas temáticas. O sínodo não foi um momento, mas um apelo a um estado constante da Igreja. Retomar ao modo originário de viver das origens nas primeiras comunidades cristãs é uma realidade que precisa ser reafirmada nos tempos atuais, e talvez seja isso que o papa Francisco quis despertar ao estruturar esse momento sinodal: assumir o lugar de uma Igreja que escuta,
dialoga e encontra caminhos para responder aos apelos do mundo.
Nessa perspectiva, a sinodalidade representa muito mais do que a celebração de encontros eclesiais e assembleias de bispos, ou uma questão de simples organização interna; ela aponta o específico modus vivendi et operandi da Igreja, o Povo de Deus, que manifesta e realiza o ser comunhão no caminhar juntos, no reunir-se e na participação ativa de todos os seus membros em sua missão evangelizadora.
Essa é a chave de compreensão: somos e precisamos ser sempre uma Igreja sinodal, ou seja, que caminha junta rumo a um horizonte nítido. Caminhar juntos pressupõe uma comum união
(comunhão), tomar parte da ação (participação) e ir além das estruturas (missão).
Quando insistimos em falar sobre o caminhar juntos, precisamos ter muito cuidado para que não se torne uma frase poética, descomprometida do esforço diário de realização em nossa vida e em nossas comunidades. É uma atitude que gera renúncia de nós mesmos e conversão, indo ao encontro do projeto de seguimento de Cristo “Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo” (Lc 9,23). Há uma grande tentação de pensar essa caminhada a partir do lugar onde cada um se encontra. Estou disposto a caminhar junto! Venha até a mim, a partir de minha lógica, meu carisma, meu jeito de ser, e vamos! Dessa maneira, nada acontecerá! Na escuta do Espírito, redescobrimos a essência da vida cristã e nosso projeto de vida, e, juntos, orientados pelo próprio Cristo, seguimos como irmãos, fundamentando nosso agir no respeito, na acolhida, inclusão, escuta e participação. O caminhar junto envolve e gera participação da comunidade, e também daqueles que, por algum motivo fora, estão fora, mas que podem colaborar. O caminhar isolado mata o espírito eclesial. É preciso perceber que o Espírito é uma força que
envolve. Talvez esse seja um critério para sabermos se nossos projetos e nossas inciativas são inspirações do Espírito: há possibilidade de envolver outras pessoas? Isso faz refletir sobre a comunhão – a união no agir, sentir e viver a Igreja. Recordando que o que nos une é nosso batismo em Cristo.
A participação refere-se ao tomar parte na ação evangelizadora. Chega um momento em que é necessário sair da multidão e tornar-se discípulo. Significa envolver-se! Passar dos bancos para as pastorais. Deixar o pensamento de obrigação para compromisso que possibilita ser comunidade. Participar é, então, encontrar e ocupar nosso lugar, respondendo a nossa vocação.
Sem dúvida, este é um tempo da graça de Deus em nossa Igreja, que será ainda mais fortalecido com o Jubileu da Esperança. Em uma sociedade fragmentada e egoísta, reacendemos luzes no desejo de continuarmos testemunhando a comunhão, a fraternidade e o Evangelho de Cristo, sendo sal da terra e luz do mundo.
Pe. Marcos da Silva Santos, C.Ss.R.
Papa Francisco recebe povos originários no Vaticano
Tribuna do Paraná
fessor Eduardo Brasileiro, educador e sociólogo, que integra a Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara.
Na entrevista, Eduardo nos ajudará a refletir sobre os desafios que a sociedade enfrenta, o papel da Igreja na construção de uma nova consciência ecológica e como podemos integrar a fraternidade com a urgência de cuidar do planeta, como tanto nos clama o Papa Francisco.
Qual é a importância da CF 2025, ao trazer um tema sobre Ecologia Integral e a conscientização socioambiental?
A importância da Campanha da Fraternidade (CF) de 2025, ao abordar o tema da Ecologia Integral e da conscientização socioambiental, está diretamente relacionada ao contexto atual de crise climática e de biodiversidade. A crise climática impacta profundamente diversos aspectos da vida, como o aumento de desastres naturais, secas, inundações, e elevação das temperaturas globais, enquanto a crise da biodiversidade compromete a extinção de espécies, a perda de ecossistemas e do equilíbrio natural, ameaçando a sobrevivência de todas as formas de vida no planeta.
A Campanha da Fraternidade tem um papel essencial para os cristãos: proporcionar a vivência da profecia. Quando a causa ecológica toca o coração e desperta uma inquietação, a profecia se transforma em missão e insere-se em um horizonte sociotransformador. Dessa forma, a missão da CF de 2025 está intrinsecamente ligada ao
compromisso de reverter a trajetória de desenvolvimento humano, baseada em um modelo econômico predatório e na exploração desenfreada dos recursos naturais. Esse modelo, fundamentado no antropocentrismo, promove uma visão limitada que reduz elementos essenciais da natureza –como água, florestas e terra – a meros “recursos” disponíveis para consumo, acumulação e lucro.
A tarefa da Campanha da Fraternidade de 2025 é informar, mas também despertar a sociedade para a gravidade da degradação socioambiental, e é importante que reconheçamos o social e o ambiental juntos, por isso o termo “socioambiental” se faz necessário, além de reforçar o compromisso coletivo da Igreja em ser guardiã da Casa Comum. Isso ocorre por meio do fomento a experiências de espiritualidade ecológica (Ecoteologia), como ensina o papa Francisco na encíclica Laudato Si’, e promovendo iniciativas comunitárias que repensem a relação entre humanidade e natureza. A Ecologia Integral, nesse contexto, é apresentada como um projeto de proteção e cuidado com a vida, em todas as suas dimensões, evidenciando a urgência de transformar nossos valores e nossas práticas em prol de um futuro mais sustentável.
É curioso e notável que a humanidade tenha perdido a capacidade de sonhar, sobretudo sonhos coletivos. É mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim deste modelo de sociedade que vivemos. Portanto o sonho ecológico do papa Francisco, na exortação Querida Amazônia, deve ser cultivado em comunidade e na fronteira de nossa vida.
Protestos ao redor do planeta clamam por atenção à Casa Comum
Cartaz da Campanha da Fraternidade de 2025
A lógica do “antropocentrismo despótico” é praticada em nome do progresso e do desenvolvimento. De que forma esse discurso impacta a preservação ambiental e o cuidado com os povos originários?
Acho que convém explicar que, quando se fala de “antropocentrismo despótico”, está se denunciando a visão de sociedade ocidental, que coloca o ser humano no centro absoluto de todas as coisas, atribuindo-lhe um papel de dominador ou controlador sobre a natureza e os demais seres vivos. Este modelo foi praticado em nome do progresso e do desenvolvimento, e tem impactado de maneira devastadora a preservação socioambiental. É importante que, como nos pede o papa Francisco, compreendamos que “tudo está interligado”. Assim, onde há devastação ambiental, há morte de povos, contaminação de suas águas, precarização de suas vidas e extermínio sistemático de lideranças – como aconteceu com Chico Mendes, Ir. Dorothy Stang e milhares de defensores de direitos humanos assassinados.
Para compreender o aprofundamento da crise que envolve desde depredação, mortes e aumento de riquezas para poucos, é fundamental explorar dois conceitos que foram desenvolvidos na última década para entender o impacto geral desta crise socioambiental: o Antropoceno e Capitaloceno. O Antropoceno refere-se a uma nova era geológica marcada pelo impacto humano sobre a Terra, como a poluição, o desmatamento e as mudanças climáticas. Ou seja, o impacto do ser humano está causando mudanças geológicas profundas na terra. Já o Capitaloceno enfoca que não são os humanos em geral, mas uma parcela de humanos e seus interesses de lucro, acumulação e exploração, que subjuga toda a realidade dos povos. O capitalismo gera a exploração intensiva dos bens comuns, evidenciando como o lucro e a acumulação de capital têm sido os principais motores dessa destruição socioambiental. O desenvolvimento tecnológico tem estado nas mãos dessas grandes corporações e hoje mostra uma inversão do ideal historicamente
cultivado por nós. A ciência deveria produzir a tecnologia para os interesses comuns, contudo, em determinados setores, a tecnologia serve ao poder e, às vezes, produz uma anticiência. Há muitos casos de tecnologias sustentáveis que não são sustentáveis, porque estão aplicadas aos interesses do capital, revelando o desvirtuamento do conhecimento em favor de lucros privados. O sociólogo Pierre Bourdieu, certa vez, em uma palestra para o setor de tecnologias, provocou-os: “Senhores do mundo, vocês têm domínio de seu domínio?” É tudo uma questão de poder: o poder que uma mineradora estabelece sobre as pessoas de uma comunidade local, o poder desses grupos no congresso nacional.
O Brasil reflete essa estrutura global de desigualdade. Os povos indígenas, no entanto, têm resistido bravamente e nos ensinado o que é inegociável na defesa da Casa Comum. Exemplos incluem a luta contra a exploração mineral ilegal, a resistência às invasões de terras protegidas e o protagonismo em debates sobre o reconhecimento de seus territórios. A conversão ecológica é um convite para reverter a transformação da natureza em mero objeto de exploração. O que se busca é que a natureza deixe de ser vista como recurso e passe a ser reconhecida como sagrada, devendo ser tratada com cuidado e respeito.
A luta pela preservação ambiental e pelos direitos dos povos originários não é apenas uma questão ética, mas um imperativo para
Onça pintada, em meio ao cenário de destruição, após queimadas no Pantanal
garantir a convergência das práticas do restante do ocidente e construir um caminho de sobrevivência socioambiental. Trata-se de abandonar a lógica predatória em favor de uma visão integradora, que reconheça a interdependência entre todos os seres vivos e o valor intrínseco da natureza.
De quais formas as comunidades eclesiais podem tomar consciência da responsabilidade de cuidar do meio ambiente e das pessoas mais vulneráveis?
As comunidades de fé podem assumir a responsabilidade de cuidar do meio ambiente e das pessoas mais vulneráveis por meio de ações concretas que integrem a fé e a realidade. O primeiro passo é viver a Campanha da Fraternidade de forma autêntica e comprometida. Uma sugestão seria que as comunidades criassem um espaço ou uma articulação dedicada aos leigos, ministros leigos e clero como “cuidadores da Casa
Comum”. Este seria um exemplo contundente de sinodalidade.
O segundo passo, mais exigente, é que se cultive uma visão crítica e aprofundada sobre a realidade ecológica. O grande desafio do pontificado de Francisco tem sido mostrar que a vivência cultual da fé deve estar intimamente conectada à realidade concreta, especialmente às questões socioambientais. Isso exige uma fé que não se limita ao culto, mas que se traduz em ações transformadoras. Esse aspecto essencial é a conexão das comunidades e das Arquidioceses e/ou Dioceses com temas de participação cidadã, como o orçamento participativo. É vital que os cristãos se engajem ativamente na disputa por orçamentos municipais deliberativos que atendam aos desafios socioambientais.
Além disso, as comunidades poderiam desenvolver projetos educativos voltados à aprendizagem e ao fortalecimento da agroecologia, da economia popular solidária e de outras iniciativas
Crise climática impacta profundamente os aspectos da vida; na imagem, as enchentes catastróficas no Rio Grande do Sul, em 2024
Thiago Leon
que promovam trabalho e proteção ambiental. Exemplos incluem o incentivo à criação de parques ecotecnológicos nos territórios para lidar com problemas como o lixo e a depredação ambiental. Esses projetos, alinhados à espiritualidade ecológica, podem transformar a vivência cristã em ações práticas de cuidado com a Casa Comum e com os mais vulneráveis, tornando a fé um instrumento de transformação sociambiental.
Como podemos transformar nossa visão individualista de consumo em uma atitude mais solidária e sustentável, em consonância com os princípios defendidos pelo papa Francisco em sua “economia profética”?
Precisamos despertar para a realidade: o Banco Mundial estima que haverá 216 milhões de refugiados climáticos até 2050, concentrados na África Subsaariana (86 milhões), Leste Asiático e Pacífico (49 milhões) e Sul da Ásia (40 milhões).
Além disso, prevê-se que entre 68 milhões e 135 milhões de pessoas poderão ser empurradas para a pobreza até 2030 como consequência direta do colapso climático. Estudos ainda indicam que as desigualdades econômicas entre países ricos e pobres já aumentaram em 25% desde 1990 devido às mudanças climáticas. O Fundo Monetário Internacional alerta que, se os piores cenários climáticos se concretizarem, os avanços na redução da desigualdade global, observados nas últimas décadas, poderão ser completamente revertidos.
No Brasil, vivemos sob a influência de práticas nocivas, como o lobby da indústria de alimentos ultraprocessados, que tenta interferir até mesmo nos materiais pedagógicos, para que a ciência pare de criticar o agronegócio, desconsiderando os impactos ambientais e sociais negativos do agronegócio e suas práticas destrutivas. Por isso que é necessário construir alianças com redes e movimentos que busquem integrar sociedade e meio ambiente. Sugiro aos que nos leem que acompanhem as iniciativas promovidas pela Articulação Nacional da Agroecologia, Fórum Brasileiro de Economia Solidária, União das Cooperativas de Agricultura Familiar, Rede IgreArquivo
jas e Mineração, Observatório do Clima e outros organismos da sociedade organizada que denunciam as estruturas econômicas que perpetuam essas desigualdades e agressões ao meio ambiente.
É fundamental compreender que ecologia e economia estão interligadas. Uma economia para a vida deve servir ao ecossistema, humano e não humano, atendendo às necessidades das comunidades e promovendo uma vida melhor para todos. O debate econômico precisa estar alinhado à transformação ecológica, indo além de mudanças importantes do consumo global, como o abandono de canudos e copos plásticos, para abordar a produção estrutural desse capital. A conversão ecológica precisa colocar o mapa dos interesses econômicos sob o mapa da vida dos ecossistemas, a fim de reduzir o impacto ambiental sobre os biomas e preservar a vida de milhões de pessoas.
Em 2022, durante o encontro da Economia de Francisco, em Assis, o papa Francisco nos convocava a construir uma economia profética, comprometida com mudanças profundas na economia e na política, sem disfarces ou soluções cosméticas. Ele afirmou: “Não é suficiente maquiagem, é preciso questionar o modelo de desenvolvimento. A terra arde hoje, e é hoje que devemos mudar, a todos os níveis (...). Trata-se de um princípio ético, universal: os danos devem ser reparados. Se crescemos abusando do planeta e da atmosfera, hoje devemos também aprender a fazer sacrifícios nos estilos de vida ainda insustentáveis”.
Esse chamado nos inspira a sonhar coletivamente e a assumir um compromisso com mudanças reais em nossa sociedade. Seguir os princípios de uma economia profética é construir um futuro em que a solidariedade, a sustentabilidade e a justiça socioambiental sejam valores fundamentais. Juntos, podemos transformar a maneira como nos relacionamos com o consumo, com o meio ambiente e com os mais vulneráveis, atendendo ao apelo do papa Francisco para sermos protagonistas de um mundo melhor.
Mário Pereira
CONHEÇA O TRABALHO DO CAS – CENTRO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
OEvangelista São Marcos (cf. Mc 1,14-15) escreve: “O tempo está realizado. O Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho”. Jesus, por meio de seus ensinamentos e atos, procurava formar as pessoas na compreensão de Deus. Em todas as suas obras, Ele mostrava que a prioridade do Pai é a vida. Assim, o Evangelho deve dar forma à vida social. Vemos, portanto, o Evangelho ser fermento na sociedade, através das ações do CAS – Centro de Assistência Social, mantido pela Província Redentorista Nossa Senhora Aparecida, onde as ações desenvolvidas proporcionam um espaço acolhedor, de diálogo e interação, com centralidade na família, garantindo um trabalho humanizado e de qualidade. Os SERVIÇOS prestados à comunidade são gratuitos, planejados e contínuos, sem qualquer discriminação, em conformidade com a Lei Orgânica da Assistência Social vigente, por meio de uma EQUIPE multidisciplinar formada por assistentes sociais, psicólogos e educadores sociais com formação em
diversas áreas. Com isso, os USUÁRIOS (crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos) participam das atividades respeitando as especificidades de cada faixa etária, com suas demandas e seus interesses. Assim, todo trabalho tem como objetivo fortalecer os vínculos familiares e comunitários, possibilitando o reforço da autoestima, autonomia, e, dentre outros, a conquista da cidadania.
Entrevista para a TV
O Núcleo de Assistência Social, desde sua origem, caracteriza-se por desenvolver um trabalho de caráter exclusivamente beneficente com famílias em situação de vulnerabilidade social. Ele assume, sem qualquer discriminação, o resgate da dignidade humana e a integração com seu meio, promovendo a inclusão social e a melhoria da qualidade de vida de seus assistidos. A respeito da dignidade humana, lembramos dos valores dos Direitos Humanos. A Doutrina Social da Igreja (nº 153) proclama que: “A raiz dos direitos do homem, com efeito, há de ser buscada na dignidade que pertence a cada ser humano. Tal dignidade, conatural à vida humana e igual em cada pessoa, se apreende antes de tudo com a razão. [...] A fonte última dos direitos humanos não se situa na mera vontade dos seres humanos [...]. Tais direitos são universais, invioláveis e inalienáveis. Universais, porque estão presentes em todos os seres humanos, sem exceção alguma de tempo, de lugar e de sujeitos. Invioláveis, enquanto inerentes à pessoa humana e à sua dignidade e porque seria vão proclamar os direitos, se não tivesse esforços para que seja devidamente assegurado. Inalienáveis, enquanto ninguém pode legitimamente privar destes direitos um seu semelhante, seja ele quem for” [...].
Tomando a carta encíclica Fratelli Tutti, nº 22, que trata dos direitos humanos, lemos: “Muitas vezes constata-se que, de fato, os direitos humanos não são iguais para todos. O respeito destes direitos é condição preliminar para o próprio progresso econômico e social de um país. Quando a dignidade do homem é respeitada e os seus direitos são reconhecidos e garantidos, florescem também a criatividade e a audácia, podendo a pessoa humana explanar suas inúmeras iniciativas a favor do bem comum” [...]. No nº 31, somos exortados a refletir sobre a beleza de semear a vida: “Neste mundo que corre sem um rumo comum, respira-se uma atmosfera em que a distância entre a obsessão pelo próprio bem-estar e a felicidade da humanidade partilhada parece aumentar: até fazer pensar que entre o indivíduo e a comunidade humana já esteja em
curso um cisma. [...] Porque uma coisa é sentir-se obrigado a viver juntos, outra é apreciar a riqueza e a beleza das sementes de vida em comum que devem ser procuradas e cultivadas em conjunto”.
E é sobre essa beleza de semear vida e cultivar em conjunto que os 13 Centros de Assis-
CAS Copiosa Redenção, em Campinas (SP)
Oficina de Música no CAS Pe. Antônio Borges, em Sacramento (MG)
Oficina de artesanato no CAS São Geraldo, em Potim (SP)
Criança participa de oficina no CAS de Sacramento (MG)
Usuário do CAS da cidade de Potim (SP)
Usuários participam de oficina na horta da unidade de Sacramento (MG)
Mário
Mário Pereira/A12
tência Social trabalham em seu Plano de Ação. São oito no estado de São Paulo — Aparecida, Potim, Campinas, São João da Boa Vista, Miracatu, Mauá, bairro da Casa Verde/SP, bairro Sapopemba/SP — e, estendendo o trabalho social para o estado de Minas Gerais, temos Sacramento, Juiz de Fora, Coronel Fabriciano e Curvelo. Além disso, oferecemos esse trabalho de forma gratuita e planejada às famílias da cidade de Cariacica, no Espírito Santo. Percebemos, assim, a preocupação com a vida humana na sociedade, em que as diversas relações dependem de modo decisivo da tutela e promoção das pessoas. A promoção, que traz transformações, é o que o CAS busca realizar em nossa sociedade. Com o apogeu que agora vivenciamos dentro do território geográfico da Província Nossa Senhora Aparecida, o CAS busca alargar horizontes, ofertando trabalho social às comunidades onde os Missionários Redentoristas realizam sua pastoral.
Contando com mais de 100 colaboradores (psicólogos, assistentes sociais, auxiliares administrativos, educadores sociais e serviços gerais), que recebem continuamente momentos de capacitação, seja internamente ou com assessorias externas, buscamos sempre a atualização deles. Sonhando com o futuro, almeja-se superar o atendimento às mais de 2.642 famílias (dados 2024), além da articulação com outras Políticas Públicas. Continuando o trabalho do Redentor e despertando no ser humano valores de fé e de esperança, o CAS fortalece vínculos juntamente com o protagonismo social (Missão). É um espaço contínuo, permanente e planejado, de que valoriza a vida (Visão), além de promover um acolhimento humanizado, com Responsabilidade; Integridade e Alegria (Valores), oferecendo um trabalho responsável e comprometido, pautado no direito à cidadania e na dignidade da pessoa humana. Assim, a Congregação do Santíssimo Redentor mantém seu compromisso de cuidado, acolhida e escuta com as famílias. Observando o que brada a Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas
– “Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal” (Art. 03) –, seguimos o que nos aponta o Evangelho (cf. Mt 22,37-39): “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
Ir. Joaquim Acássio Barbosa, C.Ss.R. Diretor do CAS
Uma das oficinas oferecidas é a de Vida Ativa
Atividade cultural do CAS no Seminário Santo Afonso
Oficina Semear é voltada para crianças e adolescentes
SOS Família é uma das oficinas oferecidas pelo CAS
CONFISSÃO EM SANTO AFONSO
Aobra Confissão em Santo Afonso publicada pela Editora Santuário, apresenta uma abordagem atualizada sobre a prática da confissão nas obras do fundador da Congregação Redentorista. É importante ressaltar que Santo Afonso é o padroeiro dos confessores e Doutor da Igreja, tendo grande peso teológico no que diz respeito ao sacramento da Reconciliação.
Esse livro oferece uma belíssima teologia do sacramento da Reconciliação, destacando os aspectos da misericórdia, da conversão e da paz. A misericórdia manifestada em Cristo Jesus conduz à alegria do perdão e à perseverança na vida da graça divina, fazendo com que a pessoa passe a confiar na redenção oferecida por Jesus Cristo.
Santo Afonso encontrou, nas missões de seu tempo, muitas pessoas que haviam se afasta-
do dos sacramentos, pois era comum, naquela época, pregar um Deus vingativo, e a prática da confissão se assemelhava a um tribunal de condenação. Santo Afonso, por sua vez, passou a pregar um Deus de amor e a confissão como um sacramento de cura e não de julgamento.
A obra Confissão em Santo Afonso oferece uma visão geral da teologia afonsiana e, ao mesmo tempo, apresenta sugestões para se aproximar do amor de Deus por meio desse sacramento, destacando a oração como meio para perseverar na graça divina.
O texto é de fácil compreensão, sendo indicado tanto para aqueles que desejam crescer na fé católica quanto para quem deseja conhecer mais a teologia do sacramento da Reconciliação.
Pe. Joaquim Parron, C.Ss.R.
FRATERNIDADE E FOME
A PARTIR DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA
Acontecimentos recentes revelam a realidade marcada drasticamente pelo drama da fome. Milhares de famílias no Brasil e no mundo não têm acesso regular e permanente aos alimentos. A disparidade entre países com altos índices de exportação de grãos e pobreza extrema demonstra que, entre as causas dessa injustiça social, está uma questão política que não considera o alimento como questão de saúde pública, mas como mercadoria.
No exercício de nossa vocação cristã, somos inspirados a permear a vida social com os ensinamentos de Jesus manifestos no Evangelho. O sentimento de compaixão nutre a vida discipular dos cristãos, sendo a força que gera sensibilidade com os mais pobres.
Recordamos que os bens criados estão destinados a todas as pessoas e que os bens de subsistência são indispensáveis para o exercício da dignidade humana.
Ao celebrarmos 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, devemos nos questionar se, de fato, todos têm seus direitos defendidos e garantidos pela sociedade. A segurança alimentar e nutricional não pode ser compreendida como um privilégio de poucos, mas como direito indispensável para promoção da dignidade humana. Precisamos permear nossa sociedade com os valores do Evangelho: partilha do pão, solidariedade e fraternidade.
O pedido de Jesus precisa ecoar em nosso coração e em nossa vida: «Dai-lhes vós mesmos de comer» (Mt 14,16). Somos discípulos
de Jesus e, a partir de nosso testemunho de vida, alcançamos uma multidão de pessoas que vivem como ovelhas sem pastor. O modo cristão de proceder frente à realidade da fome: levantar a cabeça, ver, sentir compaixão e curar. O flagelo da fome é contrário ao projeto do reinado de Jesus. É uma injustiça e gera desumanização.
A partir da celebração da Eucarística, temos um projeto de fraternidade e amizade social. O convite é transformar nossa vida em uma extensão da Eucaristia. Quando pedimos o pão nosso, devemos somar forças com a comunidade cristã e com as instituições sociais para que haja pão em todas as mesas. Os congressos eucarísticos contribuem para a construção de uma cultura eucarística, e que o gesto concreto da Casa do Pão, fruto do congresso eucarístico de 2022, inspire-nos no exercício da vida cristã comprometida com a realidade.
Na atualidade, prevalece uma cultura da indiferença e da repulsa ao outro. Assim se normalizam sentimentos de ódio, como a aporofobia, que considera os mais pobres como ameaça. Essas posturas se tornam um empecilho para a superação da fome e da pobreza extrema. Acreditamos que é possível e necessário construirmos uma nova sociedade alicerçada na fraternidade, resgatando nossa identidade de irmãos e cultivando a amizade social. Um caminho possível é repensar a política, considerando seu papel principal: a realização do bem comum.
Com o papa Francisco, afirmamos que a dignidade humana é infinita. Todos os esforços e os direitos humanos devem convergir para a promoção da dignidade da pessoa, independentemente de qualquer circunstância. A superação da miséria e da fome será possível quando o espírito fraterno permear nossa sociedade e nossas ações.
Ir. Carlos Renato da Silva, C.Ss.R.
PENSAR COM O CORAÇÃO: SOBRE
O AMOR QUE IMPULSIONA À MISSÃO
“O coração torna possível qualquer vínculo autêntico, porque uma relação que não é construída com o coração não pode ultrapassar a fragmentação do individualismo” (DN, n. 17).
Amissão da Igreja, enraizada no mandato de Cristo (cf. Mt 28, 19), encontra no coração humano seu espaço de fecundidade. É nesse sentido que o papa Francisco propõe, na Encíclica Dilexit nos, a «redescoberta do Coração de Jesus» enquanto «síntese do Evangelho» e emblema de esperança e solidariedade, em tempos de conflitos e desintegração social. Para o Pontífice, o verdadeiro conhecimento do mundo exige mais do que lógica e ciência. Pensar com o coração vai além de um ato intelectual: é uma postura dialógica que integra sentimento e razão, permitindo que o cristão seja transformado pelo amor de Cristo e impulsionado a levá-lo ao mundo.
Embora a sociedade moderna tenha progredido em ciência e tecnologia, isso não tem sido
acompanhado pela profundidade relacional, o que gera «frieza» no trato humano e «cultura de descarte» para aqueles considerados menos produtivos ou vulneráveis. Francisco questiona o impacto do uso sem critérios éticos de novos instrumentos tecnológicos, como a IA, que muitas vezes reduzem as interações humanas a algoritmos, promovendo uma vida superficial e manipulável. Ele ressalta que o coração é insubstituível na construção de identidades verdadeiramente únicas e empáticas.
Estruturado em cinco capítulos, o documento se coloca como chave de leitura espiritual das Encíclicas sociais Laudato Si’ e Fratelli tutti (cf. DN, n. 217). Em seu primeiro capítulo, o papa Francisco apresenta o fundamento teológico e antropológico do coração humano, utilizando
a figura do Sagrado Coração como ponto de partida para discutir a profundidade do amor divino e humano, e explora como o coração é, na tradição cristã, muito mais que um símbolo emocional: é o centro de identidade pessoal e relacional que possibilita uma verdadeira conexão com Deus e com o próximo. No segundo, ele explora a relação entre a devoção ao Sagrado Coração e a experiência cristã de consolação, ressaltando que o Coração de Jesus, símbolo do amor divino, é fonte de conforto e de esperança.
O terceiro capítulo, dedicado a aprofundar a «ação do coração», aborda a necessidade de traduzir a devoção ao Sagrado Coração em práticas concretas de solidariedade e caridade. O verdadeiro amor cristão não se limita à contemplação; exige uma manifestação prática, em que cada fiel é chamado a agir pelo bem comum e a promover a dignidade humana. Somente com o coração em sintonia com o amor de Cristo é possível resistir às tentações da violência, do egoísmo e da alienação promovidas por uma sociedade dominada pelo individualismo e pela competitividade. Nesse capítulo, o Pontífice
pede ainda a renovação da devoção ao Coração de Jesus, especialmente para combater as «novas manifestações de uma espiritualidade desencarnada» (DN, n. 87), em especial, as novas faces do jansenismo: é essencial retornar à «síntese encarnada do Evangelho» (DN, n. 90).
Aqui podemos recordar Santo Afonso, que, em sua luta contra o jansenismo, recorre à dimensão afetiva da fé como antídoto a seu veneno, propulsor de uma espiritualidade de culpa e vergonha, rigor e medo, em que Deus era apresentado como distante e frio. O Coração de Jesus nos ajuda a libertar dessas restrições, bem como do mal produzido por «comunidades e pastores concentrados apenas em atividades exteriores, em reformas estruturais desprovidas de Evangelho, em organizações obsessivas, em projetos mundanos, em reflexões secularizadas» (DN, n. 88). O resultado não pode ser outro senão «um cristianismo que esqueceu a ternura da fé, a alegria do serviço, o fervor da missão pessoa-a-pessoa, a cativante beleza de Cristo, a gratidão emocionante pela amizade que Ele oferece e pelo sentido último que dá à vida» (Ibidem).
No quarto capítulo, o Pontífice revisita as Escrituras e a Tradição e recolhe a beleza espiritual de grandes santos, indicando que suas obras missionárias tiveram como ponto de partida um encontro profundo de consolação a Jesus. Daí a forte provocação do Pontífice: «Peço, portanto, que ninguém ridicularize as expressões de fervor devoto do santo povo fiel de Deus, que na sua
Papa questionou o uso sem critérios éticos de novos instrumentos tecnológicos, como a IA
piedade popular procura consolar Cristo. E convido cada um a perguntar-se se não há mais racionalidade, mais verdade e mais sabedoria em certas manifestações desse amor que procura consolar o Senhor do que nos atos de amor frios, distantes, calculados e mínimos de que somos capazes aqueles que julgamos possuir uma fé mais reflexiva, cultivada e madura» (DN, n. 160). No quinto capítulo, ele faz um chamado final à perseverança no amor, destacando a necessidade de um compromisso contínuo e concreto com a caridade e a misericórdia no mundo. Nessa lógica, anunciar o Evangelho requer «missionários apaixonados, que se deixem cativar por Cristo e que inevitavelmente transmitam esse amor que mudou as suas vidas» (DN, n. 209).
Em suma, “pensar com o coração” revela-se uma proposta paradoxal e profundamente desafiadora. Essa ideia transcende a mera afetividade ou sentimentalismo, situando-se em uma dimensão ética e espiritual que vincula o amor a uma força dinâmica, capaz de engendrar compromisso e transformação. O amor, compreendido nesse contexto, não se limita a uma experiência pessoal ou individualista, mas se manifesta como princípio ativo, que direciona o ser humano ao outro e ao serviço, refletindo a essência da espiritualidade missionária. Assim, podemos sublinhar cinco princípios orientativos do agir missionário:
1- Centralidade do amor como motor da ação missionária: O amor não é apenas emoção, mas força transformadora que impulsiona o indivíduo a superar o egoísmo e a colocar-se a serviço do outro, configurando-se como o fundamento ético e espiritual da missão.
2- Integração entre razão e coração na prática missionária: Pensar com o coração não significa renunciar à racionalidade, mas propor uma síntese harmoniosa entre inteligência e sensibilidade, essencial para compreender as necessidades do mundo e responder a elas com criatividade e empatia.
3- Amor como expressão de uma espiritualidade encarnada: A missão não é abstrata, mas enraizada nas realidades concretas. O amor que impulsiona à missão deve se manifestar em ações concretas de solidariedade, justiça e acolhida, refletindo um compromisso com a dignidade humana e com a transformação das estruturas sociais.
4- Amor enquanto fermento hermenêutico da missão: Em um mundo marcado pelo individualismo e pela indiferença, viver o amor como princípio missionário exige uma postura contracultural, que reinterprete os conceitos de sucesso, poder e autoridade, à luz de uma ética do cuidado e da compaixão.
5- O agir comunitário como método missionário: A missão não é tarefa individual, mas empreendimento comunitário. O amor que impulsiona à missão deve ser vivido em comunhão, promovendo a fraternidade que testemunha a unidade e a solidariedade como valores fundamentais para a transformação do mundo.
Pe. Rimar César Diniz, C.Ss.R.
HISTÓRIAS... MEMÓRIAS –MARCAS DAS IMPRESSÕES DE AMOR!
Há coisas que ficam impressas na alma: pessoas, frases, lugares, cheiros. A vida que nos foi dada como dom de Deus vem carregada de sentimentos, alegres e tristes, que vão, de par em par, desenhando aquilo que chamamos de história. Quanto mais significativos os fatos, mais intensas são as memórias. E estas, agradecidas, impressas na alma, passam a ser parte do grande ofertório de amor que depositamos no altar da Vida. Situação maravilhosa existe quando as memórias saem do âmbito pessoal e se tornam patrimônio de uma sociedade ou de um grupo de pessoas. São estas as lembranças que adquirem, ao longo dos anos, um reco -
nhecimento especial. Na vida da comunicação social de nossa província, há memórias sedimentadas em nosso grupo, e talvez sem elas haveria um vazio triste em nossa trajetória missionária.
Impressas foram as primeiras palavras do Jornal Santuário de Aparecida, que nos idos de 1900 ecoaram como primícias da comunicação redentorista no Brasil. Uma prensa e muitos sonhos, e, aos poucos, a missão foi sendo ampliada. Devocionais, livretos, almanaques: tudo nascia para que a tarefa de propagar a Copiosa Redenção estivesse em consonância com os tempos. Ousados missionários acreditaram na força das pala -
Thiago Leon/ Santuário Nacional
vras para evangelizar um país que era mais analfabeto do que infelizmente ainda é! Mas era preciso imprimir palavras e memórias. E assim foi feito!
Uma editora foi a consequência quase lógica da ousadia de imprimir palavras. Foi batizada com o nome de “Santuário”. Nada foi por acaso, pois o desejo de ampliar a proclamação da Palavra nutria o nascente projeto de comunicação. Hoje, graças ao pioneirismo daqueles homens de batina preta, a editora e a gráfica Santuário, e seu rebento mais jovem, a Editora Ideias e Letras, continuam a imprimir devoção e conhecimento. E com algum orgulho, ela observa os rebentos que a sucederam. Um deles, que também imprime amor e misericórdia, é a Revista de
Aparecida, que desde 2002 visita a casa de milhares de devotos de Nossa Senhora. Um outro rebento apresentou-se ousado e moderno: uma rádio. Imprimir palavras era algo maravilhoso, e palavras impressas permanecem por mais tempo. Mas a Pala -
Pe. Valentim Mooser e funcionários na gráfica da Editora Santuário
Cerimônia de fundação da Rádio Aparecida, em 1951
vra precisava chegar mais rápida e ser mais acessível a tantos e tantas, cujas mãos não alcançavam um livro. Nos rincões do país, uma gente sedenta de fé clamava por mais atenção. De novo os missionários, atentos aos sinais dos tempos, conseguem, em 1951, a outorga de uma estação de radiofusão: e eis a Rádio Aparecida. O rebento principal da radiofusão ampliou-se em ondas curtas, médias, tropicais e em uma FM. Desde então a mensagem de Jesus chega à centena de milhares de lares todos os dias. Também a Rádio Aparecida se adaptou ao novo cenário de comunicação e hoje opera com duas FMs e estendendo sua programação pelo Brasil afora, com a parceria de uma centena de rádios da Rede Aparecida de Comunicação. Expoente da rádio, e grande impressor de
memórias, foi padre Vítor Coelho de Almeida, um santo comunicador! Como se vê, a rádio também imprimiu em nós suas memórias agradecidas.
Gustavo Cabral/A12
Rádio Educadora
Thiago Leon
Redação do Portal A12, que nasceu em 2010
Estúdio da Rádio Educadora, mantida pela Província, em Coronel Fabriciano (MG)
Cobertura da TV Aparecida durante a Novena da Padroeira em 2024
Pe. Vítor Coelho de Almeida (à esq.) propagou a devoção a Nossa Senhora Aparecida pela Rádio Aparecida
Em tempo: em terras fluminenses, mineiras e baianas, os missionários redentoristas também semearam memórias por meio da radiodifusão. Em Campos dos Goytacazes/RJ, operou por algumas décadas a Rádio Campista Afonsiana (que hoje não existe mais). Também em Congonhas do Campo/MG, os redentoristas foram zelosos administradores de uma estação de rádio pertencente à Igreja de Mariana. A Rádio Educadora, em Coronel Fabriciano/MG, está viva e atuante na tarefa de proclamar a Palavra para o Vale do Aço mineiro. Em 2025, ela deve fazer a sua transição definitiva para uma nova FM. Mais ao norte, no sertão da Bahia, a Rádio Bom Jesus da Lapa imprime memórias e histórias no coração do povo baiano, desde 1982. Os missionários assumiram este veículo de evangelização em 1993. Hoje, a rádio Bom Jesus tem a maior
potência de transmissão do interior da Bahia. Em tempos de reestruturação, as histórias se enredam e a vida ganha novos contornos agradecidos.
Mas as memórias vão se acumulando e tecendo entre si tramas cada vez mais harmoniosas e de insuperável beleza. “Na plenitude dos tempos”, parafraseando o apóstolo, com as condições espirituais e econômicas postas à mesa, nova ousadia: um canal de televisão, que pudesse pôr em movimento as palavras e os sons que ecoam do coração católico do Brasil. Nasce tímida, mas esperançosa, em 2005, a TV Aparecida. Corações missionários sonharam, Deus abençoou e a obra se concretizou. De um lado os redentoristas, suando a camisa e enfrentando desafios, e de outro, o Povo de Deus, patrocinador da grande obra de comu-
Celebração de 42 anos da Rádio Bom Jesus
Uelder
nicação. Hoje, com seus quase vinte anos, a TV Aparecida está consolidada como um dos maiores canais católicos do Brasil e, quiçá, do mundo. Inspirados por ela, os missionários do Santuário de Bom Jesus da Lapa idealizaram e sustentam, como força missionária, a TV do Bom Jesus, que nasceu como experiência de TV Web nos idos de 2009. Estas e tantas outras memórias se tornaram parte de nossa história. Mas havia ainda um território a ser conquistado: o mundo veloz e insaciável da internet. “Pregai o evangelho a toda criatura”, demandou Jesus, e “não se exclua nenhum meio possível para que a Palavra chegue aos corações dos homens”, ordenou Afonso de Ligório. Novamente, os intrépidos missionários ousaram “avançar nessas águas mais profundas”, e nascia, em 2010, o Portal A12.com, que, por sua natureza, agregou todas as iniciativas de comunicação em um único lugar. Hoje, reunidas três grandes tradições missionárias na nova província Nossa Senhora Aparecida, abrimo-nos à construção de novas memórias e novas histórias. O certo é que a engrenagem da comunicação deve ser continuamente azeitada para seguir produzindo caminhos de Redenção.
Enfim, o broto original, aquela prensa e alguns tipos de metal, orgulha-se de ter sido a raiz de tantas memórias, até aqui construídas, e confia que tantas outras, no tempo de Deus, continuarão a ser impressas no coração e na vida de tantos e tantas que compartilham conosco o sonho da “Copiosa Redenção”.
COMUNICADORES DA PROVÍNCIA NOSSA
SENHORA APARECIDA
Todos os missionários redentoristas são homens da comunicação, homens da Palavra. A lista ao lado resgata apenas alguns nomes, reverenciando em alguns missionários a tarefa da comunicação, que, no fundo, é de todos nós. As novas gerações de missionários, ainda na ativa da comunicação, certamente terão vez em memórias futuras.
Pe. Gebardo Wiggermans – Fundação da Editora Santuário
Pe. Antonio Kammerer – Primeiro Redator Jornal Santuário
Pe. Valentin Mooser
Pe. Francisco Costa
Pe. Flávio Cavalca
Pe. Isaac Lorena
Pe. Orlando Ricardo Gambi
Pe. Ferdinando Mancilio
Pe. Raimundo de Almeida Pinto – editor Jornal “Santuário de São Geraldo”
Pe. Dalton Barros
Pe. José Raimundo Vidigal – tradutor da Bíblia de Aparecida
Pe. Humberto Jorge Pieroni – Primeiro diretor da Rádio Aparecida
Pe. Vitor Coelho de Almeida – Apóstolo da Rádio Aparecida
Pe. Laurindo Rauber
Pe. Ruben Leme Galvão
Pe. Ronoaldo Pelaquim
Ir. Antônio Balthazar Santana – primeiro irmão a trabalhar na RA
Pe. Antônio César Moreira Miguel – Primeiro diretor geral da TV Aparecida
Pe. Rudolf Croon
Pe. Rubens Gomes de Carvalho
Pe. José Inácio de Medeiros
Pe. Evaldo César de Souza – Primeiro diretor do Portal A12.com
Pe. Marcos Fernandes Guabiroba - Fundador da Rádio Educadora
Pe. Sérgio Luiz e Silva
Pe. Antônio Rosivaldo Motta – Primeiro Diretor Redentorista da Rádio Bom Jesus
Pe. Casimiro Malolepszy – Fundador da WebTV Bom Jesus
Pe. Evaldo César de Souza, C.Ss.R.
COMUNIDADE REDENTORISTA DO SANTUÁRIO DO BOM JESUS DA LAPA
Apresença redentorista no Santuário do Bom Jesus da Lapa começou em maio de 1956, com os padres holandeses da antiga Vice-Província Nordestina (Recife). Eles permaneceram por mais de 15 anos e foram sucedidos pelos missionários poloneses que chegaram à cidade já na década de 1970: Ceslau Stanula, Lukas Kocik, Franciszek Deluga, Josef Danieluk e Tadeusz Mazurkiewicz. Esses missionários atuavam não só junto aos romeiros, mas também nas comunidades rurais e cidades próximas.
Ao longo do tempo, nossa congregação formou religiosos brasileiros, que vieram somar no atendimento dos romeiros, lapenses e visitantes. Após várias transformações, com melhorias no Santuário, trabalhos de caridade e iniciativas de cunho social, seguimos nessa missão como membros da Província Nossa Senhora Aparecida.
Hoje, somos dez missionários na comunidade do Santuário, partilhando as responsabilidades administrativas e, principalmente, no acolhimento dos fiéis: Pe. Roque Silva, Pe. Willian Sena,
Uelder
Arquivo
Comunidade
Bom Jesus da Lapa
Pe. Teofônio Stallaert, Pe. Vidro Rodrigues, Pe. Cristiano Joosten e Pe. Pedro Canísio (atrás)
Pe. William Betônio, Pe. Anderson Trevenzolli, Pe. Luís Rogério Carrilho, Pe. Alessandro Moreira, Pe. Tadeu Mazurkiewicz, Pe. Cristóvão Przychocki, Ir. Domingos Barreto e Ir. Gilson Gaigher.
Diariamente, recebemos muitas pessoas nos espaços do Santuário. Por isso vários colaboradores nos ajudam nas diversas necessidades. Nós atendemos confissões, celebramos junto ao povo de Deus, realizamos batizados e casamentos. Também evangelizamos pela TV Bom Jesus, que funciona exclusivamente na internet e foi lançada oficialmente em 2013.
Posso dizer que, após pouco mais de um ano nesta experiência em Bom Jesus da Lapa, em meio aos desafios, juntos sentimos a alegria da vocação. Vale a pena viver esta experiência em comunidade, em que experimentamos a copiosa redenção no dia a dia e temos a missão de transmiti-la a todos que chegam até nós.
Pe. Cristóvão Przychocki, C.Ss.R.
Como religiosos, temos nossos compromissos diários de oração na capela, momentos de convivência, retiros espirituais e reuniões comunitárias.
Celebração na esplanada do Santuário de Bom Jesus da Lapa
TIROCÍNIO MISSIONÁRIO
BOLÍVIA
Terminados os anos dedicados ao estudo de teologia, fui enviado à Província Bolívia Peru para viver o ano de Tirocínio Missionário. O Pe. Boris Rafael Calzadilla Arteaga, Superior Provincial, designou-me para a Paróquia “Dulce Nombre de Jesús” de Vallegrande, localizada no departamento de Santa Cruz, Bolívia.
Vallegrande é uma cidade encantadora, rica em costumes e tradições. Ruas estreitas, arquitetura colonial e tranquilidade definem a pequena cidade boliviana, situada a uma elevação de 2.030 metros sobre o nível do mar. O clima é templado, caracterizado por verões suaves, com máximas de até 30°C; e invernos mais rigorosos, com temperaturas abaixo de 0°C. A cidade encontra-se dentro de um grande vale fértil para a agricultura, o que justifica seu nome: Valle Grande.
Em 1910, os missionários franceses da Província de Estrasburgo chegaram à Bolívia e iniciaram o trabalho missionário no país com a fundação da primeira casa redentorista em Tupiza. Anos depois, em 1929, Vallegrande recebeu um pequeno grupo de missionários. Um deles chegou a escrever: “[...] la misión en Vallegrande será una de las más hermosas sino la más hermosa entre las misiones de América del Sur [...]”. Assim sendo, dentro de cinco anos, com as bênçãos de Deus, celebraremos 100 anos de presença redentorista nesta terra de valentes.
Atualmente, atendemos cinco Paróquias e mais de 120 comunidades rurais, distantes umas das outras. Às vezes, levamos um dia inteiro para visitar uma ou mais comunidades. Quando chegamos às mais longínquas, deparamo-nos com gente simples e de mãos calejadas; pessoas acolhedoras e piedosas. São Arquivo pessoal
ESPERANÇA
os “cabreiros” dos tempos de agora! Sempre nos esperam com comida, afeto e boas histórias. Sentamos à mesa com tranquilidade, sem pressa de ir embora. Conversamos sobre a vida, partilhamos o alimento, descansamos e, ao entardecer, celebramos a Eucaristia em uma das casas de família ou no espaço sagrado erigido para aquela comunidade. É nítida a satisfação que sentem quando estamos com eles, simplesmente convivendo, apreciando a mesma comida e rezando ao modo deles.
Vallegrande “respira” nossa espiritualidade e nos oferece os meios necessários para vivenciar a vida redentorista tal como ela é. Nesse ano de Tirocínio, cursei minha “terceira facul-
dade”. São experiências e ganhos para a vida toda. O ar boliviano, de fato, “oxigenou” meu ser redentorista e confirmou minha identidade missionária. Sou muito agradecido à Província Nossa Senhora Aparecida pela oportunidade de ouro!
Aos formandos de nossa Província, que se preparam aos votos perpétuos, asseguro-lhes que o Tirocínio Missionário é uma experiência justa e necessária. Vale a pena essa pausa restauradora, esse tempo da graça de Deus! Acolham essa novidade. Deus proverá o necessário!
Fr. Pablo Vinícius Reis Moreira, C.Ss.R.
Fr. Pablo Vinícius realizou a etapa do Tirocínio, no departamento de Santa Cruz, na Bolívia
Arquivo
pessoal
SURINAME
Em 2024, fui designado a vivenciar meu tirocínio missionário em Paramaribo, capital do Suriname. O Suriname é um país composto de uma diversidade cultural; é formado por muitos povos, por exemplo, indianos, chineses, venezuelanos, holandeses, brasileiros, entre outros, e possui diversos idiomas, sendo o holandês o oficial. Diante dessa diversidade, o catolicismo tem uma presença minoritária, em relação às religiões não cristãs.
A missão redentorista no Suriname é constituída pela presença pastoral em três paróquias: duas confiadas ao cuidado dos surinamenses, sendo que a paróquia Santo Afonso atende os fiéis de língua hispânica, e outra confiada ao atendimento dos brasileiros. Durante esse período, pude realizar minha experiência missionária-pastoral na
paróquia Nossa Senhora de Nazaré, que atende os fiéis brasileiros.
Fiquei diretamente responsável pelo grupo de catequizandos que se preparavam para receber o sacramento da Crisma. Também acompanhei o grupo de catequese para a Primeira Eucaristia, o grupo dos coroinhas e leitores, além de outros serviços prestados à comunidade religiosa e paroquial.
Uma particularidade da paróquia Nossa Senhora de Nazaré é que ela possui duas quadras de vôlei. Todas as noites, jovens de diferentes países, raças e idiomas dividem essas quadras para um momento de lazer. Durante esse ano, também fui responsável por ser uma ligação mais direta entre a paróquia e esses jovens que utilizam o espaço. Busquei, por meio da presença, realizar minha pastoral com eles.
O Suriname, de fato, é terra de missão. Ao visitar Batávia, lugar onde viveu o Beato
Arquivo pessoal
ESPERANÇA
Pedro Donders, pude refletir sobre nossa missão e presença aqui nesse país. Se há dificuldades hoje, imaginem no tempo do Beato ou quando chegaram os primeiros redentoristas holandeses. No entanto, como descreve nossa vigésima constituição, somos
chamados a ser disponíveis “para as coisas mais difíceis, a fim de levar aos homens a ‘Copiosa Redenção’”. Vivamos nossa missão com esperança.
Fr. Caio Oliveira Bueno, C.Ss.R.
Missão do Fr. Caio Oliveira foi realizada em Paramaribo, capital do Suriname