N Edição especial Política - Set 22

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N revista_digital edição setembro_2022 ESPECIAL POLÍTICA MOBILIDADE URBANAPAULO GUSTAVO FERNANDA YOUNG DESAFIOS E SOLUÇÕES Nesses tempos sombrios, em três anos Niterói perde duas de suas mais potentes vozes Moeda Social Banco de Alimentos Candidatos a Deputados por Niterói dizem o que farão pela cidade +

EDIT ORIAL

POLÍTICA É EDUCAÇÃO. É Saúde, Esporte, Economia, Transporte, etc. Po lítica é tudo. Mas é, acima de tudo, Social. São as políticas públicas que definem o presente e o futuro de um país, de um estado, de uma cidade, de um bairro. O maior desafio político é unir todas esses tópicos em tor no do Social, que é de onde sai o verdadeiro crescimento de uma nação. Educar, combater a fome, oferecer saúde decente, deveria ser a tríade de todo e qualquer governo. Isso se faz com uma economia forte. A batalha é grande, o desafio é gigante. Política se faz no dia a dia, no corpo a corpo, nas redes sociais e nas ruas. Nesses tempos sombrios, onde somos desgo vernados por uma gente aloprada, desumana, cruel e nada burra (apesar de gostarem de parecer estúpidos, não estariam onde estão se não fossem no mínimo espertos), Niterói perdeu, em três anos, duas de suas vozes mais importantes, Paulo Gustavo e Fernanda Young. Mas elegeu mulheres fortes como Talíria Petrone e Benny Briolly, para lutar contra a insanidade que tomou conta de cidades, de estados e do país. A cidade, que já foi a primeira em qualidade de vida do Brasil, vem perdendo postos por causa da mobilidade urbana, cada vez pior. Mas cria sua moeda social e cuida da alimentação do seu povo. Falta avançar na Educação. Porque toda e qualquer política que se quer verdadeira começa por ela, a Educação. Mas nunca esque cendo que Educação começa pelos mais necessitados. As sim se constrói um país, um estado, uma nação. Assim se constrói uma cidade.

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Diretor de C onteúdo: Fabiano Reis

Jornalista Responsável: Marcus Menezes

Projeto Gráfico: Folia de Reis

Diretor de conteúdo Fabiano Reis
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PÚBLICAS POR UMA CIDADE ONDE AS POLÍTICAS SEJAM REALMENTE

Lula vence no primeiro turno e Rio deve ter segundo turno entre Freixo e Castro

Últimas pesquisas dão a vitória do candidato do PT, Luis Inácio Lula da Silva no primeiro turno e que no Rio terá segundo turno entre o candidato do PSB Marcelo Freixo e o do PL Claudio Castro.

As últimas pesquisas feitas pelos institutos dão a vitória de Lula no primeiro turno, considerando os votos válidos e a margem de erro. Lula lidera em quase todos os cenários, e o atual presidente vem caindo de posição dia após dia, perdendo votos de indecisos por conta de sua postura agressiva, prin cipalmente com mulheres.

No Estado do Rio de Janeiro, Castro lidera, com Freixo se aproximando conforme as eleições se apro ximam. Não há definição se haverá segundo turno ainda, dada a diferença de votos já declarados, mas tudo indica que até o dia da eleição isso possa mudar.

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Parque Orla Piratininga

Primeiro sistema de jardins filtrantes já está em funcionamento

O PREFEITO DE NITERÓI, AXEL GRAEL, apresentou nesta terça (27) o primeiro sistema de jardins filtrantes do Parque Orla Piratininga Alfredo Sirkis (POP), na Região Oceânica. Além dele, outros dois sistemas estão previstos, totalizando 35 mil m2 de área construída. Os jardins filtram as impurezas das águas pluviais e das três principais bacias hidrográficas que desaguam na Lagoa de Piratininga: Bacia do Rio Cafubá, Bacia do Rio Arrozal e Bacia do Rio Jacaré, devolvendo água de qualidade para a Lagoa de Piratininga.

Com investimentos de R$ 100 milhões da Prefeitura de Niterói, as obras do POP, que integram o Programa Região Oceânica Sustentável (PRO Sustentável), estão entrando na fase final. A previsão é de que sejam to talmente concluídas em maio do ano que vem. De acordo com o prefeito, o parque será um grande presente para a população de Niterói.

Além dos jardins filtrantes, Parque Orla Piratininga Alfredo Sirkis terá quatro píeres de contemplação e seis de pesca, 10.6 km de ciclovia que se integrará ao Sistema Cicloviário da Região Oceânica, 17 áreas de lazer, 3 mirantes e um centro eco cultural voltado para educação ambiental.

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Muro de contenção em Camboinhas causa polêmica

MORADORES, GEÓGRAFOS E FREQUENTADORES são unânimes: a obra na praia de Camboi nhas, onde está sendo construído um muro de 270 metros, que tem como objetivo se tornar um paredão contra ressacas, está sendo feito de forma equivocada, afetando a paisagem cos teira da praia. Os profissionais afirmam que essa contenção poderia ser feita de várias outras formas, e a prefeitura alega ser uma obra emergencial.

Mas uma coisa é certa: nunca se viu tamanha feiúra numa obra pública, principalmente num local paradisíaco.

MOBILIDADE

MOBILIDADE

URBANA

Como a cidade está se preparando para o maior de seus desafios nos próximos anos

OOS RECENSEADORES DO Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estão nas ruas, com seus coletes azuis e considerável saúde para “bater perna”, registrando a população das cida des. No entanto, a última projeção dos técnicos do órgão aponta que Niterói tinha, em 2020, 515.317 habitantes, um crescimento de mais de 6% em dez anos. Parece pouco? Pois vamos aos números: são aproximadamente 32 mil morado res a mais em uma década, disputando espaço em um município, que tem uma área de 129,3 km², quase metade de seu vizinho São Gonçalo e dez vezes menos que a capital, Rio de Janeiro.

A equação do problema é de visualização re lativamente simples: mais gente em espaço pe queno é igual a caos urbano, que significa que da na qualidade de vida, dificuldades de acesso aos instrumentos de suporte público em várias áreas, entre elas Saúde e Educação, além de, é claro, baixa mobilidade. E estamos falando de um município que, ainda de acordo com o IBGE, tinha, em 2021, uma frota de 279.570 veículos. Deste total, 190.018 são carros de passeio, o que

dá um automóvel para 2,7 pessoas. Esses núme ros não levaram em conta os que vêm de cidades vizinhas, mas apenas os emplacados em Niterói.

Portanto, não é surpresa que um morador da Região Oceânica leve, nos horários de pico no trânsito, mais de uma hora para atravessar, por exemplo, os 16 km, que separam o bairro de Itai pu do Centro. Os que vão para a capital levam mais tempo ainda. Sua barreira não é a distância, mas um volume formidável de veículos, que ocu pam as vias, transportando gente com os mais diversos afazeres.

A estudante de Física da Universidade do Es tado do Rio de Janeiro (UERJ), Vitória Martins, 22 anos, enfrenta essa jornada todos os dias. Moradora de Piratininga, pega ônibus para ir à faculdade, que fica no bairro do Maracanã, Zona Norte do Rio, em diversos horários, de acordo com sua grade de disciplinas.

“Há dias, quando há trânsito intenso, que levo mais de duas horas de minha casa à universida de. Há muitos carros na rua, a ampla maioria com uma ou duas pessoas. É um tempo que pro

voca um desgaste físico e psicológico grande. Já chego cansada para estudar”, afirma ela.

Outro fator que influencia diretamente a mo bilidade na cidade é a Ponte Presidente Costa e Silva, mais conhecida como Ponte Rio-Niterói, com seus 14 km e integrante da rodovia BR-101. Acidentes acontecem, diz o dito popular, mas, para os moradores de Niterói, qualquer bloqueio desta via, cujo trânsito médio é de 150 mil veícu los/dia, significa paralisações do escoamento do tráfego, que, dependendo da gravidade da coli são, atropelamento ou qualquer outro incidente, se estendem do Centro até os limites da Zona Sul, chegando às regiões de Charitas e Jurujuba.

Às 6h45 de 21 de outubro de 1997, um gra ve acidente na Ponte Rio-Niterói lembrou aos ni teroienses como suas vidas são impactadas por essa via. Não foi o primeiro e muitos outros acon teceram depois, mas este teve o maior número de feridos da história da via: 96 ao todo. Resul tado da colisão de um caminhão com quatro ôni bus, o evento fechou a ponte por duas horas nos dois sentidos, causando gigantescos congestio namentos de ambos os lados. Mesmo depois de reaberta, as duas cidades interligadas por ela só voltaram à normalidade três horas depois.

“Teve gente que foi andando de Charitas até às bar cas e foi para o Rio pela Baía de Guanabara. Foram pelo menos mais de cinco horas com Niterói toda parada e

depois soubemos que o Rio também”, lembra o ban cário Joaquim Ferreira, 45 anos, morador de Charitas.

Barcas: eis um recurso muito utilizado pelo mo rador de Niterói para fugir dos congestionamentos e chegar à capital pelo trajeto Praça Araribóia/Praça XV. Em 2019, o fluxo médio do modal era de 46.376 passageiros/dia. Com a crise da pandemia do co ronavírus, esse volume despencou para 19.628, em 2020, e teve um reaquecimento em 2021, com 32.256. Ainda assim, seu faturamento ainda é 30% menor que o registrado no período pré-covid-19.

Embora iniciativas governamentais tentem promover um reequilíbrio na operação financeira das barcas – como a da Prefeitura de Niterói, que subsidia a interligação dos linhas de ônibus muni cipais com o transporte marítimo –, a atual con cessionária, a CCR, anunciou que não tem mais interesse em renovar o contrato, que termina em 11 de fevereiro de 2023. A empresa alega inviabi lidade econômica do negócio.

A linha de catamarãs, entre Charitas e a Praça XV, caiu em um abismo maior com a pandemia, segundo a CCR Barcas. Sua média diária de passa geiros era de 6,4 mil. Teve a circulação interrom pida em 2020 e retomou as atividades em 4 de dezembro de 2021, com intervalos de viagens re duzidos e um pouco mais de mil usuários por dia.

Mesmo com todas as dificuldades do trans porte marítimo, é nele que a Federação das In

dústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) acredita estar a solução para uma dramática redução nos congestionamentos, que atin gem a Região Metropolitana, onde está inse rida Niterói. Em 2015, a entidade apresentou estudo de viabilidade para a incrementação de um modelo de novas ligações hidroviárias, que ajudaria, em uma projeção para 2022, a retirar das ruas mais de cem mil veículos por dia, poupando as cidades de engarrafamen tos de 180 km por dia e aos governos e em presas custos de R$ 40 bilhões por ano, cau sados pelo nó urbano.

De acordo com o documento da Firjan, 14 novas ligações de transporte por mar poderiam ser implan tadas entre os eixos da Baía de Guanabara e a Barra da Tijuca, absorvendo 272,4 mil viagens de passagei ros, o que equivale a 100,9 mil carros circulando.

Somente no eixo Baía de Guanabara, que tem quatro linhas, a Firjan propõe 11 novas ligações, que somarão mais de 156 mil viagens de pas sageiros por dia, o suficiente para tirar das ruas 57.800 veículos. Cinco dessas linhas conectam o Rio de Janeiro ao Leste Fluminense; uma a Du que de Caxias, na Baixada Fluminense; quatro às ilhas do Governador e do Fundão; e uma Chari tas a Itaipu, em Niterói.

Implementado, esse sistema diminuiria em R$ 11,2 bilhões, segundo a entidade, o custo anual do setor privado, causado pelo tempo perdido no

trânsito, em especial durante a distribuição de cargas e pela perda de produtividade dos traba lhadores. No entanto, sete anos após sua apre sentação, nenhuma medida para sua realização foi tomada. Ao contrário, o transporte marítimo sofreu densa retração nesse período e o preço das passagens para os usuários só fez aumentar.

“Comprovamos que existe demanda. O que resta para essas propostas saírem do papel é es tratégia de governo para optar por torná-las rea lidade”, analisou Riley Rodrigues, especialista em competitividade industrial e investimentos do Sis tema Firjan, durante a apresentação do estudo.

O projeto da Firjan contempla o que os es tudiosos do urbanismo moderno chamam de conceito de megacidades. Eles veem um mu nicípio como Niterói geograficamente interli gado a seus vizinhos e, consequentemente, à capital. Logo, recebe todos os efeitos do flu xo populacional dessas cidades. Não é inco mum, por exemplo, pacientes de Maricá, São Gonçalo ou do Rio de Janeiro buscarem aten dimento médico nas redes de Saúde pública e privada niteroienses. A recíproca é verda deira, fique bem claro.

Esse fluxo de pessoas é possível atualmente, em larga escala, por carros de passeio – incluin do os do transporte alternativo e táxis – e ôni bus. Mas cabe a esse último modal o maior peso do transporte em massa de passageiros. O Sindi

cato das Empresas de Ônibus (Setrerj), que abran ge as cidades de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Tanguá, anunciava, no período pré-pan demia, 36 milhões de passageiros/mês, de acordo com informações de seu site. Com as medidas de restrição de circulação de pessoas, impostas pelas autoridades públicas, esse volume caiu 70%.

Aos poucos, com a retomada da economia, das aulas e das atividades de lazer, o setor está se recuperando, contudo, ainda há registro de uma queda de 30% no faturamento das empresas, tan to pela redução da quantidade de passageiros, quanto pelo congelamento no valor das passa gens, que durou, de maneira geral, três anos. Pe sou também nas contas das viações os constantes aumentos no preço do óleo diesel, que se tornou o fator de maior peso em seu custo operacional.

A situação tornou-se tão grave, com retirada de linhas de circulação e os reflexos de medida na po pulação, que, em agosto, a 5ª Vara Cível do Tribu nal de Justiça do Rio determinou que seja realizada perícia para calcular os efeitos causados pela pan demia da covid-19 no sistema de transportes de Niterói. Está sendo elaborado um laudo mostran do o prejuízo econômico-financeiro sofrido pelos consórcios, que operam na cidade, Transoceânico e Transnit, durante o período da pandemia.

Niterói criou, em 2012, o seu Plano de Mobili dade Urbana Sustentável (PMUS), que estabeleceu

como objetivo maior de ação da municipalidade a in tegração dos sistemas de mobilidade urbana; e a prio ridade ao transporte público coletivo e incentivo aos modos não motorizados. Estabeleceu o Corredor Tran soceânico, do Centro a Itaipu, via túnel Charitas-Cafubá, incrementou a construção de ciclovias e anunciou, este ano, diante da crise dos ônibus, uma reorganização das linhas e remanejamento de coletivos, com ênfase no re forço de veículos para o Centro da cidade.

Ao mesmo tempo, aumentou a fiscalização na Ave nida Roberto Silveira, em Icaraí, tradicional gargalo na ligação Zona Sul-Centro, impedindo o acesso de car ros de passeio no corredor de ônibus. Iniciou ainda a construção de uma rotatória, na entrada do bairro de Camboinhas, e de duas baias para ônibus, na Avenida Almirante Tamandaré, em Piratininga, com o intuito de melhorar o fluxo do trânsito na Região Oceânica.

Com todas essas medidas, a Prefeitura espera in centivar a volta dos passageiros para os ônibus, pois a diminuição no tempo das viagens estimula o uso do Bilhete Único Municipal, subsidiado pela administração da cidade e que permite aos usuários fazerem duas via gens, pagando apenas uma, desde que o embarque no segundo veículo seja feito em até duas horas. O benefí cio também pode ser obtido na viagem de volta, mas é preciso esperar o intervalo mínimo de três horas.

“Somente com essas alterações, reduzindo trajetos e deixando de fazer viagens com poucos passageiros, va mos conseguir melhorar o atendimento á população”,

Novo acesso Mem de Sá / Miguel de Frias

Ainda assim, representantes do setor de ônibus acreditam que a administração pública, como poder concedente, tenha que promover uma mudança mais aprofundada na área de financiamento das concessio nárias, atualmente baseada quase que exclusivamen te no pagamento das passagens. Citam como exem plo as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Brasília, que adotaram o subsídio por quilometragem rodada para baratear o custo do usuário e assegurar a qualidade do transporte público.

“É preciso tirar os carros das ruas. O investimen to em transporte público, hoje, é essencial para ga rantir a qualidade de vida nas cidades. Aumentar a segurança nos ônibus e nas vias, criar corredores expressos, estabelecer subsídios para baratear as passagens e assegurar a plenitude operacional das viações, isso tudo gera mais empregos e mais aces sibilidade”, assegura o presidente do Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintro nac), Rubens dos Santos Oliveira, representante de uma categoria que viu, em dez anos em sua base, o número de carteiras assinadas despencar de 43 mil para pouco mais de 12 mil.

O Sintronac fez, em 2021, uma pesquisa em alguns dos principais centros urbanos no mundo

acredita o secretário de Urbanismo e Mobilidade de Niterói, Renato Barandier. Nova rotatória entrada de Camboinhas
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FER NANDA

ULO

PA
PA ULO “Rir é um ato de resistência”

FER NANDA

“Unidos, os cafonas fazem passeatas de apoio e protestos a favor. Atacam como hienas e se escondem como ratos”

EM 3 ANOS, NITERÓI PERDE DUAS DAS SUAS PRINCIPAIS

VOZES

ELA POSTOU TIMIDAMENTE EM SUA rede social, pela última vez há três anos, parte da letra de Caetano dizendo: “Onde queres descanso, sou desejo” e estava se dedicando em lançar mais uma obra, segundo registros que, como era de seu estilo, contaria histórias reais através de ficção e mais uma vez provavelmente mexeria com a cabeça do público. Ele bradou aos quatro ventos durante uma pandemia de almas despedaçados pelas perdas, Brasil e mundo afora, que “Rir é um ato de resis tência” , uma frase que vai marcar para sempre o coração dos brasileiros. Seus pla nos sempre transcederam o seu maior sucesso, Minha Mãe é uma Peça . Os projetos estavam fervilhando. Dois rostos que Niterói nunca mais vai esquecer.

EEM COMUM, A ESCRITORA e apresentadora Fernanda Young e o ator Paulo Gustavo têm entre outras coi sas o fato de terem nascido em Niterói, “Cidade Sorriso”. E foi com sorrisos que cada um ao seu modo, com estilo diferentes, mas igualmente irreverentes, que levaram o público a gargalhar em cada obra escrita ou narrada - seja na tv, no cinema, no teatro ou em qualquer local que a imaginação pudesse alcançar .

Em 2022 completou três anos que uma asma levou Fernanda. O niteroiense que acompanhou sua obra, ainda pode bater no peito e se orgulhar da menina que cresceu na cidade, estudou no Centro Educacional e frequentou a Faculdade de Letras na Universidade Federal Fluminense e pela cidade circulou até mudar-se para São Paulo, onde consolidou sua carreira. Dona de declarações controversas, incorporou a cultura pop aos seu visual exótico, tatuado e singular.

Nascida em Niterói, Fernanda estreou como roteirista na Globo em 1995, com a série “A Comédia da Vida Privada”, baseada em textos de Luis Fernando Verissimo, que assinou com o marido Alexandre Machado, seu parceiro em todos os trabalhos na TV. No ano seguinte, ela publicaria seu primeiro romance, “Vergonha dos Pés”, o início de uma carreira de sucesso na literatura que teria ainda mais 13 títulos. Em 2001, veio um dos maiores sucessos da comédia da televisão brasileira: “Os Normais”, série estrelada por Fernanda Torres e

Luis Fernando Guimarães, que ficou no ar até 2003 e ganhou dois longa-metragens. Young foi indicada duas vezes ao prêmio de Melhor Comédia do Emmy Internacional, por “Separação?” e “Como Aproveitar o Fim do Mundo”, que a colocam como uma das filhas mais queridas e famosas de Niterói e que poderá emprestar seu nome a uma sala de concerto que ficará dentro do Cinema Icaraí, que ainda será reformado.

Ele nasceu Paulo Gustavo Amaral Monteiro de Barros, e se eternizou Paulo Gustavo como ator, humorista, comediante, apresentador e defensor de forma singela e pura da relação homoafetiva. Se eternizou como nome de rua tirando de cena o que poderia ser uma associação de lembrança de possíveis torturas como a rua Antiga Moreira César, para um nome que sempre será associado a frase de que “Rir é um ato de resis tência .”

A frase está marcada no coração dos brasileiros e em placa na padaria Beira Mar, um dos locais preferidos dele, que adorava a sopa de queijo do local . A padaria foi mostrada por ele no filme “ Minha mãe é uma peça 2. Toda a trilogia em que Dona Hermínia, inspirada em sua mãe Déa, mostra com amor a cidade onde nasceu e foi criado: Niterói , que foi mostrada aos quatro ventos em recordes de bilheteria .

Sucessos que continuam sendo reprisados como “Vai que Cola”, onde dá vida ao malandro e performático Waldomiro deixam saudade, assim como seu inesquecível Aníbal em “Os Homens são de Marte e é pra lá que eu vou” e “Minha Vida Em Marte”. Sua peça “220 Volts” seguiu o caminho de Dona Hermínia e invadiu as telas, se transformando em um dos grandes sucessos do canal Multishow.

A perda de Paulo foi muito traumática não só pra Niterói, mas para o Brasil inteiro, e virou um símbolo do descaso com que o governo atual tratou a pandemia, sendo talvez a cara de todo o desprezo dado, que teve até deboche de paciente com falta de ar.

Dois gênios que a cidade perde, e que talvez nunca se recupere dessas perdas.

AMIGOS FALAM DE FERNANDA

E DE PAULO

SERVIO TULIO ABELHA, BANDA SAARA SAARA - Conheci Fernanda em 1985. Era a época do Rock in Rio, e nos conhecemos através de amigos em comum. Tinha um bar chamado Touber na Presidente Backer. Lá nos conhecemos e passamos a ter mais amigos em comum. Era o pessoal que ia pro Crepúsculo de Cuba tão, assistia Saara Saara, minha banda. Ela ia a todos os shows e a gente se via praticamente todos os dias. Frequentávamos o velho bar Treco, hoje Novo Ponto. Ali marcávamos para decidir o que faríamos. Também nos encontrávamos na casa um do outro, vendo filmes ou jogando conversa fora. O grupo era de intelectu ais, o pessoal da cultura. Ela começou a despontar como escritora. Fernanda era um furacão. Às vezes saía briga porque todos eram ligados a arte, mas eram brigas e discussões por ponto de vista, depois voltava tudo ao normal. Íamos muito ao cinema da UFF, que era mais nosso perfil. Polemizávamos juntos. Isso nos anos 80 e 90. Ela foi ficando famosa e acabou se mudando. Fernanda dizia que amava Niterói e que a cida de era muito moderna, mas os moradores se comportavam de maneira conservadorae ela odiava isso. Essa era ela. Polêmica e pura energia.

GILBERTO DE GOUMA, PROFESSOR DA UFF, POETA E POLEMIZADOR - A Fernanda é uma explosão de criatividade e ousadia. Digo é, pois um artista é perene, a obra fica. Exatamente esta característica de ver além e por isto contestar tudo o que é autoritário já vinha com ela na época escolar, quando foi expulsa do Centro Educacional de Niterói. E foi ordem direta da diretora. Aliás, temos isto em comum no currículo... expulsão sumária do CEN não por indisciplina, mas por ter a contestação na ponta da língua.

RENATA GUANABARA, COREÓGRAFA - Minha experiência em trabalhar como coreógrafa para Paulo Gus tavo, não poderia ter sido melhor.Tive o privilégio de trabalhar com ele em dois momentos.No Programa 220 volts do Multsshow e na peça On Line.Momentos esses completamente diferentes não só de criação pois TV e Teatro tem processos diferentes como também de vida já que no Programa de TV ele ainda não era tão famoso e na Peça ele já era o fenômeno que conhecemos.

Confesso que no segundo momento eu achei que encontraria um Paulo Gustavo diferente. O filme Minha mãe é uma peça, já tinha explodido em todo Brasil e ele já estava em outro momento da carreira e consequentemente em outro padrão de vida.A verdade é, que era o mesmo Paulo Gustavo de sempre. Divertido, brincalhão, competente e totalmente entregue a sua arte. Era bem impressionante como ele se envolvia em todo o processo de preparação e criação de cada detalhe. Com um olhar atento a tudo e a to dos, tinha sempre alguma idéia criativa para acrescentar e fazer com que nós profissionais melhorássemos em nossas áreas. A equipe era enorme, eu como coreógrafa, diretor, técnico de luz, som, cenário, contra regra, figurino, cabelo e maquiagem, marketing, financeiro éramos só alguns dos profissionais que tivemos

Colhemos depoimentos de pessoas que conviveram de perto com essas duas figuras marcantes da nossa cidade

o prazer e a oportunidade em ouvir suas ideias e conselhos para que o trabalho ficasse ainda melhor.

Ele fazia questão de se envolver em todos os setores e a verdade é que as ideias dele sempre faziam a diferença para melhor. As vezes eram pequenos detalhes, pequenas coisas mas que quando colocadas em prática faziam uma diferença enorme.Ele realmente tinha uma cabeça, um olhar, um pensamento diferen ciado. O ambiente de trabalho era leve com a família sempre presente de forma natural.

A irmã Juliana simplesmente cuidava de tudo. De uma competência extraordinária, eu pude perceber que sem ela nada ia para frente. Muitas vezes quem colocava ordem nos ensaios era ela porque a gente se divertia tanto que nos pegávamos gargalhando com as piadas do Paulo e nos distraíamos. Ou seja, os dois eram simplesmente a dupla perfeita.

Dava para ver como o amor de irmãos, respeito e profissionalismo estavam presentes. A mãe Dea, musa inspiradora e o Thales o amor da sua vida também estavam presentes em alguns ensaios e era sempre bo nito de ver o amor e carinho familiar. Me lembro que me peguei uma vez sentada na cadeira do teatro num intervalo dos ensaios e passou um filme pela minha cabeça. Desde que éramos amigos de Niterói, a primei ra experiência profissional com ele e depois a segunda.

Olhando para aquele palco gigante com uma mega estrutura de cenário e iluminação, pensei co migo mesma: Você conseguiu! Chegou lá! Chegou no topo e foi mais do que merecido porque o seu talento é indescritível. Sempre será o Paulo Gustavo de Nikiti, divertido, brincalhão e acima de tudo, generoso.

E eu sou uma felizarda por ter tido a oportunidade de ser sua amiga e ter convivido um pouco com esse ser evoluído que se chama Paulo Gustavo. Obrigado!Você sempre será o fenômeno de Nikiti. Que descanse em paz.

LUCIANA PAIVA, FILHA DE ROSE, VIZINHA DE PAULO GUSTAVO E DONA DÉA - Com relação a Niterói, ele apresentou Niterói para o mundo, através de seus filmes, lotou o Caio Martins, cujo show arrecadou mi lhares de alimentos para a caridade, sempre falou com carinho da cidade, e morou por muito tempo aqui, mesmo já sendo famoso.

Paulo Gustavo era muito divertido, muito participativo, brincava com todo mundo, sempre muito educa do, mas extremamente hiperativo. Tinha um coração enorme e era muito carinhoso. Sempre muito ligado na família, muito cuidadoso com Déa e Ju.

Viviam juntos Ju e PG, pareciam a corda e a caçamba, sempre juntos. PG na minha humilde opinião trou xe alegria para este país tão sofrido. Trouxe música, trouxe dança, trouxe arte, mas trouxe principalmente o tema família e amor à tona.

Pra mim, perder PG foi um choque. Um homem saudável, feliz, que se cuidava e de repente, ele se vai. Acreditei até o último minuto que ele venceria esta batalha, confesso que fiquei meio sem chão alguns dias. Mas mesmo sem entender os desígnios de Deus, eu os aceito, e sei que PG está bem, e está cuidando da linda família que ele construiu aqui neste plano, com o mesmo cuidado, carinho, amor, zelo e atenção que ele cuidou de tudo e de todos ao seu redor. Ele está em paz, tenho certeza disso.

O amor apaixonado dele pela mãe, tão bem retratado com a Dona Hermínia, o amor dele pelo mari do, pelo pai, pelos filhos, pela irmã, tias, primos, amigos, fãs.. Ele navegou muito bem nestes assuntos, num mundo onde falar de amor, de respeito e de família é tão complicado. Ele falou disso com graça, com harmonia, com beleza, com leveza e com muita verdade. Ele fez “A” diferença nesses assuntos. E como ele mesmo disse, nestes tempos, “rir é um ato de resistência”, e da maneira dele, com maestria, ele nos ensi nou a sermos resistentes.

A PRESSA DA FOME

Gê, Alice e Cristovão de brasileiros como:

Em Niterói Banco de alimentos atende mais de 2 mil pessoas todos os meses, inspirado no projeto do Sociólogo Herbet de Souza, o Betinho.

EELE É IDENTIFICADO apenas como Gê, e com mais ou menos 59 anos, lembra de um tempo em que ti nha casa, família, amigos e emprego, quando perdeu tudo para as drogas e passou a morar nas ruas ou depender de favores. Alice, 72, vive de uma peque na pensão que o marido, um soldador, deixou há uns seis anos e que mal dá para os remédios. Cristovão, 29, tenta entrar no mercado de trabalho. Tem expe riência como eletricista mas enquanto não consegue nada fixo, vai fazendo biscate. Entre 2021 e o mesmo período de 2022 o aumento de pessoas sem empre go, sem renda, sem casa ou comida aumentou em cerca de 54 % em várias capitais do País .

Três brasileiros, três rostos e três histórias dife rentes, mas que têm em comum uma sombra que

os persegue no dia a dia. Eles fogem de um fantas ma que assombra inúmeras cidades e estados, não só brasileiros mas de países mundo afora: a fome.

Em Niterói mais de duas mil pessoas conseguem assistência através de programas assistenciais. Com semblantes também iguais aqueles muitos outros de rostos diferentes, mas histórias parecidas e que não sabem se terão o que comer nas próximas horas, muitos engrossam uma triste estatística. De acordo com relatório recente do Inquérito Nacional sobre In segurança Alimentar no Brasil são mais de 33 milhões de Ges, Alices e Cristovãos espalhados pelo País, o que coloca a nação de mais de 192 milhões de pesso as com verdes campos e pastos imensos, de volta ao mapa da fome, que castiga os mais pobres.

O sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, já sa bia disso e trabalhou muitos anos para que muitos pratos de comida não ficassem vazios. Lá atrás, já dizia que a fome não espera, ela é urgente e dolo rida. O trabalho realizado em seu projeto Ação da Cidadania, no Rio de Janeiro, contra a Fome, a Mi séria e pela Vida, serviu de inspiração do lado de cá da baía, onde o Banco de Alimentos de Niterói recebeu o nome em sua homenagem.

Na Cidade, além do Banco de Alimentos, há também o Restaurante Popular que funciona no Centro e serve refeições a preço popular (café-da -manhã por R$ 0,50 e almoço por R$ 2).

“Eu tomo meu café da manhã e almoço lá. Sou uma das primeiras da fila. Chego cedo e depois ando um pouco, paro, e descanso para voltar lá e almoçar, aí vou devagar para casa. É isso que me salva porque com uma pensão de R$ 800 reais, não dá pra fazer tudo. Tenho um filho, mas que também não está numa situação muito boa e tem que sustentar meus netos. É o jeito que eu tenho para me alimentar e não sobrecarregar mais ainda meu filho. A noite a gente come qualquer coisa e assim vamos tocando a vida, mas não é fácil. En quanto eu tinha força para passar uma roupa e ga nhar um trocado era melhor, mas agora não tenho mais saúde. Isso é dolorido e triste”, desabafa Ali ce, frequentadora assídua do restaurante popular.

O espaço gerido pela Prefeitura de Niterói, há quase 15 anos, doa alimentos que viram refeições nas entidades. Mais de 380 toneladas de alimen tos já viraram pratos de comida nos últimos cinco anos. São aproximadamente 2 mil pessoas benefi ciadas, de forma direta ou indireta, pelo projeto.

O banco de alimentos contempla 22 institui ções cadastradas. Uma delas é o Projeto Avante, que atende cerca de 90 crianças e adolescentes. O coordenador do espaço, Geraldo Fernandes, conta que os alimentos recebidos são parte importante na rotina do projeto e que, diariamente, são duas refeições servidas em cada um dos dois turnos (manhã e tarde) e sem as doações do Banco de Alimentos o orçamento não comportaria.

“O Projeto Avante é um projeto sócio-educa cional que atende crianças em situação de vulne rabilidade social, de 6 a 10 anos, no formato de contraturno escolar que estudam na rede pública de ensino e são moradoras das comunidades do entorno, como Grota, Castelo e Igrejinha. Todas as crianças recebem duas refeições completas e ba

lanceadas, com cardápios montados por nutricionistas voluntários e que garantem a segurança alimentar dos nossos pequenos. Sem a doação que chega do banco, isso ia gerar um custo enorme. Há quase cinco anos, a gente recebe mensalmente esses alimentos, que geram um número aproximado de 1300 refeições ao mês para nossas crianças”, contou Geraldo.

O banco recebe doações vindas de parcerias com redes de supermercados e atacadões. As instituições cadastradas recebem os alimentos, preparam as refei ções e servem no local para crianças e adultos atendi dos pelos projetos desenvolvidos.

Atualmente o Banco de Alimentos Herbert de Sou za contempla 22 instituições cadastradas. Diferente do Restaurante Popular que serve a comida pronta, o banco entrega as doações para que sejam usadas na rotina dos projetos desenvolvidos nas Organizações Não-Governamentais.

Há instituições que trabalham com o contraturno escolar e oferecem o desjejum e o almoço (ou lanche e janta) e outras que oferecem cursos e atividades em horários distintos. Seja como for, são as doações re cebidas que garantem o grosso das refeições de cada criança ou adulto que passa por lá.

E se uma lata amassada uma caixa rasgada ou um saco furado são produtos comumente descartados por grandes redes de comerciantes para essa parcela da população significa a possibilidade de ter um prato de comida. Esses produtos são enviados ao Banco de Alimentos, separados, limpos, higienizados e recondi cionados de forma a serem reaproveitados.

Há toda uma preocupação com o estado e a valida de dos produtos, tudo é avaliado pela equipe. Redes como o Carrefour, Prezunic e o Ceasa são doadores dos alimentos que viram comida para tanta gente.

Subsecretário de Segurança Alimentar e coordenador do Projeto Avante

Chefs de cozinha renomados dedicam seu tempo para preparar e ensinar a fazer boa comida no RESTAURANTE POPULAR

CHEF POPULAR É O NOME do projeto que está le vando mais um pouco de afago e carinho de uma maneira muito especial a quem frequenta o restau rante popular. Chefs de cozinha renomados estão dando um toque todo especial aos cardápios e en sinando um pouco de uma culinária especial para que o dia a dia de quem frequente o local tenha um sabor ainda mais gostoso que os faça ter a alma aquecida através da boa comida.

A Carol Kalil foi uma delas. Ela levou um car dápio diferente para os usuários que comem dia riamente no equipamento, que funciona no Cen tro da cidade.

A chef cozinha na cidade há 16 anos e se formou pelo IGA - Instituto de Gastronomia das Américas. Antes disso, era jornalista: “Desde que fui mãe, de cidi seguir pra gastronomia e fui trabalhar em res taurantes, do zero, como ajudante”. diz Kalil.

Quando viu, já comandava a cozinha do Boteco Confraria, por volta de 2009. De lá saiu, foi estu dar mais e dar aulas. Ficou por quatro anos como professora do IGA, e também deu aulas em vários lugares do Brasil e fora, na Argentina e Chile. Saiu do IGA pra abrir o próprio ateliê, em 2014, o Vem pra Cozinha, e inaugurou também o Bistrô Beira Mar. Deu muitas aulas por lá, até entrar para o Su permarket, em 2017. Foi quando saiu do projeto do VPC e da Beira Mar pra ficar exclusivamente com eles. Foram três anos estrelando todo o material publicitário da marca, dando aulas demonstrativas em unidades de Supermarket por todo o estado do Rio de Janeiro.

“Sobre aceitar o convite do Restaurante Popu lar, fiz com muito gosto porque é de minha vontade me envolver com trabalhos sociais e colaborar de alguma forma. E quando a gente está na intenção certa, o universo dá o jeito dele. Eu vinha pensando há uns dois anos já, que precisava fazer algum tra balho social. Tenho alguns projetos e toda hora isso me ocorria - preciso fazer algo - então desenvolvi alguns projetos e estava esperando as oportunida des justamente pra me inscrever nos processos da Cultura. Daí, do nada, veio o convite. Fiquei bem feliz, gosto muito de estar nesses locais de compar

tilhar experiências, enriquecer a mim e aos outros em tudo que der. De coração, mesmo, “disse a chef.

Ela conta que sempre deu aulas, e sua “especia lização” é gastronomia inteligente. Ela não se iden tifica muito com as meticulosidades da alta gastro nomia - embora seja formada e tenha dado muitas aulas sobre -, e sim se interessa mais em ensinar aos leigos, ensinar a pensar com a lógica da cozinha, ensinar os macetes que facilitam unir economia, praticidade, rapidez, sabor, reaproveitar, simplificar técnicas. Sua pegada, como diz, tem influências me diterrânea e árabe, saudável, com as brasilidades nossas de cada dia.

“A ideia é que a equipe da cozinha aprenda um prato novo e depois possa refazer com as técnicas aprendidas, além de trazer uma nova experiência gustativa para o pessoal que almoça aqui. Escolher o cardápio foi meticuloso: pensei em algo simples, ligeiramente sofisticado, mas não muito, sem muita frescura, lindo de ver. Eu ia adorar chegar pra almo çar e ter uma comida linda e deliciosa dessas, escolhi o que eu gostaria de comer. Participar de projetos sociais é engrandecedor, gratificante e é o mínimo que posso fazer”, conta a chef.

A Chef Carol Kalil
21 96458 5908 Peça nosso cardápio pelo whatsapp

MOEDA SOCIAL que já foi utilizada por quilombolas e índios em outras regiões do País CHEGA EM NITERÓI

CCOM NOMES DE ALGUMA forma ligados a histó ria de suas cidades, como Mambuca em Maricá, Itajuru de Cabo Frio e em Niterói com nome de Arariboia em referência ao índio guerreiro que protegeu a cidade, a Moeda Social hoje virou uma realidade, que ajuda milhares de famílias e faz a economia girar. No Brasil, a moeda começou a girar no município de Palmas, na periferia de For

taleza, e se estendeu para diversas regiões distantes ou não dos grandes centros .

Em Niterói, a moeda social é um benefício dado apenas para famílias cadastradas no Ca dastro Único e que estão na faixa de corte que as colocam em situação de vulnerabilidade ou extrema vulnerabilidade de acordo com a renda familiar. Mas se engana quem acha que somen

Potências como Austrália, França, EUA e Alemanha também utilizam desse complemento para ajudar a colocar comida na mesa e fazer a economia girar

te países do Terceiro Mundo se utilizam dessa forma de escambo ou comércio. Potências como Austrália, Reino Unido, França e até mesmo Alemanha utilizam de moedas complementares para uma determinada faixa da população.

A ideia é simples: benefício pago aqui é gasto aqui. Na cidade de Arariboia, sua moeda hoje ganhou um papel social e tem também como ob jetivo fazer com que, principalmente os pequenos comerciantes que mais sofreram em função do fe chamento momentâneo causado pela pandemia, possam ter preferência no uso da moeda e com isso vejam seus negócios crescerem.

Atualmente, Niterói tem mais de 4.500 comércios cadastrados e aptos a receber pelos seus produtos e serviços em Arariboia. Isso inclui pequenos comer ciantes como mercados de bairro e verdureiros.

Transformando o que era temporário

Nesses últimos dois anos e meio, após a alar mante situação vivida em todos os lugares do Brasil com a pandemia e o isolamento imposto, o número de desempregados cresceu exponencial mente. Durante esse período, as cidades e es tados criam programas temporários para ajudar seus moradores, mas como já dizia a música de Cássia Eller, se “o pra sempre, sempre acaba”, imagina o temporário?

Em Niterói, o fim virou recomeço, mas com mu danças. O temporário ganhou nova forma, virou permanente e se transformou em política pública com a chegada da Moeda Social Arariboia. A moe da social, mais do que um objeto de transferência de renda, é um modo de fazer girar a economia local já que só é aceita em uma certa região. Essa foi a grande aposta municipal para ajudar a reto mada econômica unindo transferência de renda à movimentação da economia nas comunidades.

No início deste ano, 27 mil famílias em vulne rabilidade social de Niterói recebiam o primeiro crédito da recém-lançada Moeda Social Arariboia. Pouco tempo depois, o programa já foi ampliado e passou a incluir pouco mais de 31 mil famílias. Os valores também foram revisados e hoje começa a partir de R$ 250 para famílias de uma pessoa e podem chegar a R$ 700 para núcleos familiares de até um usuário cadastrado e mais cinco dependen tes. O auxílio virou o prato na mesa de milhares de niteroienses garantindo que, mesmo em situação de vulnerabilidade, a comida não falte.

O Brasil da desigualdade social também é o país onde há muita vontade de mudar. As periferias e comunidades são os locais onde é mais visível perceber essa diferença. Desde a urbanização e in fraestrutura das moradias até a informalidade nos empregos. Exatamente pela informalidade é que, com a pandemia, essas pessoas ficaram ainda mais carentes de seus direitos.

E foi com a Moeda Social Arariboia que a co mida chegou à mesa da Kátia Pereira. Vivendo de fazer bicos, ela dependia do programa temporário. “Estava tudo fechado e não tinha trabalho em lugar nenhum. Nenhuma renda entrava. O cartão da pre feitura foi o que segurou esse período difícil aqui em casa”, conta.

Mas porque Niterói optou por uma moeda social em vez da simples transferência de renda que já existe em outros programas? A moeda social é uma alternativa à moeda oficial da região, utilizada por um certo grupo. Sua finalidade se destina a tran sações econômicas com um determinado fim. Seu objetivo é gerar riqueza na determinada comuni dade, já que é uma moeda local. Assim sendo, para além da comida na mesa das famílias que recebem, a moeda também faz girar a economia dentro do seu município de origem, bem diferente de outros auxílios que podem ser gastos em outras cidades e não geram nenhum tipo de benefício para o mu nicípio que não o de ter famílias incluídas em um programa social.

Em miúdos, um programa social pago por um município ou estado pode gerar lucros para ou tras cidades onde o valor é gasto. Com a moeda social, todo o valor depositado no programa, fica em sua área de abrangência. Há moedas sociais apenas locais, dentro das comunidades, por exemplo, ou moedas sociais municipais, como é o caso de Niterói. A Moeda Arariboia pode ser utilizada em qualquer comércio com endereço dentro dos limites da cidade que seja cadastrado no programa.

Quem é um beneficiário e também ofere ce um serviço autônomo como cabeleireiras e manicures, também pode procurar um banco comunitário da sua região e se cadastrar para receber em Arariboia. Esse valor entra na conta digital, a mesma onde é creditada o benefício, e possibilita uma renda maior na hora de comprar o que precisa, fortalecendo também a economia em comunidades e bairros.

HISTÓRIA

A primeira Moeda Social surgiu em Palmas, com a criação do Banco Palmas, na periferia de Fortaleza, para ser usada apenas pelos moradores da comunidade. Com o tempo, outros lugares do país criaram bancos comunitários em favelas, comunidades quilombolas, aldeias indígenas, assentamentos e vilas de pescado res ou áreas rurais marcadas pela ausência do Estado e pela inexistência de bancos tradicionais.

No Rio de Janeiro, a mais conhecida é a Mumbuca, do município de Maricá, no Rio de janeiro, Região Metropolitana do Estado. Mas tem também a Itajuru (Cabo Frio), Elefantina (Porciúncula), Pedra Bonita (Itaboiraí) e Saquá (Saquarema).

No Brasil ainda há o Gostoso (São Miguel do Gostoso, RN), Maracanã (Maracanaú, CE), a Terra (Vila Velha, ES) e o Justo (Porto Alegre, RS). Há, ainda, moedas sociais em comunidades em países como Nova Zelândia, Austrália, Reino Unido, França, Estados Unidos e Alemanha que também têm moedas complementares.

No Rio de Janeiro, a mais conhecida é a Mumbuca, do município de Maricá, no Rio de janeiro, Região Metropolitana do Estado. Mas tem também a Itajuru (Cabo Frio), Elefantina (Porciúncula), Pedra Bonita (Itaboiraí) e Saquá (Saquarema).

Cidade vizinha da nossa querida Niterói, Maricá já tempo moeda social há alguns anos. A Mumbuca é aceita por mais de 10 mil comerciantes e prestadores de serviços na cidade. Atualmente, certa de 42 mil pessoas recebem recursos pela moeda social. O nome Mumbuca veio em homenagem ao bairro onde o programa foi implantado.

A SANTA ROÇA

Tudo começou em Santana do Deserto, MG .

A família talentosa em doces caseiros fazia as pessoas flutuarem quando passavam em frente da grande janela de madeira azul, pelos aromas que dela saíam. Sorrisos largos embalavam os tachos de cobre. Gargalhadas gostosas, cumplicidade, alegria. No quintal, as frutas que davam forma a doces e geleias inesquecíveis na região.

Dali, um espalhamento para cidades maiores, novas pessoas e histórias nascendo. A menina Conceição, junto com sua vó, produzia doces e as duas pegavam a estrada para entregá-los pelo caminho, em empórios simples e locais como o Suntuoso Hotel Quitandinha, em Petrópolis, e a tradicional Confeitaria Colombo, no Rio de Janeiro. Seu irmão, Zé Viana, estabeleceu-se em Araras e comandou o melhor armazém/empório/deli de Petrópolis, a saudosa Caldas Viana. A menina Conceição cresceu, teve filhos, netos e bisnetos, virou a Grande Matriarca da família e famosa doceira em Juiz de Fora. Hoje, seu neto primogênito cria a Santa Roça, santificada pela memória afetiva dos dias que passou na roça, pescando lambari no grande rio, catando jabuticaba no pé e roubando pedaços de bolos ainda quentes no tabuleiro.

Essa é parte da nossa história, e você está convidado a provar nossas delícias, e viajar para um tempo onde a doçura era o mais importante. Doçura de afetos, de amizades, de gentilezas, de hospitalidades. Os sorrisos largos continuam por aqui, atravessando gerações. É só chegar. As porteiras estão sempre abertas!

@sta_roca

SUCESSO um caso de Niterói:

na pandemia da Covid-19

Município fez sanitização, abertura de hospital, auxílio emergencial para famílias em vulnerabilidade, entrega de kits de higiene e ações para manutenção de empresas e empregos.

EEM MARÇO DE 2020 , o mundo passou por uma crise sanitária sem precedentes, com o surgi mento de um novo vírus e uma doença com alto potencial letal, a Covid-19. Foram dois longos anos de muita luta e muitas perdas. Niterói foi uma das primeiras cidades a montar um Comitê Científico, que organizava as ações e tomava decisões levando em conta número de doentes, de leitos ocupados, e as experiências exitosas de outros países, dentre outras medidas.

Em dois anos de pandemia, a Prefeitura de Niterói adotou medidas que lhe renderam reco nhecimento internacional por sua atuação no combate à Covid-19. Foram mais de R$ 1 bilhão investidos em dezenas de ações de enfrentamento à pandemia, estruturadas para mitigar os impactos na dimensão da saúde pública, da economia e atendendo a população mais vulnerável. Niterói foi a cidade que mais investiu recursos em programas sociais e de apoio às empresas, através de programas como a Moeda Social Arariboia, o Renda Básica Temporária e o Empresa Cidadã. Desde o início da crise, a administração adotou posição pioneira e foi uma das primeiras do País a implementar medidas de prevenção contra a Covid-19.

Texto: Ascom PMN Fotos: Berg Silva, Bruno Eduardo Alves, Douglas Macedo e Luciana Carneiro

SANITIZAÇÃO

Apenas na área de saúde, foram tomadas mais de 220 ações, desde a distribuição de kits de limpe za e sanitização das ruas até a criação do primeiro hospital exclusivo de Covid-19, em abril de 2020. Através do Programa Novo Normal Niterói e do Plano de Transição Gradual para o Novo Normal, foram implementadas medidas de restrição, indicadores de monitoramento e protocolos sanitários, sempre com o acompanhamento do Comitê Científico.

MEDIDAS DE COMBATE À COVID-19 IMPLEMENTADAS PELA PREFEITURA DE NITERÓI:

SANITIZAÇÃO - Niterói foi a primeira cidade do Rio de Janeiro a fazer a sanitização de todos os bair ros e das principais comunidades. A ação foi reforçada pelo Município em pontos onde havia maior circulação e maior número de casos da doença durante todo o período. Além de ruas e comunidades, os hospitais e escolas também foram sanitizados. A sanitização com sais quaternários de amônio age como uma película que mata os micro-organismos que estão no local (vírus, bactérias, fungos e áca ros) e forma uma camada protetora que mantém a superfície desinfetada por até seis meses, depen dendo da circulação de pessoas. A solução química utilizada é autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

ABERTURA DE UM HOSPITAL EXCLUSIVO - o Hospital Oceânico Gilson Cantarino foi referência no tratamento do Coronavírus. Só nessa unidade, foram mais de 2,5 mil altas de pessoas que foram trata das e voltaram para suas casas. A Prefeitura também ampliou a oferta de leitos nas unidades de urgên cia da rede pública e adquiriu novas ambulâncias com UTI para dar cobertura a toda a cidade.

Em 2021, o hospital ganhou um Centro de Reabilitação para pacientes com sequelas da Covid-19. Em um ano de funcionamento, foram quase 12 mil atendimentos realizados, sendo a maior demanda por fisioterapia, que chegou a marca de mais de 4 mil atendimentos, uma média de 10 atendimentos por dia.

Em 2022, a unidade passou a integrar a rede municipal de Niterói com leitos e cirurgias clínicas. Desde março, o hospital realiza procedimentos cirúrgicos, inicialmente com cirurgia geral e oncológica. Atualmente, a unidade possui equipes de sete especialidades: urológica, vascular, proctológica, gine cológica, pequenas cirurgias (plásticas reconstrutoras e procedimentos não invasivos), além de geral e oncológica. Desde março, o Hospital Oceânico realizou cirurgias em cerca de 1200 pacientes.

KITS DE HIGIENE E LIMPEZA - foram entregues kits para famílias de baixa renda cadastradas no Pro grama Médico de Família. Os kits tinham sabonete, sabão em pó, água sanitária, álcool e detergente. Os agentes do programa foram responsáveis pela entrega direto na casa de cada um dos cadastrados, orientando sobre as principais medidas de higiene e prevenção.

RENDA BÁSICA TEMPORÁRIA - O Programa Renda Básica Temporária garantiu a proteção social de várias famílias em situação de pobreza e vulnerabilidade social com o valor de R$ 500 mensais. O pro grama beneficiou famílias cadastradas no CadÚnico ou com filhos matriculados em escolas municipais.

BUSCA ATIVA - Várias categorias receberam o auxílio municipal de R$ 500 pelp programa de Busca Ativa como jornaleiros, taxistas e microempreendedores individuais (MEIs). Além disso, o município também forneceu um auxílio para motoristas de transporte escolar.

ENTREGA DE CESTAS BÁSICAS - as famílias que não estavam no CadÚnico e estavam em situação de vul nerabilidade social foram contempladas com cestas básicas mensais durante os dois anos da pandemia.

DISTRIBUIÇÃO DE MÁSCARAS - Durante toda a pandemia, a prefeitura promoveu ações educativas e de distribuição de máscaras de proteção individual. Os equipamentos eram confeccionados em pano, lavavéis e reutilizáveis. Foram mais de 2,5 milhões de máscaras entregues à população niteroiense em pontos de grande circulação como entrada de supermercados, ônibus e filas de bancos. As máscaras também foram entregues nas escolas. As administrações regionais e igrejas também receberam o equipamento para distribuírem para a população.

DISTRIBUIÇÃO
DE MÁSCARAS

RENDA

TEMPORÁRIA

CESTAS BÁSICAS

KITS DE HIGIENE

EMPRESA CIDADÃ

CRÉDITO PARA MICROEMPRESAS - A Prefeitura de Niterói também atuou para facilitar a oferta de crédito para os pequenos negócios do município. Através dos programas Niterói Supera, Supera Mais e Supera Mais Ágil, comerciantes puderam ter acesso a empréstimos com juros zero, carência de seis a dez meses para o início dos pagamentos e parcelamento em até 36 vezes. Os objetivos básicos dos programas foram: - Manutenção dos empregos na cidade de Niterói; evitar fechamento de empresas de pequeno e médio porte, com faturamento inferior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais); Beneficiar as empresas em virtude do fechamento do comércio e isolamento social. Os programas de crédito Niterói Supera, Supera Mais e Supera Mais Ágil beneficiaram 1.404 micro e pequenas empresas da cidade.

EMPRESA CIDADÃ - Criado para fazer o dinheiro circular , ajudou micro, pequenas empresas, entida des religiosas, organizações sindicais, clubes e entidades filantrópicas no pagamento da folha de em pregados. Pelo programa, o poder público municipal fez o depósito de um salário-mínimo, até julho de 2021, para até nove empregados de empresas, entidades religiosas e organizações sindicais com até 40 funcionários e alvará na cidade. Como contrapartida, as empresas se comprometeram a não reduzir seu número de funcionários até seis meses após a adesão ao programa, ação que resultou na proteção de mais de 15 mil empregos, atendendo 3.491 empresas da cidade.

BÁSICA

DARCY RIBEIRO

A TRAJETÓRIA

SONHADOR DE UM GUERREIRO

“A todos aqueles que nutrem pela opressão, pela falta de memória, a mais profunda repulsa”.

Toda obra dialoga com seu tempo. No campo da memória antropológica não importa o período retratado, interpretado o tempo é sempre atual. O pensador e escritor Darcy Ribeiro , dono de uma personalidade forte e extremamente complexa, dotado de uma inteligência vertiginosa de brutal agilidade mental, foi um dos intérpretes do país mais influentes na política brasileira. O escritor se mantém aceso com sua obra inquieta, pois não há morte perante a produção poética de sentidos, se fosse vivo Darcy estaria com pletando 100 anos de vida em defesa dos excluídos, dos que são cartas fora do baralho para o sistema da cultura educacional e da política da solidariedade, sempre com pre visões aguerridas para o Brasil, construído sobre um Estado nação tardio em cima de golpes, a começar pelo período colonial, que nos deixou uma herança autoritária, pater nalista, escravocrata e personalista.

NNASCIDO EM MONTES CLAROS, Minas Gerais, em 26 de outubro de 1922, era filho de Dona Fininha (Josefina Augusta da Silveira), profes sora primária e Naldo (Reginaldo Ribeiro dos Santos), fiscal das linhas telegráficas. Escreve, aos quatorze anos de idade seu primeiro texto social, crítico, indignado pelo sentimento de revolta e compadecido pela situação de flage lados famintos que ocuparam uma catedral da cidade. Esta imensa capacidade de se colocar na posição dos “outros”, assumir a sociedade e a situação adversa do povo como seu problema desde pequeno, fez o jovem ser mais homem, principalmente quando descobriu o movimen to de Luís Carlos Prestes e a poesia de Carlos

Drummond de Andrade: “Não nos afastemos mui to, vamos de mãos dadas”.

Ainda nas terras das Geraes escreve seu primeiro romance, “Lapa Grande”, um dramalhão digno de qualquer estilo de novela mexicana. Em seguida, muda-se para São Paulo e em meio à intelectualida de da paulicéia desvairada ingressa nas fileiras do Partido Comunista. Mas a grande descoberta de sua vida acontece no coração do Rio de Janeiro, quando conhece o Marechal Rondon, uma das figuras mar cantes na sua trajetória, principalmente porque con vida Darcy Ribeiro para trabalhar com ele no serviço de proteção dos índios, e com esta cultura étnica descobre uma nova maneira de entender o Brasil, e a questão humanística entra em pauta. Com o espí

rito de responsabilidade social, atravessa o Panta nal e concentra suas ideias na literatura indígena, desdobrando seu tempo entre as nações Terena e Kadiuéu, com o auxílio luxuoso de sua companheira antropóloga Berta Gleizer. Numa verdadeira troca simbólica surge o livro “Religião e Mitologia Ka diuéu” (1950). Rumo à floresta amazônica encontra a nação “Urubus Kaapor”, últimos remanescentes dos Tupinambás.

Darcy Ribeiro ganha reconhecimento interna cional e com apoio dos irmãos Villas-Boas propõe a criação do Parque Nacional do Xingu. E, logo após o educador Anísio Teixeira convidá-lo para ser pes quisador no Ministério da Educação e Cultura, com 35 anos, sua produção é intensa, publica: “Uirá sai à procura de Deus” (1974), “Arte plumária dos índios Kaapor”(1957) e “Diários Índios- Os Urubus -Kaapor”(1996). Neste período, cria a universidade de Brasília, já no governo de João Goulart é nomea do ministro da Educação e Cultura e reitor da UNB, em seguida chefe da Casa Civil. O país havia cresci do economicamente desde os governos de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, naquele momento era necessário distribuir a renda e fazer a reforma agrária. Mas naquele contexto histórico, mais “uma

pedra no meio do caminho” aparece no trajeto do apaixonado pela civilização tropical – o golpe civil e militar de 1964, uma perversa ditadura que durou 21 anos, deixando a cultura em todas as suas frentes arrasadas, uma terra árida, onde estavam plantados os sonhos daquela geração.

O ato institucional número 5(AI-5), o golpe dentro do golpe, que instala a ditadura total no Brasil, impõe a diáspora, o exílio de Darcy, que vai ser professor no Uruguai, acolhido pela universidade. No Peru trabalha com o governo nacionalista, no México cria a “Universidade do terceiro mundo”. Com a anistia retorna ao Brasil e diz que é uma glória voltar e que só quem foi exilado entende: “Ninguém vê sua casa se não sai dela, se não conhece outra casa”.

Neste recomeço lança o livro ”Maíra” (1976), e se casa com Cláudia Zarvos (33 anos mais jovem), recebe o título de Doutor honoris causa na Sorbonne em Paris e funda com Leonel de M. Brizola o Partido Democrático brasileiro-P DT, é eleito vice-governador do Rio de Janeiro e idealiza o ensino de tempo integral, os popu lares CIEPS, obra do arquiteto Oscar Niemeyer, proclamando o ditado que escola é uma pro

priedade básica: “Não pode jogar a criança na marginalidade, na criminalidade, ficará mais caro no futuro, se ela ficar com um revólver na mão“, afirmava o visionário Ribeiro, que é eleito senador pelo Rio de Janeiro e cria a Universidade do Norte Fluminense em Campos com o slogan: “O país que não domina a tecnologia vai ser recolonizado”. Fragilizado e doente, Darcy Ribeiro sai do hospital e vai se refugiar na cidade de Maricá, na região litorânea do Rio de Janeiro e se dedica durante dois meses integralmente à produção de sua mais importante obra: “O povo brasileiro”, um manual para interpretar a formação da realidade brasilei ra. Em 17 de fevereiro de 1997, morre em Brasília, mas sua memória é presente como uma lição: “Fracassei em tudo o que eu tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria, fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolverse autonomamente, fracassei.

Mas os meus fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”.

Usando a força e o entusiasmo ou aliando os dois, o legado do escritor Darcy Ribeiro mostra que seu pensamento é atual em qualquer época. Sua obra contribui para atualizar sua trajetória. Num momento em que a democracia e os valores sociais estão em jogo, é essencial revisitar a sua produção de sentidos, reeducando os indivíduos para o exercício diário da cidadania, através do resgate da memória e do limite da representação, edificando a cultura e as invenções democráticas a serviço da ação transformadora para construir a sociedade organizada pela paixão. Que nos permi te sonhar que as gerações futuras irão limpar toda a abominação do outro, toda a opressão, para viver condicionado ao amor, à liberdade, a eman cipação e à justiça social, na diversidade cultural entre as diferentes matrizes étnicas que formam o povo brasileiro.

SADY BIANCHIN

Doutor em Teatro e SociedadeUniversità di Roma-La Sapienza Mestre em Ciência da ArteUniversidade Federal Fluminense-UFF Professor das Faculdades Integradas Hélio Alonso-FACHA e UFF Secretário de Cultura de Maricá.

VERÔNICA FERNANDA VÍTOR RENATO BRUNO
TALÍRIA BENNY FABIANO LEONARDO FELIPE WALDECK

NO JOGO DA SEDUÇÃO ELEITORAL, CANDIDATOS DE NITERÓI

TÊM VANTAGEM NA CIDADE

Em 2 de outubro, a previsão do tempo, das 8h às 17h, é de fortes ventos da Democracia varrendo o país de norte a sul. Em Niterói, 405.415 cidadãos e cidadãs deverão ir às urnas em 1.315 seções do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) espalhadas por todos os cantos da cidade. São 225.275 mulheres e 180.140 homens, disputados por 2.756 candidatos na base eleitoral do estado: 11 para a Presidência da República, nove para governador, 14 na luta por uma cadeira no Senado, 1.083 por 46 vagas na Câmara Fe deral e 1.639 por 70 assentos na Assembleia Legislativa (Alerj). viúvos. A maioria, no entanto, é de solteiros, com 224.340 (55,34%, aproximadamente).

OOS NÚMEROS, NO ENTANTO , mostram apenas a grandiosidade das eleições, pois cada eleitor tem um sonho, uma esperança, uma convicção ou um mero desejo. E esses são os motivos para esco lher seus candidatos. Conquistar esse voto não é, portanto, uma tarefa fácil. Esse jogo de sedu ção precisa ser muito bem estudado, ensaiado e, é certo, para tocar o coração dos votantes, os pretendentes precisam conhecê-los muito bem e dizer as palavras certas, nem sempre apenas as que eles querem ouvir, mas também as que precisam ser ditas, diante de um cenário político e econômico difícil, em que Federação, estados e cidades estão inseridos.

Niterói, como todo município, tem suas par ticularidades. Seus eleitores são sofisticados, segundo os dados do TRE-RJ. A maioria, 117.320 (28,9%), tem nível superior completo, enquanto 42.327 (10,4%) não concluíram a faculdade. Ou tros 110.929 (27,3%) terminaram o Ensino Médio. São 66,6% do número total de pessoas aptas a votar, diante de uma média nacional de 42,6% nestes três quesitos do item grau de instrução. A cidade tem 2.799 analfabetos, 0,6% dos votantes, contra 4,05% no País.

Ainda segundo o TRE-RJ, no indicativo faixa etária, Niterói tem maior número de eleitores entre 45 e 59 anos, com 101.276 (24,9%). Os menores de 18 anos são pouco mais que 1%. Casados totalizam 136.322 (33,63%), 30.514 (7,53%) são divorcia dos ou separados judicialmente e 14.239 (3,51%),

O perfil do eleitorado é, pois, valioso para as estratégias de convencimento dos candidatos, principalmente em eleições que projetam expecta tivas individuais, dentro de um panorama coletivo. Embora a votação de outubro definirá os rumos do estado e do País, há um peso considerável, em nível municipal, dos políticos que estão presentes no cotidiano dos cidadãos.

“A disputa eleitoral é, na verdade, uma disputa entre estratégias de persuasão. Este debate se dá entre interpretações sobre o mundo atual (se ele está bom ou ruim), comparações sobre os mundos futuros que as campanhas apresentam e sobre quem garante a realização do mundo futuro. Neste jogo de retóricas, a campanha que tiver a interpre tação dominante tem enorme vantagem eleitoral sobre os seus oponentes”, afirma a cientista políti ca Alessandra Aldé, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ.

Essa interpretação dominante é coletada, exa tamente, no dia a dia das comunidades, graças ao contato direto dos políticos com seu eleitora do para saber suas perspectivas sobre o futuro e sua visão sobre o presente. Nesse aspecto, as campanhas dos candidatos niteroienses abran gem um amplo espectro de questões estaduais e nacionais, mas, ao mesmo tempo, têm um sotaque bairrista. Há, certamente, um conteúdo programático ideológico em alguns discursos,

consequência de eleições polarizadas. Contu do, em muitos casos, as propostas seguem em uma mesma direção. É preciso lembrar também que dois dos candidatos ao governo do Estado são “crias” de Niterói: Rodrigo Neves, do PDT, e Marcelo Freixo, do PSB – o primeiro nasceu no Fonseca e o segundo foi criado no mesmo bairro, embora seja filho de São Gonçalo.

Com base nessas premissas, a reportagem da N pretende responder a uma questão sim ples, mas essencial para a população do mu nicípio, de acordo com as apresentações das campanhas de alguns dos principais candida tos da cidade aos cargos de deputado federal e estadual: SE ELEITO, O QUE VOCÊ FARÁ

POR NITERÓI?

F ABIANO GONÇALVES , ex-presidente do CDL de Niterói, ex-secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Administração e, atualmente, vereador pela cidade, é candidato a deputado federal pelo Ci dadania. Suas propostas abrangem cinco áreas da vida dos cidadãos: emprego e renda; educação; saúde; esportes; e segurança pública.

“Alimentação das escolas públicas com produtos do interior do estado; retomada da indústria naval, com a construção de embarcações de pesca e de lazer; reforma tributária; incentivo às micro e pequenas empresas; incentivo à indústria e à construção civil com políticas tributárias específicas para esses setores; aumentar o percentual do FUNDEB (O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) para 35%; redirecionar o orçamento para ampliação de escolas técnicas pro fissionalizantes; inclusão do ensino de empreendedorismo e de investimentos pessoais nas escolas; difusão de campanhas de prevenção de doenças e de higiene pessoal, o que geraria uma diminuição de propagação e contágio; diminuição da maioridade penal e majoração de penas para crimes de feminicídio e de porte ilegal de armas de grosso calibre; inclusão dos agentes de trânsito como agentes de segurança pública; e incentivar a prática de esportes no contraturno escolar. Para as escolas que não possuem estrutura, possibilitar parceria com clubes sociais e entidades afins”, são algumas de suas propostas nessas cinco áreas.

FELIPE PEIXOTO, com um currículo de três mandatos como vereador de Niterói e dois como deputado estadual, além de já ter assumido as secretarias estaduais de Saúde e de Desenvolvimento Regional, Abastecimento e Pesca, tenta, agora, uma cadeira na Câmara Federal pelo PSD. Foca sua campanha em seis eixos: mobilidade; economia; saúde; educação; segurança; foro e laudêmio.

“Vou lutar pela implantação da Linha 3 do Metrô Rio-Niterói- São Gonçalo e reparar a injustiça contra Ni terói e São Gonçalo, já que a Linha 4 foi realizada antes da 3; pela construção de ciclovias e pela segurança no uso das bicicletas como meio de transporte; pela implantação de novas linhas de ônibus: Niterói x Barra da Tijuca, Maricá x São Gonçalo, Maricá x Itaboraí; pelo uso do bilhete único intermunicipal na linha das barcas Charitas x Praça XV; pela retomada da indústria naval e do petróleo; pela implantação do Programa ICMS zero na energia elétrica das fábricas de gelo, visando baratear o produto para o setor pesqueiro; pela retomada das obras de implantação do Rio Imagem em Niterói; pela implantação do Instituto Nacional do Câncer (Inca) em Niterói e atender toda a região; pela criação do Instituto Federal do Mar, para formar jo vens que atuem na Indústria Naval, Pesqueira e do Petróleo; por transporte de qualidade gratuito e integral para estudantes de escolas públicas; pelo avanço da Educação Pública em Tempo Integral; pela manuten ção e ampliação do Segurança Presente em toda região; e pelo fim de qualquer tipo de cobrança de Foro e Laudêmio em todo litoral fluminense”, afirma o candidato.

FERNANDA CAMPISTA mora na Região Oceânica de Niterói há 46 anos, sempre estudou e trabalhou na cidade, onde atua, há 20 anos, como médica veterinária. Em 2019, recebeu a medalha de São Francisco de Assis, concedida pela Câmara Municipal de Niterói por sua defesa da causa animal e amparo de cães e gatos abandonados. Candidata à Câmara Federal pelo Solidariedade, tem um forte conteúdo programáti co voltado para o meio-ambiente.

“Meus projetos, entre outros, são: criar um programa continuado de serviços de castração em todo esta do, permitindo o controle populacional de animais de rua e de animais com tutores residentes em áreas de

vulnerabilidade social, viabilizando o acesso a castração através de unidades fixas e móveis; incluir no currí culo escolar das escolas municipais noções de bem-estar e Direitos dos Animais; intensificar a fiscalização de denúncias de maus-tratos e tráfico de animais de forma integrada com os órgãos estaduais e demais entida des vinculadas aos direitos dos animais; promover a estruturação da Guarda Ambiental para atendimento de animais silvestres resgatados até o encaminhamento ao CETAS e/ou CRAS e criação de área para soltura de animais silvestres; democratizar o acesso aos procedimentos veterinários para famílias de baixa renda, buscar mecanismos e recursos para colocar em pleno funcionamento o projeto estadual de Hospital Veterinário pú blico; treinamento das equipes da Defesa Civil para lidar com animais em tragédias climáticas; integrar a rede de proteção animal formada por organizações não governamentais, protetores independentes, com a utiliza ção das ferramentas de comunicação do governo para divulgação de animais para adoção”, explica ela.

RENATO CARIELLO, capitão reformado da Polícia Militar e vereador por Niterói durante quatro mandatos, também tenta, pelo PDT, uma vaga como deputado federal. Sua campanha tem força em uma área sensível para todos os moradores do estado, incluindo, obviamente, os niteroienses: a segurança pública. Mas ele também tem propostas para outros oito setores: mobilidade; economia; esportes; oportunida des; saúde; educação; acessibilidade; e causa animal.

“Vamos priorizar a educação em tempo integral, seguindo o modelo implantado no governo Leonel Brizola. Queremos requalificar os Cieps e ampliar a oferta de vagas; criar suporte técnico e administrativo do governo federal oferecendo aos alunos de cursos profissionalizantes estágio remunerado; aumentar o número de delegacias no Estado do Rio; aumentar a proteção às mulheres, crianças e idosos vítimas de violência doméstica ou em outros ambientes; implantar novos batalhões, aumentando o policiamento; melhorar os espaços públicos e privados permitindo acesso e inclusão; criar abrigos públicos para animais abandonados e vítimas de maus-tratos; criar espaços para acolhimento os familiares de pacientes em trata mento oncológico que precisam se deslocar mais de 100 quilômetros; criar bancos de empregos associados a empresas, uma plataforma de cadastro de currículos; buscar recursos para implantação da Linha 3 do metrô, que ligará Itaboraí a Niterói; implementar uma Política de Apoio e Desenvolvimento de Microem preendedores Individuais (MEI), Micro e Pequenas Empresas (MPEs); e criar polos esportivos para acolher crianças que estejam matriculadas em escolas públicas”, informa ele em alguns de seus projetos.

TALÍRIA PETRONE , nascida na Ponta D’Areia, é professora de História. Deu aulas no Complexo da Maré, em São Gonçalo e em Niterói. Em 2010, conheceu o Psol. Seis anos depois, tornou-se a vereadora mais votada em Niterói pelo partido. É uma feroz defensora das causas sociais e das minorias, inspirada, conforme diz, por Marielle Franco, de quem era grande amiga. Tenta, este ano, uma reeleição como deputada federal.

“Por mais de um ano, fui a única mulher na Câmara Municipal de Niterói. Também presidi a Comissão de Direitos Humanos da Criança e do Adolescente e tive um dos mandatos mais jovens e propositivos da Casa. As pautas que defendemos são as que atendem aos direitos do povo já tão sofrido, sobretudo das mulheres, da população negra, dos povos indígenas e quilombolas e da população LGBTIA+. Os desafios sob o governo Bol sonaro são muito maiores, à medida que este tem sido um governo de destruição e de retrocessos nunca vistos na história democrática. Cada vez mais precisamos mudar a fotografia do poder. E esse poder precisa ser preto, mulher (e feminista), indígena, quilombola e LGBT. Por isso, é tão importante que não só as mulheres negras que já ocupam cargo continuem lá, mas também que novas sejam eleitas. É essa necessidade de mudar a fotografia do poder que me motiva a continuar, porque ainda temos muito o que avançar e a conquistar. Minha atuação na militância me mostrou a necessidade de ter mais de nós na política institucional”, enfatiza ela.

WALDECK CARNEIRO, ex-vereador de Niterói, em seu segundo mandato como deputado estadual, tem uma longa trajetória na educação. Foi, inclusive, secretário de Educação (2005-2008) e secretário de Educação, Ciência e Tecnologia (2013). Nestas eleições briga por uma vaga na Câmara de Deputados pelo PSB. O eixo de sua campanha está nas causas populares e no investimento em educação como forma de reduzir a violência nas cidades.

“Precisamos seguir combatendo o ódio, a violência e a intolerância, afirmando a diversidade como um valor! É assim que nosso mandato caminha na Alerj e é desta maneira que queremos construir o nosso futuro mandato na Câmara Federal! As favelas são territórios potentes, de luta, grande força cultural, solidariedade, empreendedorismo criativo e precisam ser ocupadas por uma agenda de desenvolvimento, cidadania, direitos e oportunidades. Basta da lógica de violência e descaso. Vamos materializar serviços e possibilidades! Vamos também revogar a Reforma do Ensino Médio. Uma reforma que apequena o currí culo escolar, empobrece a formação dos nossos jovens e favorece a desprofissionalização do magistério. Revogar a Reforma é uma das lutas que vamos travar no Congresso Nacional como prioridade! Ler é um hábito essencial para o desenvolvimento da sociedade. Quando fui Secretário de Educação de Niterói, criei a Rede de Bibliotecas Populares, fundamental para o processo de democratização do acesso à leitura e so cialização da cultura. Também fui responsável pelo Salão da Leitura, segundo maior evento literário do RJ. Em Brasília, como Deputado Federal, vou continuar lutando e apoiando iniciativas que valorizam e reconhe cem o papel essencial dos livros, da leitura, da cultura e da literatura!”, destaca o candidato.

VERÔNICA LIMA foi a primeira mulher negra a se eleger vereadora por Niterói, sob a legenda do PT, o mes mo partido pelo qual concorre, agora, a uma vaga na Alerj. Sua plataforma é direcionada aos direitos humanos, ao povo negro, às mulheres e às políticas de assistência social para a população mais necessitada.

“Ao longo de minha trajetória, criei leis fundamentais, como o primeiro Estatuto Municipal de Igualdade Racial do Brasil, com cotas de 20% para negros e negras nos concursos públicos; a Lei que destina 3% das vagas em serviços e obras públicas para moradores em situação de rua; o primeiro Estatuto da Pessoa Gestante do país, garantindo direitos e o combate à violência obstétrica e o Progra ma de Enfrentamento às Fake News, contra a indústria de mentiras e em defesa da nossa democracia. Nenhum homem, por mais comprometido que seja, ou aliado, ele não vai ter legitimidade para estar inserido e falar por nós, nos representar. Ao mesmo tempo, não vai existir democracia sem as mulhe res negras e indígenas representadas em todas as esferas de poder da sociedade. A política brasileira precisa de renovação, de mulheres combativas que vão representar o projeto popular do nosso pre sidente Luiz Inácio (Lula) nos parlamentos. Política é diálogo, é estarmos sempre em contato com as inquietações e demandas de toda população. Podem contar comigo para defender os interesses do povo do nosso estado na Alerj!”, defende a candidata.

BRUNO LESSA é advogado formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e, durante dois mandatos – de 2013 a 2020 –, foi vereador em Niterói (RJ). Começou jovem na política e se destacou como parlamentar por mandatos independentes, sempre adotando um tom crítico em relação ao governo municipal. Hoje, concorre a uma cadeira na Alerj pelo PSB.

“Quero lutar por qualquer aumento de impostos e reduzir a burocracia para o surgimento de novos ne gócios. Também é preciso estimular a educação profissionalizante, em sintonia com a vocação econômica de cada região e cidade. Vou batalhar para que o Detran tenha um prazo máximo para realização de seus serviços, caso contrário deverá devolver o dinheiro do usuário do sistema e realizar o serviço de graça. Vou garantir que pelo menos 5% do orçamento da segurança sejam destinados aos setores de inteligência e defender a atividade policial. Vou propor a criação de um seguro contra a corrupção para os principais con tratos do Estado. É importante defendermos os programas de proteção animal, com a implementação de castração pública gratuita. Vou ainda instituir mais transparência no Sistema de Regulação da Saúde (Sisreg) e criar uma lei, que regulamente um padrão de transparência nas Organizações Sociais (OSs) contratadas para a Saúde do Estado. Vou ainda incentivar o turismo como vetor de desenvolvimento em cidades como Niterói, identificando e divulgando os ativos turísticos de cada região”, diz ele.

LEONARDO GIORDANO foi secretário das Culturas de Niterói, vereador por cinco mandatos e preside a Comissão de Cultura, Comunicação e Patrimônio Histórico da Câmara Municipal. Em outubro, será um dos concorrentes a um assento na Alerj pelo PCdoB. Sua plataforma é extremamente ligada às questões ideológicas do partido, mas ele dá um toque pessoal quando o assunto é cultura.

“Quero criar centros culturais públicos em todos os 92 municípios fluminenses, com investimento direto do estado em parceria com as prefeituras. Criar a Lei Aldir Blanc Estadual, triplicando o orçamento estadual para R$ 170 milhões/ano, gerindo os recursos através do Fundo Estadual de Cultura, com transferência fundo a fundo para os municípios. Realizar a reabertura imediata do Museu Antônio Parreiras, em Niterói, e trans formar este equipamento cultural em centro de referência para a conservação e o restauro de obras de arte. Reabrir também o Teatro Villa-Lobos e promover o fim da precarização dos equipamentos culturais do estado e abertura de chamada pública para ocupação da pauta destes espaços por artistas e produtores culturais flu minenses. O estado precisa desenvolver ações que gerem postos de trabalho e estimulem a geração de renda. Por isso, vou defender a contratação emergencial de frentes de trabalho para obras de infraestrutura nas comunidades do estado do Rio de Janeiro. Vou lutar pela garantia de educação pública, gratuita e de qualida de, da creche até a formatura, com fortalecimento das escolas e universidades estaduais, pela Educação em tempo integral na rede estadual de ensino e pela retomada dos CIEPs”, garante o candidato.

VÍTOR JÚNIOR foi vereador em Niterói por três mandatos. Também assumiu a pasta Executiva do gover no Rodrigo Neves em 2016. Agora, concorre a uma vaga como deputado estadual pelo PDT. Sua plataforma é focada no desenvolvimento econômico, no meio-ambiente, na educação e nas questões sociais.

“Vou lutar pela reabertura de todos os Cieps e pela educação em tempo integral; pela transferência de renda para as famílias mais pobres; pela retomada da indústria naval; pela eficiência da saúde pública; pela implementação da Linha 3 do metrô; pelo incentivo à agricultura familiar; por investimentos na prevenção, planejamento e valorização dos agentes públicos; pela criação e valorização de políticas, que fortaleçam os micro e pequenos empresários, com linhas de crédito especiais; pelo desenvolvimento de uma política de saneamento para a preservação de nossos rios, lagoas e florestas; pela implantação da educação animalista nas escolas e por investimentos em hospitais veterinários públicos; pelo estabelecimento de parcerias com prefeituras para valorizar as tradições e costumes dos municípios e regiões, e preservar seus equipamentos culturais; e pela implantação de políticas, que permitam um fluxo maior de turistas ao estado”, defende ele.

BENNY BRIOLLY foi a primeira vereadora transexual a assumir um mandato na Câmara Municipal de Ni terói. Nascida e criada em Niterói, Benny morou até os 20 anos no Fonseca e atualmente vive no Morro da Penha, na Ponta D´Areia. Candidata a deputada estadual pelo Psol, tem um forte discurso em defesa da “da liberdade religiosa, das mulheres, do povo negro e de toda população oprimida e periférica”.

“Na Alerj, vou ser o corpo e a voz do povo negro do Rio de Janeiro. Na Câmara de Niterói, articulei e garanti milhões de reais na lei orçamentária para implementar políticas para população LGBTQIA+, combater o racismo e construir moradias populares e creches em favelas. Redigi e levei a plenário proje to para garantir cotas em concursos públicos para pessoas trans e travestis e aprovei a Lei Dandara Brum contra o transfeminicídio. Na Alerj, vou continuar trabalhando pela Cidadania do povo LGBTQIA+. Vou legislar e lutar em defesa das religiões de matriz africana e promover diversas audiências públicas sobre racismo religioso e pelo diálogo ecumênico. Em Niterói, garanti mais de 500 mil reais para saúde e apre sentei projeto de saúde integral da população LGBTQIA+ e de atendimento humanizado ao aborto legal. Aprovei também projeto para assegurar a distribuição gratuita de absorventes nas escolas públicas a mulheres e a homens trans. Vou formular, na Alerj, projetos de habitação popular e de qualidade, com a experiência de quem viveu o problema (ela foi uma das pessoas expulsas do prédio da Caixa Econômica, no Centro de Niterói, em 2019). Também vou articular com a bancada progressista uma política estadual de complementação de renda para os mais pobres”, diz ela.

APESAR DE TEREM QUE ADOTAR UM DISCURSO GENERALISTA, pela abrangência do público-alvo nestas eleições, os candidatos niteroienses procuraram abordar temas que também interessam aos eleitores da cidade. Agora, estarão apropriadamente na torcida para que seus argumentos convençam os cidadãos a digitarem nas urnas as combinações numéricas, que os levarão ao olimpo da política estadual e nacional. A alternativa é a frase atribuída ao legendário general e futuro cônsul Júlio César, quando este cruzou o Rio Rubicão com suas legiões para “apaziguar”, à maneira romana, o Senado, que queria sua cabeça: “alea iacta est”, ou, “a sorte foi lançada”.

FLAVIO SERAFINI é sociólogo e professor da FIOCRUZ. Atualmente é deputado estadual, foi líder da bancada do PSOL e um dos principais combatentes aos esquemas de Pezão, Witzel e Castro. É presidente da Comissão de Educação da Alerj e da Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental e da Luta Antimanicomial. Serafini combate a desigualdade social e defende os direitos sociais e serviços públicos. Comprometido com os direitos humanos, prioriza a luta por educação, saúde, meio ambiente, moradia, transporte e atua contra toda forma de opressão.

Flavio Serafini está sempre na luta. É autor de mais de 470 iniciativas legislativas, entre as quais 35 leis em vigor de sua autoria e outras 125 em co-autoria. Conheça um pouco das principais ações já realizadas por Serafini e seu mandato coletivo!

Com pedido de socorro pelo Instagram, casal é resgatado da triste guerra na Ucrânia graças a uma força tarefa em Niterói comandada por Raphael Costa

O JOVEM ADVOGADO DA CIDADE fez faculdade para trabalhar em defesa de direitos humanos e re cebeu o Prêmio Jovem Líder pela Defesa de Causas Humanitárias.

Podia ser uma véspera de carnaval como outra qual quer, mas na sexta-feira, 25 de janeiro de 2022, um pedido de socorro mudaria os rumos do feriado festivo em Niterói. Uma mensagem recebida pelo Instagram mostrava o desespero de um casal de brasileiros que estava na Ucrânia com a grande probabilidade de uma guerra assolar o país e eles ficarem presos por lá.

A frente da Secretaria Municipal de Direitos Hu manos na época, Raphael Costa mobilizou a equipe para entender a situação e prestar todo apoio jurídi co e assistencial que a situação pedia. Foi assim que o jogador Diego Carioca e sua esposa conseguiram voltar ao Brasil, por intermédio do governo municipal que custeou a passagem dos dois, que estavam sem acesso a nada na cidade.

Mas entre o desesperado pedido de socorro e a chegada, uma guerra paralela foi travada para trazer de volta os dois niteroienses. O casal chegou ao Rio de Janeiro na terça-feira de carnaval, em meio a mui ta angústia da família e anseio de notícia dos jornalis tas que aguardavam no aeroporto os primeiros bra sileiros que retornavam após a Rússia invadir o país onde viviam.

Mas esse não foi o único caso humanitário que Raphael se envolveu. Enquanto secretário, criou o Programa de Educação Antirracista e o Núcleo Moï se para Migrantes e Refugiados, que levou o nome em homenagem ao congolês que foi morto na Barra da Tijuca.

O Núcleo, fruto de uma parceria com a Organi zação Internacional para as Migrações (OIM - ONU Migração), o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e com a Agência da ONU para Refugiados, presta atendimento jurídico, assis

tencial e psicológico, além de realizar mediação de conflitos e já atendeu mais de 300 pessoas que bus caram orientação.

Em sua maioria, senegaleses, angolanos, haitianos e congolenses. E por falar em ONU, este ano o menino nascido em Niterói mas criado no interior do estado, recebeu o Prêmio Jovem Líder pela Defesa de Causas Humanitárias.

“Foi o trabalho social que me fez buscar o curso de Di reito. Sentia a necessidade de me preparar e me habili tar para defender os direitos das pessoas, principalmen te as que mais sofrem com a exclusão e desigualdade. Desde muito novo, sempre atuei em ações de combate à fome, pré-vestibular, assistência à população de rua e outros projetos. Aos poucos, fui percebendo a urgência de garantir os direitos e políticas públicas que garantam a justiça social”, contou Raphael.

POBRE TEM VEZ E TEM VOZ

Os advogados são vistos, geralmente, como advoga dos do diabo. Aquele que defende alguma coisa que todos acusam, mas e o outro lado? E quem defende aqueles que muitas vezes a maioria nem enxerga? Foi com esse olhar, que foi aberto nos trabalhos com as pastorais sociais iniciado em 2012, que Raphael Costa passou a usar todos os anos de estudo do Direito para tentar mudar a vida das pessoas.

Formado pela Universidade Federal Fluminense, Costa tem profundas raízes no interior onde passou grande parte de sua infância na zona rural de Cambuci, no Noroeste fluminense, cidade de seus avós. Raphael cresceu em uma família católica com formação seguida no evangelho.

O garoto que vivia com o pé no barro na zona rural foi coroinha, catequista, participou de grupos de jovens, até descobrir sua vocação para o social. Raphael atuou nas pastorais do povo de rua, da criança, da saúde e carcerá ria. Depois de crescido, o trabalho social ficou enraizado

e ele buscou outros caminhos. Trabalhou na Cáritas, uma confe deração de 165 organizações humanitárias da Igreja Católica que atua em mais de duzentos países com a missão de construir um mundo melhor, especialmente para os mais vulneráveis.

Ainda jovem, mas não muito menino, Raphael ainda par ticipou de trabalho missionário em Moçambique, na África. Pela sua história nos trabalhos sociais, foi eleito coordenador das pastorais sociais da Arquidiocese de Niterói e também co ordenador da Pastoral da Cidadania do Rio de Janeiro. Ao lon go de sua jornada, atuou em programas de combate à fome, de acesso à educação e aos direitos mais básicos. Seu traba lho nas pastorais rendeu até mesmo um encontro com o Papa Francisco, em 2018, quando representou o Brasil no Vaticano.

Raphael Costa, apesar da pouca idade, no auge dos 28 anos, tem uma história de muito trabalho. Já foi presidente do Conselho da Juventude, liderou protestos sociais, fundou o pré-vestibular social Casa da Juventude, destinado a ampliar

o acesso de jovens carentes à universidade pú blica, virou consultor da ONU (2016), onde coor denou ações humanitárias (2019). Em 2020, foi convidado a gerir a pasta de Direitos Humanos, como secretário, em seu município de nascença. Mal sabia ele que seria um ano de novos e enor mes desafios com a chegada, ainda no início do ano, de uma pandemia mundial que iria mudar a vida de todos e trazer ainda mais pessoas para uma situação de vulnerabilidade social.

A pandemia trouxe muitos desafios. Com a necessidade do isolamento social, as empresas precisaram se reorganizar para o trabalho em sistema de home-office. O problema é que mui tas dessas empresas, sem público, acabaram fechando. Com isso, o número de pessoas em vulnerabilidade social teve um aumento em to das as regiões.

Como gestor de direitos humanos, Raphael precisou adaptar também os serviços. Foi nesse momento que, como secretário de Direitos Hu manos em Niterói, lançou o Zap da Cidadania. A ferramenta disponibiliza serviços de orientação e agendamento reservado com horário marcado para atendimento socioassistencial e jurídico. Nesse momento também nasceu uma parceria com órgãos estaduais para viabilização de docu mentação básica que é necessária para o acesso a serviços de saúde e até para o benefício social de transferência de renda, como o Renda Bási ca Temporária (emergencial em função da pan demia) que hoje foi migrado para um benefício permanente com a Moeda Social Arariboia e o Bolsa Família, atualmente chamado de Auxílio Brasil. O Zap da Cidadania viabilizou a emissão de mais de 5 mil Carteiras de Identidades (RG) e atendeu milhares de vítimas de violações.

Ao longo de sua trajetória, os trabalhos so ciais sempre foram pauta número um e ele não se manteve quieto. O menino nascido na Região Metropolitana e criado no interior, esteve em trabalhos sociais também pelas cidades de Cam pos dos Goytacazes, Itaperuna, Nova Friburgo, Volta Redonda, Paraty e Cabo Frio.

“Entendo o abandono que o interior sempre sofreu e luto por mais investimento nos poten ciais econômicos de cada região, por geração de empregos, melhoria das rodovias estaduais, combate à interiorização do crime organizado e pela expansão de universidades para mais cida des. Educação e emprego são a base de cresci mento de uma sociedade”, concluiu.

Foto: Rafael Hamano

Pastor Henrique Vieira volta a se candidatar para continuar sua luta a favor do amor, da humanidade, do acolhimento

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Pastor anti-fundamentalista, ator, escritor e professor de história. Henrique Vieira ao longo de sua vida dedicou-se à defesa dos direitos humanos e ao acolhimento de pessoas oprimidas pelo discurso violento de algumas lideranças religiosas. Entre 2012 e 2016, foi vereador na cidade de Niterói. É autor de dois livros - O amor como revolução e O monge e o pastor. Como ator, esteve no elenco de Marighella, filme de Wagner Moura, e participou do disco do rapper Emicida com um lindo e inesquecível texto, que você confere na última página desta edição.

O PASTOR HENRIQUE VIEIRA, fundador da Igreja Batista do Caminho, cimentou seu lugar como líder espiritual com muito estudo. Professor, poeta, palhaço, ator e ativista, são muitas as facetas que leva ao púlpito. De voz firme e uma tremenda simpatia, ele viu seu nome ficar ainda mais em evidência quando seu personagem no filme “Marighella”, de Wagner Moura, defendeu a possibilidade de Jesus ser preto, algo que o religioso já afirmava muito antes do filme. “A discussão vai além de uma questão de cor da pele. Jesus foi torturado e executado, era um corpo descartável. Sua experiência está profundamente conectada com a experiência do povo negro nas Américas e no Brasil”.

Um humanista, antes de mais nada, Pastor Henrique já foi vereador em Niterói pelo PSOL, e hoje se candidata a Deputado Federal. Mesmo quando celebra casamentos, defende uma existência menos alienada: “De uma forma sensível e poética, tento dizer aos casais para que não vivam um amor burguês, centrado na própria casa. Gosto quando os casais vivem o afeto, mas também abrem a janela”.

Sobre o atual governo, Vieira diz: “É preciso dizer que é um governo absolutamente incompatível com o espírito do evangelho. Esse desprezo à natureza, aos povos indígenas, ao povo negro, às mulheres. Esse sarcasmo diante do luto e do sofrimento das pessoas. Essa glorificação da violência, essa comemoração diante da morte”. Para o pastor Henrique Vieira, “é o tipo de discurso que mataria Jesus hoje”. Ele também comentou sobre o eleitorado evangélico, considerado o pote de ouro dessas eleições presidenciais: “Se reconhece que há uma diversidade no campo evangelho. Não é um monopólio de Bolsonaro.

EDUCAÇÃO (E)

É POLÍTICA

PARA COMPREENDER A RELAÇÃO entre política e educação se faz necessário entendê-los em sua concepção em si sua ação política em virtude de ser o caminho pelo qual a cidadania é construída. Segundo Carla Rinaldi (1980) tenra infância cidadãos e como tal, desenvolve-se a capacidade de exercer a cidadania de modo pleno e eficaz. Para capacidade de ser cidadão tem uma relação estreita com sua função política. Por outro lado, muitos confundem o a política partidária que traz sérios equívocos a respeito de concepções ideológicas. E se confundem ainda mais, quando de uma educação neutra. A neutralidade no ato de educar é uma ilusão, visto que a atividade exercida pelo ser humano por uma visão de mundo e estará presente nos diferentes espaços que convivemos. Definitivamente não aprendemos samos imaginar que seja assim. Na verdade, não há uma única forma de educação e estamos sempre em processo nos diferentes espaços que frequentamos e podemos assim entender a educação como um processo contínuo.

Tanto a educação quanto a política são palavras de todo dia. Nos jornais, nas conversas do dia a dia, nos telejornais, a importância dessa relação que nos faz perguntar: educação é política?

Sim, educação é política quando entendemos a sua “presença enérgica de cada pessoa na vida comunitária.” Atenas na Grécia Antiga, todos se reuniam em praça pública para se discutir sobre o bem-comum e decidir as ações criando assim o conceito tão necessário socialmente de democracia.

Para tanto, a relação entre educação e política precisa ser compreendida de modo indissociável porque a educação cício da cidadania necessário a vida em sociedade.

mais profunda. A educação tem (1980) a escola recebe desde a mais Para tanto, o desenvolvimento da o exercício da política cidadã com quando se imagina a possibilidade humano sempre estará atravessada aprendemos só na escola, embora pos processo permanente de aprendizagem telejornais, nas redes sociais revelando comunitária.” (Cortlella, 2018) A exemplo de ações a partir do desejo do povo, educação é a aprendizagem do exer

LUIZA SASSI

Psicóloga, Pedagoga, Mestre em Psicologia, Doutoranda em Educação Especialista em Gestão Publica e Gestão de Pessoas Diretora do GayLussac e Pedagoga da FME

SENHOR,

ESTADO PEQUENO, MÉDIO OU GRANDE?

UM DEPUTADO? ACEITA ACRESCENTAR

EESCUTO DEBATES DE TAMANHO do estado, com desejos de estado mínimo, discursos de corrupção, sem apontamentos de onde seriam as diminuições possíveis, e o quanto essa eco nomia aliviaria o orçamento. Me parece uma expressão bonita de defender: “Estado Míni mo”.Para quem está bem resolvido o Estado pode atrapalhar, eu concordo, mas os governos existem também para quem dele necessita –saúde, escola e segurança. Ninguém garante que os poucos servidores serão honestos, e se diminuirmos os órgãos de controles podemos aumentar a corrupção.

Atendo ao leitor deste artigo ao me declarar defensor do Estado Competente.

Cito como competência o governo que insta lou câmeras de CFTV em toda a cidade turística e comunicou a população, que tranquilizou

esse turista escritor: “pode ficar à vontade, nossa cidade é totalmente filmada e os bandi dos sabem que serão identificados e presos com muita rapidez. Os roubos não acontecem!” Ufa, que passeio tranquilo e definido como “melhor investimento em segurança que já tinha visto”. Incluo a licitação pública,para as bikes compartilhadas, como golaço dos governos. Liberou espaços, viabilizando as estações e ofertando a população (moradores, turistas, trabalhadores e entregadores de aplicativos) transporte ecolo gicamente perfeito e com melhoras na saúde de quem os usa, pedalar faz bem. Ainda com inves timento privado por ter espaços de publicidade. Gol de bicicleta!

Quero mais escolas públicas de qualidade, políticas inteligentes de segurança, quero que iluminem mais e de forma econômica as ruas

por onde a população caminha. Em épocas de pandemia quero mais (em quantidade e qualida de) sistema público de saúde, mobilidade urba na mais inteligente, quero mais espaços públicos de cultura com políticas de inclusão social, dese jo mais atendimentos sociais que tirem os seres humanos do desalento das ruas. Quero todas essas melhorias imediatamente.

Poderíamos comparar a quantidade de servi dores por habitantes do nosso país com os países que comparam os pedintes do mínimo de estado. Os números mostram que não temos servidores em excesso, temos classes especifi cas de servidores privilegiadas. Existem órgãos públicos improdutivos e deles poderíamos nos livrar. Um olhar mais atento a folha de paga mento dos governos mostrará que pagamos muito dinheiro a uma quantidade pequena de servidores. O papo não é análise de orçamento, mas a defesa do voto na competência de gestão pública.

Existem receios que cruzam eficiência estatal com ditadura ou perda de liberdades demo cráticas. Por saírem do mínimo para o governo máximo, citam a China, a finada União Soviética e Cuba. Esses povos perderam suas liberdades pelo poder das armas, não pelas mãos de go vernos civis competentes. A cada exemplo de ditadura pelo “estado máximo” te entregarei um exemplo de nação com estado democrático competente.Acrescento que o Estado Mínimo já existe, por exemplo, na cidade do Rio de Janeiro, que tem mais de cinquenta por cento do territó rio dominado pela Poder Paralelo, ou o tráfico e/ ou a miliciagovernam a vida de mais da metade dos cariocas. Esse “governo marginal” roubou os territórios, define quem comercializará den tro das comunidades e impõe a informalidade geral e irrestrita.Esse estado perverso, mínimo e carioca impede a assiduidade das crianças na escola, determina horário possível de entrada e saída de moradores, e cria insegurança em quem trabalha nos serviços públicos.

Defendo um estado que tenha diálogo com os setores da economia, como o franchising, que eu atuo. Temos poderio de contratação em quantidade, em velocidade de reação (o varejo tem a reação econômica mais rápida

a recessões) e empregamos os jovens com baixa escolaridade, por nossas atividades se rem de simples execução.Imaginem fomento para os empreendedores expandirem seus sucessos por meio de franquias pelo Brasil. Quantas lojas a mais alugadas e contrata ção de funcionários com empregos diretos e indiretos. Eu defendo a atuação do estado fomentando a economia.

Podemos privatizar ou não, mas essa decisão demandará números, pesquisas e está ticas. Investimentos nas pesquisas do IBGE, por exemplo. Nosso instituto de pesquisa é admirado no mundo e conta com um quadro de servidores que devolvem a sociedade cada centavo investido. A necessidade das decisões estratégicas comprovaque o estado deve ter competência, até para não deixar de realizar o Censo demográfico, luz para definição das políticas públicas.

Os defensores do Estado Mínimo citam os avanços das telefônicas/internet privatizadas como exemplo de ineficiência dos governos. Concordo integralmente, só que incluindo o enterro das nossas ferrovias na conta da privatização dos transportes de massa rodovi ário, chamados de transportes públicos, mas totalmente operados por empresários pode rosos. Acrescento a privatização das estradas rodoviárias, sem contrapartida de investimen tos em trilhos, nos roubando horas em engar rafamentos.

O MUNDO TOTALMENTE PRIVADO Seria o motoboy, acionado por aplicativo, machucado na labuta, fosse atendido em hospitais parti culares, com tratamento totalmente custeado pela empresa líder de mercado, incluindo as questões previdenciárias. Assim eu compreen deria a ausência do estado no tema. Já calcu lamos os custos dos acidentes de trabalho no mundo do delivery por aplicativos? A tecnolo gia fragilizou os entregadores por aumentar a oferta de trabalhadores e diminuiu os ganhos a ponto de expor a jornadas impossibilitando o sono e a alimentação adequados.

A REALIDADE dos motociclistas acidentados, entregadores de delivery, é atendimento por hospitais públicos, o famoso “SUS”. Aciona-se

o INSS para recebimentos de benefício social. Transformamos o trabalhador em “beneficiário” e depois contabilizamos déficit da Previdência Social. Teremos menos médicos nas emergências dos SUS? Menos escolas de formação profissio nal que possibilitaria uma trajetória profissional ao entregador de delivery?

Voto em quem me entregar propostas de re equilíbrio nas relações econômicas e sociais, por exemplo dos taxistas e dos motociclistas com os aplicativos. Pode ser em forma de aplicativos concorrentes (SPTaxi, Taxi.Rio e Valeu) aos líde res de mercados, que as prefeituras do Rio de Janeiro, São Paulo, Maricá e Niterói ofertaram

ao mercado. Veja que esses governos são de partidos diferentes, de lados diferentes (di reita, centro e esquerda), mas agiram a favor dos trabalhadores e dos empresários/lojistas/ taxistas. Os passageiros das cidades do Rio, de Niterói e de Maricá utilizam o mesmo aplica tivo, em uma integração que aplaudo de pé, como exemplo de senso publico e bom uso dos nossos recursos.

O discurso do estado mínimo pode ser cult ou intelectualizado, mas insuficiente para a complexidade atual. Meu voto não é pelo tamanho, mas em quem sabe produzir resultados!

MEIO AMBIENTE

EESCREVO UMA COLUNA NESSA REVISTA sobre os habitantes da nossa cidade, da fauna e da flora. Mas hoje vou escrever sobre meio-ambiente em geral. Eu, assim como toda cria “papa-goiaba”, bato no peito com altivez pindorâmica pra falar das belezas de nossa cidade. Principalmente pro povo do Rio, tendo aqueles retornos batidos, do tipo “ia a praia lá em mil novecentos e tal”, ou “minha tia mora lá “... Niterói tem cerca de metade de seu espaço coberto pelas matas do Parnit (entre São Francisco, Charitas e Piratininga), da Reserva Darcy Ribeiro (entre Itaipu, Pendotiba e a BR101), e do Parque Estadual Serra da Tiririca (entre Itaipu e Maricá), e muito de nosso orgulho e amor por Niterói se dá pelas nossas praias e e belezas naturais.

No meu caso, minha memória mais viva de moleque é de ir muitas vezes com meu pai no Canal do Camboatá - não pro lado da entrada de Camboinhas, mas pro outro lado, da Laguna de Piratininga. Chegávamos a tarde e com o lampião pra ficarmos também de noite, e num canal de oito, dez metros de largura, meu pai e muitos outros pescadores, em ambas as margens e distanciados apenas pelo tamanho da abertura de suas tarrafas, enchíamos todos, um balde de peixe e outro de camarão, cada. 12, 15kg de cada pescado, sem exagero de pescador. Memória tão valiosa me deixa feliz em compartilhar, e me fez decidir, estudar Biologia e me tornar professor.

As vivências na adolescência nas trilhas do Costão de Itacoatiara, Mourão (Pedra do Elefante), Santo Inácio (São Francisco/Maceió), corroboraram minha paixão e minha decisão. E hoje, como Professor de Ciências da escola pública de ensino fundamental local, levo meus alun@s, tanto nas trilhas, como ali, do lado da escola, no Canal do Camboatá.

Mostro os sambaquis mais antigos do Brasil, e a resistência da cultura caiçara. Adolescentes que nasceram e cresceram naquele local se espantam ao ver a riqueza da fauna, em especial da avifauna, e

também ao saber que a fartura de comida que as atraem se dá pela agonia da Laguna, rasa em seu espelho d’água por causa da difícil renovação de suas águas e do assoreamento, e ininterruptamente atacada pelo esgoto do crescimento imobiliário. Ainda constatam as obras do entorno da Laguna (e não Lagoa, pois é de água salgada), com uma ciclovia já para terminar, que liga do túnel até o Tibau, paisagismo e alguma preocupação ambiental traduzida em barreiras ecológicas pra lixo. Mas os pescadores, hoje, são poucos. Não vale mais a pena.

As Tupis “Águas Escondidas” sofrem, desde sempre, com seus grandes problemas ambientais: as águas e as praias da Baía de Guanabara continuam poluídas, assim como todos os nossos corpos hídricos. A mobilidade urbana é de se lamentar todo dia, e o saneamento, que é básico, na verdade é mascarado.

Mas, enquanto pudermos, seguimos. Acreditando na Educação, e na Educação Ambiental como ferramenta de transformação, tentando acender em outros corações a paixão e os valores da nossa natureza em jovens que vivem aquela Laguna desde suas gerações anteriores.

Quem sabe não pego mais quinze quilos de camarao lá...

Vejo a vida passar num instante

Será tempo o bastante que tenho pra viver?

Não sei, não posso saber

Quem segura o dia de amanhã na mão?

Não há quem possa acrescentar um milímetro a cada estação

Então, será tudo em vão? Banal? Sem razão?

Seria, sim, seria se não fosse o amor

O amor cuida com carinho, respira o outro, cria o elo

No vínculo de todas as cores, dizem que o amor é amarelo

É certo na incerteza

Socorro no meio da correnteza

Tão simples como um grão de areia

Confunde os poderosos a cada momento

Amor é decisão, atitude

Muito mais que sentimento

Alento, fogueira, amanhecer

O amor perdoa o imperdoável

Resgata dignidade do ser

É espiritual

Tão carnal quanto angelical

Não tá no dogma, ou preso numa religião

É tão antigo quanto a eternidade

Amor é espiritualidade

Latente, potente, preto, poesia

Um ombro na noite quieta

Um colo para começar o dia Filho, abrace sua mãe

Pai, perdoe seu filho

Pais é reparação, fruto de paz

Paz não se constrói com tiro

Mas eu o miro, de frente, na minha fragilidade

Eu não tenho a bolha da proteção

Queria guardar tudo que amo No castelo da minha imaginação

Mas eu vejo a vida passar num instante Será tempo o bastante que tenho para viver?

Eu não sei, eu não posso saber Mas enquanto houver amor

Eu mudarei o curso da vida

Farei um altar para comunhão

Nele eu serei um com o mundo

Até ver o ubuntu da emancipação

Porque eu descobri o segredo que me faz humano

Já não está mais perdido o elo

O amor é o segredo de tudo

E eu pinto tudo em amarelo

Henrique Vieira
Rua Lopes Trovão, 134 | Loja 118 Icaraí | Niterói 21 2610 1128
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