AMAR Agosto 2025

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entREVISTA AMAR
AGOSTO 2025

Retribuindo. 100 Anos

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Francisco Branco

Avida de Francisco Branco começa no Nadadouro, uma freguesia das Caldas da Rainha. Num tempo em que Portugal era pequeno, de horizontes estreitos, onde se nascia sabendo que talvez fosse preciso partir. E ele partiu. Tinha 17 anos quando atravessou o Atlântico, de braço dado com a sua Alice, com a coragem nos olhos e o futuro ao ombro. Chegou ao Canadá, mais concretamente a Montreal, num dia de inverno, por volta das 3, numa tarde que mais parecia noite, com neve cerrada.

Em Oshawa, encontrou trabalho, fundou uma família, montou uma oficina e desenhou uma vida com as próprias mãos, como se cada chapa amolgada fosse uma etapa a endireitar, cada carro restaurado uma metáfora da sua própria história. E no coração, nunca deixou de ecoar o som do saxofone que o pai lhe ofereceu, promessa antiga de liberdade e beleza, que ele cumpriu com paixão.

Francisco construiu muito mais do que uma carreira: ergueu uma ponte entre dois mundos. Fez-se homem no frio canadiano, sem esquecer o menino que jogava à bola no Carrascal. Guardou o português na fala, o Benfica no peito e as memórias na alma. Tocou música para manter viva a festa, dançou com o povo que juntou, criou um grupo folclórico como quem planta raízes em terra nova.

Hoje, aos 80 anos, com duas filhas, a Margaret e a Nicole, netos e bisnetos a prolongar-lhe a história, Francisco continua a trabalhar, continua a lembrar, continua a amar. Lembra-se do pai, da pergunta que doeu - “Quando voltas?” - e da resposta que deu e ainda o emociona, até às lágrimas. Lembra-se de Portugal, que nunca saiu dele, mesmo quando tudo o fez acreditar que sair era a única saída.

Francisco é feito de partida e permanência, de silêncio e saxofone, de trabalho árduo e ternura escondida. É um homem com as mãos sujas de tinta e o coração cheio de histórias. E nesta narrativa de quem saiu para viver, não há arrependimento, apenas orgulho. Porque viver, no fundo, é isto: transformar saudade em força, e construir futuro com o que se traz do passado.

FOTO: MIKE NEAL
FOTOS: MIKE NEAL

A CHEGADA AO CANADÁ

Partir aos 17 anos não é apenas uma viagem, é um salto para o desconhecido, impulsionado pelo sonho e empurrado pelo medo do que ficou. Francisco deixou Portugal num tempo em que a vida, para muitos, era uma promessa por cumprir. A guerra, as poucas perspetivas, o amor por uma rapariga que se tornaria sua esposa: tudo isso conspirou para que tomasse a decisão de emigrar. Chegou ao Canadá num dia cinzento, onde a neve parecia tapar qualquer caminho. Mas encontrou família, abrigo, e mais tarde uma casa própria, onde recomeçou a vida. Nunca se sentiu mal acolhido, mas o peso de ter deixado tudo para trás acompanha-o até hoje. Nunca voltou para viver. Mas também nunca deixou de levar Portugal dentro de si.

O que é que foi que me fez sair de Portugal para vir para o Canadá? Foi aquilo que acontecia naqueles anos... as probabilidades de uma pessoa poder ter uma vida razoável em Portugal não eram as maiores. Eu tomava conta de uma loja do meu falecido pai. Apareceu a oportunidade de namorar uma rapariga que veio a ser a minha esposa, que tinha aqui pessoas de família no Canadá. E enfrentámos essa aventura. A Guerra do Ultramar também ajudou a que tomasse a decisão de sair. Se nós não saíssemos antes dos 17 anos, tínhamos que esperar até a idade dos 27, que era quando a obrigação militar estava completada. Tive que casar nessa altura para poder vir, porque a carta de chamada foi para ela que tinha aqui família, eu não tinha.

As minhas impressões do Canadá foram sempre boas, foram sempre extremamente boas. Eu cheguei aqui num dia de inverno, às 3 da tarde, quando aterrámos em Montreal, pare-

cia noite. Caía neve que Deus a dava e eu disse “para onde é que nós viemos?”. Mas isso foi, rapidamente, passando. Quando cheguei aqui, a casa dos meus cunhados, eles tinham um quarto preparado para mim e para a Alice, mas não demorou muito esse tempo de viver junto com a família da minha mulher. Foi uma coisa necessária, mas não é recomendável. E então nós, ao fim de um ano e meio, comprámos uma casa e seguimos a nossa vida.

Portugal e o seu sistema nunca me deram as condições que eu aspirava para a minha vida.

Saí de Portugal para vir para o Canadá, para procurar uma vida melhor, uma vida mais estável e, claro, senti o facto de ter saído do meu país, mas voltar nunca foi uma das minhas opções. Aliás, o meu pai, em 1972, quando eu fui a Portugal pela primeira vez, a certa altura, lá na pequena taberna que ele tinha, eu estava sentado numa mesa e ele perguntou-me: “Então Chico, quando é que tu pensas vir para Portugal?”. E eu disse-lhe assim: “Você quer que eu diga a verdade ou quer que eu diga aquilo que você quer que eu lhe diga”. Ele respondeu: “Não, quero que digas o que tu pensas.” Então eu respondi “Eu não volto mais a viver em Portugal”.

PORTUGAL E A FAMÍLIA HOJE

Francisco criou raízes em solo canadiano, mas as suas filhas cresceram entre dois mundos. Embora tenham a cidadania portuguesa, a ligação à terra do pai é mais simbólica do que emocional. Participaram em danças folclóricas, visitaram o país, ouviram a língua, mas a identidade vive em equilíbrio instável. Entre o inglês dos netos e o português das conversas

com Alice, a língua tornou-se uma ponte cada vez mais estreita. Francisco vê Portugal nelas, mas diluído no tempo e na distância. Ainda assim, não força heranças, apenas partilha as que tem. E aceita, com serenidade, que a cultura se transmita mais pela vivência do que pela obrigação.

As minhas filhas são cidadãs portuguesas, têm o cartão e tudo, mas se me pergunta se se sentem portuguesas eu respondo, 50/50%. Nasceram aqui e aqui fizeram a vida delas. A mais velha vai a Portugal várias vezes, a mais nova nem tanto, mas diz que gosta quando vai. Elas gostam de Portugal, as duas dançaram no grupo folclórico, mas daí até dizer que elas sentem o portuguesismo... é difícil para mim perceber se sim ou não. Eu falo português com Alice, com a Margaret, um pouco, com a mais nova é difícil e com os netos, então é totalmente em inglês.

UMA VIDA DE TRABALHO

Do jardim ao ferro, Francisco percorreu o caminho dos que não escolhem onde começar, mas sabem onde querem chegar. Trabalhou em oficinas medíocres, onde se pintavam carros em condições precárias, mas não desistiu. Queria mais, queria melhor. Aprendeu, observou e decidiu fazer diferente. Fundou a sua própria oficina em 1988, para poder trabalhar com honestidade, qualidade e orgulho. E foi esse orgulho que o guiou até transformar carros degradados em peças de colecionador. O trabalho tornou-se arte, e a arte, forma de vida. Ainda hoje, aos 80 anos, mantém viva essa paixão. Para Francisco, cada carro restaurado é como uma história recuperada, feita de tempo, de paciência e de respeito pelas origens.

O trabalho que eu arranjei não era assim das coisas que eu mais gostava. Os meus cunhados, arranjaram-me um trabalho de jardineiro e aquilo não dava comigo. Depois trabalhei em bate-chapas de quinta categoria. E também não funcionou. Até que, ao fim de seis ou sete meses, arranjei trabalho numa oficina onde havia condições para eu aprender aquilo que eu queria fazer.

Quando comecei a trabalhar em bate-chapas, eu trabalhava só como pintor e o que acontecia era que, na altura do Natal e do Ano Novo, os pintores eram os primeiros a ficarem desempregados, e eu chateei-me com isso. Tentei arranjar outra coisa. Até que chegou o dia de criar a minha própria empresa, o que aconteceu em 1988. Eu não gostava daquilo que eu via as pessoas fazerem nas oficinas de bate-chapas onde eu tinha trabalhado. Fui reconhecido como um dos melhores pintores pelas pessoas que vendiam as tintas. Eu perdia o trabalho hoje aqui e amanhã já tinha trabalho no outro lado, porque os agentes que vendiam as tintas arranjavam-me trabalho. Não era preciso eu ir à procura. Mas cheguei a um ponto que desejei sair de empresas que enganavam os fregueses, diziam que faziam o trabalho, mas depois faziam o trabalho sem pilhéria nenhuma e nós como empregados tínhamos que fazer aquilo que os patrões diziam. Então disse chega, vou montar a minha própria oficina porque eu quero fazer um trabalho que seja duradouro, porque vi que para fazer o trabalho que eu queria, tinha que ser eu a fazê-lo num sítio onde eu pudesse mandar.

Muitos trabalhos me passaram pelas mãos, mas quando tenho o desafio de recuperar um carro totalmente degradado, já muito antigo e refazer dá um prazer especial. É um orgulho bastante grande trabalhar um carro que não tem valor nenhum, desmontá-lo e fazer dele algo tão bonito e muitíssimo valorizado. Há quatro anos trabalhei um carro que quando o vi não valia 1000 dólares,

depois do meu trabalho foi avaliado em $64.000. Esse carro era um Impala de 72. Mas para além de um orgulho, é um trabalho também muito demorado. Tem que se ter muito cuidado. Respeitar a origem, a forma como ele era, tem que haver atenção aos detalhes. A minha parte foi fazer o trabalho de bate-chapa e de pintura. Quem montou o carro foi o dono, ele tem, pelo menos, 40% do mérito. Eu só faço aquilo que eu sei fazer.

A PAIXÃO PELO SAXOFONE

Muito antes de emigrar, já Francisco sonhava com o som do saxofone. Não era o clarinete que lhe puseram nas mãos, mas aquele instrumento brilhante, quase mágico, que o fazia sonhar quando ouvia Pasodobles no rádio da loja do pai. Estudou música nas Caldas, e um dia o pai apareceu-lhe com o saxofone prometido. Emigrou, o saxofone ficou, mas a música veio com ele. Tocava entre amigos, em festas de quintal, como se cada nota fosse um elo com a sua terra. E hoje, sempre que pode, volta a pegar no saxofone, para tocar, para recordar, para dar alegria a outros. A música nunca deixou de ser casa. Mesmo longe, sempre o trouxe de volta a si próprio.

No Canadá, quando viemos, éramos uma comunidade pequena, mas coesa. Os meus cunhados já tinham comprado casa, tanto um como outro, e nela viviam várias famílias. Na casa do meu cunhado Fernando chegaram a viver quatro famílias, em casa do meu cunhado Joaquim Félix, eram sete ou oito rapazes, quase todos do Norte, e éramos nós. Convivíamos uns com os outros como se fosse uma família só, especialmente aqueles que estavam mais juntos. Claro que havia outras famílias onde se passava a mesma coisa. Nós juntávamo-nos nos campos da casa do meu

1. Um adolescente Francisco com o seu saxofone.
2. Francisco e Alice Branco
3. Alice e Francisco Branco com Margaret

cunhado Joaquim Félix, eu tocava saxofone e um rapaz do Norte tocava acordeão e passávamos tardes inteiras por lá, uns a jogar às cartas, outros a ouvir música. Portanto, havia uma boa convivência.

Quando tomava conta da loja do meu pai, nós tínhamos o rádio e a música que eu mais apreciava era o Pasodoble, daqueles que vinham da Espanha. Era aquele tipo de música que eu ouvia, com o trompete, com o saxofone. Era uma coisa que eu dizia “eu tenho que tocar este instrumento. Eu gosto de ouvir este instrumento, tenho que tocar isto”. E eu dizia isto ao meu pai e, pronto, estudei música nas Caldas da Rainha. O instrumento que me foi dado no fim de eu aprender o solfejo foi um clarinete que, aparentemente, era o instrumento que eles mais gostavam de dar aos alunos, mas eu não queria um clarinete, eu gostava mais de tocar saxofone. A resposta do meu pai foi – “Tens que tocar o clarinete. A gente dá-te um saxofone mais tarde”. Um dia, sem mais nem menos, nunca cheguei a saber donde é que aquilo veio, o meu pai apareceu com o saxofone na minha casa. Era um saxofone que os músicos profissionais chamavam de brilhante, que só se usavam nas bandas, um saxofone muito difícil de equalizar com outros instrumentos. Quando deixei o saxofone em Portugal, pensei que tinha acabado essa coisa, mas... afinal esse saxofone foi substituído por outro, mais tarde.

A VIDA COMUNITÁRIA

E O FOLCLORE

Francisco nunca procurou ser protagonista, mas acabou por se tornar um pilar da comunidade portuguesa em Oshawa. Entrou na primeira direção de um dos clubes da terra, fundou o grupo folclórico e organizou festas que serviam tanto para angariar fundos como para manter viva a tradição. Juntou pessoas, cruzou Norte e Centro num só palco, deu voz à cultura que muitos traziam no peito, mas não sabiam como expressar. Hoje, afastado das direções, ainda ajuda, com o saxofone ou com o coração. Fez o que tinha a fazer, e com orgulho vê os frutos crescer. Porque o importante, para ele, sempre foi isso: que a comunidade tivesse um lugar onde pertencer.

Eu não fui fundador, embora agora as pessoas gostem de dizer que eu fui um dos fundadores. Eu não fui fundador, não tive nada a ver com a fundação do clube. Os fundadores foram: o Vítor Silva, que passou a ser o presidente, um rapaz que se chamava João Bonifácio e outro que se chamava Mário Batista, que já faleceu. Os fundadores foram estes três. Eu pertenci à primeira direção, fui o primeiro ou segundo

vice-presidente, já não me recordo, da primeira direção do clube e depois, a partir daí, sim, fui eu que criei o Grupo Folclórico. Fui eu que fui o chefe do primeiro pavilhão português que aqui abriu, em 1979 ou em 1980. Geri isso por três ou por quatro anos e depois comecei a deixar outras pessoas fazerem esse trabalho. Nessa altura, reuníamos em casa, hoje na casa de um, amanhã do outro e quando queríamos fazer alguma coisa, arrendavam-se salões. Através do grupo folclórico fazíamos festas para angariação de fundos, para mais tarde termos uma casa nossa. Levou tempo, mas conseguimos. A nossa ideia era juntar as pessoas, como acontecia quando eu cheguei. Nessa altura, a comunidade já tinha expandido. E como as coisas começaram a ser diferentes, não havia tanto tempo para a gente se poder divertir em casa deste ou em casa daquele, precisávamos de um sítio onde, pelo menos uma vez por mês, nos pudéssemos reunir e fazer um baile ou fazer uma passagem de ano. Esse era o intento, convivermos, estarmos juntos.

Um dos diretores da Fiesta Week, quando soube que nós tínhamos criado um clube, aproximou-se de nós e perguntou se nós queríamos fazer parte dessa tal organização. Claro que eu disse que sim, que havia a possibilidade de participarmos com um grupo folclórico. Não foi difícil fazer. Foi difícil manter, mas fazer não foi difícil. Nós éramos quatro, cinco pares de um lado, procurámos algumas pessoas do Norte para fazerem a parte deles. Nessa altura, a ideia era haver participação tanto da nossa área que era a Nazaré e aquela área à volta, onde o folclore é bastante ativo, e uma representação do Norte de onde também havia muitas pessoas. Foi custoso, mas conseguiu-se. Não levou muito tempo para que os dois lados se separassem.

Foi uma fase que eu não esquecerei. Sim, houve partes positivas e negativas, mas mais positivas e que me dão a alegria de ter participado. Continuo a ajudar o clube e continuo a ajudar o grupo folclórico durante a festa. Quando é preciso, eu vou lá. Toco saxofone para eles e eles gostam de ouvir. Gosto de tocar, de vez em quando, mas ser membro já não. Falta de tempo. E não é só falta de tempo, há coisas com as quais eu não concordo. Não vale a pena remar contra a corrente. Então decidi, sigam a vossa vida. Eu fico muito, muito satisfeito por aquilo que fiz e muito orgulhoso, mas não é para mim.

REGRESSO A PORTUGAL?

1. Henrique botelho, Francisco Branco, Augusto Medeiros, Leonel Dimas, Luciano Branco

2. Francisco em festa de Natal.

3. Francisco com as suas filhas, Margaret e Nancy.

4. Francisco com os netos: Dustin e Cody

5. Francisco e Alice Branco mascarados para uma festa de fantasias.

6. Francisco a segurar a Taça do Mundo durante um evento promocional da FIFA em Toronto.

Francisco voltou poucas vezes a Portugal, e quase sempre por razões tristes. Vendeu as propriedades, tem lá apenas um irmão e, ainda assim, diz: Portugal nunca saiu de mim. Mantém-se atento à política, ao desporto... O Canadá de hoje, confessa, já não é o mesmo que o acolheu e, se Alice quisesse, talvez regressasse. Mas mesmo sem regressar, mantém viva a chama. Porque a identidade, quando é sentida assim, não se perde, transforma-se, adapta-se, mas nunca se apaga. Está na música, na memória e no olhar saudoso quando fala do Carrascal e das brincadeiras de criança.

Tenho ido a Portugal não por coisas boas, mas más. Pelo falecimento da minha mãe e pelo falecimento do meu pai. As propriedades que tinha, vendi. A única ligação que tenho em Portugal é o meu irmão Tiago. Mas eu saí de Portugal, mas Portugal nunca saiu de mim. Há coisas que não se podem esquecer. As três principais se calhar são: o desporto, a música e era a febre das brincadeiras de criança que a gente fazia com os amigos, que não esquecemos. Eu quando vou a Portugal levo sempre um ou dois saxofones comigo e continuo a tocar música com um rapaz que por acaso até já

veio aqui este ano, na semana da festa, ajudar-nos no grupo folclórico.

Nesta altura, se a minha esposa alinhasse... talvez essa opção de voltar para Portugal estivesse bem viva. O caminho que o Canadá está a levar não é o do Canadá que conheci quando aqui cheguei. Para mim, a vinda para o Canadá foi uma das coisas melhores que aconteceu na minha vida, mas aquilo que se passa hoje no Canadá não tem nada a ver com o que era. A política aqui deixou de ser do meu gosto. Na minha casa, Portugal está presente sempre que eu estou a ver televisão, por causa do desporto, por causa da política. Interessa-me muito a política que se passa em Portugal. Tal e qual como me interesso pela política que se passa aqui. Essa é a razão de eu dizer que a reviravolta que Portugal levou e a reviravolta que o Canadá levou não são inteiramente do meu agrado, mas é o que é.

Quando olha para trás na sua vida e vai para os tempos da infância e juventude, do que sente mais falta?

Sinto falta do Benfica, do cheiro do mar, sinto falta de jogar à bola no sítio que nós chamávamos o Carrascal. Era aí que a gente jogava bola na beira do rio. Há muitas coisas que, pronto, foram parte dos 17 anos que vivi em Portugal e que a gente não esquece. Com certeza que não esquece. Embora às vezes a gente diga que não volta. Há aquela parte que diz “eu fiz parte disto, fiz parte daquilo, andei à porrada com este, roubei maçãs com aquele”... Tudo isto não se esquece, é a chamada nostalgia, não sei. Não sei bem qual é o significado dessa palavra, anyway.

1. Família a celebrar o aniversário do Francisco. Fila de trás: Cody ao colo da Margaret, Paul, Alice e Nancy. Fila da frente: Dustin com o Francisco e a sua sobrinha, Amanda.

2. Bisnetos Gabriel e Damian. 3. Francisco com o pai.

FOTO: MIKE NEAL

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