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A) Produto Experimental

A) Produto Experimental APÊNDICE

1. Título do produto

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Instante – Seguindo o momento e a metamorfose do jornalismo no mundo dos cliques

2. Área e formato

Área: Digital Formato: Reportagem Extensa

3. Sinopse

As reportagens vão acompanhar como e por que os canais de informação têm migrado para as redes sociais em ascensão. Buscará se debater de que forma as assessorias de imprensa têm lidado com a cultura do cancelamento diante de polêmicas criadas nas redes em um mundo que se cobra cada vez mais posicionamento, a nova função do jornalista nas redes sociais, o limite da ética na internet e de que maneira os perfis dedicados à informação em saúde no Brasil vêm abordando temas de saúde mental dentro do Instagram.

4. Descrição do projeto

Linguagem

O Instante tem texto objetivo, padrão, descomplicado, acessível, informal e adequado para o público jovem e adulto, e aborda temas relacionados à jornalismo digital e o fazer jornalismo nas redes sociais. Os textos, gráficos, áudios, vídeos e materiais interativos das reportagens extensas priorizam a transparência, o equilíbrio e a clareza da apuração.

Linha editorial

O Instante é um site jornalístico criado com o objetivo de investigar as transformações da sociedade e analisar os impactos provocados pela introdução das redes sociais no jornalismo. Sempre de maneira inovadora e a partir de reportagens extensas e instigantes, sua produção editorial privilegia o rigor e a qualidade da informação.

Desde sua fundação, o Instante tem como principal motivação produzir conteúdos jornalísticos que contribuam para um debate público qualificado e plural sobre as mudanças que a internet causou na disseminação de notícias e como o jornalismo tem se adaptado para

distribuir informações no momento em que elas acontecem, através também das redes sociais. Por meio da ética e imparcialidade, o site busca ser uma fonte de informações com credibilidade, capaz de dialogar com as mais diversas perspectivas e grupos sociais.

Número de páginas/caracteres/duração

Contará com cerca de 40 mil caracteres em um site jornalístico para integrar quatro grandes reportagens completas.

Tipologia/Identidade Visual/ Identidade sonora/ Outros itens, de acordo com o seu Formato/Modalidade

Função individual

Durante o projeto, eu fui responsável pela produção de uma reportagem, que será unificada às outras três da equipe no site. Esta matéria teve foco no dilema ético do jornalista esportivo nas redes sociais e como as narrativas potencializam vilões no futebol, seguindo a minha pesquisa inicial. Fiquei à disposição também para edição de vídeos das entrevistas da equipe, o que acabou não sendo utilizado.

Pautas/Roteiros/ Transcrições/ Outras documentações relevantes para a compreensão do produto

PAUTA

EDITORIA DIGITAL TEMA/ASSUNTO JORNALISMO ESPORTIVO E REDES SOCIAIS

HISTÓRICO Instante Jornalismo

EDIÇÃO 2021

O jornalismo sofreu diversas mudanças durante a história. Na era das redes sociais e da informação em massa, os profissionais ser tornaram os principais filtros de verificação dos fatos, assumindo a função de Gatewatching (BRUNS, 2005). Com grande participação do público na produção da notícia, os comunicadores ainda buscam entender o limite da ética na internet. Segundo Coelho (2003), “esse efeito devastador da internet brasileira ainda poderá ter consequências duradouras para as próximas gerações de jornalistas”.

FONTES

Rodolfo Rodrigues – Colunista da UOL Esporte e Editor-chefe do Torcedores.com Paulo Vinícius Coelho – Jornalista do Grupo Globo

ALINHAMENTO EDITORIAL - ENFOQUE/ANGULAÇÃO

A entrevista com o Rodolfo Rodrigues teve um foco maior na parte de edição de matérias (cargo que ocupa no Torcedores.com) e a influência do público no processo de criação e curadoria de pautas, além de uma importante análise de audiência.

Com Paulo Vinicius Coelho, o foco da entrevista foi a relação história do jornalismo esportivo com a narrativa que cria (ou potencializa) vilões no futebol. Comentarista da Globo e colunista da Folha de S. Paulo, o PVC ainda ajudou numa reflexão sobre o maior espaço para as opiniões através das redes sociais.

FUNÇÕES:

PAUTEIRO E REPÓRTER RAFAEL BRAYAN – RGM – 2026125-0.

PAUT A

EDITORIA Digital NOME DO VEÍCULO

TEMA/ASSUNTO JORNALISMO E SAÚDE MENTAL NO INSTAGRAM EDIÇÃO

21/11/2021

HISTÓRICO O Instagram é a terceira rede social mais utilizada no Brasil, com mais de 95 milhões de usuários, e a segunda em que os usuários gastam mais tempo, de acordo com pesquisa realizada pela We are Social (2021). Logo, portais jornalísticos que já veiculavam em outras mídias, a exemplo de revistas e canais de televisão, passaram a fazer parte também desta rede social, usando dos recursos deste aplicativo como forma de distribuir seus conteúdos para a população (DA SILVA, 2019).

Diante desse cenário, um considerável número de brasileiros sofre o impacto do Instagram constantemente, e desde o ano passado a rede social tem sido tema de reportagens investigativas com base num vazamento de documentos que ganhou o nome de Facebook Papers. De acordo com as publicações, a empresa Facebook (agora com o nome de Meta) ignorou problemas como desinformação, impactos negativos na saúde mental de jovens e disseminação de discursos de ódio.

FONTES

Cesar Candido – Editor do UOL Viva Bem;

Amanda Ventorin– Repórter da Revista Boa Forma;

Luíse Gatelli – Psicóloga, especialista Cognitivo-comportamental e criadora de conteúdo no Instagram;

Camilla Viana – Psicóloga e mestra em Orientação e Mediação Familiar, e criadora de conteúdo no Instagram;

Issaaf Karhwai – Doutora e mestre em Ciências da Comunicação pela ECA-USP. Professora na pós-graduação em Mídia, Informação e Cultura do CELAC(ECA-USP);

Amanda Djehdian – Vice-campeã do BBB 15, empresária e criadora de conteúdo com 1,5 milhões de seguidores no Instagram. ALINHAMENTO EDITORIAL - ENFOQUE/ANGULAÇÃO

O objetivo da matéria foi abordar os efeitos do Instagram na saúde mental dos usuários e levantar um debatesobre o caso Facebook Papers, que diz que a Meta ignorou problemas, como os impactos negativos na saúde mental de jovens e ainda compactuou com a disseminação de discursos de ódio.

Abordou também sobre a “Vida de Instagram” pregada na rede e os impactos para os criadores de conteúdo e ainda de que forma os portais jornalísticos dentro do Instagram tem veiculado temas de saúde mental.

Dessa forma, as entrevistas com os colaboradores da UOL Viva Bem e da Revista Boa forma se fez necessária para compreender como são escolhidas e pautadas as notícias que são veiculadas no Instagram dos dois portais.

As psicólogas ajudaram a compreender de que maneira esta rede social pode ser prejudicial ou benéfica à saúde mental de seus usuários.

Já a influenciadora nos ajudou a compreender a importância do criador de conteúdo nas redes e os impactos que a mesma causa também na saúde mental deles. A doutora em Ciências da Comunicação entrou em ação para contextualizar a importância do jornalismo estar inserido nas rede sociais.

OBSERVAÇÃO:

Por conta da pandemia da Covid-19, todas as entrevistas foram feitas via aplicativos da internet, facilitando a gravação das conversas e também evitando problemas de saúde.

PAUTEIRO (A) Vitória Santos do Nascimento –RGM – 1960154-9. REPÓRTER Vitória Santos do Nascimento – RGM –1960154-9.

PAUTA

NOME DO VEÍCULO

EDITORIA Digital TEMA/ASSUNTO A viralização do Tiktok: como canais de notícias tem se apropriado desta plataforma EDIÇÃO

21/11/2021

HISTÓRICO Durante esse período de pandemia, a rede social TikTok surgiu e se popularizou, com vários vídeos viralizados que vem chamando atenção mundial, e com isso surgiram também perfis de canais de informação e notícias dentro da plataforma. Como esses canais têm utilizado esse método de linguagem para fazer jornalismo?

FONTES

Amanda Gomes– Repórter de uma filial do SBT e produtora de conteúdo do Tiktok;

Guilherme Gama– Repórter do jornal da USP, produtor de conteúdo de Tiktok

Vanessa Rocha – Psicóloga clínica, especialista em crianças adolescentes e psicopedagoga.

ALINHAMENTO EDITORIAL - ENFOQUE/ANGULAÇÃO

A reportagem extensa teve o intuito de contar como esses perfis têm divulgado notícias nessa rede social, demonstrar qual método e linguagem eles têm utilizado, para qual público eles têm falado – perguntas respondidas com clareza pelos jornalistas Guilherme e Amanda.

Também relatei sobre momento em que ele começou a viralizar, que foi durante o período de pandemia da Covid-19, e a Psicóloga Vanessa pode falar por que acontece a viralização, o que as pessoas pensam a respeito de vídeos em alta e porque querem tanto estar visível aos outros,

Relatei sobre o por quê dessas mídias estarem migrando para lá, como se tornou um canal tão promissor e não somente para canais de notícias,mas também para grandes empresas e pessoas famosas.

OBSERVAÇÃO:

Por conta da pandemia da Covid-19, todas as entrevistas foram feitas via aplicativos da internet, facilitando a gravação das conversas e também evitando problemas de saúde. PAUTEIRO (A) Angela Barbosa Souza – RGM –1939796-8 REPÓRTER Angela Barbosa Souza - RGM 1939796-8

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PAUTA

EDITORIA Digital NOME DO VEÍCULO

TEMA/ASSUNTO Pós-cancelamento: O trabalho jornalístico realizado para manter reputações EDIÇÃO

22/11/2021

HISTÓRICO

A cultura de cancelamento se iniciou como uma forma de combate ao preconceito, assim deixando de dar visibilidade para figuras públicas que cometem algum ato desrespeitoso. Porém, essa prática se tornou uma nova forma de ostracismo, onde qualquer erro ou até mesmo uma falta de posicionamento pode levar uma figura pública ao cancelamento e logo a exclusão.

Diante do cancelamento, vem a necessidade de restaurar a imagem para o público e para a mídia, e assim entra o trabalho jornalístico feito por assessores de imprensa para gerenciamento de crises e media training.

FONTES

Beatriz Merched – Jornalista e fundadora da Merched Comunicação, Empresa de Assessoria, Consultoria e Produção de Conteúdo.

Victória Ragazzi – Jornalista fundadora e diretora da agência Ragazzi Comunicação - focada em assessoria de imprensa para artistas e projetos musicais nacionais e internacionais.

Madeleine Lacsko – Escritora, Youtuber e Jornalista especializada em cidadania digital.

Pablo Miyazawa – Jornalista, apresentador e criador de conteúdo.

May Cardoso – Digital Influencer com 7 Mil Seguidores no Instagram (@amaycardosoo).

ALINHAMENTO EDITORIAL - ENFOQUE/ANGULAÇÃO

O tema tem a finalidade de abordar a cultura de cancelamento por outra perspectiva: a jornalística. Mostrando o “pós-cancelamento” e o quanto depende do trabalho de gerenciamento de crise e media training feito por assessores.

OBSERVAÇÃO:

Por conta da pandemia da Covid-19, todas as entrevistas deverão ser feitas via aplicativos da internet, facilitando a gravação das conversas e também evitando problemas de saúde.

PAUTEIRO (A) Brenda Zaninetti de Souza –RGM – 1992543-3. REPÓRTER Brenda Zaninetti de Souza– RGM –1992543-3.

Folha de Decupagem

Editoria: Esportes Tema: Jornalismo esportivo na Internet

Tempo in / out Conteúdo

Data: 11/10/2021

Assunto: Quais foram as mudanças no jornalismo esportivo na era das redes sociais?

Rafael Brayan Como você vê a influência do jornalismo esportivo na criação de vilões no futebol?

Rodolfo Rodrigues

00:00 – 1:26

Rafael Brayan

1:27 – 1:43

Rodolfo Rodrigues:

1:43 – 2:14

Rafael Brayan

2:15 – 2:30

Rodolfo Rodrigues

2:31 – 5:02 Eu acho que o jornalismo esportivo sempre teve uma influência muito grande. Acho que desde o início mesmo, do século passado. Então, em todos os jogos você tinha o vilão da partida, o jogador que foi mal ali, e acabava sempre tendo esse destaque negativo, tanto em clássicos, em partidas em que os grandes foram derrotados pelos pequenos, perdas de títulos, algum fato relevante que o jogador fez algo negativo e acaba ganhando destaque nos jornais. Isso sempre aconteceu... É claro, na maioria das vezes, como times grandes geralmente ganham as partidas, o destaque maior vai sempre para os jogadores que fizeram algo interessante na partida. A final da Copa de 50, como as vezes que você tinha algum vilão da partida, algum jogador geralmente conhecido que não fez nada e o cara foi expulso, ele também ganhava o destaque. Isso acabava sendo noticiado como fato.

Existem alguns jornalistas que tentam entender o impacto de palavras como “vergonha”, “vexame”, entre outras, no futebol. Qual é a sua visão sobre a utilização de termos tratados até como agressivos na análise de jogadores, treinadores, etc.?

Durante a época de brilho da revista Placar, nos anos 70, 80, 90, muito se falava disso. Os jogadores até acabavam ganhando apelidos. Tinha o jogador do São Paulo dos anos 80, o Renato “Pé Murcho”. O Jorginho era o principal jogador do Palmeiras no início dos anos 80, acabou ganhando de Jorginho “Pé Frio”. Então... era no tom da brincadeira, mas a gente sabia que o apelido acabava mesmo prejudicando a sua imagem, mas era também no tom da brincadeira, não era uma coisa tão agressiva como a gente vê hoje.

Você citou que não era como hoje, não era tão agressivo como atualmente. Como você o impacto das redes sociais nesse ódio aos jogadores?

No Twitter existe uma polarização ali e nichos de clubes. A gente vê muito fanatismo, então o cara que é palmeirense odeia todos os outros e fica lá criticando. Não aceita que ninguém critique os jogadores do seu time. Cria-se um ambiente de muito ódio ali dentro. Hoje em dia é muito difícil... os jogadores, além do que eles fazem em campo, eles são tachados muitas vezes pelo que eles fazem, até mesmo nos treinos. Como é tudo controlado... controlado não, está muito fácil o acesso à informação. Os jogadores são vistos em baladas ou em alguns outros lugares e dependendo da situação, o cara é super criticado. Você tem que tomar um cuidado muito grande, cuidado nas palavras. Acho que, nesse ambiente de ódio, a pessoa tem que entrar muito na linha. O jogador, além ser certinho fora de campo, o cara tem que ser um exemplo dentro de campo pra ele não ser criticado. Acho que estão todos sujeitos às críticas, mesmo os mais queridinhos ali, eles não são unanimidade. Sempre que fizer alguma coisa errada ele vai receber uma crítica muito grande. E hoje eu acho que isso tem um peso maior porque assim: você tem milhões de seguidores espalhados pelo mundo. Com a globalização então, isso se torna maior ainda. Você vê as vezes o jogador

francês fazendo algo contra o jogador brasileiro, ele recebe várias críticas de brasileiros nos perfis. Isso acaba aumentando muito.

Rodolfo Rodrigues

5:03 – 7:12

Rafael Brayan

7:13 – 7:33

Rodolfo Rodrigues

7:34 – 8:10

Rafael Brayan

8:11 – 8:57 Agora, da influência do jornalismo, hoje, na criação dos vilões, eu acho que isso continua forte. Acho que também o jornalismo esportivo hoje entrou na onda da busca por cliques e por audiência, porque é o que dá dinheiro hoje em dia. Não adianta você fazer apenas matérias bonitas e bem escritas e profundas, que não vai dar nada de audiência, então tem sempre a busca por audiência que dá noticia, que é o que o povo quer ler, né? Isso também sempre fez parte do jornalismo, se não fosse isso a gente não estaria só fazendo matérias de tragédia nos telejornais, que é o que a população quer ver. Não adianta você fazer o jornal bonitinho que não dá audiência, isso não sustenta, não dá dinheiro. As pessoas querem ler e os jornalistas buscam passar informação. Também buscam colocar o que as pessoas querem ler.

Nesse mundo dos cliques, como você o espaço cada vez maior para a opinião dos jornalistas em seus perfis nas redes sociais?

Uma coisa que também não existia há tanto tempo atrás, nessa porção de comentaristas. Agora tem influencers também. Então, por terem também uma rede muito grande de seguidores, eles têm peso enorme na formação de opinião. O influencer tem um, dois, três milhões de seguidores. Aí o cara começa a puxar o assunto, colocar o jogador ali como vilão, aquele negócio ali ganha muita força, e eu diria mais até do que antigamente.

Alguns jogadores de elite já relataram problemas ao lidar com a pressão da torcida e as críticas da imprensa. Qual é o papel da imprensa na tentativa de evitar isso?

Rodolfo Rodrigues

8:58 – 9:54

Rafael Brayan

9:55 – 10:29 Recentemente, a gente viu o caso do Neymar, que ele deu uma declaração falando que não jogaria a Copa de 2026, que não teria cabeça para jogar e acabou sendo bem crucificado ali. As pessoas atiraram pedra nele. Dos jornalistas, acho que a maioria o criticou, falando que ele é um jogador mimado, um jogador que poderia se dedicar mais. Ainda mais no momento ruim que ele teve na seleção brasileira. E aí veio um debate pra acalorar, onde muita gente relembrou os defeitos do Neymar e achou que ele deveria não levar dessa maneira, mas enfim, eu acho que tem uma participação errônea ainda hoje em dia, muito mais, eu acho, justamente pelo fato de buscar uma audiência.

Falando sobre audiência, as emissoras de televisão estão apostando muito mais em programas com muitos comentaristas, principalmente ex-jogadores, que não têm a formação e o cuidado que, em tese, o jornalista, por ter um código de ética definido, tem. Como você vê isso?

10:30 – 12:05 Se não tivesse uma audiência, por exemplo, o programa do Neto, que é um exjogador, não um jornalista, não existiria por mais de dez anos. Ele faz parte de

um grupo de comunicação e está lá, opinando sobre tudo. O legal, às vezes, é você falar mal, ficar criticando. Se você fica só elogiando, isso não gera tanta audiência, né? Se você for pegar os telejornais do século passado, as capas e as notícias dos jornais são sempre ruins: assassinatos, corrupção. Então, só tem notícias ruins. O que acaba acontecendo no jornalismo esportivo é isso. Muitas vezes você criticar, falar mal de alguém, botar um jogador numa situação de vilão é muito mais interessante do que você ficar elogiando e falando que ele é legal, bonzinho, que é um bom jogador.

Repórter: Rafael Brayan

Folha de Decupagem

Editoria: Esportes Tema: Jornalismo esportivo na Internet Data: 11/10/2021

Assunto: Quais foram as mudanças no jornalismo esportivo na era das redes sociais?

Tempo in / out Conteúdo

Rafael Brayan

00:00 – 00:14 Em um trecho específico do seu livro “Jornalismo Esportivo”, de 2003, você ressalta que a internet poderia ter um efeito devastador nas próximas gerações de jornalistas por causa da falta de cuidado com a informação. Você vê essa fala se tornando realidade quase duas décadas depois?

Paulo Vinicius Coelho

00:15 - 05:01 Vamos lá, eu acho que o trecho está atual. Claro que você tem jornais fazendo jornal na internet. Hoje você abrir uma coisa que você não podia fazer naquela época. Eu posso abrir: folha.com.br e baixar a edição do jornal da Folha de São Paulo. E eu acho que no fundo a edição impressa que continua disponível até mesmo com celular, tem uma importância que parece banal, mas que é organizar uma parte. A página do jornal e da revista que hierarquizava a notícia; então você sabia: o que estava em cima era mais importante do que estava embaixo. Mesmo que você pudesse achar uma nota embaixo que te desse uma noção de uma pauta fabulosa, mas em teoria, o que estava em cima era hierarquicamente mais importante, e mesmo para os colunistas, quando você pegava uma coluna do Juca Kfouri escrevendo sobre o Newcastle comprado por um fundo saudita, pelo governo saudita, você sabia do que ele estava falando. Tinha um contexto pelo noticiário. Hoje, as coisas são espalhadas de um jeito que, claro, para os leitores comuns, e talvez a gente pegue no passado, talvez, da quantidade de gente que entra num site hoje; se dez pessoas entram num site, talvez duas fossem na banca comprar o jornal. Desse ponto de vista, é melhor você ter mais gente lendo, mais gente tendo acesso à informação. Por outro lado, você tem muita gente que não tem a cultura da leitura do jornal e da revista, ou seja, o cara entra no meu blog e fala assim: “Por que que esse idiota tá escrevendo isso daqui?”. Porque ele não sabe

Rafael

05:02 – 05:44

Coelho

05:45 – 12:20 quem eu sou e eu viro uma espécie de celebridade do jornalismo – jornalista não é celebridade, jornalista é jornalista – e o cara vai e fala: “Quem é esse PVC que tá falando?”. Ah, porque ele falou que o Neymar hoje não tá na primeira prateleira e quem tá é o Benzema, e ele não vai entender que tem o contexto de uma página daquele dia e naquele dia o Benzema fez quatorze jogos na temporada e dezoito ações de gol, enquanto o Neymar fez dez jogos e quatro ações de gol. E o cara vai determinar: “Isso aqui não tem sentido nenhum!”. Tem sentido dentro de um contexto. Que a pagina ajudava a organizar o noticiário, ajudava a organizar. Hoje, eu acho que a gente está um pouco espalhado, de uma maneira a desproteger o jornalista e, ao mesmo tempo, tem muita gente que entra no noticiário de uma maneira confusa; as redes sociais indicam isso. Tem muita gente que entra no noticiário pra destruir a ideia, e não pra pensar sobre a ideia. Ler a notícia ou ler análise e falar: “Não, eu não concordo com isso”, ou “Não, eu concordo com isso”. Não, você entra pra dizer: “Isso aqui tá errado”. Mas, por que que tá errado, se eu parei, apurei, chequei, rechequei e escrevi? Aí você escreve um texto de um ponto de vista, que a página ajudava a organizar pra te dizer qual é o ponto de vista e porque aquilo está ali. A gente continua precisando ter muita responsabilidade. Como a gente aprendeu, toda mensagem tem um receptor e um emissor; o erro, muitas vezes, pode estar no emissor, eu, por exemplo, posso errar na emissão da mensagem, mas a mensagem muitas vezes não está chegando bem do outro lado, por erro do emissor, e também por má vontade do receptor. E você tá numa guerra em que as redes sociais querem destilar o antissocial, não o social.

É comum hoje ver jornalistas segmentando conteúdo para torcedores de clubes específicos. Como você essa onda de jornalistas-torcedores, aqueles que se tornam porta-voz de uma torcida na imprensa?

Eu vou te dar um exemplo de hoje. A gente fez um programa do Seleção Sport e, porque o jogo do Flamengo foi sábado, o programa teve duas horas e meia e teve dez ou onze minutos de Flamengo. Passou um tempo, um cara mandou uma mensagem falando assim: “Eu fiquei esperando uma hora e meia pra vocês falarem quatro minutos do Flamengo”. Bom, não foram quatro minutos, foram dez ou onze minutos de Flamengo. Tem uma razão de ser isso, né? Que é, o jogo do Flamengo foi no sábado. Hoje é segunda-feira, teve seleção brasileira no meio. Teve a declaração do Neymar, teve a demissão do Felipão, teve o Santos saindo do Rebaixamento, a gente ouviu o Jair, que é jogador do líder do campeonato brasileiro; tem uma série de coisas. O que acontece com esse telespectador que entra no programa de televisão, na TV segmentada, na TV a cabo, e fica bravo porque viu pouca coisa do clube dele? Ele vai pro canal do Youtube do Rubro Negro, Paparazzo Rubro-Negro, sei lá; que vai falar só do Flamengo. Ele quer saber só do Flamengo, beleza; aí a gente pensa no que é isso. Quando você tem jornalistas bons, jornalistas com história, jornalistas sem história, torcedores, gente disposta a caçar clique, todo tipo de gente que tem canais do Flamengo, canais que se relacionam com a torcida do Flamengo. Canais que se relacionam com a torcida do São Paulo, por exemplo. Se eu faço um pós-jogo do São Paulo, ou do Palmeiras, ou do Corinthians, e eu não faço um pós-jogo num canal de Youtube, do Cruzeiro, do Grêmio, do Inter, o meu canal passa a se identificar com o clube que eu estou

Rafael

12:21 – 13:40

Coelho

13:41 – 16:42 fazendo, certo? Digamos que você tenha um grande erro da sua diretoria ou um grande erro da arbitragem a favor do seu clube. E você se relaciona apenas com a torcida do seu clube. Jornalista, em tese, não tem clube, quer dizer, todo mundo tem. Eu costumo dizer – está até no meu livro, eu acho, né? – eu não digo meu time nunca, a não ser quando é relevante, ou seja, toda vez que alguém me pergunta. Nesse caso, é a primeira missão da minha profissão: eu dou informação certa. Se eu digo pra minha comunidade palmeirense, por exemplo: “Olha, o juiz tomou essa decisão” e todo mundo está achando que o Palmeiras foi roubado; mas o Palmeiras não foi roubado, a decisão é certa por causa desse argumento aqui, desse detalhe da regra. Qual é a chance dessa comunidade do meu “clube” não perder ninguém no meio do caminho, de na próxima live, ter mais público do que eu tenho, mais audiência do que eu tenho? É mínima. E eu não estou dizendo com isso que o cara que faz a live do clube vai abrir mão da isenção, mas percebe que tem um dilema. É como no passado, os jornais populares. Tem uma manchete, absolutamente genial, do Notícias Populares, que era um jornal popularíssimo no sentido de que a gente brincava que você ia na banca, pegava o Notícias Populares, espremia e saía sangue. Esse jornal quando, em 92, o Piquet bateu o carro em Indianápolis, e o Piquet precisou fazer uma cirurgia em que o médico retirou carne das nádegas para colocar no pé, que podia ser amputado, e o Piquet teve o pé mantido, não precisou amputar o pé, a manchete do Notícias Populares era: “Piquet dá a bunda para salvar o pé”. Essa manchete eu acho genial porque é um jornal popular e a manchete só tem informação certa; é super filha da puta, mas ela só tem informação certa. Agora, você tinha o dilema de fazer uma capa, uma primeira página de jornal vendedora. Hoje, o dilema desse cara que tem um canal no Youtube é: “Como é que eu vou ser um jornalista isento, lidando com uma multidão enfurecida, que me seguem, não porque me seguem, seguem o meu clube, e esperam de mim que eu tenha noticiário do meu clube?” mas não necessariamente a isenção do jornalista. Então, eu não estou dizendo que não exista a possibilidade de isenção neste caso. Mas percebe que existe o dilema? E o dilema se espalha de um jeito a que, quem faz um programa de televisão que tenta hierarquizar a notícia e, eventualmente, num dia em que o Flamengo jogou duas datas antes, oferece ao noticiário do Flamengo dois minutos em vez de uma hora e dez, o cara entra e fala assim: “Não vou mais assistir o seu programa, porque eu esperei uma hora e meia e você não falou dez minutos do meu clube”.

O meia Everton Felipe, do Sport, revelou recentemente que está com depressão e um fato que pode ter influenciado foi o aumento de críticas nesta temporada.

O jornalista não pode ter ódio. As profissões têm ética; todas elas têm seu código de ética. Vou dar um exemplo banal: se eu fosse médico e discutisse com meu vizinho por causa de uma vaga de garagem por exemplo, e aí, com perdão da expressão, mando o vizinho tomar naquele lugar, e uma semana depois, meu vizinho tem um infarto e a mulher dele bate na minha porta e diz: “Pelo amor de Deus, meu marido tá tendo um infarto” e eu, médico, posso dizer: “Foda-se ele, que ele me ferrou semana passada”? Não posso, não posso medir socorro. Da mesma maneira, o jornalista não tem amigo ou inimigo; jornalista não tem o direito

Rafael

16:43 – 17:29

PVC

17:30 – 20:39 de defender amigo e criticar inimigo, nem tem o direito de, sistematicamente, criticar uma pessoa, porque antipatiza com o trabalho dela. Você tem o direito de analisar, com informação, o que tá acontecendo em cada situação, mas não de sistematizar uma crítica. Isso vira panfletagem, ou seja, você diz todo dia a mesma coisa sobre a mesma pessoa; isso não é jornalismo, isso é panfleto. “Ah, mas o jornalismo nasceu de panfletagem”. Provavelmente, lá no passado, quando o Gutenberg inventou a prensa, muita gente foi fazer política com panfleto na rua dizendo: “Fora governo Dom Pedro II”, mas o jornalismo evoluiu de uma maneira a ele ter se tornado uma profissão que só foi regulamentada no Brasil em 69. E a partir daqui a gente tem um código de ética; e imagina que as pessoas que exerçam a profissão tenham esse código de ética. Eu não posso dizer que o jogador fulano é mau jogador porque ele criticou uma matéria que eu fiz. Não posso, eu não tenho esse direito. Então o jornalista não tem, eticamente, o direito de participar da cultura do ódio, de amplificar a cultura do ódio. A cultura do ódio já está nas redes sociais, eu não tenho direito de amplificar isso; eu tenho o dever de dar informação e fazer análise, de preferência com base na informação que eu apurei. E se você tiver esse cuidado, é banal trabalhar certo e com honestidade. A gente vai fazer direito, vai acertar e errar; todo mundo acerta e erra.

Existe uma onda do jornalismo que tenta estudar o impacto de palavras como “vergonha”, “vexame” e outras que são utilizadas em derrotas no futebol. Qual é a sua visão sobre a utilização de termos tratados até como agressivos na análise de jogadores, treinadores?

Eu tive um diretor, que era o Paulo Nogueira – eu mal conheço o Paulo Nogueira, porque na verdade ele era diretor de um grupo de revistas, então ele era diretor do meu diretor – mas tinha uma época em que ele dizia e obrigava que a gente não escrevesse verbos que pensam. Então quando você escrevia uma aspa, você tinha que escrever “diz”, ou “afirma”. Eu acho isso uma radicalização perigosa, mas, de fato, isso era um ponto positivo na comparação com verbos que pensam, tipo “insinua”: “Felipão sai do grêmio e diz: ‘Rafinha é um líder’, ironiza”. Por que que ele tá ironizando? Da onde eu tirei que ele tá ironizando? Nesse ponto de vista, ele afirma, ou ele diz. Eu não posso determinar que é uma ironia, no noticiário eu não posso. Em uma coluna de opinião eu posso dizer: “Felipão ironizou a situação de Rafinha que liderou o movimento de vestiário do Grêmio, blá blá blá”. Vexame é uma palavra muito subjetiva, de fato, mas é difícil evitar em algumas situações. Quando você disser: “O Brasil foi eliminado da copa do mundo por Bangladesh”, como chama isso? Aí você vai dizer: “Ah não, não é vexame. Bangladesh pode ter virado a melhor seleção do planeta, e não é vexame”. “Brasil perde Copa América de 2001 para Honduras”, como chama? Vergonha, vexame, derrota? Eu não acho que nesse caso a palavra “vexame” está mal empregada, acho que a gente precisa ter cuidado com a aplicação das palavras. Jornalismo não é ciência exata, não vai ser exata, vai exigir responsabilidade. É como o médico que só lê exame. Você lê o exame e o cara diz: “O exame diz que você tá com câncer”, mas eu conheço um amigo meu que é médico que estava desconfiado do pai dele tá tendo um infarto. Daí ele abraçou o pai por trás, pôs a mão no coração e falou: “Vamos no hospital”. Medicina é ciência, não totalmente exata. Ele pôs a mão no cara e falou “É infarto,

Rafael

20:40 – 21:58

PVC

21:59 – 25:17

Rafael

25:18 – 25:59 vamos embora”, e salvou a vida do pai dele. Então têm coisas que estão no meio do caminho, vão continuar no meio do caminho. Acho que a palavra-chave é compromisso e responsabilidade.

Barbosa e Thiago Silva são casos bastante citados como “vilões que foram potencializados pela imprensa”. Como você vê a influência do jornalismo esportivo na criação de vilões no futebol?

Então, eu acho que isso hoje está muito perigoso, da gente trocar e misturar coisas que podem estar misturadas e talvez não estejam. Por exemplo: eu não acho que foi a imprensa que catalogou o Barbosa. Assim, Barbosa voltou a jogar na seleção brasileira, muita gente não sabe disso. O Barbosa foi condenado a vida inteira. O Barbosa tem uma frase maravilhosa aqui, que é: “A pena mais alta do Brasil é trinta anos e eu já sou condenado a cinquenta”. Só que o Barbosa foi condenado até um ponto, porque ele voltou a ser convocado para a seleção brasileira. A gente sempre se lembra do Barbosa do gol de 1950, mas a gente sabe que o Barbosa foi um grande goleiro. O Barbosa foi o goleiro do Expresso da Vitória. É muito mais específico o conhecimento do Expresso da Vitória. Mas quando você se refere ao Vasco, campeão do torneio dos campeões de 48, campeão carioca de 45, 47, 49, 50, você fala: Barbosa, Augusto, Rafanelli, Eli, Danilo e Jorge, Maneca, Ipojucan e Chico; você vai contar a história do time e vai começar pelo Barbosa que foi um grande goleiro. E ele voltou à seleção. O Thiago Silva é mais fácil de determinar. Porque o Thiago Silva, se ele vai pra quarta copa do mundo, ele não foi condenado na segunda. Ele tem um episódio na segunda Copa do Mundo dele que é muito lembrado. Mas se ele fosse condenado, ele não voltaria à seleção brasileira, pra jogar duas copas do mundo depois. Ele não seria o campeão da Champions League pelo Chelsea, finalista da Champions League pelo Paris Saint-German. Então o Thiago não foi condenado. Eu acho que tem um aspecto que é da biografia de todos nós. Felipão saiu do Grêmio agora; vai ficar catalogado como um fracasso do Felipão no final da carreira dele; no final da carreira dele, ele foi campeão brasileiro pelo Palmeiras. Na carreira do Felipão, ele foi campeão do mundo de 2002 e tomou 7x1 da Alemanha. Vicente Feola, morreu triste. Depois do fiasco da copa do mundo de 66, a única copa que o Brasil caiu na fase de grupo, a casa do Feola é apedrejada. Jogaram laranja, tomate, ovos... e ele morreu triste. O Feola é o que? O Feola é o campeão do mundo de 58, e o técnico da derrota, do fiasco de 66. Ele é as duas coisas. Você não precisa catalogar o Feola: “Feola, técnico do fiasco de 66”, mas você sabe. O Felipão é mais catalogado como técnico do 7x1 do que o Feola em 66. Mas tanto o Felipão quanto o Feola são os técnicos de um título mundial e de um fracasso em copa. São as duas coisas. Eu sou o marido da Adriana, o pai do João Pedro e jornalista do SporTV. Tudo isso faz parte da minha história.

Como colunista, o que você tem em mente sobre os possíveis problemas na hora de textualizar a sua opinião? Há uma tentativa de evitar essa ridicularização do jogador, do técnico, etc.?

PVC

26:00 – 29:31 A gente sempre tenta escolher a palavra, mas a gente tem pressa. Fechamento é rápido. Outro dia escrevi uma coisa e fui salvo pelo meu filho e pelo meu editor, porque eu escrevi que a atuação contra a Venezuela foi a mais negra da história do Tite na seleção. E aí você vai dizer: essa visão foi racista. Eu não fui racista ao escrever isso, mas eu podia ter evitado escrever isso. E rapidamente a gente substituiu a palavra e resolveu o problema. Então se criou um problema. Mas eu errei na escolha da palavra? No ponto de vista de hoje, sim. É como você dizer: a noite está escura. Não quer dizer que você está sendo racista por dizer que a noite está escura. Tem coisas que a gente foi criado de um jeito que denota o racismo, e outras não. Hoje eu estava discutindo... A Gabriela Ribeiro falou que evita falar palavras como “porrada” e “sacanagem”, e eu falei: “porrada eu evito, mas sacanagem não”. “Por que sacanagem?”, eu perguntei pra ela. Ela falou: “Porque remete a sexo”. Aí eu falei: “Não, sacanagem não remete a sexo. No fundo, essa sacanagem tá na sua cabeça”. Aí eu fui ver a origem da palavra “sacanagem”. Dava “traiçoeiro” ... não tinha nada com sexo. O cara sacana é um cara que faz cambalacho, um cara que faz picaretagem. É um cara que faz sacanagem. A origem da palavra não tem nada a ver com sexo. Eu nunca associei sacanagem a sexo, e ela associa a sexo. Mas a origem da palavra não é associada a sexo. Aí também tem a questão do receptor e do emissor. Sempre falei “sacanagem” numa boa porque “sacanagem” é uma gíria, não é um palavrão. “Porrada” eu não gosto, porque “porrada” vem de “porra”. Então eu prefiro não falar no ar, embora tenha virado gíria. Muitas vezes as pessoas falam “porrada” no ar. O Zebini na Fox odiava que se falava “porrada”. Eu não gosto também de falar “porrada”. Prefiro falar: “deu uma pancada”. A gente tenta escolher palavras certas. Às vezes a pressa atrapalha; às vezes, a compreensão não é exatamente aquela que você quis dar; às vezes, o receptor não conseguiu entender; às vezes, o receptor entende uma coisa que não está escrita. Volta e meia, às vezes eu respondo para gente no Twitter: “Cara, leia só o que está escrito”. Aí você fala assim: “Não, você falou que o Palmeiras foi covarde contra o Bragantino”. Eu não falei isso, eu falei que ele jogou defensivamente. “Não, mas está implícito no seu texto”, aí eu falei: “Desculpa, não está escrito ‘covarde’, eu não escrevi essa palavra. Leia o que está escrito, não lê o que você acha que está escrito”. Então tem uma série de circunstâncias no meio disso. A gente tem que escolher palavras, e a gente vai acertar e errar, como qualquer profissão. O médico também erra o remédio que ele vai me dar.

Repórter: Rafael Brayan Alves Penna

Diário de campo

A base do trabalho teve início em 2020 durante pesquisas e leituras sobre o jornalismo esportivo e a sua relação com a internet. Como usuário assíduo do Twitter, notava como as publicações de jornalistas com um número grandes seguidores acabam formando opinião – e como isso era prejudicial em caso de críticas pesadas aos jogadores.

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