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4.1 Análise de três infográficos da revista eletônica AzMina

relação a este aspecto, a relevância da comunicação, da linguagem textual e visual se encontra presente no processo educativo (BEZERRA, 2010, p.18).

4.1 Análise de três infográficos da revista eletrônica AzMina

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Na matéria publicada no dia 27 de novembro de 2017 pela revista eletrônica AzMina, intitulada de “Violência contra mulher: O pedido de socorro que vem do celular”, abordou o auxílio de aplicativos para a prevenção do crime. Na postagem nos deparamos com o seguinte infográfico:

Figura 1 - Dados da violência contra a mulher no Brasil

Fonte: Revista AzMina (2017).

Desenvolvido pela revista eletrônica AzMina, o infográfico em questão mostra os resultados da pesquisa feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança e Data Folha sobre o estado da violência contra a mulher no Brasil. Nele podemos observar uma brilhante composição jornalística digital, que informa rapidamente para os leitores os números alarmantes deste crime no país, prendendo suas atenções através de elementos gráficos e textuais de grande impacto, que imprimem de modo indireto, mas de fácil absorção do público, a identidade intelectual e visual da revista. A escolha de fundo, um azul escuro

de tom mais frio, passa a mensagem de seriedade e uma sensação sombria. Os números são destacados de vermelho vivo, assim como outros os detalhes (setas e linhas) e se fundem propositalmente aos respingos de “tintas” espalhados na imagem, simbolizando sangue, o que contextualiza muito bem com o tema de violência apresentado. A escolha da fonte torna os dados perfeitamente legíveis e a cor azul claro atrás das letras brancas remetem ao wordmark da revista eletrônica AzMina. Vemos então que a construção desse artificio visual em AzMina não existe apenas para enriquecer suas matérias e reportagens, mas também para alcançar uma linguagem que torne seu conteúdo feminista mais inclusivo, a fim de que as notícias que divulguem a importância da causa e o motivo dessa frente de luta a favor das mulheres sejam completamente entendidas e abraçadas, até mesmo por aqueles que desconhecem o feminismo e o seu movimento social. Essa ideia de agregação feminista é defendida por Hooks (2018, p. 3):

Vamos fazer camisetas e adesivos para o carro e cartões-postais e música hiphop, comerciais de TV e rádio, anúncios em todos os lugares e outdoors e todas as formas de material impresso que fale para o mundo sobre feminismo. Podemos compartilhar a simples, porém poderosa, mensagem de que o feminismo é um movimento para acabar com a opressão sexista. (HOOKS, 2018, p. 3).

Em 4 de março de 2020, a revista AzMina publicou mais uma importante reportagem sobre a violência contra mulher. O título apresentava a seguinte chamada: “Pra gente não funciona: Mulheres indígenas e a Lei Maria da Penha”. Também compartilhava uma obra infográfica. Veja:

Figura 2- Jornada da mulher indígena para denunciar o agressor

Fonte: Revista eletrônica AzMina (2020).

Dessa vez o processo criativo da revista AzMina para a realização deste infográfico concentra-se em conceito visual mais elaborado, no intuito de minuciar as informações compartilhadas na reportagem. A escolha das paletas de cores é claramente uma referência ao design da revista, que possui diferentes tons de azuis e verdes, sendo o último quase sempre puxado para o neon. O foco agora é dedicado as ilustrações, que juntamente com os textos, narram de modo elucidativo a jornada das mulheres indígenas até a delegacia e os trâmites necessários para execução do Boletim de Ocorrência, possibilitando que seus leitores tenham uma boa noção das dificuldades que essas mulheres enfrentam quando precisam denunciar seus agressores. O apoio do infográfico dialoga extraordinariamente bem com a reportagem deste caso, e novamente vemos mais uma atividade feminista em ação. O intuito é de sensibilizar os leitores para a condição das mulheres indígenas, vítimas de violência, que encaram diversos problemas regionais e financeiros para conseguir exercer seu direito de proteção garantido pela Lei Maria da Penha. De acordo com Hooks (2018, p. 24) “um grande número de mulheres simplesmente perdeu a noção de sororidade”, e o uso desse infográfico mediante ao conteúdo jornalístico da revista AzMina é um relevante gatilho social que alerta a população feminina para outras realidades vividas pelas mulheres brasileiras, resgatando uma fiel sororidade.

Publicado no dia 23 de novembro de 2021, o infográfico abaixo faz parte da reportagem nomeada de “Mulheres jornalistas recebem mais que o dobro de ofensas que os colegas homens no Twitter”, que denuncia a misoginia nas redes sociais:

Figura 3 - Jornalistas mulheres são atacadas no Twitter

Fonte: Revista eletrônica AzMina (2021).

Com tons vibrantes e ilustrações coloridas, a ideia desse infográfico é óbvia: chamar a atenção dos usuários nas redes sociais para a informação a respeito da misoginia virtual, divulgada pela revista AzMina. Os dados oferecidos sucintamente por ele demonstram o quanto os discursos misóginos estão presentes na nossa sociedade, inclusive na vida profissional, e o quanto as mulheres são os principais alvos deles. Detectamos as problemáticas de um machismo estrutural, enraizado na nossa cultura, que diminui e despreza a existência feminina. Em um ofício ainda predominante masculino, é assustador que jornalistas mulheres sejam as mais atacadas em suas redes sociais, maiormente, aquelas que trabalham em coberturas políticas. Enquanto isso seus colegas homens conseguem desfrutar a plataforma digital com mais sossego. É isso que a revista eletrônica AzMina denuncia por meio deste infográfico, o machismo e a misoginia altamente propagados no ciberespaço e o incomodo coletivo por mulheres protagonizarem cargos de visibilidade pública. SegundoUcelli (2019) “Hoje, mesmo com a evolução da sociedade e muitos estigmas quebrados, tanto machismo quanto a misoginia ainda correm soltos, porém ambos são abafados, gerando uma sensação d que vivemos em mundo quase sem preconceitos. ”.

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