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4.3. O dilema da isenção no jornalismo segmentado de clubes

profissão, o público tende a enquadrar os likes dos jornalistas nas redes sociais como uma recomendação de determinado assunto, comentário, personalidade ou causa. (MATEUS, 2014)

Mateus (2014) ressalta que “jornalistas e audiência estão hoje perante um novo contexto comunicacional onde a linha que separa os domínios pessoal e profissional é muito tênue”. Existe um grande risco ao profissional que se utiliza de apenas um perfil nas redes sociais, mesclando publicações pessoais e profissionais, se comunicando no mesmo espaço com amigos, familiares, fontes e público consumidor. O Grupo Globo ressalta ainda, em seus Princípios Editoriais, que toda rede social é potencialmente pública. O jornalista tem a sua atividade pública relacionada ao veículo para o qual trabalha.

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Se tal atividade manchar a sua reputação de isenção manchará também a reputação do veículo. Isso não é admissível, uma vez que a isenção é o principal pilar do jornalismo. Perder a reputação de que é isento inabilita o jornalista que se dedica a reportagens a desempenhar o seu trabalho (GLOBO, 2011).

4.3. O dilema da isenção no jornalismo segmentado de clubes

Atualmente, plataformas de publicação de conteúdo em vídeo, como Twitch e Youtube, estão tirando jornalistas renomados das grandes emissoras de televisão. Um grande caso foi a saída do Mauro Cezar Pereira da ESPN Brasil em 2021, após a empresa, comprada pela Disney Media, exigir em contrato a exclusividade de conteúdo no site e no canal da organização - o que impossibilitaria a produção de conteúdo em vídeo para outras redes sociais. O motivo para essa briga maior entre redes sociais e emissoras foi a liberdade na produção de conteúdo, a valorização do nome do jornalista como uma marca própria, recebendo patrocínios e recebendo um público de fãs, além da rentabilidade financeira de acordo com a sua audiência nas plataformas. Isso atraiu jornalistas que foram preenchendo os espaços com potencial de crescimento de audiência nas redes sociais. Um deles foi o conteúdo segmentado por clubes, como o feito pelos são-paulinos e também ex-funcionários da ESPN, Eduardo Tironi e Arnaldo Ribeiro, no canal Arnaldo e Tironi, no Youtube, com mais de 179 mil inscritos. Hoje funcionário do Grupo Globo, que também exige a exclusividade de conteúdo dos funcionários, Coelho (2021) reconhece a importância desses canais jornalísticos mais segmentados. Um exemplo citado pelo jornalista na entrevista foi que, em vez de um programa geral sobre futebol, em que se fala pouco sobre cada clube – seguindo a regra de hierarquização de notícias –, o torcedor pode preferir ir no Youtube ou na Twitch para assistir a um vídeo focado em seu clube.

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