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Por Márcia Casali – Fotos Rafael Lang e Divulgação

O

ção e canto e pós-graduado em Düsseldorf, na Alemanha, informa que a música estimula a criatividade e sensibilização das crianças. Além de auxiliar no aprendizado escolar, estimula a coordenação motora e a ampliação da percepção. “Sabemos que por meio deste trabalho, cada vez mais a criança se engaja na sociedade de uma forma positiva”, afirma De Cesar, que acredita no crescimento e inclusão das crianças na sociedade, sem a necessidade de tirá-las dos locais em que vivem.

OS INSTRUMENTOS O projeto que utiliza a arte como forma de recuperação da cidadania é um exemplo bem-sucedido de trabalho social com foco na educação. Mas para realizá-lo é preciso ter os instrumentos musicais, o que segundo Emílio é muito caro. Violoncelo e contrabaixo, por exemplo, custam em torno de 600 a 2000 mil reais. O maestro conta com a ajuda da comunidade e busca parceiros para que o trabalho ganhe força e mais crianças sejam alcançadas. “Ao saber do projeto, muitos amigos abraçaram a ideia e doaram instrumentos pessoais”, diz Emílio. Para ele, o desejo é resgatar as crianças das ruas dos maus caminhos e da péssima influência que infelizmente campeiam certos locais como o Itapoã. “Queremos que eles tenham oportunidades de descobrir que são capazes de fazer outras atividades”, comenta o maestro e frisa, ainda, que trabalho semelhante acontece na Venezuela com o “El Sistema”, da Orquestra

CULTURA

Centro de Integração Social da Família e da Criança (Cisfac) é uma organização não governamental (ONG) mantida por voluntários e que atua na comunidade do Itapoã, junto a crianças em situação de vulnerabilidade social. Atualmente atende 80 crianças em caráter social e educacional. O projeto visa promover o desenvolvimento humano, sócio-cultural e econômico. A sede abriga uma biblioteca comunitária que atende dezenas de estudantes por dia. Oferece reforço escolar, de segunda a sexta-feira, nos dois turnos, aula de informática, teatro, dança, além de assistência à saúde por meio de parceiros. A região do Itapoã começou como uma invasão irregular. Aproximadamente 100 mil habitantes convivem diariamente com os altos índices de violência, pobreza, desnutrição e analfabetismo. Uma região a menos de 30km de Brasília, a Capital Federal. Tão perto do poder e tão longe da dignidade. Foi nesta realidade que o Cisfac decidiu trabalhar. O projeto existe desde 2006 e visa contribuir para o desenvolvimento social das crianças e famílias. “Já estamos atuando na área de assistência social, educação e saúde”, comenta Ana Maria Costa, voluntária no projeto, que em parceria com o maestro Emílio De Cesar trabalha na estruturação de uma orquestra sinfônica no Itapoã. Com apenas 16 anos, Emílio já era regente de coral da Igreja Presbiteriana Independente Central de Brasília. Formado pela Universidade de Brasília (UnB) em regência, composi-

Crianças da orquestra sinfônica do Recanto das Emas

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