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EM EVIDÊNCIA NA TV - Marcelo Maranata
Marcelo Maranata, prefeito de Guaíba e vice-presidente da Famurs
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Entrevista: Lucio Vaz e Voltaire Santos Edição: Patrícia Poitevin
O empreendedorismo e a geração de empregos sempre fizeram parte da carreira e da vida do Marcelo Maranata, isso se reflete em Guaíba. Quais são as novas oportunidades para o município e como se faz para ter uma cidade desburocratizada?
Nós temos que agradecer muito a toda equipe que trabalha para isso. Quando cheguei na prefeitura, recebi um carrinho de supermercado, cheio de documentos para assinar e, a partir dali, nós entramos num processo de desburocratização. Hoje não se assina nada que não seja digital dentro da prefeitura. Isso não só gera economia, mas também celeridade em todos os processos. Eu introduzi esse olhar de gestor, pois fui presidente da CDL, do Sindilojas e diretor na Fecomércio. Comecei com o presidente Flávio Sabbadini, que foi uma grande escola, me amadurecendo e oportunizando experiências. Iniciei engraxando sapatos na barbearia do meu pai, quando nós viemos para Guaíba, abrimos uma loja. Formei-me em Direito e trouxe toda essa experiência para dentro da gestão pública. Não existe uma escola que ensine como ser prefeito, é o dia a dia. Eu concorri duas vezes e com isso conheci mais o município e suas fragilidades. Fui vice-prefeito e Deus me oportunizou esse momento de ser prefeito, gerar empregos e renda. Nós assinamos o programa Cidade Empreendedora do Sebrae, para capacitar os empreendedores da nossa cidade e agilizar as compras do setor público. A entidade também levará a educação empreendedora para dentro das nossas escolas. Queremos ensinar, também, linguagem de programação, junto com a educação financeira, mas para isso a criança precisa saber ler e escrever com qualidade. Nós temos um grande desafio pós-pandemia, pois tirou as nossas crianças da escola, por mais de dois anos. Precisamos recuperar

UNIDOS PELA COSTA DOCE Após dirigir a poderosa Acostadoce e assumir a vice-presidência, pela segunda vez, da Famurs, Marcelo agora foca na conquista da presidência da maior entidade municipalista do RS. Na foto, com o amigo Voltaire Santos, Marcelo exibe exemplar que traz na capa o colega e presidente da Famurs, Paulinho Salerno

o tempo perdido. Eu conversei com o secretário de Educação de Salvador, Marcelo Oliveira, e com a Ana Paula Matos, que é vice-prefeita de Salvador. É a primeira cidade do Brasil que está colocando linguagem de programação nas escolas do município. Nós podemos trazer essa experiência não só para Guaíba, mas dividir também com os outros prefeitos do Rio Grande do Sul. A Famurs, onde eu sou vice-presidente, junto com o nosso querido prefeito de Restinga Sêca, Paulinho Salerno, está trazendo a inovação para dentro das prefeituras.
Durante a missão na Europa da Famurs, nós conhecemos a Academia do Código, que é uma startup que forma crianças e adolescentes. O senhor deseja colocar esse sistema educacional em Guaíba?
Sim. Hoje, no Brasil, quem está introduzindo essa tecnologia e todo esse sistema é a Tech for Kids. Segundo o prefeito, Paulinho Salerno, eles estão vindo ao Rio Grande do Sul. Eu tive a oportunidade de conversar com o gestor que está implantando e já fez todos os testes pedagógicos, para ver como que o projeto se adapta ao sistema brasileiro. Fiquei encantado realmente, com o que se está oportunizando. Queremos colocar linguagem de programação para as nossas crianças e, também, para quem está entrando no mercado de trabalho, que é o caso dos adolescentes. Quem está no mercado de trabalho, precisa se requalificar como profissional. O programa faz uma triagem e identifica quem são as pessoas que têm o perfil de ser um programador e em 14 semanas ininterruptas, o indivíduo sai formado para ingressar no mercado de trabalho.
O senhor faz um grande trabalho em Guaíba, com um estilo mais próximo do cidadão. Como funciona e qual o efeito que isso tem para os cidadãos, ao ver um líder que não está acima e sim ao lado da sua população?
Quando eu almoço num restaurante popular, sento-me ao lado da pessoa para conversar, tento entender o problema e quero ajudar a encontrar trabalho. Houve uma ocasião, em que eu levantei cedo e peguei o ônibus na frente da prefeitura. Fui até Pedras Brancas, que é o bairro mais distante que nós temos. No ônibus, uma senhora me disse: “O senhor tinha que estar aqui ontem, às 17h45min, quando o ônibus estava lotado”. Eu percebi a dificuldade que ela estava enfrentando como usuária do sistema. Naquele mesmo dia, liguei para a empresa e corrigi aquele problema. Então, é importante estar perto da comunidade e conversar com as pessoas. Quando alguém me para na rua, eu escuto e vejo onde precisa melhorar. Na política, às vezes, nós ficamos cercados dentro de uma bolha, onde uma grande quanti-
Na política, às vezes, nós ficamos cercados dentro de uma bolha, onde uma grande quantidade de pessoas querem que dê certo e não te falam, justamente aquilo que o prefeito precisa ouvir. Nós, prefeitos, somos contratados todos os dias pela população para resolver problemas, essa é a nossa missão
dade de pessoas querem que dê certo e não te falam, justamente aquilo que o prefeito precisa ouvir. Nós, prefeitos, somos contratados todos os dias pela população para resolver problemas, essa é a nossa missão. Como você vai fazer isso se está longe, encastelado, sentado numa cadeira e não caminha por onde tem que fazer o asfalto, o lugar em que a água tem que chegar e onde ainda precisa ter qualidade no transporte público. Eu queria ver qual o posto de saúde que tinha o pessoal mais humano, para colocarmos toda a nossa força e energia. A nossa unidade da Estratégia de Saúde da Família (ESF), em Nova Guaíba, virou o nosso "posto modelo". Nós vamos replicar isso em todo o nosso município. Andar com a comunidade e estar presente no dia a dia, nos oportuniza refazer alguns planejamentos para atender a necessidade de cada comunidade, que é diferente uma da outra. Nós estamos oportunizando, também, uma regularização fundiária, são mais de 1.500 famílias que receberão a escritura do seu imóvel. Para entender o que as pessoas precisam, você tem que estar perto da comunidade, precisa sair da cadeira, andar na rua, colocar tênis, pegar a bicicleta e ir para dentro do bairro.

Por que a Metade Sul e a Costa Doce,
ainda sofrem com a geração de empregos? O que precisa ser feito?
Desburocratizar, apresentar, abrir as portas e fazer a renovação na política, são caminhos que nós precisamos perseguir incessantemente. Existem entidades com muita expertise, que podem nos ajudar muito. Os sistemas, como da Fecomércio e da FIERGS, podem participar deste processo. Nós precisamos de política empresarial, conseguir o apoio dessas instituições, ter na Assembleia Legislativa e na Câmara de Deputados representantes que olhem para a nossa região. Nosso objetivo, em Guaíba, é possibilitar a abertura de empresas em apenas dez minutos. O empreendedor chega na prefeitura e em pouco tempo leva o seu alvará, que é um QR Code. Só na CMPC, já são 7.500 empregos em 26 dias. Nós temos agora a Aeromot, que está precisando das licenças no Brasil. Eles já têm 36 aeronaves vendidas e entregam a primeira 100% fabricada no município de Guaíba, em 2025. A Aeromot possui uma parceria com a Diamond, que é de um grupo chinês, uma das 250 maiores empresas mais ricas da China, pois fatura 107 bilhões de dólares por ano. Eles detêm 25% do setor da aviação mundial e querem entrar no Brasil como a primeira empresa privada fabricando aeronaves aqui. Hoje, só quem fabrica no país é a Embraer. O projeto da Diamond vai gerar em torno de 1.500 empregos diretos. É uma empresa que inclusive fabrica aeronaves de alta performance, para as Forças Armadas. Querem iniciar no país fabricando a aeronave DA62, um bimotor, que funciona com querosene. Eles escolheram o estado não só pela logística, mas também pela qualidade dos nossos profissionais. Nós vamos ter uma pista de pouso, que atenderá também a aviação comercial, com 1,8 quilômetro, dentro da antiga área que tinha sido destinada para a montadora da Ford. Ao lado, nós temos o Centro de Distribuição da Toyota e outros empreendimentos. Perto dessa área, vamos ter também uma grande loja, que levará o seu Centro de Distribuição, Centro Administrativo e um outlet. Ela ficará logo na entrada de Guaíba. Nós conseguimos fazer todas as licenças para que a Stok Center montasse um grande empreendimento, ao lado da loja da Havan. A cidade toma uma nova proporção, com mais de 24 empreendimentos aprovados, são mais de 30 mil novas moradias em Guaíba. Queremos que os empreendimentos que já acumularam no Leste do estado, possam enxergar agora a Metade Sul como a “bola da vez”. É uma região extremamente empreendedora, com uma comunidade muito trabalhadora. O agronegócio é forte, plantamos arroz, soja, milho e batata-doce. Também teremos um empreendimento que produzirá, a partir da batata-doce, o etanol. Nossa região é uma pérola que precisa ser aproveitada no Rio Grande do Sul.
Na última edição da Revista Em Evidência saiu uma matéria com a sua esposa, Deise Maranata. Como ela te ajuda na missão de gerir uma cidade como Guaíba?
Ela é extremamente envolvida e trabalha muito, assumiu a Coordenadoria das Primeiras-damas da Região Metropolitana, levando para dentro da Granpal. Deise abriu o gabinete da primeira-dama, em Guaíba, e atende a comunidade ao meu lado. A primeira-dama criou a Coordenadoria da Mulher e uma loja, que é a Casa Solidária, onde as pessoas podem levar roupas e alimentos. É essa experiência que ela está conseguindo trocar com as primeiras-damas da Região Metropolitana, estimulando a todas a terem o seu próprio gabinete também, envolvendo-se com o trabalho social, ajudando as pessoas a resolverem os seus problemas, gerando emprego e renda. Ela sempre esteve ao meu lado na gestão da loja, não só cuidando da família, pois é mãe e advogada, mas também do escritório em Camaquã e Guaíba. Eu sou apaixonado por ela. Os prefeitos e vereadores sabem como é importante ter do nosso lado alguém que saiba das nossas dificuldades e enfrentamentos, lutando junto conosco diariamente. Um beijo enorme para a Deise Maranata, a minha esposa.
No ano que vem, o PDT terá direito à indicação da presidência na Famurs. O senhor está preparado para esse trabalho de conduzir os 497 prefeitos na luta municipalista?
Sem dúvida, o PDT tem dentro do seu quadro excelentes prefeitos, gente muito experiente. Antes de me colocar à disposição do meu partido, eu fui conversar com a nossa presidência, o presidente Ciro Simoni, tive a oportunidade de falar também com o nosso prefeito João Luiz Vargas, que foi presidente do Tribunal de Contas. Se ele decidisse que ia concorrer teria o meu apoio, a mesma coisa fiz com o prefeito Ernani Gonçalves, de Eldorado do Sul. Já fui vice-presidente do Bonotto, agora do Paulinho. Estou me preparando para esse momento, para ser presidente da Famurs, mas é uma escolha partidária. Precisamos seguir com as bandeiras, que o PDT defende, que é uma educação de qualidade nas nossas escolas e a geração de empregos. Nós devemos ter a união entre todos os prefeitos e a Famurs faz isso muito bem. No ano que vem, vou me sentir muito honrado com essa missão e quero contribuir estando perto de cada prefeito, indo no interior, visitando a todos, de diferentes partidos.
Quais são as suas considerações finais?
Agradeço e peço que Deus abençoe cada família, de cada gaúcho e gaúcha. Que Ele abençoe a sua casa. Cada um é prefeito ou prefeita dentro de seu lar. Nós precisamos cuidar dele, fazer a gestão financeira e amar onde nós vivemos. Não tem sucesso no mundo, que recompense o fracasso na família, portanto se envolvam, digam que amam, abracem os filhos, cuidem da família, amem a sua esposa, a sua casa, a sua família, o seu bairro. Nós precisamos viver bem, em comunidade, amando as pessoas.