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DE VEZ EM QUANDO FAZ BEM MEXER NO TIME QUE TÁ GANHADO
De vez em quando faz bem mexer no time que tá ganhando
Por Isadora Holanda
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Bem, vou começar do início, sempre gostei de ler livros de preferência com conteúdo de autoajuda, romance fantasia e poesias. Então, dificilmente consigo romper esse estilo de gosto e acabo seguindo sempre esse mesmo ciclo quando decido comprar um livro. Para falar a verdade, não gosto muito de mudanças, pelo contrário, adoro uma rotina. E uma simples ideia de uma programação inesperada durante minha semana já se torna o suficiente para me deixar incomodada, afinal nunca gostei de surpresas.
Voltando ao assunto de comprar um livro, o que também é raro, pois já tenho muitos e com o tempo perdi a vontade de gastar dinheiro com eles. Normalmente, troco os que eu tenho por outros livros, entre os meus amigos ou conhecidos.
Mas quando se tratou dos livros de Colleen Hoover foi diferente. Descobri essa autora através das redes sociais (tik tok) durante a Pandemia do Covid-19, seus livros são voltados para um público principalmente adulto envolvendo romance, ficção e sexualidade. Porém, eles vão além disso. Algumas de suas obras trazem debate a violência doméstica, conflitos de identidade, abuso psicológico e depressão. Então, como falei no início do texto, esse estilo de literatura não me agrada. Pois acredito que já enfrentamos guerras particulares o suficiente, então porque escolher ler sobre esses tipos de assuntos?
Era assim que eu pensava, mas tudo mudou quando comecei a estagiar em novembro de 2021. Estava na segunda semana do estágio, quando vi um livro em cima da mesa com o seguinte título: Todas as Suas (im)perfeições de Colleen Hoover, olhei para o relógio, era 07:15, cedo demais, então peguei o livro e comecei a ler só pelo tédio do horário. Quando deu 08:00 horas, eu já estava bastante envolvida com a história, bati meu ponto e perguntei quem era a dona do livro, me falaram que era uma estagiária de Direito e que ela estava de atestado já tinha alguns dias. Então, peguei o livro e levei para minha sala e lá pelo fato de ser um órgão público, normalmente, os dias são calmos.
O livro Todas as suas Imperfeições, da autora Colleen Hoover. Foto: Brenda Loayne/Arquivo Pessoal.
Já era 13:00 da tarde, quando eu estava na metade do livro, fiquei fascinada com a história, com os cenários das personagens e com a sensibilidade da autora; enfim com tudo. A maneira como ela descreve as sensações dos personagens simplesmente causa uma identificação tamanha, para quem já passou ou conviveu com algo parecido. Especialmente nesse livro ela foca no sentimento e como ele é capaz de sufocar e matar as relações, principalmente pela falta de comunicação e sinceridade, evidenciando que só o “gostar” pode não ser o suficiente.
Assim, cheguei à conclusão que é importante falar ou ler sobre esses assuntos. E que eles são apenas feridas, que foram envolvidas com curativos mal feitos, e a gente não sabe como fazer para isso cicatrizar logo. Então, vejo nos livros da Colleen esse apoio e conhecimento sobre essas trocas de vínculos, além de empatia para diversos tipos de relações. Concluindo, fiquei vidrada e levei o livro para casa, posso afirmar que furtei o livro, pois não pedi permissão e me confie que a dona não iria voltar tão cedo, pelo menos não naquele dia.
A quinta- feira passou voando e na sexta pela manhã já estava indo novamente para o estágio. Só faltava umas 5 páginas para saber o final da história, cheguei 07:15 como sempre e infelizmente a dona do livro já estava lá. Fiquei tão sem graça e botei o livro no mesmo lugar e em seguida fui ao seu encontro. Evidente que ela não gostou, não éramos e ainda não somos amigas, além disso é notável que ela vive totalmente no mundo dela, é dona de uma personalidade séria, e anda quase sempre com a cara trancada. Bom e eu peguei algo que lhe pertencia sem seu o consentimento.
Perguntei do seu estado físico, devido ao seu atestado médico e ela foi bem breve na explicação, falei que o livro era muito bom e me surpreendi com a autora, ela sorriu seco e saiu da sala. Então ficou na cara que ela não
iria me emprestar esse livro, já tinha trocado mensagens com algumas pessoas sobre esse livro, mas ninguém do meu ciclo tinha. Sendo assim, joguei para os meus amigos e incentivei os três a lerem, não só o que eu li, mas outros livros dessa autora também, pois imaginei que eles iriam gostar e se identificar tanto quanto eu.
E foi o que aconteceu. Normalmente eles são muito ocupados, pois sua profissões são bastante sobrecarregadas. Aliás aqui se trata de um professor de ensino médio, uma médica em residência e uma engenheira civil. Mas para o azar ou sorte deles, os três estavam de férias, e eu como uma pessoa insistente que sou, incentivei minha amiga engenheira a comprar um Box da Colleen, assim deu para cada um escolher um livro da autora e tirarem suas próprias conclusões.
“Eu não achei nada demais, já li até outros livros com essa mesma pegada também, mas devo reconhecer que em uma parte especifica naquele lá (Livro: é assim que acaba ) que fiquei chocado, como pode a gente ser manipulado e pensar que estamos totalmente no controle da relação ?! Foi assim que me senti quando pensava que estava agindo de acordo com a tal situação, quando na verdade eu estava fazendo totalmente o desejo da outra pessoa, e nem me toquei disso na época. Esse livro retrata muito bem esse sentimento de posse, manipulação, em
troca de valores contraditórios.” — Lucca Guilherme
“Já tinha visto falarem dessa autora e só comecei a ler apenas por indicação. Eu só li um livro dela ( Livro: se não fosse você) e acabei gostando bastante, acho fundamental essa junção de realidade e fantasia que ela coloca nas relações pessoais. Tipo, fantasiar já é bom, e quando junta com uma realidade torna a trama muito mais emocionante, pois somos imperfeitos e a graça está justamente nisso de apreender e investir em uma relação apesar dos pesares.” — Maria Letícia
“Essa autora está muita em alta e me chamou atenção o fato dela está tendo muito reconhecimento no Brasil. Seus livros estão entre os mais vendidos, tanto nas livraria virtuais, como nas físicas. Então, eu decidi comprar um box dela, e eu gostei muito. Eu acho ela uma escritora fantástica, ela sabe abordar temas muito importantes de uma forma que oriente, ensine e consequentemente faça a pessoa ter uma visão daquela história de um outro
ponto de vista.” — Brenda Loyane.
Não preciso falar que virei fã né? Se não fosse da maneira que aconteceu é quase certeza que nunca me interessaria em ler esses livros. Entretanto, tive essa oportunidade que me fez repensar que, de vez em quando faz bem sair da nossa bolha, só de vez em quando. Ah, e sim eu consegui terminar de ler o livro “emprestado” Oxente!

Coleção de livros autora. Foto: Brenda Loayne/Arquivo Pessoal.
da mesma forma inusitada que comecei. Em uma Livraria famosa do Shopping Rio Poty, na qual eu pedi o livro para uma vendedora e ela apenas me observou, disfarcei ao máximo, que deu até para eu conseguir ler as últimas páginas. Afinal, eu dificilmente compro livros, eu os troco. Um pouco sobre Colleen Hoover
Pelo fato de Colleen escrever sobre os mais variados tipos de relacionamentos, deduzi que sua vida amorosa devia ter sido muito agitada. E em consequência, fosse uma pessoa muito vivida nesse quesito. Mas, a verdade é que durante toda sua vida ela só teve um namorado e ainda o conheceu no ensino médio, aos seus 20 anos. Com qual se casou e teve três filhos.
Ela é uma pessoa que se mostra ser muito prática e despachada em suas atitudes. Já declarou que não firma contratos com prazos rígidos ou com data fixa para as publicações de seus livros. Pois, afirma que só escreve quando está inspirada. Assim, podendo escrever 16 páginas em uma semana ou simplesmente não escrever nada durante meses, dependendo exclusivamente do seu humor.
Suas histórias já me surpreenderam bastante. Pois tem três livros específicos que já li, onde ela mudou totalmente o destino de seus personagens. E isso ela justificou em uma de suas poucas entrevistas: “Honestamente, eu simplesmente amo tentar adivinhar o final de livros e filmes, fiz isso durante toda minha vida. E quando estou escrevendo, eu meio que coloco isso em jogo e tento adivinhar para onde os leitores podem ir e, então eu vou na direção completamente oposta ”
Ela também não é muito de demonstrar suas emoções. Visto que, em algumas de suas entrevistas, ela chegou a se definir como uma pessoa bastante racional, um pouco fria e nem pouco sentimental no seu cotidiano. Apesar de seus livros possuir excessos de sensibilidade e emoção.

A autora Colleen Hoover. Foto: Reprodução/Internet.
Isso, me fez procurar seu signo, e descobri que ela é sagitariana, o que normalmente significa pessoas “calorosas”. Pois é um signo do elemento fogo e o que não falta nele é emoções a flor da pele. Aliás, na maioria das vezes o que predomina nesse signo é o extremo de sensações, mas neutralidade jamais. Digo isso, pois meus melhores amigos são sagitarianos e minha Lua (segundo o mapa astral, lua representa os sentimentos, os instintos, a maneira como se reage diante das situações da vida) também é em sagitário, então posso dizer que sou familiarizada com esse assunto.
Agora parando para pensar, eu não sei como a definir porque eu achei ela uma pessoa sensível e emotiva durante suas entrevistas. Não acho que ela seja da maneira que se descreveu. Talvez fazendo seu mapa astral, sua lua pode ser em aquário (signo racional, frio e calculista).
Hoover chegou a trabalhar como professora por um tempo, mas é formada em Serviço Social pela Universidade de Texas A&MCommerce, ela declarou que seu trabalho ajudou muito a criar suas narrativas. Agora sim, entendo como ela tem inspiração para criar
tantas histórias, pois essa área de serviço social é comprometida com as necessidades da sociedade. E isso permite uma gama de conhecimento sobre diversas vivências. Me identifico mais uma vez com ela, porque já trabalhei um tempo com atendimento ao público, e foi uma experiência cansativa, mas ao mesmo tempo revigorante, pois tive a oportunidade de aprender a valorizar cada fase da minha vida. Porém, Collen Hoover parou de trabalhar com esse serviço e se dedicou totalmente a escrita em janeiro de 2012, e atualmente vive no Texas com sua família. “Quero que lembre quem você é, apesar de todas as coisas ruins que estão acontecendo com você. Porque essas coisas ruins não são você. São apenas coisas ruins que aconteceram com você.’’ — Colleen Hoover