O COMANDANTE DA NOSSA MAIS TRADICIONAL MESA REDONDA
O menino gostava de jogar futebol, tanto com a bola quanto com os botões.
Ouvia rádio e se apaixonou pelo rádio e pelo futebol.
Chegou a época de Faculdade, optou por fazer jornalismo na FIAM.
Ganhou um gravador de presente e passou a ir aos estádios e fazer entrevistas com jogadores.
A primeira entrevista, que a gente nunca esquece, foi com Cafu.
Assistia aos programas esportivos da TV e, lógico, entre eles estava o Mesa Redonda.
Hoje, muito anos depois, Osmar Garraffa é o apresentador do programa ocupando o lugar que um dia foi do saudoso Roberto Avallone.
Em entrevista exclusiva para a revista Bem Bolada,
Garraffa fala da imprensa esportiva, do nível do nosso futebol, do VAR e não perde a esperança com a Seleção Brasileira na Copa de 2026.
Tomara, Garraffa!
A quarta de uma família que teve seis irmãos, Milene Domingues participava das brincadeiras com os irmãos, todas elas brincadeiras masculinas.
Daí, nasceu seu amor pelo futebol.
A paixão com as embaixadinhas veio da impossibilidade, na época, de jogar futebol, “coisa de homem”.
Mas, Milene Domingues, se não podia jogar futebol, passou a brincar sozinha, fazendo embaixadinhas. E tornou-se a “Rainha das Embaixadinhas”.
Até que ela pôde um dia entrar em campo.
Casou-se com Ronaldo Fenômeno e teve um filho: Ronald.
Jogou futebol na Europa, até que um diz resolveu se dedicar ao filho.
Fala do VAR, do Brasileirão e mantém esperanças na Copa de 2026.
Hoje, Milene Domingues é uma das apresentadoras do podcast do Corinthians, o PoropoPOD, é embaixadora do Corinthians e promete para muito breve uma coleção de roupas femininas esportivas com seu nome.
Essas duas entrevistas exclusivas e muitas outras matérias bem interessantes estão nesta saborosa Bem Bolada número 17, que eu e o Silvio Natacci preparamos com muito carinho para você.
04 - Entrevista com Osmar Garraffa 10 - A Mulher no Futebol: Milene Domingues
- Camarote
16 - 1961: Gol de Placa de Pelé
18 - 1968: Corinthians Quebra o Tabu Contra o Santos
20 - 1958: Um Jogo Inesquecível
22 - 1933: Início do Profissionalismo
24 - Ronaldinho Gaúcho, 45 anos
26 - Biblioteca
28 - Cadê Você? 29 - Quiz
Mário Marinho
OSMAR
GARRAFFA
Ele está há quase 28 anos na TV
Gazeta e há dois anos comanda o nosso mais tradicional programa esportivo: o Mesa Redonda, há 55 anos no ar.
Como começou seu interesse por comunicação?
Desde pequeno, minha família sempre foi muito ligada ao futebol. Nas Copas do Mundo, minha avó sempre reunia toda a família na sala. E eu tinha um tio, um pouco mais velho do que eu, que jogava botão comigo, brincava de bola, e eu fui tomando gosto por futebol. Na época do ginásio, eu ia com os colegas aos estádios. Todo final de semana a gente ia, até porque, naquela época, criança não pagava ingresso. E a gente ia até o vestiário pegar autógrafo dos jogadores. Depois, acabei fazendo faculdade de jornalismo na FIAM. Na época, eu trabalhava em vendas com meu pai. E eu era apaixonado por rádio. Ouvia muito futebol pelo rádio. Naquela época, os dois primeiros anos da faculdade
reuniam tanto os que queriam fazer propaganda quanto os que queriam fazer jornalismo. Depois é que separava. Aí, no primeiro ano já, eu ganhei um gravador, pedi uma credencial para a ACEESP e ia entrevistar jogadores por conta própria.
O primeiro jogador que eu entrevistei foi o Cafu, no CT do São Paulo. Depois, comecei a entrevistar os jogadores nos estádios. No segundo ano da faculdade, eu comecei a gravar pilotos de reportagens de campo. Eu ficava ouvindo o Osmar Santos e, quando ele chamava o repórter, eu baixava o som dele e entrava com a minha voz. Montei, então, uma fita e levei nas principais emissoras de rádio. Ninguém me chamava...
Como você iniciou sua carreira?
No segundo jogo que eu fui fazer essa montagem lá no Morumbi, um baixinho me viu e perguntou em que rádio eu trabalhava. Eu disse que não trabalhava em rádio nenhuma e comecei a passar um monte de informações do jogo para ele. Eu perguntei de onde ele era e ele me respondeu que era da Rádio Cultura de Rolândia, do Paraná. Ele me apresentou para o narrador, chamado Mauro Segura. Depois, me convidaram para jantar lá no hotel onde estavam hospedados. Daí, eles me chamaram para ser setorista deles aqui de São Paulo. Então, comecei a fazer boletins diariamente para eles. E eu era chamado de Osmar Silva, que é meu sobrenome também. Fiquei um ano fazendo esses boletins.
Foto: Divulgação/Reprodução
Faça uma sinopse de sua carreira. Nessa época, eu estava no Maracanã para cobrir um jogo do Brasil e o Osmar Santos, que estava na Rádio Globo, tinha o costume de passar em todas as cabines para abraçar os colegas. E passou pela nossa. O Mauro Segura, então, brincou: “Olha os dois Osmar se encontrando: o Osmar Santos e o Osmar Silva...” Tempos depois eu fui trabalhar
com o Osmar Santos! Mas, antes disso, o Hélio Claudino me convidou para trabalhar na Rádio Tupi. E eu comecei lá cobrindo o Torneio Início. Fiquei um ano fazendo a Rádio Tupi. Foi quando eu fiz minha primeira viagem de avião: fui cobrir um jogo do São Paulo em Guayaquil, Equador. Já estava no terceiro ano da faculdade. Depois de um ano na Tupi, fui chamado pela Rádio Globo para substituir o Ângelo Ananias.Tremi na base. Lá estavam profissionais como Osmar Santos, Luís Roberto, Wanderley Ribeiro, Oscar Ulisses, Paulo Soares, Márcio Bernardes, José Calil, Silvio Filho, Sylvio Ruiz, Tim Teixeira e tantos outros... Foi aí que todos gostaram da ideia de alterar meu nome de Osmar Silva para Osmar Garraffa, que é meu sobrenome também. Fiquei 10 anos na Rádio Globo: até 2002. Aprendi demais lá. No meu quinto ano de Rádio Globo, surgiu a possibilidade de ir para a TV
Gazeta, chamado pelo Roberto Avallone, onde estou até hoje. Fiquei cinco anos trabalhando nas duas: Rádio Globo e TV Gazeta. No final do ano, vou completar 28 anos de TV Gazeta. Quando eu saí da Globo, eu montei uma equipe também na Rádio Trianon. Compramos um horário lá. Trabalharam comigo o meu amigo Mauro Segura, do Paraná, o Wanderley Ribeiro, o Márcio Spímpolo, o Sérgio Loredo, o Ivan Drago, o Juarez Soares e outros. Fiquei oito anos na Trianon. Trabalhei na Rádio Record e hoje estou também na Rádio Capital.
Falando de Seleção... O que você está achando?
É claro que não está arrancando suspiros, não encanta... O Dorival é um bom treinador, mas a Seleção é muito grande para ele... Ele foi muito injustiçado no Flamengo, mas a Seleção é muito grande para ele. Ele foi muito retraído na Seleção, não colocando, por exemplo, o Endrick e o Estêvão para jogar.
Você ainda tem esperança no Neymar?
Apesar de tudo, do jeito que estamos, vamos ter que nos pendurar no Neymar. Ele pode ajudar se tiver condições físicas e comprometimento.
Você não acha que o nível dos nossos técnicos caiu também?
Sim. Acho que a gente tem uma certa dificuldade em encontrar bons técnicos. Durante muito tempo, fui contrário à presença de técnicos estrangeiros na Seleção. Hoje, já não sou tão contrário assim. Talvez o nome do Filipe Luís seja uma alternativa para a Seleção.
O Ednaldo Rodrigues foi reeleito presidente da CBF. O que você achou?
É triste. A política da CBF foi sempre pouco preocupada com os clubes. E o pior é que ele foi reeleito de forma unânime. Quem vai reclamar dele?
O Brasil tem chance para a Copa de 2026?
A camisa do Brasil sempre pesa. Por mais que a nossa Seleção não esteja bem. E na Copa do Mundo o imponderável ronda muito. Precisamos nos classificar primeiro...
Quais os comentaristas esportivos, de todas as épocas, que você aprecia?
Roberto Avallone, Paulo Roberto Martins, Loureiro Jr. e Juarez Soares.
E com relação à narração feminina, o que você acha?
O espaço está aí e elas merecem o espaço. Só que elas estão sujeitas às críticas também, como os homens. O que vale é a competência, não importa se é
mulher ou homem. É um caminho sem volta.
Quanto ao Brasileirão, você gosta dos “pontos corridos”?
Eu já fui mais reticente. Mas, eu prefiro o mata-mata, embora agora esteja mais equilibrado. O perigo é um clube disparar na frente.
E os Campeonatos Estaduais, devem ser mantidos?
Eu sou defensor. Esse ano, por exemplo, o Paulistão foi muito bom. É claro que o regulamento pode melhorar.
O que você acha do VAR no nosso futebol?
Para mim, o VAR seria sem aquele monitor lá embaixo. E ele devia participar só em lances capitais. Por exemplo: se foi falta dentro ou fora da área. O VAR é quem tem que determinar. Na dúvida, o árbitro decide. Do jeito que está, o VAR está desmoralizado.
Qual foi sua emoção ao saber que iria comandar o “Mesa Redonda”?
Foi um presente que eu ganhei da TV Gazeta, da direção, da Michelle Gianella. Quem gosta de futebol, todo mundo já assistiu ao Mesa Redonda. Foi uma alegria enorme e um desafio muito grande. Renova as energias. Estou muito feliz.
Quais são seus planos para o futuro?
É melhorar cada vez mais o Mesa Redonda. Estou muito focado no Mesa Redonda, na TV Gazeta, é a minha casa. Não me vejo fora da TV Gazeta. O meu objetivo é fazer um programa cada vez melhor.
JOGO RÁPIDO
Seu hobby: Estar com os amigos e família.
Tipo de música preferido: Prioridade: Sertanejo.
Programa de TV preferido: Programas esportivos de forma geral.
Melhores narradores de TV: Luciano do Valle.
Melhores narradores de rádio: José Silvério, Osmar Santos e Luís Roberto (quando fazia rádio).
Prato preferido: Churrasco.
Cantor brasileiro preferido: Milionário e Zé Rico.
Cantora brasileira preferida: Maiara e Maraísa.
Osmar Garraffa ao lado do seu grande amigo Mauro Segura, que o lançou na carreira.
A MULHER NO FUTEBOL
MILENE DOMINGUES
Ela é a eterna “Rainha das Embaixadinhas” e é, atualmente, a Embaixadora do Corinthians. Pela sua simpatia e carisma, é admirada até pelos torcedores adversários.
Como começou seu interesse por futebol?
Desde quando eu nasci... Eu sou a quarta de uma família de seis filhos. Os três mais velhos são homens e eu sempre fui criada com brincadeiras de meninos. Tenho, também, muitos primos. O futebol acabou entrando na minha vida como uma brincadeira a mais, mas que acabou virando minha grande paixão. Da minha família, sou eu quem gosta mais de futebol. Se você me perguntasse como seria a minha vida sem futebol, eu não saberia responder.
Como começou seu amor pelas embaixadinhas?
Começou com um problema de não me deixarem jogar por eu ser menina. A forma de brincar com a bola sozinha era fazer embaixadinha. Os meninos não me deixavam jogar e havia mais preconceito naquela época. E eu sempre via muito futebol. E via muito o Maradona. Ele foi
meu grande inspirador pela forma como ele brincava com a bola. Parecia que ele era muito feliz fazendo aquilo. E eu sou assim: eu sou muito feliz brincando com a bola. E eu ia aos estádios também, escondida da minha mãe... Não façam isso, crianças... Naquela época ainda os estádios permitiam as duas torcidas juntas... Eu ia com amigos, no ônibus da Gaviões... Uma loucura...Eu gostava muito.
Como é que você começou a jogar?
Quando eu comecei a ficar conhecida com as embaixadinhas, eu tinha uns 14 anos. Eu enchia a paciência do presidente do Corinthians, Alberto Dualib, para montar um time de futebol feminino. E ele me respondia que não haveria contra quem jogar. Mas aí conseguimos fazer uma Liga juntamente com a Sport Promotion. E fizemos a primeira Paulistana, que era o Campeonato Feminino. Ela era transmitida pela Band, com narração do Luciano do Valle! Foi o primeiro time que eu joguei.
Eu era meia e tinha uns 15 anos. Meu grande ídolo era o Marcelinho Carioca... Não era profissional no sentido de ganhar dinheiro com isso. Eu ganhava dinheiro fazendo as embaixadinhas em eventos.
Como você começou como comentarista?
Eu tinha acabado de ter o Ronald, na Itália, e ficava vendo os jogos pela TV com o Ronaldo, que tinha acabado de ser operado. E eu, vendo o jogo pela TV, falava à beça, “comentando” o jogo. O Ronaldo, então, sugeriu que eu fosse comentarista mesmo. E ele tinha um amigo, Marco Piccinini, que fazia um programa de futebol na TV italiana, no domingo à noite. Eu fui nesse programa e virei uma atração. Imagine: eu. mulher, esposa de jogador famoso, cornetando todo mundo... Acabei sendo contratada! Depois, eu voltei a jogar futebol quando o Ronald tinha cerca de dois anos e meio.
E com as embaixadinhas você bateu recordes...
Sim! Quando eu fazia as embaixadinhas, eu sempre contava. E sempre procurava me superar. E eu tinha operado o joelho. Eu ia a muitas feiras e numa dessas feiras eu conheci o recordista mundial, um brasileiro chamado Ricardinho. E ele me deu umas dicas. Aí eu fui ao ginásio do Corinthians e fiquei 9 horas e 6 minutos fazendo embaixadinhas. E fiz 55.197 embaixadinhas. Isso foi em 1997. Esse recorde só foi batido no ano passado, por uma moça chamada Raquel. Ela conta que ela começou inspirada em mim. Isso me deixa muito lisonjeada. Ela fala que tinha até pôster meu na parede. Ela fez 10 horas e pouco.
Faça uma sinopse de sua carreira como jogadora.
Como jogadora, eu joguei no Corinthians durante dois anos. Depois, tive filho, fui morar fora. Fiquei cerca de três anos sem jogar. Aí, fui jogar na Itália, em 2002. Foi bem traumatizante, depois de tanto tempo
sem jogar... Fiz toda a pré-temporada. Só que o Ronaldo foi muito bem na Copa do Mundo de 2002, Campeão do Mundo, e foi contratado pelo Real Madrid. Nós tivemos que mudar para Madrid e eu jogaria num time espanhol. Só que havia uma lei lá que proibia estrangeiras jogar no futebol feminino da Espanha. Eu fiquei arrasada. Justo quando eu estava em forma novamente! Eles, então, por minha causa, mudaram a lei, porém só no ano seguinte. Mas eu não queria ficar seis meses parada. Então, eu fiquei meia temporada jogando na Itália, porém morando na Espanha. Veja a loucura: durante a semana eu treinava no Rayo Vallecano, em Madrid, e no final de semana pegava um voo e viajava para a Itália. Ia eu e o Ronald. Durante a semana eu ainda fazia propaganda para uma marca de sobremesas que pertencia à família proprietária do Rayo Vallecano. A partir de 2003 eu fiquei em definitivo no Rayo Vallecano. Em 2003, me separei do Ronaldo. O Rayo Vallecano subiu para a Primeira Divisão e viajava muito para o interior da Espanha. Eu ficava muito tempo fora de casa e levava o Ronald junto. Eu comecei, então, a optar em jogar na Segunda Divisão para não ter que fazer viagens tão longas. Cheguei a disputar a Copa do Mundo de 2003, nos EUA, mas eu não tinha mais maiores pretensões: eu só pretendia ser uma mãe jovem que queria jogar bola. Passei, então, só por mais dois
times da Segunda Divisão: o Torrejón e o Pozuelo. Quando estava com 30 anos, o Ronald já estava ficando grandinho, e eu resolvi parar de jogar profissionalmente. Vim passar as férias no Brasil, fui jogar futebol entre amigos e rompi os ligamentos. Aí resolvi encerrar realmente a carreira profissional.
E como você vê a imprensa esportiva hoje?
Como eu era casada com um ídolo do futebol, eu sempre ficava receosa de, como jornalista, fazer certas perguntas. Antigamente, a relação entre atleta e jornalista era muito mais próxima. Hoje, para chegar perto de um jogador, você precisa passar por alguns assessores. E às vezes nem chega até ele. Hoje, também, com a internet, todo mundo pode virar jornalista: tem o seu lado bom, mas tem o seu lado ruim também, pois vira terra de ninguém. Isso pode banalizar uma profissão.
Falando de Seleção... Como você vê a nossa situação hoje?
Eu sou uma apaixonada por futebol, vi os ótmos momentos de 2002, mas agora não consigo ter uma esperança na Seleção atual. Acho que estamos colhendo o que estamos plantando há alguns anos. Mesmo com relação aos nossos técnicos,
Milene e seu filho, Ronald.
não houve um avanço, uma evolução. E nós estamos querendo copiar muito o futebol europeu, quando deveríamos copiar só a organização europeia. Estão acabando com a nossa criatividade. E os jogadores precisam focar mais na Copa do Mundo e, não, em outras futilidades.
O Ednaldo Rodrigues foi reeleito presidente da CBF. O que você acha disso?
Uma pena que o Ronaldo desistiu de se candidatar. Eu conheço o ser humano Ronaldo, o atleta Ronaldo, o esportista Ronaldo, e sei que onde ele põe a mão dá certo. Porque ele estuda, ele pesquisa, ele vai a fundo do assunto, ele leva a sério. Vamos ver mais para a frente o que vai acontecer.
O Brasil tem chance para a Copa de 2026?
Por ser mata-mata, eu acredito. Porque futebol é assim: nem sempre vence o melhor. Afinal, sou brasileira e não desisto nunca. Mas, analisando friamente, estamos atrás de muitas outras seleções. O Brasil parece que parou no tempo. As chances são poucas, mas não são nulas.
Quais os comentaristas esportivos que você aprecia?
Gosto bastante do Caio Ribeiro. Ele critica de forma elegante, gentil.
E com relação à narração feminina, o que você acha?
Eu acho ótima. As pessoas finalmente estão entendendo, estão se habituando. É uma questão cultural.
Quanto ao Brasileirão, você gosta dos “pontos corridos”?
Eu acho mais justo os “pontos corridos”. Mas, como torcedora, o “mata-mata” dá mais emoção. Eu voltaria ao “mata-mata”.
E os Campeonatos Estaduais, devem ser mantidos?
Eu acho que devem ser mantidos porque dá oportunidade para os times do interior. Ou eles têm isso ou eles não têm nada. E é uma oportunidade de muitos atletas serem vistos. Talvez os Estaduais devessem ser organizados de uma outra forma.
O que você acha do VAR no nosso futebol?
O VAR não é o problema. O problema é quem opera o VAR. O VAR veio presentear quem não gosta de gol. É sempre contra o atacante. Mas é um recurso bom. Eu não sou contra o VAR. Porém, eu não tenho a confiança no VAR do jeito que eu vejo lá fora. O VAR foi feito para ser rigoroso com a verdade.
Quais são suas atividades hoje?
Sou uma das apresentadoras de um podcast do Corinthians, o PoropoPOD; sou Embaixadora do Corinthians; e vou lançar, em breve, uma coleção de roupas de ginástica e de esportes de areia com o meu nome.
Quais foram seus momentos mais marcantes no futebol?
A Copa do Mundo Feminina de Futebol de 2003, como atleta, a Copa da estreia da Marta; a de 2019, na França, como comentarista do Grupo Globo, em estúdio; e a de 2023, na Austrália, na despedida da Marta, pela CazéTV.
Quais são seus planos para o futuro?
Eu vivo o dia após dia, sem pensar no futuro. Mas vou trabalhar para que a próxima Copa do Mundo Feminina, em 2027, no Brasil, seja espetacular. Não só como visibilidade, mas como um esporte popular praticado no Brasil. E que possamos trazer a primeira medalha para o nosso País.
JOGO
Seu hobby: Praticar esporte e ler.
Tipo de música preferido:. Adoro louvor.
Programa de TV preferido: Os Escolhidos – The Chosen.
Melhores narradores de TV: Luciano do Valle.
Melhores narradores de rádio: Osmar Santos.
Prato preferido: Comida japonesa.
Cantor brasileiro preferido: Thiaguinho.
Cantora brasileira preferida: Aline Barros.
CAMAR TE
Liga Esportiva NESCAU®
transforma Vila Olímpica de Manaus em centro de esportes, aprendizado e inclusão
Medalhas.
A Liga Esportiva NESCAU® fez história em Manaus neste fim de semana, transformando a Vila Olímpica em um vibrante centro de esportes, aprendizado e inclusão. A presença de jornalista e influenciador Fred Bruno, embaixador da marca, elevou ainda mais o astral das atividades realizadas no sábado (15). Ao todo, 2 mil crianças e adolescentes participaram das competições, oficinas e desafios, na estreia do maior campeonato poliesportivo estudantil do Brasil na região Norte.
Crianças e adolescentes de 7 a 17 anos mergulharam em um dia repleto de atividades, experimentando mais de dez modalidades esportivas, como atletismo, futsal e vôlei, incluindo oficinas e desafios envolvendo diferentes atividades motoras. Em Manaus, a Liga NESCAU® reafirmou seu compromisso com a inclusão ao oferecer esportes adaptados para jovens PCDs, promovendo a união e a celebração da diversidade.
"Estou muito feliz. Fazer parte do time NESCAU é uma satisfação muito grande, pois é uma marca que faz parte da
minha vida desde pequeno. Então, hoje, ser um embaixador é algo incrível. Entendi que o propósito da marca, principalmente com a Liga, é fazer com que as crianças experimentem o esporte, que elas saiam das telas. Então, ter a oportunidade de vivenciar isso com as crianças pelo Brasil e começando por Manaus, é algo que me traz uma alegria gigante", compartilhou Fred Bruno, que conheceu logo cedo o medalhista do atletismo Sandro Viana, coordenador de esporte de alto rendimento do estado do Amazonas.
O professor de educação física Patrick Farias registrou a importância da estreia da Liga na região Norte a partir da reação positiva de seus alunos. "Trouxemos dez atletas e eles ficaram maravilhados com a Liga NESCAU®. Nossa escola fica em Anavilhanas, na margem norte do Rio Negro. São três horas de barco para chegar em Manaus e nosso objetivo foi trazer as crianças para conhecer outro ambiente e também uma competição diferente do que estão acostumados na comunidade.", afirmou ele, que contou com duas alunasRaiciane e Eliara - de etnias indígenas.
1 Futmesa. 2
Sandro Viana, medalhista olímpico do atletismo, com Fred Bruno. 3
Chute ao gol.
4
Grupo de crianças e jovens da ONG AMAR comemorando medalhas com Fred Bruno.
5 Futsal. 6
Professor Patrick com as duas indígenas.
7
Fred Bruno na Capoeira.
8
Fred Bruno faz selfie com os fãs. 1 2 3 5 6 7 8 4
"Gol de Placa"! E ASSIM NASCEU O...
Há 64 anos, exatamente no dia 05 de março de 1961, um domingo ensolarado, “nascia” o famoso “Gol de Placa”! Mas... Quem o marcou? Quem o batizou?
A competição era o Torneio Rio-São Paulo. Segunda rodada. O palco era o Maracanã. E os artistas eram os jogadores do Santos, de Pelé, e do Fluminense, do ponta-direita Telê Santana.
O jogo terminou com vitória do Peixe por 3 a 1, com gols de Pelé (2) e Pepe para o Santos, e Jaburu para o Fluminense. Mas, no caso, o resultado é o que pouco importa.
O que vale mesmo é o que aconteceu aos 41 minutos do primeiro tempo. O jogo já estava 1 a 0 para o Santos, gol de Pelé.
E foi ele mesmo, Pelé, o Rei do Futebol, então com 20 anos, quem realizou a obra-prima. Começou com o grande goleiro Gilmar despejando a bola para a lateral do gramado. Recebeu Dalmo, que a entrega para Pelé, que estava na sua intermediária, perto da área de Gilmar.
Pelé controla a bola e imprime velocidade. Vai avançando e alcança o campo tricolor, sempre acossado por adversários.
Vem sobre ele Pinheiro. Pelé se livra dele e avança em direção à área tricolor. Dribla de passagem Clóvis, desvia de Jair Marinho e se vê diante do excelente goleiro Castilho.
Pelé dribla Castilho e faz o gol histórico. Os próprios torcedores do Fluminense aplaudem de pé, encantados com aquilo que viram. Foram quase dois minutos de palmas.
Quem estava assistindo ao jogo no estádio, ao lado de Nelson Rodrigues, era o então jovem jornalista esportivo, de apenas 24 anos, Joelmir Beting, na época trabalhando para o jornal “O Esporte”.
Empolgado, Joelmir sugeriu ao jornal que fizesse uma placa em homenagem ao fantástico gol, para ser fixada no saguão do estádio. A partir de então, todo golaço passou a ser chamado de “Gol de Placa”.
ACONTECEU EM 1961...
1 3
FLUMINENSE SANTOS
Data: 05 de março de 1961.
Local: Maracanã, Rio de Janeiro.
Árbitro: Olten Ayres de Abreu.
Público: Não disponível (cerca de 80.000).
Renda: Cr$ 2.685.317,00
Fluminense: Castilho; Jair Marinho, Pinheiro, Clóvis (Paulo) e Altair; Edmilson e Paulinho Ladrão; Telê
Santana (Augusto), Valdo, Jaburu e Escurinho.
Técnico: Zezé Moreira.
Santos: Laércio; Fioti, Mauro, Calvet e Mauro; Zito e Mengálvio (Nei); Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe (Sormani).
Técnico: Lula.
Gol: Pelé 6 e Pelé 41 (o de placa) do 1º;
Pepe 6 e Jaburu 41 do 2º.
Jânio Quadros assume a presidência da República em 31/01, sucedendo a Juscelino Kubistchek. Renuncia em 25/08. O vice João Goulart assume em 08/09 • A população brasileira é de 71,75 milhões de habitantes • John Kennedy toma posse na presidência dos EUA • O astronauta soviético Yuri Gagarin sobe ao espaço e informa: “A Terra é Azul” • É erguido o Muro de Berlim, com cerca de 4m de altura e 107km de comprimento • Nascem: Antonio Calloni, Beth Goulart, Cássio Gabus Mendes, Fernanda Abreu, Herbert Vianna e Tássia Camargo • Morrem: Ernest Hemingway, Gary Cooper e Max Weber.
TORNEIO RIO-SÃO PAULO
Em pé: Osvaldo Cunha, Édson, Luís Carlos, Diogo, Ditão e Maciel. Agachados: Buião, Paulo Borges, Flávio, Rivellino e Eduardo.
CO RIN THI ANS SANTOS CO RIN THI ANS
quebra o tabu contra o
Corria o ano de 1968... O Brasil estava há quatro anos sob regime militar e era presidido pelo general Costa e Silva...
O Corinthians estava há 14 anos sem conquistar um título importante (e ainda ficaria mais nove...). E o Timão estava sem vencer o Santos, no Campeonato Paulista, há 11 anos (22 jogos).
O Tabu começou no dia 29 de dezembro de 1956, quando o Peixe venceu por 2 a 1, jogo válido pelo Campeonato Paulista. Justamente logo após a estreia de Pelé no time do Santos, que ocorrera em 7 de setembro de 1956, num amistoso contra o Corinthians de Santo André. Começava a “era Pelé”...
A certeza de vitória do Santos era tanta que, nos dias de jogos contra o Timão, aparecia uma frase no quadro-negro do vestiário peixeiro: “Hoje é dia de bicho”...
O técnico do Corinthians, na histórica noite de 6 de março de
1968, por incrível ironia, era Luiz Alonso Perez, o Lula, extécnico campeoníssimo do Santos. Ele dirigiu o Peixe de 1954 a 1966 e conquistou todos os títulos possíveis e imagináveis. Lula estreou no Corinthians, em 26 de novembro de 1967, com uma vitória: 4 a 1 sobre a Prudentina, pelo Campeonato Paulista. Ele ficou até 1º de junho de 1968, quando o Timão foi derrotado pela Ferroviária por 4 a 1, também pelo Paulistão. O Santos, por sua vez, era comandado por Antônio Fernandes, o Antoninho, que havia sido jogador do Peixe: ele atuou no Alvinegro praiano, no time principal, de 20 de maio de 1941 até 24 de novembro de 1954. Foi auxiliar-técnico de Lula e o substituiu em 1967.
Enfim, na noite de 06 de março de 1968, no Pacaembu, o torcedor corinthiano recebeu uma enorme alegria: o Timão
finalmente derrotou o Santos de Pelé por 2 a 0. Os dois gols –um de Flávio e outro de Paulo Borges, recém-contratado junto
ao Bangu – foram marcados no segundo tempo.
Os nomes dos heróis daquela noite foram: Diogo; Osvaldo
Cunha, Ditão, Luís Carlos (Clóvis) e Maciel; Édson e Rivellino;
Buião, Paulo Borges, Flávio e Eduardo. No final da partida, a torcida corinthiana gritava: “Com Pelé, com Edu, nós quebramos o tabu”, referindo-se a dois dos principais jogadores do Santos.
No jogo seguinte, contra o Palmeiras, uma virada heroica: de 0 a 1 para 2 a 1, construída nos últimos quatro minutos com uma cabeçada do zagueiro Ditão e um gol de Benê.
Parecia estar tudo pronto para novos e bons tempos, mas ainda não estava. Embora com a enorme distância de onze pontos em relação ao Santos, o time é vice-campeão paulista de 1968. E no Robertão, voltou a fracassar. A esperança ficou, uma vez mais, para o ano seguinte, 1969, em que se completavam 15 anos da já distante conquista do título do Quarto Centenário da Cidade de São Paulo.
ACONTECEU EM 1968...
CORINTHIANS SANTOS
2 0
Data: 06 de março de 1968.
Local: Estádio do Pacaembu, São Paulo.
Árbitro: Roberto Goycochea (Argentina).
Público: 43.977.
Renda: NCr$ 153.390,50
Corinthians: Diogo; Osvaldo Cunha, Ditão, Luís Carlos (Clóvis) e Maciel; Édson Cegonha e Rivellino; Buião, Paulo Borges, Flávio e Eduardo.
Técnico: Lula.
Santos: Cláudio; Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Joel (Oberdan) e Rildo; Lima e Negreiros; Kaneko, Toninho, Pelé e Edu.
Técnico: Antoninho.
Gols: Paulo Borges 13 e Flávio 31 do 2º.
O Brasil é presidido pelo general Costa e Silva, que assumiu em 15/03/1967 • A população brasileira é de 87,56 milhões de habitantes • Estreia da novela “Beto Rockfeller” na TV Tupi • Dr. Euryclides de Jesus Zerbini realiza, em São Paulo, o primeiro transplante de coração no Brasil • Presidente Costa e Silva assina o AI-5, fechando o Congresso e instaurando a censura • Assassinado nos EUA o líder pacifista negro Martin Luther King • Nascem: Carolina Ferraz, Celso Portiolli, Eduardo Moscovis e Fernanda Torres • Morrem: Assis Chateaubriand, Manuel Bandeira, Sérgio Porto, Vicente Celestino e Iuri Gagarin.
Em pé: Zito, Ramiro, Manga, Urubatão, Getúlio, Dalmo e o massagista Macedo.
Agachados: Dorval, Jair Rosa Pinto, Pagão, Pelé e Pepe. Esse é praticamente o time do Santos daquela época. No jogo da chuva de gols, havia o Fiotti no meio-campo, no lugar de Getúlio.
Um jogo inesquecível
Existe jogo e jogo. Existe também o jogo inesquecível.
Aquele que decide um título. Aquele jogo que mantém o adversário sob um indigesto tabu. Aquele em dia que choveu demais. Ou de uma tremenda goleada.
Esse Santos e Palmeiras, de 1958, entrou para a história não por uma goleada, mas pela chuva de gols: 7 a 6 para o Santos. Jogo de 13 gols é ponto fora da curva, não dá para esquecer.
O jogo foi disputado no dia 6 de março de 1958, com o Pacaembu lotado: 43.068 pagantes e arbitragem de João Etzel Filho.
A partida nem era decisiva, nem tampouco valia pelo Paulistão, torneio mais importante entre os estaduais da época. O jogo era válido pela terceira rodada do Rio-São Paulo.
A sucessão dos gols marcados justifica o desenrolar das emoções. Confira.
Urias aos 20, Pelé aos 21, Pagão aos 25, Nardo aos 26, Dorval aos 32, Pepe aos 38 e Pagão aos 46 minutos do primeiro tempo; Paulinho aos 16, Mazzola aos 19 e 27, Urias aos 34, Pepe aos 40 e 42 minutos do segundo tempo.
Coube ao ponta-esquerda Urias abrir o placar, aos 20 minutos. E coube a ele, também, marcar o último gol do Palmeiras, aos 34 minutos do segundo tempo.
A sequência de gols, que parecia não acabar mais, proporcionou cinco infartos naquela noite, um deles no próprio Pacaembu, segundo relato de jornais da época.
Pepe, conhecido como o Canhão da Vila, tem boas lembranças desse jogo:
"O Santos ainda não era o time que o mundo inteiro iria aplaudir, mas o Palmeiras respeitava a gente. O jogo valeu pelo Rio-São
Paulo e não decidia nada, mas é inesquecível por tudo o que aconteceu. O curioso é que depois daquela partida tão emocionante perdemos as seis seguintes."
Pelé ainda era um garoto de 17 anos. Mas, no Paulistão daquele ano, que o Santos foi campeão, ele foi o artilheiro da competição com 58 gols. Marca jamais atingida. Pepe ainda tem mais lembranças do jogo:
"O técnico do Palmeiras era o Oswaldo Brandão,que resolveu colocar o Valdemar Carabina, um zagueiro alto e forte, na direita para me marcar. Carabina era um bom zagueiro, mas meio pesadão. Fiz um salseiro pela esquerda”.
O artilheiro Mazzola também tem lembranças daquela noite espetacular:
“No intervalo do jogo, quando chegamos ao vestiário, o nosso goleiro Edgar começou a chorar e não queria mais entrar em campo, e então o nosso técnico Brandão tirou ele e colocou o goleiro reserva Vitor".
No outro vestiário, Zito, capitão e líder do time, comemorava com os seus companheiros:
- Eu cheguei no vestiário dizendo: "Cinco vira, dez acaba".
Vamos detonar o Palmeiras hoje.
Mas, as coisas não seriam bem assim. O Palmeiras encostaria no placar, determinando, ao final, os incríveis 7 a 6.
Líder de audiência, o narrador Edson Leite bradava em seu microfone diretamente do Pacaembu:
“Milagre no Pacaembu. Estamos testemunhando o maior espetáculo que já vi no futebol“.
Realmente, inesquecível.
ACONTECEU EM 1958...
SANTOS PALMEIRAS
7 6
Data: 06 de março de 1958
Local: Pacaembu.
Árbitro: João Etzel Filho.
Santos: Manga; Hélvio e Dalmo; Ramiro (Urubatão), Fioti e Zito; Dorval, Jair Rosa Pinto, Pagão (Afonsinho), Pelé e Pepe.
Técnico: Lula.
Palmeiras: Edgar (Vítor); Valdemar Carabina e Édson; Formiga (Maurinho), Waldemar Fiúme e Dema; Paulinho, Nardo (Caraballo), Mazzola e Urias.
Técnico: Oswaldo Brandão.
Gols: Urias 20, Pelé 21, Pagão 25, Nardo 26, Dorval 32, Pepe 38 e Pagão 44 do 1º; Paulinho 16, Mazzola 19, Mazzola 27, Urias 34, Pepe 40 e Pepe 42 do 2º.
O Brasil é presidido por Juscelino Kubitschek, que assumiu em 31/01/1956 • A população brasileira é de 65,74 milhões de habitantes • O Brasil conquista, pela primeira vez, a Copa do Mundo, na Suécia • Tom Jobim e Vinícius de Moraes lançam “Chega de Saudade” • Jorge Amado lança o livro “Gabriela, Cravo e Canela” • Estreia da peça “Eles Não Usam Black-Tie”, de Gianfrancesco Guarnieri • Estreia do programa “Discoteca do Chacrinha”, na TV Tupi • Nascem: Cazuza, Edson Celulari, Lilia Cabral, Madonna, Maitê Proença, Michael Jackson, Oscar Schmidt e Pedro Bial • Morrem: Assis Valente e Papa Pio XII.
Pelé comemora no vestiário, após o jogo.
TORNEIO RIO-SÃO PAULO
A GRANDE REVOLUÇÃO
O FUTEBOL TORNA-SE PROFISSIONAL
Charles Miller era um paulistano que estudava na Inglaterra. Era filho do pai escocês John d’Silva e da mãe Carlota Antunes Fox, uma brasileira com ascendência inglesa.
No dia 18 de fevereiro de 1894, aos 20 anos de idade, ele voltou ao Brasil depois de anos na Inglaterra. Em sua bagagem trouxe duas bolas usadas, um par de chuteiras, um livro com as regras do futebol, uma bomba de encher bolas e uniformes usados. Era a introdução, no Brasil, daquele esporte de muito sucesso na Inglaterra que se chamava football.
Alguns historiadores discordam, alegando que marinheiros ingleses quando aportavam em Santos já disputavam partidas do novo esporte.
Mas, todos concordam que foi com Charles Miller que o esporte foi introduzido no Brasil e passou a ser disputando de forma organizada.
No dia 14 de abril de 1895, na Várzea do Carmo, no Brás, em São Paulo, foi realizada a primeira partida de futebol do Brasil, disputada de forma organizada, entre os funcionários da Companhia de Gás de São Paulo (São Paulo Gaz Company)
e da Companhia Ferroviária de São Paulo (São Paulo Railway Company), e o São Paulo Railway, o time de Charles Miller, venceu por 4 a 2.
O novo esporte, incialmente praticado por senhores da elite social, caiu no gosto dos operários que passaram a organizar times.
Eles eram, muitas vezes, incentivados pelos patrões. E esse incentivo podia ser em forma de folgas, férias, viagens e, até mesmo, dinheiro.
Assim, o futebol foi crescendo, ganhando novos adeptos, torcedores e times.
Ao final da década de 1920, discutia-se se o futebol deveria ser profissionalizado ou continuaria naquele falso amadorismo.
Em 1923, o Vasco da Gama revolucionou o futebol, conquistando o Campeonato Carioca com um time formado por operários, negros e jogadores de baixa renda.
Em 1933, foi fundada a Liga Carioca de Football, primeira entidade no Brasil a reconhecer, oficialmente, o profissionalismo no futebol.
No mesmo ano, era fundada, em São Paulo, a Associação Paulista de Esportes Atléticos, que também reconhecia o profissionalismo. A primeira partida realizada entre duas equipes profissionais foi o amistoso entre São Paulo e Santos, na Vila Belmiro, no dia 5 de março de 1933: 5 a 1 para o Tricolor. Friedenreich foi o primeiro a marcar um gol no início dos novos tempos.
Entretanto, o reconhecimento do profissionalismo a nível nacional demorou ainda algum tempo.
Somente em 1937, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) finalmente aceitou o profissionalismo, marcando o fim definitivo da era amadora do futebol no Brasil.
Chegou ao fim a era em que os jogadores recebiam gratificações para jogar futebol.
Alguns clubes preferiram fechar o seu Departamento de Futebol para não ter que aderir ao novo sistema.
O caso mais emblemático foi o Paulistano, tradicional clube da elite paulistana, quatro vezes campeão paulista (1916, 1917, 1918 e 1919), façanha que nenhum clube paulista conseguiu até hoje.
Com o profissionalismo, o futebol brasileiro cresceu e chegou ao seu primeiro título mundial em 1958. Mas levou tempos ainda e só em 1971 conseguiu realizar o seu primeiro Campeonato Brasileiro.
Hoje, o futebol brasileiro, que vive pontualmente uma crise técnica, é muito respeitado em todo o mundo.
Produziu jogadores do nível de Zico, Sócrates, Rivellino, o atleticano Reinaldo, Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, o goleiro Gylmar, o irresistível ataque do Santos (Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe).
Também do Santos: Zito e Clodoaldo, além de Kaká, Rivaldo, Ademir da Guia, Romário e tantos outros.
Destaque para Pelé, claro, reconhecido mundialmente como o Rei do Futebol.
Mas, tudo começou com aquelas bolas usadas trazidas por Charles Miller.
ACONTECEU
Arthur Friedenreich, o Pelé dos anos 20, defendeu o Paulistano e foi o autor do primeiro gol no início dos novos tempos, jogando pelo São
SÃO PAULO SANTOS
5 1
AMISTOSO
Data: 12 de março de 1933.
Local: Vila Belmiro (Santos).
Árbitro: Antonio Sotero de Mendonça.
Renda: 14:196$000.
São Paulo: Moreno; Sílvio e Iracino; Ferreira, Zarzur e Orozimbo (Raffa); Patrício, Waldemar de Brito, Friedenreich, Araken Patusca e Hércules.
Técnico: Rubens Salles.
Santos: Athiê; Meira e Garcia; Waldomiro, Bisoca e Alfredo (Dirio); David, Armandinho (Victor), Catitu (Strauss), Mário Seixas e Logú.
Técnico: não disponível.
Gols: Friedenreich 11 e Araken 39 do 1º; Logú 3, Waldemar de Brito 12, Waldemar de Brito 20 e Araken 37 do 2º.
O Brasil é presidido por Getúlio Vargas, que assumiu em 3 de novembro de 1930, depois de uma revolução que depôs o presidente Washington Luís e impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes • A população brasileira é de 36,6 milhões de habitantes • Nascem: Beatriz Segall, Eva Wilma, Francisco Cuoco, Franklin Roosevelt, Garrincha, Manoel Carlos, Milton Gonçalves, Nicette Bruno, Paulo Goulart, Roman Polansky e Yoko Ono • Fim da Lei Seca nos Estados Unidos • Gilberto Freire publica o livro “CasaGrande & Senzala” • No Brasil, as mulheres votam pela primeira vez • O norte-americano Edwin Armstrong inventa o rádio FM.
Charles Miller, em 1893, aos 19 anos, no St. Mary's (Southampton F.C.).
Paulo.
BIBLI TECA
MÁRIO MARINHO
José Virgínio de Morais tinha por volta de três anos de idade, quando sua família deixou a cidade de Lajeado, no agreste de Pernambuco, e se mudou para a cidade de Osasco, em São Paulo.
O menino que sempre gostou de esportes tentou ser jogador de futebol, mas não deu.
Como office boy, ele corria de sua casa até o trabalho e voltava. Eram 14 quilômetros, ida e volta, que despertaram nele a paixão pela corrida.
Quando começou a competir, não demorou para participar de provas de 800 metros, 1.500, 3.000, 5.000 e 10 mil metros.
Descobriu a Trail Run (Corridas em Trilhas) e nunca mais parou.
Passou a ser um ultramaratonista.
A maratona clássica, como se sabe, tem 42.195 quilômetros.
Na ultramaratona a distância é sempre superior à da maratona clássica. São Provas de 50 quilômetros, 60, 100, 600 até 1000 quilômetros.
A série de vitórias que alcançou em 2008 em provas de diversas distâncias por trilhas, incluindo uma de 600 quilômetros disputada em apenas três dias, deram a ele o título de Rei da Montanha, dado pela publicação especializada “Revista Runners Brasil”.
Essa vida, toda essa experiência José Virgínio de Morais conta no livro “O Chamado da Montanha”.
É uma experiência fascinante.
FICHA TÉCNICA
Título: O Chamado da Montanha
Ano: 2003
Autor: José Virgínio de Morais
184 páginas - Editora Europa
Preço: R$ 64,00 (diretamente com o escritor: 11 99480-7007)
O Rei da Montanha
José Virgínio de Morais em sessão de autógrafos de seu livro " O Chamado da Montanha”.
O Bruxo chega aos 45 anos de idade RONALDINHO GAÚCHO
Ronaldinho Gaúcho é uma daquelas figuras marcantes que fazem falta ao variado mundo do futebol. Não só pelo futebol, onde ganhou o apelido de “Bruxo” por suas jogadas mágicas, mas pelo seu jeito extrovertido, pelo sorriso sempre cativante – e até por alguns caminhos tortuosos.
Ronaldo de Assis Moreira nasceu em Porto Alegre, no dia 21 de março de 1980.
Sempre gostou de futebol quando criança e aos 7 anos de idade passou a treinar na Escolinha do Grêmio.
Aos 17 anos assinou seu primeiro contrato profissional com o Grêmio. E em 1999 foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira.
Títulos conquistados
Atlético Mineiro
• Campeonato Mineiro: 2013
Em 2001, Ronaldinho alça voo mais alto e vai para o PSG após negociação turbulenta entre o Clube francês, o jogador e o Grêmio que defendeu por 111 jogos, com 58 gols. E começa aí uma aventura por muitos outros clubes.
Paris Saint-Germain, de 2001 a 2003.
Barcelona, de 2003 a 2008, no auge de sua carreira, quando, em 2004 e 2005 conquistou o título de Melhor Jogador do Mundo, da Fifa.
Milan, 2008 a 2010.
Flamengo, 2011 a 2012.
Atlético Mineiro, de 2012 a 2014.
Querétaro (México) de 2014 a 2015.
Fluminense, 2015, onde fez apenas 9 jogos e encerrou a carreira.
A partir daí, Ronaldinho passou a se apresentar em jogos de exibição ou comemorativos, até ser contratado pela Federação de Futebol dos Estados Unidos para ser o embaixador da Copa 2026.
• Copa Sul: 1999
Paris Saint-Germain
• Copa Intertoto da UEFA: 2001
Barcelona
• La Liga: 2004–05 e 2005–06
• Supercopa da Espanha: 2005 e 2006
• Liga dos Campeões da UEFA: 2005–06
Milan
• Serie A: 2010–11
Flamengo
• Campeonato Carioca: 2011
• Taça Guanabara: 2011
• Taça Rio: 2011
• Copa Libertadores da América: 2013
• Recopa Sul-Americana: 2014
Seleção Brasileira
• Copa do Mundo FIFA: 2002
• Copa das Confederações FIFA: 2005
• Copa América: 1999
• Copa do Mundo
FIFA Sub-17: 1997
• Jogos Olímpicos: Bronze em 2008
• Superclássico das Américas: 2011
CADÊ
Mais um talento desprezado pela TV
AILTON FERNANDES
Muitos cronistas esportivos estão encontrando nas redes sociais da internet caminho alternativo para continuar trabalhando com o futebol. Um exemplo: o catarinense Edemar Annuseck, que ganhou o apelido de “locutor explosão” por razões óbvias. Edemar fez sucesso na equipe esportiva da Jovem Pan entre as décadas de 70 a 80. Ao lado de Osmar Santos e depois José Silvério, cobriu quatro Copas do Mundo, Jogos Olímpicos e Campeonato Mundial de Basquete. Também integrou a equipe de Barbosa Filho, passou pela Rádio Record e foi comentarista do Sportv. Há cinco anos, dirige dois programas no Facebook e no Youtube: “Bola Parada”, quarta-feira, às 11h30 e “Clube do Esporte”, segunda e sexta-feira, às 19 horas.
Os dois programas são ao vivo, misturam informações do futebol brasileiro e comentários de personalidades do esporte. A produção é caprichada: usa a plataforma StreamYard que funciona como se fosse um estúdio de gravações e transmissões ao vivo. Tem uma imagem de fundo de um estádio lotado e, em primeiro plano, Edemar faz a abertura, destaca os temas e coloca os convidados no ar. Em um deles, contou com a presença de Roberto Monteiro, que foi repórter e comentarista da Rádio Bandeirantes e que também foi presidente da Aceesp – Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo; Rudimar Piccinini, da crônica do Sul do País; e do ex-jogador Alceu Menra (Caxias).
- Valorizo o conteúdo e a qualidade dos comentários dos nossos convidados, comenta Edemar, com a eloquência de sempre.
Morando em Curitiba, ele só lamenta que os principais clubes de futebol do Paraná vivem a pior fase dos últimos tempos: Coritiba e Athletico Paranaense, pela primeira vez, vão jogar a série B do Campeonato Brasileiro e, pior, não disputam a decisão do campeonato paranaense.
Para acompanhar Edemar Annuzeck:
https://streamyard.com/pal/d/5521930562306048
Em que ano começou o profissionalismo no nosso futebol?
Respostas no pé da página
Quantos gols Pelé fez no histórico jogo
Santos 7 x 6 Palmeiras?
Contra quem Pelé marcou o “Gol de Placa” no Maracanâ? 1 5 9 2 6 10 11 3 7 4 8
Qual foi o jogo que marcou o início do profissionalismo no nosso futebol?
São Paulo 4 x 2 Corinthians
São Paulo 5 x 1 Santos
Corinthians 4 x 4 Fluminense
Palestra Itália 6 x 1 Portuguesa
Quem marcou o primeiro gol quando começou o profissionalismo no Brasil?
Waldemar de Brito
Araken
Friedenreich
Feitiço
Em que ano foi o inesquecível jogo
Santos 7 x 6 Palmeiras?
Quem foi o goleiro do Santos no jogo Santos 7 x 6 Palmeiras?
Em que ano o Corinthians quebrou o tabu de ficar 11 anos sem vencer o Santos?
Em que ano ocorreu o famoso “Gol de Placa” de Pelé no Maracanã?
Quem marcou os dois gols do Corinthians, quando o Timão quebrou o tabu contra o Santos?
Borges e Flávio
Quem era o técnico do Corinthians quando o Timão quebrou o tabu de ficar 11 anos sem vencer o Santos?
Linha Carnival
Toda produzida em madeira cumaru, assinada pelo designer Pepe Lima
Pode ficar também na área externa.
Pepe Lima é formado pelo Centro Universitário Belas Artes, em São Paulo, e atua no setor moveleiro há 15 anos.
Especializou-se no Politecnico di Milano, em Milão, onde trabalhou com o Studio Incontri.