Relatório GEE

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INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA - 2024

Ficha Técnica

©2025. Rede Santa Catarina.

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A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610/1998).

Informações e contato

Alline Jorgetto Cezarani - Superintendente

Elaine Regina Ferreira – Diretoria de Gestão de Pessoa e ESG

Equipe técnica

Análise de dados, elaboração e organização técnica

Camila Patrício – Gerência de Responsabilidade Social e ESG

Fernanda Siqueira – Especialista ESG

Consultoria Externa - Schneider Eletric

Sofia Lasmar

Caique Pitombeira

Beatriz Ferreira

Comunicação e Arte

Nina Cotrim Kauss Silva – Gerência de Desenvolvimento

Humano Organizacional

Juliana Braz Garbossa - Analista de Comunicação

Angatu Cultura e Comunicação - Consultoria

e Agência de Comunicação

Glossário

Controle operacional - abordagem de limite organizacional na qual a organização responde por todas as emissões e/ou remoções de GEE quantificadas das instalações sobre as quais tenha controle operacional ou financeiro.

Escopo 1 - emissões de GEE provenientes de fontes pertencentes à organização ou por ela controladas. Enquadram-se nesta categoria emissões devido à queima de combustíveis para geração de energia elétrica, térmica ou mecânica, emissões provenientes de processos químicos e emissões fugitivas.

Escopo 2 - emissões de GEE originadas pela geração de energia elétrica ou térmica, importada da rede de distribuição e consumida.

Escopo 3 - referentes às emissões indiretas, não associadas à energia importada, que possuem relação com as atividades da organização, contudo advindas de fontes que pertencem ou são controladas por outras organizações.

GEE - Gases de Efeito Estufa.

Incerteza - parâmetro associado ao resultado da quantificação que caracteriza a dispersão dos valores que podem ser

razoavelmente atribuídos ao valor quantificado (ABNT NBR ISO 14.064-2: 2007).

UNFCCC - United National Framework Convention on Climate Change (Convenção Quadro das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas).

IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas).

NDC - Nationally Determined Contribution (Contribuição Nacionalmente Determinada) é um compromisso assumido por cada país que ratificou o Acordo de Paris para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

US EPA (United States Environmental Protection Agency)Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, responsável por regulamentações e diretrizes ambientais, incluindo fatores de emissão utilizados em inventários de gases de efeito estufa.

Participação societária - abordagem de mílite organizacional na qual a organização responde pela porção de emissões e/ou remoções de GEE proporcional à sua participação societária nas respectivas instalações.

Introdução

O efeito estufa é um fenômeno natural no qual o calor refletido pela superfície do planeta fica retido na atmosfera, promovendo um aumento das temperaturas.

Essa retenção de calor é realizada pelos GEE (Gases de Efeito Estufa), em maior ou menor grau, dependendo de sua concentração na atmosfera. Em um nível de equilíbrio natural, o efeito estufa é essencial para a manutenção da vida, pois reduz as variações extremas de temperatura. Sem ele, o planeta sofreria oscilações térmicas drásticas, tornando-se hostil para a maioria das formas de vida que conhecemos.

Este processo natural da Terra, desde a Revolução Industrial, sofre com a crescente intensificação das atividades humanas, havendo um aumento expressivo na concentração de GEE, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis. Esse desequilíbrio agrava o aquecimento global e tem sido associado ao aumento da frequência e da intensidade de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas severas, enchentes, ciclones e alterações nos padrões de precipitação. Esses impactos afetam não somente os ecossistemas,

mas também a saúde humana, a segurança alimentar, os recursos hídricos e a infraestrutura das cidades.

Relatórios do IPCC (tradução da sigla em português “Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas”) alertam que limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C até o final do século é crucial para evitar impactos climáticos severos. No cenário brasileiro, segundo a NDC (tradução da sigla em português “Contribuição Nacionalmente Determinada”) de 2022,

Brasil se comprometeu a reduzir suas emissões em 37% até 2025, 50% em 2030 e a última Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) de 59% a 67% em 2035, em relação aos níveis de 2005.

Nesse contexto, torna-se fundamental que as organizações implementem uma gestão eficiente das suas emissões. O inventário de emissões de GEE é a ferramenta essencial para quantificar e compreender essas emissões, fornecendo subsídios à tomada de decisões e elaboração de estratégias sustentáveis.

O Inventário de Emissões de GEE contempla todos os gases regulados pelo Protocolo de Quioto, sendo:

• Dióxido de Carbono (CO2): proveniente da queima de combustíveis fósseis, uso da terra e mudanças no uso do solo, como o desmatamento;

• Metano (CH4): emitido principalmente pela agropecuária, decomposição de resíduos sólidos urbanos e queima de biomassa;

• Óxidos de Nitrogênio (N2O): derivado, na maioria, do uso de fertilizantes nitrogenados e de processos industriais. Também é utilizado no setor da saúde para fins de sedação;

• Hexafluoreto de Enxofre (SF6): usado principalmente em equipamentos elétricos de alta tensão, é extremamente potente e permanece na atmosfera por milhares de anos;

• Hidrofluorcarbonos (HFCs): encontrados em sistemas de refrigeração e ar-condicionado, são comuns no setor de serviços e saúde, com grande impacto climático;

• Perfluorocarbonos (PFCs): utilizados em processos industriais como a fabricação de alumínio e eletrônicos, têm longa permanência na atmosfera;

• Trifluoreto de Nitrogênio (NF3): empregado na produção de componentes eletrônicos e painéis solares, vem ganhando relevância nos inventários mais recentes.

Estes gases possuem diferentes potenciais de aquecimento global (GWP, na sigla em inglês), sendo o dióxido de carbono a unidade de referência (GWP = 1). Gases como o metano e o óxido nitroso têm um impacto muito mais elevado, mesmo quando emitidos em menores quantidades. Para fins de inventário, considera-se

o CO2 equivalente (CO2e), que representa a quantidade de CO2 que teria o mesmo efeito de aquecimento que uma dada quantidade de outro GEE, ao longo de um período de 100 anos. A seleção dos gases inventariados neste relatório segue os critérios metodológicos do GHG Protocol, principal padrão internacional para contabilização e gestão de emissões de GEE, amplamente utilizado no Brasil e adaptado à realidade nacional pelo Programa Brasileiro GHG Protocol, coordenado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A legislação ambiental brasileira atualmente exige a elaboração de inventários de GEE apenas de empresas que emitam mais de 10 mil toneladas de CO2 equivalente por ano. Essa obrigatoriedade é direcionada, sobretudo, a setores com elevado potencial emissor, como o industrial e o de energia, estando regulamentada pelo Ministério do Meio Ambiente por meio do Cadastro Nacional de Emissões.

Não há exigência legal para que instituições dos setores de saúde ou educação realizem o inventário de suas emissões. Assim, iniciativas como a da Rede Santa Catarina, que buscam mensurar e acompanhar suas emissões de GEE,

representam uma prática voluntária e alinhada às melhores diretrizes nacionais e internacionais de sustentabilidade e responsabilidade socioambiental.O inventário visa quantificar as emissões de GEE provenientes das atividades da Rede Santa Catarina, subsidiando a gestão ambiental e a definição de metas de redução de emissões.

É interessante observar que em 2022 o Brasil emitiu 2,3 bilhões de toneladas brutas de gases de efeito estufa medidas em potencial de aquecimento global em cem anos de acordo com as diretrizes do Quinto Relatório de Avaliação do IPCC (GWP-100 AR5). Os 5 setores mencionados nesse estudo são:

1. uso da terra correspondeu por cerca de 47%, ou 805.694 tCO2e, das emissões totais de GEE;

2. seguido por agropecuária (25% ou 622.014 tCO2e);

3. energia (18% ou 418.415 tCO2e);

4. processos industriais (5% ou 102.317 tCO2e);

5. resíduos (5% ou 90.761 tCO2e).

(Fonte: https://oc.eco.br/wp-content/uploads/2023/11/Relatorio-SEEG_gases-estufa_2023FINAL.pdf; e https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/sirene/ emissoes/emissoes-de-gee-por-setor-1”SEEG, 2023

Sumário Executivo

Este documento apresenta o Inventario de Gases de Efeito Estufa (GEE) da Rede Santa Catarina que segue as diretrizes do GHG Protocol, garantindo transparência e conformidade com as melhores práticas de gestão climática corporativa, e abrange as fontes de emissão presentes nos escopos 1, 2 e 3.

Nessa sessão, abordaremos de maneira sucinta, e posteriormente aprofundaremos, as nossas emissões em cada Escopo.

O gráfico ao lado apresenta os totais das emissões do Escopo 1, Escopo 2 e 3, contemplando as porcentagens que cada escopo representa frente à soma das emissões.

Escopo3
Escopo 1 Escopo 2

Para analisar nossas emissões, considerando a abordagem por localização apresentada neste inventário, conclui-se que as fontes do Escopo 3 da Rede Santa Catarina são responsáveis pela maior parcela das emissões, totalizando 19.094 tCO2e, o que corresponde a 48,11% do total dos três escopos.

O Escopo 1 responde por 46,68% das emissões de GEE, totalizando 18.528 tCO2e. Por fim, O Escopo 2 (Localização), referente à compra de energia elétrica proveniente do Sistema Interligado Nacional (SIN), representa 5,19% das emissões da instituição, com 2.062 tCO2e. Na abordagem por localização, são consideradas todas as emissões associadas à eletricidade consumida da rede de distribuição, sem descontos relacionados à aquisição de I-RECs ou certificados de compra no mercado livre.

Para a quantificação das emissões de gases de efeito estufa (GEE), a Rede Santa Catarina considera quatro principais poluentes, de acordo com suas fontes e impactos no meio ambiente:

• Dióxido de Carbono (CO2);

• Óxido Nitroso (N2O);

• Hidrofluorcarbonos (HFCs);

• Metano (CH4).

Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa - 2024

As emissões totais da Rede

Santa Catarina para cada um desses poluentes em 2024 foram as seguintes:

Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa - 2024

Vale destacar que a comparação entre emissões absolutas pode ser limitada ou até mesmo inadequada, uma vez que instituições distintas apresentam características operacionais diversas, como porte, localização geográfica, volume de atendimento, infraestrutura e perfil de consumo. Esses fatores impactam significativamente o perfil de emissões de cada organização, tornando necessário, quando possível, o uso de indicadores de intensidade para análises mais ajustadas à realidade de cada unidade.

É fundamental reforçar que o principal objetivo de um inventário de GEE é permitir o acompanhamento da própria organização ao longo do tempo. Ou seja, o inventário deve ser utilizado, prioritariamente, como uma ferramenta de gestão interna, possibilitando que a instituição monitore sua evolução, identifique oportunidades de melhoria, estabeleça metas de redução e avalie a efetividade de ações e estratégias implementadas.

Os indicadores de intensidade de emissão são dados para um planejamento e gestão interna fundamentais para monitorar a desempenho ambiental das Casas e áreas de negócio por oferecer aos gestores e equipes técnicas a possibilidade de acompanhar a evolução das emissões, uma análise mais fiel quando há a aquisição de novas Casas, e direciona individualmente estratégias para otimizar o uso de recursos e reduzir o impacto ambiental. Se tratando de um marco importante na estratégia de sustentabilidade da Rede Santa Catarina optamos, nesse primeiro relatório, reportar as emissões absolutas.

A Rede Santa Catarina

Congregação das Irmãs de Santa Catarina - Regina Protmann –Fundadora

Regina Protmann nasceu em 1552, em Braunsberg (atual Braniewo, Polônia), em uma família rica e piedosa.

Durante sua juventude, ela se inclinava às vaidades e ambições materiais, mas uma experiência espiritual profunda a transformou. Sentindo um chamado divino, Regina deixou o conforto de sua casa aos 19 anos e, com duas companheiras, começou a viver em pobreza, oração e serviço ao próximo. Inspirada por Deus, ela dedicou sua vida aos pobres, doentes e meninas sem escola, fundando a Congregação das Irmãs de Santa Catarina, VM, ao lado da Igreja paroquial dedicada a Santa Catarina de Alexandria.

Em 1571, Regina já visitava e assistia doentes a domicílio, preparando remédios caseiros e oferecendo cuidados gratuitos aos pobres. Essa assistência inspirou a criação de oficinas de ervas, mantidas até hoje pelas Irmãs de Santa Catarina.

Chegada ao Brasil

A chegada das primeiras Irmãs da Congregação ao Brasil começou com um convite do Frei Ciríaco a Madre Gaudência, para educar os filhos dos colonos alemães.

Em 18 de maio de 1897, quatro Irmãs embarcaram para o Brasil, chegando a Petrópolis (RJ) em 16 de junho de 1897. As pioneiras foram Ir. Dária Beckmann, Ir. Irmengard Preuschoff, Ir. Rosa Woynod e Ir. Crescência Bleise. Elas foram calorosamente recebidas e apoiadas pelos colonos alemães e outras congregações religiosas.

Expansão no Brasil

Em 1898, foi criada a Província Brasileira com sede em Petrópolis, expandindo-se rapidamente para Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. As Irmãs usavam recursos modestos para iniciar suas atividades educacionais e de saúde, mas seu dinamismo e capacidade de economizar permitiram que a obra crescesse.

Estabeleceram-se no Colégio Santa Catarina de Petrópolis e atenderam, a pedido, em outras localidades para educação e assistência aos doentes. Em 1920, a sede da Província e a casa de formação foram transferidas para São Paulo, na Avenida Paulista. Na década de 1950, a sede foi novamente transferida para Petrópolis, onde foi construído o Convento Madre Regina.

Em 1962, a pedra fundamental do convento foi abençoada e a construção foi concluída em 1967.

A capela do convento, dedicada à Santíssima Trindade, foi inaugurada em 1996, marcando o centenário da chegada das Irmãs ao Brasil.

Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa - 2024

Metodologia Aplicada

A elaboração do inventário de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) da Rede Santa Catarina segue as diretrizes do GHG Protocol, principal metodologia internacional para contabilização e gestão de emissões de GEE, o qual estabelece um padrão amplamente reconhecido e utilizado globalmente por empresas, governos e instituições.

A metodologia do GHG Protocol é fortemente fundamentada nas diretrizes do Painel

Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão científico da ONU responsável por consolidar e divulgar os conhecimentos sobre as mudanças climáticas. O IPCC fornece os fatores de emissão, isto é, coeficientes técnicos que relacionam uma atividade (como o consumo de combustível ou energia) à quantidade estimada de GEE emitida. Esses fatores são atualizados periodicamente com base nas melhores evidências científicas disponíveis.

Estrutura do GHG Protocol

A metodologia do GHG Protocol organiza as emissões em três escopos principais:

Escopo 1 – Emissões diretas: são aquelas provenientes de fontes que pertencem ou são controladas pela própria organização. Dentre as categorias desse escopo, temos:

• Combustão estacionária: emissões oriundas de caldeiras, fornos, geradores, aquecedores a gás ou óleo diesel, etc;

• Combustão móvel: emissões oriundas de veículos próprios (ou que possuem controle operacional da Rede SC) movidos a gasolina, diesel, etanol ou gás natural;

• Processos industriais: emissões de reações químicas ou físicas em processos industriais, como o uso de gases em processos laboratoriais ou esterilização;

• Emissões fugitivas: emissões provenientes de vazamentos de gases refrigerantes de sistemas de arcondicionado e refrigeração, extintores de incêndio de CO2. Utilização de tanques de gases medicinais ou anestésicos voláteis;

• Uso de terra e mudanças no uso da terra (LULUCF): mudanças no uso do solo, como desmatamento ou reflorestamento nos limites da propriedade.

Escopo 2 – Emissões indiretas de energia: referem-se às emissões decorrentes da geração de eletricidade, calor ou vapor adquirido e consumido pela organização. Embora essas emissões ocorram fora dos limites

operacionais diretos da instituição, elas são contabilizadas devido à sua relação com o consumo energético.

• Eletricidade adquirida: emissões associadas à geração da energia elétrica comprada da concessionária.

Obs.: Para contabilizar corretamente o Escopo 2, o GHG Protocol recomenda dois métodos:

1. Location-based: usa o fator de emissão médio da rede elétrica local; 2. Market-based: considera contratos específicos de fornecimento de energia (ex.: energia renovável certificada).

Inventário de Emissões de Gases de Efeito

Escopo 3 – Outras emissões indiretas: abrange as demais emissões que ocorrem na cadeia de valor da organização, fora dos seus limites diretos de operação.

Esse escopo é mais abrangente e pode incluir:

• Bens e serviços adquiridos: emissões do ciclo de vida da produção dos bens e serviços comprados. Exemplos são emissões associadas à produção de alimentos, medicamentos, materiais de limpeza, papelaria, uniformes, etc;

• Bens de capital: emissões associadas à fabricação e transporte de equipamentos duráveis;

• Atividades relacionadas à energia (não incluídas no Escopo 1 e 2): emissões da extração, produção e transporte de combustíveis e eletricidade adquiridos;

• Exemplos: emissões para gerar o diesel usado em geradores; perdas na transmissão elétrica;

• Transporte e distribuição (upstream): transporte de insumos por fornecedores até as unidades da organização. Exemplos: entrega de alimentos, medicamentos, equipamentos;

• Resíduos gerados nas operações: emissões do transporte e tratamento de resíduos sólidos e líquidos;

• Deslocamento de Casa-Trabalho: emissões do trajeto casa-trabalho dos colaboradores da instituição;

• Viagens a negócios: emissões geradas em viagens realizadas a serviço. passagens aéreas, táxi, uso de veículo alugado;

• Ativos arrendados (upstream): emissões de ativos alugados ou arrendados por terceiros, mas operados pela organização;

• Transporte e distribuição (downstream): transporte de produtos ou resíduos da organização para terceiros;

• Processamento de produtos vendidos: emissões associadas ao processamento posterior de bens vendidos;

• Uso de produtos vendidos: emissões geradas durante o uso dos produtos ou serviços oferecidos;

• Tratamento de fim de vida de produtos vendidos: emissões do descarte de produtos e embalagens após o uso;

• Ativos arrendados (downstream): emissões de ativos da organização alugados a terceiros;

• Investimentos: emissões associadas a investimentos financeiros, participações ou fundos;

• Serviços prestados (franquias): emissões de operações feitas em nome da organização, mas controladas por terceiros.

Apesar do Escopo 3 representar, na maioria dos casos, a maior parcela das emissões de gases de efeito estufa (GEE) de uma organização — especialmente em setores como saúde e educação — sua quantificação não é obrigatória, segundo a legislação brasileira atual, nem mesmo nos padrões internacionais de reporte, como o GHG Protocol.

O principal motivo para isso é a complexidade envolvida na coleta de dados e na estimativa das emissões indiretas da cadeia de valor. Muitas dessas fontes de emissão estão fora do controle direto da organização e isso torna o mapeamento e a contabilização mais desafiadores, tanto técnica quanto operacionalmente.

É importante destacar que a metodologia do GHG Protocol é estruturada com base em escopos e categorias padronizadas, que representam o conjunto mínimo recomendado para a elaboração de inventários de emissões. No entanto, especialmente no caso das categorias, a aplicabilidade e o reporte podem variar conforme a natureza das atividades e as particularidades operacionais de cada organização.

Essa flexibilidade metodológica permite que o inventário seja adaptado à realidade da instituição, refletindo com mais precisão seu perfil emissor e seu grau de maturidade na gestão de emissões de GEE, a exemplo da complexidade da Rede Santa Catarina que possui unidades de negócio na Saúde e na Educação.

Plataforma Utilizada: Resource Advisor

Para garantir a padronização dos cálculos e a confiabilidade dos dados, a Rede Santa Catarina utilizou a plataforma Resource Advisor, desenvolvida pela Schneider Electric.

Essa ferramenta é amplamente reconhecida e aplicada em inventários corporativos no Brasil e no exterior, e segue rigorosamente as diretrizes do GHG Protocol, bem como metodologias complementares do IPCC e da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (US EPA).

A plataforma permite o registro centralizado das informações, o cálculo automatizado das emissões com base em fatores atualizados e a geração de relatórios analíticos que apoiam a tomada de decisão estratégica na gestão ambiental.

Limites Organizacionais e Operacionais

Este documento apresenta o Inventário de emissões de GEE da Rede Santa Catarina, abrangendo todas as suas Casas operacionais entre 1º de janeiro e 31 de dezembro 2024, sendo elas:

• 8 Hospitais

• 1 Lar de longa permanência para pessoas idosas

• 7 Escolas/creches

• 1 Obra social

• 1 Escritório Corporativo

A definição dos limites organizacionais e operacionais seguiu as diretrizes estabelecidas pelo GHG Protocol, conforme descrito a seguir:

Limites Organizacionais:

• Controle Operacional: a Rede Santa Catarina é responsável por todas as emissões e/ou remoções de GEE associadas às instalações sobre as quais exerce controle operacional ou financeiro;

• Participação Societária: não se aplica, visto que a Rede Santa Catarina é uma instituição que não possui divisão societária.

Limites Operacionais:

• Escopo 1: emissões diretas provenientes de fontes que pertencem ou são controladas pela Rede Santa Catarina, como a queima de combustíveis em geradores, frota própria e emissões fugitivas de gases refrigerantes. Emissões de CO2 derivadas da combustão de biomassa são reportadas separadamente.

• Escopo 2: emissões indiretas associadas à energia elétrica adquirida da rede de distribuição e consumida nas instalações da Rede Santa Catarina.

• Escopo 3: emissões indiretas não relacionadas ao consumo de energia elétrica, mas que estão vinculadas às atividades da instituição, como transporte de colaboradores, deslocamentos aéreos e tratamento de resíduos.

Para a elaboração do inventário da Rede Santa Catarina, os seguintes limites foram adotados:

Ano Base:

Para a elaboração do inventário de emissões de gases de efeito estufa (GEE) da Rede Santa Catarina, o ano de 2024 foi estabelecido como ano-base. Essa definição se justifica pelo fato de que este é o primeiro ciclo de mensuração estruturada das emissões da instituição.

Fluxo de Trabalho

A elaboração do inventário de Gases de Efeito Estufa (GEE) da Rede Santa Catarina seguiu uma metodologia estruturada, com base nas diretrizes do GHG Protocol, garantindo precisão e rastreabilidade dos dados. O processo foi desenvolvido conforme as seguintes etapas:

Planejamento e Definição de Escopo

Foram estabelecidos os parâmetros para o inventário, incluindo:

• Período de reporte: de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2024;

• Limites organizacionais: utilizando o critério de controle operacional;

• Limites operacionais: considerando fontes de emissões nos Escopos 1, 2 e 3;

• Fontes emissoras: identificadas conforme as atividades e processos desenvolvidos pela Rede Santa Catarina.

Levantamento e Coleta de Dados

As informações foram obtidas junto aos responsáveis das áreas envolvidas, contemplando:

• Consumo de combustíveis fósseis;

• Consumo de energia elétrica;

• Uso de gases refrigerantes;

• Quantidade e destinação de resíduos;

• Deslocamentos de colaboradores e viagens a serviço;

• Outros consumos que emitem GEE.

Os dados foram organizados e documentados para assegurar a rastreabilidade e a confiabilidade das informações.

Cálculo das Emissões

A quantificação das emissões foi realizada por meio de:

• Fatores de emissão atualizados e reconhecidos;

• Ferramentas de cálculo que permitem a conversão dos dados em toneladas de CO2 equivalente (tCO2e);

• Metodologia consistente para garantir resultados precisos e comparáveis.

Inventário de Emissões de Gases de Efeito

Quantificação das Emissões

Escopo 1: Emissões Diretas

No contexto do inventário de emissões de GEE da Rede Santa Catarina, as emissões do Escopo 1 referem-se às emissões diretas provenientes de fontes de propriedade ou operadas pela organização. Dentro desse escopo, analisamos três categorias principais: combustão estacionária, combustão móvel e emissões fugitivas.

1. Combustão Estacionária

A categoria de combustão estacionária abrange as emissões provenientes da queima de combustíveis em equipamentos fixos, como geradores, aquecedores, equipamentos de cocção, dentre outros. Os principais combustíveis considerados nesse levantamento incluem óleo diesel e gás natural, cujas emissões são calculadas com base na quantidade consumida e nos respectivos fatores de emissão estabelecidos por metodologias reconhecidas.

Em 2024, a Rede Santa Catarina emitiu 9.602 toneladas de CO2 e devido à combustão estacionária, resultado da queima de combustíveis fósseis em equipamentos fixos essenciais para suas operações.

2. Combustão Móvel

A combustão móvel está relacionada às emissões geradas pelo uso de veículos pertencentes ou controlados pela Rede Santa Catarina. Isso inclui ambulâncias, automóveis de transporte de pacientes e insumos, bem como outros veículos utilizados para a operação diária das Casas. A análise considera o tipo e a quantidade de combustível consumido, sendo o diesel e a gasolina os principais energéticos avaliados.

Durante o ano de 2024, a Rede Santa Catarina emitiu 48,72 toneladas de CO2e devido à combustão móvel, resultante do consumo de combustíveis fósseis em veículos utilizados para suas operações.

3. As emissões fugitivas representam um tipo específico de liberação de GEE, que ocorre de maneira não intencional, geralmente por vazamentos ou perdas em sistemas fechados. No caso da Rede Santa Catarina, essas emissões têm três principais origens:

Equipamentos de Refrigeração e Ar-Condicionado:

Sistemas de climatização e refrigeração hospitalar utilizam fluidos refrigerantes, que podem apresentar alto potencial de aquecimento global (PAG). Durante a substituição ou manutenção desses equipamentos, podem ocorrer liberações desses gases na atmosfera. Para mensurar essas emissões, consideramos as recargas de fluidos realizadas ao longo do período avaliado.

Gases Medicinais:

Os gases medicinais, como o óxido nitroso (N2O), são amplamente utilizados em procedimentos anestésicos

e terapêuticos nos hospitais da Rede. O N2O é um gás de efeito estufa com um PAG significativo e pode ser liberado durante seu uso clínico ou devido aos vazamentos no sistema de armazenamento e distribuição.

Seu monitoramento é essencial para a quantificação das emissões fugitivas e para a adoção de medidas que minimizem perdas e impactos ambientais.

Extintores de CO2:

Os extintores de incêndio que utilizam dióxido de carbono (CO2) também são uma fonte de emissões fugitivas. O CO2 presente nesses equipamentos é armazenado sob alta pressão e pode ser liberado durante testes, recargas ou uso efetivo em emergências. Embora o CO2 seja um gás de efeito estufa menos potente que outros gases presentes neste inventário, sua liberação ainda deve ser contabilizada para garantir uma avaliação completa das emissões da Rede.

Escopo 1

Em 2024, a Rede Santa Catarina emitiu 8.877 toneladas de CO2 e devido às emissões fugitivas ao longo de suas operações.

Combustão estacionária Combustão móvel Combustão fugitivas

Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa - 2024

Escopo 2: Emissões Indiretas Decorrentes do Consumo de Energia Elétrica

O Escopo 2 abrange as emissões indiretas resultantes da geração de energia elétrica adquirida e consumida pelas

Casas da Rede Santa Catarina. Essas emissões estão associadas à produção da energia fornecida por terceiros, sendo contabilizadas com base na metodologia do GHG Protocol.

Apesar da Rede Santa Catarina adquirir energia elétrica por meio do mercado livre, optamos por relatar nossas emissões de Escopo 2 utilizando a abordagem “por localização”(location-based). Essa abordagem reflete as emissões médias da matriz elétrica da região onde a energia é consumida, independentemente dos contratos de compra de energia renovável.

Fonte

Escopo 3: Emissões Indiretas

O Escopo 3 abrange outras emissões indiretas que ocorrem ao longo da cadeia de valor da Rede Santa Catarina e que não são diretamente controladas pela instituição. As emissões de Escopo 3 incluem diversas categorias e para este inventário foram consideradas as seguintes fontes:

1. Deslocamento Casa-Trabalho:

Essa categoria corresponde às emissões associadas aos deslocamentos diários dos colaboradores entre suas residências e os locais de trabalho. O total de emissões contabilizadas foi de 15.813 tCO2e, considerando as distâncias percorridas. Em relação aos modais utilizados, adotamos uma abordagem conservadora para realização dos cálculos.

2. Resíduos: As emissões geradas pelo tratamento e disposição final dos resíduos produzidos nas unidades da Rede Santa Catarina somaram 2.485 tCO2e. Esse cálculo abrange tanto os resíduos encaminhados para aterros sanitários quanto para outras formas de tratamento.

3. Viagens a Negócios:

Essa categoria contempla as emissões provenientes de viagens realizadas por colaboradores da Rede Santa Catarina para fins profissionais. As emissões associadas foram de 125 tCO2e, considerando viagens aéreas e aplicativos de deslocamento como transporte utilizados.

4. Outras Atividades Relacionadas com Combustível e Energia Não Inclusas no Escopo 1 e 2:

Essa categoria contempla as emissões de gases de efeito estufa decorrentes das atividades anteriores ao uso final de combustíveis e eletricidade adquiridos pela Instituição. Nela entram, por exemplo, as emissões associadas à extração, produção e transporte de combustíveis e eletricidade comprados, antes mesmo de chegarem à empresa.

Casa - trabalho

Atividade relacionadas com combustível não inclusas nos Escopos 1 e 2

Resíduos Viagens a Negócios

78%

1%

Escopo 3

9%

13%

Resumo das Emissões

Essa seção apresenta o comportamento das emissões de gases de efeito estufa da Rede Santa Catarina no ano de 2024. Emissões GEE (tCO2e) 2024

Emissões Escopo 2 (tCO2e)

Emissões Escopo 3 (tCO2e)

Categoria 3 - Atividades relacionadas com combustível e energia não inclusas nos Escopos 1 e 2

Categoria 5 - Resíduos gerados na operação

Categoria 6 - Viagens a negócio

Categoria 7 - Deslocamento de funcionários (casa-trabalho)

O inventário de GEE da Rede Santa Catarina representa uma ferramenta essencial para a gestão climática e o fortalecimento das práticas sustentáveis da Instituição.

Com base nos resultados apresentados, é possível desenvolver metas de redução realistas e efetivas, alinhadas às diretrizes ambientais e aos compromissos assumidos pela organização.

A continuidade do monitoramento das emissões, associada à execução das recomendações propostas, contribuirá significativamente para a mitigação dos impactos ambientais e para o avanço da Rede Santa Catarina rumo a uma atuação cada vez mais sustentável.

Análise Crítica e Oportunidades de Melhoria

A elaboração deste inventário de emissões de gases de efeito estufa (GEE) permite à Rede Santa Catarina identificar oportunidades estratégicas para mitigar impactos ambientais e promover práticas operacionais mais sustentáveis. Com base nos dados levantados, foram mape adas algumas frentes que podem representar caminhos promissores para a redução das emissões. Entretanto, é importante ressaltar que a adoção dessas alternativas depende de análises mais aprofundadas, estudos de viabilidade técnica e avaliação dos riscos e impactos envolvidos. O inventário, portanto, constitui uma base inicial que orienta a reflexão e o planejamento da Instituição para ações futuras. Entre as oportunidades mapeadas, destacam-se:

Substituição do Óxido Nitroso como Gás Anestésico: o óxido nitroso (N2O) é um potente gás de efeito estufa, com alto potencial de aquecimento global (PAG). Estudos serão iniciados para avaliar alternativas mais sustentáveis para anestesia, reduzindo significativamente as emissões fugitivas associadas a esse insumo sem comprometer a qualidade e a segurança dos procedimentos médicos.

Substituição do Propileno Utilizado em Soldas: o propileno, utilizado em processos de soldagem, também contribui para as emissões de GEE. A Rede Santa Catarina iniciará estudos para avaliar alternativas com menor impacto ambiental, priorizando tecnologias mais limpas e eficientes.

Conclusão

O Inventário de Emissões de GEE de 2024 da Rede Santa Catarina apresenta um panorama detalhado e quantificado das emissões da Instituição, abrangendo os escopos 1, 2 e 3. Ao mapear as fontes de emissão, desde a combustão estacionária até o deslocamento casa-trabalho, o relatório oferece uma base de dados essencial para a compreensão do perfil de emissões da Rede SC. A identificação das principais categorias de emissão, como as emissões fugitivas e o consumo de energia, possibilita uma análise aprofundada das áreas de maior impacto ambiental.

Este inventário representa mais um passo importante na trajetória da Rede Santa Catarina em seu compromisso com a sustentabilidade, ao fornecer uma visão clara e abrangente de seu desempenho ambiental. A continuidade do monitoramento das emissões e a análise comparativa com dados futuros permitirão avaliar a evolução do perfil de emissões da Instituição e identificar tendências relevantes para a gestão ambiental. O relatório serve, portanto, como um importante instrumento de referência para a tomada de decisões.

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