Revista Bem Bolada | Junho 2025

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Edição 20

Ano 2 - 2025

a revista que está com a bola toda

MULHER NO FUTEBOL

Entrevista com REGIANI RITTER

1999: PALMEIRAS, CAMPEÃO DA LIBERTADORES

2002: BRASIL, PENTACAMPEÃO!

2011: SANTOS, TRICAMPEÃO DA LIBERTADORES 1994: BASQUETE

ENTREVISTA COM MAURO NAVES

A Bem Bolada chega ao número 20 trazendo dois personagens muito importantes do nosso jornalismo esportivo.

Ela é Regiani Ritter, uma das primeiras mulheres a tornar-se repórter e comentarista esportiva, quebrando um enorme tabu nesse segmento. Isso, há 45 anos, na Rádio Gazeta de São Paulo. Antes, vinda de Ibitinga, interior de São Paulo, chegou a trabalhar como atriz nas extintas TVs Tupi e Excelsior.

Hoje, Regiani está quebrando mais um tabu: ela é a primeira vicepresidente mulher da ACEESP – Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo.

Ele é o consagrado Mauro Naves. Formou-se em Estatística, em Brasília, mas acabou se tornando o mais premiado repórter esportivo da nossa TV, atuando 32 anos na Rede Globo.

Hoje, brilha como comentarista, contratado da Amazon Prime Video e, também, do programa semanal do Galvão Bueno na TV Bandeirantes. Mauro conta, emocionado, que foi para ele que Ayrton Senna concedeu a sua última entrevista no Brasil, em 1994.

Mas a Bem Bolada não para por aí.

Relembra a emocionante conquista da primeira Libertadores do

ÍNDICE ÍNDICE

Uma dupla histórica.

Palmeiras, em 1999, e a conquista da terceira Libertadores do Santos, em 2011, com o garoto Neymar sendo destaque.

Recorda que, há 23 anos, a Seleção Brasileira conquistava a sua quinta e última Copa do Mundo, derrotando a Alemanha, na final, por 2 a 0. E o Capitão dessa Seleção, o Cafu, é lembrado aqui também, pois neste mês de junho está completando 55 anos de vida. Ele é o jogador que mais vezes vestiu a “amarelinha”.

Você vai ler que, 35 dias antes de conquistar o Tetracampeonato Mundial de Futebol nos EUA, o nosso Basquete Feminino sagrava-se, pela primeira vez, Campeão Mundial na Austrália, com as estrelas Hortência, Paula e Janeth.

Isso sem contar as tradicionais seções Camarote, Biblioteca e o tão aguardado Quiz, para você testar seus conhecimentos.

Mergulhe nestas páginas preparadas com muito carinho por mim e pelo Mário Marinho. Divirta-se.

Silvio Natacci

4 04 - Entrevista exclusiva com Mauro Naves 12 - Entrevista exclusiva com Regiani Ritter 16 - Camarote

18 - 1999: Palmeiras, Campeão Da Libertadores

20 - 2011: Santos, Tricampeão Da Libertadores

22 - 2002: Brasil, Pentacampeão Do Mundo

24 - Aniversário: Cafu, 55 Anos

26 - 1994: Basquete Feminino, Campeão Mundial

28 - Biblioteca

29 - Quiz

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Ele foi, durante 32 anos, o mais premiado repórter esportivo da nossa TV. Hoje, é comentarista. E continua brilhando.

Mauro

Naves

Como começou seu interesse por futebol?

Desde criança. Como esporte, sempre foi o meu esporte. Estudei em escolas que incentivavam vários esportes, mas eu sempre fui ligado em futebol. Nasci no Rio, fui para Pirassununga, interior de São Paulo, depois para Brasília, e sempre jogando futebol. Como não segui carreira profissional, tive que estudar. Quando estava estudando em Brasília, conheci um

grupo de jornalistas que me convidou para jogar num clube da imprensa de lá. Comecei a jogar e eles começaram a me questionar por que eu não fazia jornalismo. Na época, eu era muito voltado para Estatística, eu estava fazendo Estatística na Universidade de Brasília. Eu me formei e acabei trabalhando oito anos no mercado financeiro.

Como você iniciou sua carreira? Eu escrevia eventualmente para um

jornalzinho de clube. Aí, o goleiro daquele time de jornalistas, o José Natal, que trabalhava na Globo de Brasília, precisou de um repórter, lembrou-se de mim e me chamou. Comecei por ali. Isso foi em março de 1987.

Faça uma sinopse de sua carreira. Lá, no princípio, não era no Esporte. Demorei um ano para entrar no jornalismo esportivo. Então, em 1989,

Foto: Divulgação

eu vim para a Globo de São Paulo, porque em Brasília, em termos de esportes, não acontecia muita coisa. Aí a minha carreira decolou. Nesse período, fui a 7 Copas do Mundo, sendo que a última fui pela ESPN. Além, é claro, de outras competições: Olimpíadas, Paulistão, Brasileirão, Copa do Brasil, Libertadores, Copa América, Mundial Interclubes, Fórmula 1 etc. Foram 32 anos de Globo. Eu saí em 2019 e, em março de 2020, assinei com a Fox, que acabou se transformando em ESPN. Fiquei 5 anos lá. Agora estou no Amazon Prime Video, que tem os direitos da Copa do Brasil e do Brasileirão, e toda segunda-feira estou com o Galvão Bueno, na Band, no Galvão e Amigos. Na Globo, nos anos todos fui repórter. Depois, passei a ser comentarista.

Como você vê a imprensa esportiva hoje?

A nossa área sempre foi complicada em termos de emprego. Atualmente, algumas rádios e jornais fecharam, mas tivemos uma abertura digital: muitos streamings, youtube, podcasts etc. Precisamos só ver a questão dos salários...

Falando de Seleção... O que você acha do novo presidente da CBF?

O novo é uma incógnita, é um desconhecido. Quem é do meio conhece o pai dele. Ele mesmo só agora é que ele ia entrar na Federação de Roraima. Foi uma surpresa a escolha dele, sem dúvida alguma. Vamos dar um tempo para ver o

que ele vai mudar. O Samir é uma interrogação ainda.

E do novo técnico, Carlo Ancelotti, o que você está achando? Esse eu gostei. A gente deu várias oportunidades para os técnicos brasileiros. Achei que era hora de trazer um grande nome. É um enorme vencedor. Eu tenho esperança que os nossos jogadores, que atuam tão bem nos clubes lá fora, agora façam o mesmo na Seleção.

Você ainda tem esperança no Neymar?

Eu não descarto, não. Ele precisa se dedicar a isso. Ele não tem feito isso.

Eu acho que ele ainda é um cara diferente, sim. Ele pode nos ajudar na Seleção. Só que precisa estar bem preparado.

O Brasil tem chance para a Copa de 2026?

Uma Copa é um torneio muito curto. A gente tem vários exemplos de seleções montadas em cima da hora e venceram. Não somos favoritaços, mas dá para ganhar.

Quais os comentaristas esportivos, de todas as épocas, que você aprecia?

São vários. Corro o risco de esquecer alguns... Eu gosto, por exemplo, do PVC, que usa estatísticas e eu gosto

de estatística. Gosto do Falcão, do Zinho, Paulo Calçade, Rafael Oliveira, o Júnior, o Casagrande... Enfim, são muitos, cada um dentro do seu estilo.

E com relação à narração feminina, o que você acha?

Acho que o torcedor, de uma maneira geral, ainda não se acostumou. Ele não recebe ainda muito bem a voz feminina no futebol. Mas é uma realidade, não tenho nada contra. Sinto só que há muito preconceito com relação à narração delas. Porém, é um caminho sem volta.

Quanto ao Brasileirão, você gosta dos “pontos corridos”?

Gosto. Acho que premia o time mais regular. Me agrada, sim.

E os Campeonatos Estaduais, devem ser mantidos?

Eu gosto muito. Ouvi recentemente o novo presidente da CBF falar que vai reduzir para 11 datas e eu gostei. Eles não podem acabar. São nos Estaduais que tudo começa. O pai leva o filho ao estádio e mostra para quem ele deve torcer... Tudo começa nos Estaduais. Diminuir, sim; extinguir, não.

O que você acha do VAR no nosso futebol?

Sou a favor do VAR. Porém, ele está sendo muito mal utilizado. Está havendo muita intervenção. Ele está apitando mais o jogo do que os árbitros. Isso não é função do VAR. A

função dele inicial me agrada.

Quais foram os seus jogos marcantes?

As finais são sempre interessantes. Tive o privilégio de fazer muitas finais do Brasileirão, Libertadores, Mundial Interclubes e... da nossa Seleção! A Copa de 2002 marcou muito! Naquela época a imprensa ainda interagia muito com os jogadores. E a maior frustração foi ver o Brasil tomar de 7 a 1 da Alemanha em pleno Mineirão! E outro fato muito marcante para mim: fui eu quem fez a última reportagem com o Ayrton Senna no Brasil. Logo depois da reportagem, ele foi para a Europa. Eu acho que foi o último grande ídolo nacional que nós tivemos.

Quais são suas atividades hoje?

Depois de 32 anos, deixei de ser

repórter para ser comentarista. Uma mudança muito forte porque você fica sujeito aos comentários das redes sociais. Eu estou no Amazon Prime Video e toda segunda-feira estou na Band, no programa do Galvão. Nesses anos todos, eu fui a mais de 50 países e está na hora de tirar um pouco o pé e curtir mais a família.

Quais são seus planos para o futuro?

Aposentar o mais rápido possível... Tirar cada vez mais o pé... Fazer alguma coisa mais online, menos presencial. Parar de vez não é a minha intenção.

JOGO RÁPIDO

Seu hobby: Pescar.

Tipo de música preferido: MPB em geral.

Programa de TV preferido: Programas esportivos e gostava do Jô

Melhores narradores de TV: Galvão Bueno e Luciano do Valle. Nessa ordem.

Melhores narradores de rádio: Osmar Santos. Amava ele narrando.

Prato preferido: Bacalhau.

Cantor brasileiro preferido: Milton Nascimento.

Cantora brasileira preferida: Gal Costa.

Mauro Naves e o amigo Galvão Bueno.

A MULHER NO FUTEBOL

REGIANI RITTER

Ela foi uma das primeiras mulheres a tornar-se repórter e comentarista esportiva. Neste ano quebrou mais um tabu: é a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-presidente da ACEESP – Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo.

Como começou sua paixão pelo futebol?

Começou meio sem querer. Eu morava em Ibitinga, interior de São Paulo, e meu pai, corinthiano roxo, me levou para assistir na marra um jogo entre Corinthians e Palmeiras, no Pacaembu. Só nós dois. Eu tinha 9 ou 10 anos. Eu não gostava de futebol. Nós ficamos, é claro, do lado corinthiano. Achei aquele estádio espetacular, a concha acústica... E eu olhava para o outro lado e via aquelas bandeiras verdes, a bandinha... De repente, eu ouvi uma gritaria e era gol de alguém... Eu nem sabia de quem era. E do lado onde eu estava, que era o lado corinthiano, eu ouvia muitos palavrões. E meu pai, bravo, me dava uns tapinhas na cabeça, porque tinha sido gol do Palmeiras. E meu pai dizia que eu era pé-frio. Do outro lado, onde estavam os palmeirenses, era só alegria, felicidade... Passaram-se alguns minutos, a mesma coisa: gritaria, palavrões, meu pai me dando uns tapinhas na cabeça, mas do outro lado era só

alegria: tinha sido outro gol do Palmeiras. Aí, eu virei palmeirense, porque, na minha cabeça, o Palmeiras era o time feliz! Aí, eu comecei a gostar de futebol!

Como começou sua carreira no jornalismo esportivo?

Quando eu vim morar em São Paulo, primeiro eu comecei a trabalhar como atriz, nas extintas TVs Tupi e Excelsior. Não havia nem videotape: era ao vivo e em preto e branco. Depois, eu fui fazer um programa de variedades na Rádio Gazeta AM, que falava de cinema, teatro, televisão, futebol, polícia... Aí, eu conheci o Pedro Luiz Paoliello. Ele era o diretor de esportes da rádio. Tinha uma equipe grande. Um dia ele veio me procurar porque um repórter ia viajar para cobrir a Seleção Brasileira. Ele queria que eu cobrisse os clubes. Eu disse a ele que nunca tinha feito isso. Mas ele me falou que ouvia os meus programas e gostava dos meus comentários sobre

futebol. Foi assim que eu comecei: foi sem querer! Isso foi em 1983.

Faça uma sinopse de sua longa carreira.

Eu ficava brava porque trabalhava de segunda a sexta, mas no sábado e domingo não havia jogo para eu fazer. Eu só estava fazendo os treinos dos clubes. Mas um dia, no final do ano, o Roberto Avallone me chamou para cobrir as férias do Cléber Machado na TV, Foi o Avallone quem me colocou no gramado. Eu nunca tinha feito. O jogo era às 16 horas, eu cheguei às 10! Foi ouvindo o Quartarollo transmitir para a Jovem Pan que eu aprendi a dar escalação! Depois, cheguei a fazer até uma Copa do Mundo: cobri as Eliminatórias em 1993 e a Copa do Mundo nos Estados Unidos em 1994. Aí eu descobri porque havia tão poucas mulheres cobrindo futebol, pois o forte era sábado e domingo: como elas cuidariam dos maridos, filhos, casa? E aí eu fui ficando, ficando... A ponto de se confundirem e dizerem que eu fui a pioneira, a primeira mulher a trabalhar no futebol. Eu não fui a pioneira: eu fui uma das primeiras. Eu cheguei a passar rapidamente pela Rádio e TV Record, mas voltei no início da década de 90 para a Gazeta. Em 1996, por uma questão familiar, eu interrompi minha carreira por quase 10 anos. Em 2005, eu voltei para a Rádio Gazeta, onde fiquei até 2025. Eu sou uma sonhadora. Eu sempre fui uma sonhadora. E fui extremamente feliz. Consegui trabalhar, na época, nos três meios de comunicação: Rádio, TV e Jornal. Trabalhei na Rádio Gazeta, TV Gazeta e Diário Popular. Nessa época, eu perdi muitos quilos, mas quem descobriu o que eu tinha foi o saudoso repórter Romeu César, da Rádio Globo: eu estava com problemas na tireoide. Ele salvou a minha vida.

No início, você sentiu muita pressão machista?

Muita. Sabe de quem? Dos colegas. Não sentia do público, dos jogadores e dos dirigentes. Eu tinha livre trânsito com eles. Mas eu não brincava. Não ia de saia trabalhar. No início, eu dividi os colegas em três categorias. A primeira, era dos bem-

sucedidos. Eles não temiam nada e nem ninguém. A segunda, era dos mais ou menos. Eles me tratavam mais ou menos. E a terceira era composta por aqueles que só faltavam latir. Teve um repórter que quase apanhou do jogador Mário Sérgio. Eu tinha marcado uma entrevista com ele após o jogo, mas esse repórter queria passar por cima de mim só porque eu era mulher. E era um repórter da mesma emissora que eu, da TV Gazeta. O Mário Sérgio quase brigou com ele. Eu é que tive que acalmá-lo. Eu tinha todos os colegas como amigos, mas amigos profissionais. A gente não se visitava. Eu tive um chefe, por exemplo, que queria tirar de mim um “furo”: fui eu quem deu em primeira mão o acordo entre Palmeiras e Parmalat, em 1992. Eu anunciei com todos os detalhes. Ele queria tirar de mim esse feito. O Palmeiras teve que antecipar o anúncio do acordo porque eu dei o “furo”. Então, eu sentia o machismo principalmente por parte dos colegas. Nos três veículos eu fui contratada para cobrir a ausência temporária de colegas. E acabei ficando.

Como você vê a imprensa esportiva hoje?

Com muita dor. A imprensa esportiva está

totalmente deformada. Foi desestruturada. Destroçaram tudo. Veja quem está apresentando o Globo Esporte. Nem voz ele tem...

Falando de Seleção... O que você achou do novo presidente da CBF?

Nem sei quem é! Tinha o Ednaldo, que era uma “bomba”! Foi terrível. Esse novo eu também não sei quem é! Fim dos tempos!

E o que você acha do novo técnico, Carlo Ancelotti?

Eu não sei! Não faço ideia, não. Sei que ele é um técnico vitorioso em clubes europeus, mas não sei o que ele pode fazer na nossa Seleção, do jeito que está a CBF. Nós estamos vivendo no país do faz de conta. Nós estamos vivendo um momento terrível no Brasil. Em todos os sentidos. O Ancelotti não tem varinha mágica!

Você ainda tem esperança no Neymar?

Eu convocaria. O Neymar, com todas as contusões e defeitos, joga mais do que todos os que estão aí. Ele só precisa querer jogar.

Não temos mais grandes jogadores.

O Brasil tem chance para a Copa de 2026?

Não. Não acredito pelo momento do Brasil. Lá fora, eles estão muito mais estruturados. Eles pegaram o nosso futebol e refinaram, aprimoraram. Nós ficamos parados. Hoje, quem joga são eles.

Qual seu momento mais marcante?

Meu momento mais marcante foi quando a Aceesp criou um troféu com meu nome para premiar a melhor jornalista esportiva do ano. Coroou minha carreira. Fez com que eu me sentisse vitoriosa, vencedora. Aqui a gente dá nome de rua depois que a pessoa morre. Colocar o meu nome no troféu é o reconhecimento de um trabalho, de uma vida profissional. A mulher pode pilotar um avião, pilotar uma nação e pode ser repórter esportiva! É o maior marco da minha carreira!

Qual sua reportagem mais marcante?

Foi aquele “furo” que eu dei do acordo entre o Palmeiras e a Parmalat, em 1992. E também a cobertura que eu fiz nas Eliminatórias de 1993 e a Copa de 1994, no Estados Unidos. E uma matéria maravilhosa que eu fiz no Canindé, para a TV Record, quando eu entrevistei um garoto que ia participar de uma “peneira”. Um garoto pobre, muito triste, encostado na grade. Eu perguntei o que ele estava fazendo ali. E ele respondeu: “Buscando o meu futuro. Eu vou ser craque. Eu vou ser igual ao Zico”. Os olhos dele lacrimejaram e subiram lentamente para o céu. O cinegrafista foi o Zé da Silva. Depois, o Beto Duarte, filho do Orlando Duarte, fez uma edição espetacular, sonorizando com a música “Apenas um Rapaz LatinoAmericano”, do Belchior.

Quais os repórteres esportivos, de todas as épocas, que você mais aprecia?

Gosto muito de vários repórteres: Wanderley Nogueira, Roberto Silva, Quartarollo, Mauro

Naves... Mas há um que eu considero “hors concours”: Tino Marcos.

E com relação à narração feminina, o que você acha?

Sempre temo essa pergunta. Quando me dizem que eu sou responsável por tudo isso, eu me sinto orgulhosa, lisonjeada. Porém, um pouco culpada. Eu pensei, quando surgiu essa “onda” de mulheres em todos os setores do jornalismo esportivo, que houvesse uma coisa nova por aí, que viessem mudanças quase que radicais. No entanto, as mulheres estão narrando, imitando homem. A voz feminina é diferente da voz masculina. Se ela grita, a voz fica mais estridente. Falta direção. Estão deixando por conta delas. Está faltando direção.

Quanto ao Brasileirão, você gosta dos “pontos corridos”?

Eu gosto, prefiro e defendo. Premia o melhor. A chance é igual para todos. Defendo pontos corridos até a morte!

E os Campeonatos Estaduais, devem ser mantidos?

Eu acho que são indispensáveis. É a base de tudo. Precisa ter a Taça São Paulo, os Estaduais, o Brasileirão... O que precisa é organizar melhor o calendário.

O que você acha do VAR no nosso futebol?

O VAR é cruel. Ele vê, mas não vê tudo. E quem comanda o VAR são seres humanos que erram também. Está havendo muita interferência e demora. Deveria ter um tempo-limite. Eu manteria o VAR desde que seja melhor utilizado.

Que conselhos você daria para os jovens repórteres esportivos?

Estudem. Principalmente, estudem. E principalmente a língua portuguesa. E o repórter, trabalhando, não pode ser torcedor.

JOGORÁPIDO

Seu hobby: Ler e escrever.

Tipo de música preferido: Todo tipo de música menos funk.

Programa de TV preferido: Os jogos de futebol.

Melhores narradores de TV e Internet: Luciano do Valle.

Melhores comentaristas: Pedro Luiz.

Prato preferido: Adoro camarão.

Cantor brasileiro preferido: Milton Nascimento e Roberto Carlos.

Cantora brasileira preferida: Elis Regina.

CAMAR TE

Liga Esportiva NESCAU cresce 50% em Belo Horizonte e leva

esporte

e aprendizado

a

mais de 1.500 crianças e jovens.

Belo Horizonte recebeu a Liga Esportiva NESCAU® pela segunda vez em dois anos e comprovou que a garotada mineira gosta de atividade física. O evento, que ocorreu no sábado, dia 7 de junho, na Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), reuniu mais de 1.500 meninos e meninas entre 7 e 17 anos, um crescimento de 50% em relação ao ano passado, quando mil crianças e adolescentes aproveitaram o dia repleto de esporte e aprendizado.

Considerado o maior campeonato poliesportivo estudantil do país e pioneiro em unir modalidades adaptadas e não adaptadas em um só lugar, a Liga Esportiva NESCAU® recebe não apenas crianças e jovens, mas também seus professores, amigos e familiares. Entre estes, uma presença especial, o multicampeão paralímpico Daniel Dias.

“Eu sei da capacidade que o esporte tem como transformação de vida. O esporte mudou minha vida e eu sempre falo muito

Anamaria Monte, gerente de marketing da Liga Esportiva Nescau.

isso, que não é pelas medalhas, é pelos valores que ele me ensina, por tudo que o esporte traz de benefício. Já são dez anos e a Liga só tem crescido e é muito bom ver as crianças e adolescentes se movimentando com energia e alegria. Sem esquecer a inclusão por meio da integração entre crianças com e sem deficiência”, disse Daniel, que é embaixador da marca, ao lado de outros grandes nomes do esporte, como a skatista Rayssa Leal e a ginasta Flávia Saraiva, ambas medalhistas olímpicas.

A edição 2025 da Liga em BH contou com oito práticas esportivas, divididas entre modalidades, desafios e oficinas. Nas modalidades, as opções foram vôlei, futebol society, skate e peteca – esporte que é tradição da capital mineira. Nos desafios, a criançada teve a oportunidade de participar do circuito chute ao gol e do arremesso de 3 pontos; já nas oficinas, os esportes eram futmesa e twister. Todas as oficinas e desafios também contaram com versões adaptadas para jovens PCDs.

1

Emoção no encontro de Daniel Dias e o menino com deficiência visual.

2

Habilidade de Daniel Dias no Futmesa.

2 3 5 6 7 8 4

3

Daniel Dias com o time feminino de Futebol Society.

4

Artur veio de Brasília para dar show no skate.

5

Peteca agitou as jovens de Belo Horizonte.

6

Alegria de mãe e filha no Futmesa.

7

Esforço no twister.

8

Alunos da ONG Circuito Inclusão, de Contagem (MG).

Fotos: Márcio Xavier / Liga Esportiva Nescau e Luiz Menezes / Liga Esportiva Nescau.

PALMEIRAS Campeão da Libertadores

Há exatos 26 anos o Palmeiras realizava, finalmente, o seu “sonho de consumo”: sagrava-se Campeão da Libertadores!

Os anos 90 foram pródigos para o clube, anos de muitos títulos, de grandes times, de jogadores que fizeram história e se tornaram ídolos.

Em 1999, o gol era defendido por um jovem cabeludo chamado Marcos, que naquele ano foi canonizado e se tornou São Marcos para a apaixonada torcida verde. Ele estava no Palmeiras desde 1992 e foi considerado o melhor jogador do campeonato conquistado pelo Verdão.

A defesa continuava quase a mesma da conquista da Copa Mercosul, em 1998.

No jogo final da Libertadores, uma ousada novidade no segundo tempo: o técnico Luiz Felipe Scolari colocou Evair no lugar do lateral Arce. Por falar em Felipão, ele havia chegado ao clube em 1997.

No ataque, Euller substituiu, durante a última partida, o craque Alex. Euller, que havia chegado ao Palmeiras em 1997, saiu e voltou em 1999. Ele tinha o apelido de “Filho do Vento”, por sua velocidade.

Esse time praticamente era o mesmo do ano anterior, mas com uma vantagem: estava mais entrosado e, com o número muito grande de bons jogadores, dava mais trabalho aos adversários.

A campanha da Libertadores foi difícil. Na Primeira Fase, foram seis jogos: uma vitória e uma derrota contra o Corinthians; duas vitórias contra o Cerro Porteño, do Paraguai; e uma derrota e um empate contra o Olimpia, do Paraguai.

Nas oitavas de final, o Verdão teve pela frente o Vasco, então o campeão da Libertadores. No primeiro jogo, em casa, um empate: 1 a 1. No jogo de volta, em São Januário, o Vasco saiu na frente, mas Alex, com uma atuação primorosa, comandou a virada: Palmeiras, 4 a 2.

Nas quartas de final, um velho conhecido: o Corinthians. No primeiro jogo, no Morumbi, uma bela vitória do Verdão: 2 a 0, com o goleiro Marcos garantindo tudo lá atrás. Pegou tanto, que a torcida terminou o jogo chamando-o de “São

Marcos”. No segundo jogo, também no Morumbi, o Timão deu o troco: 2 a 0. O jogo foi para os pênaltis. São Marcos cresce no gol e faz com que Vampeta e Dinei errem suas cobranças. Palmeiras classificado!

Na semifinal, o temido, na época, River Plate. O primeiro jogo foi no Monumental de Nuñez e o Verdão perdeu por 1 a 0. Na volta, na semana seguinte, no Parque

Antártica, o Palmeiras meteu um chocolate neles: 3 a 0, com dois gols de Alex e um de Roque Júnior.

Chegou a grande final. O adversário é o Deportivo Cali, da Colômbia.

O primeiro jogo foi em Cali, no dia 2 de junho. Uma verdadeira guerra. Dentro de campo, o árbitro chileno Márcio Fernando Sanchez deixou o jogo correr solto.

Resultado final: derrota do Verdão, 1 a 0.

O segundo jogo foi em 16 de junho, com o Parque Antártica lotado. Foi um jogo tenso, nervoso, muito disputado. E o primeiro tempo terminou 0 a 0. No segundo tempo, Felipão partiu para o tudo ou nada: colocou o atacante Evair no lugar do lateral-direito Arce. Aos 19 minutos, pênalti a favor do Palmeiras: Evair cobrou, 1 a 0. Aos 24, pênalti contra o Palmeiras: 1 a 1. Aos 30, Oséas marcou o gol da vitória: 2 a 1, mesmo placar de Cali. A decisão foi para os pênaltis, O Palmeiras perdeu um pênalti. O Deportivo perdeu dois. Resultado final: Palmeiras 4, Deportivo 3. Finalmente, a torcida pôde gritar:

“É Campeão!”. Mas não um campeão qualquer: o Campeão da América!

ACONTECEU EM 1999...

DEPORTIVO CALI-COL 1 0 PALMEIRAS

PRIMEIRO JOGO

Data: 02 de junho de 1999.

Local: Olímpico Pascual Guerrero, Cali.

Árbitro: Márcio Fernando Sánchez (Chile).

Público: não divulgado.

Deportivo Cali-COL: Dudamel; Pérez, Mosquera, Yépez e Bedoya; Zapata, Viveros, Candelo e Córdoba; Bonilla.(Marrero) e Castillo (Rey).

Palmeiras: Marcos; Arce, Júnior Baiano, Roque Júnior e Júnior; César Sampaio, Rogério, Zinho e Alex (Euller); Paulo Nunes e Oséas (Evair e, depois, Galeano)..

Técnico: Luiz Felipe Scolari.

Gol: Bonilla 42 do 1º.

PALMEIRAS

2 (4) (3) 1

SEGUNDO JOGO

Data: 16 de junho de 1999.

Local: Palestra Itália.

Árbitro: Ubaldo Aquino (Paraguai).

Público: não divulgado.

Palmeiras: Marcos; Arce (Evair), Júnior Baiano, Roque Júnior e Júnior; César Sampaio, Rogério, Zinho e Alex (Euller); Paulo Nunes e Oséas.

Técnico: Luiz Felipe Scolari.

Deportivo Cali-COL: Dudamel; Mosquera, Yépez e Bedoya; Pérez (Gaviria), Zapata, Viveros, Betancourt e Córdoba (Valencia); Candelo (Hurtado) e Bonilla.

Técnico: José Hernández.

Gols: Evair 19 e Zapata 19 do 1º; Oséas 30 do 2º.

Pênaltis: Palmeiras 4 x 3 Deportivo Cali-COL.

Começa o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso na presidência da República, em 1º de janeiro • A população brasileira é de 167,90 milhões de habitantes • Considerado o maior jogador de basquete do mundo, Michael Jordan para de jogar aos 35 anos • Entra em vigor o Euro, moeda única europeia • A população mundial chega a seis bilhões de habitantes • TV Manchete vai à falência e é vendida para o grupo que controla a RedeTV! • Morrem: Amália Rodrigues. Bidu Sayão, Blota Jr., Consuelo Leandro, Dias Gomes, Franco Montoro, João do Pulo, Plínio Marcos, Zé Kéti e Zezé Macedo.

Tricampeão, 2011

Em pé: Rafael, Edu Dracena, Durval, Danilo, Paulo Henrique Ganso e Arouca. Agachados: Zé Love, Neymar, Adriano, Léo e Elano. Técnico: Muricy Ramalho.

SANTOS

Tricampeão da LIBERTADORES

O Santos Futebol Clube, de Araken Patuska, Gylmar, Coutinho, Pelé, Pepe e Neymar, faz parte de um seleto grupo do futebol brasileiro: é um dos quatro que já conquistaram a Libertadores por três vezes (os outros são São Paulo, Grêmio, Flamengo e Palmeiras).

O Santos deu o primeiro passo nessa direção, tonando-se o primeiro brasileiro a sagrar-se bicampeão, com as conquistas de 1962 e 1963.

Na primeira conquista, em 1962, no jogo de ida, em 28 de julho de 1962, no Estádio Centenário, Montevidéu, o Santos venceu o Peñarol por 2 a 1. No segundo jogo, no dia 2 de agosto de 1962, em plena Vila Belmiro, o Santos perdeu por 3 a 2.

O jogo do título foi disputado no dia 30 de agosto de 1962, no estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, e o Santos

venceu por 3 a 0. E levou o caneco.

Na disputa do bicampeonato, em 1963, o Santos venceu o Boca Juniors, 3 a 2, no dia 4 de setembro de 1963, jogo disputado no Maracanã. Na semana seguinte, jogando em La Bombonera, estádio do adversário Boca Juniors, em 11 de setembro de 1963, o Santos venceu por 2 a 1.

O Tricampeonato viria só no século seguinte, em 2011, quando Neymar era a grande estrela santista. Menos de 60 dias desse título, o Peixe havia conquistado mais um Campeonato Paulista. Mas, havia muita turbulência no clube e o técnico Muricy Ramalho chegou no dia 5 de abril para colocar ordem na casa. Daí para frente foi só alegria, sorrisos e abraços. Muricy chegou a ficar 14 jogos invicto após assumir o cargo.

A competição voltou a ter o número de 38 participantes, devido

à inclusão de clubes mexicanos desistentes em 2019. A decisão da Libertadores foi em duas partidas. Na primeira, no dia 15 de junho de 2011, Peñarol e Santos empataram, 0 a 0, em jogo disputado no estádio Centenário, em Montevidéu. No segundo jogo, no dia 22 de junho de 2011, no Pacaembu, o Santos venceu o Peñarol por 2 a 1, com gols de Neymar e Danilo.

O primeiro tempo terminou sem gols, mas, logo no primeiro minuto do segundo tempo, Neymar marcou numa espetacular jogada de Arouca, que começou com um passe de letra de Ganso. Aos 23 minutos, outro golaço: Danilo avançou pela direita, invadiu a área e tocou no canto do goleiro Sosa. Até o gol que premiou o esforço dos uruguaios foi santista: o correto Durval marcou contra aos 34 minutos. No final, 2 a 1:

Santos,

Tricampeão

da Libertadores!

Bicampeão 1963

Em pé: Dalmo, Zito, Geraldino, Calvet, Gilmar e Mauro.

Agachados: Dorval, Lima, Coutinho, Pelé e Pepe.

Campeão 1962

Em pé: Lima, Zito, Dalmo, Calvet, Gilmar e Mauro.

Agachados: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Técnico: Lula.

ACONTECEU EM 2011...

PEÑAROL 0 0 SANTOS

PRIMEIRO JOGO

Data: 15 de junho de 2011.

Local: Estádio Centenário, em Montevidéu.

Árbitro: Carlos Amarilla (Paraguai).

Público: 70.000.

Peñarol: Sosa; Alejandro González, Carlos Valdez, Guillermo Rodríguez e Darío Rodríguez; Corujo (Antonio Pacheco), Aguiar, Freitas e Matías Mier (Fabián Estoyanoff); Martinuccio e Olivera (Diego Alonso).

Técnico: Diego Aguirre.

Santos: Rafael; Pará, Bruno Rodrigo, Durval e Alex Sandro, Adriano, Arouca, Danilo e Elano (Alan Patrick); Neymar e Zé Eduardo (Bruno Aguiar).

Técnico: Muricy Ramalho.

2 1 SANTOS

SEGUNDO JOGO

Data: 22 de junho de 2011.

Local: Pacaembu, em São Paulo.

Árbitro: Sergio Pezzota (Argentina).

Público: 40.157.

Renda: R$ 4.266.670,00.

PEÑAROL

Santos: Rafael; Danilo, Edu Dracena, Durval e Leo (Alex Sandro); Adriano, Arouca, Elano e Paulo Henrique Ganso (Pará); Neymar e Zé Eduardo.

Técnico: Muricy Ramalho.

Peñarol: Sosa; Alejandro González (Albin, depois Estoyanoff), Carlos Valdez, Guillermo Rodríguez e Darío Rodríguez; Corujo, Aguiar, Freitas e Matías Mier (Urretaviscaya); Martinuccio e Olivera.

Técnico: Diego Aguirre.

Gols: Neymar 1, Danilo 23 e Durval (contra) 34.

Dilma Rousseff toma posse na presidência da República, sucedendo a Lula. É a primeira presidente mulher do Brasil • A população brasileira é de 194,93 milhões de habitantes • Jogador Ronaldo Fenômeno despede-se do futebol • Em outubro, a Terra chega a sete bilhões de habitantes • Palhaço Tiririca toma posse como o deputado federal mais votado por São Paulo • Morrem: Amy Winehouse, Billy Blanco, Elizabeth Taylor, Ítalo Rossi, Itamar Franco, Joãosinho Trinta, John Herbert, José Vasconcelos, Marcos Plonka, Reali Jr., Osama Bin Laden, Sérgio Britto, Sócrates, Steve Jobs, Wadih Helu e Walter Abrahão.

BRASIL

Neste mês de junho faz 23 anos que o Brasil sagrou-se Pentacampeão Mundial de Futebol, oito anos após ter conquistado o Tetra. Nas cinco Copas conquistadas pelo Brasil (e o Brasil é o país que mais conquistou Copas), nenhuma delas teve a classificação tão sofrida quanto a de 2002.

Após o fracasso de 1998 (quando o Brasil perdeu para a França na final), a Seleção foi entregue a Vanderlei Luxemburgo, uma unanimidade nacional. Porém, uma série de escândalos, incluindo depoimento numa CPI e a derrota na Olimpíada de Sidney, acabaram por derrubá-lo.

José Cândido Sotto Mayor, o Candinho, hoje com 80 anos, dirigiu a Seleção uma vez, na goleada contra a Venezuela.

Veio Leão, com seu jeito autoritário, mas, sem dúvida, também competente. Não deu certo. Acabou sendo demitido de forma deselegante, por telefone.

Luiz Felipe Scolari, zagueiro de poucos recursos, fazia história como técnico vencedor, primeiro no Grêmio e, depois, no Palmeiras. Foi convocado e aceitou o desafio. Sua estreia foi um desastre: derrota para o Uruguai, 1 a 0.

O período de classificação foi de muita turbulência. Havia no ar a terrível ameaça de, pela primeira vez, o Brasil ficar de fora de uma Copa do Mundo. Escapamos por um triz: a classificação veio no último jogo, na vitória sobre a fraca Venezuela.

Com o Brasil classificado, Felipão pôde respirar aliviado, mas, mesmo assim, teve que enfrentar fortes pressões para manter suas convicções. Principalmente sua aposta em dar o tempo necessário para que Ronaldo se recuperasse de suas graves contusões e a não convocação de Romário.

Na Copa, a história foi outra. Felipão fez de seus jogadores a Família Scolari. Fechou o grupo. Trabalhou a motivação. Tínhamos técnica, precisávamos de confiança. Foi o que ele fez.

A Copa, pela primeira vez, foi dividida entre dois países: Japão e Coreia do Sul. O Brasil chegou com o favoritismo do nome, mas não do futebol apresentado nas Eliminatórias.

Os favoritos eram a França, última campeã, que tinha, entre outros,

Zinedine Zidane, então o melhor jogador do mundo; e a Argentina, que se classificou com folga na zona Sul-Americana e, dirigida por Bielsa, se deu ao luxo de não convocar o craque Riquelme.

O Brasil cresceu durante a competição e chegou a mostrar momentos espetaculares, cenas de futebol encantador. Merecidamente, chegou à final e foi campeão. A Alemanha, com seu futebol forte, também mereceu chegar à final. Tecnicamente, esta Copa não foi das melhores.

Na Primeira Fase, o Brasil enfrentou a Turquia (2 a 1), a China (4 a 0) e a Costa Rica (5 a 2). Nas oitavas de final, o Brasil pegou a Bélgica (2 a 0). Nas quartas de final, foi a vez da Inglaterra (2 a 1). Nas semifinais, o Brasil eliminou a Turquia (1 a 0). E na grande final, o Brasil derrotou a Alemanha, 2 a 0, com dois gols de Ronaldo.

Foram 7 jogos, 7 vitórias. O Brasil marcou 18 gols e sofreu 4. Dos 23 jogadores convocados, 21 foram utilizados. Cafu foi o grande capitão. O artilheiro do Brasil – e da Copa – foi Ronaldo, com 8 gols.

Foi o quinto título para encher de orgulho o brasileiro que ama e venera a camisa verde-e-amarela.

BRASIL 2 0 ALEMANHA

Data: 30 de junho de 2002.

Local: International Yokohama (Japão).

Árbitro: Pierluigi Collina (Itália).

Público: 69.029.

Brasil: Marcos; Lúcio, Roque Júnior e Edmilson; Cafu, Gilberto Silva, Kléberson, Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos; Rivaldo e Ronaldo.

Técnico: Luiz Felipe Scolari.

Alemanha: Oliver Kahn; Thomas Linke, Christian Ramelow e Christoph Metzelder; Torsten Frings, Bernd Schneider, Dietmar Hamman, Jens Jeremies (Gerald Asamoah) e Marco Bode (Christian Ziege); Oliver Neuville e Miroslav

Klose (Oliver Bierhoff).

Técnico: Rudi Völler.

Gols: Ronaldo 22 e Ronaldo 33 do 2º.

ACONTECEU EM 2002...

Fernando Henrique Cardoso está no quarto ano do seu segundo mandato como presidente da República • A população brasileira é de 174,63 milhões de habitantes • Brasil sagra-se Pentacampeão Mundial de Futebol, no Japão • Morre assassinado o prefeito de Santo André, Celso Daniel • Assassinado o jornalista Tim Lopes • Luiz Inácio Lula da Silva é eleito presidente do Brasil, após derrotar José Serra no segundo turno • A partir de janeiro, o euro entra em circulação e 12 países da Europa adotam a nova moeda • Morrem: Carlos Zara, Chico Xavier, Mário Lago, Oswaldo Sargentelli, Ray Conniff, atacante Vavá e craque Zizinho.

CAFU 55 ANOS

Marcos Evangelista de Morais, o Cafu, o nosso Capitão na Copa do Mundo de 2002, no Japão/Coreia do Sul, quando o Brasil sagrou-se Pentacampeão, está completando 55 anos de vida.

Nasceu em Itaquaquecetuba-SP, em 7 de junho de 1970, justamente no mês em que o Brasil conquistou o Tricampeonato no México.

Antes de começar a carreira em times grandes, Cafu passou pelas categorias de base do Nacional-SP e Portuguesa, até que, em 1988, foi para os juvenis do São Paulo, levado pelas mãos experientes do técnico Cilinho.

Cafu mostrou dentro de campo um fôlego incomum. Começou jogando pelo meio-campo, até que Mestre Telê Santana, que assumiu o Tricolor em 1990, viu naquela força física, naquela disposição, o grande potencial para lateral-direito.

Telê Santana não estava errado. Com sua disposição física, com suas arrancadas até a linha de fundo adversária e seus cruzamentos, Cafu tomou conta da posição também na Seleção Brasileira.

É verdade que chegou à Seleção como volante. Fez sua estreia na derrota de 3 a 0 para a Espanha, no dia 12/09/90. O time, dirigido por Paulo Roberto Falcão, foi este: Velloso; Gil Baiano, Paulão, Márcio Santos e Nelsinho; Cafu (Paulo Egídio), Donizete, Moacir e Neto;

Os títulos

São Paulo:

• Campeonato Paulista: 1991 e 1992

• Campeonato Brasileiro: 1991

• Copa Libertadores da América: 1992 e 1993

• Copa Intercontinental: 1992 e 1993

• Recopa Sul-Americana: 1993 e 1994

• Supercopa Libertadores: 1993

• Copa do Mundo FIFA: 1994 e 2002

Charles (Jorginho) e Nilson.

Na de 1994, nos Estados Unidos, Cafu já era lateral-direito, participando somente da partida final, contra a Itália, entrando durante o jogo, no lugar de Jorginho, que se contundiu. Participou, também, da final contra a França, em 1998.

Em 2002, na Copa do Japão/Coreia do Sul, atuou em todos os 7 jogos, levantando a Taça no último jogo, contra a Alemanha, depois de uma contusão do então capitão Emerson, que não chegou a ir para a Copa. Foi o primeiro jogador a disputar três finais seguidas de Copa do Mundo.

E tem mais: é o jogador que mais vezes vestiu a sagrada camisa amarelinha: foram 142 jogos, marcando 5 gols. Tomou conta da posição em 1995 e completou onze anos como seu senhor absoluto.

É o jogador brasileiro com mais partidas disputadas em Copas do Mundo: entrou em campo 20 vezes. É também o recordista mundial de vitórias em Copas, totalizando 16 vitórias.

Com uma carreira bastante vitoriosa, é um dos três jogadores na história do futebol a conquistar a Copa do Mundo, Copa América, Libertadores, Liga dos Campeões da UEFA e Mundial de Clubes. Os outros dois são: Julián Álvarez e Dida.

Zaragoza:

• Recopa Europeia: 1994–95

Palmeiras:

• Campeonato Paulista: 1996

Roma:

• Serie A: 2000–01

Seleção Brasileira:

• Copa das Confederações FIFA: 1997

Milan:

• Supercopa da UEFA: 2003 e 2007

• Serie A: 2003–04

• Supercopa da Itália: 2004

• Liga dos Campeões da UEFA: 2006–07

• Copa do Mundo de Clubes da FIFA: 2007

• Copa América: 1997 e 1999

Seleção Campeã Mundial em 1994.

Campeão Mundial BASQUETE FEMININO

Há 31 anos, exatamente 35 dias antes do Brasil sagrar-se Tetracampeão Mundial de Futebol nos Estados Unidos, a Seleção Feminina de Basquete conseguia um feito inédito: conquistava o título de Campeã Mundial!

Desde 1953, quando o Campeonato começou, até 1990, haviam sido realizadas 11 competições, sendo que seis foram vencidas pela União Soviética e cinco pelos Estados Unidos. Em 1994, as heroicas brasileiras conseguiram quebrar a hegemonia das norte-americanas e soviéticas. Embora tenha se preparado muito bem no Brasil, a equipe saiu daqui desacreditada. Viajou com antecedência para a Austrália, local das partidas, para adaptar-se ao fuso horário e fazer os últimos amistosos.

Participaram da competição 16 países, divididos em quatro grupos:

Grupo A: Estados Unidos, Espanha, Coreia do Sul e Nova Zelândia. Grupo B: Cuba, Canadá, França e Quênia. Grupo C: Brasil, Eslováquia, Polônia e Taipé Chinês. Grupo D: China, Austrália, Itália e Japão.

Os resultados do Brasil foram os seguintes: No dia 2 de junho, contra Taipé Chinês, 112 x 88, com destaque para Janeth, que marcou 23 pontos; contra a Eslováquia, no dia seguinte, o Brasil acabou derrotado: 85 x 99; e vencemos a

Polônia, 87 x 77, com a rainha Hortência sendo a cestinha com 27 pontos. Classificaram-se duas equipes de cada chave e o Brasil ficou em segundo lugar, atrás da Eslováquia.

Na fase seguinte, a Seleção jogou contra Cuba e venceu por 111 x 91, com Janeth sendo a maior pontuadora: 38 pontos. Depois, no dia 8 de junho, foi a vez da China e o Brasil venceu por 97 x 90, com a rainha Hortência sendo a maior pontuadora: 36 pontos.

Para passar para as semifinais, era preciso derrotar a Espanha. Num jogo dramático, decidido nos últimos 50 segundos, o Brasil venceu por 92 x 87: destaque, mais uma vez, para a Hortência, que marcou 25 pontos.

O jogo semifinal foi contra a favorita equipe norte-americana, que tinha estrelas como Lisa Leslie, Dawn Staley e Teresa Edwards. Mas não deu outra: Brasil, 110 x 107, com ótimas atuações de Hortência (32 pontos), Paula (29 pontos) e Janeth (22 pontos).

No dia 12 de junho, a grande final: a equipe brasileira, embalada, enfrentava a China, da gigante Haixia.

Era madrugada fria no Brasil. Mas o calor da vitória aqueceu todo o País: Brasil, 96 x 87. Pela primeira vez na história, o ouro saiu das mãos das norte-americanas e soviéticas. E o mundo conheceu a genialidade de Hortência e Paula, o talento de Janeth, a experiência de Ruth, Adriana, Helen, Roseli e Simone, além de jovens atletas, recém-saídas da seleção e juvenil, como Alessandra, Cíntia, Tuiú e Leila, todas sob o comando do técnico Miguel Ângelo da Luz Coelho. Hortência converteu 27 pontos na decisão e foi eleita a melhor jogadora da competição realizada na Austrália.

Em 2005, 11 anos após a grande conquista e nove anos depois de ter abandonado o basquete, Hortência recebeu uma notícia emocionante: seu nome foi inscrito no Salão da Fama do Memorial Naismith, o legendário Salão da Fama do Basquete, que leva o nome de James Naismith, criador do esporte. É o primeiro nome latinoamericano incluído no Salão da Fama.

ACONTECEU EM 1994...

O Brasil é presidido por Itamar Franco, que assumiu em 02/10/1992 • A população brasileira é de 153,81 milhões de habitantes • O Brasil sagra-se Tetracampeão Mundial de Futebol, nos EUA • Seleção Brasileira Feminina de Basquete conquista o Campeonato Mundial na Austrália • Implantação do Real na economia brasileira • Fernando Henrique Cardoso vence Lula nas eleições para presidente da República • Ocorre o triste acidente de carro com o locutor Osmar Santos • Morrem: Ayrton Senna, Burle Marx, jogador Dener, Dionísio Azevedo, Henry Mancini, Jacqueline Kennedy, Mário Quintana, Ronaldo Bôscoli e Tom Jobim.

A Rainha Hortência.

BIBLI TECA

Viagem no País da Crônica

Quem se põe no caminho para viajar, sabe que tão importante, ou mais, que o destino é a companhia ou guia para esta viagem. No livro “Viagem no País da Crônica”, o título já define o destino: o Brasil. Seu guia, ou companheiro de viagem, não poderia ser melhor: trata-se do jornalista mineiro Humberto Werneck, ele mesmo um grande cronista.

Mineiro de Belo Horizonte (1945), Werneck vive em São Paulo desde 1970. Trabalhou em publicações como Suplemento Literário do Minas Gerais, Jornal da Tarde, Veja, IstoÉ e Playboy.

Por 10 anos foi cronista semanal do jornal O Estado de São Paulo, onde publicou, entre outras crônicas, “O espalhador de passarinhos”, sensível crônica a lembrar e homenagear seu pai, o Hugo, que se embrenhava nos matos para salvar os passarinhos e sabia, como ninguém, o cantar de cada um deles.

Desde 2017, Humberto Werneck é editor sênior da revista de livros Quatro Cinco Um. Segundo o próprio autor, “esse livro começou

há se fazer há quase sete anos, quando o Instituto Moreira Salles nos presenteou com o Portal da Crônica Brasileira.”

Do trabalho do dia a dia com mais de 2.700 textos, foi tomando forma a presente publicação, até mesmo sem que o autor se desse conta.

Mas, afinal, o que é a Crônica?

Um dos maiores cronistas brasileiros, Rubem Braga, se esquivou da pergunta com a criativa resposta: “Bem, se não é aguda, é crônica”. Bem-humorado, Werneck lembra que esse estilo já foi considerado o patinho feito da Literatura. Aliás, e a propósito, a capa do livro nos traz um patinho feio.

Quando recebeu o Portal da Crônica Brasileira, Werneck recebeu também Antônio Maria, Clarice Lispector, Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende, Rachel de Queiroz e Rubem Braga, que ele cita em ordem alfabética “para não impingir preferências pessoais”.

Aos seis cronistas citados acima, vieram se juntar mais treze, que ele também enumera em ordem alfabética: Antônio Torres, Carlos Drummond de Andrade, Dinah Silveira de

FICHA TÉCNICA

Título: Viagem no País da Crônica

Autor: Humberto Werneck

Editora: Tinta da China Brasil

Páginas: 304

Preço: R$ 99,90

Queiroz, Fernando Sabino, Ivan Lessa, João do Rio, José Carlos Oliveira, Jurandir Ferreira, Lima Barreto, Stanislaw Ponte Preta e Vinicius de Moraes.

Hoje, o acervo do Portal ultrapassa os 3.500 textos.

Mas, afinal, o que é a crônica?

Jornalismo? Muitos acham que não, pois nela não estão presentes o factual e o distanciamento caros e obrigatórios no jornalismo.

Será literatura? Claro que não, responderão com desdém empinados narizes, acadêmicos ou não: Muitos acham que não.

Se Rubem Braga não quis definir, não serei eu, reles mortal, que irá fazê-lo.

Porém, como a discussão sobre esse gênero que chegou ao Brasil em 1852, trazido pelo poeta, jornalista e diplomata carioca Francisco Otaviano, está aberta, passa-me pela cabeça que a Crônica é o resultado da paixão do jornalismo que fecundou a dengosa Literatura em algum sarau da vida.

Se deixe levar por Humberto Werneck.

Faça uma boa viagem.

MÁRIO MARINHO
O autor: Humberto Werneck

Em que ano o Palmeiras conquistou a sua primeira Libertadores?

Qual foi o adversário do Santos na final da conquista de sua terceira Libertadores?

Você é mesmo bom de bola?

Teste seus conhecimentos

Respostas no pé da página

Rivaldo foi o vice-artilheiro do Brasil e da Copa em 2002. Quantos gols ele fez?

Qual foi o adversário do Palmeiras na final da conquista de sua primeira Libertadores?

Em que estádio foi disputado o último jogo da primeira Libertadores conquistada pelo Palmeiras?

Em que estádio foi disputado o último jogo da terceira Libertadores conquistada pelo Santos?

Basquete Feminino do Brasil foi Campeão Mundial pela primeira vez em que ano?

nosso Basquete Feminino foi Campeão Mundial pela primeira vez jogando contra quem na final?

que ano o Santos conquistou a

terceira Libertadores?

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