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EM EVIDÊNCIA NA TV - Kalil Sehbe
Kalil Sehbe, diretor de Operações e Inovação do Badesul
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Entrevista: Lucio Vaz e Voltaire Santos Edição: Patrícia Poitevin
Como foi seu começo na vida pública?
Eu venho de uma família, onde meu pai tinha o DNA do empreendedor, um homem que nasceu nos Estados Unidos e depois foi para o Líbano. Com dez anos de idade imigraram para o Brasil, toda a família. A minha mãe é de ascendência italiana do Vêneto, eu sou Casagrande Lunardi, por parte de mãe. A veia política veio do meu avô materno, que foi o primeiro juiz de Comarca na região e também deputado. O Fórum de Bento Gonçalves, inclusive, tem o nome dele, Antônio Casagrande. Eu tive muito envolvimento na participação em clubes, fui vice-presidente do Juventude e fomos campeões da Copa do Brasil. Na Federação Gaúcha de Handebol, eu me tornei presidente,
mas antes fui atleta da seleção gaúcha e da brasileira. Eu tinha muito envolvimento esportivo e nas entidades de classes. Eu tive a honra de me tornar o vereador mais votado do MDB, em 1988, fiz 2.115 votos. Então, eu iniciei na vida pública como vereador, em Caxias do Sul, e cheguei até a presidência da Câmara de Vereadores deste município. Como presidente, eu tive a maior honradez de assumir a prefeitura, como prefeito em exercício, pois o Mário Vanin estava com problemas de saúde. O grande feito foi quando a Câmara de Vereadores criou uma TV. Tivemos também a construção do prédio da Câmara em 11 meses. Eu acho que tudo é um aprendizado, me reelegi vereador no PDT. Eu tive a honra do Collares e o Brizola assinarem a minha ficha no PDT. Na Assembleia, sempre procurei trabalhar na Comissão de Economia e Finanças, relatei uma meia dúzia de orçamentos do Estado, trabalhava muito nas questões sociais. Eu acho que quem mais precisa da política são os menos privilegiados. Quando temos emprego, diminuímos o problema social de Saúde, Educação e Transporte. Nós temos que ter qualidade, igualdade e oportunidade para todos.
No Rio Grande do Sul, vivemos um pouco menos a paixão ideológica na política?
A política gaúcha é um pouco diferente da nacional. Nós temos nomes que honram a política gaúcha, como os candidatos ao governo do Estado e Senado. O voto é um sonho e espero que quem for realizar alguma transformação para melhorar a qualidade de vida pessoal e da minha família, me dê segurança e amor ao país que vivo. Aqui no estado, felizmente nos debates está havendo mais vontade e proposição, têm candidatos que se diferenciam por conhecer mais o RS. A sociedade tem que ter o discernimento de interpretar as propostas, mas saber de onde vem o recurso para fazer o que o candidato está propondo. Propor é uma coisa muito fácil, mas se tu vives com um "cobertor curto", fica tudo muito difícil. Pela primeira vez tivemos um superávit primário, o Rio Grande do Sul conseguiu ter receita para pagar todas as despesas e ainda sobrou um pouquinho. Houve o superávit, porque teve controle de gestão, uma política austera e recursos vindo de privatizações. Tudo é uma engrenagem e para termos Educação, Saúde e Segurança Pública, é
EXPERIÊNCIA NA VIDA PÚBLICA Kalil Sehbe tem 33 anos de vida pública: foi vereador, presidente de clube e de uma Câmara de Vereadores, prefeito em exercício, deputado estadual por quatro mandatos e secretário de Estado por sete anos. Todo este trabalho foi reconhecido com a mais alta honraria do Parlamento Gaúcho, a Medalha do Mérito Farroupilha

necessário estar com as contas equilibradas, porque assim será um investimento e não uma despesa.
A quantidade de partidos enfraquece o debate das ideias e das propostas?
O país chegou a ter 33 partidos políticos e só criou isso, porque tem o Fundo Partidário. Infelizmente não é por convicções ideológicas ou por linhas doutrinárias políticas que temos tantos partidos políticos, é um interesse financeiro. Se nós terminássemos com os Fundos Eleitorais e os Fundos Partidários, cairia para seis a oito partidos políticos. É como naquela época, que todo mundo queria constituir um sindicato, porque vinham verbas governamentais do suor do trabalhador e do empresário. Com isso, o presidente nacional do partido fica praticamente vitalício. Como dono do partido, ele faz a gestão financeira e começa uma discussão sobre quais os deputados que devem ganhar mais Fundo Eleitoral, os que ganham menos e os que não ganham nada. Agora, temos a política de incentivarmos as mulheres, onde usamos 30% dos recursos para a sua participação. Nós temos mais de 50% da população brasileira de mulheres, é importante que elas estejam no Parlamento. Nós tínhamos que fazer uma discussão sobre a quantidade de partidos, porque nós vivemos uma colcha de retalhos, que a vontade é o poder.

Até que ponto as privatizações do governo foram fundamentais para ter esse superávit?
Elas têm um grau de importância, mas não podemos ser "oito ou 80", totalmente a favor de privatizações, ou totalmente contra. Temos que ter o equilíbrio, porque quando há uma privatização, não deixa de ter o controle público. Tem situações em que é dada uma concessão pública e depois recebe uma fiscalização, porque é de interesse de todos. É como uma emissora de TV, que possui uma concessão pública para funcionar. Devemos ter órgãos de auditagem e fiscalização para que o serviço, mesmo não sendo público, vá ao interesse social. Como dizia Tony Blair, é preciso conciliar o desenvolvimento econômico integrado ao social. Na Inglaterra, considerada capitalista, se alguém precisar algo na área da Saúde, não paga nada e recebe o melhor atendimento. A sociedade quer serviço e qualidade. A sociedade quando está no município, não quer saber se é obrigação do governo federal ou do governo do Estado, tudo cai na mão do coitado do prefeito que é o grande gestor que está do lado dos cidadãos, ou até mesmo daquele vereador. Nós temos que inverter a pirâmide, o maior recurso tem que ficar no estado, nós vivemos no município, portanto, todo o dinheiro não deve ir para o governo federal, para depois voltar para o Fundo de Desenvolvimento da Educação. Sai muito mais caro uma obra licitada pelo governo federal ou do Estado, do que no município, que é mais econômico, onde o dinheiro público é mais bem gasto.
O senhor sente saudade do clima da campanha eleitoral, da proximidade com o público e da troca de ideias?
Sim, me dá saudade. Eu concorri oito vezes e quando nós concorremos, apresentamos as propostas, criando um sonho para o eleitor, mas temos que fazer a política de resultado. Se eu cheguei a primeira vez na Assembleia Legislativa com 16 mil votos, me reelegi com 32 mil, depois fiz 42 mil e 49 mil votos, na última eleição em que fui depu-

tado estadual. Esse crescimento é reflexo do retorno e da prestação de contas para a sociedade. Eu sou o autor, na ALRS, do voto aberto, o eleitor pode votar secretamente, mas o eleito tem que dar satisfação para a sociedade toda a sua postura dentro do Parlamento gaúcho. Depois de eleito, a sociedade tem que saber todos os meus atos, a minha postura e a minha maneira de ser. Eu posso até divergir, às vezes, de um colega, mas posso construir, através da minha opinião, a maioria dos votos daquilo que nós acreditamos. Sinto saudade, pois agora tu fica mais próximo do eleitor. Antes era humanamente impossível, nós fazíamos de seis a oito mil quilômetros por mês. Hoje em dia, com as Redes Sociais, tu consegue fazer cinco a seis eventos, no mesmo dia. Antigamente, dava no máximo dois eventos. O papel do legislador, primeiro, é fiscalizar o Executivo, segundo é legislar, para que possam melhorar a vida do cidadão, e terceiro é ser um homem propositivo que leva sugestões ao governo do Estado. Oposição burra não constrói nada e o Estado fica quatro anos perdendo. Tu tem que ter uma oposição construtiva, que diga por que vota contra e dá uma solução do que poderia ser melhor.
A medalha do Mérito Farroupilha é a maior honraria que se pode ter dentro do nosso Parlamento gaúcho. Qual foi a emoção e a importância de ganhar esse prêmio?
Eu quero agradecer ao Parlamento, ao Gerson Burmann e todos os deputados, porque foi acolhido por unanimidade. A maior honraria da ALRS é um orgulho para quem faz a vida pública e para um cidadão que tem compromisso com a sociedade. Receber uma honraria desse tamanho tem uma dimensão muito grande, porque dentro do Parlamento gaúcho está 100% da população gaúcha. Ali é feita a representatividade da sociedade na íntegra, com todas as convicções político-partidárias. Com 33 anos de vida pública, tive a oportunidade de ser vereador, presidente de clube e de uma Câmara de Vereadores. Fui prefeito em exercício, deputado por quatro mandatos e secretário de Estado por sete anos.
Qual a diferença entre o Badesul, Banrisul e o BRDE?
Primeiro, o Banrisul é um banco de comércio, ou seja, o seu dinheiro vem da sociedade e ele trabalha com esse dinheiro. Todo cidadão pode ter uma conta corrente no Banrisul. Ele tem a sua fidelização, como qualquer outro banco, como o Santander, ou o Itaú. O cliente que tem uma conta corrente, faz operações, às vezes, só de giro, ou operações pessoais de movimentação da sua conta pessoal. O BRDE trabalha com grandes players, geralmente com empresas maiores, 40% são do Estado do RS, 30% do governo do Paraná e 30% do governo de SC. Então, ele é um banco que é dos três estados e atende, também, o Mato Grosso. Ele é igual ao Badesul, somente trabalha com grandes clientes. Ele possui um patrimônio líquido maior. O Badesul é 99,99% do Tesouro do Estado, então a população é dona dele. Quando houve as privatizações, foram criadas nos 23 estados, as agências de fomento, para dar uma equilibrada na economia, porque tu tens dinheiro subsidiado com menos custos, junto com uma política desenvolvimentista do fomento. São financiamentos diferentes de um banco comercial, porque são a longo prazo. A política de crescimento do Estado tem muito a ver com o Badesul e com o BRDE, que são bancos de desenvolvimento. Hoje, o Badesul tem um patrimônio líquido de R$ 800 milhões e três diretores, que é a presidente Jeanette Halmenschlager Lontra, o vice, Flavio Luiz o Lammel e o diretor financeiro, Kalil Sehbe Neto. Temos só 122 funcionários, com uma equipe extremamente competente. O Badesul tem dois bilhões de reais no mercado e o menor índice de inadimplência da história do banco. Há oito anos, o Badesul tinha 80 milhões de reais em prejuízo. Hoje, ele está a seis balanços fechando em superávit. No primeiro semestre deste ano, tivemos 30 milhões de reais em resultado, que será revertido para a sociedade. Quando a Secretaria de Desenvolvimento Econômico traça uma linha de política de desenvolvimento do Estado, o braço de apoio, que fornece o recurso geralmente é o Badesul ou o BRDE. Na Expointer, nós prospectamos 877 milhões de reais no agronegócio, desde a irrigação até a compra de equipamento. Hoje o Badesul é um banco extremamente importante para desenvolver o nosso estado. Nós trabalhamos com muita transparência e muita competência e queremos estar sempre ao lado do cidadão. No Juro Zero, nós fizemos mais de 20 mil negócios, colocamos quase 500 milhões de reais no mercado. Não se faz desenvolvimento sem Ciência, Tecnologia e Inovação, portanto nós temos que trabalhar muito essa tríplice hélice. Ela indo bem, nós temos um estado saudável. Devemos prezar pelos princípios e valores, respeitando o dinheiro público e as diferenças. O Badesul cuida muito bem do dinheiro público.
Quais são as suas considerações finais?
Nós estamos num momento importante, perto das eleições, não desperdice o seu voto, escolha o melhor, não vote em branco e procure conhecer as propostas. Nós temos excelentes candidatos ao governo do Estado. A política tem que ser igual a todos e é para o bem comum, dinheiro público tem que ser mais bem cuidado. Quero cumprimentar a todos pelo programa, é um carinho muito grande estar com o Voltaire, que admiro como profissional pela seriedade e competência. Quero agradecer a toda equipe da Em Evidência e ao seu proprietário, o diretor-executivo, Lucio Vaz, porque fazer jornalismo e levar as coisas boas para a sociedade tem um papel enorme. Eu jamais vou esquecer a cobertura da revista quando recebi aquela honraria na Assembleia Legislativa, do Mérito Farroupilha. Tenho acompanhado o programa de vocês, as pautas são fantásticas e quando a coisa é séria sempre podem contar comigo.