Guia de DE&I Rede Santa Catarina

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Guia

de

Diversidade, Equidade e Inclusão

1

3 Conceito

Raças e Etnia

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Pessoas com Deficiência

4

Cultura Inclusiva

Por que precisamos de um Guia de Diversidade, Equidade e Inclusão?

Ao longo de mais de 120 anos, a Rede Santa Catarina tem se dedicado continuamente ao cuidado das pessoas, com a missão de acolher e cuidar do ser humano em todo o ciclo da vida. Assim, conscientes das marcantes desigualdades presentes na sociedade, estamos afirmando nosso compromisso com a Diversidade, Equidade e Inclusão. E para alcançarmos isso de maneira autêntica, é imperativo transformar nossa mentalidade, crenças e ações.

Este guia é um convite a todos para se tornarem protagonistas na edificação de uma sociedade inclusiva e igualitária, propondo a criação diária de um ambiente de trabalho desprovido de discriminação, preconceito e desigualdades. Assumimos, assim, uma responsabilidade coletiva para que a empatia, a aceitação e o acolhimento se tornem traços intrínsecos da NOSSA GENTE!

Rede Santa Catarina

Sobre este Guia

Você terá a oportunidade de explorar práticas que contribuem para a construção de um ambiente de trabalho mais inclusivo e diverso.

A responsabilidade de promover uma cultura cada vez mais inclusiva é compartilhada por todos, por isso, convidamos você a se juntar nessa jornada! Antes de iniciarmos, é crucial que você compreenda as diferenças entre diversos termos.

Reunimos também conceitos e expressões frequentemente utilizados, visando sensibilizar sobre vocabulários não inclusivos.

Você está pronto para embarcar nessa jornada? Tenha uma excelente leitura!

Nossos Pilares

Pequenos gestos de equidade, que assegurem direitos e celebrem as diferenças, têm o poder de tornar nossa Instituição e o mundo lugares mais positivos. Os pilares prioritários neste momento na Rede Santa Catarina são endereçados através de três grupos de afinidades, que têm facilitado a criação de um ambiente caracterizado por um diálogo aberto e uma cultura cada vez mais inclusiva. Além disso, foram eles, junto ao time de Diversidade, os responsáveis pela criação deste guia:

Pessoa com Deficiência

Raça e Etnia

Cultura Inclusiva

Gênero, Identidade de Gênero e Orientação, Crenças, Regiões e Gerações

Desta forma, em cada capítulo, vamos trazer informações importantes para que você entenda um pouco mais sobre Diversidade, Equidade e Inclusão.

01 Conceito

O que significa Diversidade, Equidade e Inclusão?

Diversidade: é o conjunto de características biológicas, culturais, sociais, econômicas, entre outras, que faz com que cada indivíduo seja único. Quando nos referimos a todas as pessoas, estamos falando de diversidade.

Inclusão: é o ato ou processo de assegurar que todas as pessoas, independentemente de suas diferenças individuais, características ou origens, sejam valorizadas, respeitadas e tenham acesso igualitário a oportunidades, recursos e participação na sociedade.

Equidade: é reconhecer que não somos todos iguais, que possuímos características e jornadas diferentes. A partir disso, precisamos adotar ações e políticas que promovam um tratamento justo e equitativo, visando equalizar oportunidades.

De maneira descomplicada, se pensarmos em um caminho a ser trilhado, o reconhecimento da Diversidade seria o ponto de partida, e a Inclusão, o ponto em que queremos chegar. O percurso, tão importante quanto nossos pontos de partida e de chegada, seria a promoção da Equidade. (fonte B3)

Tire as pedras do caminho

Conheça três conceitos que ajudam a entender o que pode atrapalhar algumas pessoas de se aproximar, serem incluídas e poderem desenvolver plenamente seu potencial.

Estereótipo, preconceito e discriminação

Estereótipo é pensamento, uma forma de agruparmos pessoas e coisas com atributos positivos ou negativos que facilitam nosso entendimento. Eles criam atalhos, mas podem conduzir a erros. Generalizações prejudicam nosso entendimento, nossa análise, aprisionam pessoas em lugares.

“Mulheres são fracas”. Toda mulher é fraca? Nenhuma mulher é forte? Nenhum homem é frágil? Todos os homens são fortes? Se uma atividade exige força, o estereótipo de que mulheres são fracas pode influenciar a escolha por homens quando se está apenas buscando pessoas que sejam fortes, sejam elas homens ou mulheres.

Preconceito é atitude, predisposição para agir com base nos estereótipos sobre coisas, pessoas, situações.

“Surdos não escutam, portanto não se comunicam.” Se aparecer uma pessoa surda para trabalhar na área de comunicação ela será ao menos entrevistada? Haverá disposição para aprender como entrevistá-la?

Discriminação é prática, uma ação, um tratamento que ofende, exclui, humilha e, portanto, é uma forma de violência. A discriminação é alimentada por estereótipo negativos e preconceitos. Podemos falar em erradicar práticas de discriminação na empresa, por isso é importante enfrentar os preconceitos, falar sobre eles, ouvir as pessoas de determinados grupos para ampliar as chances deles não produzirem discriminação.

“Não contratamos negros líderes porque não têm formação mínima.”

O preconceito dos outros pode servir de desculpa, mas a prática de não contratar profissionais negros em determinadas atividades é discriminação. Ela gera vantagens para uns e prejuízos para a pessoa do grupo alvo da prática de discriminação.

Vamos falar um pouquinho mais?

Marcadores sociais

Nascemos em um país onde há várias culturas, diversos credos e maneiras diferentes de agir, pensar e até de cozinhar! O problema está na forma como essas diferenças são encaradas através de uma única lente, sob o olhar e as vivências de cada pessoa.

Os marcadores sociais são definidos por diversas características que compõem cada indivíduo: gênero, etnia, orientação sexual, religião, origem social, escolaridade, local de moradia, entre outros. Quando esses marcadores são tratados sem atenção, tendemos a naturalizá-los, e é aí que os preconceitos se fortalecem. Isso dificulta um olhar mais amplo sobre as diferentes pessoas e suas diferentes realidades, da maneira como elas necessitam ser vistas.

Então, os marcadores sociais evidenciam as desigualdades, uma vez que aqueles marcados por algum deles (por exemplo, nordestinos, pessoas negras ou pessoas com deficiência) tendem a enfrentar situações de desigualdade e preconceito. O preconceito os coloca dentro de uma ‘categoria’ e os deixa lá...

Grupos minorizados

Nos últimos anos, muito provavelmente, você tem ouvido falar na expressão “minoria” ou “as minorias”, certo? Aqui, você vai entender um pouquinho sobre esse termo...

É muito comum ouvirmos falar em minorias sociais, mas este termo sugere a ideia de que as pessoas pertencentes a esses grupos são, em termos quantitativos, menores do que os demais. E não é assim: parte dos chamados pertencentes a “minorias sociais”, como mulheres, são a maior parte da sociedade brasileira. Por isso, é fundamental entender o que são grupo minorizados e adotar esta expressão em vez de “minorias sociais”.

Assim, quando falamos dessa parte da população, os minorizados, estamos nos referindo a pessoas que sofrem algum grau de preconceito, desigualdade e baixa representatividade: pessoas pretas e pardas, indígenas, homossexuais, mulheres, pessoas com deficiência, idosos etc.

Interseccionalidade

Uma palavra um tanto complicada. Está super conectada aos marcadores sociais que você acabou de conhecer. Ela nos permite compreender melhor as desigualdades e os preconceitos.

A interseccionalidade mostra que existem vários tipos de preconceito e, às vezes, eles se manifestam misturados. Confuso? Vamos explicar: lá nos marcadores sociais, falamos de religião, local de moradia, etnia, sexualidade, identidade de gênero... A interseccionalidade tem a ver quando uma pessoa possui vários desses marcadores sociais.

Exemplo fácil: uma mulher lésbica e nordestina passando por um caso de racismo em determinado lugar. Perceba que ela tem várias “marcas”. Ela é mulher, é homossexual e é nordestina. Isso é interseccionalidade! Outro exemplo: um rapaz da favela, preto, está passando pelo processo de transição de gênero. Olha só: morador de periferia, preto e pessoa trans.

A interseccionalidade, com todas essas classificações que uma pessoa acaba recebendo, impacta na sua relação com a sociedade e seu acesso aos direitos básicos.

02 Pessoas com deficiência

Pessoa com Deficiência é aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, no qual em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, de acordo com a Lei Brasileira de Inclusão, nº 13.146/2015.

Censo:

A população com deficiência no Brasil foi estimada em 18,6 milhões de pessoas de 2 anos ou mais, o que representa 8,9% da população dessa faixa etária.

Paradigma do processo de Inclusão:

Exclusão: separação do grupo de pessoas com deficiência de outro grupo de pessoas, consideradas normais ou de um universo principal.

Segregação: a segregação mostra o distanciamento dos dois grupos, mesmo quando compartilham o mesmo espaço.

Integração: a integração é entendida como a adaptação feita, no universo principal, para acomodar o grupo, mas que ainda vive segregado dentro dele.

Inclusão: a meta de vida é alcançar a igualdade de condições, sem barreiras, compartilhando o mesmo espaço.

Tipos de Deficiência:

Deficiência Física

Consiste na alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções.

Deficiência Auditiva

É a limitação de longo prazo da audição, unilateral total ou bilateral parcial ou total, em interação com uma ou mais barreiras, obstrui a participação plena e efetiva da pessoa na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas.

Deficiência Visual

Caracterizada pela perda parcial ou total da função visual de um ou dos dois olhos, abrangendo um espectro que vai desde visão subnormal, baixa visão, até a cegueira.

Deficiência Intelectual

Refere-se a padrões intelectuais reduzidos, significativamente inferiores à média, geralmente com manifestação antes dos 18 anos, e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como comunicação, cuidados pessoais, habilidades sociais, habilidades acadêmicas, segurança e autonomia. Podem apresentar comprometimentos de nível leve, moderado, severo ou profundo, de acordo com o grau de limitações.

Deficiência Mental/Psicossocial

As deficiências psicossociais são as sequelas de transtornos mentais. Diferente de transtorno mental, as deficiências psicossociais são quando quadros psiquiátricos já estabilizados, acarretam limitações e prejuízos das funções mentais do indivíduo de forma permanente.

Transtorno do Espetro Autista (TEA)

É a síndrome clínica caracterizada pela deficiência persistente e significativa da comunicação verbal e nãoverbal (olhar nos olhos, expressões faciais e gestos) e da interação social, por padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, excessiva aderência a rotinas e a padrões de comportamento ritualizados, além de interesses restritos e fixos. Denomina-se transtorno do “espectro” autista porque cada indivíduo apresenta sintomas que diferem em intensidade, variando de leve a bastante grave.

Deficiência Múltipla

É a associação de duas ou mais deficiências na mesma pessoa.

Surdocegueira

Deficiência única caracterizada pelo comprometimento simultâneo da visão e da audição em graus de perda diferentes.

Reabilitado

Pessoa que passou por processo de reabilitação junto ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e recebeu um Certificado de Reabilitação Profissional. São equiparados a pessoas com deficiência para o preenchimento de vagas no sistema de cotas das empresas.

Lembre-se, a inclusão se faz com a pessoa!

No dia 30 de março de 2007, o Brasil assinou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, resultado da mobilização organizada do movimento social das pessoas com deficiência.

A Convenção modificou o conceito da deficiência e pavimentou uma via de mão dupla em que, de um lado, as pessoas com deficiência passaram a ser sujeitos de direitos e, de outro, a sociedade passa a ser responsável pela eliminação das barreiras que impedem a participação equitativa das pessoas com deficiência em todos os setores sociais.

O slogan “nothing about us without us” (NADA SOBRE NÓS, SEM NÓS”), entoado em todos os idiomas na ONU, evidenciou o protagonismo das pessoas com deficiência durante todo o processo da Convenção, o que abriu um caminho sem volta em garantia da participação imprescindível dos cidadãos com deficiência na tomada decisões sobre todos os assuntos de seu interesse.

Acessibilidade

Acessibilidade significa incluir pessoas com deficiência na participação de diferentes atividades como o uso de produtos, serviços e informações. Mas a acessibilidade vai além disso. Além de promover a independência de pessoas com deficiência, a acessibilidade beneficia muita gente.

Tipos de Acessibilidade:

Acessibilidade atitudinal

Esse é o exemplo mais simples de ser colocado em prática, porque depende apenas de nós. Acessibilidade atitudinal diz respeito às ações que tomamos como indivíduos para diminuir as barreiras entre as pessoas com deficiência e sem deficiência. É se colocar minimamente no lugar do outro, pensar e realizar ações que promovam um mundo mais justo e inclusivo para todas as pessoas.

Acessibilidade arquitetônica

Sabe aqueles elevadores do metrô, rampas dos ônibus ou corrimão das escadas? Esses são exemplos de acessibilidade arquitetônica. A acessibilidade arquitetônica está relacionada aos recursos que permitam a locomoção de pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida, em qualquer espaço com autonomia.

Acessibilidade comunicacional

Tornar as comunicações de fácil entendimento para todas as pessoas com deficiência é o objetivo central desse tipo de acessibilidade. Somos seres comunicacionais, seja verbal ou não verbal, de sinais ou expressões. Sem a comunicação não conseguimos nos relacionar enquanto indivíduos e sociedade. Intérpretes de Libras, assistentes virtuais, legendas em vídeos são exemplos de acessibilidade comunicacional.

Acessibilidade instrumental

O objetivo da acessibilidade instrumental é superar barreiras no uso de utensílios e ferramentas necessárias no dia a dia dentro das atividades escolares, profissionais, recreação e lazer. Softwares de leitores de tela, quadros de comunicação aumentativa, engrossadores de pincéis, canetas, lápis, são bons exemplos.

Acessibilidade metodológica

Também conhecida como acessibilidade pedagógica, refere-se à remoção de barreiras nas metodologias de ensino. Um exemplo é quando os professores utilizam recursos de acessibilidade, como textos em braille ou textos ampliados, para alunos com deficiência. Além disso, é amplamente aplicada em ambientes de trabalho, na análise dos postos de trabalho adaptados para profissionais com deficiência.

Acessibilidade programática*

Refere-se às normas, regimentos e leis existentes em relação aos direitos das pessoas com deficiência. Temos como exemplo a Lei nº 13.146/2015 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), que visa, segundo a Constituição: “assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania”.

Acessibilidade natural

Se refere à tentativa de extinção de barreiras da própria natureza. Ou seja, a acessibilidade em trilhas e praias, por exemplo. No caso de praias, a acessibilidade se dá por meio do uso da cadeira de rodas anfíbia, que permite aos cadeirantes se locomoverem pela praia e entrarem no mar.

*Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência (8.213/91), A legislação determina que empresas com 100 empregados ou mais reservem vagas para o segmento.

Acessibilidade digital

É a eliminação de barreiras na Web. O conceito pressupõe que os sites e portais sejam projetados de modo que todas as pessoas possam perceber, entender, navegar e interagir de maneira efetiva com as páginas.

Como se referir as pessoas com deficiência?

Muitas vezes, as pessoas não sabem como se referir à condição da deficiência e usam palavras como ‘problema’ ou ‘defeito’, como em ‘Ela tem problema nas pernas’ ou ‘Ele nasceu com um defeito’. Essas expressões podem ser consideradas inadequadas e até mesmo ofensivas.

É importante esclarecer que a palavra ‘deficiência’ pode ser utilizada com tranquilidade. As deficiências são reais e não há nenhuma razão para disfarçá-las.

A condição de deficiência é uma dentre muitas possibilidades do ser humano, como altura, peso, entre outras.

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e, mais recentemente, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI), oficializaram o termo ‘pessoas com deficiência’, mostrando que ter uma deficiência é diferente de ser definido por essa condição. Também as palavras ‘cego’ e ‘surdo’ são aceitáveis

Capacitismo

É qualquer tipo de discriminação, preconceito e tratamento desigual dado a uma pessoa com deficiência. Isso inclui o preconceito baseado na “capacidade”, na discriminação por meio de utilização de rótulos e termos pejorativos, e a crença de que a pessoa com deficiência não consegue realizar tarefas do dia a dia.

Uma postura capacitista compreende a pessoa com deficiência como incapaz e inapta para cuidar da própria vida, trabalhar ou tomar as próprias decisões, enquanto sujeitos autônomos e independentes.

Apesar do avanço na legislação, o capacitismo ainda persiste na sociedade, prejudicando a vivência das pessoas com deficiência.

A Inclusão veio para mudar esta situação, garantindo direitos, dignidade e cidadania para todas as pessoas, com e sem deficiência.

Expressões capacitistas que DEVEM ser substituídas:

• Portador de necessidade especial ou portador de deficiência e substitua por: Pessoa com deficiência;

• Deficiente e substitua por: Pessoa com deficiência;

• Deu mancada e substitua por: Cometeu uma gafe;

• Não temos braço/perna para isso e substitua por: Não temos equipe suficiente para isso;

• Mais perdido que cego em tiroteio, substitua por: perdido, distraído ou com dificuldades de se localizar;

• Fingir demência, substitua por: se fez desentendido;

• Retardado e substitua por: IImaturo, brincalhão, ou com dificuldade de aprendizado;

• Se fez de surdo e substitua por: Ignorou, parece que não quis ouvir;

• João sem braço e substitua por: Não estou querendo fazer; não sei fazer.

Mais expressões e frases que também são consideradas capacitistas:

• “Nossa, você é tão alegre, apesar de tudo”;

• “Nem parece que você tem deficiência”;

• “Você é tão corajoso por viver com uma deficiência”;

• “Pelo menos você tem a capacidade de fazer isso”;

• “Você é tão independente para alguém com uma deficiência”;

• “Eu não consigo imaginar como é viver com uma deficiência”;

• “Você é tão corajoso por tentar fazer algo apesar da sua deficiência”.

Libras é a segunda língua oficial do Brasil.

A Língua Brasileira de Sinais – Libras foi reconhecida como meio legal de comunicação e expressão, oriunda das comunidades de pessoas surdas no Brasil, em 2002, pela Lei nº 10.436.

Por falta de informação, pequenas atitudes e expressões podem passar despercebidas no dia a dia. A seguir, dicas do que fazer e do que não fazer:

• Se você não tem certeza se ela será capaz de realizar alguma tarefa, pergunte a ela. Também não tenha receio em questionar se precisará de alguma adaptação ou acessibilidade;

• Se você não sabe como se dirigir a uma pessoa com deficiência, pergunte a ela! Assim, você garante que está sendo adequado em suas colocações;

• Nem sempre as pessoas com deficiência precisam de ajuda. Por isso, sempre pergunte antes de sair oferecendo o braço a um cego ou empurrando uma cadeira de rodas. Espere que a pessoa responda e, em caso positivo, questione a maneira correta de proceder;

• Não tente vangloriar quem possui deficiência, tornando-o um super-herói ou “exemplo de superação”. Deficiências não precisam ser superadas, mas sim respeitadas. A deficiência é apenas uma característica da pessoa, e ela é apenas alguém que pode ter os seus pontos fortes e fracos;

• Ao conversar com uma pessoa com deficiência intelectual, fale um pouco mais pausadamente para que ela possa compreender o que foi dito, e aguarde ela formular a resposta sem o interrompê-la;

• Ao conversar com uma pessoa com deficiência visual, se identifique. Em reuniões faça sua autodescrição. Se houver outras pessoas, não se esqueça de mencioná-las;

• Intérprete de Libras é o profissional que utilizamos para se comunicar com pessoas com deficiência auditiva e que utiliza Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS;

• O termo “surdo-mudo” é incorreto. O surdo não é, necessariamente, mudo! Em função de não reconhecer sons, ele pode apresentar dificuldades para adquirir a linguagem oral. A maioria dos surdos tem como língua natural a Libras.

03 Raças e Etnia

Não seja preconceituoso. Raça é uma só: a raça humana! […] A raça humana se divide, meu senhor, em etnias: a etnia negra, a etnia branca e a etnia amarela etc.

ZIRALDO ALVES PINTO

O quesito cor ou raça é uma classificação usada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 2020 para a denominação étnica ou racial das pessoas no Brasil. Essa classificação inclui os termos: preta, parda, amarela, indígena e branca. Cada uma dessas categorias é autoatribuída, ou seja, a própria pessoa se autodefine ou se autodeclara como pertencente a algum desses termos.

No Censo 2022, a população brasileira se declarou:

45,3%

10,2%

0,6%

43,5% 0,4%

Indígena
Branca
Amarela Preta

Pretos e Pardos:

Pardo se refere à pessoa que se declara parda e possui miscigenação de raças com predominância de traços negros.

Preto é a pessoa que se declara preta e possui características físicas que indicam ascendência predominantemente africana.

Indígenas:

Os povos indígenas no Brasil são a parcela da população descendente dos povos originários, definidos como aqueles que habitavam o território brasileiro muito antes da chegada dos colonizadores portugueses. Eles mantêm uma relação de continuidade com a terra, a cultura, os costumes e a com organização social e política de seus ancestrais.

Asiáticos / Amarelos:

Pessoas com origem em qualquer um dos grupos raciais asiáticos do Extremo Oriente, do Sudeste Asiático ou do subcontinente Indiano, incluindo, por exemplo, Camboja, China, Índia, Japão, Coréia, Malásia, Paquistão, Filipinas, Tailândia e Vietnã.

Racismo*

Racismo tem a ver com poder. Ele acontece quando um grupo com poder, historicamente branco, no caso do Brasil, discrimina, inferioriza, impede e dificulta que outras pessoas, negras e indígenas, conquistem seus espaços e vivam com dignidade. Para compreender as diferentes expressões do racismo no nosso dia a dia, precisamos entender que ele não é um desvio ético ou psicológico de algumas pessoas ou grupos isolados, mas um reflexo de desigualdades estruturais da nossa sociedade. A seguir, apresentamos algumas

Racismo recreativo:

O termo “racismo recreativo” atua na defesa de que essas brincadeiras não são utilizadas para entreter, mas para diminuir as pessoas. Ou seja, o racismo existe e se manifesta das mais variadas formas, principalmente através da tentativa de “humor”. E é por isso que muitas pessoas dão risadas de piadas racistas. Para alguns, não há preconceito algum nisso, e sim “liberdade de expressão” e “lazer”. Tudo isso ocorre porque o racismo recreativo é tolerado por muitos, que não o reconhecem como racismo em si.

*Racismo x Injúria racial: A injúria racial está prevista no artigo 140, parágrafo 3º, do Código Penal, que estabelece a pena de reclusão de um a três anos e multa, além da pena correspondente à violência, para quem cometê- la. De acordo com o dispositivo, injuriar seria ofender a dignidade ou o decoro utilizando elementos de raça, cor, etnia, religião, origem. Já o crime de racismo, previsto na Lei nº 7.716/1989, implica em conduta discriminatória dirigida a um determinado grupo ou coletividade e, geralmente, refere-se a crimes mais amplos.

Racismo institucional:

O racismo institucional ocorre quando há casos de discriminação racial dentro de instituições, empresas e corporações públicas. Essa forma de discriminação pode se manifestar por meio de normas ou práticas que proíbem o uso de penteados como o black power ou o uso de turbantes, por exemplo. Vale ressaltar também os comportamentos inadequados que definem o racismo institucional, como assédio moral e sexual baseado em preconceito racial. Essas práticas não devem ser toleradas e requerem medidas para promover a igualdade e a justiça.

Racismo estrutural:

O racismo estrutural é um tipo de racismo que está presente na estrutura da sociedade. Ou seja, é uma discriminação social que está enraizada na sociedade. Esse tipo de racismo não vem de atos discriminatórios ou preconceituosos, mas sim de um processo histórico, devido à falta de ações e políticas públicas, sociais e raciais para a inclusão de pessoas negras e indígenas na sociedade. Exemplos de racismo estrutural:

• Nos cursos das melhores universidades, a maioria, e muitas vezes, a totalidade dos estudantes é branca;

• Mulheres negras sofrem mais violência obstétrica;

• Negros são as vítimas em 75% dos casos de morte em ações policiais;

• A chance de um jovem negro ser vítima de homicídio no Brasil é 2,5 vezes maior do que a de um jovem branco.

Colorismo:

O colorismo, ou pigmentocracia, é a discriminação pela cor da pele e é muito comum em países que sofreram a colonização europeia e em nações pós-escravocratas. De forma simplificada, o termo quer dizer que, quanto mais pigmentada uma pessoa, mais exclusão e discriminação essa pessoa irá enfrentar. Colorismo baseia-se unicamente na cor da pele da pessoa. Isso significa que, mesmo que uma pessoa seja reconhecida como negra ou afrodescendente, a tonalidade de sua pele será decisiva para o tratamento que a sociedade dará a ela.

Sejamos ANTIRRACISTAS*

O objetivo do antirracismo é desafiar a ordem vigente que normatiza e perpetua práticas racistas dentro de uma sociedade estruturalmente desigual. Isso implica exigir, de maneira ativa, a transformação de políticas, comportamentos e crenças que fortalecem a discriminação.

*A LEI Nº 12.288/10, institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica.

Expressões racistas que DEVEM ser substituídas:

Expressão Racista

A coisa tá preta

Amanhã é dia de branco

Até tenho amigos que são negros

Cabelo duro/bombril

Cabelo ruim

Cor de pele

Da cor do pecado

Denegrir

Disputa negra

Doméstica

Significado

Relação entre o preto e uma situação negativa.

Refere-se ao dia de trabalho, responsabilidades e compromissos. Uma atividade que não era atribuída às pessoas escravizadas, somente aos brancos.

Frase de defesa quando aponta atitude ou fala racista.

Expressão depreciativa. A associação à marca de palha de aço se deu pelo lançamento do produto com o nome “Krespinhas” sugerindo semelhança ao cabelo crespo.

Outra forma racista de associar o que é ruim ou inferior a características negras. O que é ruim é o racismo.

Termo que designa a cor de lápis bege/ rosado associado à pele branca e desconsidera outros tons

“Elogio” proferido por pessoas brancas, mas que contém origem na violência sexual cometida contra mulheres negras regularmente pelos senhores que encararem como diversão

“Tornar negro”. Sinônimo de difamar ou caluniar.

Expressão usada para desempatar o jogo tem um cunho racista e misógino. Era comum os senhores colocarem como prêmio de jogos uma mulher negra escravizada

Palavra derivada do verbo domesticar, remete a quem foi amansado/ dominado. Atos cometidos às mulheres negras escravizadas que foram torturadas para trabalharem nos casarões

Alternativa

A situação está complicada/difícil

Amanhã é dia de trabalhar

Vamos repensar nosso comportamento?

Cabelos crespos

Cabelo cacheado ou crespo

Tom/cor bege ou rosa claro

Não hiper-sexualizar corpos negros

Difamar/caluniar

Não usar

Funcionária / auxiliar do lar / faxineira

Escravo

Estampa étnica

A palavra sugere que seja uma condição inerente à pessoa, sendo que foi algo imposto ao povo africano que foi sequestrado e torturado pela escravidão

No mundo da moda padrões criados segundo a concepção européia é chamado de estampa. Quando o desenho vem da África, torna-se “étnico”

Feito nas coxas

Índio

Cor de pele

Macumba

Meia tigela

Mercado negro/lista negra/ humor negro

Ovelha negra

Samba do Criolo Doido

No período colonial, as telhas eram moldadas nas coxas dos escravizados. Como o tamanho e formato variava de pessoa para pessoa, a expressão remete a algo mal feito

O termo “índio “possui uma ideia caricata que foi criada de selvageria pelos colonizadores. Também por ignorar a pluralidade dos povos indígenas

Termo que designa a cor de lápis bege/ rosado associado à pele branca e desconsidera outros tons

Na verdade, um instrumento de percussão de origem africana, palavra tem um cunho racista para nomear as oferendas aos orixás nas religiões

Negros que trabalhavam à força nas minas de ouro e não atingiam suas metas, eram punidos com meia porção de comida e ganhavam o apelido de “meia tigela” como alguém sem valor

Expressões que carregam o simbolismo de associar o negro a algo ruim, ilegal ou inferior

Simboliza algo ruim ou ilegal

Foi uma paródia composta em 1968 como ironia à obrigatoriedade imposta às escolas de samba de retratar somente fatos históricos. Um deboche que reforça a discriminação e se refere a coisas sem sentido e textos mirabolantes

Escravizado

Estampa africana

Mal feito

Indígena

Admiro o que você fez e gostaria de fazer igual

Oferenda / no candomblé é chamada ebó e na umbanda de despacho

Medíocre/mal feito  Mercado clandestino/lista proibida/humor ácido

Pessoa ruim

Confusão, trabalhada, bagunça

Moreno/a

Mulato/a

Não sou tuas negas

O termo é uma tentativa de “amenizar” os estigmas negativos em chamar alguém de negro. Mas o movimento negro reforça a importância e a beleza de se reconhecer negro/a e se reconectar com suas origens. Ser negro é belo e bom!

Provém de Mula, produto do cruzamento de cabalo com jumenta. A expressão ainda piora quando se diz “mulata tipo exportação”, reiterando a visão do corpo da mulher negra como mercadoria

Provém da época em que mulheres negras eram consideradas propriedades de seus senhores e usadas para satisfazer seus desejos sexuais

Pode chamar uma pessoa negra de negro/a ou preto/a  Negro/a de pele clara

Não usar essa expressão

Nega maluca

Nega Exótica / traços finos

Nhaca

Pé na cozinha /senzala

Personagem usada como fantasia de carnaval é uma representação estereotipada da mulher negra: descabelada, sem senso crítico e com a sexualidade exposta

Convencionou-se que para uma mulher negra ser considerada bela, deve ter traços finos próximos do padrão europeu. Ser negra é ser linda com todas as características naturais

Inhaca é uma ilha de Moçambique, país africano. O termo reforça preconceitos uma vez que designa algo com cheiro forte

No período colonial, o único local permitido às mulheres negras era a cozinha da casa grande. O termo se refere de forma racista a uma pessoa de origem negra

Não usar essa expressão

Basta chamar só de bonita!  Mau cheiro/ cheiro ruim

Preto/a de alma branca

Programa de Índio

A expressão sugere que “apesar de ser preta” a pessoa carrega características positivas que normalmente seriam associadas aos brancos

Expressão que define um programa ruim, mas carrega de discriminação contra povos indígenas como se fossem menos interessantes ou inferiores

Vamos abdicar dessa expressão?

Simplesmente dispensável

Programa chato/ desinteressante

Serviço de preto

Tribo

Define atividade mal feita e desqualifica o trabalho de pessoas negras

Existe um cunho pejorativo ao se referir a grupos sociais como tribos. Muitas vezes menciona-se “tribos de índios” para mostrar dizimados, primitivos, selvagens ou animais em extinção

Serviço mal feito

Povos, Nação ou artigo antes do nome da Nação

Etnia

O termo ‘etnos’ refere-se a um povo que compartilha os mesmos costumes e tem origem, cultura, língua e religião semelhantes. A designação de etnia não é equivalente à de uma raça. A utilização da palavra raça pela comunidade científica, refere-se aos grupos humanos.

Etnia, é caracterizada por uma uniformidade cultural que abrange tradições, habilidades, conhecimentos, língua e comportamento. Por exemplo, os afrodescendentes que se identificam com os grupos étnicos africanos por atributos físicos que vão além da cor da pele, como formato do nariz, dentes, corpo, tradições e costumes. Portanto, a etnia não é algo herdado geneticamente, mas sim adquirido por meio da cultura e história compartilhada com um grupo específico de pessoas. O termo não deve ser confundido com raça. Podemos categorizar como etnias do mundo os grupos árabes, judeus, hans (originados da China) e guaranis, bem como outras comunidades menores com similaridade cultural com seus vizinhos, como as diversas etnias africanas.

Xenofobia*

É o medo, aversão ou a profunda antipatia em relação aos estrangeiros, manifestando-se pela desconfiança em relação às pessoas que vêm de fora do país com uma cultura, hábito, etnias ou religião diferente. É um tipo de preconceito que se manifesta de diversas formas, mas, diferente do racismo, por exemplo, não se limita apenas ao fator biológico, como a cor da pele, mas também incluí todas as diferenças culturais relacionadas ao povo e à origem.

Diferença entre Imigrantes, Migrantes, Emigrantes, Refugiados e Apátridas

Imigrante

Uma pessoa que entra em um país que não é o seu país natal, com o objetivo de residir lá de forma permanente ou por um período prolongado.

Migrante

Toda a pessoa que se transfere de seu lugar habitual, de sua residência comum, ou de seu local de nascimento, para outro lugar, região ou país. Migrantes podem deslocar-se para melhorar suas condições de vida por meio de melhores empregos ou, em alguns casos, por educação, reuniões familiares, ou outras razões.

Emigrante

Uma pessoa que deixou o seu país de origem para residir noutro país. O termo surge do verbo emigrar, que significa deixar o seu país natal.

Apátridas

São todas as pessoas (incluindo crianças) que não possuem vínculo de nacionalidade com qualquer Estado, seja porque a legislação interna não as reconhece como nacionais, seja porque não há um consenso sobre qual Estado deve reconhecer sua cidadania.

Refugiados

São pessoas que estão fora de seu país de origem devido a fundados temores de perseguição relacionados a questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo social ou opinião política, assim como devido a violação de direitos humanos e conflitos armados.

04 Cultura Inclusiva

Gênero, Identidade de Gênero e Orientação, Crenças, Regiões e Gerações

Por falar em empatia?

Vivemos em uma sociedade diversa, onde cada indivíduo possui suas próprias particularidades, necessidades e papel no mundo. É a partir deste olhar de respeito e empatia com cada indivíduo que a Rede Santa Catarina acolhe e cuida do ser humano em todo ciclo da vida. Assim, ao não compreendermos totalmente as características de alguém, ou não sermos capazes de nos identificarmos com elas com base em nossa própria experiência, não diminui a importância dessas características ou a existência da pessoa. Praticar a empatia envolve ouvir, respeitar e acolher o outro, mesmo que não tenhamos uma compreensão completa de sua perspectiva.

Vamos entender mais sobre LGBTQIAPN+

Conceito básico sobre sexo biológico, gênero e identidades de gênero

Identidades de gênero: o conceito de identidade de gênero está conectado a relação da pessoa com seu próprio corpo. Existem pessoas que nascem biologicamente mulheres, por exemplo, mas não se identificam com esse gênero desde a infância, gerando assim um conflito interno. Identidade de gênero é a percepção que uma pessoa tem de si como sendo do gênero masculino, feminino ou de alguma combinação dos dois, independentemente do sexo biológico. Trata-se da convicção íntima de pessoa, sendo do gênero masculino (homem) ou feminino (mulher). A identidade de gênero não está necessariamente visível para as demais pessoas.

Orientação Sexual: refere-se à atração física, afetiva e sexual de cada pessoa.

Sexo biológico: são as características biológicas identificadas no nascimento, compreende sistema reprodutivo, hormonal e cromossomos. São usadas três classificações para se referir ao sexo biológico: feminino, masculino, ou fêmea e macho; e intersexual – que apresenta características ao nascer que não são exclusivamente masculinas ou femininas.

Expressão de gênero: é como a pessoa manifesta publicamente sua identidade de gênero, por meio do seu nome, vestimenta, corte de cabelo, comportamentos, voz, características corporais e pela forma como interage com as demais pessoas.

A expressão de gênero da pessoa nem sempre corresponde ao seu sexo biológico.

Gênero: construção social atribuída ao sexo de uma pessoa (feminino, masculino e intersexo). Em nossa sociedade, o gênero costuma ser classificado de forma binária, ou seja, apenas duas opções: masculino ou feminino. No entanto, nem todas as pessoas se identificam dentro dessa binariedade, como as pessoas nãobinárias, por exemplo. Surge então a chamada “diversidade de gênero”, que parte da concepção de que não existem apenas de dois gêneros, mas sim uma diversidade de gêneros. Trata-se de uma questão relacionada ao existencialismo, partindo do princípio de que não há uma essência que define o ser humano, mas sim seu modo de existir no mundo.

Tipos de Identidade de gênero:

Cisgênero: a Identificação do gênero de acordo com o determinado em seu nascimento. Dentro de pessoas cisgênero, estão os homens cis e as mulheres cis.

Transgênero: não se identifica com o gênero designado em seu nascimento. Dentro de pessoas trans estão: homens trans, que foram designados como menina ao nascer, mas se identificam como homens; mulheres trans, que foram designadas como meninos ao nascer, mas se identificam como mulheres.

Não-binário: são todos os gêneros que não se enquadram parcialmente ou inteiramente no padrão binário, ou seja, não se encaixam totalmente no masculino, nem no feminino. Incluem-se neste espectro de gênero várias formas: neutro, ambíguo, múltiplo, parcial, gênero fluido, ageneridade e outrogeneridade.

Agênero: indivíduo que tem a identidade de gênero neutra. Não se identifica ou não se sente pertencente aos gêneros masculino ou feminino.

Orientação Afetivo-Sexual

Diz respeito à atração afetiva e sexual que os indivíduos sentem uns pelos outros.

Heterossexual: pessoa que sente atração afetiva, sexual e emocional por pessoas do gênero oposto;

Homossexual: pessoa que sente atração afetiva, sexual e emocional por pessoas do mesmo gênero;

Bissexual: pessoa que sente atração afetiva, sexual e emocional por ambos, vários ou todos os gêneros;

Pansexual: pessoa que sentem atração afetiva, sexual e emocional por pessoas, independentemente da identidade de gênero e/ou orientação afetivo-sexual;

Assexual: pessoas que sentem pouca ou nenhuma atração sexual por outras pessoas.

Entendendo cada letra da sigla LGBTQIAPN+

L

Lésbica – pessoas que se identificam como mulheres e sentem atração afetiva, sexual e emocional por outras pessoas que também se identificam como mulheres. É uma orientação afetivo-sexual.

G

Gay – pessoas que se identificam como homens e sentem atração afetiva, sexual e emocional por outras que também se identificam como homens. É uma orientação afetivo-sexual.

Bissexual - pessoas que sentem atração afetiva, sexual e emocional tanto por pessoas do mesmo gênero quanto por pessoas do gênero oposto. É uma orientação afetivo-sexual.

Travesti/ Transgênero/Transexual – pessoas que se identificam com o gênero diferente daquele que lhe foi atribuído no nascimento. É uma identidade de gênero.

Queer – engloba todas as pessoas que não se identificam nas outras letras da sigla e em nenhum rótulo.

Intersexual – pessoas fisiológicas/sexuais femininas e masculinas; substitui a palavra “hermafrodita”. É um sexo biológico.

AAssexual e/ou agênero – assexual são pessoas que sentem pouca ou nenhuma atração sexual. É uma orientação afetivo-sexual. Agênero são pessoas com identidade de gênero neutras. É uma identidade de gênero.

Pansexual – pessoas cuja atração afetiva, sexual ou emocional independe do gênero. É uma orientação afetivo-sexual.

Não-binárias – pessoas que não se identificam com no padrão binário de gênero. É uma identidade de gênero.

Engloba todas as possibilidades que não estão visibilizadas na sigla.

Expressões e termos discriminatórios que DEVEM ser excluídos:

• GLS: é excludente e não identifica todas as pessoas da sigla. O correto é dizer a sigla completa: LGBTQIAPN+;

• HOMOSSEXUALISMO: termo incorreto e preconceituoso devido ao sufixo “ismo”, que denota doença e anormalidade. O termo correto é HOMOSSEXUALIDADE;

• OPÇÃO SEXUAL: o termo correto é “Orientação Sexual” já que ninguém “opta” ou “escolhe”, conscientemente, sua orientação sexual. Assim como a pessoa heterossexual não escolheu essa forma de desejo, a pessoa homossexual também não;

• “NÃO TENHO NADA CONTRA GAYS, ATÉ TENHO AMIGOS QUE SÃO”: o fato de uma pessoa não usar ofensas, mas ter amigos que são LGBTQIAPN+, não faz dela menos homofóbica;

• “VIRA HOMEM”: o gay não deixa de ser homem porque é gay. Orientação sexual é diferente de identidade de gênero;

• “VOCÊ NÃO PARECE GAY/ VOCE NÃO PARECE LÉSBICA”: não existe um padrão, existem apenas pessoas;

• “AGORA TODO MUNDO É GAY!”: não, pessoas LGBTQIAPN+ sempre existiram, mas a não aceitação entre as famílias e o preconceito da sociedade fizeram com que suas existências fossem invisibilizadas. (Fonte GUIA ANS)

Outros termos que são utilizados no dia a dia que é preciso entender o seu significado*:

Homofobia: é o termo utilizado para se referir à prática preconceituosa. Apesar de muito utilizado, ele não é tão abrangente, pois se refere ao preconceito praticado apenas contra homens gays e mulheres lésbicas.

Transfobia: preconceito e discriminação contra pessoas trans.

Nome social: nome escolhido por pessoas trans e travestis de acordo com o gênero com o qual se identificam, independentemente do nome original de seu registro de nascimento.

Gênero

Sobre as pautas de gênero, abordaremos três aspectos essenciais: o direito das mulheres, sua presença no mercado de trabalho e a equidade de gênero. Esses temas são vitais para garantir um ambiente profissional onde todas as pessoas, independentemente do gênero, tenham oportunidades iguais e se sintam valorizadas e respeitadas

Direito das Mulheres

No Brasil, a nossa Constituição Federal garante a igualdade entre homens e mulheres. Ou seja, o direito das mulheres refere-se aos direitos humanos fundamentais que garantem igualdade e dignidade para todas as mulheres. Isso inclui o direito à educação, saúde, participação política, liberdade de escolha e segurança contra violência e discriminação.

Nas últimas décadas, têm sido significativas as mudanças nos papéis e representações sociais de homens e mulheres. Essas mudanças promoveram alterações nos padrões de gênero, nos relacionamentos afetivos e sexuais, no casamento, na família, no trabalho e na vida social em geral. Apesar dessas mudanças, ainda podemos observar que muitas diferenças permanecem. Portanto, é fundamental promover a equidade de gênero e garantir igualdade nas relações entre homens e mulheres.

*A Lei 7.716, de 5 de janeiro de 1989, foi alterada para incluir na referida legislação os crimes de discriminação ou preconceito de orientação sexual e/ou identidade de gênero, bem como na implicação de conduta discriminatória dirigida a um determinado grupo ou coletividade. Em junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal determinou que a homofobia e a transfobia são consideradas crime equivalente ao racismo.

Mulheres no trabalho*

As mulheres têm enfrentado desafios relacionados à igualdade formal e material ao longo de suas vidas profissionais. Apesar dos debates difundidos sobre igualdade de gênero, feminismo e combate ao machismo, ainda persistem injustiças e preconceitos nas relações e práticas sociais.

Exemplo disso são as horas dedicadas às tarefas domésticas e no cuidado de pessoas. Foi comprovado que mulheres dedicam mais tempo a essas atividades, mesmo quando em situações ocupacionais semelhantes às dos homens.

Por exemplo, enquanto mulheres não ocupadas no mercado de trabalho dedicam 23,8 horas semanais a essas atividades, os homens na mesma situação dispendem 12 horas. Mesmo entre ocupados/as, a diferença também é grande: mulheres dedicam 18,5 horas semanais; enquanto homens dedicam 10,3 horas.

Diferença nas horas dedicadas às tarefas domésticas (em média)

(Fonte: psai_guia diversidade)

Podemos ver que, ao associar as práticas de cuidado às mulheres e a de produção aos homens, a construção social do gênero cria também uma hierarquia entre essas atividades, colocando os trabalhos domésticos e de cuidado em uma posição mais desvalorizada em relação às práticas de produção de bens e insumos.

Equidade de Gênero

A equidade reconhece que não somos iguais e que é necessário criar oportunidades para que todos possam estar em pé de igualdade. Na equidade de gênero, é fundamental corrigir os desequilíbrios que geram as desigualdades entre homens e mulheres, estendendo-se a qualquer identidade de gênero, levando em consideração as diferentes e necessidades, procurando compensar as desvantagens sociais e históricas.

A falta de equidade na jornada profissional das mulheres fica evidente quando observamos que, apesar das semelhanças ao ingressarem na vida profissional, têm menos chances de alcançar posições de liderança. De acordo com o relatório Women in the Workplace 2023 da consultoria McKinsey, isso se deve aos diversos desafios enfrentados pelas mulheres, incluindo microagressões, vieses inconscientes e diminuição da autoridade. O mesmo estudo revelou que mulheres enfrentam uma carga de trabalho maior e recebem menos reconhecimento.

Violência de Gênero*

A violência de gênero inclui agressões físicas, psicológicas, sexuais e simbólicas contra alguém devido à sua identidade de gênero ou orientação sexual. Historicamente, as mulheres têm sido as mais afetadas por essa forma de violência, atingindo também crianças e adolescentes.

Principais formas de violência de gênero:

Violência Física:

Compreende agressões como tapas, socos, empurrões, arremesso de objetos que possam prejudicar a integridade física e a saúde da mulher. Em casos de morte por ser mulher, usa-se o termo “feminicídio”.

Violência Sexual:

Envolve constranger a mulher a presenciar, manter ou participar de relações sexuais não desejadas. Exemplos incluem o uso de anticoncepcionais sem consentimento e assédio sexual por meio de ameaças ou intimidação.

Violência Virtual:

Ocorre em ambientes online para importunar, intimidar, perseguir, ofender ou chantagear alguém. Exemplos incluem pornografia de vingança e perseguição online (stalking), invadindo a privacidade da mulher nas redes sociais.

Violência Simbólica:

Refere-se a uma violência “invisível” presente em comportamentos e pensamentos que perpetuam valores culturais discriminatórios. Exemplos são expressões como “toda mulher dirige mal” ou “foi estuprada por causa da roupa curta”.

Expressões e termos discriminatórios que DEVEM ser excluídos:

“Legal que você conseguiu se estabelecer nesse cargo mesmo sendo mulher”

Mulheres não são menos capazes do que os homens em cargos ou funções tradicionalmente masculinos, assim como os homens não são menos homens se exercem funções tradicionalmente femininas.

“Ela não será respeitada e não conseguirá liderar essa equipe de homens.”

Ideia de que mulheres em cargos de alta gestão não têm o perfil ou habilidades necessárias para se fazer respeitar e liderar equipes, especialmente quando são compostas, em sua maioria, por homens.

“Ela deve estar saindo com o chefe.”

Menospreza o mérito e a conquista da mulher ao atribuir sua ascensão profissional às suas relações de parentesco, amizade e afetivo-sexuais com homens.

“Seu marido não liga de você trabalhar fora?”

O respeito à individualidade das pessoas deve existir independente do gênero, e cada um deve poder tomar suas decisões sem ter que se preocupar com as preferências que o cônjuge tem sobre a vida profissional do parceiro.

“Ela foi muito macho!”

É comum ouvir que bons desempenhos femininos são comparados aos desempenhos masculinos, pois muitas pessoas consideram mais provável que um homem tenha bons resultados em determinado trabalho.

“Ela deve estar de TPM.”

Quando as mulheres se comunicam de maneira assertiva, às vezes são rotuladas como estando de TPM ou sendo emocionalmente instáveis.

“Tinha que ser mulher” (quando há algo de errado)

Claramente, a sociedade entende que as mulheres são menos capacitadas e mais passíveis ao erro do que os homens. Vivemos em uma sociedade patriarcal influenciada por comportamentos machistas, onde o gênero masculino ainda oprime o feminino. Por isso, qualquer comentário, como as expressões citadas ou ação que diminua ou estereotipe uma mulher, é considerado machistas e discriminatório. É importante estar atento(a), pois essas situações não devem ser tratadas como brincadeiras e podem configurar assédio sexual ou moral.

Outros termos que são utilizados no dia a dia que é preciso entender o seu significado*:

Feminismo:

Movimento social que luta contra a violência de gênero e a opressão das mulheres, buscando igualdade de direitos, oportunidades e condições na sociedade.

Machismo:

Preconceito expresso por opiniões e atitudes contrárias à igualdade de direitos entre os gêneros, favorecendo o gênero masculino.

Mansplaining:

Atitude de um homem ao tentar explicar algo a uma mulher sobre o qual ela já demonstrou conhecimento, desmerecendo seu saber e buscando diminuir sua confiança, desrespeitando o lugar de fala das mulheres.

Manterrupting:

Atitude de um homem que interrompe uma mulher enquanto ela está falando, assumindo o discurso por achar que sabe mais do que ela.

Misoginia:

Repulsa, desprezo ou ódio contra as mulheres, associado à crença na superioridade do gênero masculino, o que contribui para a violência praticada contra as mulheres.

Geração

As gerações são grupos de pessoas nascidas na mesma época e influenciadas por um contexto histórico específico. Cada geração possui suas próprias características, experiências e perspectivas únicas, que impactam a sociedade e a evolução em diversos aspectos. O conjunto de pessoas de diferentes faixas etárias, com expectativas, características e bagagens próprias dá-se o nome de “Diversidade Geracional”. Este conceito propõe construir um equilíbrio entre as diferentes gerações e estimular a colaboração entre elas, a partir de suas diferentes habilidades e vivências.

De qual geração eu sou?

Baby Boomers - nascidos entre 1940 e 1960

O que viram?

Guerra do Vietnã, explosão do Rock and Roll, surgimento da TV em cores.

Como aprendem?

Dão importância a treinamentos, preferem ler e seguir programas de ensino tradicionais. Têm contato tardio com internet e geralmente estabelecem relação de descoberta com as novas tecnologias.

Geração X - nascidos entre 1961 e 1980

O que viram?

Golpe militar de 1964, Neil Armstrong pisar na Lua, surgimento do computador pessoal, internet, celular e e-mail.

Como aprendem?

Valorizam a aprendizagem colaborativa por meio do compartilhamento de conteúdo e do envolvimento das pessoas por meio de comentários. Adaptamse rapidamente às tecnologias, mas prezam por consumir informações de forma híbrida (online e presencial).

Geração Y/Millennials - nascidos entre 1981 e 1995

O que viram?

Maior desastre atômico do mundo, Chernobyl; queda do muro de Berlim, primeiro celular com flip e popularização da internet.

Como aprendem?

Gostam de aprender informalmente, estão acostumados com o grande fluxo de informações e as consomem com facilidade e rapidez.

Geração Z/Centennials - nascidos entre 1996 e 2020

O que viram?

Atentado terrorista ao Word Trade Center (EUA), internet tornar-se mobile; o disquete ser substituído por CD, que foi substituído pelo blue-ray, que foi substituído pelo pen-drive que foi substituído pela tecnologia em nuvem.

Como aprendem?

Aprendem de múltiplas maneiras, são multifocais. São “nativas digitais”, não precisaram se adaptar às tecnologias, nasceram diante delas. Têm preferência por conteúdos em vídeo (curtos), fotos e jogos.

Geração Alfa - nascidos depois de 2010

Essa geração está em desenvolvimento. O que já se observa nas crianças dessa geração é a espontaneidade, autonomia e grande poder de adaptação. Interagem com a tecnologia desde o nascimento, são movidas pelos estímulos sensoriais, sobretudo visuais, graças às mídias digitais repletas de imagens, como Instagram e Snapchat.

Etarismo*

Esse conceito também é conhecido por idadismo, idosismo, ageísmo, ou ainda preconceito geracional. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define etarismo como “estereótipo, preconceito e discriminação” com base na idade. Pode afetar pessoas de diferentes gerações, ou seja, crianças, adolescentes e idosos. No entanto, são os idosos o grupo que mais sofrem com esse tipo de preconceito. É importante reconhecer que cada faixa etária contribui de maneira valiosa para a sociedade. Combater o etarismo significa valorizar e respeitar indivíduos de todas as idades, promovendo um ambiente inclusivo e colaborativo onde todos possam prosperar independentemente da sua idade.

Expressões e termos discriminatórios que DEVEM ser excluídos:

“Nossa, você está muito bem, não aparenta a sua idade!”

O sentido velado desta frase é: essa pessoa, por causa da sua idade, deveria estar com aparência de mais velha ou desleixada.

“Você está muito bonito(a) ou ela (ele) é muito bonita(o) para sua idade.”

Parece um elogio, mas na verdade, isso sugere que a beleza só existe na juventude e não em todas as etapas da vida.

“Você não tem mais idade para usar isso!”

Homens e mulheres de qualquer idade têm direito de se vestir ou de fazer o que tiverem vontade, e ninguém tem nada com isso.

“Ele(a) não entende dessas coisas, pois já está velho(a).”

Não há idade para os adultos entenderem de algum assunto e nenhum tema pode ser considerado como exclusivo de pessoas jovens.

*Lei nº 10.741/2003 – institui o Estatuto da Pessoa Idosa assegura direitos às pessoas com 60 anos ou mais. Garante o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

“Tá esquecido (a) por causa da idade.”

Esquecer faz parte da vida. Ninguém se preocupa quando um jovem não se lembra onde colou algo ou esquece o nome de alguém.

Outros termos que são utilizados no dia a dia que é preciso entender o seu significado:

Terceira idade ou melhor idade: a expressão surgiu na década de 60 como uma maneira de transformar a imagem da velhice, que era muito associada à ‘fase de se aposentar’. No entanto, essa classificação não reflete mais a realidade da jornada de vida das pessoas, pois existem indivíduos de 60 anos voltando a estudar, trabalhando com alta produtividade ou empreendendo.

Diversidade Religiosa

A diversidade de religiões e crenças ao redor do mundo reflete a liberdade religiosa, a busca e o respeito por todas as manifestações religiosas e espirituais. No Brasil, essa diversidade é expressa pelo cristianismo (catolicismo e protestantismo), espiritismo, judaísmo, islamismo, budismo, hinduísmo, xintoísmo, candomblé, umbanda e tradições indígenas. A Constituição Federal, no artigo 5º, VI, declara ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias. Vivenciar a diversidade religiosa é experimentar uma cultura de inclusão, integração, conhecimento, entendimento e respeito; de acolhimento e cuidado*.

Abuso espiritual

É a violação da liberdade interior de uma pessoa. Ao violar a liberdade interior, também se viola a relação dessa pessoa com o transcendente e seu crescimento na fé professada. O abuso espiritual viola a “instância mais secreta, o sacrário do homem, onde ele se encontra a sós com Deus e onde pode ouvir a voz de Deus ressoar na intimidade” (Gaudium et Spes, n. 16, Concílio Vaticano II, 1966).

O abuso espiritual não deve ser considerado como algo menos grave do que o abuso sexual. Ambos são sérios, e o abuso espiritual, em muitos aspectos, pode ser ainda mais prejudicial. Por quê?

Primeiramente, o abuso espiritual e o abuso sexual estão frequentemente interligados; na verdade, muitos casos de abuso sexual em contextos religiosos são precedidos por abuso espiritual. Em segundo lugar, o próprio abuso espiritual causa um trauma tão significativo e duradouro quanto o abuso sexual. Ele atinge o âmago da busca humana pela transcendência e pela relação espiritual. Além disso, viola um dos princípios mais fundamentais da fé: a liberdade espiritual.

Acontece quando se usa:

• A liderança religiosa que se tem; para persuadir, manipular e repreender uma pessoa a partir de sua interioridade.

• Pretendendo e/ou impondo, implicitamente, a participação a eventos e celebrações religiosos.

Quem age assim não se coloca como facilitador entre uma pessoa e o que a transcende, mas como intérprete ou até mesmo como o próprio transcendente. Consequentemente, fere a relação da pessoa com o transcendente e, em casos extremos, condena uma pessoa a uma vida incapaz de cultivar a própria espiritualidade.

Para a Rede Santa Catarina, é essencial promover um ambiente de trabalho que seja verdadeiramente inclusivo, respeitando as crenças e valores de todos os colaboradores e vice-versa. Por isso, este Guia traz a compreensão e a conscientização sobre o abuso espiritual e estimula uma cultura de comunicação aberta e respeitosa.

Intolerância religiosa

A intolerância religiosa é a prática criminosa de deslegitimar, desqualificar, perseguir e excluir religiões e crenças dos outros. No Brasil, as religiões de matriz africana foram historicamente perseguidas e marginalizadas. Os dados do Disque 100 mostram que em 2019, 60% das denúncias de intolerância religiosa foram contra essas religiões, representando uma denúncia a cada 15 horas em média. Esse tipo de violação aos direitos de liberdade religiosa ainda persiste no Brasil.

Muitos atos intolerantes são cometidos por membros de maiorias religiosas e fanáticos religiosos, e não se limitam a agressões físicas ou verbais, mas incluem profanação de símbolos religiosos, destruição de locais de culto e restrição ao acesso público por motivos religiosos.

O Estado laico, estabelecido no Brasil desde a Constituição de 1891, garante a separação entre governo e religião, assegurando a liberdade de crença para todos, inclusive o direito de não ter religião. O Estado laico busca a neutralidade e imparcialidade em questões religiosas, impedindo que grupos imponham valores religiosos à sociedade como um todo.

Expressões e termos discriminatórios que DEVEM ser excluídos:

“Agora sim, aceitei Jesus”.

Evite esta frase para não sugerir que apenas o cristianismo é o caminho da salvação excluindo outras crenças.

“Crente da bunda quente”.

No contexto religioso, Crente é todo aquele que crê em Deus e manifesta a sua crença religiosa. Não utilize esse termo pejorativo que estigmatiza todas as pessoas religiosas de forma negativa.

“Essa pessoa tá com o Exu no corpo!”.

Evite associar Exu a algo demoníaco ou maligno, pois é um desrespeito às crenças de matriz africana.

“Se macumba funcionasse, campeonato brasileiro de futebol sempre daria Bahia ou Vitória”.

Não perpetue estereótipos racistas e xenófobos sobre as religiões de matriz africana e suas comunidades.

“Tão rico, deve ser judeu” ou “Judeu é tudo pão-duro”.

Não generalize ou reforce estereótipos negativos sobre os judeus relacionados a dinheiro e finanças.

“Tem macumba hoje!”.

Evite usar “macumba” de maneira pejorativa e sem conhecimento, pois se refere a um instrumento musical africano e não a uma prática religiosa.

“Você não acredita em Deus?”

Não pressuponha a crença das pessoas com base em sua religião ou ausência dela, pois cada um tem suas próprias convicções e caminhos espirituais.

Para conhecer mais

As religiões do mundo, Claudio Blanc. Livro de ouro das religiões, John Bowker.
O livro das religiões, de vários autores, Globo Livros. “O livro das religiões”, Jostein Gaarder, Victor Hellern, Henry Notaker.

Tem lugar aí pra mim? Um livro sobre direitos humanos e respeito à diversidade, Fátima Mesquita.

A liberdade religiosa para o bem de todos, Comissão Teológica Internacional, Paulinas, 2019.

Pressão Estética

“Espiritualidade do diálogo inter-religioso”, Elias Wolff, Paulinas, 2016

Corpos e os perigos da idealização estética

Assim como as pessoas são diversas, os corpos também são diversos e todos têm consciência de seus corpos, especialmente quando não se encaixam no padrão dominante. Cada pessoa é única em seus genótipos e fenótipos.

O padrão imposto sobre os corpos e suas características únicas pode operar de forma violenta, limitando o direito de expressão de cada indivíduo. Mulheres e homens, frequentemente, enfrentam pressões para se vestirem e se comportarem de maneira contrária ao seu verdadeiro estilo, apenas para se adequarem às expectativas sociais. Além disso, como a discriminação não afeta somente pessoas gordas, mas também pode afetar aquelas com dificuldades de ganhar peso, que se sentem fora do ‘padrão’ estabelecido pela sociedade.

No nosso dia a dia, precisamos evitar falas e atitudes preconceituosas com relação às diferenças sobre nossos corpos. A recomendação é não falar coisas como:

• “bonito(a) de rosto”

• “bonita por dentro”

• “você não é gordo, é fofinho”

• “olho gordo”

• “tampinha”

• “gigante”

• “gordice”

• “só tem beleza”

Gordofobia é crime: O art. 1º - A gordofobia é definida como a discriminação direta ou indireta contra uma pessoa em razão de seu peso. O Art. 2º - Qualquer ato de gordofobia é considerado crime, passível de pena de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. esse tipo de descriminação deixa danos permanentes na pessoa atingida, podendo levar a problemas sérios de autoestima, transtornos de imagem corporal e alimentares, depressão, ansiedade e até suicídio. A beleza tem várias formas e cada pessoa tem a sua.

Referências:

• https://pebmed.com.br/

• https://grupodignidade.org.br/

• https://www.unicef.org/

• https://www.politize.com.br/

• https://www.gov.br/ans/pt-br/assuntos/noticias/sobre-ans/ans-lanca-publicacao-sobre-diversidade-e-inclusao/copy_of_ GuiaANSdediversidadeeincluso.pdf

• https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/642501/Manual_quesito_cor_raca_etnia_ SF.pdf?sequence=1&isAllowed=y#:~:text=Page%206-,O%20que%20%C3%A9%20o%20Quesito%20 Cor%2Fra%C3%A7a%3F,%2C%20amarela%2C%20ind%C3%ADgena%20ou%20branca

• https://www.acnur.org/

• https://www.tjdft.jus.br/acessibilidade/publicacoes/sementes-da-equidade/que-categorias-o-censo-ibge-utilizapara-raca-e-cor#:~:text=Pardo%20se%20refere%20a%20quem,que%20indicam%20ascend%C3%AAncia%20 predominantemente%20africana

• https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/554329/estatuto_da_pessoa_com_deficiencia_3ed.pdf

• Guia de Diversidade B3

• Orientação para caracterização das deficiências, 2021

Revisão: Gerppass Consultoria (Consultoras Eliane Ranieri, Andréa Regina e Silvia Tyrola)

Demonstrando o comprometimento da Rede Santa Catarina em promover a transparência, integridade e responsabilidade em todas as nossas operações, a Superintendente da Rede Santa Catarina te convida a conhecer a revisão do código de conduta ética, adequado as exigências da Lei nº 12. 846 (Lei Anticorrupção) e as melhores práticas do mercado.

A nova versão do Código de Conduta Ética está disponível nos canais: https://redesantacatarina.org.br/SitePages/conheca-a-rede/etica-e-integridade.aspx

O Canal de Denúncias é o caminho oficial para tratar qualquer situação que infrinja nossas políticas e normas. Todas as denúncias registradas são apuradas e, se comprovada a infração, o denunciado sofrerá medidas disciplinares proporcionais ao ato praticado.

Nosso canal é independente, seguro, sigiloso e confidencial. E pode ser utilizado para denunciar qualquer pessoa, independentemente de cargo ou função. Garantimos a proteção dos envolvidos e não toleramos qualquer retaliação ao autor da denúncia.

De segunda a sexta-feira, das 9h às 21h

Telefone: 0800 377 8043

24h por dia

Web: www.canaldedenuncias.com.br/redesc E-mail: redesc@canaldedenuncias.com.br

Participaram da construção deste Guia:

Barbara Cristina C. da Rocha

Camila Ferreira do Nascimento

Greice Vanessa Franca Hoffmann

Klésio Ferreira Hamada

Larissa Bianca de Oliveira Rocha

Mariana de Oliveira

Matheus Araujo Lourenço

Orlando Correa Neves Castor

Silvana Batista Pereira

Taciane Clemencia Barbosa

Thaís de Oliveira Teixeira Ramos

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