Revista Lampião - Nº1

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Entr e com vista o pref e Ibit ito de i Flor nga, i Fior svaldo enti no

www.revistalampiao.com

Edição nº 1 - Fevereiro de 2013

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CAPITALISMO DE LAÇOS

Entenda o “Capitalismo de Laços”, o exemplo do Capitalismo de Estado no Brasil

Perfil

Um ano de histórias

Cultura

Perfil sobre Artur Ávila, Obra de fotógrafo america- E ainda resenhas e crítirenomado matemático bra- no mostra que o cotidiano cas sobre cinema, música e literatura sileiro de 32 anos pode não ser tão monótono

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Fundadores Gabriel de Castro Marina Zani Rafael Barizan Thafarel Pitton

Editores EDITORA DE “REPORTAGEM”: Marina Zani EDITOR DE “CIÊNCIA”: Thafarel Pitton EDITOR DE “OPINIÃO”: Rafael Barizan EDITOR DE “CULTURA”: Gabriel de Castro

Marketing e publicidade Daniel Barizan

Diagramação Gabriel de Castro

Ilustração Gabriel de Castro

Revisão Geral Gabriel de Castro Rafael Barizan

Novas oportunidades, novos caminhos

“O

correio sai duas vezes por semana e os viajantes se juntam a ele: a isto se chama oportunidade.” Tal como os viajantes de Púchkin, a Revista Lampião surgiu a partir de circunstâncias favoráveis: pessoas dispostas a produzir algo novo, interessante, intelectualmente intrigante e boas ideias. Para lhe conferir identidade queria-se um nome que demonstrasse abertura de ideias, expansão dos horizontes, uma pretensão quase iluminista. Tudo isso em uma palavra, necessariamente em português e expressando suas aspirações. Esse percurso criativo que durou toda uma madrugada, nos levou

a um substantivo: Lampião, tanto por denotar uma ferramenta que ilumina caminhos, quanto pela referência ao personagem histórico. Uma mistura de misticismo, revolta, violência e mudança. Além de seu caráter genuinamente brasileiro, representante de um Brasil profundo. Pretende-se abrir novos horizontes a nossos leitores, trazer as discussões mais interessantes de nossa sociedade para seu universo cotidiano. A revista espera jogar luz sobre temas complexos, ditos inacessíveis, mas que abordados corretamente podem ser compreendidos por qualquer pessoa. Quer também trazer opiniões por meio de artigos de opinião bem construí-

editorial

dos e resenhas do que há de melhor no mundo da literatura, música e cinema. Os objetivos são nobres, tal como os caminhos para alcançá-los, mas independente dos escolhidos sempre haverá pedras. Pedras que mudam conforme o caminho que se escolhe e quem o percorre. Nossa proposta é, pois, de desafiar intelectualmente nossos leitores, exigir o máximo de sua capacidade e proporcionar-lhes uma estrada segura para esse percurso. Convida-se a todos a compartilhar dessa experiência, não somente como leitores, mas também como eventuais colaboradores dessa empreitada.

Contato e-mail: revistalampiao@gmail.com site: www.revistalampiao.com www.issuu.com/revistalampiao mídias sociais: www.facebook.com/revistalampiao www.twitter.com/revistalampiao

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Edição nº 1 >> Fevereiro de 2013 Todos os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista. É proibida a reprodução de textos ou imagens sem a prévia autorização dos editores.

índice

7. Entrevista

19. Capitalismo de Laços

Entrevista com o prefeito Florisvaldo Fiorentino

Entenda como funciona o chamado “Capitalismo de Laços”, o exemplo de Capitalismo de Estado no Brasil

12. Ciência O que de mais importante aconteceu nas áreas de ciências exatas e biológicas

13. Opinião Uma seção reservada discussão e debate de ideias

à

exposição,

Nessa edição:

Biologia & Política Como a vida se tornou importante para os políticos

Livraria ou supermercado?

O fenômeno de best-sellers estrangeiros, que, em

25. Cultura Resenhas, artigos, reportagens: tudo sobre cultura que você não encontra em outro lugar

Nessa edição:

Ela está de volta Depois de recesso de 6 anos, A Rádio Rock está de volta ao ar

Um ano de histórias Projeto do fotógrafo Theron Humphrey reúne fotos sobre o cotidiano de diversas pessoas

muitos casos, pecam na qualidade do texto

De novo, de novo!

Começa o ano e com ele vem uma nova edição do BBB e uma onda de falsos moralistas

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33. Quem escreve Algumas palavras sobre as mentes por trás da revista


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Entrevista com Florisvaldo Fiorentino

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umo a seu terceiro mandato como prefeito da cidade de Ibitinga, Florisvaldo Fiorentino concedeu entrevista à Revista Lampião, e contou-nos alguns de seus planos para os próximos quatro anos. Foram mais de 50 minutos conversando com o atual prefeito. Ele não se cansou de dizer o quão ruim é a atual situação financeira da prefeitura, mas garantiu que Ibitinga irá avançar em suas mãos. “Dada à situação econômica do município, nós temos que priorizar, e a prioridade hoje se chama Saúde Pública”, disse o prefeito. Confira uma parte da entrevista. Para acessá-la na íntegra, basta entrar em nosso blog (revistalampiao.wordpress.com).

Revista Lampião: Bom dia, prefeito. Bom, primeiramente, o senhor poderia nos contar um pouco sobre sua trajetória política? Florisvaldo Fiorentino: Eu ingressei na política em 1976, porque eu entendia que a participação na política é praticamente um dever do cidadão. A política está descredibilizada hoje pela má conduta de alguns políticos. Mas a política na sua essência é muito benéfica e necessária. Eu entrei na política em 76 como vereador; fui um dos vereadores mais votados. Entrei com 24 anos na política. Depois, em razão da minha atuação como vereador, eu fui escolhido para ser candidato a vice-prefeito do então prefeito, o saudoso Nicola, e fui vice-prefeito do Nicola em dois mandatos. Depois eu saí candidato a prefeito mesmo e fui eleito em dois mandatos ininterruptos: fui o primeiro candidato a ser reeleito quando a lei admitiu a reeleição. E agora, novamente, fui eleito pre-

Divulgação

feito, pela terceira vez. Então eu tenho uma trajetória de 34 anos em Ibitinga Lampião: O senhor tem conhecimento da atual situação da prefeitura de Ibitinga? Florisvaldo: Eu não tenho totalmente porque não houve transição. Eu peguei apenas a chave como transição, quanto ao conteúdo eu não tive acesso a nada. Tanto é que hoje eu estou pasmo. A prefeitura não é aquilo que se pregou nas Eleições, na campanha. A prefeitura está muito ruim economicamente. A prefeitura não pagou ninguém. Deve coleta de lixo, deve coleta de lixo hospitalar, deve apostilas. Enfim, não tem onde você não ponha a mão na prefeitura que não tenha dívida. Quanto ao espaço físico, está bem abandonada. Vou ser sincero: até eu que era candidato de oposição, que tenho experiência política, fiquei pasmo da forma que encontrei a prefeitura. Abandonada em todos os sentidos: espaço físico; cidade, que dizia que estava tudo em ordem, tinha entulho nas vilas; um serviço essencial, de primeira necessidade, que é a coleta do lixo hospitalar e de farmácia, já tem seis meses que a empresa não recebe pelo serviço; a empresa que coleta do lixo urbano em Ibitinga não recebe também há seis meses, são R$270 mil por mês. A prefeitura suspendeu as férias dos funcionários porque não tinha dinheiro para pagar. Tenho que pagar agora as férias de alguns funcionários e suspender de outros, porque não tem recurso em caixa para pagar. A situação que deixaram a prefeitura de Ibitinga é caótica, ao meu ver. Vamos ter que trabalhar muito. Por exemplo, a Feira do Bordado: a estrutura da feira do ano passado

não foi paga até agora. Nós vamos ter que pagar duas feiras em uma só. Comprometeu toda a administração. Vamos ter um ano muito difícil agora. Estou sendo franco para você: vamos até fazer coisas por Ibitinga, mas com recurso externo, vindo da união, do estado. O dinheiro do município está praticamente comprometido por três anos, na minha modesta opinião. Lampião: Qual é o orçamento de Ibitinga para este ano? Florisvaldo: O orçamento de Ibitinga hoje, nós levantamos, é totalmente fantasioso. É uma peça sem credibilidade nenhuma. Estamos refazendo esse orçamento e vamos reenviar para a Câmara, mas chega na casa dos R$95 milhões. Lampião: Uma questão polêmica nos últimos anos tem sido a obra do Teatro Municipal, iniciada pelo senhor e descontinuada por seu sucessor. Ela será retomada? Quais os motivos que o senhor acredita terem levado o ex-prefeito Marco Fonseca a pará-la? Florisvaldo: Eu acho o seguinte: sou contra paralisar obra. Obra tem dinheiro público envolvido. Se tem um defeito ou alguma coisa, tem que penalizar quem errou, ardilosamente ou culposamente. revista LAMPIÃO

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Mas a obra tem que continuar e ser colocada a disposição da população. Nós vamos continuar a obra, sim. É óbvio que vamos precisar de uma autorização judicial, porque eles entraram com uma ação contra mim, os engenheiros e as empresas que prestavam serviço no teatro. E, quando existe uma ação em andamento, há a necessidade de uma autorização da Justiça para se continuar a obra. Mas isso nós vamos fazer rapidamente, e nosso objetivo é terminar o teatro o mais rápido possível, pois entendo que é uma prioridade. Lampião: Ainda quanto a infraestrutura de Ibitinga, quais são suas prioridades? Florisvaldo: A minha prioridade em infraestrutura se chama tratamento de esgoto. É uma obra que eu entendo como “prioritaríssima”, porque ela atende vários requisitos. Primeiro, de ordem ambiental. Ibitinga é a única cidade da microrregião que está contaminando os nosso rios com os esgotos in natura. Está sendo despejado 100%, não tem sequer 1% de esgoto tratado em Ibitinga. Esse é o trabalho pelo qual já fui pra São Paulo duas vezes e conversei com o governador em uma oportunidade, e quero estabelecer como meta prioritária em minha administração. Não adianta sonhar muito alto. Hoje eu penso assim: a prefeitura tem que trabalhar no fomento. Fomentar para que empreendedores novos possam vir para Ibitinga, para que possa gerar emprego e renda, porque a prefeitura não faz milagre. Tenho dito que é melhor que tenha um povo rico e a prefeitura pobre, pois, se a condição de vida do povo for boa, menos problema para a prefeitura, inclusive de ordem social. Acho que de infraestrutura, temos de passar o básico para a nossa população e dar sustentação para a nossa maior fonte de renda, que é o bordado.

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Lampião: Há diversos relatos de que os serviços de saúde em Ibitinga estão em situação precária. Qual seu ponto de vista sobre isso? Quais medidas serão ou estão sendo tomadas para resolver esses problemas? Florisvaldo: A saúde pública está um caos em Ibitinga. Fazia oito meses que não se fazia um parto de gestantes carentes em Ibitinga. Nós já começamos a fazer. O paciente pobre tinha que comprar o remédio na farmácia e levar à Santa Casa porque lá não tinha. Remédios básicos para tratamentos contínuos, como o diabetes, estavam em falta há três meses. Primeiro nós temos que recuperar a credibilidade. Hoje nós não temos saúde em Ibitinga. Você vai no Centro de Saúde e não tem um pediatra lá. O espaço físico do Centro de Saúde era sujo, faltava material de limpeza, papel higiênico nos banheiros. Não tinha profissionais qualificados para trabalhar na área da saúde. Os médicos estavam fazendo greves por aí por conta de falta de salários. Os funcionários da saúde da Santa Casa não recolhem o Fundo de Garantia há mais de dois anos. Como você vai fazer saúde desse jeito? Você tem que ter um pessoal qualificado e incentivado para o trabalho. Hoje não existe o básico, que é o ânimo dos profissionais, para se desenvolver uma saúde perfeita. E a saúde é um saco sem fundo, vai dinheiro que dá medo. Tem prefeito que costuma priorizar a obra para pendurar a placa dele lá. Na área de saúde, não tem lugar para pendurar placa, mas é a área mais nobre da administração pública.

Quero avançar na área da saúde, e já estamos avançando. Se você chegar na Santa Casa hoje, verá ela diferente. Antes, não tinha o lençol para por nas camas, o cheiro de sujeira era perceptível quando você entrava lá. Não tinha comida. Hoje o freezer já está cheio lá para cozinhar para o pessoal do SUS. Tínhamos uma UTI sem respiradores, e hoje já mandamos consertar vários respiradores. Estamos adequando devagar.

“Não adianta Lampião: E quaneducação, quais sonhar muito tosãoàsuas propostas? A demanda por mão de alto. Hoje eu obra qualificada em é muito granpenso assim: Ibitinga de e parece haver uma a prefeitura grande dificuldade encontrá-la, quais tem que tra- de suas ideias para sanar problema? balhar no fo- esseFlorisvaldo: Existe mento” sim uma desqualifica-

ção da mão-de-obra em Ibitinga. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) estabelece limite mínimo de gastos na educação. O prefeito tem que gastar 25% da sua arrecadação na Educação. Eu vejo que gasta-se o dinheiro mas não se investe na qualificação do profissional na área da educação. Lampião: Dois dos projetos do candidato Marco Fonseca quando ele foi eleito eram a internet de graça e o hotel que seria construído na antiga Cesp. O senhor tem a intenção de dar continuidade a esses projetos? Florisvaldo: Ele não fez projeto, ele só prometeu. Projeto tem pés no chão, mostrar de onde vai tirar recursos para fazer. Ele fez uma promessa pública. Eu confesso a você que o hotel é de iniciativa privada, e não do poder público. Como que o prefeito vai prometer uma coisa que ele não tem condições de fazer. Não vou fazer promessas vazias. Não vou prometer hotel estância,


revista não. Não cabe no orçamento do município. Ele andou com uma maquete para mostrar por aí. É um absurdo, uma enganação. Isso é para a iniciativa privada. Essa maquete foi feita na época do Nicola, e desde então políticos a usam como artifício para conseguir voto. Eu não vou prometer isso. Se algum empresário quiser investir, vamos conversar, mostrar o potencial hídrico da cidade. Mas a prefeitura investir? É humanamente impossível isso. Não cabe no orçamento do município uma obra dessa magnitude. Já a internet, eu vejo [um futuro], sim. Mas você viu que ele prometeu internet para a cidade toda e hoje não temos internet nenhuma. Até tem uma torre aí, mas sem autorização para que ela possa servir como suporte para o estabelecimento da internet na cidade. É um projeto para se desenvolver gradativamente, para, quando ele for implantado, que seja para uso da cidade, e não só de algumas pessoas. Algumas cidades já até implantaram, mas com um trabalho desenvolvido gradativamente. Vamos continuar trabalhando com a internet, sim, mas não em sonho colorido, porque nós sabemos que ele é preto e branco. Tem que ir devagar. Lampião: Quanto à Feira do Bordado, no ano passado se viu muita má organização na realização do evento. O senhor tem planos já para a próxima edição? Florisvaldo: Planos nós temos, mas para colocar o plano em prática eu volto à estaca zero: precisa de recursos econômicos. O ex-prefeito [Marco Fonseca] não fez crescer a qualidade da feira em sua essência. Ele fez inchar a Feira do Bordado. Basta você levantar estatisticamente e economicamente qual foi o lucro da feira para os expositores, e não para o município, que a Feira do Bordado só cresceu em seu es-

paço físico, mas, em sua essência, ela andou para trás. Porque o entretenimento da feira é uma coisa, mas sua essência é o bordado. Essa última feira foi uma catástrofe. 90% dos expositores levaram prejuízo, seja por falta de divulgação, por falta de organização. Tenho planos, sim, na minha cabeça. Tenho planos mirabolantes. Mas tudo isso depende de recursos econômicos. Não é sonho. Não adianta fazer lá em cima um espaço só para o show e deixar o pessoal lá da praça de alimentação totalmente desprovido de renda. Levaram prejuízo. E vamos fazer a feira com pés no chão. Não adianta também trazer os melhores artistas e depois faltar remédio na Santa Casa. Lampião: Qual a opinião do senhor sobre o polêmico aumento de 132% que os vereadores aprovaram ano passado e que teve grandes reflexos na eleição municipal desse ano levando a uma renovação de 80% da Câmara? Florisvaldo: Sempre fui contra. Acho que tem que existir coerência dos políticos na atualidade em termos de remuneração. Como é que se pode admitir que o prefeito aumente 1,7% do salário do funcionário público e um vereador faz um aumento de 132% de seu salário. É um absurdo isso. E existe uma ação civil pública para derrubar esse aumento. Mas a lei é clara: a iniciativa, nesse caso [aumentar os próprios salários], é do Legislativo. É da Constituição isso, e não tem como o prefeito se envolver, pois ele não tem legitimidade para interferir nesse processo.

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olhos. Com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal, os abusos se reduziram muito por parte dos administradores, porque o prefeito (o administrador, o governo) era tido como o dono da bola, o coronel das coisas, e não é assim. O prefeito hoje é um servidor público. É um cumpridor de leis. E a LRF impôs certos requisitos, certas metas, para fazer com que esse abuso se estancasse. Embora nós tenhamos em Ibitinga um exemplo: não adiantou a lei. O ex-prefeito afrontou o artigo 42 da lei. Ele tinha a obrigação de entregar a prefeitura saneada e não entregou. Entregou quebrada. Mas isso é para os administradores leigos, que não tem conhecimento da lei, que querem ser maiores que o rei. Então eu vejo que a LRF foi muito benéfica para o nosso país, ela reduziu muito os abusos. Esse artigo 42 - que limita o prefeito às despesas em ano eleitoral, quando ele tem que fechar o mandato dele batendo receita e despesa - foi muito bom para a nossa sociedade.

Lampião: Por fim, como o senhor vê a atuação dos meios de comunicação em Ibitinga? Florisvaldo: Infelizmente eu avalio mal. Existe mais interesse político e econômico do que levar à população a realidade dos fatos. Eu vejo que aqui a imprensa se envolve politicamente com interesses financeiros, e o trabalho da imprensa é muito maior que isso aí. É óbvio que é uma empresa, e se deve receber, mas eu sou contra se envolver assim na política, ter facção, ter uma lado, porque assim as divulgações ficam, ao meu ver, maculadas. Você vai levar só um lado para a população quando na Lampião: Já como advogado e verdade o papel da imprensa é ser prefeito em seu terceiro mandato imparcial e levar todos os lados. como o senhor vê a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal)? O sePara acessar a entrevista comnhor acha que o direito financeiro pleta, visite nosso site: tem cumprido sua função? www.revistalampiao.com Florisvaldo: Eu a vejo com bons revista LAMPIÃO

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Ciência Sobre Bósons e Zumbis por Rafael Barizan

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LHC (Large Hadron Collider), localizado em Genebra, é o local de trabalho dos sonhos de milhares de físicos ao redor do mundo. Nessa grandiosa máquina, que se estende por 27km, as mais emocionantes descobertas da física vem sendo realizadas, como a constatação da existência do Bóson de Higgs (partícula elementar que confere massa à matéria). A gigante estrutura do complexo, com milhares de túneis escuros, cabos, e sensores, além do clima “ficção científica” de suas salas abarrotadas de computadores e cientistas, levaram o estudante da Universidade de Manchester, Luke Thompson, a comentar com seus colegas: “A atmosfera sombria desses túneis seria o local perfeito para um filme de terror.” A ideia ganhou vida em 2010 quando Thompson se associou a Clara Nellist outra pós-doutoranda aficionada por filmes de terror, em especial de zumbis. Thompson escreveu o roteiro e se tornou diretor da produção, enquanto Nellist assumiu o posto de diretora assistente. O filme, posterior-

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Arthur em Campo Reprodução

mente denominado Decay, seria sobre um grupo de jovens cientistas que trabalham em um experimento com radiação no LHC. Uma falha transforma alguns dos estudantes em zumbis. Apesar da trama pouco original, eles acharam que seria a oportunidade perfeita para zombar de conceitos pseudocientíficos muito difundidos tanto pela população quanto pela mídia. “Pareceu uma ótima oportunidade para fazer uma sátira de todas as histórias que vem sendo contadas sobre o LHC, como a de que geraria um buraco negro destruindo a Terra”, afirmou Thompson em artigo recente. O filme, de baixo orçamento, foi financiado pelos próprios estudantes e lançado recentemente para download gratuito. Como lembrou Thompson: “Nós recebemos uma rara e incrível oportunidade de fazer algo divertido e maravilhoso, então ganhar dinheiro com isso nunca foi nossa maior preocupação.”

Mais... ... Assista ao filme no site www.decayfilm.com

por Rafael Barizan

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m uma madrugada qualquer Artur Ávila acorda e perde o sono. Para se distrair na vastidão do silêncio noturno começa a pensar em um problema que deixara para trás há seis anos. Não um problema cotidiano, como uma discussão ou um revés, mas sim um problema matemático. Tentava combinar dois objetos sem sucesso. Contudo com uma mudança de perspectiva, uma lufada de inspiração o tomou: “Mas se eu mudo a perspectiva, ele se revela como isso. Ele é isso. Posso seguir adiante”. Após essa conclusão Artur decidiu “atacar o objeto por todos os lados” e trabalhou incansavelmente por dez dias buscando a solução do problema. Finalizada a prova por absurdo, acabava de avançar significativamente na solução de um problema originário da física: a equação de operadores de Schrödinger quase-periódicos. O problema, até o momento, só tinha sido compreendido de forma parcial. Porém a intuição de empregar sistemas dinâmicos para o analisar permitiu seu entendi-

Perfil Luciana Whitaker / Folhapress

mento global. Essa é somente uma parte da vida de Artur Ávila, mas, com certeza, a mais interessante. Carioca de 32 anos, vive entre o Rio de Janeiro e Paris, é pesquisador do IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada) e do Centre National de la Recherche Scientifique. Gosta de ir à praia, comer bem quando está em Paris, passar uma tarde com seus amigos e pedalar pelo Leblon, bairro onde mora com sua esposa, a economista Susan Schoomer, que faz pós doutorado no IMPA. A trajetória de Artur é impressionante. Concluiu seu mestrado, iniciado enquanto ainda era aluno do ensino médio, em 1997 e seu doutorado junto a sua graduação em 2001. Fato esdrúxulo, mas explicável pela burocracia brasileira. Aos 33 anos, já publicou mais de quarenta artigos acadêmicos, inclusive nas mais prestigiosas publicações da área: Annals of Mathematics, Acta Mathematica e Inventiones Mathematicae. Atualmente é o candidato brasileiro com maiores chances de ganhar o prêmio Nobel da Matemática, a Medalha Fields.


Biologia & Política

Opinião

Como a vida se tornou importante para os políticos por Thafarel Pitton

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sexta-feira, e a cidade está apreensiva. Na praça central já foi erguido o palanque e os técnicos dão os últimos ajustes dos microfones, instrumentos musicais e iluminárias. Algumas mulheres retocam as decorações enquanto outras, as suas maquilagens. Trata-se de um comício, seguido de um grande e pomposo show. Os homens mais ilustres estarão presentes, os padres, os críticos, e a população que receberá seus candidatos de braços abertos. É um evento e tanto e ninguém pode cometer o menor dos erros; qualquer tropeço significa a perda de uma eleição e todo seu investimento. Oito horas da noite, palco cheio, praça lotada. Abrem-se as cortinas e já! Um homem, já calejado pela idade, candidato da oposição a prefeito da localidade, começa seu discurso de maneira bem diferente, vamos a ele: – Senhoras e Senhores dessa maravilhosa cida-

de. Hoje venho até vocês não com o mesmo discurso de meu oponente, mas com uma crítica a algo muito perigoso que tem sido feito em nossa querida cidade. Todos sabemos que os resíduos químicos da única empresa daqui são todos despejados próximo a nascente de nosso rio, contaminando a água que nossas crianças bebem todos os dias. Por isso, não prometo grandes mudanças nessa cidade, apenas garanto a construção de um sistema de tratamento de água e esgoto e fiscalização da empresa e seu dano a natureza, fazendo-a reparar seus danos.” Caro leitor, todos sabemos que muitos brasileiros não se interessam por economia, gestão publica ou quaisquer outros assuntos que se referem à administração de uma cidade ou um país. Muitos só se importam com o asfalto de suas ruas, com o preço do combustível e com os feriados que tardam a chegar. Entretanto,

duvido que haja alguém nesse país que não reflita sequer um minuto quando o assunto é sua própria vida e saúde. E foi pensando nisso que muitos partidos políticos tiveram a grande sacada, a idéia genial, de simplesmente apelar pela vida de seus tão queridos brasileiros. Partidos como o PV ou o PSOL, que defendem com unhas e dentes nosso patrimônio ecológico, que lutam pela integridade da área verde brasileira, provavelmente estão utilizando de uma ferramenta de marketing para atrair eleitores. Digamos que eles tivessem realmente uma boa intenção, e que o poder fosse apenas algo secundário de seus almejos, até que ponto poderíamos confiar em políticos com promessas ecológicas? Sinceramente, acho pouco provável que promessas ecologicamente corretas saiam do papel, pois são mais caras e exigem maior controle, fiscalização e investimento.

Penso que a biologia passou a ser uma ferramenta de propaganda, ilustrando um governo digno e preocupado com o bem estar de sua população. Em outras palavras, puro marketing. Olhe para o problema de “Belo Monte”, para a “Transposição do São Francisco”, para as “Madeireiras Ilegais da Amazônia”: um prato cheio para uma propaganda sensacionalista de um governo preocupado, não? Isso, caro leitor, aumenta nossa responsabilidade e necessidade de estarmos integrados com as questões biopolíticas de nosso país, de estarmos preparados para discussões que envolvam fatores ecológicos, sociais e financeiros. Exige que saibamos biologia, economia e política. Para que promessas de um governo que visa a vida, em primeiro lugar, se transforme em alguma ação concreta e não apenas propaganda. Estudem, pesquisem e sejam críticos.

Gabriel de Castro

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Livraria ou supermercado? por Rafael Barizan

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odos os anos, assistimos inertes ao mesmo fenômeno: algum livro estadunidense traduzido muitas vezes às pressas e com baixa qualidade se torna um best-seller e entra para as listas dos mais vendidos de todos os jornais e revistas que ainda mantem esse anacrônico termômetro de qualidade ou preferência em suas páginas. Editoras ao verem seus livros nessas listas deleitam-se, mas o leitor menos informado ou iniciante ilude-se e pensa ser esse o grande panorama da literatura mundial. Não é ruim que se traduzam obras que tenham alcançado a popularidade em outros cantos do globo. O grande problema é o exagero das editoras brasileiras na quantidade que o fazem e na massificação que promovem dessas traduções. Tem-se a impressão ou de que não há autores brasileiros em número suficiente para suprir a demanda do mercado editorial ou sua produção é de baixa qualidade. Impressões falsas. A literatura brasileira vai muito bem, só não melhor diante do pouco caso que dela fazem as grandes editoras. Entra-se, hoje, em qualquer livraria e depara-se com pilhas e pilhas da trilogia de soft porn “Cinquenta Tons De Cinza”. Em toda parte, empedernidas senhoras, religiosas conservadoras para as quais um tema como o aborto ou o uso de preservativos são tabus, mães que educam suas filhas para serem princesas, executivos e outros tipos sociais avessos a qualquer forma de pensamento menos reacionário desfilam com seus exemplares no transporte público, em praças ou em qualquer outro local sem nenhum pudor. Mais contraditório impossível. Enquanto isso, nas prateleiras

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ou em destaque, não figura toda uma nova geração de autores brasileiros, ou até mesmo os consagrados com os mais importantes prêmios literários do país. Conto-lhes uma experiência pessoal para ilustrar o fato. Pude esse ano participar da entrega do prêmio São Paulo de Literatura e conferir seus vencedores, bem como conversar com alguns de nossos promissores autores da nova – em alguns casos, não tão nova – geração. Já havia lido alguns deles, mas não o livro vencedor da noite: Vermelho Amargo, de Bartolomeu Campos Queirós. Na semana seguinte decidi ir procurá-lo em uma livraria. Após algum tempo de procura infrutífera decido perguntar a um vendedor sobre o livro. Alguns minutos depois pesquisando em seu computador descobre que há um único exemplar em toda a livraria, vai em busca dele e o trás para mim. Qual não é meu espanto diante dessa cena. O livro acabara de vencer um dos mais importantes prêmios da literatura brasileira e não havia mais do que um único exemplar

no local, não se encontrava nem em destaque, mas escondido em algum fundo de prateleira da seção de literatura nacional. Comento com o vendedor, na esperança de que algo seja feito, que acho estranho o livro não estar em destaque apesar de ter ganho o prêmio. O vendedor se espanta diante da “novidade” e corre para o telefone contatar seu gerente e o avisar que os ingleses venceram a batalha de Waterloo. Nos dias seguintes passo pela livraria e sempre procuro o livro, acabo o encontrando. Sim, eles conseguiram mais alguns exemplares, mas ao contrário de outras obras foram colocados todos juntos em um espaço de semi-destaque, sem nenhuma referência ao prêmio conquistado. Essa falta de valorização de nossa literatura me parece mais uma das facetas do que Albert Hirschmann ao estudar a América Latina denominou de síndrome da “fracassomania”, isto é, a insistência em apontar as dificuldades e em não reconhecer os avanços. Essa síndrome ainda atinge uma parte dos brasileiros. É inacreditável como Rafael Barizan


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“Cinquenta tons de cinza”, da escritora inglesa E.L. James, infestou as livrarias do Brasil, inclusive a Livraria Cultura, em São Paulo

muitos ainda afirmam com emoção e até uma pontada de superioridade intelectual como o Brasil está atrasado em relação a outros países. Vivem a criticar qualquer aspecto de nossa cultura e valorizam tudo que é europeu ou estadunidense. Querem um modelo de vida hollywoodiano. São os nossos Almeidinhas (para quem não conhece o tipo, leiam a brilhante crônica “Direitos Humanos para Humanos Direitos” de Matheus Pichonelli publicada recentemente no site da revista Carta Capital). Nesse contexto, não é difícil de entender a subvalorização da literatura nacional. Muito torcem o nariz aos nossos excelentes autores, mas não resistem ao primeiro refugo importado que encontram a sua frente. As editoras, empresas que como qualquer outra têm como escopo o lucro, atendem a essa demanda. Contudo, não deixam de ter grande parcela da culpa pelo fenômeno, afinal se disponibilizassem mais livros de nossos autores nas prateleiras com certeza teriam retorno. Perpetuam ainda um ciclo vicioso, pois, em geral, publicam baixa tiragens dos autores nacionais elevando o preço de

LAMPIÃO Rafael Barizan

suas obras em comparação com as traduzidas que apesar desse custo se tornam baratas devido a suas monumentais tiragens. Que falta faz a ousadia de uma José Olympio e sua coragem de imprimir milhares de volumes de nossos autores. Não se desespere leitor, nem tudo está perdido. Como já apontei há uma enorme gama de autores brasileiros de ótima qualidade. Cabe a você os incentivar conhecendo suas obras, comprando-as e lendo-as. E, por que não, divulgá-las utilizando táticas de guerrilha literária. Vale ir a livraria, coletar alguns volumes e distribui-los sobre as pilhas de best-seller estadunidenses, comentar nos sites das livrarias sobre suas obras nacionais preferidas ou se valer do sempre bom e velho boca a boca. Ofereço, agora, uma pequena lista de autores brasileiros contemporâneos e menos conhecidos que valem a pena serem buscados e lidos. Primeiramente o finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Jabuti, Chico Lopes. Em especial, seu último livro o Estranho no Corredor. Uma bem elaborada expressão da da dualidade do quadro ental em expressar o quadro mental da província, abafado e pequeno e o anonimato das grandes cidades na vida de um homem solitário aspirante a escritor. O autor consegue com que a sintaxe trabalhe a favor de seu estilo e este da visão, de tal forma que as descrições da realidade, a princípio, muito objetivas logo se transformam em grandes recortes expressionistas dos fatos. Não é possível deixar de notar uma influência de Graciliano Ramos (autor em destaque pela comemoração dos 120 anos de seu nascimento) nessas passagens, em especial da correlação com Luís da Silva de Angústia. O já referido Vermelho Amargo de Bartolomeu Campos Queirós também se mostra vigoroso, em es-

pecial na condução da história por metáforas. O narrador, um menino, nos faz ter ao longo do romance nossa própria infância como coadjuvante. Suas diferentes interpretações da realidade também afloram ao longo do livro, nos lembrando da capacidade de imaginação dos mais jovens. Por questões de espaço, limitarei a citar nominalmente mais alguns autores (faço a advertência que há muitos outros por aí, bem como os já de maior renome ou já pertencentes a uma ou duas gerações anteriores. Deixo a tarefa ao leitor de os encontrar): Cristovão Tezza, Marçal Aquino, Milton Hatoum, Marcelo Mirisola, Noemi Jaffe, Luiz Ruffato. revista LAMPIÃO

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De novo, de novo! por Gabriel de Castro

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ia 8 de janeiro de 2013. O reality show de maior audiência do Brasil finalmente voltou a ativa com mais uma esdrúxula edição cheia de estereótipos, de armações, esquemas e manipulações. O Big Brother Brasil voltou, agora em sua 13a edição. Difícil é entender como o programa alcançou tanto sucesso nesses mais de dez anos. Já virou clichê criticar o programa, criticar a Globo e dizer que a emissora manipula o público ao televisionar o reality. Muita gente utiliza de suas redes sociais para demonstrar um “pseudocultismo”. Pode-se dizer que hoje, ao analisar as redes sociais, o hipster, na verdade, gosta de BBB. Essa tentativa de se mostrar melhor do que realmente é para as outras pessoas não é nenhuma novidade. Antes de entrar nessa discussão, no entanto, falemos da falta de qualidade do programa. Argumento número 1: armação. O que pelo nome (reality show) deveria ser uma exposição da realidade - até mesmo uma “animalização” de seres humanos, podendo inclusive se transformar em uma espécie de apresentações que se via no

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Coliseu na Idade Antiga - na verdade se transformou em uma novela vestida de realidade. Tudo que acontece por lá, se não é, ao menos parece artificial. Segundo lugar: são absurdos os estereótipos encontrados no programa. Hoje, não há nenhuma diversidade no programa. Não, não há nenhuma discriminação quanto à orientação sexual, quanto à etnia ou quanto ao gênero (como virou moda criticar). No entanto, o que se vê na casa do BBB é um bando de homens fortões e mulheres com estilo de “panicats”. Mas a pior das características do Big Brother Brasil é a falta de conteúdo intelectual do programa e dos participantes. Se algum deles é de fato inteligente e capaz de levantar um debate sobre um assunto relevante, pelo menos ele não o mostra durante o programa. Brigas: é isso em que consiste o programa. Alguma “treta” vai aparecer durante o reality show. Voltando ao ponto inicial, apesar de todos os defeitos que o programa apresenta, os índices de audiência e participação do público são meteóricos. Somente na última edição, a final contou

com quase 155 milhões de votos. Considerando que a estimativa populacional do Brasil hoje é de 194 milhões e que cada pessoa tenha votado uma única vez, isso equivale a quase 80% da população votando. É lógico que isso não corresponde à realidade - seria algo invejável se o programa alcançasse tamanha proporção nacional. No entanto, esses números ainda são exorbitantes. Alguns abaixos assinados, como o da campanha Não foi acidente, precisam de menos de 1% desses votos e ainda não consegue atingir a meta. A campanha citada precisa de 1 milhão e 300 mil votos para tentar mudar (para melhor) as leis de trânsito no Brasil. Um ano depois do seu começo, a campanha ainda não chegou à metade dos votos necessários. Mas, novamente, não venho aqui para criticar o programa, já que parece redundância falar que o Big Brother Brasil é ruim. O que eu pretendo aqui é criticar a maioria das pessoas que criticam o BBB. Não há como a discussão não cair no seguinte tópico, e também não vou evitar isso: a sociedade, em geral (apenas para não generalizar), é hipócrita. Muita gente se

cansa de criticar a Globo pelo seu trabalho, e não sou eu que vou discordar disso. Mas é hipocrisia das pessoas em criticar a Globo por ações que, no cotidiano, essas mesmas pessoas também cometem, em proporções menores talvez. Muitos acusam o Criança Esperança de ser uma forma da emissora obter dedução fiscal, o que não é permitido nesse caso. No entanto, muitos desses que criticam sonegam imposto, não pagam imposto sobre a loja que possuem sem registrar. Quero reforçar, para que ninguém ache que eu estou aqui como “cavaleiro” defensor da Globo, já que não é isso que eu pretendo fazer. Acho que muitas das coberturas realizadas são questionáveis; os próprios telejornais, na maioria dos casos, não possuem qualidade; a grade de programação é muito fraca, etc. No entanto, tentem, antes de apontar o dedo para o vizinho, olhar para o seus próprios jardins (desculpe pelo clichê, mas pareceu apropriado). Não digo também que nada deva ser criticado, mas que ao menos parem de ser falsos moralistas e ignorar a sua própria sujeira.


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Capitalismo de Estado o caso brasileiro Texto e fotos: Rafael Barizan Ilustraテァテ」o: Daniel Barizan Revisテ」o: Gabriel de Castro

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O que é

Capitalismo de Estado?

Os antes poderosos oligarcas russos foram substituídos por ex-oficiais da KGB que possuíam profundas ligações com Vladimir Putin. Os resultados dessas ações aparecem na bolsa de valores russa: hoje, metam 1989, o mundo assistia atônito a queda de de seu fluxo deriva das ações das estatais Gazprom do muro de Berlim. O fato marcaria o iní- e Sberbank. Na China, o fenômeno do Capitalismo de Estado cio de uma década na qual se acreditou que o capitalismo de matiz neoliberal havia de- é extremamente forte. Sendo um país comunista e finitivamente vencido como único modelo de desenvolvimento econômico. Na década de 1990 Porcentagem de Capitalização das Empresas Estatais e/ou de o desmantelamento das economias de planejamento Controle Estatal no Índice MSCI de Mercado de Ações Nacentralizado resultantes do colapso da União Soviéti- cional ca e a falência dos demais estados que dela dependiam como Cuba somente vieram a confirmar essa impressão. Nesse contexto, o denominado Capitalismo de Estado, isto é, a intervenção do estado na economia direta ou indiretamente para fomentar o desenvolvimento de um país perdeu força e muitos afirmaram que o papel do Estado como agente econômico estava sepultado. Entretanto, esse modelo se desenvolveu com espe- A presença de estatais no Brasil como se nota é uma das menores entre cial força nos países do BRIC. Na Rússia, após o gover- os BRICS, o que leva alguns economistas keynesianos a questionarem se no de Yeltsin e a corrida selvagem para desestatizar a não seria o caso de termos uma maior atuação do Estado na economia economia houve um fenômeno de reconcentração das (Fonte: Deutsche Bank) grandes companhias em poder do estado. Dessa vez por meio de participações acionárias e não por meio com economia planejada, o Partido Comunista exerde controle direto. Alguns setores foram inclusive ce grande influência não somente em suas numerosas renacionalizados, como a companhia Yukos, de Mi- estatais como em todas as firmas privadas em terrikhail Khodorkovsky, que já fora o homem mais rico tório chinês. O partido exerce esse poder por meio da Rússia. A Gazprom, um gigante estatal,comprou a de dois órgãos principais: a Comissão de Supervisão Sibneft, de Roman Abramovitch. e Administração de Ativos Estatais (CSAAE) e o Departamento de Organização do Partido Comunista. Porcentagem de Empresas Estatais e/ou de Controle Estatal no Índice de MerA CSAAE é o principal condutor cados Emergentes do MSCI por Setor Industrial dessas políticas. Por meio dela o partido busca criar campeões nacionais consolidando vastos setores da economia nas mãos de poucas e grandes empresas. Essas empresas também são incentivadas a crescerem verticalmente, isto é, controlar diversas etapas da produção de seus produtos, desde a extração da matéria prima até a venda ao consumidor final. Em geral, em uma economia de livre mercado a escolha das empresas é reduzir o risco de seus investimentos por meio da diversificação horizontal de seus ativos em diversos setores. O Departamento de Organização do Setores considerados estratégicos para a soberania de um país e sua defesa, como os de en- Partido Comunista se tornou o maior ergia e telecomunicações, são os que mais se encontram sob poder estatal. (Fonte: Deutsche departamento de recursos humanos Bank) do mundo. Ele é responsável por indi-

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car os mais importantes executivos das companhias Essas posições, apesar de minoritárias, quando unidas chinesas. Em 2004, trocou os controladores das três tem, em geral, força suficiente para decidir os rumos maiores companhias de telecomunicação do país; de grandes companhias. Além disso, nesse processo, já em 2009, foi a vez dos presidentes das três maio- o Estado brasileiro garantiu por diversas vezes a prores companhias aéreas; finalmente, em 2010, as três priedade de golden shares, que lhe atribuem direitos maiores companhias petrolíferas chinesas – cada uma específicos e exclusivos, como, por exemplo, decidir delas presentes na lista da Fortune 500 – também fo- sobre a exploração de minérios em determinadas reram substituídos. giões ou indicar funcionários do alto escalão das emEm vários países do Oriente Médio, a combinação presas. de regimes monárquicos e petróleo em abundância criou as condições perfeitas para o surgimento de um O controle do estado e as modelo peculiar de capitalismo, o Petrocapitalismo de Estado. As monarquias locais sempre usaram o pe- privatizações tróleo para se financiar. Contudo, essas monarquias Com o processo de privatizações empreendido nos prevendo o esgotamento de suas reservas têm tomado dois governos de Fernando Henrique Cardoso a intermedidas sofisticadas para diversificar suas economias. venção estatal na economia parecia ter sido enterrada Sua aposta se dá em especial na profissionalização de para sempre. Na época analistas liberais empolgados suas empresas e no incentivo à economia por meio não perceberam um estranho fenômeno que acompade grandes estatais que congregam a maior parte dos nhou todo o processo: a massiva presença de capital investimentos de infraestrutura. Em Dubai, os gover- público para que as empresas estatais fossem vendinantes da dinastia dos al-Maktoums, criadas. Fundos de Pensão e o BNDES foram amram a Dubai World, uma plamente mobilizados para holding que congrega toinjetar capital nas transações dos os grandes investimene garantir o interesse nos tos do emirado, desde a cileilões. Hoje, esses fundos dade marítima de Dubai detêm participações acionáaté a implementação de rias em inúmeras compazonas econômicas de nhias, com especial desalta tecnologia, como taque para a Vale. a Techno Park. O caso Vale é exemEsse modelo não plar desse processo. Em é, contudo, perfei1997, protestos ecloto. Suas principais diam em todo o país deficiências são o contra a privatização nepotismo e a formada empresa. Outras esção de bolhas. A Dutatais já haviam passado bai World, por exempelo processo, mas sem plo, acumulou mais de tanta repercussão. ContuUS$80 bilhões de dólares do, a Vale era considerada em dívidas ao construir as estratégica para os interesses ilhas em formato de palmeira nacionais e, na época, era a oitava do emirado e o Burj Khalifa, o prémaior empresa do país. Sua venda foi dio mais alto do mundo. efetivada para um consórcio heterogêneo, Fonte: Valor Grandes Grupos No Brasil, esse fenômeno é usualmente liderado por Benjamin Steinbruch, que já denominado de Capitalismo de Laços. Traera acionista de outras empresas privatizadas ta-se de um emaranhado de contatos, alianças políti- (CSN e Light). A ele se uniram bancos domésticos, cas e estratégias econômicas, isto é, as relações entre como o Opportunity e o Bradesco, o banco estadunios atores sociais visando fins econômicos. Além disso, dense Nations Bank e um grupo de fundos de pensão na estrutura societária brasileira verifica-se outro fe- estatais composto por Previ (Banco do Brasil), Petros nômeno peculiar, denominado por seus estudiosos de (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica Federal). o Leviatã como Acionista Minoritário, a presença do Passada mais de uma década, a Vale se tornou a Estado com posições minoritárias em diversas empre- segunda maior produtora mundial de minérios vensas por meio de fundos de pensão e bancos públicos. dendo especialmente para siderúrgicas asiáticas e revista LAMPIÃO

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apostando no vertiginoso crescimento chinês. Apesar disso, em Brasília sua estratégia de crescimento não era bem vista. Os gestores da política econômica de Lula estavam insatisfeitos com a venda de minérios brutos do país. Esperavam que a Vale fizesse investimentos que dessem ao Brasil maior poder competitivo no mercado internacional e agrega-se valor e tecnologia a seus produtos. Para isso a empresa deveria investir em siderúrgicas no território brasileiro. Outros conflitos surgiram, em especial quando a companhia tentou cortar mais de mil empregos. Esses fatores levaram o governo brasileiro a utilizar de seu poder de controle indireto para forçar a retirada do presidente da Vale, Roger Agnelli. A demissão de Agnelli demonstrou claramente o poder de intervenção do Estado brasileiro na economia e reforçou a noção de que nosso capitalismo se organiza em uma rede de relações entre atores econômicos (laços). Foi por meio dos laços dos fundos de pensão e do BNDES com outros atores bem conectados que foi possível a interferência – benéfica ou não, dependendo do ponto de vista – na empresa.

Sinais de Mudança A obtenção de recursos via abertura de capital prosperou no Brasil a partir de 2004. As duas primeiras empresas a abrir seu capital com sucesso estrondoso foram Natura e Gol arrecadando conjuntamente mais de 1,5 bilhão de reais. Uma onda de capitalização via bolsa de valores teve início. Entre 2004 e 2009 nada menos que 115 empresas abriram capital. Entre elas estavam as empresas de Eike Batista. O empresário foi o mais bem sucedido nessa empreitada: levan-

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tou mais de 9,5 bilhões de reais com as empresas MMX (mineração), MPX (energia) e OGX (petróleo). O feito e a posterior valorização dessas ações o colocaram entre os homens mais ricos do mundo segundo a revista Forbes. Parecia que o capitalismo brasileiro finalmente iria se financiar por meio do mercado sem depender do Estado. Os três pilares desse processo estavam presentes: novos empreendedores, maior pulverização de ações e práticas de governança diferenciadas (o segmento do Novo Mercado na BM&FBovespa). Mas, o sonho pouco durou. Em 2008, a eclosão da crise financeira internacional reduziu drasticamente o apetite dos investidores por novas companhias listadas a Bolsa. O empresariado antes empolgado com a ideia de se financiar somente pelo mercado reviu sua posição e voltou a saudar o papel do governo. Eike Batista afirmou na época: “O Brasil tem um modelo que todos querem copiar [...] Os Estados Unidos sonham em ter um BNDES como o nosso”. A orientação do governo também passou a incentivar grandes conglomerados nacionais a se tornaram campeões nacionais por meio da fusão de gigantes de um mesmo setor, a exemplo das fusões Itaú/Unibanco, Sadia/Perdigão e JBS/Bertin. Grande obras de infraestrutura também foram anunciadas e com a conquista do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, o número de projetos de infraestrutura disparou. Em todos esses processos o BNDES desempenhou papel fundamental como financiador dessas fusões e no financiamento dos consórcios que disputaram as licitações dessas novas obras.

Mais... ... Na década de 1930, o jovem economista britânico Robert Coase viajou aos Estados Unidos com o propósito de entender porque existiam grandes corporações. Descobriu que a concentração de atividades adjacentes ao ramo de atividade principal das empresas ocorre quando os custos de transação de executar uma atividade no mercado de forma terceirizada excedem o custo de internalizá-las. Os custos de transação são todos aqueles que advêm do relacionamento de uma firma com a sociedade e seus parceiros. As negociações com fornecedores de peças para um carro que envolvem reuniões, trocas de memorandos e deslocamentos de pessoal são um exemplo de custos de transação. O tempo de resposta do poder judiciário a demandas apresentadas por empresas são outro exemplo desses custos e, em especial no Brasil, representam um dos maiores entraves para a realização de grandes investimentos. ... Indicação de livro: Capitalismo de Laços, Sérgio Lazzarini, Elsevier, 2011


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Cultura Ela está de volta

No dia 21 de dezembro, como os maias disseram, começou uma nova era (ou não tão nova assim): a 89FM A Rádio Rock voltou ao ar

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por Gabriel de Castro

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epois de seis anos de recesso, a Rádio Rock finalmente está de volta. Um respiro para os ouvidos que pediam por uma programação que incluísse mais rock nas playlists. Desde o dia 21 de dezembro, a rádio voltou ao ar. A 89FM, a Rádio Rock tem suas raízes nos anos 80: em 2 de dezembro de 1985 entrou no ar pela primeira vez. A Rádio Rock ocupou na frequência da Pool FM, que, ao contrário da 89, tinha programação voltada à música Disco e Funk. Ao contrário das outras rádios jovens da época, a 89FM tinha um estilo voltado ao rock comercial, o que a tornou referência nesse setor. Sua principal concorrente, na época, era a 97FM,

ram quando, no dia 27 de outubro, sem aviso prévio, a Rádio Rock passou ao voltar ao dial. O intuito era voltar às atividades como uma webradio, mas a decadência da então 89FM e a possibilidade da frequência passar a ser ocupada por uma emissora evangélica levaram o projeto a voltar à plataforma que a consolidou. No dia 5 de dezembro, após o término das negociações entre a 89FM e a cúpula da igreja que assumiria a frequência selou a volta da Rádio Rock. No dia 20 de dezembro, foi anunciada a parceria da emissora com o UOL, o que permitiu que a Rádio Rock continuasse no ar com o nome “UOL 89FM A Rádio Rock”. Rolling Stones, Red A volta Os amantes do rock Hot Chilli Peppers, Kiss, com certeza comemora- Charlie Brown Jr. O ráde Santo André. Atualmente, a 97FM é voltada para a música eletrônica. Nessa fase da rádio, foram ao ar programas que fizeram história, como o Comando Metal, voltado a fãs do Heavy Metal, o Arquivo do Rock, voltado ao Classic Rock, e o Do Balacobaco. Passaram pela emissora nomes como Sarah Oliveira, João Gordo, Paulo Bonfá e Nany People. A Rádio Rock possuía retransmissoras em Campinas, Sorocaba, Santos, Rio de Janeiro, Vitória, Goiânia e Fortaleza (esta última não durou muito). No começo de 2010, só as sedes em Campinas e Sorocaba continuavam como retransmissoras.

dio finalmente voltou a ter um representante do rock. Para quem se acostumou a escutar sertanejo, pop e eletrônico, a volta da Rádio Rock é quase como uma brisa leve que passa naqueles dias de calor. Que não se toque, por favor, na discussão de qualidade musical, o que tornará esse texto infinito. Mas, sendo a favor da diversidade de estilos e gostos, a volta da Rádio Rock é definitivamente algo a se comemorar.

Mais... ... A UOL 89FM Rádio Rock também está disponível no site www.radiorock.com.br. ... A programação da emissora é altamente recomendável para os amantes do rock! revista LAMPIÃO

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Um ano de histórias

Obra de fotógrafo americano Theron Humphrey mostra o cotidiano de “pessoas comuns” de uma forma diferente e interessante

Theron Humphrey

por Marina Zani

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heron Humphrey, fotógrafo americano, trabalhava em um comercial no estado de Idaho quando teve uma grande ideia: ele iria conhecer uma pessoa por dia pelos próximos 365 dias viajando por todos os estados dos Estados Unidos. “Eu acordei uma manhã e decidi que precisava da fotografia para me relacionar com as pessoas e para contar a história delas”, diz Humphrey. O objetivo do projeto, que ele chamou de This Wild Idea, é criar imagens que fazem parte da história de nossas famílias que podem ser passadas para as próximas gerações.

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No site oficial do projeto, podemos ouvir cada uma das 365 pessoas contando a história de onde nasceu e cresceu, enquanto vemos as imagens delas e de onde moram, dando a sensação de que estamos dentro da casa de cada um. O projeto tem relatos desde como um senhor fugiu da Espanha (dominada na época por Franco) para Seattle, no estado de Washington, até a história de um casal que acaba de ter o seu primeiro filho. O mais interessante é que o trabalho de Theron Humphrey acaba mostrando que a história de vida de “pessoas normais” é mais interessante do que se imagina.

Mais...

... O projeto do fotógrafo está disponível no site http://thiswildidea.com/ ... Cada álbum de fotografias remete a um dia e uma história diferente; a cada personagem é destinado uma série de fotos e a história contada por meio do áudio, causando uma espécie de sinestesia Theron Humphrey


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Resenhas Divulgação

The 2nd Law Muse

The Gaslight Anthem

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por Gabriel de Castro

enial e simples. Talvez é isso que se pode dizer do sexto álbum de estúdio do Muse, o The 2nd Law, lançado em setembro do ano que acabou de passar. O álbum vazou na internet uma semana antes do previsto. O disco do Muse contém 13 faixas que fluem perfeitamente pelo ouvido. Ouvindo a obra completa de forma seguida, a audição não se cansa da simplicidade com que a banda trabalha. Nada de infinitas notas por segundo na guitarra, sobreposição de instrumentos e excesso de sons. Cada músico sabe exatamente o “local” que tem que se colocar. A guitarra em nenhum momento atrapalha o baixo; o baixo nunca atrapalha a bateria; esta também não se intromete na guitarra. O baixo é marcante em todo o álbum, com toques de distorção. O frontman da banda, o guitarrista e vocalista Matthew Bellamy, dispensa comentários. Além de completo e criativo na guitarra, Bellamy ainda se reafirma como grande cantor. Na primeira faixa, a banda já mostra a que veio: Supremacy é talvez a melhor faixa do álbum. O baixo marcante, a guitarra se mostrando

Handwritten por Gabriel de Castro

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C presente em alguns momentos e, acima de tudo, um refrão genial. Do exato momento em que os compassos musicais passam a ser iniciados com acordes maiores ao invés de menores, até o falsete de Matthew Bellamy em “your supremacy!!!”, a música mostra porque é uma das melhores do álbum. Outra boa faixa do álbum é Follow Me, com um início um tanto quanto “futurista”, a bateria só entra no refrão. No entanto, essa música se distancia do Muse de faixas como Plug in Baby e Time is Running Out, na qual o rock e as distorções se encontram mais presentes. Follow Me é uma espécie de mistura da bateria marcada de Starlight no refrão, a “estranheza” de Supermassive Blackhole, os sintetizadores

de Undisclosed Desires. O resultado é um pouco distante do rock e mais próximo de uma mistura de pop e dance. Por final, outra música que se destaca no álbum é Panic Station, que tem um toque de Michael Jackson. A bateria também é bem marcada, mas a música é um pouco mais rápida. Com a agressividade de Supremacy, a “suavidade” de Follow Me e o pop de Panic Station, o sexto álbum de estúdio do Muse ainda conta com Madness, Prelude, Survival, Animals, Explorers, Big Freeze, Save Me e Liquid State. Definitivamente, The 2nd Law foi uma das boas coisas de 2012. Ouvir: Supremacy Follow Me

e

om um vocal presente, riffs envolventes, e com muita atitude é que os integrantes do The Gaslight Anthem conquistaram a crítica musical no cenário internacional. Misturando elementos do punk, do rock’n’roll clássico, do indie e do folk, os americanos de Nova Jersey tiveram em 2012 a chance de brilhar. Pela primeira vez com auxílio de uma grande gravadora, o último álbum da banda, Handwritten, foi lançado em julho do ano passado pela Mercury Records. O disco conta com 14 faixas, todas muito bem executadas e gravadas. É difícil escolher uma música do álbum para destacar. Mesmo assim, a faixa que dá nome ao disco, Handwritten, e o último single lançado, Here Comes My Man, são as músicas do disco que mais chamam a atenção.

Ouvir: Handwritten e Here Comes My Man

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Battle Born

Boys & Girls

por Gabriel de Castro

por Gabriel de Castro

The Killers

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Alabama Shakes

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á um ano atrás, os Estados Unidos se empolgaram ao ouvir o som da banda Alabama Shakes no programa de Conan O’Brien. O que não faltam à banda que se apresentará no Lollapalooza aqui no ma evolução de- Brasil são elogios. É desnecessário dizer, pois do fiasco que foi Day & Age. portanto, que o álbum de Esse é o novo álbum do estreia da banda, Boys & The Killers, Battle Born. Girls, é bom. Mais pela Lançado em setembro de qualidade dos músicos 2012, o álbum ainda não do que das próprias múse iguala a Sam’s Town e sicas. Explicando-me meHot Fuss. Para quem esperava algo genial como os lhor: o grande problema discos antigos, os dois anos do álbum é não ter alguns “pilares” para suportar o de espera foram à toa. Logo no início, Flesh álbum como um todo. O and Bone faz parecer que grande problema e talvez ainda estamos no Day & a grande virtude ao mesAge, o que não é muito mo tempo. Nenhuma música (talbom. No entanto, a segunda faixa, Runaways, vez Hold On) salta aos lembra um pouco a ban- ouvidos como o single que impulsionará o álda do passado. O disco segue com bum, que o levará às pamais algumas baladas, radas de sucesso do muncomo Here With Me, e do. Boys & Girls é um outras com um pouco mais de atitude. Se não conjunto de músicas topela letra, A Matter of das bem executadas peTime é uma das mais di- los integrantes da banda ferenciadas justamente e todas com seu brilho pela “pegada” da música. próprio, sem que nenhuO álbum traz letras de ma ofusque a outra. Até por isso, fica diadolescentes e famílias perdidas, sonhos desmo- fícil analisar música por ronados e toda essa coisa. música, restando exaltar Lembra bastante o U2 os músicos da banda. A também. Mas nada que vocalista Brittany Hoseja digno de ser estar no ward me impressiona a topo das rádios. Ainda cada vez que canta, a cada vez que demonstra ter ao assim, uma melhora. Ouvir: Runaways e A mesmo tempo o controle da voz, não desafinando Matter of Time em nenhum trecho e um

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poder vocal “extraterrestre”. Andando junto com esse poder, Brittany ainda consegue por emoção nas canções, algo que muitos não conseguem, e que acaba tornando o trabalho “artificial”. A guitarra de Heath Fogg é simples. Marcante, mas simples. Sem nenhum exagero, mas com riffs viciantes. Tudo na banda se encaixa perfeitamente: a voz somada à guitarra, ao baixo e à bateria lembra os tempos de rock’n’roll clássico. É exatamente isso que a banda é. Um resgate ao som que quase não se encontra mais hoje: uma mistura de soul com blues, rockabilly e garage rock. E vale lembrar também que a banda teve três nominações ao 2013 Grammy Awards: uma por melhor artista/banda debutante, outra por melhor performance de uma música de rock - com Hold On - e mais uma

pela melhor gravação, do álbum Boys & Girls. Ouvir: I Ain’t The Same e Hold On

Mais... ... No dia 20 de abril, a banda do interior dos Estados Unidos desbancou Adele do topo do Record Store Chart, um ranking criado no dia 17 de abril em parceria com a Official Charts Company. ... O índice tem como objetivo registrar a venda em lojas de discos independentes, que são muito importantes para que os fãs de música conheçam músicas novas e interessantes, como diz o diretor da Official Charts Company, Martin Talbot. ... A tomada do 1º lugar é um feito considerável se considerarmos que Adele manteve o topo do ranking comum por 64 semanas


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Literatura

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to também se manifesta por uma luta pela maior participação popular. Isto é, por um maior poder popular garantido pelos plebiscitos. Diz-nos que o modelo de representatividade parlamentar não é necessariamente democrático e propõe a assunção das tomadas de decisões de relevo pela população por meio do plebiscito. Critica, por fim, a imobilidade da esquerda que discute formas de chegar ao poder. Como solução desse problema propõe a defesa de uma substantiva sequência de reformas, que garantem um salto qualitativo que não se perde e é mudança muito mais efetiva, pois está ao alcance de nossas mãos e não em um imaginário revolucionário. A leitura agradável e fluida, bem como a sínte-

se precisa tornam o livro altamente recomendável. A exposição de propostas e a construção de um pensamento de esquerda genuíno que pensa na realidade e não em discussões infrutíferas tornam o livro ainda mais necessário, especialmente em um momento no qual o pensamento de esquerda tanto sofre assolado pelo quase monopólio do pensamento conservador.

A Esquerda que Não Teme Dizer Seu Nome Vladimir Safatle por Rafael Barizan

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ladimir Safatle busca em seu livro definir qual seria o papel da esquerda em um mundo no qual não se cansa de afirmar pretensamente que o pensamento de esquerda está morto. Para isso define quais seriam os pilares fundamentais que ela deveria defender, isto é, o que seria inegociável de seu ponto de vista. Seriam eles: a defesa radical do igualitarismo, da soberania popular e do direito à resistência O autor rechaça as teses de esquerda que se preocupam com a defesa de grupos minoritários, pois ao se proceder de tal forma não se está lutando pela igualda de uma sociedade, mas por grupos específicos que são vistos

como intrinsecamente diferentes. Essa abordagem leva a uma transformação do conflito social em conflito cultural e é, em geral, utilizada a posteriori pela direita para sustentar a exclusão de grupos minoritários. Um verdadeiro choque de civilizações que nada mais é do que um clássico conflito de classes e espoliação. Propõe que uma sociedade seja verdadeiramente multicultural deve ser radicalmente universalista e indiferente às diferenças. Lembra-nos que o direito à resistência é fundamental para a construção de um povo. Sabe-se que muitas vezes a Justiça se dissocia do Direito e, nesses momentos, toda resistência contra um estado ilegal se torna legal. Politicamente esse direi-

Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios Marçal Aquino por Rafael Barizan

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ma cidade no Pará na qual a exploração de minérios gera conflitos entre garimpeiros e uma mineradora é o pano de fundo para a história de Cauby, um fotógrafo que por contingências do destino acabou nesse local isolado e bruto e Lavínia, uma mulher tão sedutora quanto enigmática, casada com um pastor evangélico que a salvou das

ruas e das drogas. As duas personagens vivem sua história de amor em meio a um ambiente de hostilidade, violência e contrastes conseguindo transformar essa situação desoladora em sedução. Há um fatalismo subjacente na obra e as personagens veem suas ações condicionadas por forças que não podem controlar. A narrativa foge de estereótipos e suas personagens, desenrolares e

tramas são tão imprevisíveis quanto as imagens construídas pelo autor. O elemento principal do romance é a espera, traduzida na angústia de Cauby enquanto aguarda a visita de Lavínia; de Careca, personagem que passou pela vida a espera de uma paixão platônica; no desejo silencioso de vingança do jornalista Viktor Laurence e; na iminente explosão de violência a qual a cidade assiste impávida.

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Réquiem para o Navegador Solitário Luís Cardoso por Rafael Barizan

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atarina é uma jovem chinesa educada aos moldes europeus, tendo apreendido o francês, lido os grande clássicos e aprimorado seu gosto musical – com uma especial preferência por Debussy -. Como uma heroína romântica busca seu príncipe encantado, porém as adversidades da realidade e do particular momento histórico que vive destroem suas ilusões. Sua vida, tem um sobressalto ao ter de ir em busca de seu noivo e dos investimentos da família

em um empreendimento no Timor Leste. Nessa jornada não só vê sua ingenuidade destruída, como tem de conviver com os olhares críticos de uma sociedade tradicional por ter se tornado uma pária, rejeitada pelo marido e, agora, livre para amar quem desejar. Entre seus amantes estão vários dos capitães do mar que a ilha chegam, curioso notar que cada um deles lhe oferece como presente um gato, cujo nome denota suas características. As pequenas tragédias se sucedem em sua vida e culminam com o rapto de seu filho, Diogo.

Ambientado no Timor Leste, país de origem do autor Luís Cardoso, Réquiem para o Navegador Solitário traça um panorama da conturbada história desse país durante a Segunda Guerra Mundial. Observamos os efeitos da política salazarista de tentar manter Portugal neutro durante o conflito pela constante ameaça de invasão dos japoneses dada a posição estratégica das ilhas próximas a Austrália. As personagens refletem os tipos sociais existentes, como os burocratas portugueses (sipaio Marcelo), os aventureiros (Alain Ger-

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bault) e os moradores locais (Rodolfo Marques da Costa). O estilo não deixa por menos, as repetições se alternam nos diferentes capítulos e aliadas aos diálogos curtos e constantes criam uma melodia interna no romance.

O Tigre Branco (The White Tiger) Aaravind Adiga por Rafael Barizan

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descrição de uma sociedade intrinsecamente desigual facilmente pode resultar em uma profusão de clichês. Esse é o caso de muitos dos relatos hoje feitos sobre países emergentes. Aaravind Adiga, jornalista indiano de 34 anos que estudou nas universidades de Oxford e Columbia, entretanto, consegue fugir desses lugares comuns e construir um romance inigualável sobre a sociedade indiana em seu livro de estreia: O Tigre Branco (The White Tiger). Parece-nos que com seu livro Adinga vem fazer pela Índia contempo-

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rânea o que Tom Wolfe fez por Nova York em seu A Fogueira das Vaidades, ou mesmo o que Dickens fez pela Inglaterra Vitoriana. Balram Halwai, o protagonista do romance, é nosso narrador e adota uma técnica inusitada para contar sua história. Decide escrever sobre sua trajetória de ascensão social ao primeiro ministro da China, que está em visita à Índia, em uma série de cartas, as quais escreve sempre após seu trabalho. Grande parte da narrativa se desenrola enquanto Halwai trabalha como motorista para um rico empresário. Aos poucos vai tomando consciência dos mecanismos de funcio-

namento da sociedade indiana e compreendendo como o mundo ao seu redor funciona. Essa percepção aliada a sua visão empreendedora o levam a ascender socialmente, não sem ter de tomar decisões que sua consciência terá de justificar posteriomente. Nessa trajetória enfrenta o preconceito do sistema de castas, as dificuldades com a língua inglesa (vastamente utilizada pela elite, mas não pelas classes menos favorecidas) e a abissal diferença entre os seus costumes provincianos e os de uma cidade grande como Mumbai. O grande mérito do livro é sua linguagem simples, lacônica, mas

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impregnada de ironia e sarcasmo. A isso se alia a visão ácida e os comentários, por vezes até amorais, do protagonista. Um delicioso retrato da sociedade indiana contemporânea e essencial para compreender esse país de contrastes.


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Cinema

O Hobbit: uma Jornada Inesperada (The Hobbit: an Unexpected Journey)

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Direção: Peter Jackson/ Elenco: Ian McKellen, Martin Freeman, Richard Armitage, James Nesbitt e Ken Stott por Rafael Barizan

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s aventuras de Bilbo Bolseiro ocorridas antes dos acontecimentos relatados em O Senhor dos Anéis podem agora ser conferidas no primeiro filme de uma trilogia que pretende narrar essa história com tanto vigor quanto seus predecessores. Um projeto ousado, até porque enquanto a trilogia de O Senhor dos Anéis fundava-se em uma obra extensa publicada em três volumes, O Hobbit possui como texto base um único livro. É difícil deixar de se surpreender pelo universo épico do filme. Inúmeras são as cenas cuja explosão de beleza visual combinando paisagens exuberantes e elementos da mitologia tolkiana surpreende mesmo o público acostumado com o exagero visual hollywoodiano. Mais uma vez o destaque fica com as cenas de batalhas. São diversas e cada uma surpreende o espectador um pouco mais. Essas

cenas repletas de movimentos bruscos são as que melhor aproveitam a inovadora tecnologia empregada no filme: a filmagem com 48 quadros por segundo. Nossa tradição secular de filmes rodados a 24 FPS pesa sobre nossa percepção desse efeito. Todos fomos formados tendo a linguagem do cinema transcrita em 24 quadros por segundo e, portanto, essa é a nossa versão de realidade cinematográfica. Sabemos que a imagem da tela não é a mesma apreendida diretamente pelo olho humano, mas o hábito de a ver como tal dada sua verossimilhança gera uma aceitação universal de que ela a seja. De tal forma, temos uma sensação de estranheza em algumas cenas, nas quais o movimento que deveria parecer mais real efetivamente o parece, mas não é percebido como tal, pois parece mais com o real cotidiano e não o real cinematográfico. As cenas de ação, por sua vez, Reprodução

“O Hobbit” estreou nos cinemas brasileiros em dezembro como um dos filmes mais esperados de 2012. No mundo, para se ter uma ideia, o longa arrecadou mais de 800 milhões de dólares

beneficiam-se sobremaneira da tecnologia, pois os movimentos rápidos, bruscos e incessantes têm uma maior dependência da realidade cotidiana exatamente pelo seu caráter inverossímil. As dificuldades da linguagem cinematográfica em adaptar as obras literárias dessa vez se mostram não na perda de elementos essenciais que somente a escrita pode trazer, mas pela escassez de cenas que podem ser exploradas sem que se criem sequências demasiadamente longas e monótonas, o que acontece vez ou outra no filme de

Peter Jackson. A extensão do filme - mais de três horas - cria um outro problema: a existência de vários momentos clímax, nos quais se tem a sensação de que a narrativa está prestes a terminar, quando, na verdade dali a pouco minutos se terá um novo clímax para frustrar a percepção anterior. Problemas menores a parte, “O Hobbit” é uma obra visualmente primorosa, bem contada e traduzida dentro do universo ficcional que o cinema, em geral, nos apresenta. Isto é, cumpre as tarefas as quais se propõe: entreter e deslumbrar. revista LAMPIÃO

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A Onda (Die Welle) Direção: Dennis Gansel/ Elenco: Jürgen Vogel, Frederick Lau, Max Riemelt, Jennifer Ulrich, Christiane Paul

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ainer Wenger é um popular professor de ensino médio. Na semana de projetos em sua escola vê-se obrigado a ministrar as aulas sobre autocracia, enquanto preferiria ter assumido as aulas sobre anarquia. Usando de seu espírito inovador e contestador, após uma aluna o desafiar sobre a impossibilidade do ressurgimento do nazi-fascismo na Alemanha, decide inovar e implementa um projeto singular em suas aulas: simular uma ditadura. As regras começam a ser estabelecidas. O experimento prossegue e Divulgação

os alunos começam a perceber melhorias em suas vidas. Eles se sentem mais integrados, unidos e pertencentes a algo maior que pode proporcionar um sentido para suas vidas. O sr. Wenger perde controle sobre o movimento por ele iniciado e denominado “A Onda”. Os alunos agem por toda a cidade espalhando seus novos ideais e exacerbando o intuito inicial da experiência. Diante da situação, preocupações crescem entre os demais professores. Os surpreendentes desenrolares da Onda os aguarde nesse brilhante filme.

O Experimento (Das Experiment)

Direção: Oliver Hirschbiegel/ Elenco: Moritz Bleibtreu, Justus von Dohnányi e Christian Berkel

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por Rafael Barizan

m anúncio de jornal oferecendo dinheiro rápido e fácil pela participação em um experimento social, a princípio até divertido. Tentador, não? Sim, assim pensaram os 20 voluntários do experimento que consistia em assumirem os papeis de guardas e prisioneiros por duas semanas. Tudo seria monitorado por um grupo de cientistas interessados na psique humana e seu funcionamento em contextos singulares, em especial, a agressividade e

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os jogos de poder. Dentre os voluntários há Tarek, um curioso jornalista, que percebe a oportunidade de uma grande história por trás do experimento. Cumprindo seu papel, busca provocar seus pares tentando estabelecer as fronteiras éticas que seus observadores estariam dispostos a cruzar para o sucesso da empreitada. Há no decorrer da película um complexo relacionamento não só entre os guardas e prisioneiros, mas também entre os cientistas que os monito-

ram, pois, tal como postulou Heisenberg para a física, a própria observação modifica a realidade a ser compreendida. O filme está livremente baseado no famoso experimento de Stanford e seu diretor, Oliver Hirshbiegel, pela primeira vez no cinema após interessantes contribuições para a televisão alemã, realiza um excelente trabalho de reconstrução artística da situação – absurda e, se não inspirada na realidade, difícil de convencer como obra cinematográfica.


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Quem Escreve

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Marina Zani graduanda da Universidade Estadual de Londrina em Psicologia. Gosta de artes, de ler e de música, principalmente MPB.Em seu tempo livre,também gosta de viajar, conhecer novas culturas e escrever. Acha que tem pouca coisa no mundo mais bonita do que os textos de Vinicius de Moraes e as músicas de Tom Jobim. Sua maior realização é saber tocar piano.

Rafael Barizan graduando do 3º ano da Faculdade de Direito da USP e editor de “Comercialista” - Revista de Direito Comercial e Econômico. Adora literatura, cinema e seus quatro gatos de estimação. Sua maior frustração é nunca ter apreendido a tocar piano. Sempre sonhou em publicar uma revista como esta e, finalmente, conseguiu.

Thafarel Pitton Bacharelando em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho de São José do Rio Preto. Escreve poesias, crônicas e críticas. Publicou recentemente na área de Educação, com o titulo: “Atividades Experimentais como contributos do diálogo polidisciplinar em Ciências” pela mesma Universidade. Atualmente, joga futebol americano pelo Rio Preto Weilers.

Gabriel de Castro O que é se destacar na vida? O que seria, ao certo, a expressão “fazer a diferença”? Acho que isso é algo que todos estamos em busca a cada dia de nossas vidas. Não ser o mesmo, alguém previsível. Tentamos sempre ser diferente, aquele que faz algo diferente. Ah, estou no 3º de Jornalismo na Unesp, gosto muito de música e inclusive toco violão. revista LAMPIÃO

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