FORMAR LEITORES COM PAULO FREIRE* por Vima Lia de Rossi Martin
Mil Faces Secretas
Ilustração de Ana Pérola Oliveira da Silva
MIL FACES SECRETAS
N
a contemporaneidade, são muitas as vozes que se articulam no sentido de construir severas e legítimas críticas à escola, especialmente no que se refere ao modo como os saberes são distinguidos/recortados, transmitidos/impostos e assimilados (ou não) pelos alunos no interior das instituições escolares. Pierre Bourdieu, por exemplo, na obra Escritos de educação, chama a atenção para os processos de discriminação e exclusão provocados pela difusão de uma cultura unívoca, elitizada e sacralizada pelas e nas escolas francesas (e de grande parte do mundo). Partilhar das lúcidas críticas voltadas ao sistema educacional, tal como ele se consolidou em nossas escolas, é de fundamental importância para nós, educadores, inclusive para não incorrermos em posicionamentos ingênuos e mistificadores. Entretanto, essas críticas não devem nos dispersar ou paralisar, mas nos alertar e inspirar, a fim de que possamos agir de maneira resistente, interferindo na realidade imediata de modo a estabelecer um contraponto às sólidas estruturas excludentes reproduzidas e produzidas pela escola. Assumir essa postura, exigente e desafiadora, requer uma clareza de valores e conceitos, que embasam a forma como concebemos a educação escolar.
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