REVISTA AMAR - DEZEMBRO 2020

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EDIÇÃO 57 • ANO 5 • MENSAL

WWW.REVISTAMAR.COM

Feliz Natal & Próspero Ano Novo dezEMBRO2020


O Executivo da CCWU Canadian Construction Workers Union deseja a todos os seus membros e comunidade portuguesa Festas Felizes & Próspero Ano de 2021!

Canadian Construction Workers Union Proud representative of the hard working men and women in the Canadian Construction Industry Presidente: Joel Filipe Financial Secretary: João Dias Vice-Presidente: Victor Ferreira Recording Secretary: Luis Torres Trustee: Ana Aguiar

FELIZ NATAL

& PRÓSPERO ANO NOVO 1170 SHEPPARD AVENUE WEST, UNIT 42 - NORTH YORK, ONTARIO - M3K 2A3 TELEPHONE: 416-762-1010 • FAX: 416-762-1012


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Ficha Técnica Direção

Carmo Monteiro Manuel DaCosta

Edição Gráfica Carlos Monteiro

Conteúdos 6

Atividades de Natal

Marketing

Amélie Bonsart fala-nos sobre os eventos e atividades que pode assistir nesta quadra festiva em Portugal.

Fotografia - Capa

12 A tradição do Madeiro

Carmo Monteiro MDC Media Group

Irina Avgustinovich

Fotografia Carmo Monteiro

Colaboradores

Amélie Bonsart Armando Correa de Siqueira Neto Artur F. Guedes Carlos Cruchinho Helena Rodrigues Joanne Amaral Leila Ferreira Do Couto Manuela Marujo Maria João Rafael Paulo Perdiz Pedro M. Salvador Raquel Couto Sónia Falcão da Fonseca

Participação Especial Ana Tulha Joana Cabrita Miguel Pataco Sofia Teixeira

Agradecimentos Jornal de Notícias MDC Media Group Notícias Magazine

Contacto www.revistamar.com info@revistamar.com www.facebook.com/revistamar

416.806.7616

Dezembro 2020

página 18

Fique a conhecer melhor esta longa tradição e os rituais que envolvem a celebração do Natal nas beiras, em Penamacor em particular.

22 Um Natal diferente... ou talvez não!

página 24

página 38

Estivemos à conversa com 4 jovens que nos falaram do Natal e sobre as diferenças relativamente aos outros anos devido à pandemia de Covid-19.

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Não faça cerimónia, está em sua casa!

Maria João Rafael, na sua crónica habitual de styling, traz-nos conselhos úteis para a ceia de natal e celebração da época natalícia.

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página 52 página 72

York - a antiga

Manuela Marujo leva-nos numa viagem no tempo e fala-nos desse zona incontornável da cidade de Toronto e de como a zona antiga se mistura com os prédios modernos de Toronto.

página 80

56

Os direitos não têm idade

José Carreira fala-nos sobre o dilema dos direitos dos mais idosos em tempos de pandemia.

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Eduardo Lourenço

página 90

página 98

Prestamos homenagem a um dos maiores pensadores do século XX em Portugal.

76 Camané

& Mário Laginha Revista Amar é uma marca registada e empresa subsidiária dos grupos Cyber Planet Inc. e MDC Media Group.

Custo estimado por exemplar

$5.99

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Tèm um trabalho novo e Paulo Perdiz esteve á conversa com o músico e cantor português para saber tudo sobre esta colaboração.

84 Marionetas:

Histórias na ponta dos dedos

Passaram gerações e as marionetas jamais deixaram de se impor no imaginário popular.

página 102 Os artigos publicados na presente edição são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo não refletir as opiniões e posições da Revista Amar naquela matéria. A utilização do novo acordo ortográfico, na matéria da presente edição, ficou à inteira descrição dos seus autores. Os conteúdos publicitários publicados na presente edição são da inteira responsabilidade, com autorização e aprovação prévia dos seus autores.


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Atividades de Natal P

ortugal é mais bonito nesta altura do ano. Juntam-se os mais diversos eventos para encantar as famílias portuguesas e o centro do nosso país, mostra a cultura diversificada de tradições e costumes bem enraizados. A época natalícia não é exceção e há inúmeros rituais que se mantêm vivos ano após ano. Aqui vos deixamos os mais emblemáticos:

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Vila Presépio - Alenquer Créditos: Direitos Reservados

Aldeia Cabeça de Natal Créditos © Ricardo Mendes 8 I Amar


SABUGAL Sabugal Presépio Este presépio, é a recriação do Presépio de Belém, no Largo da Fonte, ocupa cerca de 1100m2 e é o grande destaque da quadra. Para a sua recriação, são usados elementos recolhidos na natureza, que servem de base à construção realizada à escala humana. Está patente desde 9 de dezembro e ficará até ao dia 7 de janeiro.

PENACOR Penamacor Vila Madeiro O Madeiro é uma grande fogueira feita no adro da igreja, onde a população se reúne depois da Missa do Galo. É uma tradição local que fomenta o encontro entre gerações, recebidos todos os anos pelos jovens que celebram 20 anos. As atividades, culminam no atear do Madeiro, na noite de 23 para 24 de dezembro. Dá a conhecer os rituais desta tradição e a população, abre as portas das próprias habitações, com pequenas tascas e vendas de artesanato. Estará aberta até ao dia 25 de dezembro.

ÁGUEDA O Natal com o maior e mais pequeno Pai Natal do mundo Ao maior Pai Natal do Guinness, junta-se agora, o mais pequeno Pai Natal do mundo. Este é um dos destaques das festividades de Natal em Águeda, com quase 50 dias de ruas enfeitadas e repletas de um genuíno espírito natalício. O município oferece ainda, pinheiros ecológicos.

SEIA Aldeia de Cabeça A proposta devido à pandemia, foi infelizmente adiada para 2021. Inspirada nos valores do Natal, a Aldeia Natal convida habitualmente os visitantes a percorrer as pitorescas ruas da aldeia, que ostentam uma decoração criativa e ecológica. Os enfeites são concebidos em exclusivo pelos seus moradores, usando materiais retirados da natureza. Os moradores abrem as suas portas, transformando aldeia e ruas num verdadeiro mercado de Natal.

PORTO DE MÓS Natal Encantado Até 7 de janeiro, o “Natal encantado” do Juncal, Mira de Aire e Porto de Mós, celebra esta quadra com uma exposição de Árvores de Natal e Presépios como principais atrações, com o mote “Pinheiro Amigo, Natal Feliz!”.

TORRES VEDRAS Este Natal, Torres Vedras é sua… O município de Torres Vedras preparou um programa que convida toda a família ao espírito natalício que se faz sentir nas ruas de Torres Vedras e Santa Cruz. Entre 10 de novembro e 6 de janeiro, este programa leva a magia do Natal até si, com música, teatro, oficinas, dança, leitura e cinema.

PROENÇA-A-NOVA Aprender a fazer as Filhós de Natal O município tem programadas algumas atividades, segundo as normas sugeridas pela DGS, como o Mercado dos Sabores de Natal, que decorrerá em dois fins de semana de de-

zembro - dias 12 e 13 e dias 19 e 20 - no Mercado Municipal e espaços envolventes. Já as habituais cozinhas ao vivo e animação teatral, terão lugares limitados e existe a possibilidade de serem transmitidas online.

ÓBIDOS Vila Natal Tão conhecida esta tradição, este ano é em formato digital. Serão vários os momentos, em família, ou com amigos, para celebrar em segurança, com muitas atividades e vídeos na sua plataforma online.

MARINHA GRANDE Presépio Tradicional Este ano, o Presépio de Filipe Ferreira, regressa ao Edifício da Resinagem, no Centro Histórico da Marinha Grande. É um dos maiores presépios tradicionais da região, comemora a sua 20ª edição. Ocupará cerca de 40 m2 e será composto por mais de um milhar de peças, onde se incluem inúmeras peças e acessórios criados pelo autor, compondo uma verdadeira aldeia em miniatura e mantendo no centro da representação a essência desta data, o Nascimento de Jesus.

ALENQUER Vila Presépio de Portugal Neste presépio tão conhecido, projetam-se um leque variado de atividades envolvidas pelo espírito da solidariedade, acessibilidade e alegria, procurando transformar toda a época natalícia em Alenquer numa grande festividade. Durante três semanas, os eventos associados ao Natal, surpreende os visitantes, proporcionando momentos únicos de lazer e diversão a todas as famílias.

PENELA Penela Presépio Um dos maiores eventos da região centro, que costuma atrair milhares de pessoas ao cimo da encosta, decorada com o casario branco e encimado pelo Castelo Medieval do Séc. XI. Esta edição foi cancelada, mas predominarão, música de rua, iluminações e atividades concelhias, apostando nas novas tecnologias e redes sociais, com o objetivo de promover o território e o comércio local.

AVEIRO Boas Festas em Aveiro A grande abertura começou a 30 de novembro, com a ligação da iluminação de Natal, no Centro Histórico. Nesta época são vários os eventos destinados à família, com um cinema em drive-in, concertos e outros. Os eventos terminarão a 11 de janeiro.

BOMBARRAL Programa de Natal Este ano, o Município do Bombarral decidiu celebrar o Natal de uma forma original, “Um Natal e Peras” é o titulo dado ao programa desde ano, que conta com animação natalícia pelas ruas da cidade incluindo desfiles de Natal, com o Pai Natal. O programa estará em vigor até 20 de dezembro.

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Árvore de Natal - Caldas da Rainha Créditos: Direitos Reservados

Comboio natalício da Figeuira da Foz Créditos: Direitos Reservados 10 I Amar


CALDAS DA RAINHA Caldas, Rainha do Natal A Árvore de Natal gigante situada na Praça 25 de Abril ilumina toda a cidade. No seu esplendor dos 33 metros de altura, é uma das maiores Árvores de Natal de Portugal. Não vai faltar animação, até ao dia de Natal. E toda a programação a ser lançada brevemente. É de ficar atento.

CADAVAL Cadaval Cativa

um photopoint para a tradicional selfie da “Guarda, A Cidade Natal”.

MONTEMOR-O-VELHO Castelo Mágico – Um Natal Digital O castelo de Montemor-o-Velho, um dos ex-líbris da região de Coimbra, será, durante este mês, a casa dos sonhos de Natal. Este ano, o Nico e os amigos têm a missão difícil de trazer a magia do Natal através do Natal Digital. Serão 25 dias de atividades digitais para toda a família, com vídeos de receitas, truques de magia, presentes e contos de Natal.

O Natal chegou ao Cadaval com as tradicionais iluminações natalícias, mas as animações em Live Streaming não irão faltar neste cartaz natalício.

PENICHE

CASTELO BRANCO

Este ano, decorre até 6 de janeiro, e celebra-se online. Para os mais pequenos, foi criada a Oficina do Natal online, onde estes poderão experienciar diversas atividades que passam pelo desenho, pintura, reciclagem/reutilização, origami, música, dança, culinária e ciência. Haverá ainda lugar a outras atividades outras atividades, como: teatro, atividade física, concertos e exposições.

Natal Branco Castelo Branco vai assinalar este ano a época de Natal com um conjunto de iniciativas e atividades de animação. De sorteios no comércio tradicional, para quem compra produtos regionais, à decoração de janelas, é um Natal a não perder.

COIMBRA Luzes sobre a Baixa Tendo em conta a época pandémica, este ano não haverá uma programação natalícia, no entanto, a iluminação pelas ruas da cidade foi ligada mais cedo e reforçada, chegando este ano a mais nove locais, destacando as zonas de comércio tradicional.

CONSTÂNCIA Natal em Constância O Município está a promover uma mostra online de presépios, visando promover esta antiga tradição cultural. Um pouco por todo o concelho, quer em casa, no jardim ou no local de trabalho, os presépios marcam presença nesta época natalícia.

ESTARREJA Natalim – Um Mundo de Sonhos que não tem fim O Natal espalhou-se cheio de luz e cor pelas ruas, praças e edifícios de Estarreja. Este ano, há um programa repleto de atividades até dia 6 de janeiro. Algumas atividades ainda estão por confirmar, mas é um Natal a não perder.

FIGUEIRA DA FOZ Comboio de Natal Que tal conhecer e visitar o comércio local no Comboio de Natal? E as decorações natalícias das grandes avenidas? Este é um dos destaques no programa da quadra natalícia da Figueira da Foz. Não vão faltar castanhas quentinhas nem tão pouco os doces tão apreciados pelos mais pequenos.

GUARDA

Um Mar de Natal

PINHEL Pinhel de Natal O “Pinhel de Natal” terá luz, através das iluminações natalícias já inauguradas no dia 1 de dezembro, mas também o tradicional “Carrossel Parisiense”, instalado no “Bosque Encantado”, no Parque Municipal da Trincheira. Música e outras animações com destaque para a “Chegada do Pai Natal”, o “Desfile de Mascotes”, a Banda Itinerante Os Ajudantes do Pai Natal, e a tradicional “Fogueira de Natal”, vão oferecer muita fantasia, música e animação.

VILA DE REI Iluminação Cinquenta e uma montras de estabelecimentos comerciais do concelho vão estar decoradas com a temática natalícia, até dia 9 de janeiro de 2021, convidando as famílias a visitarem o comércio tradicional.

POMBAL O Natal na Cidade A magia do Natal dá um brilho especial à cidade, que se enche de luz e cor. O programa de atividades contempla todas as idades, com muitas horas de animação, espetáculos, exposições e um mercado de Natal.

VISEU Viseu Natal As luzes de Natal preenchem as ruas da cidade-jardim e nesta época, trazem de volta o imaginário da infância. O apelo ao turismo local está no mote das animações natalícias, apoiando os eventos e o comércio local, como escolha segura.

Guarda, Cidade Natal Até 6 de janeiro, haverá iluminação e música natalícia nas ruas da Guarda e decorações da época no centro histórico. Na Praça Luís de Camões, estará uma árvore gigante, rodeada por presépios, e junto à Sé, um presépio muito especial, em ferro, do escultor Rui Miragaia. Ainda na Praça Velha,

Amélie Bonsart

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A tradição do madeiro 12 I Amar


CrĂŠditos: Carlos Cruchinho Amar I 13


N

estes dias mais cinzentos a melancolia instala-se, a lareira faz-nos companhia. A passagem do tempo lento acompanhado por memórias, umas mais recentes, outras mais longínquas, no efémero desta vida breve. As recordações surgem em cada recanto do lugar a que chamamos lar, um objeto, uma fotografia numa moldura, uma modinha cantada enquanto arrumamos uns papéis. Bem em destaque, a moldura com a fotografia da malta de 68, o grupo de mancebos que arrancou e transportou o madeiro daquele ano para o adro da igreja. Uma tradição secular nas beiras e em Penamacor em particular. Um acontecimento marcante na nossa vida e na comunidade a cada natal.

A génese do madeiro O aconchego duma fogueira, ancestral reminiscência do solstício de inverno, uma festividade pagã, cristianizada pela igreja católica, sobre o pretexto de aquecer a vinda do menino Jesus. Geralmente é ateado perto da meia noite do dia 24 de dezembro. Quando os sinos repicam, muitos são aqueles que acorrem ao adro da igreja para ver os enormes troncos de sobro e azinho a arder. Mas para esse momento acontecer, todo um trabalho hercúleo terá que ser feito pelos rapazes da localidade, os que nesse ano foram às “sortes” ou viram o seu nome no edital público para ir inspeção militar. Ir às “sortes” era o termo usado para o processo de seleção de mancebos, que decorria na sede do município, na presença de uma junta de recrutamento militar, já que poucos escapavam à mobilização. Na voz sábia dos mais velhos “nesse tempo, iam à tropa altos, baixos, cegos, coxos e gagos…”, sequelas de quem viveu a mobilização para a Guerra Colonial (1961-1974). Noutros tempos, mais próximos da atualidade, a inspeção militar decorria em Coimbra, no convento de Santa Clara, um dos muitos ritos de passagem da adolescência para a vida adulta. Uma primeira viagem em solitário sem a tutela dos progenitores à ilharga. É a estes rapazes que compete a organização de toda a logística da festa do madeiro, a comunidade deposita nos seus ombros e braços, a responsabilidade de tratar de tudo com antecedência, para o cumprimento da tradição.

Créditos: Luís Filipe Martins Cruchinho 14 I Amar


Rito de passagem A tradição do madeiro é uma iniciação essencialmente masculina, sendo vedado o acesso ao elemento feminino. No entanto como qualquer tradição secular, a evolução social das comunidades, o protagonismo das mulheres na vida quotidiana, bem como as circunstâncias da falta de rapazes para cumprir a tradição levou a uma mudança nessa premissa. Hoje rapazes e raparigas ombreiam lado a lado na perpetuação dos usos e costumes seculares.

Créditos: Luís Filipe Martins Cruchinho

A festa do madeiro começa alguns dias antes, com o corte das lenhas (azinhos e sobreiras). Em Penamacor tem o seu epílogo durante a noite do dia 7 de dezembro e no dia seguinte, consagrado à Nossa Senhora da Conceição. A lenha mais miúda arde logo nessa noite, posta em grande fogueira para aquecer os ambiente e assar carne, enquanto a mais grossa é levada no dia seguinte para o largo da igreja, onde arderá durante a quadra natalícia.

A tradição Desde tempos imemoriais que o homem nutre pelo fogo um misto de espanto e fascínio, pela sua inexplicável beleza e cor, o seu poder destrutivo e na sua essência, um conforto contra os elementos. Companheiros há muitos milénios, o fogo preencheu de luz a escuridão da humanidade, onde havia trevas passou a existir a possibilidade da comunidade estender o dia, o convívio entre todos, oportunidade de desenvolver a comunicação e a coesão do grupo. No meio rural português, o ritual do madeiro assume um simbolismo próprio de encontro e convívio das pessoas de uma comunidade, acolhendo os forasteiros de uma forma peculiar. Segundo António Cabanas no seu livro Eh, Madeiro! Símbolos e Tradições de Natal, “Durante toda a noite há pessoas à volta da fogueira, rindo, cantando, assando e comendo chouriças e carnes. O garrafão do vinho acompanha e alegra todos os presentes. Em Penamacor, onde a noite natal é vivida com intensidade, cheia de luz e brilho, com serões inesquecíveis, à volta da fogueira do madeiro contam-se histórias e peripécias passadas e cantam-se cantigas em quadra.”

Créditos: Luís Filipe Martins Cruchinho

Todos os participantes nesta noite especial relembram o seu ano, recontam as suas aventuras e desventuras no cumprimento da tradição, não faltando os exageros próprios de quem conta um conto, acrescentar um ponto. Amar I 15


Ó Madeiro, ó Madeirinho Habitas na memória ancestral deste povo raiano, ó, madeiro, ó madeirinho quantos troncos e pernadas tens de azinho. No dia da Imaculada Conceição o povo sai à rua em devoção, para saudar a tua chegada imponente em procissão. Os destemidos mancebos erguem com coragem, a tua silhueta corpulenta dobrando o Cabo das Tormentas. Como um Adamastor impões respeito no alto da praça, paredes meias com a igreja de S. Tiago esperas não causar nenhuma desgraça. Com missa do galo em fundo da raia sopra um vento cortante, em teu redor entoam cânticos alguns fadistas debutantes. Com a samarra despida, o fogueiro atiça o madeiro, nos idos de dezembro aqueces qualquer romeiro. Ó, madeiro, ó madeirinho já vai longo o serão, para molhar as gargantas secas trás lá o vinho do garrafão. Nas palhinhas deitado dorme o ungido do senhor, quando nos aqueces ó madeirinho, os velhos recuperam o calor. Uma tradição secular dispensa a inovação, mas este ano ó madeirinho tem paciência e contenta-te, passas só na televisão. 16 I Amar


Créditos: Luís Filipe Martins Cruchinho

Ainda segundo António Cabanas no seu livro Eh Madeiro! Símbolos e Tradições de Natal, o madeiro é “Uma tradição comum a grande parte do país, principalmente nas zonas norte e centro, com uma outra variante, o madeiro assume em Penamacor foros de monumentalidade, e dele se orgulha a população, que assiste ao seu arranque e empilhamento. Os mais velhos ao desfilar da procissão dos inúmeros reboques carregados com o madeiro, comentam sempre a quantidade de madeira arrancada, com uma frase lapidar: - Se fosse como no meu tempo a pá e picareta, não traziam tanto. Era preciso “roubar” muitos carros de bois e juntas de bois para fazer o transporte do nosso madeiro.” Esta tradição esteve sempre ligada a transgressão consentida, a palavra roubar adquiria um significado diferente, já que o madeiro roubado se destinava a servir o bem comum duma comunidade. Na atualidade, o “roubo” da lenha aos proprietários foi substituído pela abate das árvores doentes das suas propriedades e na plantação de novas plantas, com a finalidade de tornar sustentável esta tradição a longo prazo. Este ano em virtude da pandemia a tradição será interrompida, mas voltará com ainda mais força em 2021. Até lá resta-nos encontrar alternativas ao madeiro. O escritor Miguel Torga no seu livro Novos Contos da Montanha deixa uma sugestão no conto de Natal. Passo a citar, “Todo o calor possível seria o do forno do povo, permanentemente escancarado à pobreza. Em todo caso sempre era passar a noite santa debaixo de telhas conhecidas, modorra dum borralho de estevas e giestas familiares, a respirar o perfume a pão fresco da última cozedura… Essa regalia ao menos dava-a Lourosa aos desamparados.” Volto a olhar para a fotografia da malta de 68 com uma certa nostalgia, coloco mais um cepo de azinho na lareira.

Fontes: - In Cabanas, António, Eh! Madeiro!: símbolos e tradições de Natal /; prefácio de Fernando Paulouro; ed. Luís Gomes; edição de texto Joaquim Nabais. - Lisboa: Artemágica, 2008. - In Torga, Miguel, Novos Contos da Montanha, 14ª edição – Coimbra, 1986. - Inclui um poema inédito de Carlos Cruchinho.

Carlos Cruchinho

Licenciado no ensino da História e Ciências Sociais

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Natal (seguro)

no Ontário...

O

s mercados de Natal são muitos populares no Ontário e os eventos são comemorados de uma forma mágica. Este ano o a Passagem de Ano em Toronto foi cancelada... mas o Natal não!!! As luzes e a árvore de Natal estão expostas para quem quiser visitar o Distillery District. Aliás, vários lugares que têm eventos interior de Natal, tiveram que se adaptar para poderem promover o Natal na cidade.

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CrĂŠditos: Direitos Reservados

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Segue uma lista de eventos onde, mesmo durante o pico da pandemia, pode desfrutar de uns dias de muita diversão e harmonia familiar seguindo todas as regras de segurança:

Santa Claus Parade

Evento já foi transmitido na TV no dia 5 de dezembro pelas 19h. Não houve público ou multidões como nos outros anos, mas pode ser revisto na televisão por cabo;

Holiday Magic Market no Old Mill Inn

O primeiro mercado de Natal do Hotel Old Mill, que conta com empreendedores locais que vendem produtos e comida nos jardins do hotel;

Holiday Light Tour na Casa Loma

Visita guiada por um caminho iluminado entre os jardins e túneis da Casa Loma que pode percorrer a pé;

Winter Wonders no Royal Botanical Gardens

Trilho iluminado de 1.5km pelos jardins do maior jardim botânico do Canadá;

Winter Festival of Lights em Niagara Falls

Percurso de 8km de carro onde pode apreciar a decoração luminosa de Natal nos jardins próximos das cataratas;

Gift of Lights em Waterloo

Drive-thru familiar de uma exibição de luzes alusivas ao Natal com dois túneis e com mais de 300 exposições de luz animadas e estáticas. Aprecie este espetáculo de dentro do conforto do seu veículo e sintonize o Gift of Lights Radio em 103.3FM;

Journey into Enchantment em Markham

Outro drive-thru familiar de uma exibição de luzes alusivas ao Natal, mas desta vez em Markham;

Polar Drive no Pearson Airport

Este drive-thru multi-level é semelhante ao de Waterloo e Markam, porém está disperso ao longo de 6 andares;

Enchant em Blue Mountains

Um caminho iluminado pela vila da estação de ski, considerada a mais linda de Ontário;

Bluffs Winter Wonderland em Scarborough

Outro drive-thru familiar de uma exibição de luzes alusivas ao Natal, mas agora na região leste de Toronto, nos bluffs;

Magical Christmas Forest em Woodbridge

Vá até Kortright Centre for Conservation e assista com a sua família às exposições de luzes, experimentar trabalhos manuais e atividades e desfrutar das delícias da época natalícia;

Enchanted Christmas Village no Black Creek Pioneer Village

Visita guiada pela vila de Black Creek que estará toda iluminada e decorada de Natal. O ano de 2020 não está a ser fácil para ninguém, mas com certeza visitar um destes eventos poderá fazer a diferença na sua vida, nem que seja por umas horas... mas nunca se descuide e faça do uso da máscara, lavar as mãos, distância física e social as suas maiores armas no combate contra a transmissão da Covid-19.

Artur F. Guedes 20 I Amar


74 Advance Road Toronto | 416.763.2664 | vianaroofing.com Amar I 21


Um Natal diferente... C

hristmas is my favourite holiday.

It is my favourite holiday because we have a big family gathering where we open gifts and spend time together. This year, it will be different because of quarantine. People think that since COVID-19 is spreading, Christmas will not be the same because there won’t be big gatherings and parties. Sadly, many people lost their loved ones during the pandemic. I am thankful that I will spend Christmas with my parents and my little sister. I feel sad for those people who spend Christmas alone. But, Christmas brings happiness and joy. I hope that the New Year will be better for everyone. Victoria Ferreira

Fotografia: Direitos Reservados

C

hristmas this year will be different, I will not say it will be sad because when I think of Christmas, I think of how it makes me smile and how much joy it brings. It is my favorite time of year. I love how we always get together with family, but unfortunately this year we cannot get together with everyone as per government decision, I will still be with family, but it will not be the same. But I am super thankful for all that I have, for being healthy and for all the love I have from my family. I want to wish a Merry Christmas to everyone!

Fotografia: Direitos Reservados 22 I Amar

With Love, Jason Dias


ou talvez não! N

atal é uma data comemorativa que simboliza o nascimento de Jesus Cristo. Esta celebração acontece há mais de 2020 anos no dia 25 de dezembro.

Este ano o Natal, infelizmente, vai ser diferente do ano passado. O natal é a altura do ano em que a família se reune. No natal a minha família junta-se toda no jantar do dia 24 até à meia noite, a essa hora à troca de presentes e no dia 25 voltam-se a reunir todos no almoço e no jantar. São dias muito felizes porque estamos juntos, brincamos, jogamos e vemos televisão. Este ano, não vamos poder sair de casa, não vamos poder estar juntos, não vamos poder trocar abraços e nem beijinhos... podemos estar em chamada com câmara a vermos-nos , mas cada um na sua casa. Eu gostava muito de podermos passar juntos o Natal e que esta pandemia fosse embora e não voltasse. Beatriz Monteiro e Ferreira

Fotografia: Direitos Reservados

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ara mim o Natal é um dia em que a família se reúne e janta em conjunto e à meia noite do mesmo dia trocam-se os presentes. Mas este ano é diferente, não poderemos passar o Natal como nos outros anos, ir a casa dos nossos familiares, dar abraços e nem beijos, pois estamos a passar por uma época de pandemia em que nos temos de proteger a nós e aos outros e daí passarmos o Natal separados.

Cada um passa o Natal em sua casa, mas não podemos perder o espírito natalício, porque mesmo longe podemos ver-nos uns aos outros através de outros meios como a internet, e temos que ter esperança que esta época difícil acabe e no ano de 2021 possamos passar novamente o Natal como nos outros anos. Na minha opinião este será o Natal de 2020. Desejo um bom Natal e um feliz ano novo. Guilherme Monteiro e Ferreira

Fotografia: Direitos Reservados Amar I 23


Regras para um Natal virtual

livre de stress 24 I Amar


S

abemos que esta ceia de Natal não poderá ser igual à dos últimos anos, onde a família se junta toda sem medos para jantar e ver os mais novos a abrir as prendas de Natal. Por momentos pensámos que o Natal poderia ser salvo, mas vendo a evolução atual da pandemia da Covid-19 sabemos que os cuidados vão continuar a ser redobrados. Mas há que arranjar soluções! Fazer um Natal virtual surge como a primeira grande opção para todos nós! Não é o ideal, claro que não, mas sabemos que ao menos é seguro e não colocam os demais em risco! Mas saiba que planear um evento desta natureza também tem os seus momentos stressantes. É uma chatice não conseguir provar os pratos deliciosos da avó ou ouvir as perguntas incessantes dos tios. Mas, na verdade, existem outras formas de nos conectarmos e sentirmos mais perto uns dos outros. Tal como pode fazer a própria ceia em videochamada, também pode preparar o peru enquanto a sua mãe ou avó lhe explica virtualmente todos os passos a dar. Mas existem algumas regras de logística que devem ser pensadas antes desta reunião. Afinal de contas, não quer estar a jantar e ver dezenas de quadrados na ecrã do telemóvel ou monitor do tablet e todos a falar ao mesmo tempo!

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Fotografia: Direitos Reservados 26 I Amar


Evite conversas pandémicas Sabemos que existem certos tópicos de conversa que são meio caminho andado para discussões acesas. E se presencialmente já é complicado acalmar os ânimos, imagine-se virtualmente. Portanto, existem alguns tópicos, como política e futebol, que devem ser evitadas caso se saiba que vão ser motivo de gritos e discórdia. Evitar falar da pandemia e das suas consequências a todos os níveis também é melhor. Se tiver alguém na família a passar por um momento mais complicado, como ansiedade ou depressão, opte por ter essa conversa quando estão só os dois. Já num jantar em família virtual, opte por temas mais leves e menos problemáticos, em que as opiniões sejam mais unânimes.

Tenha uma agenda Uma das melhores maneiras de fazer com que as coisas funcionem calmamente é ter uma agenda onde se pense em tempo para comer, conviver ou ter algum tipo de compromisso, como horário de abertura de presentes. Se tem algum tipo de tradição familiar que possa ser colocada numa reunião virtual, então coloque essa mesma tradição (como jogo do bingo, teatro dos mais novos…) na sua agenda. Ter um plano ajuda a que as pessoas não se atropelem na hora de falar.

Mantenha o evento curto

grandes períodos de reunião seguidos: por exemplo, programe um brinde ao final do dia; o jantar juntos; a abertura de prendas… veja na tal agenda o que é que deve mesmo ser feito com todos juntos (ainda que à distância).

Uso o botão de silenciar com cautela Todas as pessoas que fazem chamadas por Zoom ou idênticos sabem que o botão de silenciar é o nosso grande amigo. Especialmente para evitar conversas cruzadas e ruídos desnecessários. Saiba quando o deve desligar e, por exemplo, mande mensagem privada a alguém cujo barulho de fundo estava a incomodar. Usar a prática de que cada um fala à vez é fundamental para que a conversa seja mais fluida e não tão problemática.

Peça que todos partilhem algo pelo qual estão gratos Este ano, mais do que nunca, tire um tempinho para que, à vez, todos os membros da família agradeçam por algo. Especialmente num ano cheio de medos e incertezas, é importante que cada um de nós se foque no que de bom, ou menos mau, nos aconteceu, agradecendo por isso. Seja pelo filho que conseguiu terminar o curso, por não se ter ficado sem emprego, por ter quem ajude nos momentos mais difíceis… pense em algo que lhe faz bem, mesmo por entre todo o mal.

Dificilmente fará uma reunião virtual que dure seis horas, certo? Assim sendo, programe bem o que vai fazer, evitando

Joana Cabrita

Delas

Happy Holidays! On behalf of the LiUNA Local 183 Training Centre we wish the Members of LiUNA Local 183 and their families a safe and joyous Holiday Season! Be sure to keep your Health & Safety Training up to date! Some of our programs include: * Construction Craft Worker Apprenticeship * Sewer and Water Main * Asphalt * Welding * Tile Setting * Residential Trim Installation

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Styling Não faça cerimónia,

está em sua casa!

A Maria João Rafael Consultora de Imagem

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liada à imagem pessoal, a nossa casa define quem somos. Vai muito para além do nosso poder de compra; tem a haver com a personalidade; o caminho palmilhado por cada um; as dificuldades e as vitórias conquistadas; as nossas origens; os sítios por onde andámos; as memórias que carregamos dos lugares felizes e das pessoas que passaram pelas nossas vidas. O Natal é o somatório de tudo isso; e na mesa de Natal é onde exibimos e partilhamos o melhor que temos, com a família e os amigos. Embora este Natal seja atípico, devido à pandemia, e a grande maioria das famílias, terá de o celebrar nas suas casas entre o seu pequeno agregado familiar, não é razão para deixarmos de celebrar o Natal.


As opiniões dividem-se. Se há quem se sinta desmoralizado por ter de passar o Natal sem os filhos e os netos; por outro lado, há felizmente, quem este ano tenha começado a fazer as decorações mais cedo do que o habitual, motivado com a ideia aconchegante do Natal. É com essa chispa de esperança que vos encorajo a vestir as vossas casas, as vossas mesas tão portuguesas, e a vós mesmos; porque as coisas bonitas e as memórias felizes, fazem-nos bem. Cada um de nós merece estar no seu melhor para receber o Natal; a sós ou acompanhado, para festejarmos as graças recebidas, ou simplesmente, fazer votos de confiança em melhores dias que hão-de vir. Por essa razão, com ou sem cerimónia, não deixe de festejar! Aqui ficam algumas sugestões para engalanar a mesa das Festas; umas mais simples e elegantes com coisas que já poderá ter em casa; outras mais creativas e coloridas. Alguns dos serviços aqui apresentados, são orgulho nacional. Vista as mesas, e complemente o ambiente de beleza, com a “toilet” adequada para a ocasião; seja ela formal ou apenas a mais comfortável possível. Para que não lhe faltem ideias, aqui encontrará variadissímas opções.

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Verdura

O verde é a cor tendência para as Festas de 2020. Opte por uma mesa tipicamente portuguesa, como o serviço “Woods”, da caldense Bordallo Pinheiro. Dos bosques, traga a natureza para o centro da mesa. Os fetos, o musgo e os frutos da época como as uvas e as romãs, dão tom ao Natal.

Inspirado nas nervuras e texturas dos fetos, o requinte das rendas nos mesmos tons, compõem o “look” perfeito para a noite mais especial do ano.

Vestido Philosopy Di Lorenzo Serafini: Farfetch $695 Sapatos: Current Boutique $79 Brincos Dolce Gabbana: Italist $462 30 I Amar


Top: Women & Plus $40 Saia Comme Des Garçons: $818, Farfetch Brincos: Neiman Marcus $10 Pulseira rosa ISHARY: Yoox $140 Pulseira verde Marc Jacobs: Yoox $87 Sapatos Zitah 5: Blufly $38

Ainda no universo verde, a Vista Alegre vestiu a mesa com o serviço “Emerald”, que é intemporal.

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Preto no Branco Um serviço branco total nunca desilude. Se gostar da ideia do jogo cromático entre o preto e o branco, e não tiver oportunidade de adquirir este “Sol e Sombra” que Christian Lacroix criou para a Vista Alegre, sempre pode misturar pratos lisos brancos, pretos e dourados. A base deverá ser sempre o branco e o preto; as flores, frescas ou artificiais, darão o toque de festa à mesa. A verdura atenua a ideia dramática do branco e preto, sem o ofuscar.

Calças Anna Sui: Net-a-Porter $284 Sapatos White Minky Mule: Zulily $13 Casaco: H&M $40 Colar Amrita Singh: Blufly $32

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Azul Noite

O azul e branco traz-nos à memória as ruas das nossas cidades; as igrejas das nossas terras; os palacetes e mosteiros portugueses. O azul e branco é a cor escolhida por muitos para ter à mesa, numa casa portuguesa. Este serviço da Bordallo Pinheiro “Rua Nova”, existe numa interessante gama de cores. O azul, sendo muito tradicional, pode ser intercalado com o branco. Os copos, produzidos na Marinha Grande; são da Crisal. Uma grinalda de gipsófilas e feto, no centro, fazem desta mesa uma escolha segura, fácil e elegante.

Aqui está um exemplo de tradição de azul e branco, com um toque de criatividade, estando o centro de mesa sobre uma manta de tartan vermelha.

Top En Route: Farfetch $69,20 Calças: Zulily $27 Pregadeira Chanel: Vestiari Collective $652 Sapatos: Zulily $109 Casaco: Maliparmi $184

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Nacarado “Christmas in Your Heart” com a assinatura da Versace, para a Rosenthal, é a exuberância dos serviços de mesa! Os tons pálidos, como o rosa, aliados ao dourado ou ao branco, trazem suavidade às mesas de Natal. Em vez de usar um serviço completo, misture pratos e copos diferentes, dentro das mesmas tonalidades nacaradas. O fator surpresa é o condição para o sucesso!

Calças GuccI: Runway Catalog $780, Camisola: Intermix $595 Brincos Irene Neuwirth: Ylang 23 $1.165 Pregadeira vintage: One Kings Lane $75 Sapatos Dolce Gabbana: Ssense $620

Camisola 81 Hours Carnebi: MayTheresa $224 calças Alexis: Farfetch $775 Sapatos: Zulily $130 Brincos Kate Spade: Zappos $78 34 I Amar


Frutos Silvestres

Finalmente, os vermelhos e rosas intensos. O vermelho será a cor eterna do Natal. Pode optar por criar leveza usando muito branco e dourado, com pratos de linhas modernas; ou pode recorrer aos tradicionais padrões “tartan”, e recriar o Natal clássico, como a imagem abaixo, com o servi;o “Pearl Rubi”, da marca portuguesa, Costa Nova. Saia Mugler: Net-a-Porter $293 Camisola Burberry: MyTheresa $778 Sapatos: Zulily $45 Brincos Moschino: Vestiari Collective $112

Casaco Theory “Clairene”: Net-a-Porter $695 Calças: Zulily $23 T-shirt P.A.R.O.S.H.: Farfetch $307 Botas Shatara: Nordstrom $25 Brincos: Mango $26

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Os tons das bagas que se encontram na natureza canadiana são a inspiração para a mesa que se segue.

Se é uma pessoa que aposta no conforto acima de tudo; sem ter de receber o Natal em pijama, este conjunto é para si. Quente, cómodo, divertido, e sobretudo, apresentável para as reuniões familiares de Zoom. Camisola Carter´s: Kohl´s $9 Leggings: Zulily $30 Gorro: Zulily $9 Sapatos Gatsby: Blufly $191

E por último, as cores da loja mais antiga da América do Norte, a Hudson´s Bay Company; carinhosamente tratada por Bay; a vestir a nação há 350 anos! Uma merecidíssima homenagem a esta grande companhia, que infelizmente, tem morte anunciada para fevereiro do próximo ano. De momento, resta-nos aproveitar a ideia simples e colorida da marca das “Stripes”, acreditando que as mudanças deste ano “horribilis”, nos tragam de alguma forma; para além das lições difíceis, muita esperança no futuro. Um brinde a si em especial, leitor. Votos de um novo ano feliz para todos!

As riscas que não desiludem!

Calças Luisa Cerano: Farfetch $219 Gorro: Hudson´s Bay Stripes $35 Luvas: Hudson´s Bay Stripes $35 Cobre-orelhas: Hudson´s Bay Stripes $25 Casaco: Hudson´s Bay Stripes $400 botins: Hudson´s Bay Stripes $195 36 I Amar


Joe & Andrew Amorim Toronto 590 Keele Street (Keele & St. Clair) 416.760.7893

Vaughan 3737 Rutherford Road (Rutherford & Weston) 905.264.4017

ÂŽRegistered Trademark of Recipe Unlimited Corporation

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A comida causa ansiedade durante o Natal?

Saiba como acabar com isso de vez. A

abundância do natal pode trazer ansiedade e stress. Para conseguir ter uma época festiva saudável, praticar ouvir o seu apetite e respeitar a sua fome e saciedade podem ajudar a aliviar a tensão e finalmente começar a encontrar a paz em relação à comida.

Como conseguir ser saudável durante o Natal? Já sabemos que tentar fazer dieta durante o Natal não é boa ideia. Fazer dieta antes do Natal muito provavelmente faz com que nos digamos que merecemos a comida natalícia, resultando em comermos mais do que realmente precisamos. Isto leva a desconforto físico, dores no estômago, inchaço e sentimentos de culpa, muita culpa! Planear uma dieta para depois do Natal pode criar 2 cenários: Ou se come demais propositalmente porque depois é que vai começar a dieta a sério Ou comemos mas ficamos a debater cada garfada, porque sentimos culpa e sofremos por antecipação à futura dieta: quanto mais como, maior será a dieta. De qualquer das formas, nenhuma traz verdadeira paz alimentar e emocional, essencial para uma verdadeira vida saudável. Por isso, regras, restrição, dietas não nos ajudam a sair do ciclo. O caminho tem de ser outro. Aqui estão A dicas para normalizar a alimentação no Natal e focar no que realmente importa: a família.

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Fotografia: Direitos Reservados Amar I 39


Fazer dieta em janeiro está fora de questão Como referi acima, a ideia que de é a última oportunidade para se comer antes da nova dieta pode levar a exageros no Natal. A privação mental, ou seja, o diálogo interno de que vamos entrar em dieta, coloca imediatamente o corpo em stress e em maior alerta e preocupação perante a comida. Mesmo que estejamos cercados de comida e com fácil acesso a ela, a mentalidade de privação fomenta o desejo de comer como se não houvesse amanhã que faz com que o seu comportamento seja exagerado quando se permites comer, acabando por comer para lá da sua saciedade ao ponto de se sentir indisposta.

Reconecte-se com o seu corpo O período festivo pode ser stressante e motivo de ansiedade. Estas emoções podem deturpar os sinais que o nosso corpo naturalmente manda. Tente trazer um pouco mais de atenção para os sinais biológicos de fome, saciedade e satisfação e, de um modo geral, tente reconectar-te com o seu corpo para compreender como se está a sentir. Antes de comer, reserve alguns minutos para compreender como está verdadeiramente a sua fome. Sente muita, pouca, neutra? O que lhe apetece comer? O que tem bom aspeto em cima da mesa? Dê-se permissão para comer, tal como referi acima, tendo em atenção como o seu corpo se sente quando come. Está a saber tão bem como esperaria? Quer mais? Faça um check-in interno para perceber como está a sua saciedade. É normal inicialmente compreender que já satisfeita e que não precisa de mais mas, querer continuar a comer. Se isto acontecer, não se julgue. A privação mental do ‘eu vou-me dar permissão para comer mas, no fundo acredito que não o deveria fazer’ faz com que seja mais difícil respeitar os sinais do corpo. Da mesma forma que se for um alimento ao qual se privou durante muito tempo é normal nos primeiros tempos o querer comer para lá da sua saciedade. Por isso, não se julgue nem pense que é perdido por 100, perdido por 1000. É preciso tempo e clareza nesta jornada de verdadeira liberdade alimentar.

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Crie limites para assegurar o seu bem-estar Estar perto de amigos e familiares durante celebrações significa não só expor-se à comida como às conversas e comentários sobre alimentação, dietas e imagem corporal. Aprender a lidar com esses comentários – desde sobre as suas escolhas alimentares, ‘forçarem’ comer mais comida ou falarem sobre o seu peso – vai ajudá-lo a travar a ansiedade nesse dia. Ao estabelecer esses limites para com quem o rodeia vai conseguir proteger-se de pensamentos negativos e da espiral destruidora que leva a exageros. Compreendo que seja desconfortável expressar que certas observações não são bem-vindas ou que não concorda com certos comentários. Podes simplesmente mudar o assunto para algo como ‘acho que és fantástica exatamente como estás e adoraria que me contasses sobre (tópico que agrada ambos)’, mudando assim o foco da conversa. Se se sentir mais confortável com a pessoa em questão pode mesmo referir ‘estou a tentar afastar-me de conversas sobre dietas\emagrecimento\peso, porque destruíram a minha relação com a comida e estou a tentar cuidar do meu corpo de forma gentil.’ Caso o seu músculo emocional ainda não estiver forte o suficiente para verbalizar estes seus limites, pode simplesmente retirar-se da conversa ou mesmo da divisão. Pode ir apanhar um arzinho fresco, ligar a alguém que sabe o que está a passar e partilhar ou simplesmente se afastar de algo que sabe que o vai agredir. É possível conseguir acabar de vez com ansiedade alimentar, e restrições ou dietas apenas vão mascarar a raiz do problema. Essa liberdade consegue-se com uma alimentação intuitiva e uma nova relação para com a comida e para consigo mesmo.

Joanne Amaral

Fotografia: Direitos Reservados

Coach de Saúde e Alimentação Intuitiva e Personal Trainer para mulheres

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York: a antiga Toronto

CrÊditos Š Manuela Marujo 44 I Amar


S

empre que caminho na zona antiga de Toronto - “Old Toronto”, como indicam as múltiplas placas-, não posso deixar de pensar em como é recente a história da cidade. Foi apenas em 1805 que John Graves Simcoe, o primeiro governador britânico da região denominada Upper Canada, ratificou o tratado de compra da área aos povos autóctones Anisshiaane, dando o nome de York à pequena cidade que se iria desenvolver junto ao Lago Ontário. Para evitar confundir-se com “New York”, nos EUA, o nome mudou em 1834 para Toronto, palavra de origem Mohawk que significa “onde há árvores dentro de água”. Para tantos de nós, canadianos oriundos de países e localidades com histórias milenares, deveria ser motivador e fácil aprender a história do país que nos acolheu. A Província do Ontário, de que Toronto é a capital, por exemplo, foi assim denominada quando se formou a Confederação, em 1867. A história desta cidade reduz-se a duzentos anos, isto é, duas gerações – o tempo em que viveram nossos bisavós. Vivo muito perto da Front Street onde a cidade começou e, das minhas janelas, vejo claramente a fachada do St. Lawrence Market. A Front Street construída em 1796, é uma das ruas originais da cidade de York. Foi desenhada ao longo da costa do Lago Ontário, tal como existia naquela época. Depois de tanto aterro e construção nos terrenos retirados ao lago, quem vai associar o nome à sua origem primitiva se não souber um pouco de história? Quando visitei Toronto pela primeira vez, tive a sorte de ser levada ao St. Lawrence Market e, desde essa altura, o Mercado tornou-se num dos meus lugares favoritos da cidade. O edifício atual, datado de 1904, foi contruído no local onde se localizava a primeira Câmara Municipal de Toronto, em 1844. A galeria do segundo andar do Mercado exibe uma exposição permanente de fotografias da história da cidade, e uma parede dessa época foi preservada e integrada no edifício. Do lado oposto da rua, está a ser reconstruída uma extensão do mercado, no local conhecido como Market Square, onde se sabe que, desde 1803, se aglomeravam vendedores e habitantes da antiga York para ali fazer comércio de mercadorias.

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Da porta principal do St. Lawrence, avista-se o edifício “Flatiron”, com aspeto triangular, nome que lhe foi dado pela semelhança com o arranha-céus de Nova Iorque, talvez o prédio mais fotografado da cidade de Toronto, datado de 1892. O prédio de tijolos e pedra foi mandado construir pelo presidente da famosa destilaria de uísque, Gooderman and Worts, em estilo neo-gótico, e é da autoria do arquiteto David Roberts. A traseira do “Flatiron”, com um painel pintado por Dereck Besant, integra-se no atraente parque Berzy, com espaço para mesas e cadeiras, um fontanário, relvado e canteiros de flores, refúgio do bulício da Front Street e Wellington.

Painel pintado por Dereck Besant na traseira do Flatiron Créditos © Manuela Marujo 46 I Amar


Fachadas do Flatiron CrÊditos Š Manuela Marujo Amar I 47


Créditos © Manuela Marujo

Créditos © Manuela Marujo 48 I Amar

La Salle Institute Building, de 1871 Créditos © Manuela Marujo


Berczy Park Créditos © Manuela Marujo

Ao lado do meu prédio na antiga George Street, ao atravessar a rua, avisto na Adelaide Street o “Primeiro edifício dos Correios” de 1833, colado a um outro, uma antiga escola católica para rapazes - La Salle Institute Building, de 1871. Caminho uns minutos e deparo-me com o aprazível St. James Park onde se erigiu, em 1853, a primeira catedral anglicana, datando a paróquia de 1796, a mais antiga da cidade. Do lado oposto da rua, situa-se o emblemático St. Lawrence Hall inaugurado em 1850, em elegante estilo renascentista italiano, o primeiro grande salão para atividades públicas com lugar para mil pessoas sentadas, e que durante muitos anos foi o centro de entretenimento da elite com bailes, concertos, ópera, ballet, receções e reuniões políticas relevantes. Na cidade moderna e de arquitetura arrojada como é a cidade de Toronto, um olhar para os antigos edifícios nesta área conhecida como “Old Toronto” permite-me refletir sobre o desenvolvimento, a estética, e os valores da sociedade em que me integro. Creio firmemente que o respeito pela herança cultural daqueles que nos precederam é um sinal de civismo, de educação e de cultura.

Manuela Marujo

Mercado, Lawrence Hall Créditos © Manuela Marujo

Professora Emérita da Universidade de Toronto

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ACCOUNTABILITY


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N ó s e a Le i O contrato de arrendamento urbano

em Portugal O

contrato de arrendamento urbano no direito português encontra-se previsto no Código Civil e em outros diplomas legais tais como o novo Regime Jurídico do Arrendamento Urbano (Lei n.º6/2006, de 27 de fevereiro e suas sucessivas alterações), Regime Jurídico das obras em Prédios Urbanos ( Decreto-Lei n.º157/2006. De 08 de agosto e suas alterações), entre outros.

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Em Portugal, o direito do arrendamento é um direito que está sempre a sofrer alterações, sendo por isso um pouco instável, devendo-se sempre consultar a lei quando se formula um contrato de arrendamento. Conforme consagra expressamente o artigo 1069.º do Código Civil o contrato de arrendamento é um contrato formal, tendo se ser celebrado por escrito e não oralmente. A forma escrita foi uma das alterações mais importantes que a reforma da Lei n.º31/2012 nos trouxe. Já em 2006 era necessária forma escrita nos contratos com um prazo superior a seis meses, no entanto, os de duração inferior a seis meses se fossem celebrados apenas verbalmente eram válidos. O contrato de arrendamento tem de se formulado com elementos essenciais tais como a identificação das partes, o domicílio ou sede do senhorio, a identificação e localização do arrendado, o fim do contrato, a existência da licença de utilização do imóvel arrendado, o valor da renda e a data de celebração. Na celebração do contrato de arrendamento as partes devem fazê-lo em triplicado, isto é, deve ser impresso em três documentos iguais, sendo uma para o senhorio, outro para o arrendatário e outro deve ser entregue no Serviço das Finanças, uma vez que este tipo de contrato está sujeito a Imposto Selo. A comunicação ao Serviço das Finanças deve ser feito até dia 20 do mês seguinte ao do início do arrendamento conforme menciona o artigo 60.º do CIS. O valor do Imposto Selo é de 10% sobre o valor da renda ou do aumento estipulado para a sua duração. A falta ou o atraso da comunicação deste tipo de contrato no Serviço das Finanças resulta no pagamento de uma coima, incorrendo o senhorio em responsabilidade contra ordenacional. Além do registo nas Finanças e pagamento do devido imposto, certos contratos devem ser igualmente registados na Conservatória do Registo Predial, como é o caso dos contratos com duração de mais de 6 anos, como consagrado no artigo 2.º n.º1 m) do Código de Registo Predial. É essencial respeitar as normas jurídicas na celebração do contrato de arrendamento tanto na sua formalidade (celebração por escrito) e pagamento do respectivo selo, para em caso de incumprimento se puder accionar os mecanismos legais, como é o caso do procedimento especial de despejo, que é um meio processual, que se tramita electronicamente, e corre termos no Balcão Nacional de Arrendamento, usualmente conhecido por BNA. Importa também salientar os principais incentivos fiscais para os senhorios de longa duração, uma das medidas visa incentivar os arrendamentos de longa duração através da redução da taxa de IRS, que está nos 28%. Os senhorios passam agora a ver reduzida a taxa de IRS nos seguintes termos: Contratos de 2 a 5 anos: redução de 2%, ficando a taxa de IRS em 26%. Sempre que existe uma renovação, a taxa reduz mais 2%, tendo o limite máximo de 14% de redução. De 5 a 10 anos: A celebração de um contrato desta duração reduz imediatamente a taxa de IRS para 23%, e existe também a redução progressiva a cada renovação, até aos 14% de redução. Entre 10 e 20 anos: Os senhorios ficam a beneficiar de uma redução de 50%, ficando a taxa de IRS em 14%. Contratos superiores a 20 anos: Os senhorios que celebrem estes contratos terão uma redução de 18%, e ficam com uma taxa de IRS de 10%. Os senhorios que coloquem a sua habitação neste programa de Arrendamento acessível passam a ter isenção total de impostos sobre os rendimentos prediais, aplicando-se no IRS e no IRC. Para isso, os senhorios devem ter o arrendamento do imóvel registado no Portal das Finanças. Havendo ainda a possibilidade de arrendamento de casas com casas com crédito habitação, sem prejuízo das condições contratadas. Desde da entrada em vigor das alterações da nova lei do Arrendamento, os bancos já não podem penalizar os clientes que arrendaram a habitação que está a ser paga através do crédito habitação. Por fim, também foi publicada a Lei n.º 45/2020, de 20 de agosto que alterou a Lei n.º 4-C/2020, de 6 de abril, que veio consagrar o regime excecional para as situações de mora no pagamento da renda devida nos termos de contratos de arrendamento urbano habitacional e não habitacional (e contratos análogos), no âmbito da pandemia COVID-19. Esta lei prevê alterações ao nível dos prazos e períodos de regularização das rendas diferidas no âmbito de contratos de arrendamento não habitacional (e consequentemente, dos contratos a estes análogos, isto é, contratos de exploração onerosa de imóveis).

• Rendas elegíveis para diferimento O arrendatário não habitacional que preencha as condições previstas no art.º 7º da Lei n.º 4-C/2020, de 6 de abril (estabelecimentos encerrados ou com atividade suspensa), na redação conferida pela Lei nº 17/2020, de 29 de maio, passa a poder diferir o pagamento das rendas vencidas durante os seguintes períodos: 1. Nos meses em que vigore o estado de emergência e durante o primeiro mês subsequente; 2. Nos meses em que seja determinado o encerramento das suas instalações ou suspensão da respetiva atividade ao abrigo de medida administrativa aprovada no âmbito da pandemia da doença COVID-19; 3. Nos três meses subsequentes ao mês em que ocorra o levantamento da imposição do encerramento das suas instalações ou da suspensão da respetiva atividade. Em qualquer dos casos, a moratória não poderá aplicar-se a rendas que se vençam após 31 de dezembro de 2020. 54 I Amar


• Exercício do direito Para isso, deverá ser comunicada ao senhorio, no prazo de 5 dias antes do vencimento da respetiva renda (com exceção do mês de julho de 2020, cujo prazo para a comunicação é de 20 dias antes do vencimento da renda) que pretendam beneficiar da moratória.

• Regularização das rendas em dívida O período de regularização da dívida tem início a 1 de janeiro de 2021 e prolonga-se até 31 de dezembro de 2022, sendo o pagamento efetuado em 24 prestações sucessivas, juntamente com a renda do mês em causa. Em alternativa ao plano de regularização previsto, permite agora expressamente ao arrendatário o envio de uma proposta de acordo de pagamento das rendas vencidas e vincendas, diferente do plano de regularização legalmente consagrado, a qual deverá ser dirigida ao senhorio, mediante carta registada com aviso de receção, o qual poderá aceitar, rejeitar ou apresentar contraproposta.

• Acordos mais favoráveis ao Arrendatário Com esta nova lei, o legislador veio regular as situações em que arrendatário e senhorio, celebraram acordos de perdão de dívida ou de diferimento de rendas, ressalvando a manutenção dos acordos celebrados antes da entrada em vigor do referido diploma, desde que mais favoráveis ao arrendatário. Caso tenha sido celebrado um acordo menos favorável ao arrendatário, deverá este comunicar a sua intenção de revogar tal acordo em prejuízo do regime previsto na presente lei, no prazo de 30 dias a contar da entrada em vigor do diploma.

• Tutela do Senhorio

O senhorio poderá solicitar uma linha de crédito com custos reduzidos de forma a suportar a diferença entre o valor da renda mensal devida e o valor resultante da aplicação de uma taxa de esforço máxima de 35% ao seu rendimento mensal.

• Arrendatários de estabelecimentos em centro comercial

Esta nova lei, exclui expressamente a aplicação deste regime da moratória aos estabelecimentos inseridos em centros comerciais que beneficiem do regime excecional de isenção do pagamento da remuneração fixa, previsto no Art.º 168.º-A da Lei n.º 2/2020, na redação dada pela Lei nº 27-A/2020.

• Garantias bancárias

Por fim, o senhorio deixa de poder executar garantias bancárias pelo incumprimento no pagamento de rendas não habitacionais no decurso da situação excecional da pandemia da doença COVID-19. Devido a esta pandemia e com este regime excecional no pagamento de rendas, os proprietários tem preferido renegociar as rendas a perderem os inquilinos, havendo cortes nas rendas que podem chegar aos 30%.

Leila Ferreira Do Couto & Sónia Falcão da Fonseca

Advogadas da Lei Portuguesa artigo oferecido por Luso Services & Consulting Inc.

Festas Felizes

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Os direitos

nĂŁo tĂŞm idade 56 I Amar


N

a operação “Censos Sénior” a GNR sinalizou 42 439 pessoas idosas que vivem sozinhas e/ou isoladas ou em situação de vulnerabilidade, devido à sua condição física, psicológica ou outra que possa colocar em causa a sua segurança.

No distrito de Viseu foram sinalizadas 3 402 pessoas que vivem sós ou isoladas. São muitos os fatores que concorrem para esta realidade, mais acentuada no interior de um país que envelhece rapidamente, desde logo pela inversão da pirâmide demográfica e movimentos migratórios internos e externos. Muitas pessoas idosas estão afastadas das suas famílias que foram forçadas a emigrar em busca de melhores condições de vida para si e para os seus filhos, ficando muito limitados nas possibilidades de apoio aos progenitores. Há situações de solidão e/ou isolamento que decorrem dos percursos de vida familiares que levam ao afastamento dos membros da família. Num Eurobarómetro de 2017, 39% dos inquiridos com 55 ou mais anos assumiu ter-se sentido sozinho(a) na semana anterior ao inquérito. Com a pandemia os efeitos do desapego e da solidão fizeram sentir-se com mais intensidade e não são raros os casos de pessoas idosas dependentes que são literalmente abandonados pelas suas famílias. A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) propõe no relatório, recentemente publicado, Portugal Mais Velho: Por uma sociedade onde os direitos não têm idade, a seguinte definição de abandono: “O abandono passa pelo distanciamento físico e / ou emocional e definitivo que resulta na falta de prestação de cuidados e conduz a pessoa idosa à total carência de redes de apoio familiar ou outras.” São vários os tipos de violência exercidos sobre a pessoa idosa: violência física, violência psicológica, violência sexual, violência económico-financeira, negligência, abandono. O abandono é um tipo de violência complexo que pode ocorrer em vários contextos, nos domicílios e/ou em instituições. Pode dar-se no domicílio da pessoa idosa, quando esta é votada à solidão na sua própria casa, sem capacidade de interagir socialmente com outras pessoas ou de cuidar de si mesma. O abandono pode também ocorrer, por exemplo, nos hospitais onde a pessoa é internada e permanece após a alta médica. Todos os anos dezenas de idosos são abandonados nos hospitais portugueses. A grande maioria são casos sociais, sem retaguarda familiar, e ficam internados, sozinhos, sem critério clínico, à espera de uma resposta. Devido à pandemia, a Segurança Social tem vindo a desenvolver esforços para que os pacientes que já tiveram alta, mas que continuam internados por falta de ajuda externa, sejam retirados dos hospitais e estão a ser colocados em lares ou estruturas da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. Na vizinha Espanha, fortemente atingida pela pandemia, aumenta o número de pessoas que quer deserdar os seus familiares porque se sentem abandonados: “Nem os meus filhos nem os meus netos me ligaram uma única vez para saber como estou ou se preciso de alguma coisa. É como se não existisse. Se não querem saber nada de mim, também não devem disfrutar do meu dinheiro quando morrer.”

Fotografia: Direitos Reservados

No ano passado o Supremo Tribunal de Justiça espanhol confirmou o testamento de uma mulher que deserdou a sua filha por “desentender-se” com ela, a herdeira tinha impedido a mãe de contactar com os netos e negou-se a atender-lhe o telefone. Os magistrados argumentaram que esta conduta gerou na senhora uma “situação de tristeza” suficientemente grave para justificar a sua decisão de legar todo o seu património a outro filho que, este sim, cumpriu com a “obrigação legal e moral” de responder às suas necessidades emocionais. Já em 2014 este tribunal tinha negado os direitos sucessórios de dois homens que não cuidaram do pai, gravemente doente. Uma discussão que deve ser feita também em Portugal, acompanhada de uma urgente mudança de paradigma e de cultura enraizados na nossa sociedade, procurando a inclusão das pessoas idosas na família e na sociedade “Por uma sociedade onde os direitos não têm idade”.

José Carreira

Obras Sociais Viseu

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Créditos © Sasha Freemind

Conselhos para enfrentar

novos dias de isolamento

O

s números não param de subir e as preocupações voltam a recair sobre a finitude dos recursos de saúde para enfrentar o número de contágios por Covid-19 em estado grave. Numa altura em que as recomendações, em que algumas são polémicas e contestadas tendo em conta a moldura constitucional, certo é que os próximos dias ameaçam ser de recolhimento e de tempos passados mais em casa, como sucedeu em março, abril e maio em Portugal. 58 I Amar

Tempos de isolamento que deixaram marcas e que para muitos foram de novas experiências, mas para outros foram de gestão complexa. Por isso, na promessa de novo confinamento, e nunca descurando a necessidade de pedido de ajuda, caso haja sinais, vários especialistas têm vindo a deixar estratégias para enfrentar um eventual período de recolhimento.


Fazer uma análise do primeiro confinamento É importante olhar para o primeiro período que atravessou desta natureza e elencar o que de mais e menos agradável fez durante aquele compasso de tempo. É importante ressaltar o que há de mais positivo e replicá-lo, evitando o que a deixou mais em baixo. Ao site da revista francesa Madame Figaro, a psiquiatra Anne Giersch lembra que “este é o momento perfeito para fazer um balanço, fazendo uma lista do que funcionou e do que não deu resultado”. Encontrar uma atividade nova, online, uma nova prática física podem ser algumas soluções que podem ajudar.

Usar ferramentas online Reencontrar-se com os amigos no online pode voltar a ser uma possibilidade e, essa, volta a estar disponível. Procurar novos grupos de pessoas que chegam por via de novos interesses em comum pode ser também um caminho possível para enfrentar dias de maior isolamento.

Evitar a sobrecarga emocional É muito importante estar atento ao que se passa à sua volta, mas é ainda mais relevante olhar para os dados e para os contágios com moderação, sob pena de não conseguir pensar em mais nada. À publicação Madame Figaro, o psiquiatra

Jean-Christophe Seznec vinca que “o excesso de informação aumenta o stress, especialmente porque às vezes retransmitimos tudo e seu oposto, o que não é nada tranquilizador”.

Ter bons hábitos Praticar exercício físico, ingerir uma alimentação equilibrada e, com menor exposição solar, admitir a possibilidade de integrar no seu dia, o consumo de vitamina D. Esta é uma das recomendações de Seznec. A estas, é importante ressalvar a necessidade de ter horários para dormir, procurar acordar à mesma hora e começar o dia como se fosse sair. Tal é importante para poder criar um corte com o facto de estar permanentemente em casa. Segundo a terapeuta familiar ao site Seventeen, B. Janet Hibbs, uma boa noite de sono - entre oito a dez horas - irá reduzir os sintomas de ansiedade.

Não esquecer de rir Ainda que o caso não esteja para gargalhadas, há sempre momentos do quotidiano que podem ser olhados de uma outra perspetiva e pode mesmo procurá-los, por exemplo, num filme mais ligeiro. O humor é, por isso, uma ótima ajuda para enfrentar tempos mais sombrios. “Este é o melhor remédio possível para eliminar as emoções negativas”, refere Jean-Christophe Seznec ao referido site.

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Intervenção

na vida profissional 60 I Amar


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a história, com a devida análise, é possível encontrar pessoas que fizeram enorme diferença no seu meio, considerando-se os impactos que resultaram do seu conhecimento. Não fosse por elas, muito provavelmente nos encontraríamos em níveis de menor avanço. Não obstante, cada intervenção foi fruto do esforço e da coragem de correr riscos e ultrapassar os limites normalmente autoimpostos pelo ser humano.

É adequado perguntar o que seria da medicina, por exemplo, sem as inovadoras pesquisas acerca das doenças que sempre espreitam a saúde – a estatística médica comparada entre passado e presente é capaz de comprovar amplamente a evolução decorrente. Como estaríamos hoje se a penicilina não fosse descoberta por Alexander Fleming? Há outras exemplificações interessantes, tal como na área industrial, cuja revolução se deu no século dezoito, impulsionando a produção e modificando a vida pessoal e profissional, alterando radicalmente a face do planeta. Posteriormente, carros produzidos em ritmo acelerado a partir da concepção de Henry Ford, e, na administração, sob a perspectiva científica de Frederick Taylor. Na economia, através do liberalismo de Adam Smith, da intervenção governamental de John Keynes, da ideologia de popularização do livre mercado de Milton Friedman. Dentre outros. Todos influenciaram, demonstrando a importância de se intervir.

Não é simples desenvolver a cultura da intervenção, porém, o programa educacional corporativo deve ter como meta tal propósito, além de difundir, através das lideranças, a formação prática cotidiana, com o uso das oportunidades, da cobrança e da avaliação sistemática. Os profissionais farão muita diferença doravante, se procurarem mais conhecimento e ampliarem a capacidade de intervenção, a qual deverá ser apreciada sobremaneira, além de recompensada, haja vista a organização se beneficiar favoravelmente com a questão. Mas, para dar tal passo, requer-se a intervenção inicial. Sem ela, infelizmente, novas estradas deixam de ser abertas, limitando o destino da jornada – o céu é o limite.

Cumpre, pois, ponderar a respeito da capacidade de intervenção, com a finalidade de compreender a sua importância não apenas nas grandes dimensões, mas, também, nos menores graus do gráfico progressivo. Ou seja, há aqueles que intervêm de modo amplo, cujos resultados impactam na vida de significativo número de pessoas. Todavia, pode surgir um novo personagem interventor, de menor, mas relevante impressão aos demais: você! Quem sabe? É uma decisão íntima e poderá causar uma interessante transformação. Há anos, várias companhias tentam contratar ou desenvolver profissionais com boa capacidade de autonomia e intervenção, reduzindo seus custos e aumentando a produtividade ao mirar na competitividade que permite sobrevivência e crescimento no mercado cada vez mais exigente e impiedoso com o primitivismo comercial e económico adotado por alguns profissionais displicentes. Logo, a intervenção ganha estatura na dinâmica da gestão que se atualiza constantemente, gerando sustentabilidade e ajuste às mudanças mercadológicas e ao movimento expansionista.

Armando Correa de Siqueira Neto

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Eduardo Lourenço:

Uma vida de livros e solidão de afetos E

duardo Lourenço de Faria nasceu em São Pedro do Rio Seco, no concelho de Almeida, distrito da Guarda, em 23 de maio de 1923 (embora conste do assento de nascimento a data de 29 de maio). Era filho de Abílio de Faria, 2.º Sargento de Infantaria, e de Maria de Jesus Lourenço.

O prestigiado intelectual era casado desde 1954 com Annie Salomon, natural da Bretanha, que, tal como ele, deu aulas na Universidade de Nice até se jubilarem, em 1988-1989. Filha de um “lavrador que teria sido tecelão”, conforme Eduardo Lourenço chegou a descrevê-la, a sua mãe, Maria de Jesus, mulher de “profunda religiosidade”, sincera e rural, marcou-o com a sua presença. O pai também teve importância, mas mais pela ausência. Com muitos irmãos e oriundo de Lagares da Beira, filho de um pequeno comerciante, Abílio de Faria viu-se obrigado a alistar-se como voluntário na “tropa”, por não dispor de recursos para ser médico como pretendia. A vocação para vir a ser alguém encantado pelos livros - e até fazedor de alguns bons livros - nasceu em sua casa, durante a infância, em São Pedro do Rio Seco, conforme Eduardo Lourenço recordava, em entrevista à revista “Ler”, em setembro de 2008: “ (...) O meu pai tinha tido uma certa escolaridade. Tinha frequentado uma escola comercial no Porto. Ainda jovem, tinha-se alistado no Exército mas não com a ideia de ficar lá. A ideia dele era ser médico. Portanto, havia uma série de livros que ele deixou lá na aldeia”.

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Eduardo Lourenço recebeu prémio Livraria Lello, em 2019 Créditos © Maria João Gala / Global Imagens 66 I Amar


Os estudos e o cinema Eduardo Lourenço frequentou a Escola Primária em S. Pedro do Rio Seco (1930-1931), tendo partido no ano seguinte com a mãe e os irmãos para a Guarda, onde o pai era alferes de Infantaria. Concluiu o 2.º grau do Ensino Primário, em 1933, em Almeida, sendo aprovado com distinção no exame final. Em 1934, ano em que o pai partiu para África (Moçambique) - onde ficou meia dúzia de anos, longe da família, para a poder sustentar -, Eduardo Lourenço regressou à Guarda, onde frequentou o 1.º ano do Ensino Secundário no Liceu Afonso de Albuquerque. Dos 11 aos 17 anos esteve internado no Colégio Militar, em Lisboa, “como podia ter ido para o seminário”, conforme diria o ensaísta à revista “Visão”, em maio de 2003. Viveu seis anos, interno naquilo que classificava como “um buraco negro” e do qual não gostava de falar. “Um tipo do meu género engaiolado! Não era e não sou de me adaptar a uma disciplina rigorosa. E esta só contribuiu para a minha indisciplina, o meu gosto contestatário. Mas a lembrança mais dolorosa é a de ficar no colégio durante as férias da Páscoa. Em vez dos habituais 400 alunos, restavam uns 20, como que excluídos do estatuto da maioria. Sentia uma espécie de abandono, que me pode ter marcado. Já a maior alegria era ir ao cinema, na Amadora, com os meus tios”, revelou também Eduardo Lourenço à “Visão”. O Colégio Militar era um estabelecimento de elite. Parte dos filhos do escol militar e social frequentava esse colégio. “O Cinema da Amadora foi a minha primeira catedral. Não uma igreja, nem uma anti-igreja, mas uma catedral, onde vivi os mais exaltantes, os mais sublimes, momentos da minha adolescência. Para mim, havia então dois Portugais: um dentro do cinema, outro fora dele. Aquilo era o céu, o moderno sobrena

tural, e ao pé dele qualquer outra forma de religiosidade empalidecia”, dizia Eduardo Lourenço. Concluído o curso, em 1940, fez provas de admissão aos cursos preparatórios destinados a alunos provenientes das escolas militares, e foi admitido pela Faculdade de Ciências (que lhe daria acesso à Escola de Guerra, a que estava destinado). No entanto, no final do primeiro período, vendeu as sebentas e passou o ano inteiro na Biblioteca, a ler Nietzsche e outros filósofos. A marca mais forte que lhe tinha ficado do Colégio Militar, além das boas notas nas redações, havia sido o gosto pela História. Como a maioria dos colegas não se interessava por ela, Eduardo Lourenço atribuía essa paixão à influência de um professor (Sanches da Gama), assim como à “mala de livros” (com “enciclopédias, a ‘História de Portugal’ de Fortunato Almeida, eu sei lá...”) que o pai tinha deixado em São Pedro do Rio Seco. “Como não tinha mais nada para ler, esses livros de História foram a minha ficção. A maior das minhas paixões é a História. A História como a ficção suprema da humanidade”, confessou um dia Eduardo Lourenço ao jornal “Público”. Em 1941, desistiu dos cursos preparatórios para a Escola de Guerra e prestou provas de aptidão com destino à licenciatura em Ciências Históricas e Filosóficas, “por ser o curso para que iam os que não tinham mais nenhum sítio para onde ir, e porque aquilo de que sempre gostei mais foi de História”, revelou também o ensaísta, em entrevista à revista “Visão”.

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Primeiras leituras e solidão de afetos Carreira universitária Falando dos pais à mesma publicação e referindo-se concretamente a Abílio de Faria, Eduardo Lourenço confessou: “Nunca houve entre nós essa relação íntima, secreta, que há entre um pai e um filho”. A propósito disso, José Carlos de Vasconcelos recordava na “Visão”, em 2003, que, “numa pungente página” do “Diário” (inédito) do ensaísta, publicada então no “Jornal de Letras”, Eduardo Lourenço começa por escrever: “Em minha casa, cada qual arrasta a sua ternura familiar numa solidão perfeita”. O jornalista recordava também que, em 1996, conversando com Eduardo Lourenço sobre os seus primeiros escritos (depois de ele ter sido o primeiro ensaísta a ganhar o Prémio Camões), ele fez uma súbita pausa no discurso e comentou: “Só Deus e Freud é que devem saber porque escolhi o nome literário de Eduardo Lourenço. Talvez porque estava impregnado dessa ideia dos Lourenços. Hoje, penso nisso com alguma melancolia. Ou com algum remorso”. No mundo das leituras, “As Pupilas do Senhor Reitor” e “A Morgadinha dos Canaviais” de Júlio Dinis foram o seu primeiro encantamento. A descoberta de Eça de Queirós deu-se mais tarde, quando chegou à Universidade, em Coimbra porque - conforme recordava Eduardo Lourenço à revista “Ler” -, “o ensino literário no Colégio Militar (...) não seria muito famoso. Ficávamo-nos pelos autores que vinham nas seletas. Não se vinha até à modernidade. Lembro-me de que, naquela altura, as antologias se ficavam pelo Guerra Junqueiro (...)”, justificava assim o ensaísta o seu contacto tardio com a obra de Eça de Queirós.

Contacto com escritorese prática do catolicismo Com a idade que tinha, sentia uma grande curiosidade por temas que achava estarem fora do seu alcance e, por isso, lhe pareciam misteriosos. Foi nessa altura que também descobriu a “Revista de Portugal”, que Vitorino Nemésio tinha concebido e dirigia num momento de importante viragem na Literatura Portuguesa. Era uma publicação que Eduardo Lourenço considerava ter sido a sua “iniciação” (o primeiro contacto) com os escritores vivos (“Até aí, eu pensava que os escritores estavam todos mortos...”, dizia o ensaísta com humor). Eduardo Lourenço, que era também assíduo frequentador das tertúlias literárias, convivia com jovens da sua geração (entre os quais se contava Eugénio de Andrade) e pessoas mais velhas (nomeadamente Miguel Torga, com o qual teve uma forte ligação). Torga apreciava tanto Eduardo Lourenço que até lhe oferecia os livros com simpáticas dedicatórias, o que não era hábito do escritor. Aliás, foi Miguel Torga quem levou Eduardo Lourenço a publicar o seu primeiro livro, “Heterodoxia I” (1949), tendo tratado até da sua edição. E foi à obra de Miguel Torga que Eduardo Lourenço dedicou o seu segundo livro “O Desespero Humanista na Obra de Miguel Torga e o das Novas Gerações” (1955). Católico praticante, membro do Centro Académico de Democracia Cristã (CADC) em Coimbra - que o abade de São Pedro do Rio Seco recomendara à sua mãe fosse frequentado por ele -, o jovem estudante começou a aproximar-se dos neo-realistas, mas sempre crítico, independente e heterodoxo. A ligação maior foi com Carlos de Oliveira, seu colega de curso, dois anos mais velho. Conforme o ensaísta dizia, era um colega com uma “formação literária” que ele não tinha e que, mais tarde, ele haveria de ter na conta de “uma espécie de Torga mais requintado e sombrio”. 68 I Amar

Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Universidade de Coimbra, em 1946, defendendo a tese de licenciatura subordinada ao tema “O Sentido da Dialéctica no Idealismo Absoluto” (publicada mais tarde, parcialmente, em “Heterodoxia I”). Concluiu o curso com 18 valores. No ano seguinte, foi convidado para Assistente do Curso de Filosofia da Faculdade de Letras da mesma universidade, atividade que veio a exercer no período de 1950-1953. Entretanto, em 1949, partira para França, a convite do reitor da Faculdade de Letras da Universidade de Bordéus, com uma bolsa de estágio da Fundação Fulbright. Foi leitor nas universidades de Hamburgo (1953), Heidelberg (1954) e Montpellier (1955), foi professor convidado na Universidade da Baía (1958) e, a convite do Governo francês, tornou-se leitor na Universidade de Grenoble entre os anos letivos de 19601961 e 1964-1965. Foi também professor convidado da Universidade Nova de Lisboa em 1973, e foi conselheiro cultural junto da Embaixada Portuguesa em Roma (até ao ano de 1991). “Nunca tive para mim estatuto de ‘professor Eduardo Lourenço’. Fui um professor muito atípico - as pessoas só há pouco tempo é que me tratam assim. Essa é uma das coisas da cultura portuguesa, a complexidade chinesa nos tratamentos. Deixo de escrever cartas porque não sei como é que as hei-de tratar! Às vezes dizem-me ‘professor doutor’. Eu digo: ‘Professor sem ser doutor e doutor sem ser professor’. Mas nunca fui as duas coisas ao mesmo tempo. Eu não vivo nessa categoria de professor (...) Nunca apostei numa forma de carreira, de nenhuma espécie”, declarava Eduardo Lourenço à revista “Pública” em 2003. Em 1948-1949 ocorreram dois factos que viriam a mudar-lhe a vida. A mãe e o pai faleceram, com cerca de seis meses intervalo. “Com 26 anos, fiquei chefe de família”, recordava.

Das tertúlias dos cafés aos prémios e às distinções “Passei a primeira parte da minha vida nos cafés a palear, fornecendo matéria para alguns camaradas e outros ouvintes escreverem o que eu dizia. Se tivesse continuado em Portugal acho que não tinha escrito nada. E se tivesse nascido milionário seria pior do que o Mandarim do Eça (de Queirós)”, comentava Eduardo Lourenço por ocasião das comemorações do seu 80.º aniversário. Ensaísta, professor universitário, filósofo e intelectual português influenciado pela leitura de Husserl, Kierkegaard, Nietzsche, Heidegger e Sartre, bem como pelas obras de Dostoievski, Franz Kafka e Albert Camus, esteve de certo modo ligado ao existencialismo, sobretudo por volta da década de 1950, altura em que colaborou na “Árvore” e se tornou amigo de Vergílio Ferreira. Como leitor e, depois, “maître-assistant” da Universidade de Nice (Faculdade de Letras e Ciências Sociais) - e como professor associado até à jubilação, em 1988-1989 -, Eduardo Lourenço conhecia a Provença, no sudeste de França, desde 1965, tendo fixado residência em Vence (Alpes Marítimos), onde comprou casa na Avenue de Provence, em 1974.


Fora de Portugal desde 1953 como professor, nunca saiu do nosso país e aceitava todos os convites para “fisicamente” voltar. Eduardo Lourenço criou um mundo onde Portugal entrava constantemente através de livros, jornais e revistas. Foram-lhe atribuídas a Ordem de Santiago da Espada (1981), a Ordem do Infante D. Henrique (Grande Oficial) (1989) e “L’Ordre de Mérite” (Ordem de Mérito, distinção do Governo Francês) (1996). Foi distinguido pela França como “Chevalier” (cavaleiro) de “L’Ordre des Arts et des Lettres” (Ordem das Artes e das Letras) (2000), “Chevalier” da ordem nacional “Légion d’Honneur” (Legião de Honra) (2002) e a Medalha de Mérito Cultural (2008), atribuída pelo Governo português. Entre outros galardões, Eduardo Lourenço recebeu o Prémio Europeu de Ensaio Charles Veillon (1981), o Prémio Camões (1996) e o Prémio Vergílio Ferreira (2001).

Pensador da cultura portuguesa Com um fulgor de inteligência, imaginação e intuição, uma capacidade de relacionamento e metaforização, uma natural ironia e auto-ironia, Eduardo Lourenço fascina com a sua escrita. E, como conversador - com os amigos, em conferências, lições e intervenções (que, em geral não preparava muito, limitando-se a umas notas manuscritas), ouvi-lo era deslumbrante. Tudo lhe servia de pretexto para longas e admiráveis falas (uma expressão envolvente, a que não faltava nem o achado de linguagem nem a inesperada/inspirada “saída” fora dos cânones), nas quais a sua excecional cultura era sempre um cais de partida mas nunca um ponto de chegada. O que significa que boa parte da sua obra ficará inédita...

sal, Eduardo Lourenço é tido como um dos mais prestigiados intelectuais europeus, que marcou durante mais de meio século o pensamento português (com especial ressonância no pós-25 de Abril). A sua voz exercia um grande e consensual fascínio sobre a intelectualidade portuguesa, surpreendendo pela “capacidade de ser portador de um olhar sempre diferente e inquietante sobre os problemas de que se ocupa”, espantando pela “pluralidade de interesses, a imensidão de uma cultura que não se entrincheira em redutos de erudição, o jogo ilimitado das referências”, conforme escreveu Eduardo Prado Coelho em “Eduardo Lourenço: Um Rio Luminoso”, in “A Mecânica dos Fluidos” (1984). Crítico e ensaísta literário, virado predominantemente para a poesia, assinou ensaios polémicos como “Presença ou a Contra-Revolução do Modernismo Português?” in “O Comércio do Porto” (1960) ou um singular estudo sobre o neo-realismo intitulado “Sentido e Forma da Poesia Neo-Realista” (1968). Da sua vasta obra - disseminada em cerca de meia centena de livros abarcando áreas tão diversas como a literatura, crítica literária, filosofia, teoria política, história, cultura e ensaísmo - destacam-se reflexões sobre a cultura portuguesa, como o “Labirinto da Saudade: psicanálise mítica do destino português”, 1978; “A Europa desencantada: para uma mitologia europeia”, 1994; “O esplendor do caos”, 1998; “A nau de Ícaro”, 1999 e “A morte de Colombo. Metamorfose e fim do Ocidente como mito”, 2005.

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Nasceu em 1992, é natural do Marco de Canaveses e formado em Engenharia Mecânica na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Começou a escrever poesia com dezassete anos e em 2011 lançou o seu primeiro livro de poemas com o título Desculpe Mãe. Seguiram-se vários livros até conhecer, em 2016, com apenas vinte e quatro anos, o reconhecimento do público com o bestseller Larga 70 I Amar

Quem Não Te Agarra, um dos livros de ficção mais vendidos em Portugal, e que chegou ao Brasil em 2017. No mesmo ano, lançou Todos os Dias São para Sempre, confirmando-o como um autor bestseller que conquistou o coração dos leitores portugueses. Em 2018, chegou ao mercado o seu romance Foi sem Querer que Te Quis, que lidera os tops nacionais de vendas, tornando-se a sua obra mais vendida até ao momento.


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Sinopse Quando Teresa recebe a notícia de que o pai tem uma depressão, está longe de imaginar que os próximos tempos serão os mais intensos e transformadores da sua vida. Determinada em ajudar o pai, Teresa começa a acompanhá-lo nas terapias de grupo numa clínica de saúde mental. É aqui que conhece Duarte, o irmão de um paciente internado na clínica, cujo passado permanece envolto em mistério. Ela é resoluta e pragmática, ele romântico e brincalhão, mas, apesar das diferenças, o destino in-

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Duplo álbum “Amália 1970 Ensaios”

reúne inéditos da fadista Fotografia: Direitos Reservados

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duplo álbum “Amália 1970 Ensaios”, a editar na próxima sexta-feira, inclui inéditos da fadista e contou com o apoio do Arquivo Nacional do Som, que restaurou gravações, algumas feitas em casa, outras nos estúdios Valentim de Carvalho. A nova edição reúne documentos inéditos, gravados em 1970 e 1971, nos quais sobressai “o grande virtuosismo vocal e artístico” de Amália que, “mais do que um aperfeiçoamento apenas formal, mais do que fazer uma ‘voltinha’, diferente aqui, ou uma variação ali”, procurava também “novos e por vezes inesperados caminhos emocionais para cada peça”, disse o investigador Frederico Santiago, coordenador deste projeto Estes “Ensaios”, inteiramente preenchidos com música de Alain Oulman, são uma verdadeira janela para a oficina de trabalho e a cumplicidade artística entre Amália e o compositor, a que se juntava o guitarrista José Fontes Rocha, na construção do “ambiente certo para cada fado ou canção”. “Aqui se prova que Amália também trabalhava, e muito. Nunca se sentindo totalmente satisfeita com o resultado, mesmo que para nós ele seja já perfeito, o que não deixa de ser um dos segredos do seu génio o eterno descontentamento e procura permanente da perfeição”, disse Frederico Santiago. O musicólogo sublinha ainda que este universo de canções feitas com Oulman é um “repertório que Amália, certamente por temer a censura, viria a editar depois do 25 de Abril de 1974, mas em versões gravadas mais tarde, com menor brilhantismo vocal do que estas” que agora se revelam. Defende Santiago que, ainda antes da Revolução dos Cravos, como se prova nesta edição, “existe uma Amália, totalmente livre de preconceitos artísticos e políticos”. Outra parte do repertório aqui ensaiado ficou inédito e é agora trazido a público, como “Sete Estradas”, de Armindo Rodrigues, e a adaptação em estilo de tango do poema “Objeto”, de Ary dos Santos, do qual resultou “Com Vossa Licença”, ensaiado em casa de Amália, com os guitarristas e com Alain Oulman ao piano. No ‘booklet’ que acompanha os discos, e que é um guia de audição deste “precioso material”, é também referido que “a intervenção de restauro, feita por Pedro Félix [do ANS], foi reduzida e muito precisa”, visando “atenuar alguns efeitos sonoros indesejados que prejudicavam a audição”, sobretudo nos ensaios gravados em casa de Amália.

“O objetivo [foi] manter-se fiel ao caráter do registo”. A colaboração do ANS com a Valentim de Carvalho surgiu no âmbito das comemorações, em curso, do centenário de Amália Rodrigues (1920-1999), explicou à Lusa o antropólogo Pedro Félix, da comissão instaladora do ANS. Para Pedro Félix esta é “uma edição fantástica, um documento raro de alcançar, que nos traz uma Amália de carne e osso”. 74 I Amar

Fotografia: Direitos Reservados


“Esta edição ecoa muito na minha sensibilidade enquanto antropólogo; vê-se uma outra realidade que quase sempre fica escondida, este saber fazer, o processo de construção de um material, do qual só se conhece normalmente a parte final”, disse Félix que referiu ainda ser “um documento histórico a artístico raro, de uma artista de tão elevado nível como Amália”. O ano de 1970, o ano da publicação do Long Play “Com que Voz”, em março, foi particularmente ativo para Amália, como demonstra a cronologia incluída no ‘booklet’. A sua agenda incluiu atuações de norte a sul do país, além de vários espetáculos no estrangeiro, como na Expo’70, em Osaka, no Japão, em Itália, na Alemanha e nos Países Baixos. Este duplo álbum “realça de forma ainda mais decisiva a importância e a modernidade criativa de Alain Oulman” (19281990), afirmou à Lusa Frederico Santiago, que, no seu texto, nesta edição, cita o compositor sobre o fado “Rosa Vermelha”, do qual surgem vários ensaios e ‘takes’ experimentais. "Rosa Vermelha" foi uma ideia minha. Eu queria fazer uma canção sobre uma rosa encarnada e, francamente, foi o único poema em que colaborei com o Zé Carlos (Ary dos Santos), algumas das metáforas são minhas”, escreveu Oulman. Neste fado, do ponto de vista da melodia, “podemos mesmo falar numa co-composição entre Amália e Alain, como se pode ouvir no extraordinário caminho percorrido entre a versão ‘pura’ do compositor e as últimas versões, já próximas melodicamente da leitura editada anos depois”, acrescentou Santiago, “uma forma de podermos ser também testemunhas de um excecional caminho criativo, que na música quase nunca são preservados para a posteridade”.

A maior parte dos poetas que Oulman musicou nesta altura, e aqui ensaiados, eram da oposição ao regime. Também o compositor tinha sido preso pela polícia política da ditadura, a PIDE, e expulso do país em 1966. Entre esses poetas estavam Manuel Alegre, Ary dos Santos e Armindo Rodrigues. Alguns deles eram cantados no estrangeiro por Amália, nessa altura, mas não em Portugal. Esta nova etapa da edição integral da obra de Amália insere-se nas celebrações dos 100 anos do seu nascimento. Amália Rodrigues surgiu em 1939, no Retiro da Severa, em Lisboa. Em 1943, estreou-se internacionalmente em Madrid e, no ano seguinte, atravessou o Atlântico para atuar no Brasil, tendo aí gravado os primeiros discos. Ao longo de mais de 50 anos, atuou nos mais prestigiados palcos internacionais, do Teatro Sistina, em Roma ao Lincoln Center, em Nova Iorque, passando pelo Hollywood Bowl, em Los Angeles, pelo Olympia, em Paris, pelo Concertgebouw, em Amesterdão, pela Sala Tchaikovsky, em Moscovo, ou pelo Sankei Hall, em Tóquio. Amália, desde a sua estreia até ao seu discreto recolhimento, na década de 1990, na sua casa da rua de S. Bento, em Lisboa, teve sempre pessoas que a seguiam e “a idolatraram”. “As cartas nunca pararam de chegar a São Bento”, recordou anos mais tarde, a sua secretária e amiga, Estrela Carvas.

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amané e Mário Laginha não são um ao outro estranhos. Já com várias concerto juntos, com o bom entendimento sentido em muitas colaborações, resultou agora o projeto: CAMANÉ & MÁRIO LAGINHA – Aqui Está-se Sossegado. Este é um projeto pensando de raiz para dar mais brilho a uma voz e um piano que se descobriram cúmplices desde a primeira vez que encheram um palco.

Fotografia © Camané/Facebook 76 I Amar


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CAMANÉ & MÁRIO LAGINHA


Revista Amar: Um tema que é impossível escapar nestes tempos de pandemia. Muitas portas se fecharam, mas agora, aos poucos, acabamos por ver, mesmo com as regras impostas pela Direcção-Geral de Saúde, os artistas a voltarem. Como foi esse "pisar os palcos" e ouvir os aplausos do público, que é muito importante? Camané: Sim, é muito importante e o ambiente quente é muito preciso, principalmente em espectáculos de fado em que existe muita empatia, tanto da pessoa que está a ouvir como quem está a cantar. Eu comecei logo por fazer alguns concertos a partir de maio, mas sem público, em streaming, sem aplausos. Lembro-me de fazer um concerto com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, onde trouxe diferentes arranjos para alguns dos meus temas de maior sucesso e com novas abordagens musicais. Com

Créditos © Camané/Facebook 50 músicos em cima do palco e eu a cantar… a Ana Moura e o Ricardo Ribeiro também participaram, mas sem público nenhum. Foi óptimo porque os elementos da orquestra, cada vez que acabávamos de cantar um tema, batiam palmas com os instrumentos. Até ajudava um pouco o ambiente no Castelo de São Jorge. Mas aos poucos, a partir do principio do verão, comecei a fazer espectáculos com público, principalmente em salas de teatro que têm mais hipóteses de serem desinfetadas, sempre com os cuidados todos, mas com metade do público. Havia sítios que tinham as salas completamente esgotadas e tivemos que fazer dois dias. Em vez de fazer um dia de concerto, fazia dois, para que as pessoas todas pudessem assistir ao espectáculo. 78 I Amar


RA: Um outro projeto recente é o 100Amália. Sabemos que é uma conceção artística do Camané e é uma peça de teatro musical com orquestra. O que mais nos pode dizer sobre esse trabalho? Camané: Escreveram que era uma conceção artística minha… mas eu não fiz muita coisa. Dei a minha opinião e estive com os miúdos. Isto é um espectáculo musical de fado mas feito por crianças. Eu dei a ideia. Eu queria fazer aqueles musicais onde é uma criança a fazer de Amália. Amália, que será sempre muito difícil de retratar com toda aquela dimensão artística. A minha ideia foi eles irem para o palco, sentarem-se e começarem a falar sobre histórias. Todas as histórias que ouviram dos pais e avós sobre a Amália. Eu não queria uma criança com 14 anos vestida de Amália. Quis que falassem daquilo de uma forma simples e muito mais verdadeira. RA: Os discos da Amália faziam parte da coleção dos teus pais. Este foi o teu primeiro contacto com o fado?

ra portuguesa. Inicialmente falei com o Laginha a convidá-lo para fazermos um concerto. Não estávamos a pensar num disco, mas percebemos que ele tinha-se aproximado do fado. Até que fomos para estúdio - já tínhamos ensaios e até já tínhamos tocado o reportório todo. Gravámos em takes e super sossegados . Aqui está-se sossegado é uma música do meu bisavô, (José Júlio Paiva), que a terá feito em 1918. O título da música original era Fado Espanhol e o poema adaptei-o de um poema de Fernando Pessoa. Nunca tinha ouvido a voz do meu bisavô, até há quatro anos, quando disse o nome dele a um colecionador que tinha o disco e que me deu para ouvir. O poema do Pessoa tem a ver com o agora, com o não ter culpa do passado ou medo do futuro. O sossego é sentirmo-nos bem com o que estamos a fazer. E este sossego também acontece porque não pensámos fazer um disco; pensámos fazer concertos. De repente, quando fomos para o disco, foi um sossego porque já tínhamos trabalhado imenso.

Camané: Foi a Amália, Carlos do Carmo, Marceneiro, Fernando Maurício, Teresa de Noronha… havia muitas pessoas nessa altura. Lembro-me de fadistas homens que eu gostava muito e que também me incentivaram imenso. Nessa altura era engraçado. Ou ouvia os discos em casa, com 7 ou 8 anos, mas também me lembro de ir aos fim de semanas com os meus pais às casas de fados. Numa delas estava a Amália. Existem fotografias minhas, tiradas nessa noite. Tinha 10 anos. RA: Como é que a Amália iria reagir a este trabalho do Camané? O piano encaixa bem no fado? A Amália tentou colocar o piano também no fado. Camané: Sim, a Amália fez isso. Pode-se ouvir no disco Busto na fase fantástica dela. Tocam no disco José Nunes na guitarra portuguesa, Castro Mota na viola e Alain Oulman no piano. O fado ao piano é uma ideia que tive - fazer um fado tradicional e clássico ao piano e nunca uma fusão fado-jazz. Trazer o Laginha para este disco é que foi muito interessante. Nós não temos o mesmo registo sonoro, mas o fado começou a ser criado e tocado ao piano em Palácios. Depois é que passou para guitarra portuguesa. É evidente que o fado é guitar-

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Joana Vasconcelos Vida e Obra

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Joana Vasconcelos nasceu em Paris a 8 de novembro de 1971, filha de portugueses emigrantes e já com sangue artístico na família. A mãe formou-se na Fundação Ricardo Espírito Santo e o pai, Luís Vasconcelos, é fotojornalista e diretor da Estação Imagem, uma associação cultural sem fins lucrativos que tem como elemento de estudo a imagem. Joana Vasconcelos chegou a Portugal com quatro anos. Estudou Joalharia e Desenho no Centro de Arte e Comunicação Visual em Lisboa, onde vive e trabalha atualmente. O ano de 1996 foi muito importante para a artista porque foi a sua estreia em Serralves, com uma peça – Mais Tempo, Menos História . Foi o artista plástico português, Pedro Cabrita Reis, a primeira pessoa a comprar uma obra da artista. Chamava-se As Flores do Meu Desejo e era constituída por espanadores lilases e ferro, que apenas conseguiu realizar graças aos 46 contos [cerca de 230 euros] que o seu pai lhe emprestou. Joana Vasconcelos foi pioneira em vários momentos. Em 2000, evidenciou-se no espaço público com o prémio EDP e em 2001 criou a sua obra mais controversa – A Noiva. Esta é uma obra trabalhada com 14 mil tampões OB, aço inoxidável, fio de algodão e cabos de aço. Apesar de emblemática, chegou a ser proibida anos mais tarde, em 2012, numa exposição em Versalhes. Na altura, a artista admitiu não ter ficado surpreendida, uma vez que o tampão continua a ser tabu na sociedade. Joana Vasconcelos retirou inspiração do país onde cresceu e em 2005 criou com talheres de plástico translúcido, ferro pintado e corrente metálica o Coração Independente Vermelho. Mais tarde, juntou à coleção o Coração Independente Preto e o Coração Independente Dourado. Ainda no mesmo ano, tornou-se a primeira mulher a expor na 51ª Bienal Internacional de Arte de Veneza. Em 2012, repetiu a proeza e tornou-se a primeira mulher e artista mais jovem de sempre a expor no Palácio de Versalhes em França. Na capital francesa, a exposição de Joana Vasconcelos bateu o recorde de visitantes dos últimos 50 anos, com 1,6 milhões de pessoas em apenas três meses. Por fim, em 2018, tornou-se a primeira portuguesa a expor em nome individual no museu espanhol Guggenheim. Sejam mais ou menos positivas, as críticas ao trabalho da artista portuguesa mostram que o que faz raramente provoca indiferença. Em 2010, chamou mesmo a atenção de François-Henri Pinault, dono da Gucci, que comprou a peça Contaminação. Em 2013, Vasconcelos viu as suas obras expostas no museu da Gucci, em Florença. As obras escolhidas foram Coração Independente Vermelho, Lavoisier e Psycho. Em 2018, foi convidada no evento promovido pelo grupo hoteleiro madeirense PortoBay, “30 Portugueses, Um País”, onde relatou os dois momentos de maior preocupação na sua carreira. Um deles ocorreu em 2008, quando decorou a Torre de Belém com bóias náuticas, uma vez que encontrou oposição ao projeto por parte de guias turísticos. O segundo foi a transformação artística do antigo cacilheiro Trafaria Praia para representar Portugal na Bienal de Veneza, em 2013. A artista afirmou, na altura, “não ter dinheiro” para avançar com a obra, que só se concretizou após a contribuição voluntária dos portugueses. A Fundação Joana Vasconcelos nasceu em 2012 e tem como objetivos a “preservação da obra da artista e a promoção e o desenvolvimento da educação artística e cultural.” A instituição atribui bolsas de estudo e participa em ações solidárias, além de acolher pessoas da Associação de Refugiados em Portugal e da Associação de Deficiências Mentais. Joana Vasconcelos ficou conhecida como “artista tampão” ao desafiar o conformismo da sociedade e o comum da arte. Apesar de ser alvo de fortes críticas, a artista não deixa que isso a impeça de continuar a criar e rejeita rótulos.

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Marionetas:

histรณrias na ponta dos dedos 84 I Amar


Fotografia: Direitos Reservados

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Museu da Marioneta em Lisboa Fotografia: Direitos Reservados 86 I Amar


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assaram-se séculos e as marionetas jamais deixaram de se impor no imaginário popular, prendendo a atenção de todas as gerações.

A adaptação da palavra francesa marionnette, que significa fantoche ou boneco, a marioneta é antiga no tempo. Estes pequenos bonecos literalmente presos por arames e manejados com sábia destreza que lhes dão expressão e vida continuam a encantar o público Mundo fora. No Egito foram descobertas em tumbas figuras do género feitas em madeira que os arqueólogos estimam rondar os 2000 anos. E hieróglifos cujos desenhos apontam para o mesmo tipo de animação. Também na Índia há registo de marionetas sensivelmente do mesmo período. E na China, idem. Aliás, durante a dinastia chinesa Sung, entre 960 e 1279, eram usadas como sinal de estatuto social e quanto mais elaboradas mais sinal de poder de classe dos proprietários demonstravam. Na Ásia, precisamente, as marionetas sempre se constituíram como uma das principais formas artísticas, ganhando relevo significativo em países como a Coreia do Sul, o Japão, a Tailândia ou a Indonésia. Na Europa, encontraram relevo particular durante o renascimento, rivalizando de perto com outras formas artísticas, nomeadamente em Itália. Em Portugal, Porto e Lisboa têm os seus museus exclusivamente dedicados às marionetas. Na Invicta, estão reunidos num espaço único os personagens criados por João Paulo Seara Cardoso (1956-2010), nome grande dessa arte (quem não se lembra do programa da RTP “Os Amigos do Gaspar”?) e fundador do Teatro de Marionetas do Porto. Na capital, no Convento das Bernardas, na Madragoa, é possível encontrar centenas de bonecos, documentos, fotografias ou cartazes que fizeram a história desta peculiar forma de cultura. Que chega a todos, é para todos, mas cuja manobra só está ao alcance de alguns.

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Estreia Canadá e Portugal - 25 de novembro

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Curiosidades Crónicas de Natal: Parte 2 é uma sequência que expande o universo do primeiro filme e diverte tanto quanto o original. Repleto de situações previsíveis, o filme apoia-se no carisma dos seus protagonistas para uma história sombria, que no fundo, sabemos como irá terminar. O diretor e argumentista Chris Columbus (Home Alone) usa bem o CGI para mostrar a, incrível, Vila do Pai Natal. Além disso, a trama possui algumas reviravoltas que são muito bem desenvolvidas, além de ter uma melhor participação dos duendes que roubam as cenas e criam dinâmicas divertidas. Porém nem tudo são flores. Excessivamente longa, a nova aventura poderia ter menos 20 minutos da sua trama sem prejudicar o enredo. Outra falha do filme é o arco que envolve a Mãe Natal. Ela possui mais espaço no filme, mas no geral serve mais como escada para que o Pai Natal brilhe. Fica a sensação de que havia uma proposta de dar destaque à personagem, mas a ideia foi mal executada ou abandonada a meio do caminho. Uma pena! Kurt Russell esbanja carisma e diverte-se no papel principal. O restante do elenco está bem à vontade e encanta. Jahzir Bruno (Convenção das Bruxas) é o destaque das novas entradas no elenco. Crónicas de Natal: Parte 2 vem embalado em pura nostalgia e diversão, mesmo tropeçando aqui e ali na sua narrativa. Para quem está à procura de um filme de Natal, este filme é uma ótima escolha.

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Sala de Cinema Passaram dois anos desde que os irmãos Kate (Darby Camp) e Teddy Pierce (Judah Lewis) salvaram o Natal, e as coisas estão muito diferentes. Kate vai contrariada passar o Natal a Cancún com o novo namorado da mãe e o seu filho Jack (Jahzir Bruno). Incapaz de aceitar esta nova versão da sua família, Kate decide fugir. Mas quando uma terrível e misteriosa figura ameaça destruir o Polo Norte e acabar de vez com o Natal, Kate e Jack são inadvertidamente arrastados para uma nova aventura com o Pai Natal (Kurt Russell). Ficha Técnica Filme com realização de Chris Columbus, que contou com a participação de Kurt Russell, Goldie Hawn, Darby Camp, Jahzir Bruno, Julian Dennison, Judah Lewis, Kimberly Williams-Paisley, Tyrese Gibson, Darlene Love entre outros. Duração: 112 minutos Género: Fantasia, Aventura Origem: EUA

Fontes: IMDB e FilmSpot - Imagens: Direitos Reservados

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As dez curvas para a glória

de Miguel Oliveira O persurso do piloto português de MotoGP , antes da vitória no Grande Prémio de Portugal.

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Créditos © Christian Bruna/EPA

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Curva 1

Curva 7

Catar, 20 de março de 2011

Aragão, 23 de setembro de 2016

Faz a estreia no mundial de velocidade, ainda nas velhinhas 125cc, e mostra de imediato toda a qualidade, fechando a corrida no décimo lugar e somando os primeiros pontos de uma carreira construída com passos seguros e sem saltar qualquer etapa.

O título de vicecampeão mundial de Moto3, abre-lhe as portas da categoria superior, mas a primeira época, com a Leopard Racing, não foi brilhante. O oitavo lugar na Catalunha foi o melhor resultado e o pior momento aconteceu em Aragão, quando caiu nos treinos livres e fraturou a clavícula. Falhou quatro corridas e fechou o ano com um 13.º posto em Valência.

Curva 2 Portugal, 1 de maio de 2011 Corre pela primeira vez em Portugal integrado no Mundial de motociclismo. No Circuito do Estoril, foi o terceiro mais rápido na qualificação e conseguiu o sétimo lugar na corrida. Este ano, Oliveira e o MotoGP regressam ao nosso país, com o Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, a receber a última corrida da época, a 22 de novembro.

Curva 3 Barcelona, 3 de junho de 2012 Já aos comandos de uma Suter Honda e no novo campeonato de Moto3, estreia-se numa subida ao pódio. Depois de três desistências consecutivas, termina o Grande Prémio da Catalunha no terceiro posto e abre o champanhe pela primeira vez.

Curva 4 Mugello, 31 de maio de 2015 Depois de dois anos na Mahindra, oferecendo o primeiro pódio de sempre à marca indiana, assina pela KTM Ajo e atinge outro nível. Depois de um segundo lugar no GP de Espanha, conquista a primeira vitória da carreira em Moto3, após uma corrida épica e na qual partiu da 11.ª posição.

Curva 5 Assen, 27 de junho de 2015 Menos de um mês depois, segunda vitória de Falcão em Moto3, desta vez na Holanda. O português subia na classificação do Mundial, mas o colega de equipa na KTM Ajo, Danny Kent, tinha quatro vitórias e três outros pódios em oito corridas disputadas. O título parecia impossível para o português…

Curva 6 Comunidade Valenciana, 8 de novembro de 2015 O final da temporada de 2015 foi incrível para Oliveira. Os segundos lugares em São Marino e no Japão e as vitórias em Aragão, Austrália e Malásia fizeram com que o título mundial deixasse de ser uma miragem e passasse a ser uma possibilidade real. Na última corrida do ano, em Valência, fez o que lhe competia – vencer a corrida -, mas o nono lugar de Danny Kent bastou para o britânico se sagrar campeão, com apenas seis pontos de vantagem sobre Miguel Oliveira. 92 I Amar

Curva 8 Austrália, 22 de outubro de 2017 Assina pela KTM Ajo, no ano de estreia da equipa na categoria e a evolução dos resultados não engana. Dois segundos lugares e quatro terceiros lançaram (mais) um final de época espetacular do piloto português, que encerrou o ano com três triunfos consecutivos – Austrália, Malásia e Comunidade Valenciana – que lhe permitiram ser terceiro no campeonato, a apenas dois pontos do segundo. Em 2018, sobe ainda mais um patamar, sendo segundo classificado no campeonato e somando mais três vitórias para o currículo.

Curva 9 Áustria, 11 de agosto de 2019 Depois de ter sido eleito o Desportista português de 2018, Miguel Oliveira chega à classe rainha do motociclismo. Com a Tech 3, equipa satélite da KTM que também se estreava em MotoGP, foi-se adaptando à nova, e bem mais exigente, realidade. Somou pontos em seis das primeiras dez corridas, antes de se estrear no top 10, em Red Bull Ring, na Áustria. Era um bom prenúncio para o futuro.

Curva 10 Áustria, 23 de agosto de 2020 A pandemia atrasou o início do campeonato e cancelou qualquer coisa como 11 corridas, mas não impediu Miguel Oliveira de escrever a página mais dourada do motociclismo de velocidade português. Depois de um oitavo lugar em Espanha e de um sexto na República Checa, a primeira passagem pelo Red Bull Ring acabou no chão e em polémica, mas o regresso, oito dias depois, foi bem diferente. Quando Portugal já se preparava para festejar o primeiro pódio de sempre em MotoGP, Miguel Oliveira decidiu que o terceiro lugar não bastava. O Falcão voou bem alto na última curva, ultrapassou dois adversários e soltou o grito da vitória. As lendas começam assim.

Miguel Pataco NM


A 22 de novembro, em Portimão, fez-se história

Créditos © AFP

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Saúde

As Teorias que fundamentam a Medicina Chinesa

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alar sobre esta arte com mais de 3 mil anos não é uma tarefa fácil e traduzir palavras chinesas pode levar-nos a erros de interpretação, motivo pelo qual a abordagem do assunto será feita da forma mais sucinta possível. Esta arte de prevenir e curar determinados padrões de desarmonia (doenças) baseia-se nas seguintes teorias que, para um correto diagnóstico, se podem interligar: Yin/Yang - teoria dos opostos e complementares. Todas as coisas existentes no universo podem ser Yin ou Yang, isto depende das suas características e em relação a que é que são comparados. Então:

• Yin é tudo aquilo que possui características de

quietude, letargia, morosidade, frieza, humidade, sangue, feminino (aquele que acolhe). Exemplo de uma desarmonia Yin é a depressão, com as suas características de introspeção, quietude, frio, morosidade e tristeza.

• Yang é energia, movimento, subtileza, claro, calor,

sol, agitação, secura, masculino (aquele que impulsiona). Exemplo de uma desarmonia Yang é a ansiedade, pelas suas características de agitação, insónia, inquietação, calor e euforia.

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Deixo-vos mais alguns exemplos, para melhor compreensão:

• O Yin alimenta o Yang e o Yang impulsiona o Yin. • O alimento é Yin (base material) em relação ao peristaltismo – digestão Yang (função).

• O dia é Yang – sol, luz, calor - a noite é Yin – lua, escuro, frio. • Após a atividade (movimento), vem o descanso (quietude), é o que chamamos de oposição e interdependência.

• Uma gripe, a qual no seu estágio inicial faz sentir calafrios,

aversão ao frio, letargia, cansaço (sintomas Yin), se não for tratada, agravar-se-á com o aparecimento de: garganta inflamada, catarro purulento, febre e calor (sintomas Yang). Para tratarmos estes desequilíbrios temos que harmonizar e equilibrar Yin e Yang.

Outra teoria de base da medicina chinesa é a Teoria dos Cinco Movimentos, que são representados pela madeira, fogo, terra, metal e água, e que correspondem respectivamente aos órgãos fígado, coração, baço/pâncreas, pulmão e rins. Entre estes elementos têm que existir “regras”, sendo uma delas o controle ou inibição. Um exemplo clássico é o dos rins que inibe e controla o coração, sendo, por esse motivo, aconselhado um diurético (rins) para os hipertensos (coração). Uma outra teoria é a das Cinco Substâncias:

• Qi – energia • Xue – sangue • Shen – mente, consciência ou espírito • Jing – essência • Jin-Ye – líquidos corpóreos

Em que o desequilíbrio (falta, excesso ou estagnação) de uma ou mais substâncias é um fator predisponente aos padrões de desarmonia. Temos também a Teoria dos Órgãos (Zang) e Vísceras (Fu) na qual, além do conceito fisiológico é, acima de tudo, o conceito energético que prevalece. Onde algumas funções e relações diferem da medicina ocidental. Assim sendo, o coração é a morada da substância Shen (mente, consciência ou espírito), que possui dois padrões de desarmonia. O primeiro é a perturbação do Shen em que o indivíduo pode apresentar sintomas Yang – agitação, falta de ligação das ideias, falar rápido demais, tropeçar nas palavras, insónia ou, em casos extremos, demência. O segundo, é a deficiência do Shen, onde os sintomas são Yin: introspecção, olhar sem vida, tristeza, depressão, morosidade, etc. O coração está diretamente relacionado com o Shen e o Shen diretamente relacionado com o coração. O Fígado harmoniza as emoções, a digestão e a menstruação, além de influenciar as unhas, olhos e tendões. Atenção, minhas queridas senhoras, durante o período menstrual não sobrecarreguem o fígado com gordura animal e bebidas alcoólicas, pois por certo terão as emoções mais afloradas e cólicas menstruais. Os Rins são a morada da substância Jing (essência) sendo responsáveis pelos ciclos vitais: nascimento, crescimento, reprodução e declínio. Os rins são responsáveis pela nutrição dos ossos, dentes, cabelos e por uma boa audição. O Baço é o responsável pelo transporte e transformação dos alimentos, nutrição dos músculos e sustentação dos órgãos. O Pulmão governa a respiração, pois é o único órgão que tem contacto com a parte externa do organismo, através das narinas. Algumas disfunções deste órgão manifestam-se na pele, como dermatites e alergias. 96 I Amar


Não podemos deixar de citar os sabores e as emoções directamente relacionadas com estes órgãos: Fígado: raiva - ácido Coração: euforia - amargo Baço: preocupação - doce Pulmão: tristeza - picante Rins: medo - salgado Cabe salientar que cada sabor, usado com moderação, fortalece o órgão correspondente, e o excesso enfraquece-o. Cada emoção vivida em excesso afeta o órgão correspondente, e quando um órgão é afetado, a emoção manifesta-se rapidamente. E a última teoria é a dos Meridianos e as suas ramificações (Jing-Luo), estes são vias por onde circula a energia vital (Qi) e onde estão localizados os principais pontos de acupuntura. Os meridianos fazem a ligação entre a superfície do nosso corpo e os órgãos e vísceras, justificando assim, a colocação de finas agulhas na superfície do corpo, fazendo com que a energia (Qi) circule livremente mantendo a vitalidade dos órgãos/vísceras. A Medicina Tradicional Chinesa faz uma leitura diferenciada do ser humano. Somos sem dúvida, uma réplica da natureza, com os seus diversos ciclos e movimentos de transformação, dentro de um sistema interligado. Mas os próprios factores climáticos da natureza - vento, calor, humidade, secura e frio - quando em excesso, podem ser prejudiciais, sendo chamados de energia perversa (Xie Qi). A partir daqui, fazemos uma avaliação energética, holística da pessoa, sempre com o objetivo de equilibrar o organismo para evitarmos a penetração dos fatores patogénicos exógenos, e assegurar um harmonioso funcionamento do corpo como um todo. Deste modo, fazemos o melhor para o nosso paciente de modo a que ele… SORRIA COM SAÚDE!

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Vitamina C: 5 mitos e 5 verdades que devemos saber

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specialmente em tempos pandémicos como aqueles em que nos encontramos, muito se tem falado sobre as formas de aumentar as defesas do nosso sistema imunitário, nomeadamente com a ingestão de vitaminas. A vitamina C é logo uma das que nos salta mais à mente, sendo que associamos sempre a uma boa dose de sumo de laranja. Mas, afinal, que mitos e verdades existiram sobre esta vitamina? “A vitamina C é um nutriente muito importante para o nosso organismo, uma vez que se constitui como um aliado ao Sistema Imunitário”, afirma a nutricionista Mafalda Almeida, acrescentando que é especialmente importante“ no contexto atual, em que os casos de Covid-19 não param de crescer e também com o regresso do frio, que pode vir acompanhado de constipações e infeções respiratórias. Por isso, nada melhor que esclarecer alguns e mitos e verdades sobre esta vitamina tão fundamental principalmente nesta altura do ano” termina por explicar. Recorde-se ainda que, de acordo com um estudo recente, a maioria dos pacientes com Covid-19 tem também um défice de Vitamina D. Se tem dúvidas sobre o que é verdade e mentira acerca desta Vitamina, pois então veja a lista abaixo, elaborada pela nutricionista Mafalda Almeida.

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Mitos

Verdades

A vitamina C é um nutriente que só está presente em frutas

A vitamina C faz bem aos olhos

Quando falamos em vitamina C, o primeiro alimento que nos vem à cabeça é a laranja e outras frutas como kiwi, morangos ou romã. No entanto, existem também outros tipos de alimentos que contém esta vitamina na sua composição, como por exemplo os pimentos vermelhos e verdes, brócolos, couve-de-bruxelas e batatas.

A vitamina C cura o covid-19 A vitamina C é um micronutriente importante para o bom funcionamento do sistema imunitário, deixando o nosso corpo menos suscetível a agentes externos, como os vírus. A vitamina C não cura a infeção causada pelo covid-19, mas ajuda o nosso corpo a ter uma maior capacidade de resposta. Sugere-se também, em alguns estudos, que a vitamina C possa ter um papel importante no combate à ansiedade. Numa altura de crise económica e pandémica em que os nervos de todos os portugueses andam mais à flor da pele, podemos ter maior atenção aos alimentos que consumimos e tentar dar preferência aos que contêm vitamina C, como laranjas e sumos de laranja, por exemplo.

A vitamina C cura o escorbuto O escorbuto é uma doença que pode ser desencadeada pela carência de vitamina C no organismo. Logo, este nutriente não cura o escorbuto, mas se estiver inserido na nossa dieta ajuda a prevenir o aparecimento desta doença.

É verdade, a vitamina C ajudar a manter a saúde ocular, pois previne o aparecimento de doenças oftálmicas.

A vitamina C aumenta a absorção do Ferro A vitamina C ajuda o nosso organismo a absorver outros nutrientes, nomeadamente o ferro. Alterando a estrutura do mineral para uma forma mais facilmente absorvida pelo organismo.

A falta de vitamina C aumenta o risco de infeções A carência de vitamina C no organismo pode prejudicar a normal função do sistema imunitário, tornando o corpo mais suscetível a infeções.

A vitamina C pode ajudar a clarear as machas da pele A tirosinase é uma enzima responsável pela produção de pigmentação, que causa manchas escuras na pele. A vitamina C é um nutriente que reduz a produção de tirosinase, promove a uniformização do tom de pele e clareia manchas.

A vitamina C pode prevenir doenças como Alzheimer A vitamina C é um poderoso antioxidante capaz de combater os radicais livres, o que ajuda a prevenir a degeneração celular e o aparecimento de diversas doenças, como por exemplo o Alzheimer.

A vitamina C faz mal à nossa pele O colágeno é responsável por manter a estrutura, a firmeza e a elasticidade da pele. A vitamina C é fundamental para a produção natural de colágeno no organismo, prevenindo assim o envelhecimento da pele.

A vitamina C não previne problemas cardiovasculares A vitamina C tem características antioxidantes que ajudam a prevenir doenças cardiovasculares.

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Suspensórios: do ladrão ao médico e ao ditador 100 I Amar


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oje vistos mais como apontamento de estilo, os suspensórios são protagonistas de uma história longa, onde até um larápio belga entra.

Descobrir uma data exata para a invenção dos suspensórios parece ser missão mais penosa do que segurar calças largas sem eles. Há quem defenda que os primeiros remontam à França do século XVIII (na altura, eram apenas tiras de fita presas às casas dos botões das calças), há quem garanta que Benjamin Franklin, um dos “pais” dos EUA, já os usava e há até quem atribua o seu aparecimento a um ladrão belga. Reza a lenda que as moedas que guardava nos bolsos lhe pesavam de tal forma que o larápio se deparava com dificuldades acrescidas para se escapar a alta velocidade do local do furto. Vai daí, terá decidido aplicar umas alças para prender as calças. A ocasião fez o suspensório?

O que é consensual é que foi o designer britânico Albert Thurnston quem começou a produzir os primeiros suspensórios modernos. Estávamos em 1820, época em que abundavam as calças de cinta subida – tão subida que dificilmente poderiam ser seguradas por cintos. Os primeiros acessórios deste género formavam um H nas costas, mas depressa evoluíram para o X (e mais tarde para o Y). Já a primeira patente dos mesmos foi registada em 1871, por Samuel Clemens. Três anos depois, eram inventados os fechos de metal. Popularizados por estrelas de cinema e não só – o próprio Hitler usou-os desde criança e ainda hoje são imagem de marca dos barmen do Oktoberfest -, recomendados por um famoso médico de Chicago (para pacientes com barrigas bem avantajadas), os suspensórios quase desapareceram dos armários durante os anos 1990, muito por culpa do boom das calças de ganga. Voltariam, contudo. Ainda que hoje sirvam mais como apontamento de estilo do que como acessório utilitário.

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Culinária Perna de cabrito

com batata Boulangéres

Culinária PREPARAÇÃO 1. Preaqueça o forno a 180˚C. 2. Fatie as batatas e lave-as em seguida. 3. Refogue as cebolas em 50g de manteiga, durante 5 minutos em fogo médio. 4. Arrume horizontalmente as fatias de batata um prato, intercalando com rodelas de cebola. 5. Adicione sal e pimenta-do-reino a gosto a cada camada. 6. Acrescente o caldo de galinha e cubra com papel-alumínio. 7. Leve ao forno médio por uma hora. 8. Retire as batatas do forno e reserve. 9. Aumente a temperatura do forno para 240˚C. 10. À parte, faça quatro orifícios na peça de cabrito e insira os dentes de alho cortados ao meio 11. Coloque numa assadeira e regue com vinho branco seco e com o resto da manteiga. 12. Adicione sal e pimenta-do-reino a gosto e complete com tomilho. 13. Ponha no forno e asse por 15 minutos. 14. Em seguida, baixe a temperatura para 180˚C e deixe assar por mais 20 minutos. 15. Leve as batatas ao forno nos últimos dez minutos para aquecê-las. 16. Retire do forno e coloque a peça de cabrito por cima das batatas. 17. Deixe repousar coberto por papel-alumínio por dez minutos. 18. Está pronto a servir. Bom apetite e um Feliz Natal!

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esta época de receitas de forno, a perna de cabrito com mostarda e pesto de hortelã vai ficar no topo das suas favoritas. O contraste da mostarda com o pesto numa carne tenra e suculenta, tornam este prato irresistível. Delicie-se! SERVE 4 PESSOAS TEMPO MÉDIO DE PREPARAÇÃO: 130 MINUTOS DIFICULDADE: MÉDIA INGREDIENTES • • • • • • • • •

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AQUÁRIO

Neste período quererá mergulhar mais profundamente no seu subconsciente. Tente aperceber-se de que forma as suas ações, por vezes, podem contradizer as suas intenções. A sua perceção do inconsciente está mais desperta. Dê mais atenção às suas intuições, pois elas neste momento podem trazer-lhe, num segundo, aquilo que normalmente leva muito tempo a descodificar.

Dezembro Horóscopo

O

último mês do ano vidar-lhe a volta. Você vai sentir-se tentado pelas mudanças e por promissores amanhãs. Você estará vivendo o futuro e a pensar no próximo ano, imaginando-o melhor do que nunca, e assim por diante. Lembre-se, no entanto, que agora é Dezembro. Você tem outras coisas que precisam da sua atenção. Não se esqueça da realidade, mesmo que os sonhos sejam muito tentadores. Em dezembro, nosso potencial de liderança, embora não o tenhamos normalmente, será reforçado por causa da influência de Marte. Se houver um desafio para liderar uma equipe de pessoas, não vamos fugir; iremos enfrentá-lo corajosamente. Também atrairemos indivíduos misteriosos para nossas vidas - não saberemos o que pensar deles até o último minuto. Talvez seja porque também somos reservados. De qualquer forma, vamos aproveitar o Natal em paz dentro do nosso círculo familiar. O horóscopo para dezembro de 2020 encoraja as pessoas a serem pacientes. Você vai atingir os seus objetivos, mas tudo tem o seu tempo. Os eventos não podem ser acelerados, e deve esperar até que a posição das estrelas mudem novamente.

Planetas em dezembro de 2020 O Sol em Sagitário

Certamente vai desfrutar de calma durante este período. O seu humor será bastante positivo e otimista. O seu comportamento em sociedade será sofisticado, autoconfiante ou até mesmo intelectual. Um possível sucesso vai levá-lo para a frente. Graças à sua grande disciplina, pode-se destacar no desporto. No entanto, o desejo de tomar decisões com o coração em vez de com a cabeça pode fazer com que vá mais devagar. Você vai sentir-se bem no seio da família ou numa relação estável. Este é um campo adequado para se sentir realizado.

Vénus em Escorpião

Nestes dias, você procurará indivíduos com uma mente complexa e misteriosa. Não vai conseguir resistir à tentação de tudo o que é proibido, o que o torna mais aberto aos tabus. Apesar dos seus sentimentos serem mais intensos do que nunca, fará o seu melhor para escondê-los e manter um ar sério.

Mercúrio em Sagitário

Neste período o seu lado moral será muito forte. Não será só por isso que vai gostar de agir como um juiz, entrando numa discussão entre outras duas pessoas. Nos seus pensamentos, será seguro e generoso; no entanto, vai gostar de deixar os outros em dúvida antes de lhes dizer o necessário. Além disso, vai gostar de comentar questões filosóficas ou políticas.

Marte em Carneiro

Durante este período, você não terá problemas por reagir impulsivamente e será um bom líder. O seu amor será persistente e com propósito. A sua energia pode dar-lhe tudo o que deseja. No entanto, prete atenção às situações stressantes, porque sua tendência vai ser comportar-se de forma irrefletida e até mesmo arrogante. 104 I Amar

CAPRICÓRNIO

Este mês o lado intuitivo e não racional da vida terá grande importância e significado para si. É possível que deseje fazer meditação ou dedicar-se à leitura. Estará com um enorme poder de adivinhação. Uma hipersensibilidade e até alguma nostalgia poderão surgir e provocar-lhe alterações de comportamento ou variações de humor.

SAGITÁRIO

Esta é uma fase ótima para concretizar aquelas tarefas que tem vindo a adiar e preparar-se para o início de um novo ciclo. Irá sentir-se com muita força e energia realizando com sucesso todos os trabalhos a que se dedicar. Aproveite para praticar desporto libertando as suas energias em excesso ao mesmo tempo que cuida do seu corpo.

ESCORPIÃO

Os amigos, os vizinhos, as suas relações mais próximas poderão estar mais no centro da sua atenção. Sentirá uma maior clareza de ideias e poderá ver agora esclarecidas algumas dúvidas que pairavam no seu espírito. É natural que sinta um maior desejo de expor os seus pontos de vista e comunicar mais abertamente com os outros. Aproveite para o fazer através das novas tecnologias.

BALANÇA

Esta é a altura ideal, para meditar e fazer uma análise profunda e consciente de si e do papel que desempenha na vida. Será um bom período para fazer psicanálise, recuar no tempo e verificar como o seu passado o influencia e condiciona o seu presente. Conheça-se melhor e liberte-se de velhos fantasmas.

VIRGEM

É tempo de tomar consciência das suas potencialidades e sentirá capacidades até agora desconhecidas em criatividade e generosidade. Neste período, a sua capacidade empreendedora ultrapassará o que no dia-a-dia lhe é pedido. Aproveite a força extra que agora sente e lance-se arrojadamente em projetos adiados.

LEÃO

A sua atenção e preocupação vão estar concentradas no seu bem-estar físico, saúde e sobretudo na manutenção de um bom estado geral. Talvez seja altura para uma decisão drástica e cortar com o que pode prejudicar fisicamente. Um regime alimentar adequado e o exercício físico poderão produzir resultados excelentes.

CARANGUEJO

Nesta altura poderá vir a ter alguns conflitos. Não será grave, pois, irá analisar a situação e tirar partido a seu favor. Nesta altura está a desenvolver a sua capacidade de aprender mais acerca de si e de conhecer melhor também os outros com quem tem negócios. Será um bom momento para as questões legais e para resolver assuntos burocráticos.

GÉMEOS

Este é um período no qual poderá aprender mais sobre si através da relação com os outros ou através de uma relação amorosa. Poderá precisar de conselhos ou da colaboração de outras pessoas para a concretização dos seus planos. Pode também dar-se o caso de haver pessoas que necessitem do seu apoio num momento difícil.

TOURO

Vai atravessar uma época de transformação, em que situações novas vão substituir a sua usual rotina. É possível que interiormente se sinta desajustado. Este processo passar-se-á apenas a nível psicológico, não afetando a sua vivência física. Contudo, poderá sentir alguma dificuldade em lidar com as tarefas do dia-a-dia.

CARNEIRO

Este mês o seu papel na sociedade e o desenrolar da sua carreira serão os alvos principais da sua atenção. Faça uma retrospetiva da sua vida e analise as boas e más decisões que tomou. É através das boas ou más experiências do passado que melhor podemos planear o futuro. Evite tomar decisões de forma precipitada e leviana, uma vez que isso pode trazer-lhe dissabores futuros.

PEIXES

Analise a sua vida para saber qual o melhor caminho a seguir e também para concluir os projetos que tem em mão. Esta é uma altura favorável para pôr em prática os planos que idealizou e amadureceu nos últimos tempos, com a certeza de ser bem-sucedido. Em termos familiares, é tempo de esquecer atritos e mal-entendidos, procurando uma harmonização plena e duradoura.


Feliz Natal e um Ano Novo muito prรณspero!

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