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2.2.1. OS SUPER-HERÓIS NOS QUADRINHOS
nos antigos heróis gregos e suas aventuras e triunfos em batalha, como modelos de comportamento, que guiam as massas. Enquanto o super-herói surge da luta efetivamente do bem contra o mal, dos superpoderes e da coragem para proteger os fracos e indefesos.
2.2.1. OS SUPER-HERÓIS NOS QUADRINHOS
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Antigamente, acreditava-se que as fontes de inspiração para a criação dos super-heróis apoiavam-se somente nas diversas mitologias existentes, bem como nos arquétipos dos heróis. Mas segundo Viana (2020), os super-heróis como os conhecemos, com suas características físicas, morais e intelectuais, são produtos da sociedade moderna. Isto quer dizer, que os super-heróis são frutos da evolução histórica, da sociedade e dos meios de comunicação em massa A medida em que são evoluções dos heróis em quadrinhos já existentes como Dick Tracy, Flash Gordon e Tarzan, que abrem caminho para o fantástico, também são reflexos dos desejos dos homens se tornarem mais poderosos, de fatos históricos como guerras mundiais, até avanços tecnológicos que trazem toda uma gama de possibilidades e preocupações relacionadas a limites e regras. Como exemplo desses produtos podemos citar aqui, além da criação do Superman, o Capitão América, que tem sua origem ligada a Segunda Guerra Mundial, Homem de Ferro e Batman com inteligências acima do normal e tecnologias de ponta. Mitologias na criação de Thor, Namor e Mulher-Maravilha, além das experiências e acidentes científicos que podemos ver em Hulk e Homem-Aranha. Dito isso, temos que as criações, aparições e histórias dos super-heróis nos quadrinhos foram divididas em eras, pois as características de cada uma delas tinham influência dos aspectos e transformações que a sociedade passava ao longo do tempo. A era de ouro, que vai desde 1938 até 1956, traz consigo a criação do gênero da superaventura com os super-heróis clássicos. Vale ressaltar aqui que as revistas traziam mais violência e os histórias mais brutais. Nesse período também temos o surgimento das principais editoras de quadrinhos dos EUA, DC e Marvel, não ainda com estes nomes. Com o sucesso de Superman, temos aqui as criações de Batman,
Mulher-Maravilha, Flash, Lanterna Verde e o primeiro super-herói da Marvel Capitão América, que já surge dando um soco na cara de Hitler na capa
Fig. 7 - Captain América Comics. Fonte: Site Quadrinheiros - Era de Ouro.
Em 1956, em virtude da criação da CCA (Comics Code Authority), uma entidade de censura aos quadrinhos e as quedas nas vendas, a DC Comics decide fazer uma reformulação do personagem Flash, passando a identidade secreta do herói de Jay Garrick para Barry Allen. Esse novo alter ego do super-herói era um policial científico e havia ganhado os poderes ao ser atingido por um raio, trazendo assim um tom mais tecnológico e de ficção científica a história, despertando novamente o interesse do público e sem problemas com a CCA. Era o início da era de prata dos quadrinhos.

Fig. 8 - CCA e Flash de Barry Allen. Fonte: Site Quadrinheiros - Era de Prata2 .
A era de prata foi marcada pelo CCA em vigência, dessa maneira, ela pode ser chamada da era em que os super-heróis não matam, da inocência, e tem as histórias mais surrealistas; e da já mencionada ficção científica. Outros heróis são reformulados como Lanterna Verde, onde o novo alter ego do herói Hal Jordan agora é um piloto que ganha seus poderes graças a um anel. Aqui temos a criação da Liga da Justiça, também reformulados da então Sociedade da Justiça. Nesse período, a Marvel cria o Quarteto Fantástico, Hulk, Thor, Homem de Ferro, e aquele que viria a se tornar o herói mais popular da editora nas palavras de seu criador Stan Lee, o Homem-Aranha, um herói que ganha seus poderes quando é picado por uma aranha radioativa. Apoiando assim, a maioria das origens destes super-heróis na ficção científica.
2 https://quadrinheiros.com/2015/04/08/a-historia-das-historias-em-quadrinhos-a-era-de-prata/

Fig. 9 - A era de prata com Liga da Justiça, Quarteto Fantástico e Vingadores. Fonte: Site Quadrinheiros - Era de Prata.
Mas no final da década de 60, as simples Histórias de bem contra o mal, de fácil identificação de quem é o Vilão, já não refletiam os problemas que o mundo e a sociedade passavam, os problemas eram muito mais complexos e não tinham facilmente identificáveis. Dessa maneira, como sempre, os quadrinhos começaram a debater temas como drogas e preconceitos. Temos aqui o início da era de bronze, a era realista. E o marco inicial dessa era é a série de quadrinhos em que o Arqueiro Verde e o Lanterna Verde, iniciadas em 1970, enfrentam problemas políticos e sociais em suas aventuras pelos EUA. Alinhado a isso, em 1971, uma revista do Homem-Aranha que também debatia o uso de drogas, é proibida pela CCA de ser veiculada, porém Stan Lee e Martin Freeman decidem publicar mesmo assim, sendo um sucesso e gerando uma série de críticas ao Code Comics Authority, que acaba sofrendo uma revisão e tendo um afrouxamento das regras de censura. O que abre caminho para mais histórias realistas, além de voltar a permitir personagens sobrenaturais, por exemplo. Surgem aqui o Motoqueiro Fantasma, da Marvel e Monstro do Pântano, da DC. É durante a era de bronze que vemos que as coisas podiam dar errado para os super-heróis, e que eles podiam falhar. Também temos aqui o Capitão América largando o uniforme, por desacreditar no governo dos EUA. Temos o surgimento de Luke Cage, dos guetos de Nova Iorque e Pantera Negra, de um país fictício na África, ambos inspirados através dos movimentos negros que eclodiam principalmente nos EUA na época. Todas as histórias debatiam temas complexos, além das editoras se preocuparem em investir na diversidade para criação de novos heróis.

Fig. 10 - Lanterna e Arqueiro Verde, Homem-Aranha sem o selo da CCA, e Luke Cage. Fonte: Site: Quadrinheiros - Era de Bronze3 .
Fig. 11 - Pantera Negra e os X-Men, de diversos locais do mundo.

Dessas Histórias, cada vez mais próximas dos temas da realidade, mais complexas e violentas, além da sociedade estar vivendo o mundo próximo do fim da guerra fria. Os super-heróis começaram a olhar cada vez mais para si mesmos, seus problemas e conflitos, alguns sucumbindo à violência gratuita, alguns maníacos, outros até mesmo se tornando anti-heróis. Tudo isso apoiado na qualidade gráfica de novos Quadrinistas que surgiam. Iniciando assim a era de ferro, que vai de 1986 até 1994, ou a chamada era moderna dos quadrinhos. Temos aqui a Crise nas Infinitas Terras, da DC, que reorganiza o universo dos super-heróis, matando diversos personagens, sendo o mais icônico deles Barry Allen, o Flash que havia dado início a era de prata. O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, que traz um Batman de meia-idade maduro, com todo o peso de perdas
3 https://quadrinheiros.com/2015/10/13/a-historia-das-historias-em-quadrinhos-a-era-de-bronze
e arrependimentos, sua brutalidade em face aos vilões, os diálogos adultos e realidade dos temas tratados na história. Todas são características que ratificam o que foi a era de ferro dos quadrinhos. Outros exemplos são vilões mais agressivos surgindo, sobretudo nos traços físicos, com braços largos e veias saltadas. Nessa escalada, já na década de 90, podemos ainda destacar duas sagas da DC: A Morte do Superman, que sucumbe numa luta contra o vilão Apocalipse, mostrando as consequências de um mundo sem o herói; e em A queda do Morcego, que mostra o vilão Bane quebrando a coluna do Batman. Curiosamente ambas as sagas foram retratadas no cinema. Podemos ver a morte e ressurreição do Superman em Batman vs Superman: A Origem da Justiça, de 2016 e A Liga da Justiça, em sua primeira versão, em 2017. Bem como a derrota do homem morcego é vista em Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, de 2012.

Fig. 12 - A morte do Superman e Bane quebrando a coluna do Batman. Fonte: Site Quadrinhos - Era de Ferro4 .
A partir de 1994, temos a chamada era da renascença, ou pós-moderna, dos quadrinhos de super-heróis, e que perdura até os dias de hoje. Ela é marcada pela nostalgia, e traz de volta o conceito dos Super-Heróis como modelos de esperança, com tons de inocência e do clima fantástico, mas construídos numa narrativa madura e sem brutalidade. Além da reconstrução de alguns conceitos estabelecidos em outras eras. Tendo como referência principal a era de prata, os editores buscam uma releitura das histórias.
4 https://quadrinheiros.com/2018/04/05/a-historia-das-historias-em-quadrinhos-a-era-de-ferro/