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A dor de se perder quem se ama aos poucos

A doença foi chegando bem devagar.... de forma sutil.

No Brasil, estima-se que 1,2 milhão de pessoas tenham Alzheimer. Grande parte delas, ainda sem diagnóstico. Em todo o mundo, são cerca de 35,6 milhoes de pessoas diagnosticadas.

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A estigmatização e a desinformação sobre a doença ainda são muito grandes.

Entre as características estão: perda das funções cognitivas como memória, orientação, atenção e linguagem, causada pela morte de células cerebrais.

Não existe cura e as perdas cerebrais são irreversíveis.

O paciente precisa de tratamento com vários profissionais. E quando antes identificar a doença, melhor a qualidade de vida.

Mas, hoje, eu gostaria de abordar sobre as dificuldade e a dor de amigos e familiares que convivem com quem tem a doença. São pessoas que também precisam de suporte de profissionais da área de psi.

Escrevo sobre: a dor de se perder quem se ama aos poucos, que também é a minha dor.

A doença foi chegando bem devagar.... de forma sutil.

Histórias sendo repetidas aqui, alguns apagões ali...

Até que o diagnóstico tão inesperado e doloroso veio, recheado de dor e de dúvidas.

A descoberta, sempre juntas, de novas cidades, novos países, novas pessoas, de nós mesmas.

Tanta cumplicidade, tanta história, tanto amor.

Será justo lidar com o luto de uma pessoa viva?

O corpo está presente, mas a alma, não.

Como a mente lida com essa informação tão paradoxal?

O seu olhar agora distante e cheio de dúvidas, que não sei responder, me leva a uma dimensão, dolorosa, obscura, vazia.

Luto com todas as minhas forças para lhe trazer de volta, mas, é uma luta traiçoeira, inglória, dramática e sem sucesso.

Mas, hoje, eu gostaria de abordar sobre as dificuldade e a dor de amigos e familiares que convivem com quem tem a doença. São pessoas que também precisam de suporte de profissionais da área de psi.

Escrevo sobre: a dor de se perder quem se ama aos poucos, que também é a minha dor.

E o que eram apenas letras frias, escritas em alguns artigos médicos, foram se tornado reais.

Estava perdendo minha melhor amiga e não queria, nem sabia, lidar com aquela realidade inexorável.

Vieram-me à mente nossas incontáveis viagens, regadas a taças de espumantes e conversas sobre a vida... sobre nossas vidas... Não teríamos mais isso.

Não aceito. Sei que deveria, mas, não aceito.

Quero minha mãe de volta, minha amiga, minha confidente, meu pilar, meu exemplo, minha guerreira.

Não a tenho mais.

Ou melhor, tenho fragmentos.

E me apego a eles, para nos manter vivas: eu em vc e você em mim.

E conto com minha memória, que tantas vezes parece também me trair, para deixar vc sempre perto de mim.

Para além da eternidade.

Vc é e sempre será a minha heroína.

Te amo, mãe.

Atualmente, apresenta o Band Cidade Segunda Edição, jornal local, que vai ao ar, ao vivo, de Segunda à Sexta, às 18h50. Também apresenta o Band Entrevista, que vai ao ar, aos sábados, às 18h50.

Formada em Psicanálise e Mestranda Especial da UNB em psicologia clínica.

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