Revista Gente Centro-Oeste X

Page 54

RODOVIA

A rota que impulsiona o Vale do Araguaia

U

ma das principais estradas da região tem como pano de fundo a já extinta Fundação Brasil Central. Criada em 1943 pelo presidente Vargas, a FBC deu origem à Expedição Roncador-Xingu comandada pelo ministro da Coordenação de Mobilização Econômica João Alberto Lins de Barros, um bravo ex-tenente da Coluna Prestes e bandeirante desbravador de parte do Centro-Oeste brasileiro. À época, o país participava da Segunda Grande Guerra enquanto os expedicionários abriam a mais importante rota do Vale do Araguaia mato-grossense. A unanimidade dos pioneiros daquela geração de migrantes que aportace no mé-

54 Edição nº 10 de GENTE Centro-Oeste

dio Araguaia diz que os caminhos destes gerais, como eram chamados os sertões, passavam pelos seus rios. Portanto, alcançar o Centro-Oeste naqueles dias, não fosse em pequenos aviões, seria em lombo de burro, canoas, batelões ou pequenos barcos de passageiros. Está claro que o Brasil de então se configurava em sua faixa litorânea. Para avançar a sua região central João Alberto instalou uma base em Uberlândia (MG), no final da ponta de linha da estrada de ferro Mogiana. O comando da Expedição exitosa estava o tenente-coronel Flaviano de Matos Vanique, ex-chefe da guarda de Vargas, que deixara seu gabinete no Rio para conhecer a área e abrir picadas em territórios desconhecidos. (Veja texto na página 56). Por terra, para se chegar à margem goiana do Araguaia era saga de quase semana. Goiás era palco de poucas estradas que Valdon Varjão diz em um de seus livros, “não passavam de trilhas” que serviam aos carros de bois, as tropas e boiadas. Havia pistas de pouso para monomotores. O historiador acentua que poucos caminhoneiros se aventuravam à região. A produção de gado era a “mercadoria de exportação por excelência”, mas que precisava ser tocada para o mercado consumidor no interior paulista. O local escolhido para o acampamento da Expedição foi Barra Goiana que João

Alberto a batizou de Aragarças, uma menção aos rios Araguaia e Garças, que servem aquela cidade, Pontal do Araguaia e Barra do Garças. No povoado nascente o ministro mandou erguer as primeiras edificações a partir de agosto de 1943, entre as quais o Hospital Getúlio Vargas e fincou um cruzeiro como sendo o marco zero para estabelecer a base da rota a ser traçada pela Fundação Brasil Central em direção ao Xingu. MÃOS À OBRA

Assentada a base, os homens da FBC sabiam que tinham pela frente um desafio. Um trecho de cerca 800 km, ligando Barra do Garças ao sul do Pará. No correr dessa picada entre os dois pontos citados foi criada, entre outras, a colônia agrícola de Vale dos Sonhos, (distrito de Barra) e Xavantina, à margem direita do rio das Mortes, afluente do Araguaia. À medida que Acima, construção da ponte a expedição avan- sobre o Rio Garças, em 1956, çava com destino quando sinalizava a rota do ao Pará, ocorria desenvolvimento que bateu a porta da região Centro-Oeste então o fenômeno e, notadamente, dos sertões de ocupação do de Mato Grosso que estavam Vale do Araguaia por ser desbravados. Essa obra foi inaugurada em mato-grossense solenidade até então nunca por empresários, vista, com a presença do em sua maioria então presidente Juscelino Kubitschek paulista e que es-


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.