Revista Foco 200

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O princípio do Transplante Capilar é bastante simples: os fios da região lateral e posterior da cabeça (área doadora) não caem e, ao serem transferidos para a área calva, mantêm essa característica e tornam-se definitivos. Existem duas formas de retirar os fios da região doadora. Na técnica clássica, é retirada uma faixa de couro cabeludo que é dividida com o auxílio de microscópios em finas unidades foliculares de um a quatro fios, utilizadas no implante. Nesta técnica, uma grande quantidade de fios pode ser preparada e uma cicatriz resulta na região doadora. A outra forma de retirar os fios chama-se Follicular Unit Extraction (FUE), ou extração unitária das unidades foliculares, onde essas unidades são retiradas pelo cirurgião uma a uma com micro-agulhas de menos de um milímetro. Dessa forma, não há cicatriz na região doadora, a recuperação é muito rápida, porém obtemos menos fios do que na técnica clássica. Geralmente o cirurgião domina uma ou outra técnica e as utiliza de forma separada. O que fazemos na nossa técnica é unir os dois procedimentos em uma única cirurgia, ou seja, retiramos a faixa de couro cabeludo e implantamos as unidades na área calva e, no mesmo dia, realizamos a retirada de mais unidades pela técnica FUE em toda a zona doadora acima e abaixo da linha de retirada da faixa. Com isso, obtemos em torno de 20 até acima de 40 por cento mais fios que na técnica clássica isoladamente, poten-

Como surgiu o seu direcionamento para Transplante Capilar? Observamos que o cabelo representa um papel fundamental na estética facial, tendo também um simbolismo cultural e de poder muito forte. Veja como no início os Beatles chamavam a atenção pelo corte de cabelo diferente e imagine a imagem de Elvis Presley sem o seu famoso topete. A perda capilar, seja ela em um jovem que está em formação, seja em uma pessoa de meia idade ou mesmo em mulheres, pode ter repercussão variada do ponto de vista psicológico, muitas vezes afetando as relações sociais e profis-

Dr. Márcio com a repórter da Revista FOCO

sionais. Da mesma forma, o tratamento bem sucedido é extremamente gratificante, tanto para o paciente como para o cirurgião. Tudo isso me chamou a atenção e comecei a me interessar pelo Transplante Capilar durante a residência de cirurgia plástica. A partir daí, o meu interesse foi aumentando paulatinamente. Como não existe uma especialização em Transplante Capilar no Brasil, é comum que o médico residente não tenha assistido a nenhum transplante. No serviço do Prof. Pitanguy, existe um setor de Transplante Capilar onde adquirimos os conhecimentos básicos, porém sentimos que, para se chegar a um nível cirúrgico de excelência, era necessário complementar a formação. Por isso, visitamos várias clínicas de referência no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, onde estabelecemos forte relacionamento e troca de experiências. Tudo isso reforçou a nossa intenção de montar um centro de Transplante Capilar no mesmo modelo dos mais modernos do mundo. Hoje, o centro existe em Fortaleza, mas a demanda de pacientes de todo o país nos fez clinicar nas principais cidades, como Brasília, por exemplo.

Brasília demanda muitos transplantes? Brasília é o centro do poder, e quase sempre, poder e juventude se fundem.

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Dr. Márcio Crisóstomo, explica pra gente como funciona essa nova técnica cirúrgica desenvolvida pelo senhor?

cializando o uso de toda a área doadora do paciente. Além disso, preservamos uma faixa de área doadora intacta caso o paciente necessite de uma nova cirurgia no futuro. Em nossa opinião, essa é a melhor opção para calvícies avançadas, já que leva um número bem maior de fios. Descrevemos essa técnica, que chama-se Untouched Strip em alusão à faixa preservada na área doadora, e publicamos em revistas científicas nacionais e internacionais e, em 2012, já temos apresentações dessa nossa padronização confirmadas em congressos de cirurgia plástica e de Transplante Capilar em seis países.

Foto Chico Gadelha

tes congressos sobre o tema como palestrante convidado na maioria deles, já tendo apresentado sua experiência em países como Itália, Áustria e Alemanha. É ainda membro das Sociedades Brasileira, Europeia e Internacional de Transplante Capilar e Membro fundador da FUE Society International. A Revista FOCO conversou com o cirurgião plástico, que acaba de ter sua técnica reconhecida internacionalmente para procedimentos de Transplante Capilar em calvícies mais avançadas e que agora atende regularmente na Capital Federal.

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