REVISTA AMAR - SETEMBRO 2020

Page 1

EDIÇÃO 54 • ANO 4 • MENSAL

WWW.REVISTAMAR.COM

Joana Vicente setembro2020


FELIZ DIA DO TRABALHADOR

O Benefit Plan Administrators Limited é uma empresa de serviços financeiros que proporciona uma administração profissional, serviços de custódia, consultoria e Trust Management necessários para os nossos clientes hoje e no futuro. Benefit Plan Administrators Limited gostaria de desejar aos nossas membros e às suas famílias um feliz dia do trabalhador.


HAPPY HAPPY HAPPY HAPPYLABOUR LABOUR LABOUR LABOURDAY DAY DAY DAY


Ficha Técnica Direção

Carmo Monteiro Manuel DaCosta

Edição Gráfica Carlos Monteiro David Ganhão

Marketing

Carmo Monteiro José M. Eustáquio

Fotografia Carmo Monteiro

Colaboradores

Armando Correa de Siqueira Neto Carlos Cruchinho Helena Rodrigues Isabel Rebelo José Carreira Leonídio Paulo Ferreira Manuela Marujo Maria João Rafael Paulo Perdiz Pedro M. Salvador Telma Pinguelo

Participação Especial Alexandra Tavares-Teles Ana Tulha Joaquim Leitão Pedro Emanuel Santos Sara Oliveira

Agradecimentos Angie Câmara FPCBP Jornal de Notícias MDC Media Group Notícias Magazine Portal O Sapo TIFF Volta ao Mundo

Contacto www.revistamar.com info@revistamar.com www.facebook.com/revistamar

416.806.7616

Conteúdos 6

Fátima estreou em Toronto

O filme Fátima teve finalmente oportunidade de chegar ao grande ecrã em Toronto na noite de Quinta-feira, 12 de Agosto e a Revista Amar esteve presente na premiere.

16

Portugal embaixada do mundo

O que acham do nosso país, seis embaixadores estrangeiros a exercer funções em Portugal? Tem curiosidade em saber?

e empresa subsidiária dos grupos Cyber Planet Inc. e MDC Media Group. Custo estimado por exemplar

$5.49

4 I Amar

página 14

22 Nas asas de um açor II

Carlos Cruchinho contínua a sua viagem inesquecível aos Açores, mais concretamente à Ilha de S. Miguel.

40 Confinámos bem

página 30

Desconfinámos mal

José Carreira aborda a temátima do confinamento e desconfinamento em Portugal no âmbito da pandemia da Covid-19.

página 36

44 Joana Vicente

Fique a conhecer a portuguesa que é co-responsável pelos destinos do Festival Internacional de Cinema de Toronto - TIFF.

56

página 42

Joaquim Leitão

Paulo Perdiz esteve à conversa com um dos nomes mais conhecidos da realização cinematográfica portuguesa.

64

Noite estrelada no "Toronto Star"

página 54

página 62

Manuela Marujo leva-nos numa viagem pela obra do pintor Van Gogh através da exposição "Immersive Van Gogh".

68 Revista Amar é uma marca registada

Setembro 2020

Fleurs de Villes

Maria João Rafael foi visitar o conhecido evento que encheu algumas ruas da cidade de Toronto de flores e muita cor.

76

Félix da Costa: o resiliente

Fique a conhecer o piloto português que conquistou o título de campeão do mundo de Formula E.

página 78 Os artigos publicados na presente edição são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo não refletir as opiniões e posições da Revista Amar naquela matéria. A utilização do novo acordo ortográfico, na matéria da presente edição, ficou à inteira descrição dos seus autores. Os conteúdos publicitários publicados na presente edição são da inteira responsabilidade, com autorização e aprovação prévia dos seus autores.


Happy Happy Labour Labour

day 2020 2020 day this Labour Day salute OnOn this Labour Day wewe salute allall of of our employees your hard work our employees forfor your hard work and celebrate you helping and wewe celebrate you forfor helping build our nation build our nation

ROOFING SOLUTIONSYOU YOUCAN CANTRUST TRUST ROOFING SOLUTIONS 416.763.2664 | vianaroofing.com 416.763.2664 | vianaroofing.com


FÁTIMA O

filme Fátima teve finalmente oportunidade de chegar ao grande ecrã em Toronto na noite de Quinta-feira, 12 de Agosto. A premiere aconteceu no Ontario Place, em formato drive-in, e levou ao recinto dezenas de convidados que assistiram à longa metragem a partir dos seus carros. O evento foi organizado pela Federação de Profissionais e Empresários Luso Canadianos - FPCBP em parceria com a Elevation Pictures, a Embaixada de Portugal em Toronto e o Turismo de Portugal.

A produção portuguesa atravessou fronteiras, contando com várias colaboraçōes internacionais para reconstituir a história que remonta a 1917 em que Lúcia, uma pastora de 10 anos, e os seus 6 I Amar

dois primos mais novos, Jacinta e Francisco, afirmam terem tido visōes da Virgem Maria, que lhes terá aparecido com uma mensagem de paz. O filme foi realizado pelo italiano Marco Pontecorvo e envolveu um investimento de 6 milhões de euros. A longa metragem foi rodada em Fátima e em Coimbra, em 2017, com passagens ainda por Sesimbra, Pinhal e Tomar. Nos momentos que antecederam a exibição do filme, os presidentes e representantes das entidades que possibilitaram trazer este trabalho até Toronto passaram pela blue carpet, onde posaram para fotografias e questōes dos media locais. Entre eles esteve Eduarda Sousa-Lall, presidente da FPCBP, vindo de Ottawa


estreou em Toronto João da Câmara, Embaixador de Portugal no Canadá, William Delgado, diretor do Portuguese National Tourism Office, Joana Vicente, Diretora executiva do Toronto International Film Festival, Manuel DaCosta, presidente do MDC Media Group e ainda contámos com a presença de Elizabeth Dowdeswell, Lieutenant Governor of Ontario. Depois da blue carpet, algumas destas personalidades subiram ao palco localizado ao lado da tela gigante para deixar as suas mensagens, numa apresentação guiada por Matthew Correia, que co-organizou o evento em parceria com Angie Câmara. Em representação das instituiçōes religiosas locais, o padre João Mendonça, da paróquia de São Sebastião de Toronto e o diácono

Silvério Fidalgo da paróquia de St. John the Evangelist, Caledon, marcaram também presença. O palco foi ainda animado pelas atuaçōes musicais de Hernâni Raposo e Valdemar Mejdoubi. Terminadas as atividades em palco, deu-se início a exibição do filme, que foi recebido com grande entusiasmo por todos os que estavam presentes e que se fizeram ouvir através das buzinas dos automóveis. A longa metragem Fátima chegará agora a mais plataformas no final de Agosto, para que todos possam assistir ao trabalho que atravessou fronteiras.

Telma Pinguelo MDC Media Group

Amar I 7


FOTOGRAFIA © CARMO MONTEIRO

8 I Amar


Ambiente renovado, o sabor de sempre. 3635 Cawthra Rd

Mississauga, ON L5A 2Y5

(905) 279-3206 www.novabakery.ca Amar I 9


FOTOGRAFIA © CARMO MONTEIRO

10 I Amar


PORTUGUESES RESIDENTES NO ESTRANGEIRO

PORTUGAL É ONDE ESTÁ O

.

E UMA PORTA SEMPRE ABERTA PARA O RECEBER. Independentemente da decisão de cada um, de ficar ou de viajar até Portugal, a Caixa tudo fará para que os seus clientes se sintam sempre mais próximos da sua terra natal. Conte com o nosso apoio. ESCRITÓRIO DE REPRESENTAÇÃO DA CGD – TORONTO 425 University Avenue, suite 100 | Toronto, ON, M5G 1T6. (junto ao Consulado de Portugal) Telf: (+1) 416 260 28 39 | Fax: (+1) 416 260 13 29 | Email: toronto@cgd.pt

A Caixa Geral de Depósitos, S.A. é autorizada pelo Banco de Portugal.

Amar I 11


V i s i t e w w w. r e v i s t a m a r. c o m p a r a m a i s d e s t i n o s t u r í s t i c o s


… Em Kingston, como no canadá em geral, a igualdade de género é a regra

Fotografia © OnFocus

Lisa Rice Madan


E

mbaixadora do Canadá, Lisa Rice Madan, fala com orgulho de um país que cada vez é mais multicultural e também onde homens e mulheres estão em plano de igualdade, como no atual governo.

Num país que já teve alguns governos paritário em termos de homens e de mulheres (18 cada, depois da reeleição em 2019 do primeiro-ministro Justin Trudeau), e que além de ter a rainha Isabel II como chefe de Estado conta com uma governadora-geral, a astronauta Julie Payette, é natural que a embaixadora do Canadá em Portugal, Lisa Rice Madan, se sinta mobilizada pela igualdade de género, tema que quis destacar. E quando se lhe refere que Kingston, no Ontário, se impõe no conjunto do Canadá como a cidade onde a igualdade de género se aproxima mais do ideal, percebe-se que não fica surpreendida: «Tanto a minha licenciatura como o meu mestrado foram tirados em Kingston. Estudei lá na Queens University. E aquilo que vi, e que é comum a todo o Canadá, é que há uma fantástica igualdade de género no ensino superior. Aliás, mais de metade dos estudantes universitários são hoje mulheres.»

Acrescenta Lisa Rice Madan que também o multiculturalismo é uma marca do país, o segundo maior do mundo em área, mas com uma população que rondará quando muito os 38 milhões. «A diversidade cultural é regra. O Canadá mudou muito nos últimos 50 anos e temos imigrantes instalados por todas as províncias. Hoje um em cada cinco canadianos nasceu no estrangeiro. Claro que há cidades como Toronto ou Vancouver, as grandes cidades em geral, onde a percentagem de população imigrante é mais alta, mas isso não significa que o multiculturalismo não esteja presente em todo o país», declara a embaixadora, desde setembro de 2018 em Lisboa. 14 I Amar

Fotografia © Matt Mills

A diplomata, que assinala que Kingston foi capital do Canadá entre 1841 e 1844 (Montreal e depois Toronto juntamente com a Cidade do Quebeque seguiram-se, até que Otava acabou por ser a escolha, há mais de século e meio), sublinha que, apesar de o país ser enorme e de haver diferenças regionais, há muito em comum, e a igualdade de género é muito semelhante.


«Em Toronto, por exemplo, a comunidade portuguesa está muito presente e o português é umas das línguas mais faladas», com os idiomas dos imigrantes a coexistirem com as duas línguas oficiais, o inglês e o francês, nota Lisa Rice Madan, que trabalha para o Ministério dos Negócios Estrangeiros desde 1992 e que, no exterior, já representou o Canadá em Singapura e na Austrália. Segundo ainda a embaixadora, a velocidade a que se integram os imigrantes e refugiados é bastante positiva, um processo que pode ser acelerado pela hospitalidade e o apoio das comunidades recetoras. E os já nascidos no Canadá «facilmente se adaptam às normas e aos valores do país, incluindo a igualdade entre os sexos, e participam na sociedade. Não é raro ver raparigas muçulmanas de 14 anos com lenço no cabelo a jogar futebol», nota esta mãe de três filhas.

Lisa Rice Madan, embaixadora do Canadá Créditos © Paulo Spranger/Global Imagens

Leonídio Paulo Ferreira

Volta ao Mundo

MACEDO GRANDE VARIEDADE DE UVA DA CALIFÓRNIA E CANADÁ COM MOSTOS DE PRIMEIRA QUALIDADE TOTALMENTE GARANTIDO PRODUZA VINHO NO CONFORTO DO SEU LAR

Your wine making experience starts here! Temos também o equipamento necessário e máquinas de esmagamento nas nossas instalações!

50 CALEDONIA PARK ROAD TORONTO TEL: 416.652.0416

1381 DUFFERIN STREET TORONTO TEL: 416.535.0416

30 OSSIGNTON AVENUE TORONTO TEL: 416.537.0416

WWW.MACEDOWINE.COM • MACEDOWINE@BELLNET.CA

Amar I 15


PORTUGAL,

embaixada do Mundo

Fotografia: DR

Fotografia © Ili nka Marcoci


Frank

Fotografia © Ra

tesh

f Aerosol

Fotografia © Je

Fotografia © Betsy


S

entado ao piano, uma estante repleta de livros como pano de fundo e a luz natural a querer furar a janela da divisão em que se encontra, Chris Sainty, embaixador britânico em Lisboa, move-se só ao sabor das notas. Focado, pernas e tronco quase imóveis, absorto na música, desfia, ao longo de mais dois minutos, “E depois do adeus”, canção de Paulo de Carvalho que foi uma das senhas de Abril e que significa, para os portugueses, o que poucas podem. O vídeo do momento musical foi partilhado pelo diplomata no Twitter, rigorosamente a 25 de abril, e teve milhares de visualizações. Pouco depois, Sainty voltava às redes para nova performance. Desta vez, com Zeca Afonso a servir de inspiração, na icónica “Grândola, vila morena”. Ao piano, pois. As reações repetiam-se. À falta de mais, o cenário bastaria para ilustrar o enamoramento que o representante máximo do Reino Unido em Portugal tem vindo a desenvolver pelo nosso país desde que cá chegou, em janeiro de 2018, para assumir o cargo de embaixador. E para que não restem dúvidas: “Poderíamos falar sobre Portugal durante horas, gosto muito”, antecipa, como ponto de partida para a conversa. Chris Sainty não o diz de ânimo leve. Ao longo de mais de dois anos, já investiu incontáveis dias e quilómetros a conhecer o país que o desarmou. Um fartote de viagens, um vasto leque de regiões a quererem seduzi-lo. E uma dificuldade acrescida para quem faz da diplomacia missão de vida. “Já estive em tantos lugares de que gostei que é difícil ser diplomático. Até porque depois há a rivalidade. Os tripeiros, os alfacinhas…”, atira, a mostrar que tem a lição bem estudada. Mas lá arrisca destacar alguns destes locais. “Gostei muito do Douro, do Alentejo, dos Açores, da Madeira, do Algarve, das cidades históricas do centro”, enumera, dando graças pela “escala”. “Pode visitar-se tudo com mais facilidade.”

Portugal é especial. O marisco, o peixe fresco onde quer que vamos. O bacalhau, claro.” E as pessoas, pois. Sentiu-o em particular à custa dos momentos musicais que foi partilhando no Twitter. Do tema de Paulo de Carvalho e da “Grândola”. Mas também de outros, que haveria de “lançar” mais tarde. Do “Porto sentido” de Rui Veloso, a “Lisboa, não sejas francesa” de Amália Rodrigues. “Em todas tive imensas reações. Os portugueses criam facilmente uma grande ligação emocional. São muito fortes no calor humano e fazem-nos sentir especiais. É algo pouco usual e a meu ver extraordinário.” Não espanta, pois, que a música portuguesa seja outra das paixões declaradas deste britânico que visitou o país pela primeira vez em 2002, quando veio para passar férias com a família. Dessa vez “só estive no Algarve, claro”, ri-se, e aconselha todos os que venham no futuro a fazer… o oposto. “Sempre que tenho amigos ou familiares a virem cá o meu conselho é que não fiquem só pelo Algarve. Que explorem o país, a cultura, a arte, os castelos, os palácios, as aldeias do interior, a comida, a bebida, as próprias palavras.” E a música. Quanto às atuais limitações impostas pelo Reino Unido em relação às viagens para Portugal – todos os britânicos que venham para cá terão depois de sujeitar-se a um período de quarentena -, já fez saber, via Twitter, que torce para que o cenário possa mudar rapidamente. “Ninguém vai ficar mais agradado do que eu quando chegarmos a esse ponto.”

País de cinco maravilhas Cai Run, embaixador da China em Portugal, já exerce o cargo desde 2015. Tempo de sobra para alimentar uma afeição ímpar pelo nosso cantinho. “Quanto mais tempo passo aqui, mais profundo fica o meu afeto por este país e

Chris Sainty, embaixador britânico

Cai Run, embaixador chinês

Depois, claro, o clima, sempre o clima, sobretudo se é dos britânicos que falamos. “Até porque nesse aspeto não temos padrões muito elevados”, brinca. Para o embaixador, a sensação de acordar e olhar o céu azul, ver o sol a brilhar sem freio, é inigualável. A comida também. Ainda mais por se tratar de um fã incondicional da gastronomia do Sul da Europa. “Mas

pelo seu povo”, garante. Tanto que já aprendeu a ter na ponta da língua a resposta às muitas perguntas que lhe fazem. Cá e lá. “Há amigos portugueses que me perguntam: o que é que gosta mais de Portugal? Há também muitos amigos chineses que me perguntam: que tipo de país é? Respondo-lhes sempre que é um país de cinco maravilhas.”

Créditos © Reinaldo Rodrigues/Global Imagens

18 I Amar

Créditos: Direitos Reservados


A primeira das quais é, sem surpresa, o clima. “Portugal não sofre do frio extremo ao longo do inverno, nem do calor sufocante durante o verão. O clima agradável faz com que seja um bom lugar para viver, facto esse que já se tornou num cartão de visita”, sublinha Cai Run. Depois, as paisagens. Naturais e históricas. “A Serra da Estrela com neve, o sol e as praias do Algarve, o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém”, locais que, assegura o diplomata, “encantam e tocam os turistas de uma forma profunda”. Cai Run fala com conhecimento de causa. Desde 2015, já esteve em todos os distritos de Portugal Continental, bem como nas ilhas. Ao todo, já visitou perto de uma centena de cidades portuguesas. Não se espanta, por isso, quando nota “um aumento constante dos visitantes chineses”. Até porque as gentes também vêm ao caso. O embaixador, que se orgulha de ter feito bons amigos em Portugal ao longo dos últimos anos, destaca as características “cordiais e amistosas, a atitude sincera e modesta, bem como a qualidade racional e inclusiva” dos portugueses. Traços que lhe inspiram até uma metáfora a roçar o poético. “Ao falar com eles, sinto-me tão aconchegado como se mergulhasse na aragem da primavera.”

-Portugal, numa altura em que as relações entre os nossos países se encontram no seu melhor momento histórico.”

Arte e solidariedade Já Florence Mangin, embaixadora de França, prefere começar por destacar a arte. Por ser uma apaixonada nata, percebe-se, mas também pela admiração face ao que de bom se faz nesta área, por cá. “Os portugueses são muito zelosos em relação ao seu património, ao seu legado artístico, aos palácios antigos. Têm um grande interesse na criação artística e muitas instituições dedicadas à arte. É lógico que o país tem outras prioridades económicas, mas penso que a devoção à arte é uma característica dos portugueses e que o interesse que há é assinalável.” A devoção, assinala, deriva também para profissões antigas, relacionadas com as artes. Florence fala da Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, da fábrica da Vista Alegre ou dos tapetes de Arraiolos. “Há técnicas que estão muito enraizadas e vão passando de geração em geração.”

A lista das cinco maravilhas não termina por aqui. Cai Run destaca ainda os bons vinhos portugueses. E as boas equipas de futebol. A propósito dos primeiros, realça uma curiosidade. “A pronúncia da palavra Portugal em chinês é ‘pu tao ya’, e ‘pu ta’ significa uva. Portanto, muitos chineses pensam em vinho ao ler o nome de Portugal.” De resto, conta que já teve oportunidade de visitar várias adegas no nosso país e não poupa elogios à “técnica enológica única”, que se traduz em múltiplos vinhos de qualidade. “Constatei com satisfação que cada vez mais vinhos portugueses estão a fazer parte da vida de milhares e milhares chineses.” Por fim, o diplomata confessa o fascínio pelas “boas equipas de futebol” que temos. Uma sedução que nem surpreende, se olharmos para o leque de atletas e treinadores, nos escalões seniores ou nas camadas jovens, que têm vindo a ser recrutados cá para seguirem viagem rumo ao Oriente. Só não lhe peçam para escolher um clube. “Aqui tem-me sido feita uma pergunta dificílima: o senhor é sportinguista ou benfiquista? A minha resposta é: sou ‘portuguista’. Sou adepto do futebol português. Sem dúvida, o futebol é mais um cartão de visita. Cristiano Ronaldo tem cerca de sete milhões de seguidores nas redes sociais da China e a Madeira também está a ficar cada vez mais conhecida na China por causa dele.” Mesmo admitindo que a beleza do país não pode caber toda nestas cinco maravilhas, Cai Run entende que elas ajudam a resumir as condições favoráveis para o país desenvolver cooperações amigáveis com outros. “Tenho muito orgulho em ser embaixador da China em Portugal e em dar o meu próprio contributo para a Parceria Estratégica Global China-

Florence Mangin, embaixadora francesa Créditos © Orlando Almeida/Global Imagens

Mas não há lista de preferências em que a gastronomia e a enologia não entrem. O caso da diplomata não é exceção, com a peculiaridade de que, para ela, essas duas características surgem intimamente associadas aos traços de carácter dos portugueses. A gentileza, o lado hospitaleiro, a abertura aos outros. “Entendo a gastronomia como um prolongamento desta atenção aos outros, do sentido de bem receber, de partilhar”, assinala Florence, que se assume como uma fã incondicional de camarão, bacalhau, atum (“de peixe no geral”, resume) e de algumas especialidades locais como a sopa alentejana.

HAPPY LABOUR DAY Amar I 19


Embaixadora de França há mais ou menos um ano, admite que ainda quer ter tempo para “descobrir todas as partes de Portugal”, mas o que já viu – Porto, Tavira, Évora, Peniche, Batalha, Alcobaça, Marvão, Portalegre, as ilhas – permite-lhe concluir que os portugueses têm outra característica que faz a diferença: o espírito solidário. “A atenção que os portugueses dão aos outros. Esse espírito estará mais desenvolvido aqui do que noutros países europeus”, arrisca Florence, que dá como exemplo as várias iniciativas que os portugueses, ora a nível individual ora através das empresas, têm levado ao cabo em tempos de covid. De resto, quando tem amigos ou familiares a visitar Portugal, há uma recomendação que não dispensa. “Digo-lhes para caminharem por Lisboa. Para verem os muitos monumentos, que são incríveis. Mas para andarem a pé. Porque para sentirem realmente a cidade têm de se perder, de caminhar sem destino.” Para o Porto reserva outro rol de elogios. “É uma cidade com um espírito diferente. Gosto muito das casas antigas, ao pé do rio. Têm um charme impressionante. E gosto muito das igrejas, da Sé Catedral, da Casa da Música. Da Galeria da Biodiversidade também. É muito original.” Antes de assumir o cargo de embaixadora, há pouco mais de um ano, tinha estado cá apenas uma vez, para visitar a Expo 98 com a família, mas a estadia de curta duração bastou para lhe servir de prenúncio de tempos felizes. “Tenho grandes memórias desses dias. Foram fantásticos.”

se um mês. Lembra-se da sardinha. E lembra-se de um país que nada tem a ver com o de hoje. “Nos anos 1970, era muito pobre e atrasado, com poucos turistas. Era o lugar mais barato para se viajar na altura”, faz notar. “Preferia o Algarve nesses dias”, diz, sem olhar à diplomacia. Mas não lhe faltam motivos para ser fã do Portugal de hoje. “Há essencialmente três coisas que tenho de destacar: o clima, as pessoas e a história do país.” Em relação ao primeiro, gaba essencialmente “a luz do sol e o calor”. Das pessoas, diz que “são modestas, têm boas maneiras, são hospitaleiras e têm bom trato”. Encontra-lhes até traços em comum com os dinamarqueses. “No sentido de humor, por exemplo.” Em relação à história, deslumbra-o, acima de tudo, a época dos Descobrimentos. “Adoro sentar-me em Lisboa e observar os lugares que nos lembram da história. Como os grandes Descobrimentos dos séculos XIV e XV. É um país tão pequeno e conseguiu descobrir uma parte do Mundo e construir um grande império. Acho incrível.” Depois, reconhece-nos outros pequenos encantos, que faz questão de ir descobrindo com tempo. “Adoro a vila de Marvão, o Palácio da Pena, conduzir ao longo da costa de Cascais até ao norte. Adoro o Douro, gosto muito das vinhas do Douro. Digo sempre aos dinamarqueses para não se ficarem só pelo Algarve, até porque acho que tem demasiada gente.”

A história que desarma

A língua que é pátria

No caso de Lars Faaborg-Andersen, o máximo representante da Dinamarca em Portugal, o primeiro contacto com nosso país aconteceu bem mais cedo, algures no longínquo ano de 1975. Era o tempo do pós-25 de Abril (o diplomata não sabe precisar a data), de uma democracia que se ia impondo aos apalpões, de mudanças colossais, da Europa de olhos postos em nós pela proeza de uma revolução pacífica. “Era um tempo muito interessante politicamente e um local barato, simpático e quente para viajar.”

O maior lamento de Hermann Aschentrupp Toledo, embaixador do México em Portugal, prende-se precisamente com o facto de ainda não ter tido tanto tempo quanto gostaria para correr o país de lés-a-lés. Entregou a carta credencial ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em dezembro de 2019, e pouco depois… veio a pandemia. “Ainda não tive muito tempo, mas já gosto de muita coisa. Desde logo das pessoas. Portugal tem gente muito boa, muito amável. Acho que foi a primeira coisa de que me apercebi. Nas

Lars Faaborg-Andersen, embaixador dinamarquês

Hermann Aschentrupp Toledo, embaixador mexicano

Lars Faaborg-Andersen tinha uns 20 anos e rumou ao Algarve com amigos. Lembra-se que alugaram um espaço aos pescadores e que lá passaram qua-

ruas, nos lugares onde eu vou, as pessoas têm um trato muito distinto. Sempre que tenho oportunidade falo com pessoas de cá.”

Créditos: Direitos Reservados

20 I Amar

Créditos: Direitos Reservados


O entusiasmo é notório. O diplomata fala em português, como que a anunciar o segundo dos motivos que o deixaram rendido: a língua. Sendo que, neste caso, o amor surgiu há uma porrada de anos, era ele ainda um garoto a estudar na universidade. “Na altura tinha de escolher uma língua nova para estudar e não hesitei. Gosto muito dos sons e da língua portuguesa. E das palavras. Como a palavra saudade, tão difícil de traduzir. É uma língua maravilhosa.” O embaixador mexicano cita até Pessoa para comprovar o fascínio. “Ele dizia ‘a minha pátria é a língua portuguesa’ e eu concordo. Quando alguém chega a outro país e escuta a sua própria língua sente-se em casa.” A primeira visita é que tardou. Apesar de ter feito grande parte da carreira diplomática no sul da Europa, acabava quase invariavelmente em Espanha, por ter família lá. Mas sempre ouviu dizer que Portugal era “muito bonito”. Antes de assumir o cargo no nosso país, lembra-se até de ver a capa de uma revista de turismo que anunciava o seguinte: “Pais a descobrir este ano: Portugal.” E foi mesmo. Veio em trabalho, mas rapidamente se deixou fascinar por inúmeros prazeres. A gastronomia, claro. “Adoro o bacalhau. Principalmente com batatas a murro. Mas não fazia ideia que podia haver tantas formas de preparar bacalhau. E tenho muita inveja dos portugueses, por aproveitarem tão bem o mar. O peixe e sobretudo o marisco. No México não é assim”, atira, sem cerimónias. Confessa-se ainda rendido ao pão. “É o melhor que já comi.” Hermann Aschentrupp Toledo realça igualmente a música, o fado em particular. “É uma música única, poética, melancólica. Diz muito das raízes culturais e do carácter dos portugueses. Acho que são um bocadinho melancólicos. E o fado reflete isso.” Lembra ainda as praias. “Muito boas, com areia fininha. Pena a água ser gelada”, diz, a rir. Mas também as cidades, as paisagens. “Estive no Porto três vezes e gostei muito. E gosto de Lisboa, do Tejo e da luz incrível da cidade. E do Alentejo. Já estive em Beja e Évora e também gostei muito.”

Da religião à cataplana

Mmamokwena Gaoretelelwe, embaixadora da África do Sul Créditos © Orlando Almeida/Global Imagens

“são muito sinceras e gostam imenso de ajudar”. A gastronomia, pois. “Adoro cataplana. E vários pratos de bacalhau. E bochecha. Os vinhos são incríveis. E o pão, o pão é fantástico”, vai lançando, como se a enumeração fosse interminável. “Fiquei deslumbrada com o facto de cada região ter o seu próprio pão. Já provei em várias e gostei de todos.” A lista ainda não termina por aqui. Mmamokwena Gaoretelelwe aponta ainda a segurança. “É um país muito seguro. Sentimo-nos livres para caminhar à vontade.” E a arquitetura. Lembra-se que quando, em dezembro de 2016, chegou a Portugal para assumir o cargo (antes, só cá tinha estado de passagem, numa escala de um voo para Londres, corria o ano de 1992), o que mais a impressionou foram precisamente os edifícios. “Desde obras do século XVIII a edifícios medievais.” Entretanto, já teve tempo para ver um pouco de tudo. E é precisamente aí, garante, que reside outro dos nossos encantos. “É um país muito bonito, em que cada região tem as suas características específicas. Lisboa, Algarve, o norte, os Açores, a Madeira, o interior. Há lugares fantásticos. É o Mundo todo num só país.”

Para Mmamokwena Gaoretelelwe, embaixadora da África do Sul, a religião ocupa um espaço dominante na lista de preferências. “Cresci com o catolicismo e é muito importante para mim. Daí que essa seja uma das coisas que gosto cá, a religião católica.” E a importância dela no país. Também por isso admite ser fã de Fátima, “um lugar muito espiritual”. E das igrejas. “Acho que os edifícios mais bonitos que vi em Portugal foram as igrejas. Há igrejas mesmo muito bonitas.” Mas a diplomata também confessa o gosto por outros atrativos bem menos espirituais. O clima, claro. As pessoas, que

Ana Tulha NM

HAPPY LABOUR DAY

Alliance Lumber & Building Materials Inc. Alliance Disposal Services Inc. Renato Silva 21 Taber Rd., Etobicoke, ON M9W 3A7 416.745.6500 - sales@alliancegp.ca www.alliancegp.ca

Amar I 21


Nas asas de um aรงor II

22 I Amar


M

ais um dia despontava lá para os lados do porto, os autocarros despejavam os passageiros vindos dos arredores da cidade. O fluxo das gentes na baixa da cidade repete-se dia após dia, cada um ocupando o seu lugar na engrenagem de funcionamento desta urbe insular. Forrado o estômago numa esplanada na marginal, o sol já vai alto, hora de por o bólide na estrada a caminho das furnas. O itinerário escolhido junto à costa, a estrada EN1-A1 via estruturante nas deslocações pela ilha micaelense. Uma visita a S. Roque, Lagoa, Água de Pau, uma paragem mais demorada em Vila Franca do Campo. Avistar o ilhéu à distância, palco dos campeonatos de saltos para água, o Red Bull Cliff Diving. Um lugar paradisíaco onde as ondas do mar marulham de forma peculiar nos calhaus rolados durante séculos. Link:https://youtu.be/JM2Dk8d37tg

Amar I 23


A parte da manhã tinha sido destinada a percorrer um trilho pedestre Praia – Lagoa do Fogo. A intenção esmoreceu a quando da consulta da informação precisa sobre o trilho, um percurso circular, grau de dificuldade médio, numa extensão de 11 km com a duração de 4 horas. Sem roupa e calçado adequado para caminhada, a sua extensão e duração fizeram o resto, a crónica de uma desistência anunciada. Cancelada a caminhada, a hora de almoço aproximava-se vertiginosamente a viagem prosseguia em direção à Lagoa das Furnas. Uma subida acentuada rivalizou com uma descida pronunciada atá à lagoa das Furnas, as árvores frondosas sombreavam a nossa passagem na estrada, um misto de alcatrão e empedrado. Lagoa das Furnas Créditos © Carlos Cruchinho

Comprado o ingresso na lagoa, estacionado o veículo, ao longe avistei as primeiras fumarolas. O raizame à flor da terra anunciava a elevada temperatura do chão por nós pisado nos percursos devidamente assinalados, onde a sinalética destacava a alta temperatura da água que brotava borbulhante do interior da terra. Rodeados de abruptas vertentes montanhosas, pude fruir da flora exuberante e da fauna abundante nas margens da lagoa. Uma visita rápida ao chão onde o cozido das furnas estava enterrado em lenta cozedura, cada buraco exibia a placa do restaurante ou casa de pasto associado. O nome Tony’s ficou–me na retina, um nome anglo-saxónico como estratégia de marketing de venda, apropriado nos Açores pelo enorme ligação das gentes do arquipélago ao continente norte americano. 24 I Amar


Povoação de Furnas Créditos © Carlos Cruchinho

Já com um ratito no estômago, depressa chegamos às Furnas, o cheiro intenso a enxofre impregnava o ar, as ruas cheias de curiosos de telemóveis em punho, no registo desta sétima maravilha da natureza. À venda os bolos Levêdos das Furnas, uma breve explicação da doceira, um pacote transacionado para mais tarde, na hora do lanche alimentar a gula dos sabores. Uma volta apeada pela vila proporcionou a descoberta de recantos encantadores, um extremo cuidado com a manutenção e arranjo dos espaços verdes, ruas imaculadas, sinalização objetiva. Antes da degustação do cozido das Furnas, uma espreitadela no Parque Terra Nostra e na poça da Dona Beija, locais incontornáveis a visitar nesta localidade. Já à mesa no Tony´s, após uma espera de 20’, uma simpatia de empregada tira o pedido sem perguntar o queremos, o nosso linguajar atraiçoou-nos, a maioria dos continentais só pedem o famoso cozido. A refeição foi acompanhado com um vinho branco maçanita verdelho original da Ilha do Pico, como sobremesa um pudim de maracujá. Saciado o corpo divinamente, num breve passeio antes de regressar à estrada, um momento de reflexão na Igreja de Nossa Senhora da Alegria, uma arquitetura simples.

Igreja de Nossa Senhora da Alegria, Furnas Créditos © Carlos Cruchinho Amar I 25


Com enorme vontade de permanecer neste paraíso, à beira da lagoa das furnas fomos encontrar uma história de amor, a construção duma igreja por José do Canto, em consequência de um voto formulado pela doença de sua esposa. José do Canto (1820-1898) foi um homem rico, culto e amante da natureza. No seu testamento reza: “Tendo feito, durante a maior gravidade da moléstia de minha esposa, em 1854, o voto de edificar uma pequena capela da invocação de Nossa Senhora das Vitórias, e não havendo realizado ainda o meu propósito por circunstâncias alheias à minha vontade, ordeno que se faça a dita edificação, no caso que ao tempo da minha morte não esteja feita, no sítio que havia escolhido, junto da Lagoa das Furnas, com aquela decência, e boa disposição em que eu, se vivo fora, a teria edificado.” Situada na margem poente da Lagoa das Furnas, refletindo-se nas suas águas, é um impressionante exemplar do estilo neogótico, único em todo o arquipélago, onde se encontra sepultado este ilustre açoriano amante da natureza.

Igreja Neogótica Créditos © Carlos Cruchinho 26 I Amar


No regresso a Ponta Delgada, o ocaso a poente apresentava os primeiros vestígios dum lento anoitecer, faltava avistar lá do alto a Lagoa do Fogo, o alfa e o ómega deste dia tão intenso. Numa corrida contra o tempo escalamos a vertente numa estrada sinuosa, uma última fotografia ao entardecer valeu o esforço. O resto da noite foi preenchida com um repasto na Taberna do Açor, começando com uma Sopa de Peixe à Pescador (no Pão), uma tábua de queijos e enchidos e uma tigelada regional à sobremesa, excelente local onde completámos o cardápio das iguarias insulares. Na última manhã em Ponta Delgada, uma derradeira espreitadela pela baixa da cidade, por ruelas paralelas e perpendiculares ao porto. Avistado o forte e ladeada a estátua do ilustre Teófilo de Braga, uma visita às igrejas requintadamente decoradas com a talha dourada e arte sacra. Uma assume um particular destaque, a igreja e o convento da Esperança.

Igreja da Esperança Créditos © Carlos Cruchinho Amar I 27


Ambos datam do século XVI, tendo sofrido alterações nos séculos posteriores, albergando a famosa imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres, apresentando um fabuloso conjunto de adereços em ouro e pedras preciosas do século XVIII, e associado à maior festividade da cidade. A Igreja apresenta um rico interior, profusamente decorado de talha dourada, pinturas de Manuel Pinheiro Moreira e azulejaria do século XVIII e outra mais recente. O Convento da Esperança é também conhecido por ter sido no muro exterior da sua cerca, num banco de jardim assinalado por uma âncora, que em 1891 se suicidou o poeta Antero de Quental. Como despedida deixo um excerto do primeiro capítulo do livro Gente Feliz com Lágrimas do escritor açoriano João de Melo. Uma singela homenagem a toda diáspora das gentes dos Açores, espalhada pelo mundo e em particular no Canadá e Estados Unidos da América que um dia tiveram que partir.

Convento da Esperança Créditos © Carlos Cruchinho

“Quando largaram da doca – e o focinho cortante das proas rasgou o pano azul das águas atlânticas, rumo a Lisboa – havia também a mesma chuva ácida do princípio da noite. Além disso, dera-se a chegada das mesmíssimas vacas ao cais de embarque, sendo elas destinadas aos matadouros continentais. E o pranto de muita gente que ali ficou a agitar lencinhos de adeus fora-se logo convertendo num uivo, o qual acabou por confundir-se com o rumor do vento a alto mar. Depois um e outro viram a Ilha ir fenecendo na distância das luzes enevoadas e extinguir-se aos poucos, submersa pelos véus de cinza que se desprendiam das nuvens.”

Referências: www.josedocanto.com/sobre-about www.tabernaacor.pt/menus/ www.guiadacidade.pt/pt/poi-igreja-do-senhor-santo-cristo-18522

Carlos Cruchinho

Licenciado no ensino da História e Ciências Sociais

28 I Amar


You provide the dream. I’ll do the rest. Selling homes in Canada + condos & villas in Portugal

Happy Labour Day

Fernando Ferreira Registered Realtor

For a FREE home evaluation or any real estate INFO call

416.528.4724

fernandoferreirasells@gmail.com

fernandoferreira.ca


Os clássicos da cerâmica

Fotografia © Ante Hamersmit

que não saem de moda

30 I Amar


A

cerâmica artesanal mantém os moldes desenhados há séculos, com reinvenções pelo caminho. Artigos únicos que permanecem à mesa - ou em qualquer lugar. Para usar ou contemplar. A imaginação de Raphael Bordallo Pinheiro, multifacetado artista português – ceramista, desenhador, ilustrador, caricaturista político e social, jornalista, professor -, era bastante fértil. Na genialidade da sua cabeça, tudo o que observava na natureza era possível moldar para imitar nas suas criações de cerâmica. Era mesmo e, dessa forma, abriu caminho para uma obra única e intensa feita à mão na Fábrica de Faianças nas Caldas da Rainha. As andorinhas, os centros de mesa, os jarros bustos, os animais agigantados, o mítico Zé Povinho, atravessaram dois séculos. O seu trabalho na cerâmica conquistou medalhas de ouro em exposições internacionais. Tantos anos depois, a Bordallo Pinheiro mantém o ADN do artista entranhado nas peças de texturas vincadas e cores vibrantes. Couves que são terrinas e candeeiros. Tomates que são pratos de pão, saladeiras, tigelas ou manteigueiras. Melancias que são centros de mesa, meloas que são fruteiras, morangos que são azeitoneiras e taças. Laranjas que são bules, ananases que são molheiras, alcachofras que são saladeiras e pratos de sobremesa. Andorinhas, rãs, sardinhas, animais que se agarram a peças, insetos em vasos, caracóis gigantes, gatos, cabeças de animais, peixes e marisco. Peças decorativas e utilitárias que continuam a ser fabricadas nas Caldas da Rainha e que correm o país e o mundo. Em 2009, o Grupo Visabeira, dono da Vista Alegre, comprou a Bordallo Pinheiro – antes disso, havia artigos que saíam da fábrica sem a marca Bordallo registada na louça e a cerâmica andava fora do radar do consumidor. A estratégia passou por salvaguardar a identidade histórica da marca de uma figura maior da cultura nacional, manter as peças mais icónicas e artísticas, e renovar produtos, adaptando-os ao mercado. A atenção ao detalhe na modelação das formas e nas texturas, a tradição naturalista e a ligação às artes plásticas são intocáveis. “Com base na obra de Bordallo prosseguimos essa orientação naturalista”, refere Nuno Barra, administrador da Bordallo Pinheiro e da Vista Alegre.

Fotografia © Betsy Frank

São cerca de 1 300 referências na gama ativa, perto de cinco mil que podem ser feitas por encomenda. São cinco lojas próprias em Portugal, mais uma em Madrid, duas em Paris, e em tantas montras e lojas nacionais. São clientes em vários países, como Espanha, Suécia, Reino Unido, França, Itália, Estados Unidos, África do Sul, Coreia do Sul. São preços acessíveis como mais elevados. “É uma cerâmica muito transversal e intemporal, são peças muito fortes do ponto de vista visual, com personalidade vincada”, diz Nuno Barra. De cores vibrantes e luminosas que a faiança permite, peças que vivem sozinhas ou que se misturam sem problemas. “Há uma grande intervenção manual, na ornamentação e na pintura, e a cadeia de produção é lenta”, adianta o responsável. Cerca de 90% das peças da Bordallo têm toque de mãos especializadas. Integridade na tradição, traços de modernidade numa reinvenção que continua a alimentar o imaginário coletivo nacional. Amar I 31


Sant’anna

Par de dançarinos

Bordallo Pinheiro Folha de castanheiro 32 I Amar


Bordallo Pinheiro Jarro duas rãs

agora em duas localizações diferentes para o servir melhor

O PÁTIO

Churrasqueira

416.792.7313 2255 Keele St. North York

905.553.2600

9781 Jane St. Vaughan PRATOS VARIADOS COZINHA TRADICIONAL PORTUGUESA Produtos Frescos Aberto 7 dias/semana • Catering • Take-Out • Bar & Salão de Jantar • Pátio exterior fechado & aquecido Amar I 33


Sant’anna

Prato Quental

Malabar Gansos

Malabar GĂ´ndola

34 I Amar


Utilitárias e decorativas

Em Coimbra, também se fazem peças à mão. A Malabar, empresa de comércio artesanal especializada em cerâmicas, produz faiança decorativa e utilitária inspirada na cerâmica tradicional portuguesa do século XVII e XVIII e hispano-árabe. Peças que perduram, vendidas sobretudo em Portugal e nos Estados Unidos. “É uma cerâmica que não cansa. Independentemente de estar um ano ou dez no mesmo sítio, é sempre bonita”, garante Isabel Medina, gerente da Malabar, que tem sete lojas na baixa coimbrã. Jarras, ânforas, galheteiros, bomboneiras, travessas, pratos, saladeiras, bengaleiros, bules, potes, castiçais, fruteiras. Não há duas peças iguais, todas pintadas à mão com motivos e padrões antigos, retratos de caça, animais, pássaros, florestas. “A cerâmica de Coimbra é uma cerâmica que está sempre na moda, que se consegue conjugar com outro tipo de peças, tanto numa casa de linhas modernas como numa casa de estilo tradicional”, prossegue Isabel Medina. António Mário, dono da empresa, percebe da arte e deixa um aviso. “É preciso ter mãos para isto. Um modelo não se cria de um momento para o outro, pode levar um mês. Os modelos são muito artísticos, as peças são utilitárias e decorativas.” A Malabar tem cerca de 2 300 modelos e 14 trabalhadores. Cada peça é moldada, vai a secar e é acabada à mão, entra no forno para ser cozida, depois é pintada manualmente e vidrada por emulsão, e volta ao forno as vezes que forem necessárias. “Aliada à tradição acompanhamos as tendências do mercado”, refere o empresário.

Em Lisboa está a fábrica de cerâmica mais antiga de Portugal, e uma das mais antigas da Europa, fundada em 1741. Qualquer peça de faiança Sant’Anna representa a tradicional arte da cerâmica nacional. “É a prova viva de que a cerâmica portuguesa não sai de moda e é reconhecida internacionalmente”, afirma Francisco Tomás, diretor da marca. Cada peça é exclusiva, a diferença de tamanhos e cores é uma característica dos objetos que mostram a genuinidade. São terrinas, chávenas, copos, jarras e jarrões, canecas, castiçais, potes, candeeiros de teto e de mesa, cinzeiros. São cerca de 950 peças diferentes e 85% da produção vai para o mercado externo. A fábrica mantém os métodos artesanais, da preparação do barro à vidração e pintura. Argila natural, barro moldado à mão, secagem ao ar, cozida a primeira vez, vidrar, pintar manualmente, e novamente no forno a cerca de mil graus. “Cada peça é assinada porque é única.” Francisco Tomás não tem dúvidas de que a cerâmica Sant’Anna não sai de moda e destaca os mais importantes traços para que assim seja. “A unicidade de cada produto; cada produto é único. São produtos com história, feitos à mão numa fábrica com história, com tradição. São produtos exclusivos, com identidade e associados à cultura portuguesa.” É faiança portuguesa, com certeza.

Sandra Oliveira

NM

HAPPY LABOUR DAY Labour Day celebrates in solidarity workers’ economical and social achievements

Amar I 35


Língua Portuguesa Domingos Amaral

Fontes: Wikipedia, FNAC, Wook Fotografia: DR

Domingos Amaral nasceu a 12 de outubro de 1967, em Lisboa e é filho do político Diogo Freitas do Amaral e de sua mulher, a também escritora Maria Roma, de seu nome Maria José Salgado Sarmento de Matos. É pai de quatro filhos, três raparigas e um rapaz. Formado em Economia pela Universidade Católica Portuguesa, onde é atualmente professor da disciplina de Economia do Desporto (Sports Economics), tem também um mestrado em Relações Económicas Internacionais, pela Universidade de Columbia, em Nova Iorque. 36 I Amar

Durante muitos anos foi jornalista, primeiro no jornal O Independente, onde trabalhou durante 11 anos, tendo depois sido diretor das revistas Maxmen, por sete anos, e GQ, durante quatro anos. Colaborou também com a Rádio Comercial e com a estação televisiva SIC. Atualmente, é administrador da Escola Ave Maria e comentador na SportTV.


Obra Literária

A BICICLETA QUE FUGIU DOS ALEMÃES

Sinopse Nos primeiros dias de junho de 1940, a população de Paris entra em pânico, pois os exércitos de Hitler aproximam-se. De carro, de camioneta, de carroça ou a pé, mais de cinco milhões de pessoas fogem da capital francesa. Entre a multidão apavorada encontra-se Carol, uma portuguesa estudante na Sorbonne, que deixa Paris contrariada e ao volante da sua bicicleta Hirondelle. Sempre em fuga e receosos da Ges-

tapo, alguns deles conseguirão vistos de entrada em Portugal, passados por Aristides Sousa Mendes e chegarão a Vilar Formoso, onde a fronteira fechou por ordem de Salazar. Uma história de amizade, sexo, solidariedade e amor, de uma rapariga portuguesa cujos sonhos eram apenas estudar literatura, namorar e pedalar feliz pelos boulevards de Paris. Em Saint Paul, o amor e o desejo andam à solta como nimais ferozes em busca de suas presas.

We're open for dining room service and looking forward to serving you and your family, safely.

Joe & Andrew Toronto 590 Keele Street (Keele & St. Clair) 416.760.7893

Vaughan 3737 Rutherford Road (Rutherford & Weston) 905.264.4017

Amar I 37


MINI BINS FF BINS FRONT END SERVICE ASSOCIATIONS

W

www.sensogroup.ca facebook.com/sensowaste @sensowastemanagement

416-762-5555


HAPPY LABOUR DAY

416-658-1316

416-658-8300

www.sensogroup.ca

DELIVERY EMAIL:

express@sensogroup.ca

CALL:

647-294-4906


Confinรกmos bem

Desconfinรกmos mal

40 I Amar


O

Governo tem a responsabilidade de dizer a estrita verdade sobre os dados e conhecimentos que possuiu sobre tudo o que diz respeito à pandemia e de prestar contas, permanentemente, sobre os meios que coloca à disposição para a conter.

A responsabilidade dos cidadãos pressupõe a tomada de consciência de que a propagação da epidemia depende, em grande medida, da atitude de cada um, independentemente da idade ou de integrar ou não um dos grupos de risco. Estamos todos conectados, dependemos uns dos outros, será difícil a alguém viver numa “bolha” imune a um vírus que, como sabemos, não afeta todos por igual, mas que não deixa ninguém à prova de um putativo ataque. Estou tentado, mas resisto a comentar a festa do Avante. Limito-me a transcrever uma frase do brilhante artigo assinado pela jornalista São José Almeida, no jornal Público: “A pandemia está a revelar a superioridade imoral do PCP.” Considero que o período de confinamento, durante o qual Portugal viveu sob as medidas do Estado de Emergência, foi bem conseguido, os resultados alcançados foram, inclusivamente, uma referência na senda internacional. O desconfinamento não tem sido tão positivo, algo intermitente, têm-se sucedido erros, desde logo de comunicação, que têm impacto na comunidade. A forma triunfal como recebemos a indicação da escolha de Lisboa para receber a final da Champions é um exemplo claro de um “sabor a vitória”, de “somos os maiores”, quando, segundo os especialistas, poderemos estar apenas no início de um desafio sem dia e hora para terminar, com regras difusas, estratégias incertas, muitos “treinadores de bancada” e um golo, a vacina, que teima em não aparecer… Estou preocupado com a possibilidade de ocorrer uma segunda vaga, mas o que mais me deixa apreensivo é a aparente impreparação para enfrentarmos o Outono/Inverno, algo que se tem adensado com a “guerra” desnecessária, inqualificável e inaceitável entre corporações e entre estas e o poder político. Os portugueses não merecem assistir, em prime time, aos últimos episódios que envolveram o Primeiro-ministro António Costa e o Bastonário dos Médicos Miguel de Guimarães. Nesta pandemia, diz-nos Bernard Lévy: ”A primeira coisa que me impressionou foi a ascensão do «poder médico». Certamente não é novo. (…) A união dos poderes político e médico quase chegou a ser selada.” Quase… os últimos sinais dão nota de uma profunda desunião, algo que não é positivo para o cidadão. Não é positivo porque precisamos de todos, cada um no seu campo de ação, contribuído para uma ação coordenada e eficaz. Todos, médicos e políticos nos merecem o maior respeito. Exatamente por isso, meus senhores respeitem-se uns aos outros e respeite-nos também a nós. Congratulo-me com a notícia foi avançada pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social ao jornal Eco, Ana Mendes Godinho revelou que a Segurança Social está disponível para financiar diretamente 18 equipas de emergência que apoiarão as instituições que apresentem casos de infeção por covid-19.

Por outro lado, sinto dificuldades em aceitar a ligeireza de António Costa ao sugerir que os desempregados do turismo poderão ser integrados no setor social. A ideia de reciclar e integrar os recursos humanos disponíveis parece-me ótima, especialmente se não virmos grande diferença entre tirar uma bica e dar um banho ou mudar uma fralda. A questão passa por duas dimensões, quem contratará e como pagará estas pessoas? Questões que poderão ser também colocadas ao senhor bastonário que defende, e bem (todos estamos de acordo com o princípio) a ideia de os lares terem nas suas equipas, além de médicos e enfermeiros, nutricionistas, farmacêuticos…

Fotografia © Ante Hamersmit

Vem também a propósito o programa que prevê mais 15 mil funcionários nas instituições do setor social até ao final do ano. Urge o reforço dos recursos humanos no setor social, especialmente nas organizações que gerem respostas sociais de apoio às pessoas idosas. O programa prevê o pagamento de 90% do custo da contratação até ao fim de dezembro e depois, se ficarem no quadro, dá um prémio de dois salários mínimos. Às duas questões anteriormente colocadas, junto outras: a pandemia será superada até ao final do ano? Serão celebrados contratos por apenas por 4 meses? Qual será a justificação para a celebração destes contratos, o prazo do financiamento do Estado? Como assegurarão as instituições os salários dos novos colaboradores, em 2021, recebendo apenas dois salários mínimos? Serão revistos em alta os acordos de cooperação? Estaremos na eminência de assistirmos à aplicação de um paliativo após o diagnóstico de estado comatoso?

José Carreira

Obras Sociais Viseu

Amar I 41



D

as várias dificuldades em relação ao desenvolvimento pessoal e profissional, a mais ferrenha delas é a falta de confiança em si próprio. O ser humano prefere crer em boatos, possibilidades, fantasias, no vizinho, no chefe. Enfim, em qualquer coisa, situação ou pessoa, menos em si mesmo. A sua crença em tal propósito é tão forte que lhe imprime mentalmente a triste sina mediante as chances oferecidas pela vida, restando-lhe alegar: Comigo nada dá certo! Antes mesmo de caminhar em direção ao empreendimento, a desistência surge altiva, empunhando a bandeira do fracasso por antecipação e faz tudo parar, diminuindo a vontade com o passar do tempo, além de turvar a impressão acerca do potencial e do crescimento encontrados indistintamente em toda gente. Intimidado pela incapacidade de observar-se e perceber o gigante adormecido, o homem se afunda nas areias da repetição e apenas reproduz o que a sociedade sutilmente lhe ordena fazê-lo, resultando tal processo em agir mecânica e limitadamente. Ele foge ao seu futuro promissor e em seu lugar acomoda-se no presente sem esperança. Insista em você. Nunca imite. São idéias do pensador norte-americano Ralph Waldo Emerson, do século XIX. Logo, por que é tão difícil acreditar em si? O que leva a maioria das pessoas a se menosprezar ao invés de se avaliar com honestidade? Seja qual for o resultado de uma auto-apreciação, ele sempre servirá de ponto de partida para qualquer jornada que se queira realizar. Sem ele comprometemos o planejamento e a consequente execução. O que falta para alcançar tal objetivo?

É possível ponderar sobre a questão considerando-se alguns fatores psíquicos relevantes, tais como o medo de arriscar, haja vista o modelo de educação recebido desde a infância dizer respeito, via de regra, a manter-se medíocre diante dos factos da vida. (Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar.) Outro ponto é a pequena consciência sobre as próprias potencialidades disponíveis, obscurecendo a perspetiva do horizonte a ser conquistado. Porém, enxergar à frente não garante que se tenha a visão clara de objetivos. Tê-los é uma outra condição. Com metas definidas é possível encher-se de motivação para fazer o que deve ser feito. Além disso, outro item é a persistência, pois sem ela é impossível manter-se na rota escolhida e, portanto, é possível perder todo o trabalha empreendido. Decorre que, derrotar o vírus do imediatismo não é somente se recusar a aceitar tal modismo contemporâneo, é, sobretudo, manter-se firme na crença de que você é capaz de vencer se lutar com ferramentas adequadas. Crença em si mesmo é a mais poderosa delas. Você é o que acredita ser. Olhe para a sua vida neste momento e responda se acaso não foi exatamente você que se colocou neste lugar. Para tanto considere se há bem-estar ou não na condição atual. Somente você define em que ponto quer chegar e nele se manter, ninguém mais poderá determinar questão tão importante. Seja sincero e supere o auto-engano aos poucos. (Nós podemos ser o maior inimigo de nós mesmos.) Acredite pelo menos que é possível ser mais do que é por hora, nem que você não queira sê-lo. É um direito singular. No entanto, não lance culpa sobre qualquer ponto sem antes avaliar a sua participação. E, caso se depare consigo mesmo em tal investigação, decida-se a fazer alguma coisa que esteja além do habitual se quiser mudar. Crer em si mesmo é resultado de inquietação, luta, conhecimento, autoconfiança, tentativa, persistência e crescimento.

Armando Correa de Siqueira Neto

Psicólogo e Mestre em Liderança


P h o t o

b y

C a r m o

M o n t e i r o


Joana

Vicente I’m very proud of my kids! I’m so proud of many of my films and I’m incredibly proud of being the co-leader of this incredible organization, I always looked at TIFF as the gold standard

Joana Vicente was born on October 3rd in Portugal’s former colony Macao, China. Her parents are from Lisbon, Portugal. They still live there, including her brother and sister-in-law. Because her parents traveled a lot, she was raised and grew up between Macao, Lisbon, Madeira and Mozambique. During the summers, while she was studying in the university, Joana started working in her first job, as an assistant producer to the Portuguese producer, Paulo Branco. Joana graduated from the Universidade Católica Portuguesa with a MA in Philosophy and Political Science and met the American producer, Jason Kliot in Portugal and married in 1989. Joana and her husband have two children, Hannah Catarina Vicente Kliot and Anton Daniel Vicente Kliot, both born in New York, USA. Before moving to New York, they lived for 1 year in Paris, France. In that period, Joana worked as the press attaché for the Portuguese delegate in the European Parliament alongside Maria de Lourdes Pintasilgo, former Prime Minister of Portugal, and then as a radio news producer for the United Nations.Joana is, since 2016, vice president of the Diaspora Portuguesa Council. Joana is an independent movie producer and executive. A prominent figure in the New York film industry and has produced over 40 films with her producing partner and husband Jason Kliot. In 1998, Joana and Jason founded Blow Up Pictures, the first digital production company in the United States. Their first film, Chuck & Buck, was the first digit-

al film produced and distributed in the US. It premiered at the Sundance Film Festival and was nominated for 5 Independent Spirit Awards in 2001. Under the Blow Up banner, Joana and Jason also produced such films as Lovely and Amazing, Series 7: The Contenders, and Love in the Time of Money. In 1999, Joana and Jason produced Tony Bui’s feature debut, Three Seasons, which took the 3 top awards at the Sundance Film Festival, including the Audience Award and the Grand Jury Prize. Joana and Jason have since worked with directors such as Steven Soderbergh, Brian De Palma, Hal Hartley, Nicole Holofcener, Jim Jarmusch, and Alex Gibney. Joana and Jason are co-founders and presidents of Open City Films, a production company of feature films and documentaries with an acclaimed catalog of films including Three Seasons; Enron: The Smartest Guys in the Room; Coffee and Cigarettes; Redacted; The Assassination of Richard Nixon; Welcome to the Dollhouse and Awake. Throughout the years, their films have been nominated for 23 Independent Spirit Awards - 4 have won. Their films have also been selected numerous times for the Cannes, Berlin, Venice, and Toronto International Film Festivals and have garnered 4 winning trophies at The Sundance Film Festival. In 2003, Joana and Jason co-founded HDNet Films with Mark Cuban and Todd Wagner. The company produced 18 films in 5 years, all shot on digital video. The HDNet Films production of Steven Soderbergh’s Bubble was the first film ever to

be released “day-and-date,” in the United States, simultaneously opening across theatrical, cable, and satellite television and home video platforms. This innovative distribution strategy allowed consumers to choose how, when, and where they wished to see a film. Films produced under HDNet include Academy-Award nominated Enron: The Smartest Guys in the Room and Redacted, which took the Silver Lion at the 2007 Venice Film Festival. Joana has served as the Executive Director of Independent Filmmaker Project, the nation’s oldest and largest organization of independent filmmakers, from 2009 till 2018. Under Joana’s leadership, the Independent Filmmaker Project was bestowed with the honor of developing and operating the Made in NY Media Center after a request for proposals was issued by the New York City Mayor’s Office of Media and Entertainment and the New York City Economic Development Corporation, that opened in Dumbo, Brooklyn in October 2013. In 2013, Joana was named to Variety’s Women’s Impact List and Marie Claire’s New Guard power list. She also served on the World Cinema Jury for the 2013 Sundance Film Festival. In 2014, she was named one of the Brooklyn Magazine’s 100 Most Influential People in Brooklyn Culture. In 2018 Joana was hired by Toronto International Film Festival (TIFF) as the executive director and co-head. Amar I 45


Revista Amar: Tell us a little bit of yourself… Joana Vicente: I was born in Macao and was raised… really all over… I lived in Lisbon, Madeira, then we went back to Macau when I was 13 years old for another 2 to 3 years. RA: Had your Portuguese background an impact in your live and did you adopt our traditions, our music and food culture? JV: Yes, absolutely. I love Portugal. RA: But you don’t BBQ sardines in New York? (laugh) JV: (laugh) No, I don’t BBQ sardines (laugh), but actually, my husband wishes that I would, because he loves sardines. I always miss having Portuguese food, obviously I cook international food at home, but a lot of Portuguese dishes too. My Portuguese heritage has an important role in who I am and in my life. RA: Joana Vicente is TIFF´s Executive Director and co-head. What are the tasks and responsibilities of an executive? JV: It´s a big job (laugh) and a big organization and I really oversee the business of the organization. I work closely with my co-head, Cameron Bailey who is the artistic director. We both set divisions for the organization and make sure that’s implemented so we run a sustainable and vibrant organization. RA: TIFF is celebrating its 44th anniversary and the 45th of the festival… and TIFF’s first woman as executive director? JV: Yes… before I came in, Piers Handling was the CEO and Michele Maheux was the executive director, but then they restructured, instead of having just one person at the top, they have two to share the duties… so, now Cameron and I, both serve, I guess, as CEOs. RA: You are mostly based in New York and I guess you travel back and forth a lot from New York. How has it been during the pandemic? JV: I haven’t left Canada since we shut down the building back in March, I think March 14th. My husband is here and usually he’s between New York and Toronto… same for me, before the pandemic! And my children actually were able to come in and stayed for 2 months, but now they are back in the States.

RA: Now that you are in Toronto for a quite a bit, are engaged in anything in the Portuguese community? JV: Not yet. I moved here at the end of 2018, it's going to be 2 years and TIFF is a big organization and obviously, it was a big transition for me and because the former CEO was here for so long, it took a while to take the organization in a certain way and then this crisis accelerated… I had to think about what the future of TIFF should be. It has been an exciting time but not a lot of free time between the focus here and my family in New York, the back and forth. However, I already went to a couple of Portuguese restaurants that I love and recently I was at the premiere of the film “Fátima”, where I met the Portuguese Ambassador. RA: It was nice to see you there. Although, the film “Fátima” is in English, the storyline is about the Portuguese catholic church and in Portugal. Films like this serve a purpose, but will never fulfill what we feel about it. What is your opinion about the film? JV: So… I’m not particularly religious but obviously, I was raised catholic and grew up listening to Fátima and the 3 shepherd’s story and it is part of our collective knowledge and history. Of course, there is some pride in having our story being shared. It’s a nice film, beautifully done and my friend, Harvey Keitel, is in the film. We actually called him from the car, on the way to the drive-in. (laugh) And my friends are distributing the film here in Canada and also in the States. RA: And you got to meet members of our community. JV: Yes, absolutely! And it was nice to see the drive-in because we are going to be there for TIFF, so it was a good run to be there and rehearse. RA: You must think of New York a quite a bit… JV: Yes, I definitely miss New York… because New York is home for our family for so long, also Portugal. My family is in Portugal, I’m thinking after the festival I might go to Portugal and then back to New York. RA: How many years have you been living in New York? JV: Over 25 years. RA: Your company is around for 20 years and you have produced 40 films. That’s an amazing feat… but how did you get into this business? JV: I always love film and I started while I was in university, Universidade Católica Portuguesa, in Portugal. During the summers I started working as an assistant to a producer, actually a well-known producer, Paulo Branco, who gave me my first job. After I finished university I started working in radio and politics, but film was my passion. So, eventually, my husband and I started producing short films, music videos, public service announcements, then we produced our first feature… so, it was kind of organic how we start building our careers.

46 I Amar


C h e w / U P I C h r i s b y P h o t o

TIFF co-executive directors Cameron Bailey (L) and Joana Vicente arrive for the world premiere of 'Once Were Brothers' at Roy Thomson Hall on opening night of the Toronto International Film Festival in Toronto, Canada on September 5, 2019.


P h o t o

b y

C a r m o

M o n t e i r o


RA: Have you decided to leave the production of films and only concentrate on being executive director of organizations like TIFF or are you still producing and making films? JV: Obviously, this is a full-time job… very hard to do than anything else, besides this. In 2010, I was on the Board of this organization in New York, in the Independent Film Maker Project, for 5 years. The executive director was leaving and it was a kind of a hard time after the financial crises. We had to look into what would be the future of the organization. When I came, I was supposed to stay for 6 months to 1 year, just to get the organization into shape and to find someone else to lead and I ended up staying! The Board asked me to stay and I was having fun, so… But I still produced a couple of films and was the executive producer, like in Nadine Labaki’s film, “Capernaum” which was nominated for an Academy Award and Golden Globes last year and the film was actually at TIFF at the time I was nominated for the position. RA: What makes a good producer? JV: There are so many elements to producing… you have to find great material, you need to package the project like selecting the director, cast… a package that’s viable and then you need to put the financing together, you need to oversee all the production and after the post-production and marketing to really put the film in the marketplace and usually I go to the festivals like TIFF, Sundance and others to launch the film… just a lot of skills needed to produce, that actually translate well to run an organization. RA: Wasn’t your father an architect? JV: Yes… but actually my mother, my brothers and his wife too (laugh)… I’m from a family of architects! I’m the only one who didn’t follow their footsteps. RA: Well, you are an architect in the visual sense… Did your artistic, creative and visionary capacity came from being surrounded by creative people like your parents? JV: I’m sure… my parents were very creative and we were always surrounded by intellectuals and artists. So, that’s how I grew up. My father also loved film, like Antonioni, Visconti, Fellini, and French film makers from the “nouvelle vague”… I really grew up surrounded by the love of music, film, architecture, art… RA: Did your family expected for you to become, what you became? JV: I’m not sure (laugh)… They probably would have liked me to follow their footsteps, but my father loved film, so I think he was actually exciting about that … and also, they travelled a lot, they loved to travel. They lived all over… they lived in India before I was born, they lived in Macau, Mozambique, Madeira… we where always somewhere. Lisbon was the base and my family of both sides where in Lisbon, but we lived in a lot of different places.

RA: The travelling gave you a different sense of the world and how it works with different traditions and ethnics… Did the travelling around the world have an influence on you and an impact in your film productions? JV: Oh, absolutely. I think it just kind of gives you different perspectives. Living in different cultures makes you just more open and you don’t take anything for granted and you are less strict about how things should be… I think it just gave me the flexibility to adapt easily to different situations. RA: The film industry in New York, kind of rocked because of that famous producer (H. Weinstein). Power and money can be used as weapons against men and women in the entertainment industry… Do you find that, that the very powerful people still have a huge influence on the people in this industry? JV: I think so… but I also think it’s still there. Obviously, the #metoo movement has really helped people speaking up, therefore I think things will change, but it will take time. I’ve been there for a long time and sometimes you see it is very obvious ways, sometimes in very subtle ways but it has always been there. As a producer and I’ve worked with my husband, as partners in our production company, so I was never in a vulnerable position… I experienced it throughout subtle ways, as people would first talk to my husband or instead with me, even though we both were owners of the company and producers. Thus, in subtle ways, I always felt it, but I was never, you know, in a position of vulnerability. RA: Do you feel, that particularly in this industry where people are paid to entertain others, which isn’t an easy industry to be in, the last ceiling for women has risen or, is it still difficult to achieve the same things that men achieve? JV: I definitely feel that things have changed and there are a lot of great examples of women’s leadership and women that have made extremely well, but I think it’s still harder for women… we still have ways to go, even with pay equities. With TIFF we have the “Share Her Journey” campaign to support women, giving them the skills and also creating networking opportunities, mentorship… so, really helping to close the gap. I think that the great thing when you have women producers or directors is that we are more likely to hire other women to work on the crew, because you hire who you know and who you like to surround yourself with. My husband and I, when we were producing films together, we would always have women in key positions and if we were working with men directors, like in “Three Seasons”, our cinematographer was Lisa Rinzler. So, we worked with a lot of women cinematographers, production designers… we always made a point of that.

Amar I 49


RA: As TIFF’s first female executive director, a woman in a leadership position, you have some focus on you. Do you feel some responsibility to show, it in the film industry which is huge in Canada, that you can do it, that it can be done - that Joana Vicente is up to the challenge and is going to do it? JV: I absolutely feel that responsibility, because we need to inspire other women to fit in as possible. A friend of mine in Germany was telling me that someone asked her son what he wanted to be when he grows up, he answered “I would love to be the Chancellor, but I don’t know if men can be” (laugh)… because he is grow up having a woman as a Chancellor and that’s amazing! This is what happens when we have those role models and we can see the possibilities. It’s fantastic! RA: Someone wrote about you: “Joana Vicente, wants to make her mark, yet do it subtlety”. What is that mark and legacy that you feel you are accumulating for your life?

Producer Jason Kliot and IFP Executive Director Joana Vicente attend the IFP's 22nd Annual Gotham Independent Film Awards at Cipriani Wall Street on November 26, 2012 in New York City Photo by Jemal Countess/IFP

JV: I always cared deeply about film and the power of film. It really aligns perfectly well with TIFF’s mission and it does transform the way people see the world, so I think we can use it for a good purpose, to have an impact, to help change the society to be better and I also want to continue to do as much work as I can in supporting women in the business and making sure that we get to a place where this is not a conversation anymore, where is true equity and opportunities for everyone. RA: The film industry has changed a quite a bit in the way movies are being produced. Do you feel that this change in the film production, by trying to attract the younger generation especially with movies that are based on games and things formulate of that nature, is healthy for the industry? JV: Well, those are the films that are performing very well in the box office, so I guess it’s healthy in a way that keeps it vibrant. I’m more interested in authentic voices and original films, that challenge us to think differently about things. Sometimes those big temple films end up being more formulate and comfortable, even with great imagination. I love films that really push the envelope, whether it’s statically, politically, or socially… that affects us emotionally. RA: We see more and more movies on tv and streams. How do you see the financial capacity in the future, so everybody can survive? JV: Well, in the long term I don’t know what will happen, but for sure even before the pandemic we were already kind of in a big transition point, where everything is influx and obviously this big streaming platforms gaining a lot of power and the danger is that there is less diversity in the story telling and that they catered to a common denominator with less experimentation… so, that’s the danger, when big companies have all of the power of production and financing. The question is, how do we keep a healthy ecosystem where you have the big films, where you still have big voices that are exciting and divers that really represent the society and the world where we live in? Ideally, we can keep that ecosystem vibrant and platforms can actually role in committing to that...

50 I Amar


P h o t o

b y

C a r m o

M o n t e i r o


P h o t o

b y

C a r m o

M o n t e i r o


RA: … in a financial commitment, because right now certain companies show the films but don’t pay anything for it to make the film industry vibrant, and that’s essential to the future of it. JV: Absolutely. On the other hand, because there’s so much content being produced - I mean now it’s difficult because of the pandemic, it’s just starting up – there is also more opportunity for creators and it’s a good time for creatives. RA: Well, I’m sure they have been in their basements for the last 3 to 4 months writing new stuff. (laugh) JV: Hopefully, yes. (laugh) RA: But I’m also sure that there are a lot of artists that most be struggling, because staying at home this amount of time without a paycheck must be complicated… JV: Yes, a lot of artists aren’t of course on payroll, they work job to job, they are independent contractors… for sure it is really hard because they might not have access to their basic salary like some else. So, it’s a really, really tough time for freelancers. RA: As you said, TIFF is celebrating its 45th anniversary and you are at full tilt organizing this year’s festival, beginning on September 10th. Looking back at the way how it was organized in the last few years and the way how it’s been organized for this year and the structural implications of putting everything in place and together, specially this year with Covid-19, what’s your biggest challenge, this year, in putting one of the biggest film festivals of this type in the world, compared to other years? JV: Where to start… we obviously have had distresses that had a big impact financially on us. A lot of the revenue that supports the organization year around comes from the festival and that’s a combination of sponsorship and ticket sales. This has been really impacted, even though our mayor sponsors stayed with us and are committed helping us and we gave a lot of the activations and how we deliver to them in digital properties, a lot of sponsors really rely on the live activation, the festival street around the event and bringing their guest to entertain during the festival, so all of this money was lost. And then there is the fact that we are very limited, we are going to have screens in drive-ins, here at the Lightbox but no more than 50 people because right now it’s the maximum gathering of a group of people we can have and then there are also all the health and safety protocols that we have to have in place, adding to all this the border is closed and we can’t have any guests… it’s an incredibly challenging year, but at the same time we are so excited that we are actually doing something…

RA: Exactly, because a lot of people cancelled everything and you didn’t do that which is good for the Canadian industry. We just reopen the film making around the city of Toronto and Canada that is a big part of our economy and at least we are starting that and TIFF is a big proponent of starting things up, so I want to congratulate you and the organization for having the guts to do it, because it must not be an easy task. JV: Thank You. It has been very challenging but also gratifying and exciting that everyone teamed up and collaborated so well. We were able to vivid it and create a fully digital platform, not just screen-films but host talks too, engaged with different stakeholders… so, it will be something exciting and I think we are learning from this year and keep some of these new elements for the years to came and we are hoping that we also put some spotlight on films and the industry, that we get business done – that movies will be sold. RA: What about the educational side of TIFF? There is an educational component, correct? JV: Yes, so we have a strong educational component but right now we are only focusing on the festival’s core activities and then we will at some point, in the Fall, reopen the building and start showing films, both new releases and cinematheque programming and also bringing talks and conversations that help give contents to films, but it will be a slow ramp because we want to do it safely and make sure that people feel comfortable coming back… and we will still use the digital platforms. RA: Looking back, what are you most proud of? JV: I’m very proud of my kids! I’m so proud of many of my films and I’m incredibly proud of being the co-leader of this incredible organization, I always looked at TIFF as the gold standard, and was always one of my favorite festivals, because it combines the best audiences, great place to do business and the presence of the international press… it’s really a great festival! Personally, it’s an incredible privilege to be here and I don’t take it for granted. RA: What do you want to change in the world with your vision and your ability as a film maker and as an executive? JV: I want to make sure that this crisis, at this moment that we all are living through, doesn’t go to waste, what I mean is that we really need to learn from it… learn from the decisions that we had to make quickly, how we had to work more collaboratively, not to be afraid and take risks and go for what we believe. The right thing to do, was to host this year’s festival, in a very safe way but also having a big virtual presence. We are making sure that we accelerate and continuing to be relevant, and we are not afraid of taking risks.

Entrevista conduzida por Manuel DaCosta Transcrição: Carmo Monteiro

Amar I 53


1

Estreia Estreia em Portugal - 24 de setembro

2

Curiosidades João Botelho explicou alguns detalhes do elenco; por exemplo, o ator brasileiro Chico Díaz faz de Ricardo Reis porque “Ricardo Reis esteve uns anos no Brasil”, disse o cineasta, que acrescentou ainda que Luís Lima Barreto faz de Fernando Pessoa “porque quando o Pessoa morreu, aos 47 anos, parecia que já tinha uns 70 anos”. Em 2019, Botelho disse que “José Saramago escreveu romances notáveis, criou personagens inesquecíveis e tratou como ninguém a língua portuguesa, sim, essa que nos une a todos, a que nos faz Pátria, como inventou num admirável texto, Fernando Pessoa” e revelou ainda que ficou “irremediavelmente atingido no cérebro e no coração” por este trabalho literário de José Saramago, o único Nobel da Literatura portuguesa. O cineasta português, que já adaptou obras literárias de Agustina Bessa-Luís, de Fernando Pessoa, Fernão Mendes Pinto, e Eça de Queirós, afirmou ainda à Lusa que “Para estar à altura deste notável romance de realismo fantástico, decidi filmar a preto e branco, para a verosimilhança e a clareza das luzes, das sombras, dos vários cinzentos onde os personagens se vão mover, aflitos ou entusiasmados.” Acrescentou ainda: “nos planos finais, uma explosão de cores deve permitir transportar o espectador para os tempos contemporâneos“, disse o realizador.

Sala de Cinema Fernando Pessoa, estabeleceu um universo paralelo criando uma série de heterónimos para sobreviver à sua solidão de génio. José Saramago, prémio Nobel da literatura em 1998, fez regressar o heterónimo Ricardo Reis a Portugal, ao fim de 16 anos de exílio no Brasil. 1936 é o ano de todos os perigos, do fascismo de Mussolini, do Nazismo de Hitler, da terrível guerra civil espanhola e do Estado Novo de Salazar, em Portugal. Fernando Pessoa, o criador, encontra Ricardo Reis, a criatura. Duas mulheres, Lídia e Marcenda, são as paixões carnais e impossíveis de Ricardo Reis. Ficha Técnica Filme com argumento e realização de João Botelho e produção de Alexandre Oliveira, que contou com a participação de Chico Diaz, Victoria Guerra, Catarina Wallenstein, Luís Lima Barreto, Dinarte Branco, João Barbosa, Márcia Breia, Luísa Cruz, Gustavo Vargas, Luís Lucas, Ricardo Aibéo, Marcello Urgeghe, Cláudio da Silva, Pedro Lacerda, Paulo Filipe Monteiro, Dinis Gomes, Hugo Mestre Amaro, André Gomes, Francisco Vistas e Rui Morisson entre outros. Género: Drama Origem: Portugal

Fontes: IMDB e FilmSpot - Imagens: Direitos Reservados

Pedro M. Salvador


24 horas por dia, 7 dias por semana.

Ligue e peรงa o canal WIN TV Bell Fibe - canal 659 1-866-797-8686

Subscreva hoje!

Rogers Cable - canal 672 1-888-764-3771

CAMOESTV.com


O realizador da série Terra Nova T

JOAQUIM LEITÃO

erra Nova é uma serie de época que acompanha o dia-a-dia das famílias e comunidades piscatórias da costa portuguesa na década de 1930. Joaquim Leitão o realizador explica-nos aqui a viagem pela Terra Nova, a série de época que acompanha o dia-a-dia das famílias das comunidades piscatórias da costa portuguesa na década de 1930, abordando a vida dos pescadores, as suas relações familiares e pessoais e os conflitos políticos da época.


CrĂŠditos: Direitos Reservados


Revista Amar: “Terra Nova” fez a sua estreia na RTP1. A superprodução nacional prendeu cerca de meio milhão de espectadores. O sucesso está garantido? Joaquim Leitão: Os sucessos nunca são garantidos mas é bom começar sempre bem. Se gostaram dos primeiros episódios, de certeza que vão gostar muito mais a cada episódio que passa. A série vai crescendo de tensão, qualidade e de espectacularidade conforme os episódios vão avançando. Espero que as pessoas continuem a ver, porque de facto a série merece devido a sua qualidade. Fala de algo do nosso passado e o modo e maneira de ser português. As pessoas em qualquer parte do mundo português vão reconhecer-se muito, mesmo sendo uma coisa de época. Os instintos, os impulsos, os problemas, o fatalismo, a resiliência…está tudo presente na série. As personagens são muito apaixonantes e cativantes. É uma história surpreendente que nunca foi feita nem nunca se abordou. O resultado é prender as pessoas pela curiosidade. RA: Uma das principais raízes deste trabalho, é a adaptação á história da peça “O Lugre”, de Bernardo Santareno. Como foi essa adaptação? JL: Bernardo Santareno é um escritor do séc. XX, tem uma obra muito basta no romance e em peças de teatro. Teve um papel ativo na luta á oposição e um lado muito humano porque era médico. Segundo dizem era um médico afável e que recebia e atendia mesmo aqueles que não tinham dinheiro. Era uma pessoa muito boa e que deixou uma obra que nos dá o volume de quem era o homem. Têm uma maneira digamos de escrever muito particular e que vale a pena ler e descobrir. Ele fala na sua obra de tempos que soam e transportam o leitor para um tempo estranho devido á censura… uns subtextos. No caso da obra “O Lugre” de onde saiu o filme e a série, é exclusivamente passado num barco como se fosse um microcosmos com regime. Um capitão que é um ditador, pessoas que se tentam revoltar e são reprimidas, isso torna se curioso no filme. A série debruça-se mais nas comunidades onde os pescadores partiam, as mulheres, os filhos, as pessoas que ficavam e todas as dificuldades como se vivia naquele tempo. Havia pouco dinheiro e fraco acesso a cultura. Tal como hoje as pessoas faziam tudo para viver bem e serem felizes, cada um à sua maneira. RA: Era a chamada Faina Maior não era? JL: Sim. Era quase um nome dado pelo regime da altura. O regime aproveitou a história da pesca do bacalhau um pouco como uma epopeia. Era uma coisa que parecia algo que já não eramos, ou seja, uma grande potência marítima. Essa era a imagem que era dada ocultando um pouco os lados negros desta Faina Maior. Era uma pesca muito perigosa em locais do norte do Atlântico, a frota muito desatualizada e pobre ainda com barcos à vela e condições de vida muito duras onde morria muita gente. RA: Na série fala-se mais nas famílias e o que se passou no embarque antes e depois. No filme a acção passa mais em alto mar não é? JL: O filme é exclusivamente passado em alto mar. Começa já a meio da viagem onde vão acontecendo uma serie de coisas. O clima vai ficando cada vez mais tenso acabando de uma forma muito trágica. Muitos conflitos com barcos a motor que vinham de outros países e cada vez mais iam mais para norte onde os perigos eram maiores. Nesses tempos também havia muita superstição e as pessoas sentiam muito medo de ir para aqueles sítios. Isso tudo originou conflitos com o capitão e os pescadores porque havia o receio de ir para longe, acabando mesmo no meio de icebergs e muitas outras coisas que nunca tinham visto na vida.

58 I Amar


Amar I 59

CrĂŠditos: Direitos Reservados


JL: Exactamente. Até tiveram esse beneficio acrescido. Como os atores foram quase obrigados a viver em circunstâncias parecidas como aquelas que os pescadores marinheiros viviam, acabaram mesmo por sentir tudo de outra maneira incluindo a própria cumplicidade tornando até os conflitos mais simples de perceber porque estão a passar por aquilo que os pescadores passaram. Claro que nada é igual, tiveram mais conforto, melhores condições, Gps para não se perderem no mar… criou se um ambiente muito especial por terem feito as gravações 3 semanas em alto mar. RA: Enquanto Artur Ribeiro e a equipa de produção e os atores gravavam o filme a bordo do Lugre Santa Maria Manuela, acima do círculo polar ártico, a norte da Noruega, em Portugal o Joaquim Leitão preparava a série? JL: Sim. Foi um pouco por causa disso que a produtora Ana Costa me fez o convite porque logisticamente fazia mais sentido que logo a seguir ao filme se fizesse a série. Os atores já estavam dentro das personagens e até muitos deles com características físicas tipicamente da época como as barbas e bigodes que deveríamos aproveitar. O Artur Ribeiro não podia fazer a preparação da série porque era muito exigente, ou seja, quando se esta a fazer um filme de época com tantos locais de filmagem como nós tínhamos é um processo que demora meses a encontrar sítios e a transforma-los. Hoje alguns sítios até estão bem conservados mas mesmo assim já rodeados com elementos atuais que é preciso tirar ou esconder. Isto é um trabalho prévio que demora muito tempo tanto na procura como na transformação. Enquanto eles estavam a filmar estava eu com outra equipa a preparar tudo e quando chegaram quase que começamos de imediato a filmar a série. RA: Podemos apelidar quer o filme, quer a série de documento que retracta a Faina Maior? JL: Sim, é um documento mas não um documentário. É algo em que nós todos tentámos ser os mais fiéis a tudo quer em aspetos visuais quer de linguagem ou mesmo no guarda-roupa. RA: E o elenco que entra na série? JL: O elenco tem muitas pessoas. Algumas muito conhecidas outras não. Nomes como Virgílio Castelo, Sandra Faleiro, Beatriz Barosa, João Jesus, Vítor D´Andrade, João Reis, Pedro Lacerda, Maria João Falcão, Catarina Rebelo, Miguel Borges, Carla Chambel, João Craveiro, João Catarré, Ricardo de Sá, Carolina Amaral, Sara Norte, Vítor Norte….etc. Todos os personagens têm importâncias muito próximas. É um elenco que no seu global fez um estupendo trabalho.

Créditos: Direitos Reservados

RA: De certeza que o elenco até sentiu mais as personagens.

Créditos: Direitos Reservados

JL: Sim, há partes do filme que passam na série. A série passa se antes da partida, durante a viagem e depois da chegada. No bloco durante a viagem a história passa se em paralelo em terra e no mar. A leitura não é a mesma porque os contextos são diferentes ou seja, as cenas em vez de serem seguidas são muito espaçadas e são vistas de outra maneira. Para quem veja a série, se quiser ter a experiencia do filme têm mesmo que o ver porque o filme tem umas qualidades e climas completamente diferentes do da série. Eu não sou o autor do filme quem o fez foi Artur Ribeiro, eu quando vi o filme gostei muito, está bem feito e vale muito a pena. Tem um clima muito forte e a vantagem de maior parte das filmagens terem sido feitas em alto mar o que é muito raro. Maior parte dos filmes deste tipo, é quase tudo feito em estúdio ou locais relativamente abrigados e poucas cenas no meio do mar. Aqui não. Houve a opção da produção e do realizador em filmar no meio do mar onde a luz é muito bonita.

Créditos: Direitos Reservados

RA: Há partes do filme que se podem ver na série?

JL: Eu fiz o que todos fizeram. Estive isolado e já estava muito farto de estar em casa, eu que até gosto de estar em casa e sozinho, fartei-me mesmo. Neste momento estou como o mundo inteiro, ou seja, a recomeçar uma vida relativamente normal…não totalmente normal porque temos que ter sempre mais cuidado. Conto começar a filmar muito em breve novos trabalhos tendo em conta formas produtivas e completamente seguras.

Paulo Perdiz

MDC Media Group 60 I Amar

Créditos: Direitos Reservados

RA: Como é que o melhor realizador português, como é o Joaquim Leitão, vê o seu trabalho e o cinema neste estado de pandemia?


COMERCIAL • INDUSTRIAL • RESIDENCIAL

Forming LIMITED

A AJF Forming LTD deseja a todos os seus clientes, familiares e amigos e à comunidade portuguesa um Feliz Dia do Trabalhador!

TUDO COMEÇA AQUI! JOHN SILVA 416.891.5781

TONY SILVA 416.936.3961

Escritório: (416) 537-7431 • Fax: (416) 537-0111 Email: ajfforming53@gmail.com


62 I Amar

Fotografia: Direitos Reservados

POLAROID

Do velho se fazem as novas fotos instantâneas


A

s Polaroid figuravam no caderno de memórias há mais de uma década, depois da falência de um projeto que movimentou milhões. O conceito, e a marca, estão de regresso. É o regresso a um passado de glória que parecia arrumado para sempre. As máquinas fotográficas Polaroid estão de volta e com procura crescente por parte de saudosistas de imagens instantâneas em papel. As primeiras câmaras do género surgiram em 1948 e não demoraram a fazer caminho até ao sucesso junto dos consumidores. Estiveram à venda até 2008, quando foram descontinuadas depois de a digitalização crescente da fotografia ter ditado crises de vendas. O empresário André Bosman comprou os direitos da marca falida, renomeou-a Impossible Project (Projeto Impossível) e recuperou o conceito. Desenvolveu três novos modelos, a One Step 2, a One Step + e a Impossible I-1, comercializados com a nova denominação da empresa, até que em março passado foi possível batizá-las novamente Polaroid. Os preços andam entre os 120 e os 200 euros.

“Têm tido bastante aceitação. As pessoas querem retomar as fotografias antigas, em papel, e a Polaroid junta o que os telemóveis e as máquinas digitais têm de bom: a possibilidade de visualização imediata da foto e a parte clássica do processo”, especifica Luís Santos, da AFF Material Fotográfico, no Porto. A principal diferença em relação às velhas Polaroid está na forma de carregamento. “Dantes, as máquinas traziam a bateria na própria carga. As novas vêm com bateria incorporada e podem ser carregadas através do telemóvel ou por bluetooth”, detalha o especialista. O processo, esse, continua igual ao criado na década de 1940 e que à época parecia quase ficção científica: uma bolsa de químicos é estourada por cilindros metálicos e entra em contacto com a película de papel para que a revelação imediata da imagem exposta à luz se torne possível. Reza a lenda que o conceito Polaroid nasceu depois de o filho do seu criador, o americano Edwin Herbert Land, ter perguntado se não poderia ver imediatamente as fotografias tiradas certo dia durante uma sessão familiar. Edwin magicou o sistema e criou as 95 Land Camera. Gigantes como a Kodak ou a Fuji perceberam depois o potencial comercial da ideia e desenvolveram máquinas do género que alcançaram grande aceitação do público. Até que a tecnologia ditou uma morte, afinal, manifestamente exagerada.

Pedro Emanuel Santos NM

Em nome da Local 183 Training Centre desejamos a todos os membros da Local 183 e às suas famílias um feliz Dia do Trabalhador e fim-de-semana prolongado! Por favor contacte a LiUNA Local 183 Training Centre para marcar o seu Health and Safety Training! Os cursos incluem: 1. Trabalho em alturas 2. St. John's treino de primeiros socorros 3. WHMIS ... e muito mais! Para uma lista completa de programas disponíveis visite www.183training.com

LOCAL 183

Training Centre

(416) 242-7551 1263 Wilson Ave. (East Wing) Suite 301, Toronto @liuna183training

Amar I 63


Noite estrelada no

“Toronto Star” 64 I Amar


Amar I 65


N

a Baixa da cidade de Toronto, e até ao final do mês de setembro, é possível admirar uma exposição intitulada “Immersive Van Gogh”. O pintor holandês (18531890), notório pela vida atormentada que teve e a obra admirável que nos deixou, continua a ser motivo de interesse para livros, filmes e exposições nos melhores museus do mundo. Em Toronto, a sua obra está a ser apresentada este verão de uma maneira diferente e criativa. Criada pelos artistas Massimiliano Siccardi e Luca Longobardi, a exposição foi apresentada pela primeira vez em Paris; o sucesso alcançado junto do grande público levou a que viajasse até Toronto. As pinturas de girassóis que celebrizaram Van Gogh, o autorretrato do artista com chapéu de palha com velas acesas nas abas, a cadeira e a cama do seu quarto, assim como outras imagens dos mais célebres dos 900 quadros pós-impressionistas que pintou em apenas 10 anos, antes da sua morte aos 37 anos, são-nos mostradas em imagens digitalizadas de grande formato, projetadas nas paredes transformadas em écrans gigantescos, acompanhadas por música clássica e moderna. O que mais me chamou a atenção, na visita que fiz, foi a projeção da famosa “Noite Estrelada”, pintada no quarto do hospital psiquiátrico onde esteve internado poucas semanas antes de suicidar, e que nos é dada apreciar em imagens deslumbrantes. Quem tiver a possibilidade de ir ao Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MOMA) vai poder ver o original, que atrai multidões e faz parte da coleção permanente daquele conhecido museu desde 1941. Aqui em Toronto, a nossa visão dessa pintura é igualmente mágica e estonteante, graças à tecnologia moderna usada. A exposição “Immersive Van Gogh” ocupa dois espaços enormes – a antiga sala de impressão do jornal e um armazém contíguo e há duas formas de a ver: ir caminhando, sempre a respeitar o distanciamento social aconselhado e de máscara, em círculos formados por linhas luminosas expressamente desenhados para este efeito; ou sem sair do carro, em modo “drive-in”. Achei uma experiência absolutamente maravilhosa. A exposição está patente ao público na torre do “Toronto Star” – o número 1 da Yonge Street, junto ao Lago Ontário. É um prédio de 25 andares, de aspeto respeitável, contruído nos anos 1970, com a finalidade de alojar as novas instalações daquele que foi maior jornal diário canadiano – o “Star”. Criado em 1892, este esteve sediado de 1929 até à nova localização, nas ruas King e Bay numa torre Art Deco de grande notoriedade, infelizmente demolida para construir o atual “First Canadian Place”.

Girassóis Créditos © Manuela Marujo 66 I Amar

Vista geral da Noite Estrelada Créditos © Manuela Marujo

Auto-retrato de Van Gogh Créditos © Manuela Marujo


Presentemente, o número 1 da Yonge Street pertence a um grupo de grandes empresários de construção cujo projeto “The Pinacle Towers” já começou a erguer, no espaço envolvente, um conjunto arquitetónico de três torres residenciais que pretendem ser as mais elevadas da cidade de Toronto (a mais alta com 95 andares). O edifício “Toronto Star” está condenado a perder a sua integridade para fazer parte do conjunto, com modificações previstas e já anunciadas. A Rua Yonge já constou do “Guiness Book of Records” como sendo a mais comprida do mundo, estendendo-se por mais de 50 quilómetros, do Lago Ontário até ao Lago Simcoe. Desde os primeiros anos do seu traçado, entre 1790 a 1800, esta rua tem desempenhado um papel primordial no desenvolvimento da Província e continua a ser considerada a principal rua da cidade. Para quem resida ou visite Toronto, é impossível desconhecer que a Yonge Street é a rua que serve de linha divisória entre o oeste e o leste da cidade. Ir à Baixa da cidade, junto ao Lago Ontário, permite observar como a cidade se tem modificado nesta última década. Ver a “Noite Estrelada” e tantas outras obras de Van Gogh no edifício “Toronto Star”, em vias de desaparecer, deixará, certamente, uma recordação memorável.

Gostaria de ajudar um estudante da U of T a ir visitar um país de língua portuguesa? Pode fazê-lo com um donativo (tax deductible) www.donate.utoronto.ca/Marujo

Manuela Marujo

Professora Emérita da Universidade de Toronto

Amar I 67


FLEURS DE VILLES

E

ste ano, à semelhança do ano anterior, realizou-se o evento mais florido da cidade; Fleurs de Villes. É um evento que percorre as grandes metrópoles. O evento que antecedeu Toronto; aconteceu em fevereiro, em Seatle. O próximo, será em outubro, em Nova Iorque. Esta celebração da moda feita de flores, conta com grandes artistas florais locais; que criam designs, com a visão dos grandes costureiros. Este ano, foram vinte e cinco trabalhos que estiveram em exibição; e para além de se focar na moda, o certame também exibiu animais de companhia, vestidos de flores, claro! O acontecimento, contou com vários pontos de flores para venda ao público, a lembrar os elegantes mercados de flores europeus; cujas vendas reverteram para o Breast Cancer Society of Canada. Foram cinco dias de cor e alegria! Se pensa que pode vir espreitar os manequins depois do fecho, engana-se. Assim que batem as seis da tarde do último dia de exposição, quase como por magia, nem uma única flor fica para trás! Aqui fica uma fragância do que foi este belissímo deleite para os amantes de flores e do mundo da moda.

Maria João Rafael Consultora de Imagem



Fotografia © Maria João Rafael

Fotografia © Maria João Rafael

“Fashion Mannequin”, foi uma criação exuberante de DT Floral & Decor.

70 I Amar

Fotografia © Maria João Rafael

Fotografia © Maria João Rafael

Este “Flower-Bombed Alfa Romeo”, causou sensação, em Yorkville Lane. Foi uma criação de Flowers, by Kata.


Fotografia © Maria João Rafael

Fotografia © Maria João Rafael

“Rosé Mannequin”, da autoria de Lena´s Floral Design.

Fotografia © Maria João Rafael

Fotografia © Maria João Rafael

Fleures de Villes Chien, vários projetos apresentados pelo National Bank.

Amar I 71


Fotografia © Maria João Rafael

Fotografia © Maria João Rafael

“Ode to Summer Mannequin”, foi da autoria de Oudalova Events & Design.

Fotografia © Maria João Rafael

A “Canoe Mannequin”, navegava à entrada da Husdon Bay. Maravilha saída das mãos de Floresco.

72 I Amar


Fotografia © Maria João Rafael

Fotografia © Maria João Rafael

“Weedingbells Mannequin”, foi uma criação de Snowberry Botanicals.

Fotografia © Maria João Rafael

“Toronto Flower Market Mannequin”, chegou-nos através de Blooming Flower Bar.

Amar I 73


Fotografia © Maria João Rafael

“Eatealy Aperol Ape Vehicle”, por Lena´s Floral Design.

74 I Amar


“Breast Cancer Society of Canada Mannequin”, por Fresh Floral Creations.

Fotografia © Maria João Rafael

Fotografia © Maria João Rafael

BMO, por Mona Lisa Florist

Fotografia © Maria João Rafael

E para me despedir em beleza deste espetáculo de moda florido, nada como dar uma volta de baloiço! Da autoria de Rosalie Villanueva. Não perca a oportunidade de cheirar as rosas, para o ano!

Amar I 75


Félix da Costa:

Fotografia © Félix da Costa

o resiliente


António Maria de Melo Breyner Félix da Costa Cargo: piloto de automóveis Nascimento: 31/08/1991 (28 anos) Nacionalidade: Portuguesa (Cascais)

C

ondutor cauteloso no dia a dia, admira Ayrton Senna, que morreu quando o novo campeão mundial tinha três anos. Recompõe-se na companhia dos cães Glock e Taco. E no mar de Cascais. Na adversidade, luta. No paddock é conhecido por Dac. Da Costa. E no paddock não há quem não goste de António, o piloto português que se sagrou campeão mundial de Fórmula E. Quem o garante é o piloto Tiago Monteiro, gestor da carreira do amigo. “Querido por todos pela forma como aborda a vida, por ser simples, feliz, muito bem-disposto.” A boa-disposição não inibe a natureza competitiva, determinante na pista – “Quer ser sempre o primeiro, bate-se sempre por isso.” – e fora dela: “Nem que seja numa brincadeira entre amigos, o António quer sempre ganhar e luta até ao fim”. Pouco depois de cortar a meta da corrida que lhe deu o título, avisava Tiago: “Para o ano quero mais e melhor”. Bom ganhador, na adversidade, luta. De tal maneira que nos momentos muito difíceis poucas vezes pairou a hipótese de seguir outro caminho. Duarte Félix da Costa, piloto e responsável pela imagem do irmão, é testemunha. “Nem aquando da maior mágoa da vida dele, que foi ter sido afastado da Fórmula 1”, depois das prestações do português terem valido menos do que a pressão da Rússia, apostada em ter um piloto no Grande Circo. Estava-se em 2012. O piloto de aviões Gonçalo Gaivão, amigo antigo, presenciou a reação de Dac. “Estávamos em Barcelona, no hotel, quando ele recebeu o telefonema. Deitou-se na cama, emocionou-se, chorou, estava muito irritado. Detesta jogadas de bastidores porque o António é um puro. Mas levantou-se depressa. Porque é sobretudo muito resiliente.” Desde miúdo. Aos nove anos, iniciou-se nos karts. Franzino, chamavam-lhe Formiga. Depressa demonstrou que não sabia desistir. Em 2002, conquistou os primeiros títulos, no Campeonato Nacional e no Open Portugal. Em 2007, assinou com o maior construtor mundial de karts, a Tony Kart, por onde já passaram nomes como Michael Schumacher e Sebastian Vettel.

Vice-campeão no Campeonato Norte Europeu no ano de estreia em monolugares (2007), tornou-se o piloto português mais novo de sempre a competir na Fórmula Renault 2.0. Em 2010, apostou no competitivo Campeonato Europeu de Fórmula 3, fábrica de campeões. Esteve à altura do desafio, e conquistou o título de melhor rookie, com três vitórias absolutas. Chamou a atenção da Fórmula 1, oportunidade que acabaria por fugir. E que agora deixou de ser realista. “É verdade, mas há outros objetivos a conquistar”, diz Tiago Monteiro. O que distingue o amigo? “A inteligência de corrida, a garra, a capacidade de trabalho.” O talento “não chega”, adiciona Duarte. “Nestes meses de confinamento, acordava às cinco da manhã para andar de bicicleta. Não se limitou ao treino normal porque o António quer sempre fazer mais do que os outros. Por isso, pedalava diariamente durante três horas.” Seguia-se o trabalho no simulador e, à tarde, ginásio. “É um piloto muito completo. Nos próximos anos vai querer estar a bater recordes”, sublinha Tiago Monteiro. António Félix da Costa admira Ayrton Senna, que morreu tinha ele três anos, recompõe-se na companhia do Glock (nome roubado a um colega de pista) e do Taco, o dogue alemão e o buldogue francês que tão bem o conhecem, em jantares com amigos na casa do Alentejo e a surfar no mar de Cascais, a terra onde nasceu, cresceu e vive, em residência partilhada com a ilha de Malta. Mantém privada a vida pessoal e familiar, mas sabe-se que tem paciência infinita com os sobrinhos. E é, asseguram os amigos, um condutor “cauteloso” no dia a dia.

Alexandra Tavares-Teles NM

Amar I 77


Culinária

Bacalhau com migas de feijão-frade

Culinária PREPARAÇÃO 1. Escalde o caldo-verde em água a ferver durante cerca de 5 minutos. 2. Esprema os dentes de alho, junte metade ao bacalhau, e tempere com o sal e pimenta moída na altura. 3. Esfarele muito bem o pão e escorra o feijão-frade. 4. Aqueça uma colher de sopa de azeite numa frigideira larga e funda. Junte o bacalhau e cozinhe de ambos os lados durante cerca de 2 a 3 minutos. Retire e reserve. 5. Deite na mesma frigideira o restante azeite e o restante alho e quando este começar a alourar, adicione a couve muito bem espremida, o pão esfarelado e o feijão-frade. Cozinhe sobre lume médio a forte, mexendo sempre até que o preparado obtenha uma textura que lhe agrade. 6. Desfaça o bacalhau em lascas, adicione-o à frigideira e tempere com o vinagre, envolvendo delicadamente. 7. Sirva decorado com as azeitonas. Bom apetite e Feliz Dia do Trabalhador no Canadá!

O

bacalhau é um peixe que faz parte da história portuguesa. Prepare-o com migas de feijão-frade e couve, um prato cheio de sabores tradicionais portugueses. Delicie-se!

SERVE 4 PESSOAS TEMPO MÉDIO DE PREPARAÇÃO: 30 MINUTOS DIFICULDADE: MÉDIA INGREDIENTES • • • • • • • • • •

150 g caldo-verde 3 dentes de alho 2 porções (± 300g) bacalhau fresco ½ c. de chá sal qb pimenta de moinho 180 g (2 unid.) pão de cereais 420 g (1 lata pequena) feijão-frade cozido 3 . de sopa azeite 1 c. de sopa vinagre 30 g azeitonas pretas descaroçadas


www.bairrada.ca l info@bairrada.ca

FAÇA JÁ A SUA RESERVA E ENCOMENDA PARA O

THANKSGIVING!

1000 College St.

1560 Dundas St. W

2293 St. Clair Ave W.

(416) 539-8239

(647) 346-1560

416) 762-4279


AQUÁRIO

Sentirá a sua atenção mais voltada para os aspetos mais subtis do seu mundo interior, do seu psiquismo, das suas emoções e sentimentos. Poderá viver com maior dificuldade as atividades que lhe são pedidas no seu dia-a-dia. A partir de dia 20 é possível que as ciências ocultas prendam a sua atenção e que procure encontrar uma explicação para o considerado sobrenatural.

Setembro Horóscopo

E

ste mês, que para muitos significa um ponto de rutura no seu estilo de vida, não é geralmente simples para as pessoas. Setembro pode ser período traiçoeiro. Durante setembro, nos sentiremos bem ao receber a atenção do sexo oposto, e adoraremos expressar nosso amor com vários presentes e confissões. Este período é absolutamente ideal para planejar o futuro juntos, então se está a pensar em dar o próximo passo, não hesite em fazê-lo - o universo sugere que o outro lado estará aberto a isso. No entanto, cuidado para não ficar confuso ao explicar seus sentimentos, a influência de Mercúrio pode fazer com que não expliquemos bem as coisas. De acordo com o horóscopo para setembro de 2020, os indivíduos podem mesmo se deparar com desmotivação. Mas não desespere ou entre em pânico. É importante ter em mente que todos os contratempos passarão e que este período é apenas temporário. Concentre-se no que lhe traz alegria e encontre tempo para relaxar. Em setembro é importante manter a calma.

Planetas em setembro de 2020 O sol em Virgem

Neste período, você não será capaz de resistir ao nervosismo. Pode sentir-se um pouco mais lento, mais inseguro e as outras pessoas podem notar isto. Vai tentar, mais do que nunca, ser organizado e sistemático no trabalho, devido ao receio de potenciais obstáculos e assim tentar evitá-los. Neste período, pode autorrealizar-se com trabalhos manuais. As suas mãos hábeis irão ajudá-lo.

Vénus em Caranguejo

Durante este período, as suas emoções são profundas o que pode levar a tornar-se vulnerável. Portanto, não é surpreendente que vá tentar escondê-las. Pode ser muito empático e solidário com os outros, mas no fundo, luta contra os seus sentimentos contraditórios e é incapaz de decidir. Você vai encorajar o seu parceiro e fazê-lo sentir-se confiante.

Mercúrio em Balança

Se neste período estiver perto de duas pessoas que estejam a ter uma discussão, será muito difícil para si concordar com apenas uma delas. A sua tomada de decisão será mais lenta pois vai precisar de mais tempo para considerar tudo. Se tiver que transmitir a sua opinião, a sua expressão será bastante ponderada. Além disso, não gostaria de fazer inimigos, você preferiria ser amigo de todos.

Marte em Carneiro

Durante este período, não terá problemas por reagir impulsivamente. Será um bom líder. O seu amor será persistente e com propósito. A sua energia pode dar-lhe tudo o que deseja. No entanto, prete atenção às situações estressantes, porque sua tendência vai ser comportar-se de forma irrefletida e até mesmo arrogante.

CAPRICÓRNIO

Nas primeiras semanas irá sentir um fervilhar de ideias e de projetos. O melhor será envolver os outros na sua vida ou no seu trabalho e planear com eles a melhor forma de os pôr em prática. A partir de dia 20 poderá concretizar os projetos que delineou nas semanas anteriores. Não hesite em mostrar as suas capacidades profissionais pois agora são maiores as probabilidades de sucesso.

SAGITÁRIO

A sua carreira que vai estar em evidência. Terá tendência para se envolver mais fervorosamente naquilo que faz. Aproveite para testar as suas capacidades no mundo do trabalho, para tomar decisões importantes e para passar à prática o que vem planeando há algum tempo. Nas duas últimas semanas o que terá maior importância para si serão os amigos e as atividades de grupo.

ESCORPIÃO

É a relação com os amigos e com toda a sua esfera social que pede a sua atenção neste momento. Não é altura para se isolar ou para trabalhar isoladamente. Verá que o seu trabalho se torna mais eficaz e que obtém maior rendimento se chamar alguém das suas relações para colaborar consigo. A partir de dia 20 passará por um período de introspeção sentindo tendência para se isolar.

BALANÇA

Nesta altura dê mais atenção às suas intuições. A sua sensibilidade está mais apurada e os sentimentos e emoções estão mais à flor da pele. Poderá ver desenvolvidas as suas capacidades de premonição. Nas duas últimas semanas irá verificar no seu comportamento uma maior energia e impulsividade. Desenvolva uma atividade física ou criativa para gastar o excesso de energia.

VIRGEM

É altura de recarregar baterias, de se concentrar mais em si e, aproveitando essa sensação de que está a iniciar algo de novo, tome a iniciativa para fazer novos projetos, estabelecer novos contactos, fazer novas amizades. Nas duas últimas semanas poderá pôr em prática um plano ou projeto de usufruto imediato ou imobiliário que irá melhorar as suas possibilidades de ganho.

LEÃO

Até ao dia 20 deste mês poderá sentir que é através dos seus recursos que melhor se vai exprimir e definir. Poderá melhorar a sua situação financeira. No entanto, deverá agir com cautela e prudência no uso a dar ao seu dinheiro. Depois dessa altura vai sentir necessidade de ação e aversão à rotina. Terá grande capacidade de comunicação.

CARANGUEJO

Os amigos, os vizinhos, as suas relações mais próximas poderão estar mais no centro das suas atenções. Vai sentir vontade de fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Nas duas últimas semanas mostrará interesse pelas questões relacionadas com a família, que é para si um fator de equilíbrio. Sentirá necessidade de conforto e de um ambiente intimista que lhe permita recuperar energias.

GÉMEOS

Nas primeiras semanas de setembro a análise pessoal pode ser a chave para a harmonia interior que procura, permitindo-lhe libertar-se dos fantasmas e traumas do passado, devolvendo-lhe a liberdade e descontração de espírito. Nas duas últimas semanas a demonstração espontânea e sem receio dos seus afetos, poderá abrir-lhe as portas ao amor, chamando sobre si a atenção de alguém.

TOURO

No início do mês, é provável que não sinta vontade de fazer coisas pequenas, nem de ficar só, vítima do ritmo e das reduzidas dimensões do seu dia-a-dia. Não receie dar largas à sua imaginação e brinque, divirta-se, faça jogos como quando era uma criança. Depois de dia 20 vai beneficiar de maior poder de organização e eficácia.

CARNEIRO

Este é um período em que se sentirá livre para expressar a sua realidade e mostrar-se como realmente é aos outros, traçando os seus objetivos e opondo-se vigorosamente a quem tentar impedi-lo de seguir o rumo traçado. É uma época de maior espontaneidade e extroversão que o levará a viver a vida com maior prazer e alegria. Este poderá ser um momento criativo.

PEIXES

Este poderá, pois, ser um período em que a relação com o cônjuge ou com um sócio se solidifica. É um momento oportuno para analisar o seu relacionamento afetivo e amoroso e para descobrir aquilo que o companheiro necessita para evoluir como pessoa. Nas duas últimas semanas poderá ser dominado por algum pessimismo e sentir-se abalado psicologicamente.


O Executivo da CCWU Canadian Construction Workers Union deseja a todos os seus membros e Comunidade Portuguesa um Feliz Dia do Trabalhador!

Canadian Construction Workers Union Proud representative of the hard working men and women in the Canadian Construction Industry Presidente: Joel Filipe Financial Secretary: João Dias Vice-Presidente: Victor Ferreira Recording Secretary: Luis Torres Trustee: Ana Aguiar

1170 SHEPPARD AVENUE WEST, UNIT 42 - NORTH YORK, ONTARIO - M3K 2A3 TELEPHONE: 416.762.1010

·

FAX: 416.762.1012


Ontario Ontario Ontario Provincial Provincial Ontario Provincial Provincial District District District Council Council District Council Council Ontario Ontario Ontario Provincial Provincial Ontario Provincial Provincial District District District Council Council District Council Council

FELIZ FELIZ FELIZ FELIZ DIA DIA DIA DIA DO DO DO DO FELIZ FELIZ FELIZ FELIZDIA DIA DIA DIADO DO DO DO TRABALHADOR TRABALHADOR TRABALHADOR TRABALHADOR TRABALHADOR TRABALHADOR TRABALHADOR TRABALHADOR

"Mão "Mão "Mão dedeobra "Mão de obra obra altamente de altamente altamente obra altamente qualificada, qualificada, qualificada, qualificada, bem bem bem treinada. treinada. treinada. bem Simplesmente treinada. Simplesmente Simplesmente Simplesmente o omelhor, melhor, o melhor, odesde melhor, desde desde 1903" 1903" desde 1903"1903" Quando Quando Quando uma uma comunidade Quando uma comunidade comunidade umasecomunidade se constrói constrói se constrói dodo se chão chão constrói dopara chão para cima, do para cima, chão não cima, não para existe não existe cima, existe mão mão não demão de existe obra obra denoobra mão no planeta planeta de no obra planeta queque noseja que planeta seja mais seja mais qualificada que mais qualificada seja qualificada mais para para qualificada completar para completar completar para completar "Mão "Mão "Mão de de obra "Mão de obra obra altamente de altamente altamente obra altamente qualificada, qualificada, qualificada, qualificada, bem bem bem treinada. treinada. treinada. bem Simplesmente treinada. Simplesmente Simplesmente Simplesmente o as omelhor, melhor, osuas melhor, odesde melhor, desde desde 1903" 1903" desde 1903" 1903" o trabalho o trabalho o trabalho eficazmente eficazmente o trabalho eficazmente à primeira. eficazmente à primeira. à primeira. OsOs membros à primeira. membros Os membros daOs da LiUNA membros LiUNA da LiUNA e aposentados e aposentados dae LiUNA aposentados efizeram aposentados fizeram fizeram umum compromisso compromisso um fizeram compromisso um com compromisso com com as suas ascarreiras, suas com carreiras, carreiras, as suas o que o que carreiras, significa o que significa significa o que significa

Quando Quando Quando uma uma comunidade Quando uma comunidade comunidade umasecomunidade se constrói constrói se constrói dodo se chão chão constrói dopara chão para cima, do para cima, chão não cima, não para existe não existe cima, existe mão mão não demão de existe obra obra denoobra mão no planeta planeta de no obra planeta queque noseja que planeta seja mais seja mais qualificada que mais qualificada seja qualificada mais para para qualificada completar para completar completar para completar umum compromisso compromisso um compromisso um com compromisso com a com comunidade. a comunidade. a comunidade. com aUm comunidade. Um compromisso Um compromisso compromisso Um para compromisso para construir para construir construir as para as MELHORES construir MELHORES as MELHORES asescolas, MELHORES escolas, escolas, aeroportos, aeroportos, escolas, aeroportos, hospitais, hospitais, aeroportos, hospitais, escritórios, escritórios, hospitais, escritórios, túneis, túneis, escritórios, túneis, túneis, o trabalho o trabalho o trabalho eficazmente eficazmente o trabalho eficazmente à primeira. eficazmente à primeira. à primeira. OsOs membros à primeira. membros Os membros daOs da LiUNA membros LiUNA da LiUNA e aposentados e aposentados dae LiUNA aposentados efizeram aposentados fizeram fizeram umum compromisso compromisso um fizeram compromisso um com compromisso com ascom as suas suas ascarreiras, suas com carreiras, carreiras, as suas o que o que carreiras, significa o que significa significa o que significa usinas usinas usinas dede energia, energia, deusinas energia, estradas, estradas, de energia, estradas, pontes, pontes, estradas, pontes, edifícios edifícios edifícios pontes, baixos baixos edifícios baixos e edifícios e edifícios ebaixos edifícios altos altos e do edifícios altos do país. país. doQuando altos país. Quando do Quando opaís. trabalho o trabalho Quando o trabalho está está ocompleto, trabalho está completo, completo, está osos membros completo, membros os membros daosda LiUNA membros LiUNA da LiUNAda LiUNA umum compromisso compromisso um compromisso um com compromisso com a com comunidade. a comunidade. a comunidade. com aUm comunidade. Um compromisso Um compromisso compromisso Um para compromisso para construir para construir construir as para as MELHORES construir MELHORES as MELHORES asescolas, MELHORES escolas, escolas, aeroportos, aeroportos, escolas, aeroportos, hospitais, hospitais, aeroportos, hospitais, escritórios, escritórios, hospitais, escritórios, túneis, túneis, escritórios, túneis, túneis, e aposentados e aposentados e aposentados continuam e aposentados continuam continuam a viver, a viver, continuam ajogar viver, jogar ejogar crescer ae viver, crescer e crescer nas jogar nas suas enas suas crescer comunidades, suas comunidades, nas comunidades, suascom comunidades, com a com garantia a garantia a garantia de com de que aque de garantia a pensão que a pensão a de pensão é que também... é também... aépensão também... simplesmente simplesmente é também... simplesmente asimplesmente MELHOR! a MELHOR! a MELHOR! a MELHOR! usinas usinas usinas dede energia, energia, deusinas energia, estradas, estradas, de energia, estradas, pontes, pontes, estradas, pontes, edifícios edifícios edifícios pontes, baixos baixos edifícios baixos e edifícios e edifícios ebaixos edifícios altos altos e do edifícios altos do país. país. doQuando altos país. Quando do Quando opaís. trabalho o trabalho Quando o trabalho está está ocompleto, trabalho está completo, completo, está osos membros completo, membros os membros daosda LiUNA membros LiUNA da LiUNAda LiUNA e aposentados e aposentados e aposentados continuam e aposentados continuam continuam a viver, a viver, continuam ajogar viver, jogar ejogar crescer ae viver, crescer e crescer nas jogar nas suas enas suas crescer comunidades, suas comunidades, nas comunidades, suascom comunidades, com a com garantia a garantia a garantia de com de que aque de garantia a pensão que a pensão a de pensão é que também... é também... aépensão também... simplesmente simplesmente é também... simplesmente asimplesmente MELHOR! a MELHOR! a MELHOR! a MELHOR! Jack Jack Oliveira Jack Oliveira Oliveira Jack Oliveira Joseph Joseph Joseph S. S. Mancinelli Mancinelli S.Joseph Mancinelli S. Mancinelli

Business Business Business Manager Manager Manager Business Manager

President President President President Jack Jack Oliveira Jack Oliveira Oliveira Jack Oliveira Joseph Joseph Joseph S. S. Mancinelli Mancinelli S.Joseph Mancinelli S. Mancinelli Business Business Business Manager Manager Manager Business Manager President President President President Luigi Luigi Carrozzi Luigi Carrozzi Carrozzi Luigi Carrozzi Carmen Carmen Carmen Principato Principato Carmen Principato Principato Robert Robert Robert Petroni Petroni Petroni Robert Petroni Brandon Brandon Brandon MacKinnon MacKinnon Brandon MacKinnon MacKinnon

Secretary-Treasurer Secretary-Treasurer Secretary-Treasurer Secretary-Treasurer ViceVice President President Vice President Vice President Executive Executive Executive Board Board Member Board Executive Member Member Board Member Recording Recording Recording Secretary Secretary Secretary Recording Secretary

Luigi Luigi Carrozzi Luigi Carrozzi Carrozzi Luigi Carrozzi Carmen Carmen Carmen Principato Principato Carmen Principato Principato Robert Robert Robert Petroni Petroni Petroni Robert Petroni Brandon Brandon Brandon MacKinnon MacKinnon Brandon MacKinnon MacKinnon

Secretary-Treasurer Secretary-Treasurer Secretary-Treasurer Secretary-Treasurer ViceVice President President Vice President Vice President Executive Executive Executive Board Board Member Board Executive Member Member Board Member Recording Recording Recording Secretary Secretary Secretary Recording Secretary

visit visit visit www.liunaopdc.ca www.liunaopdc.ca visit www.liunaopdc.ca www.liunaopdc.ca today today today today visit visit visit www.liunaopdc.ca www.liunaopdc.ca visit www.liunaopdc.ca www.liunaopdc.ca today today today today


Feliz Dia do Trabalhador! @liuna183 | www.liuna183.ca


1111-

1263 Wilson Avenue, Toronto ON M3M 3G3 416 241 1183 ph • 416 241 9845 fx • 1 877 834 1183 toll free

560 Dodge Street, Cobourg ON K9A 4K5 905 372 1183 ph • 905 372 7488 fx • 1 866 261 1183 toll free

64 Saunders Road, Barrie ON L4N 9A8 705 735 9890 ph • 705 735 3479 fx • 1 888 378 1183 toll free

145 Dalton Ave., Unit 1, Kingston ON K7K 6C2 613 542 5950 ph • 613 542 2781 fx

www.liuna183.ca


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.