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DUBAI

De vila pesqueira a metrópole do futuro, o emirado árabe surpreende com atrações que misturam tradição com modernidade

Por Cristiane Sinatura

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No final do século 19, Dubai era apenas uma vila em meio ao deserto e à beira do Golfo Pérsico, que prosperava graças ao comércio de ostras. Foi apenas na década de 1960 que a descoberta do petróleo começou a delinear a metrópole futurista que conhecemos hoje, com uma coleção de recordes mundiais, edifícios gigantes rasgando o céu, entretenimento garantido para toda a família e fusão cultural que resgata as raízes beduínas, enaltece as tradições árabes e abraça a globalização.

O ápice de todo esse desenvolvimento é o Burj Khalifa, edifício mais alto do mundo, com 160 andares e 828 metros. Seu mirante At The Top fica mais ou menos na metade da altura total, aonde se chega pelo elevador que vence 124 andares em um minuto e 20 segundos. Através dos janelões de vidro ou a partir do terraço a céu aberto, veem-se o Golfo Pérsico, os arranha-céus, as construções históricas e o deserto. É possível também reservar uma mesa no restaurante mais alto do mundo, o At.Mosphere, no 122º andar, com iguarias como caviar, ostras e cortes de carne Wagyu. O restante do Burj Khalifa é ocupado por um hotel da grife italiana Armani, por apartamentos residenciais e escritórios corporativos.

Aos pés dele, fica o lago artificial com a fonte “dançante” mais alta do mundo, cujos jatos d’água atigem até 275 metros durante as performances musicais noturnas. Logo ao lado, o Dubai Mall detém mais um título de grandeza: o de maior shopping do globo, com 1.200 lojas, em um tamanho equivalente a 50 campos de futebol. Aquário, esqueleto de dinossauro, mercado de joias, pista de kart, atrações de realidade virtual, rinque de patinação no gelo e um castelo mal-assombrado são algumas das atrações que fazem dele muito mais que um centro de compras. Outro shopping digno de visita é o Mall of the Emirates, onde fica o Ski Dubai, enorme parque indoor de neve artificial, com pista de esqui e snowboard, caverna de gelo, teleféricos, chalés em estilo alpino e até pinguins de verdade.

Ao lado, o Burj Khalifa domina o horizonte com 828 m de altura.

Da neve, chega-se às praias em instantes. Sim, elas existem em Dubai e são ótimas, como Jumeirah Open Beach e Jumeirah Beach Residences (chamada de JBR), que têm calçadão, beach clubs e quiosques, além de espreguiçadeiras e guarda-sóis para alugar. A Kite Beach, por sua vez, é ideal para a prática de esportes náuticos, como kitesurfe, stand up paddle e caiaque, enquanto a Al Mamzar é um complexo que reúne cinco praias, piscinas, quadras esportivas e playgrounds. Aliás, apesar de não haver nenhuma regra sobre vestimentas para quem não segue a religião islâmica, vale usar o bom senso na hora de escolher o traje de banho. Já o consumo de álcool só é permitido nas praias privativas dos hotéis.

No mar, Dubai também surpreende em atrações fora do comum, como suas ilhas em formato de mapa-múndi e de palmeiras. Das três, Palm Jumeirah é a única habitada, anunciando-se como a maior ilha artificial do mundo. O tronco da palmeira é, na verdade, uma longa avenida, da qual partem ruas (as folhas) ladeadas por mansões, restaurantes e hotéis à beira-mar. Bem na ponta, está o faraônico resort Atlantis, em um impactante prédio de arquitetura islâmica, com suítes literalmente embaixo d’água. Quem não é hóspede também pode visitar o complexo, que reúne o aquário The Lost Chambers, com 65 mil animais marinhos; o Aquaventure, maior parque aquático do mundo; e restaurantes de alta estirpe, como o japonês Nobu e o britânico Bread Street Kitchen, do chef Gordon Ramsay. Recentemente foi inaugurado o The Royal, segunda ala hoteleira do Atlantis, onde chefs como o peruano Gastón Acurio e o espanhol José Andrés assumem a gastronomia.

Aos pés da ilha-palmeira de Jumeirah, a Dubai Marina é outra área da cidade a reunir impressionantes arranha-céus, como a retorcida Cayan Tower. Um calçadão de sete quilômetros flanqueado por restaurantes, lojas e bares rende um gostoso passeio à beira do canal, onde ficam estacionados iates e lanchas. Não muito longe dali, resplandece mais um ícone de Dubai, o Burj Al Arab, primeiro hotel sete estrelas do mundo. Quem não está hospedado em uma das suntuosas suítes só consegue conhecer o extravagante interior do prédio em formato de vela se tiver reserva em um dos restaurantes, como o pan-asiático Junsui; o Skyview, de tapas e coquetéis com vista no 27º andar; e o Bab Al Yam, que funde a cozinha europeia com a do Oriente Médio.

Acima, a ilha artificial The Palm. Os passeios de barco pelos canais do Madinat Jumeirah são um clássico turístico. Nos tradicionais souks (mercados árabes), encontra-se artesanato local (abaixo)

Passado E Futuro Em Harmonia

Vizinho ao Burj Al Arab, o Madinat Jumeirah reúne hotéis, restaurantes e souks, os típicos mercados árabes, com direito a passeio de barco pelos canais que recortam o complexo. É uma recriação turística de algo que você pode encontrar na mais pura autenticidade se for à região de Deira, que fica às margens do braço de mar conhecido como Dubai Creek. É onde pulsa o coração histórico do emirado, em meio a um labirinto de vielas típico de uma medina (como são chamados os centros históricos das cidades árabes). Ali estão os souks mais autênticos, separados por setores, como o de perfumes, o do ouro e o de especiarias.

Do outro lado do Dubai Creek, cruzado pelos tradicionais barcos abra, o bairro de Al Fahidi também é uma zona histórica, mas belamente revitalizada. Ali as construções originais do século 19, feitas de corais, gesso e calcário, foram reformadas para abrigar lojas, restaurantes e cafés. É o caso da Arabian Tea House, que, em um lindo pátio arborizado, serve pratos beduínos, como o biryani deyay (frango com arroz e molho de iogurte) ou o saloona laham (ensopado de cordeiro com batata, lentilha, tomate e especiarias). Também é uma ótima oportunidade para beber o gahwa, típico café árabe, que é Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco.

Por ali, vale visitar também o Centro de Entendimento Cultural Sheikh Mohammed, onde nativos recebem os visitantes para uma refeição típica, com rodada de perguntas sobre os hábitos e as histórias locais. Outro endereço imperdível para mergulhar no passado da região é o Dubai Museum, que ocupa o Forte Al Fahidi, construção mais antiga do emirado. Datada de 1787, a fortaleza também já foi palácio real e prisão. Hoje conta toda a história de Dubai, desde antes da descoberta do petróleo.

Se, por outro lado, a ideia for aprender mais sobre a trajetória recente da região, a visita deve ser ao Etihad Museum, em um prédio de arquitetura visionária. Ali, instalações interativas falam sobre a constituição que, assinada em 1971, formou os Emirados Árabes Unidos. Nessa mesma toada, o Dubai Frame impressiona para além de sua estrutura de cartão-postal, com duas torres de 150 metros de altura formando uma espécie de moldura. Ali, os mais recentes recursos tecnológicos e sensoriais, incluindo efeitos holográficos, contam o passado de Dubai e preveem o seu futuro daqui a 50 anos, com táxis voadores, vida subaquática e missões espaciais.

O novo Museu do Futuro impressiona pela arquitetura, que remete a um olho gigante com inscrições em árabe

A história que ainda será escrita também é tema do novíssimo Museu do Futuro, em um inovador prédio em formato de olho metálico, todo desenhado com inscrições em árabe. As exposições abordam temas de grande impacto no futuro da humanidade, como mudanças climáticas, inteligência artificial e viagens espaciais. Outra novidade no cardápio turístico do emirado é a Ain Dubai, maior roda-gigante do mundo, com 250 metros de altura – ela funcionou poucos meses desde sua estreia até fechar novamente para manutenção. De qualquer forma, a vista lá do alto promete ser uma das melhores de Dubai.

O rali em 4x4 pelas dunas do deserto e as piscinas do resort Atlantis são programa para toda a família

O Que Saber Antes De Ir

Tema onipresente tanto nos museus como nas vistas panorâmicas, o deserto é a essência de Dubai e, portanto, deve ser visitado para tornar a experiência completa. Imperdível fazer um safári em veículos 4x4, que levam para ver o pôr do sol em meio ao areal dourado, não sem antes encenarem um verdadeiro rali, subindo e descendo as dunas com bastante adrenalina. É possível emendar com um jantar em um acampamento no estilo beduíno, com tendas montadas sobre a areia e longas mesas com tapetes e almofadões. A refeição tem churrasco árabe e é embalada por apresentações de dança do ventre, dervixes rodopiantes e malabares com fogo.

Dubai também é um prato cheio para quem viaja com crianças, a começar pelo IMG Worlds of Adventures, parque temático com personagens da Marvel e Cartoon Network, como Os Vingadores e As Meninas Superpoderosas. Já o complexo Dubai Parks and Resorts reúne o parque de diversões Motiongate, com atrações inspiradas em filmes como Os Smurfs, Shrek e Jogos Vorazes, e o Legoland, parque ideal para crianças de 2 a 12 anos que piram nas pecinhas coloridas de montar. No Miracle Garden, são as flores que dão show, formando um jardim sob medida para bombar no Instagram. Tudo é forrado de pétalas, inclusive um avião Airbus 380 da Emirates. Por fim, o Garden Glow reaproveita material reciclado para compor um colorido mundo de fantasia, com direito até a dinossauros, que ganha iluminação especial à noite. Inusitado e fabuloso, do jeito que só Dubai sabe fazer.

A Emirates tem voos diretos de São Paulo para Dubai, e o visto de entrada pode ser obtido na chegada ao aeroporto de Dubai ou, mais fácil ainda, providenciado pela própria Emirates, caso o voo seja pela companhia. A moeda local é o dirham, atrelado ao dólar, o que significa que a taxa de câmbio é sempre a mesma (US$ 1 = AED 3,67). A cidade não é muito amigável para pedestres, sendo indicado usar metrô, táxis ou carros de aplicativo. Faz calor o ano todo, sobretudo entre junho e setembro, com temperaturas de até 45 oC. Dubai é um território muçulmano, mas, por ser muito cosmopolita, as regras de conduta não são tão rigorosas, mas é de bom tom vestir-se discretamente e evitar demonstrações de afeto. A venda e o consumo de álcool são permitidos para maiores de 21 anos em hotéis, bares e restaurantes. No mês do Ramadã, que varia a cada ano, os muçulmanos fazem jejum durante o dia, podendo afetar o horário de funcionamento de atrações e estabelecimentos em geral. Nessa época, evite comer e beber em público antes do pôr do sol, em respeito aos costumes locais.

W DUBAI THE PALM: HOSPEDAGEM COM ESTILO

Em The Palm, o moderníssimo hotel W Dubai, parte da rede Marriott, aproveita-se do panorama do skyline da cidade e do Golfo Pérsico para preencher a vista de suas 349 acomodações avarandadas, que esbanjam decoração contemporânea, com acenos à cultura árabe. Seguindo o conceito “Escapes” da marca W, o hotel se propõe um refúgio descolado e ousado, com destaque para a piscina Wet Deck, exclusiva para adultos, com entretenimento ao vivo, e para o Away Spa. A gastronomia é um show à parte, tanto no restaurante italiano Torno Subito, de Massimo Bottura, chef premiado com três estrelas Michelin, quanto no japonês assinado por Akira Back.

No W The Palm, tanto nos guest rooms (ao lado) como nos terraços (abaixo), a vista dá para o mar ou o skyline de Dubai

Em Breve No Brasil

A marca W estreia em breve em São Paulo, por meio de uma iniciativa conduzida pela incorporadora Helbor, pela HBR Realty e pela construtora Toledo Ferrari. O W São Paulo deve chegar em 2023 à Vila Olímpia, bairro que é a alma da moda, da música, do design e da diversão na capital. Ali, a 300 metros do Shopping JK e a 700 metros do Parque do Povo, a torre de 45 andares se somará ao skyline da cidade, seguindo a mesma proposta de outros endereços da marca, como em Bali, Nova York e Londres, ao mesclar hotel e residências no mesmo complexo. Serão 179 acomodações hoteleiras nos andares superiores, além de 216 unidades W Residences, para quem deseja morar com estilo e desfrutar dos serviços do W Hotel. Em metragens que vão de 53 m2 a 102 m2 privativos, os studios e apartamentos contam com até dois dormitórios ou suítes. Todos poderão acessar as áreas sociais e aproveitar os serviços do hotel, além de serem atendidos exclusivamente pelo programa Whatever/Whenever, disponível 24 horas por dia. E, já que design é um dos pilares da marca W, um time de peso foi escalado para assinar o projeto. A arquitetura fica por conta do escritório Aflalo/Gasparini Arquitetos, que tem ampla experiência no setor hoteleiro. O verde é protagonista no paisagismo desenhado por Benedito Abbud, reconhecido internacionalmente por seus projetos inspirados pela biofilia. Já os interiores estão a cargo da portuguesa Nini Andrade Silva, que se inspirou na cultura brasileira para desenhar mesas laterais e espreguiçadeiras. Um dos pontos altos do W Residences é a piscina coberta e aquecida com raia de 25 metros e vista espetacular da cidade. Espaço de coworking, academia, kids place, sauna seca e sala de ioga completam a área social à disposição dos moradores. O complexo W terá ainda restaurante internacional e centro de convenções. Interessados já podem visitar o apartamento decorado na torre. R. Funchal, 65, Vila Olímpia, wresidencessp.com.br

Perspectivas ilustradas mostram a fachada (prédio da esquerda), o espaço de coworking e a piscina do complexo

W São Paulo