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3.3. The Guardian e o grande teste do jornalismo na internet

canais de comunicação. Porém, segundo Bruns (2011), eles têm condições de participar do acompanhamento e da observação do que passa por esses canais. Com fontes múltiplas envolvendo uma multidão de usuários com interesses diversos, é possível tratar uma gama maior de temas, além de haver um destaque maior de matérias com valor potencial como notícias (BRUNS, 2011, p. 124).

3.3. The Guardian e o grande teste do jornalismo na internet

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Em junho de 2009, o jornal britânico The Guardian foi o responsável pelo primeiro grande teste da utilização da Web e do público na internet como auxiliar na revisão de informações em massa. No caso, um banco de dados com quase meio milhão de documentos de despesas dos membros do Parlamento Britânico foi ao ar. Todas as informações disponibilizadas no site do The Guardian foram revisadas pelo menos superficialmente nas primeiras 80 horas na internet. Além disso, mais de 50% dos usuários participavam ativamente da análise dos documentos (ANDERSEN, 2009, apud BRUNS, 2011). Essa nova experiência marcou “uma nova fase no relacionamento em evolução entre os jornalistas e as suas audiências”, segundo Bruns (2011).

3.4. Gatekeeping e a relação com filtro-bolha

Segundo Recuero (2009, p. 11), “as redes sociais vão atuar com um duplo papel informativo: como fontes, como filtros ou como espaço de reverberação das informações”. Assim, o consumidor passa a ser também um produtor de conteúdo na internet, em uma era que é marcada pela grande quantidade de informações difundidas rapidamente. Na era das redes sociais, o gatekeeping passa a ter grande relação com o conceito de filtro-bolha, criado em 2011 pelo executivo Eli Pariser. Os algoritmos de sites como Google, Instagram, Twitter e Facebook passam a definir quais conteúdos aparecerão para os leitores de acordo com os seus interesses. Essa separação acontece de acordo com os cliques, acessos, compartilhamentos e os interesses dos amigos com mais interações. Isso, portanto, passa a criar bolhas, grupos separados por interesses e cada vez mais individualizados.

O Twitter é um grande caso desse fenômeno social na internet. A aba “Para Você” (Imagem 1), por exemplo, indica os assuntos mais importantes do momento e que são do interesse de cada usuário.

Imagem 1 - Página “Para Você” no Twitter

Apesar do conceito de filtro-bolha (também chamado de câmaras de eco) ter se difundido entre pesquisadores, há quem discorda dessa visão. Bruns (2019) diz que “esses grupos sempre existiram na sociedade, e a sociedade evolui por meio da interação e da competição entre eles – não há necessidade de criar novas e mal definidas metáforas como “câmaras de eco” e “filtros-bolha” para descrever isso”.

Essas metáforas não são simplesmente estúpidas, mas absolutamente perigosas: elas criam a impressão, primeiro, de que há um problema e, segundo, que o problema é causado de forma significativa pelas tecnologias que usamos. Essa é uma perspectiva explicitamente determinista tecnologicamente, ignorando o elemento humano e assumindo que somos incapazes de moldar essas tecnologias às nossas necessidades. (BRUNS, 2019).

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