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EM EVIDÊNCIA NA TV - Jair Machado
Jair Machado, prefeito da Barra do Ribeiro
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Entrevista: Voltaire Santos Edição: Patrícia Poitevin
Como nasceu e como funciona a Fábrica dos Gaiteiros?
Ela surgiu através do Instituto Renato Borghetti, que é financiado por ele. Numa reunião da CMPC Celulose Rio-grandense, junto com o Renato, surgiu o assunto através de uma brincadeira da diretoria da empresa. Eles perguntaram se dava para fazer uma gaita ponto de eucalipto, se fosse possível, eles bancariam o projeto. O eucalipto é uma madeira dura, que racha e não é preparada para isso. O Renato começou a investigar os tipos de eucalipto existentes e achou uma espécie na Bahia, que a matéria-prima deu certo, porque era macia e não rachava. Trouxeram para o Sul, fizeram um teste e foi aprovada a gaita de oito baixos de eucalipto. Na época, o Renato procurou o presidente da CMPC, Walter Lídio Nunes, e falou: “já temos a matéria-prima, o euca-
lipto pronto para fazer a gaita de oito baixos”. Ele fez um modelo e a partir daí começou o projeto. Ele montou uma fábrica na Barra do Ribeiro. Hoje são 16 cidades já possuem esse empreendimento. Aderiram ao projeto, até mesmo em Santa Catarina. Tem também o aspecto social para as nossas crianças, tirando elas da rua. É um projeto muito lindo, inclusive estamos preparando para dezembro, o Encontro Internacional de Gaita, em Barra do Ribeiro. Será um evento muito importante, com gaiteiros de todo estado, do país e do exterior, como Itália, Argentina e Uruguai.
Conte-nos sobre a confraternização, no final de ano, com o Encontro das Fábricas dos Gaiteiros na Barra do Ribeiro?
É um encontro de todas as cidades que possuem uma Fábrica dos Gaiteiros, reúnem-se no nosso município e fazem uma apresentação muito linda. O evento nos traz uma alegria muito grande. Inclusive, o Renato, não está dando conta dos pedidos das cidades que querem aderir ao programa. A gaita é fabricada pelo aluno, para ficar pronta leva um tempo, pois é um trabalho refinado e complexo. É muito bom que todo mundo queira aderir, é importante para o mundo de hoje, para os jovens e as crianças terem esse incentivo. Hoje nós temos alunos premiados em vários concursos de gaita ponto. Tem um menino que está se destacando na música e possui vários prêmios, isso incentiva a gurizada ter alguma ocupação além do colégio e do estudo, essa é a principal função do projeto.
Quem quiser visitar a cidade e conhecer esse projeto, pode ir ao Museu da Gaita?
O nosso projeto é aberto todos os dias da semana, o pessoal pode visitar, conhecer a fábrica e ver uma gaita sendo fabricada desde o início até o final, quando instrumento é afinado. Têm turistas de todos os lugares, já veio gente de outros países para conhecer a Fábrica dos Gaiteiros. É uma coisa muito importante e inédita.

O senhor está no seu segundo mandato e está se destacando por valorizar as belezas naturais do município. Como está o andamento dos projetos turísticos para melhor receber os visitantes?
A Barra do Ribeiro é uma cidade na Costa do Rio Guaíba, que vem ao encontro da Lagoa dos Patos, sempre com muito potencial, mas pouco explorada. Nós começamos um trabalho de organização, há cinco anos, no meu primeiro mandato. Eu sempre defendi isso entre os municípios da Costa Doce, pois sabia que só a Barra do Ribeiro não conseguiria atrair pessoas de outros lugares para nos visitar. A nossa região é muito rica em turismo e outras atividades. Além da Costa Doce, nós temos uma parte da Serra. Começamos um trabalho junto com os municípios da Região Costa
CHICO PINHEYRO/REVISTA EM EVIDÊNCIA

Doce, fazendo uma organização na cidade, limpamos as ruas e deixamos a Orla revitalizada. Nós temos agora eventos com veleiros, já aconteceu o 2º Encontro com os Veleiros, da região de Porto Alegre, Belém, Itapuã e Tapes. Nós tivemos um trabalho também muito sério, com a revitalização do Engenho Santo Antônio e de muitos prédios antigos de Barra do Ribeiro, inclusive a prefeitura. A cidade começou a melhorar, renovamos o calçamento da avenida. A Barra do Ribeiro está mais alegre e com mais qualidade de vida. Investimos muito também na área da Saúde, para poder oferecer um bom serviço aos cidadãos. No 1º Velejaço Solidário, em Barra do Ribeiro, nós tivemos mais de 200 embarcações nos visitando. Com isso, o pessoal começou a se interessar em conhecer o município, que é uma cidade hospitaleira, que atende bem os turistas. Temos muitas pousadas, hoje estamos com mais de 600 leitos para receber o turista, portanto estamos nos preparando junto com a Costa Doce, porque eu sempre digo: “uma andorinha só, não faz verão”. Só o nosso município não vai conseguir atrair visitantes, tem que haver uma união e cada um mostrar o seu potencial, para que as pessoas se interessem a vir para essa região, ou seja, passar a Ponte do Rio Guaíba e ir do outro lado.
Como aconteceu a revitalização do engenho, foi com recurso próprio ou emenda?
O projeto foi financiado pela iniciativa pública e privada. Um empresário de Porto Alegre tinha o sonho de realizar algo em Barra do Ribeiro. Eu me elegi, assumi a prefeitura no dia primeiro, já no dia cinco o arquiteto Eduardo Ribas estava em Barra do Ribeiro, com o projeto dele na mão. Nós saímos para caminhar e ele mostrou o que queria. Quando chegamos no engenho, ele afirmou que ali seria o projeto. O engenho era da família Garcia, uma família antiga de fazendeiros que plantavam arroz. Ele fez o projeto e eu disse que teríamos que conversar com os donos para ver se eles teriam interesse. Encontramos-nos com os Garcia e eles gostaram da ideia, porque era um prédio antigo que estava fechado. A prefeitura revitalizou a rua, fez o trapiche e a família deu uma ajeitada nas construções do engenho. As obras não estão prontas, porque teve que parar na época da pandemia. Infelizmente, o senhor Armando Garcia veio a falecer, eles ficaram envolvidos com o inventário, dando uma segurada no projeto.
Como está a negociação da Barra do Ribeiro com a CatSul, para trazer o Catamarã para o município?
Nós começamos a falar com o empresário da CatSul, fomos visitá-lo e nos dando uma sinalização positiva. Disseram que a Barra do Ribeiro tinha condições de receber esse projeto, a única dificuldade maior seria o volu-
me de público, para ter condições de levar um Catamarã com duzentas pessoas, fazendo uma linha comercial. No momento não se vislumbrou essa ideia, mas houve a intenção de uma linha turística. Como por exemplo, uma pessoa quer fazer o casamento no trapiche da Barra do Ribeiro. Ela pode deslocar o Catamarã até o trapiche e fazer o evento. Se um grupo de turistas quiser conhecer a Orla, poderá ir até um Catamarã à disposição, no final de semana. O início seria dessa forma, depois conforme o andamento. Com o interesse das cidades vizinhas de vir até a Barra do Ribeiro, pegar essa embarcação e ir a Porto Alegre, fica mais fácil que aconteça. Seria um Catamarã por dia, pela manhã bem cedo e no final da tarde. Nós temos que preparar o trapiche, aumentá-lo para o Catamarã encostar, por causa do calado. A nossa praia é de banho, por isso é baixa, então temos que fazer esse ajuste. Existe também um projeto para a pessoa que vem de Guaíba até Porto Alegre. O Catamarã faria um novo trajeto passando em Belém, Itapuã e Barra do Ribeiro. Temos esse projeto, que a CatSul está estudando. Nós torcemos por isso, porque ficaríamos com um pacote legal e as pessoas poderiam fazer um passeio na viagem para o trabalho. Agora temos a parte burocrática do projeto, com a licitação, pois existe um novo trajeto a ser percorrido. A CatSul venceu a licitação, mas até Guaíba, no caso, ela teria que fazer um aumento, teríamos que ver qual a possibilidade de continuarmos com a CatSul ou contratarmos outra empresa. No momento que o município da Barra do Ribeiro tiver com o trapiche pronto, nós vamos ter condições de receber outras embarcações turísticas. Pode haver outra empresa interessada em fazer esse turismo na Barra, porque nós temos uma Orla maravilhosa, muito pouco explorada pela população. Imagina sair da pressão do trabalho num dia de semana e em 20 minutos se encontrar com a mata virgem, uma Orla linda, não tem coisa melhor. A região está ali para ser explorada e eu tenho certeza que a CatSul vai abraçar esse projeto. Quais são os principais elementos de desenvolvimento da economia do município?
Hoje, além de nós termos a agricultura, com o arroz e a soja, também desenvolvemos a silvicultura, que tem dado uma renda muito boa para o município. Nós trabalhamos em parceria com a Tecnoplanta, uma empresa de mudas de eucalipto, que funciona diretamente ligada à CMPC. Eles possuem em torno de 700 funcionários no total, é uma empresa extremamente forte. O turismo movimenta muito o comércio. Na nossa avenida principal, felizmente, nós estamos com todos os locais lotados de lojas famosas, que vieram nesses últimos anos para Barra do Ribeiro, apostando no município.
Quais os seus planos para depois que concluir o mandato como prefeito?
Nós sempre dizemos que o futuro a Deus pertence, pois não sabemos o que pode vir ali na frente. Falar agora com toda a certeza, é difícil, mas eu torço muito por Barra do Ribeiro. Eu sou um apaixonado pela cidade, já tive dois mandatos como vereador, agora é o segundo consecutivo como prefeito. Sempre tive esse sonho, o que está acontecendo na nossa cidade é o que eu sempre imaginei desde guri. Eu pretendo ver alguém que me substitua, continuando com esse trabalho, com ideias novas. As brigas na política não trazem nada para ninguém, nem para a cidade, nem para o estado e ou até mesmo para o país. Quando eu assumi a prefeitura da Barra do Ribeiro, no primeiro mandato, infelizmente ela estava largada, completamente abandonada, estava no CADIN, com os tributos presos para receber nova captação. Tivemos que trabalhar muito, quase dois anos, em cima disso. Depois veio a pandemia. Aproveitamos para organizar a Saúde. Hoje, nós temos um Pronto Atendimento 24 horas, que só não faz cirurgia. A Barra era uma cidade que vinha doente, porque muitas das pessoas não tinham condição de ir a Porto Alegre, não saíam e ficavam doentes em casa. Agora, nós temos radiografia, raios-X e laboratório. A quantidade de consultas que têm na Barra do Ribeiro é inédita. A qualidade de vida das pessoas melhorou, isso, para mim, é uma satisfação muito grande. Eu fico muito contente quando vejo essas coisas acontecerem e eu torço para que a Barra continue assim. Não somos o dono da verdade, nem eternos. As pessoas vêm, nós passamos e deixamos o nosso legado para o município. Quando eu peguei a Barra do Ribeiro, não tinha nenhuma patrola, ou uma retroescavadeira. Hoje nós estamos com três retroescavadeiras, duas patrolas e uma escavadeira hidráulica. Nós estamos mudando toda a nossa frota, deve ter mais de 20 carros. A Barra do Ribeiro está em outro patamar, muito diferente daquele em que nós encontramos quando iniciei o mandato.
Quais são as suas considerações finais?
Primeiro, eu quero agradecer a RDC TV e a Revista Em Evidência, pela oportunidade e pelo convite por estar aqui. Isso é muito importante para mostrar as qualidades do município de Barra do Ribeiro. Eu deixo a cidade de portas abertas para toda a população gaúcha e porque não de fora do RS, para conhecer essa pequena cidade do interior do estado, muito hospitaleira. Eu sempre digo, que nós nunca fazemos nada sozinhos, portanto, agradeço também à equipe da Barra do Ribeiro, os funcionários públicos, desde o gari até o médico. São pessoas que pegaram comigo o município e mudaram o rumo dele. Quem conheceu a Barra há 20 anos, com certeza vai estranhar quando chegar agora, pois está mais bonita e limpa. Peço que a população, agora nas eleições, que vote com consciência, preste atenção nos seus candidatos e analise bem as propostas. Vamos ver se o Brasil melhora e cresça cada vez mais. Nós temos tudo para fazer o país ser feliz, com todas as condições que temos.
