




















Ne s te D i a d a Mã e , h omenageamos a s m u l h e re s q u e n os de ram vida, amo r e fo rça perm a ne nte .
Na Cardinal Funeral Homes, sabemos que a presença de uma mãe continua viva, em cada história partilhada, em cada tradição mantida e em cada momento tranquilo de recordação. Quer esteja a celebrar com ela ou a mantê-la perto na sua memória, nós estamos consigo.
Que o dia de hoje traga paz no seu coração e gratidão pelo amor que o moldou.
A história da Janette DeSousa assenta muito no exemplo do pai de dedicação à família, um homem que emigrou de Portugal para o Canadá para sustentar os irmãos. Cresceu rodeada por uma família unida, onde os laços e o cuidado entre todos sempre foram essenciais.
O meu pai era o mais velho de sete filhos. O meu avô, pai do meu pai, morreu quando eles eram novos, por isso foi o meu pai que assumiu o papel de pai de família. Em Portugal ele vivia em Rio Frio, Arcos de Valdevez, e algumas pessoas da terra ajudaram-no a vir para o Canadá. E ele sabia que Oshawa era a zona onde havia alguns empregos disponíveis. Na realidade, ele não começou em Oshawa, foi primeiro para Prescott, que fica a leste, em direção a Ottawa, onde já tinha um emprego planeado. Ia trabalhar lá numa quinta. E realmente trabalhou e viveu na quinta, isso fazia parte do acordo da imigração - ele tinha de ter um emprego e um sítio para ficar. E depois também arranjou um emprego, em part-time, num restaurante. O meu pai sempre foi um trabalhador esforçado e sustentava a sua família. Essa foi a principal razão para vir para cá, para ter uma vida melhor e para mandar dinheiro para os irmãos, porque era o mais velho e sentia-se responsável por eles.
Acho que sou um pouco como ele, muito determinada. Gosto de fazer as coisas de uma certa maneira. A minha mãe sempre disse: “És tal e qual o teu pai”. É muito frequente. Ele era uma pessoa muito gentil e atenciosa. Como muitos dos meus primos dizem ele era o tio preferido. Sabe, ele estava sempre a olhar pelas pessoas. Tinha cuidado. Por exemplo, sempre que saíamos à rua ele preocupava-se e dizia – “tem cuidado. Tem cuidado contigo”. E estava sempre pronto a ajudar toda a gente.
Os meus pais conheceram-se no banco. O meu pai não sabia muito bem como preencher os talões de depósito, porque o inglês era um problema. E, por qualquer razão, a minha mãe, também ela uma pessoa prestável, ajudava-o. Acho que um dia, no final do fecho do banco, ele estava à espera dela lá fora. E foi mais ou menos assim que tudo começou. Ao longo da vida a minha mãe tem tido muitos problemas de saúde e de mobilidade, especialmente nos últimos anos, e, por isso, passo muito tempo a ajudá-la e a apoiá-la, o que adoro. Estou sempre feliz por passar tempo com a minha mãe e diria que ela é a minha melhor amiga.
Eu sou a mais velha de três raparigas. E acho que tomo conta delas. Sou cinco anos mais velha do que a minha irmã mais próxima, por isso sempre tomei conta delas quando éramos pequenas. Naquele tempo, a vida parecia mais calma, mas era agradável porque tínhamos todos os nossos primos, tios e tias perto de nós. Em cinco minutos estava em casa dos meus
primos. Vivíamos todos perto e passávamos muito tempo juntos. Era a nossa família e o meu pai era dava muito valor a isso. E a minha mãe também vinha de uma família de cinco pessoas. Viviam numa quinta no Norte, Port Perry. No fim de contas, tudo nas nossas vidas era sempre sobre a família. Juntávamo-nos todos no Natal e no Dia de Ação de Graças. É disso que mais me lembro. Íamos juntos para a piscina. Íamos juntos à biblioteca. As nossas vidas estavam bastante interligadas, o que era bom.
A convivência diária com a avó moldou profundamente a infância de Janette. Foi com ela que aprendeu português e com quem criou uma ligação especial — uma amizade feita de afeto, brincadeiras e partilhas inesquecíveis.
A minha avó, a mãe do meu pai, vivia connosco e não falava inglês. Ora eu estava a aprender a falar nessa altura e foi por isso que aprendi português, aprendi com a minha avó. E agora estou muito feliz por conseguir falar português. Os meus tios e a minha avó viviam na nossa cave, por isso eu ficava lá em baixo com eles durante o dia a aprender português, a falar com eles, e depois à noite ficava com os meus pais e falava inglês porque a minha mãe não fala português. A minha avó era para mim uma boa amiga. Passámos muito tempo juntas, e eu era muito chegada a ela. Muito chegada a ela, mesmo. Cresci com ela, estava com ela todos os dias, os meus pais estavam a trabalhar e eu ficava com ela a aprender a falar português. E ela brincava comigo. Eu tentei ensinar-lhe um pouco de inglês. Ela estava sempre connosco, vivia connosco e era muito agradável. Talvez por causa desta relação tão próxima eu sempre quis voltar a Portugal. Quando ela se mudou para lá, eu queria ir só para a ver, tinha de a ir ver e passar algum tempo com ela. Não estava interessada em andar a passear por Portugal só queria ir e ficar com ela. E o mesmo aconteceu com o meu pai, à medida que ela foi envelhecendo, ele gostava sempre de ir na altura da Páscoa. Por isso, eu e ele fomos algumas vezes na Páscoa ou ele ia com a minha mãe e a irmã dele. Na parte final da vida do meu pai, ele tinha Alzheimer por isso, certificávamo-nos sempre de o levar, tínhamos de ir com ele. Ele não era capaz de ir sozinho. Todos os anos, na Páscoa, íamos e era bom passarmos esse tempo juntos.
De Portugal, Janette DeSousa guarda memórias muito especiais de um país que o pai, sempre orgulhoso das suas raízes, fez questão de lhes mostrar de norte a sul, partilhando histórias e tradições.
De Portugal gosto muito do Algarve, de Lagos, provavelmente o meu sítio preferido. Já lá passei um mês em várias alturas. Gosto dessa zona. Também gosto do Porto. Já lá estive. Quando fomos pela primeira vez a Portugal,
fomos num navio de Nova Iorque, e o meu pai levou o carro dele no navio. Era um Chev 66, por isso era um carro muito grande. E, então, estávamos a passear aquele carro enorme nas ruas dos Arcos de Valdevez, e toda a gente olhava e prestava atenção porque nunca tinham visto um carro como aquele, mas ele levou-nos de norte a sul. Passámos por todas as cidades, Lisboa, Porto, Sintra, e o meu pai conhecia cada zona pelo nome. Ele estava sempre tão orgulhoso de nos apresentar e de nos mostrar o seu país. Tirámos muitas fotografias e tínhamos muitos diapositivos. E ele gostava de olhar para os slides e dizia-nos, ok, aquela é a casa de fulano e o nome daquele sítio é... e eles têm uma igreja bonita... ele sempre teve muito orgulho em Portugal e queria ensinar-nos sobre a música, o país, a comida e as pessoas.
A vida profissional de Janette DeSousa foi marcada pela versatilidade e pelo empenho. Trabalhou em várias áreas, desde a imprensa local até ao Ministério das Finanças, e dedicou-se ao voluntariado policial com entusiasmo e espírito de serviço. Uma verdadeira mulher dos “sete ofícios”!
Depois do liceu, fui para o Durham College e tirei Tecnologia Alimentar e de Medicamentos. Procurei um emprego nessa área, mas não encontrei. Depois arranjei emprego no Orono Weekly Times, um pequeno jornal de Orono. Lá fazia um pouco de tudo, um pouco de reportagem, fotografia, entregas, contabilidade, trabalho de escritório, mas foi uma boa experiência porque é uma cidade pequena e toda a gente se conhece. Depois trabalhei no Minis-
1. Janette com o pai, José, em Arcos de Valdevez, Portugal
2. A família Desousa: Janette, José com a Nancy ao colo e Margaret com a Debbie ao colo
3. Um dos primeiros Natais com o pai
4. Atuação como palhaça no Dia do Canadá
5. Com a família depois de se licenciar
6. Janette atua na cozinha com as irmãs e a prima Jeannie
6. Com a avó “mãe” Brizida
7. A dançar com o pai
8. “Accordion Garden Tour”
9. Agente auxiliar Janette com Nancy e José
10. Atuação nas celebrações do Dia de São Patrício
nós, podemos experimentar qualquer instrumento. E é isso que eu gosto de fazer. Também estou a trabalhar na flauta transversal, já trabalhei no violino no passado... quando se consegue ler a música, tudo é possível. A música é uma espécie de linguagem e como se fosse qualquer outra língua, quando a aprendemos podemos interpretá-la em qualquer instrumento. É só uma questão de aprender os dedilhados ou de saber onde estão as teclas e coisas do género.
Muito influenciada pelo entusiasmo e amor do seu pai a Portugal, Janette DeSousa tem um histórico de ligação à comunidade portuguesa. Dançou no rancho folclórico, envolveu-se nas tradições culturais com a família e hoje sente orgulho ao ver os sobrinhos a continuar esse legado.
Sim, eu gostava porque o meu pai estava muito envolvido nisso e gostava muito que nós nos envolvêssemos também. As minhas irmãs e eu dançámos no rancho e eu gosto desse tipo de coisas. E para mim, na verdade, não importa o tipo de música. Gosto de todos os estilos de música, mas íamos à festa com toda a família, e dançávamos a Chula, o Vira e coisas do género. E o meu pai estava sempre muito orgulhoso, adorava ver-nos envolvidas nas tradições portuguesas. E a minha irmã mais nova era uma boa dançarina. E o mesmo acontece agora com os meus sobrinhos, que estão a dançar e a tocar concertina, e é agradável de ver. Gostava que o meu pai também pudesse ter visto isso.
O que mudaria na sua vida?
Não sei, estou muito contente com a forma como tudo está a correr, acho que não mudaria nada. A minha vida é um muito simples, não sou uma pessoa muito extravagante, não preciso de muito e gosto de ser assim. E não tenho uma lista de desejos, nem nada do género. Quero fazer isto? Tento fazer. Já viajei muito e gosto disso. Estou bastante contente agora. Reformei-me há três anos e sinto-me feliz a tocar música, por exemplo para os seniores. Não sinto que precise de mais nada. Sei que algumas pessoas pensam e até perguntam: “Não te sentes só?”. A minha resposta é: não. Porque mesmo quando tenho oportunidade de estar em casa, estou muito ocupada a fazer coisas diferentes. Tenho muitos interesses em casa, outros instrumentos para aprender a tocar ou tentar tocar, ou passar tempo com a minha mãe, com os meus sobrinhos. A família das minhas irmãs é uma coisa muito importante para mim. E nunca me senti sozinha, talvez porque a minha vida é muito preenchida, tenho o trabalho no jardim, o trabalho de casa e como adoro música... estou sempre a ouvir música, todos os estilos de música, e sinto-me bastante satisfeita.
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