3 minute read

DESPERTANDO MULHERES

CADA VEZ QUE UMA MULHER É SILENCIADA, OS SEUS DIREITOS SÃO VIOLADOS!

ANDRÉIA FIORAVANTE Advogada, diretora do Centro Despertar e apresentadora do programa Despertando Mulheres

Advertisement

Com a 1ª Guerra Mundial, a mulher deixou de ser somente mãe, esposa e administradora do lar para ingressar no mercado de trabalho substituindo seus maridos que estavam no front. As mulheres passaram a ocupar espaços que antes eram exclusivos dos homens, em um caminho sem volta, mesmo com o retorno deles, terminado o conflito. Com toda essa transformação na sociedade, as mulheres passaram a também conquistar o direito à participação política, e, principalmente, entre os anos de 1916 a 1940, muitos países passaram a criar Leis permitindo o voto feminino. No Brasil, o voto feminino foi reconhecido em 1932. panheiro, o que muitas vezes as levam a suportar abusos e violência doméstica. No mercado de trabalho, em nível global, as mulheres ganham salários 20% menores em média do que os homens, e ocupam apenas 1/3 dos cargos de liderança. Também sabemos que mulheres são mais propensas a desistirem de cargos de liderança, pois seus desafios são maiores e diferentes do que os enfrentados pelos homens; um dos desafios é a maternidade, quando pesquisas informam que 5% das mulheres são demitidas um mês após a licença maternidade, 15% demitidas dois meses após a licença maternidade e 48% demitidas sete meses após a licença maternidade, ou seja, se tornar mãe coloca em risco a vaga no traba-

Homens têm criado Leis para lho! Podemos ainda apontar outros mulheres e contado histórias fatores: o preconde mulheres, e tudo através ceito, o machismo e o assédio moral e do seu olhar masculino, sexual enfrentado pelas mulheres no extremamente diverso do olhar ambiente de trabalho. Conforme feminino e da vivência feminina, o Sebrae, 48% dos e com isso verdades têm sido empreendedores são mulheres, que negligenciadas passaram a empreender, principalmente, após a pandemia de Covid-19, Ao sair para o mercado de trabalho porém não podemos deixar de obsera mulher foi conquistando indepen- var que nem todas passaram a empredência econômica e direitos políti- ender por um sonho ou propósito, mas cos. Contudo, mesmo que estejamos por necessidades, pois foram elas as próximos de um século dessas con- mais afetadas com as demissões. quistas, a mulher ainda não conquistou a verdadeira liberdade econômica Na política, a mulher ainda ocupa poue reconhecimento profissional. cos espaços, principalmente espaços de comando e poder. O incentivo dos Mulheres ainda são dependentes fi- partidos políticos à participação da munanceiramente de seu marido ou com- lher é muito pequena, limitando-se, na maioria das vezes, essa participação, ao cumprimento da exigência legal, esquecendo-se de formar lideranças feminina ao longo dos quatro anos que antecedem cada eleição. Não podemos negar que ainda existe uma resistência dos homens às candidaturas femininas.

Carecemos de representatividade feminina não só no mercado de trabalho ou na política, mas também em outras frentes, e essa falta de representatividade, paridade e equidade provoca uma carência de direitos, pois o direito é formado a partir de necessidades, discussões e debates que geram Leis. E se a mulher não está presente nesses debates, como haverá equilíbrio e justiça nas decisões e nas Leis que são criadas?

Homens têm criado Leis para mulheres e contado histórias de mulheres, tudo através do seu olhar masculino, extremamente diverso do olhar feminino e da vivência feminina. Com isso, verdades têm sido negligenciadas. Precisamos reconhecer que homens e mulheres veem diferentemente a mesma história, principalmente quando essa história fala da luta das mulheres por seus direitos. Por isso, podemos correr o risco de a história ser negada ou de ser contada de forma a não representar a verdade.

Quando a história de uma mulher é silenciada ou distorcida a sua verdade, os seus direitos estão sendo violados. Uma sociedade justa, com paz e prosperidade será possível, quando em todos os ambientes e espaços de voz e poder, as histórias e necessidades forem contadas e debatidas por seus reais protagonistas, e quando tivermos a representatividade feminina, a paridade e a equidade que trará o equilíbrio e a harmonia que tanto tem feito falta nos últimos dias.

This article is from: