RENASCER 40

Page 1

Distribuição Gratuita | Publicação Trimestral | Nº 40

Outubro Novembro Dezembro 2012 b o l e t i m

RENASCER

www.scmsines.org

i n f o r m a t i v o

Santa Casa da Misericórdia de Sines

NOVOS ÓRGÃOS SOCIAIS TOMAM POSSE DESTAQUES

Natal na Misericórdia

Dia 5 de Janeiro toma‐ do Bispo da Diocese tar a obra de constru‐

II Concerto “Santa Causa”

pág. 4

pág. 14

ram posse os novos de Beja, Dom António ção do novo lar de órgãos sociais da San‐ Vitalino Dantas, e de idosos da Instituição, ta Casa da Misericór‐ vários membros de o “Prats Sénior”. dia de Sines, eleitos outras Misericórdias Os corpos gerentes no passado dia 30 de do distrito de Setúbal. agora empossados Novembro. A cerimó‐ Antes da tomada de vão exercer funções nia decorreu na Igreja posse os cerca de 100 entre 2013 e 2015 e Matriz de Sines e con‐ convidados tiveram mantêm Jorge Ruas tou com a presença oportunidade de visi‐

(Continua na página 3)

À Conversa com… António Francisco

pág. 8


RENASCER

b o l e t im in fo r mat iv o

No dia 05/01/2013 completaram‐ se três anos sobre a tomada de posse desta Mesa Administrativa e restantes Órgãos Sociais. Como principais objectivos de mandato tínhamos definido: procura de soluções de melhoria contínua no que diz respeito ao bem‐estar e conforto dos utentes; melhorias e transformações nas instalações; reestruturação e personalização dos serviços; candidaturas para novos equipamentos; formação contínua dos colaboradores; workshops e formação específica para as chefias, sobretudo na área da gestão, a fim de melhorar as competências no serviço prestado aos utentes e garantir a sustenta‐ bilidade de Misericórdia. Apesar da difícil conjuntura eco‐ nómica dos últimos anos, conse‐ guimos cumprir com estes objecti‐ vos, bem como outros que foram sendo definidos em cada Plano de Actividades anual. O novo mandato que agora se ini‐ cia, insere‐se num período, infeliz‐ mente, repleto de incertezas e anúncios de mais restrições e difi‐ culdades que se reflectirão na vida de todos portugueses, res‐ tringindo seguramente as suas capacidades financeiras e estabili‐ dade no emprego, além de dificul‐ tar a sustentabilidade de institui‐ ções e empresas, reflectindo‐se de forma gravosa nas receitas das Misericórdias. Obviamente que não podemos negar a nossa preocupação, senão

seriamos levianos ou incautos, pois de certeza irá obrigar‐nos a reformular a nossa orientação e reestruturar a nossa organização, de forma a esquecermos vícios e hábitos supérfluos e investirmos em práticas mais úteis e optimiza‐ das, novas atitudes, evitando sempre o desperdício. Claro que temos confiança nas nossas capacidades para enfren‐ tarmos os desafios, tanto mais que a construção do novo Lar é mais um motivo que temos para alimentar a nossa dinâmica e sinergias, embora com o respecti‐ vo acréscimo de endividamento a ele associado. Mesmo assim, temos como ambi‐ ção a concretização dos seguintes objectivos: conclusão do novo Lar Prats Sénior e a sua abertura ao público; selecção e reestruturação dos serviços e pessoal com o enquadramento das actividades no Prats Sénior; melhoria contí‐ nua no desempenho dos colabo‐ radores e prestadores de serviços; elaboração de novos projectos para Creche e outros equipamen‐ tos de igual interesse, para even‐ tuais candidaturas aos fundos europeus; continuação de melho‐ rias na organização e controlo dos procedimentos, de contratos, prestações de serviços e aprovei‐ tamento de recursos, de forma a conseguir‐se uma redução de cus‐ tos eficiente e controlada. Alargar o acompanhamento social e humanitário a um maior leque

de utentes e tentar atingir a sus‐ tentabilidade da Misericórdia. A nossa atitude terá de ser de contenção e moderação enquanto durar a política de austeridade anunciada, procurando por todos os meios evitar que as eventuais quebras se repercutam na quali‐ dade de prestação de serviços aos utentes. Temos de ter presente que cerca de 85% das actuais admissões de utentes são de pessoas muito dependentes, exigindo, por isso, mais assistência e mais competên‐ cia, o que se reflecte no acréscimo dos custos. Também com o evo‐ luir da sociedade, aumentam as exigências de qualidade das insti‐ tuições, famílias e utentes, verifi‐ cando‐se uma incompatibilidade com as receitas cada vez menores comparativamente aos custos. Por tudo isto, embora não se avi‐ zinhem tempos fáceis, continua‐ mos a acreditar que temos capaci‐ dade para contornar os obstácu‐ los e continuarmos a evoluir na qualidade técnica e humana e no “saber fazer melhor”, em prol do bem‐estar e conforto dos nossos utentes e colaboradores. Gostaria de deixar uma mensa‐ gem, que além de esperança, incentive o espírito de fraternida‐ de, mais humanização, mais empenho e dedicação, de dar mais exigindo menos, pois só com a ajuda e colaboração de todos, internos e externos, é que conse‐ guiremos manter a sustentabilida‐

EDITORIAL

BALANÇO E OBJECTIVOS

Luís Maria Venturinha de Vilhena Provedor da Misericórdia de Sines

de da Misericórdia. Manifestar também gratidão a todos aqueles que ao longo deste último mandato, Órgãos Sociais, Voluntariado, Entidades, Amigos da Misericórdia, todos os técnicos e colaboradores, que com a sua generosa contribuição se empe‐ nharam em fazer o seu melhor. Aos utentes e familiares peço des‐ culpa se esperavam mais de nós e não conseguimos fazer melhor. Acreditem que a nossa missão não é fácil, mas o nosso objectivo é podermos ser em cada dia um pouco melhores que ontem. Para isso também contamos com a paciência, compreensão, tolerân‐ cia e colaboração de todos. Termino, pedindo a Deus e à Nos‐ sa Senhora das Misericórdias que nos ajudem nesta nossa Missão de, com caridade, solidariedade, humanismo e competência, aliviar o sofrimento dos que mais de nós precisam. Um grande BEM‐HAJA 

Ficha Técnica

RENASCER

boletim informativo

Propriedade, Edição e Impressão SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SINES Periodicidade Trimestral Número 40 Edição Outubro| Novembro | Dezembro 2012

2

Director Luís Maria Venturinha de Vilhena Redacção Rita Camacho Revisão de Texto José Mouro, Rita Camacho Fotografia Ricardo Batista, Rita Camacho, Sulcor

Grafismo | Montagem | Paginação Ricardo Batista, Rita Camacho Tiragem 300 exemplares Depósito legal 325965/11 Distribuição Gratuita


RENASCER

b o l e t im in fo r mat iv o

NOVOS ÓRGÃOS SOCIAIS TOMAM POSSE (Continuação da página 1)

da Silva como Presidente da Assembleia‐ Geral, Luís Venturinha de Vilhena como Provedor e José Luís Batalha como Presi‐ dente do Conselho Fiscal. Ao todo, 22 elementos, 11 efectivos e 11 suplentes, compõem os órgãos sociais da Miseri‐ córdia, distribuídos pela Assembleia‐ Geral, Mesa Administrativa e Conselho Fiscal. 

Visita à obra do “Prats Sénior”

Discurso do Provedor na Igreja Matriz

Composição da nova Mesa Administrativa da Misericórdia

Órgãos Sociais eleitos Assembleia‐Geral Presidente: Jorge Manuel Patrício Ruas da Silva Secretário: Filipe Alexandre Anacleto Raposo Vogal: Gracinda Maria Marques Pereira Guedes Suplentes: Maria da Luz Santos Gonçalves António Joaquim Venturinha Abílio Torcato Valadas Raposo

Mesa Administrativa Provedor: Luís Maria Venturinha de Vilhena Vice‐Provedor: João Fernando Matos Vinagre Tesoureiro: Maria do Céu Jesus Fonseca Afonso Secretário: Carlos Alberto do Rio Salvador Vogal: Ana Maria Vilhena Pereira

Suplentes: António Manuel Serra Dias António Castello Branco Lobo de Vasconcellos António José Vaz Candeias António Agostinho Teixeira Lourenço José Fernandes Pereira

Conselho Fiscal Presidente: José Luís Martins Batalha Secretário: José Manuel Arsénio Vogal: Eduardo Manuel Romano Moutinho Suplentes: José António Cordeiro Porfírio Horácio Silva Catarino Álvaro Pereira Correia 3


RENASCER

b o l e t im in fo r mat iv o

NATAL NA MISERICÓRDIA Chegado o mês de Dezembro é tempo de celebrar o Natal, época de paz, alegria e união entre famílias. A Misericórdia de Sines comemora esta época do ano com várias activida‐ des que envolvem utentes, familiares, colaboradores, voluntários, órgãos sociais e a própria comunidade. Não faltam as decorações natalícias, as trocas de presentes e de cartões, a Ceia de Natal, as músicas cantadas pelo Grupo Coral e a presença do Pai Natal, que obrigatoriamente visi‐ ta todas as respostas sociais da Instituição.

Durante o mês de Dezembro várias turmas da Escola EB23 Vasco da Gama de Sines visitaram os utentes da Santa Casa da Misericórdia e presentearam‐nos com músicas de Natal. Os alunos além de cantarem, toca‐ ram flauta e assim animaram os idosos nesta quadra natalícia. No dia 14 de Dezembro realizou‐se no Salão Social o tradicional Jantar de Natal dos colaboradores da Insti‐ tuição, no qual estiveram presentes membros dos órgãos sociais. Os colaboradores da Misericórdia puderem assim conviver e celebrar o Natal, num jan‐ tar onde não faltou a animação musical. Dia 19 de Dezembro foi a vez de todos os utentes des‐

frutarem da Festa de Natal organizada especialmente para eles. Este ano, além das actuações de utentes, Voluntários e do Grupo Coral, a festa foi abrilhantada pela actuação do ilusionista Mário Ribeiro.

Dia 20 de Dezembro, durante a tarde, o Grupo Coral da Misericórdia visitou os Lares e o Centro de Dia da Instituição, levando cânticos de Natal aos idosos da Santa Casa. 4


RENASCER

b o l e t im in fo r mat iv o

Dia 21 de Dezembro, durante a tarde, foram distribuí‐ dos bolos‐rei a todos os funcionários, voluntários e membros do Grupo Coral da SCMS. O Provedor Luís Venturinha procedeu à entrega desta

singela lembrança de Natal. Também no dia 22 antecipou‐se a Ceia de Natal dos utentes, num jantar que contou com a presença da maioria dos órgãos sociais da Misericórdia. Nessa mesma noite foram também distribuídos presentes a todos os idosos da Misericórdia.

OBRIGADO REBOPORT! Este ano a empresa Reboport – Sociedade Portuguesa de Reboques Marítimos, S.A. asso‐ ciou‐se à Santa Casa Misericórdia de Sines nas comemorações de Natal. Assim, no dia 19 de Dezembro os colaboradores desta empresa assistiram à Festa de Natal da Santa Casa e trouxeram um presente simbólico para todos os utentes. Além disso, a Reboport ofereceu também material desportivo para as aulas de ginástica dos idosos e patrocinou o lanche de Natal e a actuação do ilusionista Mário Ribeiro. A Reboport existe desde 2002, está sediada em Sines e é a empresa concessionária do serviço de reboques e amarração de navios no Porto de Sines, contando nos quadros com cerca de 60 trabalhadores. A Reboport opera 24 horas por dia e está certificada pela norma de qualidade ISO 9001‐2008.  5


RENASCER

b o l e t im in fo r mat iv o

Âncora” foram mesmo convidados a decorar, de for‐ ma personalizada, a árvore de natal da Refinaria de Sines. 

As celebrações natalícias terminaram dia 7 de Janeiro, com a comemoração do Dia de Reis. Nesse dia um grupo de utentes da Misericórdia cantou as Janeiras em vários espaços comerciais da cidade, anunciando o nascimento de Jesus e desejando a todos Um Feliz Ano Novo. No final realizou‐se um lanche especial proporcionado pelas ofertas dos comerciantes. As restantes valências da Misericórdia, Lar “A Âncora”, C.A.V. “Mãe Sol”, C.A.T. “Porto D’Abrigo” e Infantário “Capuchinho Vermelho” também comemoraram o Natal com algumas iniciativas pontuais nas respecti‐ vas instalações. Organizaram‐se jantares, distribuição de presentes e pequenas festas. Os meninos do Lar “A PUB

6

AGRADECIMENTO A Misericórdia agradece também a todos os que ajuda‐ ram a Instituição nesta época natalícia, nomeadamen‐ te, J. P. Ferreira, Talho Romão, Frutas Barata, Padaria Lino da Silva, Makro ‐ Cash and Carry, Aviludo ‐ Indús‐ tria e Comércio de Produtos Alimentares, Higisines ‐ Produtos de Higiene e Limpeza, Anceral ‐ Comércio de Sistemas de Higiene, Panificadora de Santo André, Administração do Porto de Sines e Repsol YPF. 


RENASCER

b o l e t im in fo r mat iv o

3 ANOS DE MANDATO Ao longo dos últimos 3 anos os órgãos sociais da Misericórdia concretiza‐ ram várias medidas com o objectivo principal de melhorar a qualidade dos serviços prestados pela Instituição. Assim, foram reestruturados e centrali‐ zados alguns serviços, passando a existir uma maior delegação de pode‐ res nos seus responsáveis. Em simultâneo todos os serviços foram informati‐ zados, privilegiando‐se a comunicação digital e foi implementado o registo biométrico. Os colabora‐ dores da Instituição tive‐ ram direito a novo farda‐ mento, acesso a acções de formação especializadas e a cuidados de saúde a bai‐ xo custo. Na Instituição foram tam‐ bém criados novos servi‐ ços, entre eles o Gabinete de Psicologia, o Serviço de Fisioterapia, o Serviço de Saúde, a Farmácia Interna e o Banco de Voluntaria‐ do. Os órgãos sociais apostaram ainda na cria‐

ção da Loja Social “Sinergia Solidária”, do Serviço de Teleassistência e da Cantina Social. O sector das compras/ foi aprovisionamento outra das grandes apostas destes corpos gerentes, com o objectivo de renta‐ bilizar investimentos, e de renegociar e implementar a utilização de novos pro‐ dutos, que permitem

Rouparia foram remodela‐ dos e foram feitas melho‐ rias no Salão Social de modo a colmatar deficiên‐ cias acústicas. O Infantário “Capuchinho Vermelho” mudou de instalações, funcionando agora no Edi‐ fício Ancorope, tendo em vista a construção do “Prats Sénior”, um novo equipamento com capaci‐ dade para no máximo 80

Obras do Lar Prats Sénior (Janeiro de 2013)

maior conforto aos que residem na Instituição. Em termos de infra‐ estruturas, verificou‐se a mudança de instalações do Centro de Dia. A cozi‐ nha, o refeitório do Lar Prats e a Lavandaria/

to foi inaugurada a Galeria de Provedores, foi lançado o Livro de Mérito da Insti‐ tuição e instituiu‐se a homenagem a todas as funcionárias que comple‐ tem 25 anos de serviço. Foi ainda relançado o Boletim Informativo “Renascer”, publicado tri‐ mestralmente, e a Miseri‐ córdia criou um programa de rádio, emitido sema‐ nalmente na Rádio Sines. No funcionamento diário da Instituição verificou‐se uma aposta na humaniza‐ ção dos cuidados e uma maior dinâmica a nível das actividades lúdicas e de entretenimento, que envolvem agora outras entidades, bem como 2 a comunidade em geral. A higiene e segurança tam‐ bém não foram esqueci‐ das, verificando‐se uma aposta na sinalização, na criação de saídas de emergência e na criação de um projecto de Segu‐ rança Contra Incêndios. 

utentes. Além de tudo isto, foram também exe‐ cutadas pequenas obras de melhoramento no Lar “A Âncora”, e nos Centros “Porto D’Abrigo” e “Mãe Sol”. Durante o último manda‐

Espaço Informativo da Santa Casa da Misericórdia de Sines na Rádio Sines

TERÇAS-FEIRAS 11:15 | SEXTAS-FEIRAS 15:40 | DOMINGOS depois das 09:00 7


RENASCER

b o l e t im in fo r mat iv o

Á CONVERSA COM... António Francisco

António Francisco, de 93 anos, nasceu no dia 9 de Abril nos arredores de Sines, mais precisamente na Casa dos Pinheiros, situada no lugar da Gamela. Decorria então o ano de 1919 e António Francisco veio fazer parte de uma família de gentes do campo que, segundo ele, habitava uma casa grande, apesar de ter apenas três divisões. Em redor da casa, o que não faltava, era terreno para cultivar. A infância de António, passada junto das irmãs, 8

tios e avós, ficou desde logo marcada por duas perdas: «O meu pai mor‐ reu quando eu tinha 6 meses e a minha mãe, infelizmente, também faleceu cedo demais, quando eu tinha 6 anos. A partir daí, eu e as minhas irmãs, fomos criados pelos nossos tios.» Antó‐ nio Francisco era o mais novo dos quatro irmãos e, apesar de tudo, mante‐ ve o contacto com as suas três irmãs. «Os tios com quem fui viver moravam perto da casa dos meus pais assim como da nossa

restante família, o que fez com que mantivesse o contacto com as minhas irmãs. Os meus tios tra‐ balhavam muito, tinham sempre que fazer, mas tratavam‐me bem. Nem me lembro de se terem zangado comigo uma úni‐ ca vez, apesar da minha tia ser ‘malina’. Por volta dos meus seis anos, altu‐ ra em que fui viver com eles, ocupava o tempo com algumas brincadei‐ ras e a fazer qualquer “mandado” que fosse necessário.» Aos 13 anos António Francisco come‐

çou a trabalhar como “gente grande”, mas ain‐ da assim os tios deram‐ lhe a oportunidade de aprender a ler e a escre‐ ver. «Aos 13 anos entre‐ garam‐me dois bois para trabalhar. Foi uma tarefa complicada para mim porque os animais não eram mansos, mas com ajuda de uns criados dei conta do recado e não tardou muito, os bois estavam capazes de lavrar. E apesar de ter começado a trabalhar cedo, os meus tios permi‐ tiram que aprendesse a


RENASCER

ler e a escrever. Ia um professor lá a casa que me ensinava. Á escola não fui porque não havia nenhuma lá perto e naquele tempo tínhamos que ajudar a família. Já em adulto, quando fui trabalhar para perto de uma oficina em Santiago do Cacém, é que treinei a minha leitura e a minha escrita. Todos os dias lia lá o jornal.» Aos 23 anos António Francisco casou, apesar de, segundo ele, ter namorado pouco. «A minha mulher era 6 anos mais nova que eu e mora‐ va também nos arredores de Sines. Conheci‐a nos

b o l e t im in fo r mat iv o

namoro, mas tens de ir a minha casa!’ Assim fiz, depois disso, casámos com direito a festa e tudo, e acabámos por ficar jun‐ tos mais de 60 anos. E não tenho dúvidas em dizer que foi um casa‐ mento feliz. Apesar da minha mulher ter assim um ‘bocadinho de génio’, entendemo‐nos sempre bem.» Um ano depois de casar e já com um filho pequeno, António foi viver para a Ribeira da Azenha, no concelho de Odemira, e por lá se man‐ teve cerca de 16 anos. «Na Ribeira da Azenha trabalhava igualmente no campo. Semeava trigo,

António Francisco na companhia de outros utentes da Santa Casa

bailes através de um cunhado meu. Quando a pedi em namoro ela acei‐ tou, mas disse‐me logo ‘aceito o teu pedido de

milho e tudo o que fosse preciso. Semeava para o gasto da casa e se sobras‐ se alguma coisa, vendia. A minha esposa era dona

António Francisco em pequeno

de casa e como a nossa fazenda tinha um pouco de cortiça, posso dizer que vivíamos bem e até tínhamos uma criada, para nos ajudar.» Com cerca de 40 anos, António e a família deixa‐ ram a Ribeira da Azenha com o principal propósito de permitir que o seu úni‐ co filho tivesse um acesso facilitado à escola. «Na Ribeira da Azenha era mais difícil para o meu filho seguir os estudos, por isso optámos por vir morar para Santiago do Cacém, mas nunca perdi o contacto com a Ribeira da Azenha.» Para tal, foi fundamental a carta de condução. «Tirei a carta de condução antes de fazer 40 anos e por isso estive um mês em Lisboa. Só lá é que se tirava a carta. Lembro‐me que

naquela altura muito pouca gente tinha carta e carro. Eu conduzi até ter perto de 90 anos e posso dizer que me safei sempre bem. Era bom condutor e nunca tive nenhum aci‐ dente. Se calhar se hoje fosse experimentar, acho que ainda conseguia con‐ duzir.» Dos tempos de antiga‐ mente António Francisco recorda os bailes, algu‐ mas festas e um jeito diferente de viver. «No outro tempo, os bailes eram feitos nos montes. Arranjava‐se alguém para tocar, vendia‐se café, aguardente e vinho e a malta divertia‐se. Mas isto era mais no Verão, porque no Inverno o serão passava‐se ‘de roda do lume’! Era também um hábito vir todos os anos à Festa da Senhora das Salas. A minha tia fazia questão, ou não fosse o nome dela Maria das Salas. Eram outros tem‐ pos, as pessoas eram mais amigas umas das outras e havia mais convi‐ vência. Hoje já quase nem se diz bom dia a quem passa por nós. E além dis‐ so, vivia‐se sem grandes mordomias. Criávamos porcos e galinhas, e na maior parte das ocasiões 9


RENASCER

b o l e t im in fo r mat iv o

comíamos papas à refei‐ ção.» Apesar de reconhe‐ cer que os tempos de hoje são muito diferen‐ tes, a saudade não faz parte do seu estado de espírito. «Ter saudade para quê? Não posso mudar as coisas, nem ficar mais novo. A única coisa que sinto falta é dos tempos de lavoura. Fazia esse trabalho com gos‐ to.» Ao longo da conversa a memória nem sempre ajudou António Francisco, que ainda assim passou em revista 93 anos de existência. Além da histó‐ ria de vida até aqui des‐ crita, as lembranças per‐ mitiram recordar os jogos às escondidas, as vindas a Sines para ‘beber um copo’, o facto de ter tido a possibilidade de ajudar alguns pobres e o traba‐ lho duro e nem sempre recompensado devida‐ mente. António Trabalha‐ va durante 6 dias por semana, sem direito a férias. Talvez por isso, quando questionado PUB

10

criado que trabalhavam com ele, por isso sobrava pouco trabalho para mim. Foi um belo ano, em que deu para descansar.» Actualmente António

casa há cerca de 3 anos e o ter ficado viúvo foi um factor determinante nes‐ ta opção. «Fiquei muito triste quando enviuvei, principalmente porque pensei que a minha mulher não estava assim tão doente. Achava que ela ainda ia viver alguns anos. Depois da minha esposa falecer vivi com o meu filho durante 6 anos até que decidimos a minha vinda para cá. Não estava mal em casa, mas andava esmorecido. Aqui também gosto de estar, não tenho razão nenhu‐ ma das funcionárias, brin‐ co com elas, dou as minhas voltinhas e de vez em quando participo nas actividades da casa. Só é mais aborrecido quando chove, porque não se pode sair.» Sobre o futuro António Francisco hesita, e não sabe bem o que dizer, apenas deseja que António Francisco na companhia da irmã tudo corra como até aqui, esse tenha sido o melhor Francisco reside no Lar que todos o tratem bem, ano da minha vida. O Prats da Santa Casa da tal como ele trata toda a meu sogro tinha lavoura, Misericórdia de Sines. gente.  mas tinha um filho e um Esta passou a ser a sua

sobre as boas recorda‐ ções da sua vida respon‐ de, divertido, que foi o ano em que casou. «No ano do meu casamento trabalhei pouco e talvez


RENASCER

b o l e t im in fo r mat iv o

PUB

11


RENASCER

b o l e t im in fo r mat iv o

BREVES

DIA INTERNACIONAL DO VOLUNTARIADO No dia 5 de Dezembro comemora‐se o Dia Internacional do Voluntariado. A Misericórdia de Sines, com o seu Banco de Voluntariado em funcionamento desde 2011, assinalou a data no dia 8 de Dezembro, com a actuação do grupo de música popular “Falta Um”. Este grupo, com cerca de 10 elementos, actuou na Instituição de forma voluntária e presenteou os utentes com várias músicas tradicionais, grande parte delas de tradição alentejana. Os voluntários da Misericórdia também estiveram pre‐ sentes neste pequeno concerto, que terminou com um lanche convívio entre todos os presentes. Actualmente integram o Banco de Voluntariado da Mise‐

ricórdia 25 elementos, que colaboram em diferentes actividades e em diferentes sectores, entre os quais, a animação sociocultural, a Loja Social ou o Infantário “Capuchinho Vermelho”. 

VISITA DO PARTIDO SOCIALISTA No dia 10 de Novembro, a Comissão Política Concelhia do PS Sines reuniu com a Mesa Administrativa e alguns técnicos da Instituição. Foi feita a caracterização da instituição e das suas diferentes valências, apresentados os principais projectos e dificuldades. Através desta visita, foi possível à Concelhia Local do PS o contacto directo com a realidade da Santa Casa, que desempenha um papel importante no apoio a quem mais necessita. Foi também ocasião para o grupo visitar alguns dos Lares e dar a conhecer o andamento da obra do “Prats Sénior”, o novo lar de idosos da Santa Casa da Misericórdia de Sines. 

Informações Úteis SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SINES

Acção Social (Lares, Centro de Dia, Apoio Domiciliário)

Avenida 25 de Abril, n.º 2 Apartado 333 7520‐107 SINES Site: www.scmsines.org Email: scmsines@mail.telepac.pt

Tel. 269630460 | Fax. 269630469 Email: social.scmsines@mail.telepac.pt Horário de Atendimento: 09h00‐13h00 | 14h00‐17h00

Provedoria Tel. 269630462 | Fax. 269630469 Email: provedoria.scmsines@mail.telepac.pt Horário de Atendimento: 09h00‐13h00 | 14h00‐16h00

Secretaria Tel. 269630460 | Fax. 269630469 Email: secretaria.scmsines@mail.telepac.pt Horário de Atendimento: 09h00‐13h00 | 14h00‐16h00

12

Infantário “Capuchinho Vermelho” Telem. 967825287 Email: infantario.scmsines@mail.telepac.pt Horário de Funcionamento: 07h45‐19h45

Outros Contactos: Animação: animacao.scmsines@mail.telepac.pt Gabinete de Informação: gab‐info.scmsines@mail.telepac.pt Gabinete de Psicologia: gab‐psico.scmsines@mail.telepac.pt Recursos Humanos: rh.scmsines@mail.telepac.pt


RENASCER

b o l e t im in fo r mat iv o

CANTINA SOCIAL ENTRA EM FUNCIONAMENTO ção de refeições a indiví‐ idosos com baixos rendi‐ A Cantina Social da Mise‐ duos ou famílias caren‐ mentos, famílias expos‐ ricórdia

surgiu

na

ciadas, de forma gratuita tas ao fenómeno do sequência de um progra‐ ou mediante o pagamen‐ desemprego

ou

com ma de emergência ali‐

to de um valor simbólico filhos a cargo e pessoas mentar protocolado e que pode ir, no máximo, com deficiência ou com comparticipado até 1 euro por refeição.

pelo

dificuldade em ingressar Governo, que se renova

pelo Como forma de apoiar Actualmente a Misericór‐ no mercado de trabalho. sucessivamente situações de carência ali‐ dia apoia 25 utentes atra‐ Considerando algumas período de um ano. Este que novo projecto foi concre‐ mentar urgentes, a Santa vés da Cantina Social, particularidades Casa da Misericórdia de prevendo‐se que este atingem os novos pobres tizado sem qualquer Sines tem em funciona‐ número possa aumentar e para acautelar a sua investimento, maximizan‐ mento desde início de a curto prazo. Os benefi‐ privacidade, as refeições do‐se assim os recursos Cantina ciários da Cantina Social são disponibilizadas para existentes na Misericór‐ Social. Este novo serviço têm entre 25 e 60 anos, e consumo no domicílio dia.

Novembro

a

consiste na disponibiliza‐ são

preferencialmente dos beneficiários.

PARTICIPAÇÃO EM TORNEIO DE BOCCIA Dia 3 de Dezembro a Cinco utentes participa‐ sentar numa prova des‐ O objectivo do Boccia é Federação Portuguesa de ram no torneio, por equi‐ portiva, dando assim a colocar as bolas de cor o Desporto para Pessoas pas e a nível individual, oportunidade aos uten‐ mais perto possível de com Deficiência organi‐ concorrendo com atletas tes de demonstrarem uma bola alvo, que é lan‐ zou na FIL, em Lisboa, a de outras Misericórdias. aquilo

que

treinam çada

estrategicamente

final do Torneio de Boc‐

no início do jogo. Não

cia Sénior da Área Metro‐

existe limite de idade

politana daquela cidade.

para a prática desta

Integrado nas comemo‐

modalidade, tratando‐se

rações do Ano Europeu

de um jogo misto que

do Envelhecimento Acti‐

pode ser jogado por pes‐

vo e da Solidariedade

soas portadoras ou não

entre Gerações, este tor‐

de dificuldades físicas ou

neio contou com a parti‐

motoras. 

cipação de atletas de 14 municípios, entre eles o

Os idosos da Santa Casa em competição

de Sines, através de Foi a primeira vez que a semanalmente na Insti‐ representantes da Santa Santa Casa da Misericór‐ tuição. Casa da Misericórdia. dia de Sines se fez repre‐ 13


b o l e t im in fo r mat iv o

RENASCER

II CONCERTO “SANTA CAUSA” No dia 23 de Novembro realizou‐se dente na região, foi a convidada últimos tempos tem cativado no Salão Social da Misericórdia o II especial deste concerto, tendo novos elementos. Concerto “Santa Causa” organiza‐ apresentado ao público algumas Habitualmente o Grupo Coral da do com o objectivo de divulgar o das suas músicas que fizeram Misericórdia de Sines interpreta trabalho desenvolvido semanal‐ sucesso ao longo de mais de 30 músicas tradicionais, a maior parte mente pelo Grupo Coral da Insti‐ anos de carreira. delas com raízes alentejanas. Do tuição. Á semelhança do que acon‐ O Grupo Coral da Misericórdia seu repertório fazem parte can‐ teceu o ano passado, este concerto existe desde 1992 e desde Outu‐ ções alusivas a Sines e outras reti‐ contou com a participação da psi‐ bro de 2011 que ensaia com regu‐ radas do Cancioneiro Alentejano. cóloga Eva Zambujo e de Elisa Gal‐ laridade, às sextas‐feiras à tarde, Ocasionalmente, o Grupo Coral vão, antiga estagiária da Institui‐ sob orientação de Eva Zambujo. interpreta outro género de músi‐ ção. Actualmente, cerca de 25 pessoas cas, até mesmo algumas delas Maria Alice, cantora popular resi‐ compõem o Grupo Coral, que nos escritas na língua inglesa. 

14


RENASCER

b o l e t im in fo r mat iv o

VOLUNTÁRIOS DA POLÓNIA NOVAMENTE NA SANTA CASA Entre dia 8 e 27 de Outubro, duas nitário “Carnation”. Este projecto associados do Prosas e dos utentes voluntárias polacas estiveram na promove o voluntariado sénior e da Misericórdia de Sines. Estiveram Santa Casa da Misericórdia de insere‐se num programa mais vas‐ envolvidos nesta actividade não só Sines a desenvolver actividades de to, denominado “Grundtvig – Pro‐ os idosos dos lares e centro de dia, trabalhos manuais com os utentes. mover a Educação ao Longo da mas também as crianças do Lar de À Semelhança do que aconteceu Vida”. O objectivo deste programa Rapazes “A Âncora”. Durante o em Julho último, estas voluntárias é cuidar afectivamente de pessoas tempo que estiveram em Sines as vieram a Portugal ao abrigo de debilitadas ou carenciadas e foi voluntárias ensinaram os utentes uma parceria com a Associação exactamente isso que as voluntá‐ da Santa Casa a fazer decorações e Prosas – Universidade Sénior de rias fizeram durante as 3 semanas postais de Natal.  Sines, que integra o projecto comu‐ que estiveram em Sines, junto dos

As voluntárias polacas e os utentes da Santa Casa

PUB

MATERIAL MÉDICO-HOSPITALAR, LDA. Rossio da Estação, nº 11 7940-196 Cuba Telf.: 284 41 41 39 Fax: 284 41 41 67 Contribuinte nº 503 841 455 E-mail: geral@alquimed.pt

15


RENASCER

b o l e t im in fo r mat iv o PUB

EMPRESA DE CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA

Actuação em todo o território nacional e ilhas.

CPU Energia e Ambiente, Lda. Av 24 de Julho, 50 ‐ 1200‐868 Lisboa Tel: 21 393 90 10 Fax: 21 393 90 40 Email: cpuenergia@cpu.pt Website: www.cpu.pt

CEMETRA

Centro de Medicina do Trabalho da Área de Sines Rua Júlio Gomes da Silva, n.º 15  7520‐219 SINES Tel.: 269633014  Fax: 269633015 E‐mail: cemetra@netvisao.pt Site: www.cemetra.pt

AGRADECIMENTO

O “Renascer” agradece a todos os patrocinadores e amigos que contribuíram para que este meio de comunicação da nossa Instituição se tornasse uma realidade. Uma vez que é nosso objectivo melhorar gradualmente a forma e os conteúdos deste boletim informati‐ vo, assim como aumentar a sua tiragem e, consequentemente, divulgá‐lo junto de um público cada vez mais vasto, revela‐se de grande importância o apoio destes e de outros patrocinadores. Obrigada por nos ajudarem a sermos melhores! 16


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.