eSalpicos 3 209-2010

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Ano III - Nº 3

Junho 2010

Jornal da Escola Secundária/3 de Amato Lusitano

Editorial Comemora-se este ano o centenário da Implantação da República em Portugal. Este foi um momento alto e profícuo da nossa existência enquanto Nação independente. A velha ordem de uma classe, a nobreza, aliada a outra classe, o clero católico, foi substituída por uma nova ordem, a ordem Republicana, a República. Um sem número de instituições foram abolidas ou substituídas, sem que esta substituição significasse apenas simples mudanças de nome. Os velhos privilegiados, nobres e padres, passaram a ser meros cidadãos, perante um Estado, em termos legais, livre, isento e igualitário. O velho sistema jurídico-legal, que sustentava a Monarquia, foi modificado, por forma a acolher nos seus novos textos, a Igualdade, a Liberdade e a Fraternidade. Foram estes os princípios que enformaram a nossa República, onde todos devemos ter um papel activo e determinante. A crise global que atravessamos, em que é consensual a absoluta necessidade de reafirmação e emergência dos valores da ética e da moral, exige de todos muita sabedoria, coerência e empenho que deverá ser expresso através de uma acção na sociedade, com a novidade, a inovação, a imaginação alicerçadas em novas bases de organização jurídica, económica e social. São estes princípios que é essencial ensinar na escola e transmitir aos jovens para que, com o imprescindível conhecimento, possam desenvolver-se como cidadãos conscientes e responsáveis, de forma a poderem responder aos desafios que a sociedade de hoje lhes apresenta. João Belém

Salpicos da Res Publica

da música

Breve história da Portuguesa Pág. 2

da imaginação

crónicas... traços... escritas... Págs. 6 e 7

da República

A República em Castelo Branco Pág. 11

da biblioteca

A Res Publica se abriu em Outubro e em Abril Em ambos a flor floriu Em pétalas mais de mil!

República de Leitores Pág. 13

Com o apoio do

Jornal Reconquista

Escola S/3 de Amato Lusitano Av. Pedro Álvares Cabral 085-6000 Castelo Branco Tel. 272339280 Fax. 272329776 E-mail: ce@esal.edu.pt www.esal.edu.pt


da música

Breve história

A Portuguesa

Ecos do Rock in Rio

do nosso propósito … Neste número do eSalpicos, apresentamos uma síntese do último dia do Rock in Rio Lisboa. No momento em que se assinalam os 100 anos da República, deixamos ainda uma breve história do hino de Portugal. Alexandre Aparício e Daniel Figueiredo, 11.ºB

Ficha Técnica Direcção Prof. Conceição Neves Prof. Etelvina Maria Prof. Hélder Rodrigues Prof. Hermínia Pombo Prof.Raquel Afonso Prof. Rui Duarte

Colaboradores Oana Gabriela, 9.ºB Edgar Conceição, 10.ºA João Silva, 10.ºA Pedro Ferreira, 10.ºA Alexandre Aparício, 11.ºB Daniel Gouveia, 11.ºB António Lopes, 11.ºG Gabriela Barroso, 11.ºG Heloisa Faustino, 12.ºB João Martins, 12.ºB Inês Gouveia, 12.ºE Ana Oliveira, 12.ºF Luís Leão, 12.ºF Luís Lopes, 12.ºF Pedro Alves, 12.ºF Regina Dias, 12.ºF Rui Freire, 12.ºF Sónia Gonçalves, 12.ºF Susana Mendes, 12.ºF Vânia santos, 12.ºF Prof. Célia Prata Prof. João Belém Prof. Helena Pinho Prof. Luís Ascensão Prof. Natércia Belo Prof. Vítor Ângelo Grupo disciplinar de História

30 de Maio foi o último dia da edição deste ano do Rock In Rio, em Lisboa e ficou marcado por uma invasão de preto no recinto. Embora tenha sido o dia menos concorrido do festival – “apenas” 36 mil pessoas - foi também o dia ideal para todos os apreciadores de Metal. A primeira banda da noite, os Soulfly, actuou durante uma hora. Ouviram-se clássicos dos Sepultura (banda que o vocalista, Max Cavalera, abandonou em 1996), como “Roots Bloody Roots”, êxitos actuais do grupo, tendo-se assistido à exibição de um dos filhos de Cavalera no controlo da bateria. Os Motorhead foram os senhores que se seguiram. O espectáculo desta lenda do rock n’ roll foi inesperadamente interrompido por problemas técnicos, que impediram Lemmy Kilmister e companhia de tocarem a primeira música. Depois das devidas desculpas ao público, a festa continuou com um verdadeiro desfile de êxitos rock, como “Overkill”, “Rock Out” e o inevitável “Ace of Spades”. De lenda viva em lenda viva, os Megadeth também não desiludiram. Dave Mustaine, o vocalista que não aposta na interacção com o público, estava, até, relativamente falador.

“Trust” foi o primeiro clássico a ouvirse na Bela Vista, a que se seguiu “In My Darkess Hour”. “Tout Le Monde”, “Symphony of Destruction” e a aclamada “Peace Sells” foram as últimas músicas a ecoar na Cidade do Rock antes da grande entrada dos Rammstein que foram as estrelas da noite. A eleição da banda alemã para cabeça-de-cartaz de um dia de concertos que contava com Megadeth e Motorhead deixara alguns espectadores confusos e boquiabertos, mas, rapidamente, a actuação artística dos Rammstein justificou a escolha. Foi dos melhores espectáculos a que já assistimos. Na verdade, esta actuação foi imprópria para cardíacos, devido aos muitos músicos que disparavam fogo pela boca ou pegavam fogo a um roadie, às luzes verdes intermitentes, ao fogo-de-artifício a aparecer de todos os lados e a muito, muito headbang. O festival continuou durante mais algum tempo na Tenda Electrónica e o final do concerto foi marcado pelo fogo-de-artifício. A festa continua em Madrid, onde o evento se realiza a 4, 5, 6, 11 e 14 de Junho e conta com nomes como Bon Jovi, Rihanna, Rage Against the Machine e Metallica.

“A Portuguesa” foi composta em 1890, com letra de Henrique Lopes de Mendonça e música de Alfredo Keil, e utilizada desde cedo como símbolo patriótico. Basta lembrar que esta canção já aparecia como a opção dos republicanos para hino nacional no 31 de Janeiro de 1891, tentativa falhada de golpe de Estado que pretendia implantar a República em Portugal. Como é sabido, torna-se o hino nacional português após a vitória republicana, em 5 de Outubro de 1910. “A Portuguesa” teve originalmente um refrão diferente — onde hoje se diz “contra os canhões”, dizia-se “contra os bretões”, ou seja, os britânicos. De facto, este tema nasceu como canção de cariz patriótico em reacção ao Ultimato inglês que exigia a retirada das tropas portuguesas de alguns territórios em África, rejeitando, assim, a proposta que Portugal tinha apresentado com o “Mapa cor-de-rosa”. Em 1956, o governo nomeou uma comissão encarregada de estudar uma versão oficial de “A Portuguesa”, uma vez que se multiplicavam versões do hino. Essa comissão elaborou uma proposta que seria aprovada em Conselho de Ministros a 16 de Julho de 1957, mantendo-se o hino inalterado deste então.

Uma caminhada que agora chega ao fim... Três anos… Parece que foi ontem que chegámos à escola onde iniciámos uma nova fase da nossa vida. Podemos estar no final do 12º ano mas nenhum de nós, com certeza, se esqueceu daqueles primeiros tempos e de como o fim da escola secundária nos parecia tão longínquo. Naquele primeiro dia de aulas deparámos com colegas novos, algumas caras conhecidas mas, no fundo, tudo diferente: a escola, os alunos, os professores. Entrar numa nova escola foi como entrar numa casa que não era a nossa. Uns irrequietos, outros curiosos, alguns tímidos, outros nem tanto.. Nas primeiras aulas, os professores também todos diferentes: uns sérios, outros rígidos, alguns descontraídos e ainda havia os brincalhões que se metiam connosco por causa das “pinturas tribais” (ninguém escapou às praxes). No fundo, todos eles foram essenciais, tanto na nossa aprendizagem como na nossa vida e crescimento, apoiando-nos e motivando-nos a dar sempre o nosso melhor. O 10.º ano foi um ano de reconhecimento, de aprendizagem e de adaptação. No 3.º período, a pauta não deixou dúvidas sobre quem tinha sobrevivido a este primeiro ano. Chegou o 11.º ano e com ele mais transformações: novos colegas de

turma, novos professores e mais exigência. Um ano de exames e de pressão a pesar sobre nós à medida que nos aproximávamos do último período. Surgiram mais dificuldades, o caminho foi difícil, mas a união faz a força. Apoiámo-nos e concluímos, cansados mas felizes, mais um percurso da nossa vida escolar. No 12.º ano, sentimo-nos quase como os “donos” da escola, os mais velhos, aqueles que conheciam todos os recantos e segredos, aqueles por quem os mais novos sentiam respeito… mas o respeito não é o mesmo, as atitudes são cada vez mais irreverentes e a maneira de pensar é, na maioria dos casos, muito diferente da nossa. Tentámos dar o exemplo aos que querem crescer rápido de mais sem pensar nas consequências, não sabemos se surtiu efeito… O peso das responsabilidades aumentou, as contas para a média final obrigavam-nos a ser cada mais aplicados e a defender o trabalho dos dois anos que tinham ficado para trás. Não foi fácil, mas não desistimos e estamos agora a um passo do fim. Foi um percurso difícil, cheio de altos e baixos, um ciclo constante de mudança. Houve amizades que acabaram e outras novas que começaram, houve professores que nos acompanharam até ao fim e nos apoiaram e outros que partiram, houve zangas, festas, intervalos

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passados com os amigos, aulas que pareciam não passar e outras que passavam rápido demais. Cresci como pessoa, como cidadã, aprendi a olhar para o passado com saudade e sem arrependimento, a enfrentar os desafios do presente, estando consciente da realidade e a desejar o futuro sem, no entanto, ter de o planear tão profundamente. Todos nós crescemos, cada um ao seu ritmo, mas crescemos. Para quem, como eu, vai agora iniciar mais uma nova etapa da vida, desejo a maior das sortes e espero que, quando um dia vos volte a encontrar, veja um sorriso na vossa cara. Deixo também uma palavra àqueles que vão ocupar o nosso lugar como alunos do 12.º ano: aproveitem todos os momentos, bons e maus, respeitem e sejam respeitados, dêem o exemplo aos mais novos, aprendam com os desafios e não desistam. Arrisquem, trabalhem, esforcem-se para que, no final, não se arrependam de nada e não tenham medo de falhar pois há sempre alguém que vos pode ajudar. Acima de tudo, sejam felizes durante a passagem por esta escola para que, no final, possam recordarse com alegria e boa-disposição dos tempos em que eram alunos da ESAL. Adeus e até um dia... Inês Gouveia, 12.ºE


Salpicos da ESAL

Encontro de professores

Matemática na ordem do dia

Decorreu na ESAL um encontro de professores de Matemática “Uma manhã com o Novo Programa de Matemática do Ensino Básico”que contou com a presença de cerca de 140 professores do Ensino Básico e Secundário do distrito de Castelo Branco, tendo como objectivo essencial a troca de experiências e o conhecimento dos novos desafios que se colocam com a implementação do Novo Programa, ainda em fase de experiência. Dinamizado pelas professoras Acompanhantes do Plano da Matemática II e da implementação do Novo Programa das regiões de Castelo Branco e da Covilhã, Helena Pinho e Maria da Conceição Piscarreta, teve o apoio da Associação de Professores de Matemática e contou com a participação de um variado painel de convidados. O Novo Programa de Matemática do Ensino Básico, homologado em Dezembro de 2007, foi implementado no ano lectivo de 2008/2009 em 40 turmas-piloto de escolas dos três Ciclos. Este ano lectivo, através de uma candidatura, alargou-se a experiência a um maior número de escolas e, no próximo ano, o programa será generalizado a todos os estabelecimentos de ensino.

Três projectos da Amato na Final

18º Concurso Jovens Cientistas e Investigadores

Este novo programa implica uma mudança de postura na sala de aula e dá ao aluno mais autonomia na concretização das tarefas, estimula o raciocínio e a aprendizagem com compreensão, reforçando a comunicação matemática e a resolução de problemas. Por outro lado, a implementação deste Programa exige um planeamento conjunto das aulas, estimulando o desenvolvimento de hábitos de trabalho colaborativo entre professores dos diversos anos e ciclos. Esta atitude permitirá tirar partido das potencialidades dos alunos e possibilitará o desenvolvimento do processo de ensinoaprendizagem com muito maior exigência e qualidade. No decorrer do Encontro, debateram-se as mudanças mais significativas, a experiência prática já realizada, o modo de implementação geral do Novo Programa, as dificuldades previstas e os desafios que se colocam às escolas. Como balanço final pode afirmarse que o Encontro foi muito enriquecedor e suscitou o interesse em outros eventos análogos dado que contribuem sempre para um melhor desenvolvimento profissional dos docentes. Prof. Helena Pinho

zação dos Níveis de Óxidos de Ferro em Castelo Branco”, e foi elaborado em estreita colaboração com o Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra, na pessoa da Professora Doutora Celeste Gomes. Os trabalhos e respectivas fases de realização podem ser consultados nos blogues que os alunos criaram para esse efeito e que foram desenvolvendo ao longo da implementação dos projectos: http://poluicaoatmcb.blogspot.com; http://ozonocastelobrancoap. blogspot.com; http://achuvaacida cb.blogspot.com Este concurso é promovido pela Fundação da Juventude e tem como principal objectivo promover a integração dos jovens na vida activa e profissional, através da realização de incentivos a jovens cientistas, criadores e investigadores. 12.ºB

Banco alimentar contra a fome

Textos Filosóficos a concurso No dia 11 de Maio, pelas 12:00 horas, realizou-se, na Sala Luís de Camões da nossa escola, a entrega dos prémios do Concurso do Texto Filosófico, edição 2009-10. Foram premiados trabalhos em dois escalões: 10.º e 11.º ano. No primeiro escalão, os vencedores foram Ana Carolina Gonçalves do 10.ºB (1.º lugar); Pedro Roque do 10.ºC (2.º lugar) e Joana Anastácio do 10.ºE (3º lugar). No 2.º escalão, o primeiro prémio foi atribuído a Rodolfo Ferro do 11.ºG; o segundo a Ricardo Pereira do 11.ºE; e o terceiro, a Daniela Galante do 11.ºD. Os prémios foram entregues pelo Director, Dr. João Belém, numa cerimónia que contou com a presença dos vencedores, seus

Três grupos de alunos do 12.ºB concorreram ao 18.º Concurso Jovens Cientistas com os seus trabalhos realizados na disciplina de Área de Projecto e foram seleccionados, de entre 800 candidatos, para a final nacional que decorreu no Museu da Electricidade em Lisboa. Dois projectos inserem-se no âmbito do programa ENEAS. O primeiro, intitulado “Ozono Troposférico em Castelo Branco – medição dos seus valores”, foi desenvolvido pelas alunas Ana Teixeira e Ana Vilela. O segundo, denominado “Verificação dos Níveis de Acidez na Precipitação Atmosférica em Castelo Branco” foi realizado por Bárbara Gonçalves, Bruno Santos e Helena Nunes. O trabalho do terceiro grupo, composto pelas alunas Catarina Nunes, Cíntia Carrondo e Sara Almeida, baseou-se na “Monitori-

amigos e o grupo de Filosofia. O tema do concurso foi: “Haverá Mundo que Chegue para Todos?” e baseou-se no filme “ O Rapaz do Pijama às Riscas”, visionado por todos os alunos do 10.º e 11.º anos dos Cursos Científico-Humanísticos, nos dias 4 e 5 de Janeiro, no Instituto Português da Juventude. Tanto o visionamento do filme, como a produção dos textos filosóficos foi, mais uma vez, muito bem acolhida pelos alunos, pelo que o grupo de Filosofia irá continuar com esta iniciativa no próximo ano lectivo, como já vai sendo tradição. Os trabalhos premiados estão afixados na entrada da Escola.

O Banco Alimentar Contra a Fome realizou nos dias 29 e 30 de Maio mais uma campanha de recolha de alimentos. Em Castelo Branco, tal como no resto do país, estiveram muitos voluntários espalhados por estabelecimentos comerciais. No entanto, este ano, contou com a participação voluntária de jovens finalistas da Escola Secundária Amato Lusitano. Para muitos de nós esta experiência foi a primeira deste género a ser realizada, mas pode bem funcionar como um estímulo para novas iniciativas. Revelou-se uma experiência gratificante, uma vez que nos fez sentir importantes por podermos dar um contributo às pessoas necessitadas. De facto, no final do dia, não pudemos deixar de

Prof. Luís Ascensão

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nos sentir um pouquinho mais confortados, porque alguém iria ter mais um jantar ou almoço devido ao nosso pequeno esforço. Para além disso, consideramos que foi enriquecedor o facto de termos lidado com pontos de vista diferentes, pois nem todas as pessoas foram receptivas ao pedido de contribuição, o que nos permitiu conhecer um pouco mais a espécie humana. Sentimo-nos disponíveis para colaborar novamente em iniciativas deste género e pensamos que são experiências como esta que nos elevam e que nos alertam para a realidade que gostaríamos que fosse diferente. Heloísa Faustino, João Martins, 12ºB


BREVES

Salpicos da ESAL

25 anos de intercâmbios com Cáceres

Dia da Informática No dia 21 de Maio, realizou-se na ESAL o Dia da Informática que contou com a participação dos alunos dos Cursos de Multimédia, Programação de Sistemas informáticos, Gestão de Equipamentos e CEF de Instalação e Reparação de Computadores. Durante a manhã, tivemos a visita de alunos do Ensino Básico de outras escolas que se deliciaram com os trabalhos realizados pelos nossos alunos. Assistiram à manipulação de imagens pelos alunos do Curso de Multimédia, à preparação de aplicações pelos

alunos do Curso de Programação e observaram todo o interior de um computador, sendo-lhes explicado as partes que o constituem. Já durante a tarde, houve três palestras: Tecnologia 3D pelo Mestre Pedro Silva, Processamento Digital de Imagem, Som e Vídeo pela Mestre Mónica Costa e Fotografia pelo Prof. Carlos Matos. Estas conferências contaram com a participação dos nossos alunos de Informática uma vez que as temáticas abordadas iam ao encontro dos seus interesses. Prof. Vitor Ângelo

O “Dia DN” traz escritora à ESAL

Encontro com Maria João Lopo de Carvalho Maria João Lopo de Carvalho esteve na ESAL no dia 29 de Abril e foi entrevistada pelos alunos do 10ºA no âmbito do projecto N@escolas promovido pelo Diário de Notícias. Transbordante de simpatia e boa disposição, provocadora nas suas respostas, interagiu com os jovens presentes na sessão e conseguiu passar a mensagem de que «ler é muito importante». Desde que iniciou a sua carreira literária, Maria João Lopo de Carvalho já publicou mais de duas dezenas de títulos, entre livros para adultos e crianças, no entanto, o público juvenil é a sua grande paixão e é para eles que tem escrito ultimamente. E de onde vem a inspiração para tantos livros? A autora foi pronta na resposta: “És tu. São vocês. São os jovens. Fonte de inspiração é tudo o que está à nossa volta, tudo o que pode acontecer, mas principalmente, como estou a maior parte do meu tempo com jovens da vossa idade, são vocês”. Neste momento, em concreto, dedica-se à colecção os 7 irmãos, escrita em parceria com Margarida Fonseca Santos. Referiu sobre esta

A escritora com a professora Cláudia Justo responsável pelo projecto na escola

colecção que já vendeu cerca de 60 mil exemplares, o que prova que os jovens lêem se as histórias forem ao encontro dos seus interesses e adiantou: “tentei, nestes livros, colocar tudo o que vocês gostam: namoro, música, internet, as coisas mais giras que a escola tem, as pessoas mais fixes. Baseio-me em factos da vida real”. No final da sessão, a escritora deixou a mensagem que “para se escrever bem, sobretudo, tem de se ler muito”.

Paralelamente ao encontro com a escritora decorreu, no átrio da escola, uma outra actividade incluída no programa do “ Dia DN”, designada “Flash interview”, a qual permitiu a participação dos alunos da escola e teve por objectivo levá-los a realizarem “entrevistas relâmpago” uns aos outros, contando “a sua melhor história”. Edgar Conceição, João Silva e Pedro Ferreira, 10.ºA

Vem beber um poema “Vem beber um poema” foi mote para um encontro nos “Dias das Línguas” da ESAL para muitos se libertarem do medo de pisar um palco e terem a coragem de enfrentar um júri e uma sala cheia, ao participar no concurso “Eu sei um poema”. A poesia dita foi adornada de canções e não se esqueceu a linguagem gestual e o coro “Sons da ESAL”. Valeu a pena, esta experiência, e a alma cresceu!

Outras actividades deram corpo a estes dias: exposição de trabalhos, peddy-paper - jogos de línguas, dizer a palavra em cada aula - leitura de textos, almoço com pratos típicos dos países representados, concursos de produção de texto e fotografia, subordinados ao tema “Eu, poluidor, me confesso” e, para finalizar, lanche a condizer com os poemas ditos”. Prof. Helder Rodrigues

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No dia 28 de Abril, realizou-se mais um intercâmbio com o Instituto de Estudos Secundários Javier García Téllez de Cáceres, assinalando-se o 25.º aniversário destes encontros. Foi a vez da ESAL se deslocar à vizinha Espanha, firmando a relação de amizade iniciada em 1984. O programa, como já vai sendo tradição,contou com iniciativas desportivas e culturais.

Open in Day No âmbito da Prova de Aptidão Tecnológica, Jorge Taborda, aluno do 12.º ano do Curso Tecnológico de Desporto, desenvolveu, no dia 2 de Abril, no Ginásio Zona In, o projecto “Open in Day” que consistiu na implementação de várias actividades com destaque para o “Body Pump” e “Body Combat”. Toda a comunidade foi convidada a participar, possibilitando-se a todos, nesse dia, o acesso livre ao ginásio.

Participação no EQUAmat No dia 28 de Abril, os alunos do 3.º ciclo do Ensino Básico participaram no Campeonato EQUAmat, realizado na Universidade de Aveiro, actividade inserida no projecto Plano da Matemática II desta Escola. Este campeonato consiste num concurso baseado em questões relacionadas com competências e conhecimentos matemáticos trabalhados nas aulas às quais os alunos, constituídos em equipas de dois elementos, têm de responder. É uma competição que estimula o espírito de equipa e o desenvolvimento de capacidades, bem como o treino da rapidez de raciocínio.

Olimpíadas da Ortografia Realizou-se a IV edição das Olimpíadas da Ortografia da ESAL, actividade promovida pela biblioteca e o grupo disciplinar de Português para assinalar o Dia Internacional da Língua Materna. Esta actividade decorre em duas fases. Na primeira, apura-se um aluno por turma e, na fase final, um em cada ciclo de ensino. Este ano as vencedoras foram Rita Rodrigues do 8.ºA e Inês Eusébio do 11.ºF.

Dia do Bidão Voaram dos seus ninhos, os infantários, e poisaram na casa grande, a ESAL. No dia 1 de Junho, dia mundial da criança, vieram às dezenas os meninos da cidade ver implodir um bidão. Realizaram-se diversas actividades no âmbito da Educação Física: assim se divertiram os passarinhos.


Reportagem

Depois de apurados na fase distrital

Alunos da ESAL na Sessão Nacional do Parlamento dos Jovens Iniciativa da Assembleia da República promove a participação política dos jovens e a educação para a cidadania.

No dia 26 e 27 de Abril, os jovens deputados da Escola Secundária/3 de Amato Lusitano (ESAL), Pedro Alves e Rui Freire do 12º F, estiveram na Assembleia da República com o intuito de defender o distrito, juntamente com estudantes de mais duas Secundárias, no âmbito do programa Parlamento dos Jovens (Ensino Secundário). O projecto dos alunos da ESAL foi o mais votado na fase distrital, realizada a 16 de Março em Belmonte. As medidas apresentadas basearam-se na gratuidade dos livros escolares no ensino básico e na reorganização do calendário escolar, em seis semanas de aulas e uma de descanso sequenciadas entre Setembro e Junho de cada ano lectivo, assumindo assim o carácter laico do Estado. A Sessão Nacional do Parlamento dos Jovens do ensino secundário contou com 131 jovens deputados eleitos em escolas de todos os distritos do Continente, nas Regiões Autónomas e na Escola Portuguesa de Macau assim como com todos os seus jornalistas e professores. Organizada em dois dias, esta Sessão Nacional teve início com reuniões das quatro Comissões Parlamentares. Neste primeiro dia, 26 de Abril, foram ainda discutidos, na generalidade e na especialidade, os Projectos de Recomendação aprovados nos diversos círculos eleitorais, sob orientação de Deputados da Assembleia da República em representação dos Grupos Parlamentares. No segundo dia, 27 de Abril, às 10h, deu-se a abertura solene da Sessão Plenária pelo Presidente da Comissão da Educação e Ciência, Luís Fagundes Duarte, e pelo Presidente dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão. A seguir, a Mesa de jovens assumiu a condução dos trabalhos, integrando um período de perguntas aos seguintes deputados em representação dos Grupos Parlamentares: Bravo Nico (PS), Pedro Rodrigues (PSD), Michael Seufert (CDS-PP), José Pureza (BE) e Heloísa Apolónia (PEV). Mais tarde, iniciou-se o Debate da Recomendação (já aprovada) à Assembleia da República, seguindo-se ao início da tarde a votação final global desta. O encerramento da Sessão Nacional foi feito pelo Presidente da Comissão

Os jovens deputados pelo círculo eleitoral de Castelo Branco

de Educação e Ciência. O programa Parlamento dos Jovens é uma iniciativa da Assembleia da República, dirigida aos jovens do 2º e 3º ciclos do Ensino Básico e do Ensino Secundário visando, entre outros objectivos, promover o interesse dos jovens pela participação cívica e política. Vai na terceira edição e o tema para este ano foi a República. Desenvolve-se em três fases ao longo de cada ano lectivo, sendo a primeira fase realizada ao nível de escola com o objectivo de eleger os deputados a defender a sua instituição escolar no distrito. Na fase distrital, apurase o círculo eleitoral para representar o distrito na Sessão Nacional, a terceira fase, onde os jovens deputados apresentam à discussão os Projectos de recomendação aprovados nos diversos círculos eleitorais. No caso concreto da nossa escola, na primeira fase, foi criada uma lista - lista A - única candidata. A campanha eleitoral decorreu de 14 a 20 de Janeiro e uma semana depois realizaram-se as eleições. No dia 21 do mesmo mês houve um debate interno para apresentação do programa da lista e realizou-se a Sessão Escolar onde foram discutidas as medidas a apresentar na fase distrital e eleitos os deputados a representar a ESAL. A fase distrital, realizada em Belmonte, no dia 16 de Março, contou com a participação de 16 escolas representadas por 48

deputados no total. Após discussão dos projectos das várias escolas, elegeram-se os deputados para representar o círculo eleitoral do distrito na fase Nacional: Inês Afonso da Escola Secundária/3 do Fundão, Rodrigo Ramos e Pedro Marçal do Externato de Nossa Senhora dos Remédios e Pedro Alves e Rui Freire da nossa escola. Este círculo eleitoral defendeu na Sessão Nacional as seguintes medidas que se apresentam de forma resumida: - a gratuidade dos livros escolares para todos os níveis de ensino segundo um sistema de compromisso aluno-escola (pagamento de caução e devolução do montante no final do ano). - o reforço da Igualdade de oportunidades de educação e formação para todos os cidadãos da República; - a transferência de determinados poderes políticos para os governadores civis e destinar-lhes a tarefa de dinamizar e organizar actividades nas escolas com figuras políticas nacionais; - a promoção da reflexão sobre os valores éticos e morais da 1.ª República Portuguesa; - o reforço da cidadania e participação cívica, através da reformulação da disciplina de Formação Cívica, criando e leccionando programas que visem estimular a participação cívica dos jovens. Susana Mendes, 12ºF

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Recomendação à Assembleia da República 1. Combate à actual tendência de distanciamento da escola face à sociedade, através do incentivo e valorização de actos cívicos dos alunos. 2. Criação em todas as escolas públicas portuguesas de um banco de livros/material escolar variado, doado pelos alunos que transitam de ano. 3.Reestruturação da disciplina de Formação Cívica a fim de a tornar um verdadeiro instrumento de formação de cidadãos activos e interventivos; alargar a sua leccionação ao ensino secundário; ser ministrada por professores com formação nesta área. 4. Instituição de um regime de serviço comunitário regular para os candidatos ao ensino superior, prevendo um desconto no pagamento das propinas proporcional ao seu exercício, tal como noutros países europeus. 5. Fiscalização da existência de acessibilidade para todos os eleitores, nomeadamente os portadores de deficiência motora; existência de votos em Braille; obrigatoriedade da inclusão da língua gestual nos períodos de tempo de antena das televisões. 6. Garantir a realização efectiva de uma consulta popular, na criação de regiões administrativas no espaço continental, de forma a permitir uma maior descentralização do poder e o desenvolvimento harmonioso das regiões. 7. Distribuição dos dinheiros destinados ao desenvolvimento estruturante do País, tendo em conta as diferenças do interior que tem regiões em que o PIB per capita é muito baixo, devendo ter uma maior prioridade no Orçamento do Estado e no QREN. 8. Criação de concelhos municipais e distritais, para os quais sejam convidados a participar todos os cidadãos com mais de 18 anos em sistema de rotatividade assegurando-se assim a diversidade e hipotética qualidade das medidas apresentadas. 9. Criação nas prisões de uma oferta, não obrigatória, de trabalho em prol da comunidade, disponível para todos os reclusos considerado não grave; repartição dos fundos gerados por esta mão-de-obra entre o presidiário e o estabelecimento. 10. Os cidadãos que beneficiam do rendimento social de inserção (RSI) ou do subsídio de desemprego devem retribuir essas prestações à comunidade, através da realização de serviços que incluam um programa de actividades diversificadas, estimulando a ajuda comunitária.


da imaginação Desabafos da República “Manso é a tua tia pá”, o que eu aturo. Tenho quase 100 anos e cada vez mais se esquecem que estou a olhar por eles. Um olho para ver, outro para ser visto. Mas não, entretidos a discutir o “Portugal dos Pec-nitos”, vão para outro espaço que não abrange os meus princípios. Houve tempos em que me fartei disto. Consegui um fim de semana de férias e fui até ao Rio de Janeiro, foi lá que conheci a moda do topless. Depois não quis outra coisa eheh, (se bem que alguns mais púdicos insistam em me tapar). Mas voltei, Portugal não consegue viver sem mim, sou uma estrela. Férias agora? Vou às cadelinhas à Costa e pouco mais. O Cristo Rei telefonou-me. Na palheta com ele é que comecei a ver que já estou velha para isto. Dói-me a cabeça, já viram o que é aturar políticos todos os dias? O problema é que alguns vão para ali como se fossem para o café. Até “palhaço” chamam uns aos outros. Parece uma tourada autêntica, um já se lembrou de fazer “corninhos”, só falta mesmo irem a correr uns atrás dos outros. E quem pensa que há assuntos restritos na Assembleia da República anda muito enganado, até do “truca-truca” se falou há uns anos. Decorria o ano de 1982, debatia-se a interrupção voluntária da gravidez, quando Natália Correia em resposta ao deputado João Morgado, que disse que “o acto sexual é para ter filhos”, proferiu o seguinte poema: “Já que o coito, diz Morgado/ tem

como fim cristalino/ preciso e imaculado/ fazer menina ou menino/ e cada vez que o varão/ sexual petisco manduca/ temos na procriação/ prova de que houve truca-truca./ Sendo só pai de um rebento/ lógica é a conclusão/ de que o viril instrumento/ só usou parca ração! - uma vez./ E se a função faz o órgão – diz o ditado/ consumada essa excepção/ ficou capado o Morgado.” Isto é que eu gosto, já que há debate, que haja criatividade! Sabiam que existe um manual do deputado? É um género de manual de instruções em que diz o que se pode e não se pode fazer na Assembleia. Mas, como todo o Zé Povinho, ninguém quer saber daquilo e depois os resultados estão à vista. Do palácio de S.Bento, não me posso queixar. Tenho tudo, restaurantes, bar, banco e até uma agência de viagens! Pergunta óbvia, para quê uma agência de viagens numa assembleia? Será que tem descontos para paraísos fiscais? Mwahah, Sou mesmo mazinha. Vou tratar de vida, amanhã lá volto à minha rotina, ver os senhores deputados agredirem-se verbalmente com metáforas muito giras e com ironias muito apuradas e simpáticas. Mas será que este país podia ir para a frente sem este ambiente fofo na Assembleia da República? - Podia, mas não era a mesma coisa… Rui Freire, 12.ºF

Mudam-se os tempos mudam-se as estátuas “Esta estátua da República foi esculpida num bloco de mármore de Carrara inicialmente destinado ao talhamento da estátua régia de D. Manuel II, pelas mãos de Moreira Rato. O fim da Monarquia acabou por dar diferente utilidade ao material que, entregue a Anjos Teixeira, viria a celebrar a nova era política portuguesa de forma assaz nacionalista. Apenas para melhor reconhecimento iconográfico foi representada de barrete frígio, mas ao invés de vestida com as usuais roupas do povo que a tornavam demasiado lasciva para o gosto académico e conservador português, foi classicamente togada, trazendo uma capa pelos ombros e simulando um passo. A diferença não se confina a essa imagem dignificada, afectada pela estética tradicionalista nacional: com efeito, a esfera armilar com o escudo e as quinas que segura na mão esquerda, sublinha a demarcação do padrão, fazendo dela, não apenas mais uma alegoria à República, mas sim a representação específica da República Portuguesa.” Estátua da República no parlamento

Fonte: http://www.parlamento.pt

Prof. Natércia Belo

crónicas... traços... escritas... À maneira de Guerra Junqueiro

Um retrato da pátria em 1890! Uma esperança em 2010! Imaginem o estado de espírito de Guerra Junqueiro quando escreveu esta introdução ao seu texto “Finis Patriae”, em 1890! “É negra a terra, é negra a noite, é negro o luar. Na escuridão, ouvi! há sombras a falar:” Imaginem também o estado da Pátria, retratado nas dramatizadas e dramáticas personagens que faz desfilar; uma espécie de coro da tragédia grega que emite opiniões e coloca interrogações. São sombras que falam: choupanas de camponeses”, “pocilgas de operários”, “casebres de pescadores”, “hospitais”, “escolas em ruínas”, “cadeias”, “condenados”, “fortalezas desmanteladas”, “monumentos arrasados” e “estátuas de heróis”. Vale a pena ler todas as falas; aí vai um aperitivo quando “falam as estátuas de heróis”: E o povo? Inerte. E o rei? À caça. Quem é que impera? O Deus Milhão... Ah! Como é bom em tumba escassa, Longe do Sol que vê tal raça, Dormir, dormir na escuridão!... Mas há um final pleno de esperança que se traduz num inadiável desafio aos jovens. Como quem diz: É a tua vez, não fiques aí parado, à espera que aconteça! Por terra, a túnica em pedaços, Agonizando a Pátria está. Ó Mocidade, oiço os teus passos!... Beija-a na fronte, ergue-a nos braços, Não morrerá!

Tristonho, meio adormecido, Doente este país está. Jovem, vai espreitar ao postigo!... Bate à porta, leva-o contigo, Acordará!

Com sete lanças os traidores A trespassaram, vede lá!... Ó Mocidade! ... unge-lhe as dores, Beija-a nas mãos, cobre-a de flores, Não morrerá!

Com mais de mil, com tanta imagem O pintaram, e negro está!... Jovem, vai, leva-o na bagagem!... Descobrirá nova paisagem, Acordará!

Turba de escravos libertina Nem ouve os gritos que ela dá... Ó Mocidade, ó louca heroína, Pega na espada, arma a clavina, Não morrerá!

Julga-se o povo libertado Nem vê como preso está!... Jovem, não és acorrentado!... Reclama, solta-lhe o teu brado Acordará!

Já desfalece, já descora, Já balbucia... é morta já... Não! Mocidade, sem demora! Dá-lhe o teu sangue ébrio d’ aurora, Não morrerá!

Tanta promessa já cá mora Tanta história por aí há!... Jovem, agora é tua a hora! Grita a verdade sem demora, Acordará!

Rasga o teu peito sem cautela, Dá-lhe o teu sangue todo, vá! Ó Mocidade heróica e bela, Morre a cantar! ... morre... porque ela Reviverá!

Tudo de ti, com ousadia, Do corpo, o coração dá! Jovem, é preciso harmonia! Canta-lhe nova melodia, Despertará!

Guerra Junqueiro, 8 de Dezembro de 1890

Helder Rodrigues, 2 de Junho de 2010


da imaginação

Ai és tão linda, ai és tão linda! Foi então que o Zé, entusiasmado, saiu à rua e perguntou à direita e à esquerda a quem o quisesse ouvir: “E agora, que posso eu fazer, sim, que posso eu fazer? Como ajudo?” . “Ajudar em quê? – perguntaram espantados da varanda –”A res não é tua, não é vossa, é só de quem a apanhar!”. E todos se colocaram em posição de moçoilas solteiras para apanhar o ramo. E, ao grito de “ Lá vão as rosas…!”, dizem que se empurraram, se engalfinharam, se atropelaram e rosas ninguém as viu, ninguém as vê. Foi quando o Zé, solícito e ainda entusiasmado na sua confusão, insistiu “E agora, que posso eu fazer, sim, que posso eu fazer? Disseramlhe então “ -Vais pr’á guerra” e ele foi. Já nas Europas, ouvia ao longe as montanhas movidas de piedade que sussuravam mensagens de “Ai filho, ai marido, que as nossas lágrimas hão-de alagar o mar!” Eras tão linda, eras tão linda! E ao Zé que voltou e perguntou “Quem manda aqui? Quem manda agora?” disse-lhe um velho de aspecto vulnerável, meneando um pouco a cabeça descontente “Glórias de desmandar, meu filho, quarenta e cinco glórias de desmandar!”. “-Ah!”. Sem entusiasmo e cada vez mais confuso, sussurra um Zé que tem fome de regras, de estabilidades e de pão. Apareceu o António que estava à espera do lamento e agarrou a res que era pública e, numa vozinha de angústia de padre culpado e sofredor, disse aos seus filhos que era o Desejado, ensinou a cartilha de Deus, Pátria e Família e afirmou que era o rei e que era o roque. “Viva o rei! Viva o roque!” – gritaram as frenéticas bandeiras… E o Zé, logo disponível, a sair à rua e a perguntar à direita e à direita a quem o quisesse ouvir: “E agora, que posso eu fazer, sim, que posso eu fazer?”. Redisseram-lhe então “Vais pr’á guerra” e ele foi. Abdicou de si e não foi rei dele próprio. Foi sentar-se com a espingarda à beiramágoa, sem Lídia, sem rio e sem sossego, a pensar no que era a vida. Concluiu que a guerra não era só guerra, que a guerra não passava mesmo depois de passar, perdoasse-lhe Caeiro, que de sangue não entendia nada.

António Lopes, 11.ºG

Quando voltou – parece que houve algum Zé que voltou – perguntou, cansado de esperança: “- Quem manda aqui? Quem manda agora?” e um homem de aspecto suspeitoso, franziu um pouco as sobrancelhas e respondeu com riso escarninho:”Ainda o rei chamado roque!”. “- Ah! E os Zés que é que fazem? E a grei? “. Fez-se um longo silêncio… De repente, o regressado, triste e fechado num qualquer S. Julião da Barra, rangeu os dentes, teve febre e gritou que não gostava daquela res e que lhe parecia que a república não era só por si um milagre nem trazia rosas no regaço, que, mal por mal, viesse o ópio de papoilas que voassem no mar como gaivotas em terra… Assim és linda! Assim és linda! Foi então que o Zé, entusiasmado, saiu à rua extasiado e perguntou à direita, ao centro e à esquerda a quem o quisesse ouvir: “E agora, que posso eu fazer, sim, que posso eu fazer?” “- Vais para a guerra da alfabetização, vais correr Portugal de lés a lés e dizer que a res é democraticamente publica”… Foi uma lida, um cansaço, uma alegria… E o Zé foi e experimentou e tentou e hesitou e viu que a luz era difícil de pintar, que entre o que se faz e o que se medita fica tudo na metade, que, para alcançar infinitos, eram precisas duas mil vontades … E, aproveitando-se de ausência de Blimundas, os reis e os roques do início do século seguinte arrebanharam cada cravo a cada Zé para fazer ramalhetes, deitaram foguetes de lágrimas dos outros, disseram que eram galos e que eram donos dos ovos e reclamavam mais muito mais produção!!! E , de asa ferida, o Zé cacarejou de dor sem saber a razão de ser humano, sem saber se os outros o viam como humano, se era verdade que não pertencia àquela metafórica capoeira, se era afinal um mexilhão. “E agora, que posso eu fazer, sim, que posso eu fazer? – disse, em socorro, a pensar que a res pública podia andar por ali… Esmorecido, decaído e em crise, ouviu as montanhas sem piedade atroar num eco horrendo e grosso: “Sobreviver, Zé, sobreviver!”… Arrepiaram-se-lhe as carnes e o cabelo... Prof. Etelvina Maria

Metáforas de nós Acorrentados, ao mar nos fizemos; nas mãos, os remos! De redes cercados?

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Reportagem

Últimos passos da Monarquia Chegou o comboio em Castelo Branco A Inauguração Solemne do Caminho de Ferro da Beira Baixa ocorreu passados dois anos da sua construção, em 1891, e contou com a presença do casal real. Segundo o Jornal Correio da Beira n.º 386, suas Majestades chegaram pontualmente às 15:00 horas no dia 5 de Setembro, sendo acolhidos pelas autoridades “e de grande número de Cavalheiros e Senhorias que quiseram ter essa honra” (acta da inauguração), imenso povo e um ribombar de foguetes e morteiros que começaram a ecoar mal se avistou o comboio real. Um imenso cortejo acompanhou o Rei D. Carlos I e a Rainha D. Maria Amélia até à Sé. As ruas estavam iluminadas e adornadas com colchas. Bandeiras, galhardetes e escudos dispostos em cordões abraçavam todos os postes. De entre as principais artérias da urbe de então, destacava-se, pela sua decoração, a rua de S. Sebastião. No Largo da Sé, os reis “apreciaram várias danças populares, executadas por raparigas do povo. (…) a Rainha examinou os adufes”. Depois do te-deum na Igreja Matriz, a população acompanhou suas Majestades até ao edifício do Governo Civil, onde ficaram hospedados. Descreve o jornal que a sala de jantar correspondia à sala da Junta do Districto: “Esta apresentava-se grandiosa, de largas dimensões e extraordinária altura. Tinha as paredes forradas de colchas de linho bordadas a seda das mais variadas cores. No meio da sala surgia a cabeça embalsamada de um javali e espelhos de enormes dimensões”. No Correio da Beira n.º 387 de 13 de Setembro de 1891, é assinalado que o Rei durante o jantar “fez muitas perguntas sobre os costumes do povo de Castello Branco, querendo saber qual é a forma de alimentação das classes trabalhadoras, quaes as horas diárias de trabalho nos serviços dos campos,

Desenho do banquete oficial por Rafael Bordalo Pinheiro que integrou também a comitiva real (in Castelo Branco Antiga)

qual o grau de instrução do povo, se os processos de cultura ainda eram rudimentares ou já eram aperfeiçoados, se havia falta de trabalho para o povo e se este recebia um salário remunerado que o tirasse da miséria (…)”. Terá sido durante o banquete que o Rei D. Carlos, após degustar umas magníficas perdizes que lhe tinham servido, afirmou que o ribeiro onde elas tinham sido caçadas passaria desde então a denominarse “Ribeiro das Perdizes” tal como ainda hoje é conhecido. Após o repasto, suas Majestades agradeceram ao povo as manifestações de simpatia associando-se à festa popular não sem antes terem observado “uma imitação da Torre Eiffel com 15 metros de altura, encimada por um foco eléctrico e adornada com balões e troféus, a qual terá sido montada a partir de um moinho de vento de tirar água.” No dia seguinte, segundo o mesmo jornal, visitaram a Misericórdia, onde entregaram 500.000 réis. Terão conversado com os

doentes acerca das suas maleitas, aconchegando-lhes a roupa e desejado as melhoras a todos, não se esquecendo de agradecer aos que procuram mitigar o sofrimento dos doentes. Foram de seguida ao Paço Episcopal, onde disponibilizaram 300.000 réis, ao Monte Pio dos Artistas. Para ajudar a minorar a pobreza na cidade contribuíram com 100.000 réis. Também entregaram pequenas contribuições monetárias às três bandas das unidades militares da cidade. Após o almoço, dirigiu-se o cortejo, acompanhado pelo povo que soltava vibrantes “vivam suas Majestades”, para a estação. Após as despedidas oficiais os reis entraram na carruagem real. Foi esta a primeira e única vez que o penúltimo rei de Portugal esteve em Castelo Branco, não sendo, no entanto, esta a derradeira presença de membros da família real na nossa cidade. Em 1906, os filhos dos Reis D. Carlos I e D. Amélia visitaram a Beira Baixa e a Beira Alta. O príncipe real D.Luís Filipe, herdeiro da coroa, também designado príncipe da Beira e o seu irmão, o Infante D.Manuel chegaram a Castelo Branco de automóvel no dia 6 de Agosto. Vinham acompanhados por uma pequena comitiva e hospedaram-se na casa Tavares Proença. Após percorrerem as poucas ruas da cidade em charrete, com as janelas engalanadas com colchas, visitaram o “Quartel do 8” e o Jardim do Paço, seguindo no dia imediato para a Covilhã. Cerca de dezassete meses depois, morreriam, no Terreiro do Paço o Rei D. Carlos I e o seu sucessor, Príncipe D. Luís. O futuro rei, D. Manuel II, menos preparado para arcar com as responsabilidades de Chefe de Estado, reinaria durante cerca de dois anos e meio e seria o último rei de Portugal.

Ana Oliveira,12.ºF e prof. Rui Duarte

in Estudos de Castelo Branco, nº17/1 de Julho de 1965

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Às seis horas da tarde do dia 14 de Julho de 1889, parou em Castelo Branco a locomotiva a vapor nº 135, a primeira que a cidade viu. Chamava-se “Fontes”, porventura em homenagem a Fontes Pereira de Melo, ministro que lançou as vias-férreas que, no seu entender, eram fundamentais para o desenvolvimento do país. Nessa altura, numa viagem normal, o comboio saía de Lisboa às 8:48 e chegava a Castelo Branco às 15:40 horas. Segundo António Roxo, autor da “Monografia de Castelo Branco”, praticamente toda a população, encabeçada pelas autoridades municipais, acolheu a chegada do caminho-de-ferro à nossa cidade entre aplausos, aclamações, foguetes e bandas de música, assistindo, de seguida, à cerimónia de lançamento da primeira pedra para o edifício da Estação. Alguns não terão estado presente neste acto. Na verdade, o Dr. Jorge de Seabra (Reminiscências da velha urbe Albicastrense – Estudos de Castelo Branco, n.º 36) assinala a existência de opositores ao progresso e mudanças que a chegada do comboio impunha. Conta que, no dealbar do século passado, viviam na rua dos Ferreiros umas “senhoras muito bondosas, mal se vislumbravam, fazendo uma vida muito recatada, de reclusas e completamente desafectas ao mínimo grito de progresso (…). Aquando da inauguração do caminho de ferro da Beira Baixa, (…) as parentes Carrilhas, apavoradas com tanto progresso e receosas de que o monstrengo, saltando dos carris, viesse por ali “arriba” até à rua dos Ferreiros …, fugiram, a sete pés, para o alto do Castelo, benzendo-se e implorando, contritas, à misericórdia Divina…”. Um dos grandes defensores da linha foi o Par do Reino pelo nosso distrito, Manuel Vaz Preto Geraldes (após várias localizações, o seu busto encontra-se hoje em frente da Sé e muitas ruas surgem, por todo o distrito, com o seu nome). Este proferiu um violento discurso na Câmara dos Dignos Pares do Reino, em 27 de Março de 1878, criticando a demora no início das obras. Com efeito, a enorme dificuldade do traçado, ao longo do Tejo, por áreas de orografia acidentada e a passagem da Gardunha dificultavam os trabalhos que eram desenvolvidos através da utilização de dinamite e força humana à base de picaretas. Refira-se que, no auge do esforço, chegaram a trabalhar na linha cerca de 4000 pessoas, algumas das quais mulheres Ana Oliveira, 12.ºF


Entrevista

Entrevista póstuma

Os assassinos do rei vezes nem me parecem bem memórias, parecem cenas isoladas de um filme …

Depois de muita insistência e um sem número de requerimentos, (a burocracia também já chegou ao além) conseguimos agendar uma entrevista com Alfredo Costa e Manuel Buiça, os reponsáveis pelo regicídio.

– Agradecemos muito que tenham prescindido do vosso direito ao descanso em solidão e silêncio e tenham vindo até aqui para falar um pouco connosco sobre o dia do assassinato do rei D. Carlos. Manuel Buiça – Prefiro que utilize a expressão morte de D. Carlos. Nunca me senti verdadeiramente um assassino apesar de, por vezes, me arrepiar com a memória da minha própria frieza. Ah, também quero deixar claro que há alguns detalhes que decidimos não esclarecer.

Alfredo Luis da Costa

Manuel dos Reis da Silva Buiça

- Dizem que havia mais homens preparados para o caso de os dois falharem… A. Costa – Essa é uma das tais perguntas que vou deixar sem resposta… mais um? Mais dois? … Mais nenhum? M. Buiça – Repare que o próprio rei sabia que corria perigo…quer dizer, sabia que tínhamos de o matar principalmente depois de ter assinado o decreto de João Franco no dia 31 de Janeiro. Já era uma situação de ou eles ou nós, os oposisionistas…. A. Costa -”Assino a minha sentença de morte”, disse o rei… e assim foi…

– Só responderão ao que quiserem… Mas, claro, vamos tentar perguntar. Comecemos pelo tempo que fazia. Era Fevereiro… Alfredo Costa – Fevereiro, dia 1… sábado. Mas bom tempo, um dia de sol aberto. Por ser Inverno, o Buiça tinha um gabão vestido que lhe deu imenso jeito para esconder a carabina e passar despercebido. – O que revela que tudo foi planeado. Estavam os dois armados? Tinham realmente decidido realizar o atentado no Terreiro do Paço? M.Buiça – Tudo planeado com outros elementos da Carbonária a que estávamos ligados, não é o que dizem? Eu até deixei uma carta testamento, que escrevi quatro dias antes dos acontecimentos, para o caso das coisas correrem mal. Sabíamos que não seria fácil, mas era nossa convicção de que a única forma nos livrarmos da ditadura de João Franco era matá-lo… - Mas afinal a vossa intenção não era matar o rei e o príncipe? M.Buiça – Ora aí está uma pergunta que vamos deixar sem resposta … No entanto, não se esqueçam que eu tinha uma óptima pontaria porque era um homem preparado. Tinha sido instrutor na carreira de tiro de Bragança … …dizem que João Franco, “esse filho de um cão”, nos escapou … também dizem que éramos uns anarquistas e que nem sabíamos por que o fazíamos … Frequentávamos o Café Gelo, “a grande sala revolucionária” como lhe chamava Aquilino …e isso pode ser uma pista … A. Costa – Estavas a falar na carta que escreveste … sabem que a sei de cor de tantas vezes que ele já ma recitou? A certa altura dizia assim: “Peço que os eduquem - aos

- Essa qualquer coisa era o ramo de flores da rainha D. Amélia..E o senhor, Senhor Buiça, não foi capturado de imediato. Como foi isso possível? M. Buiça – Sei lá. Talvez o factor surpresa…Aproveitei a balbúrdia para correr um pouco mais para a frente e vi D. Luís Filipe a disparar… foi aí que apontei e lhe acertei na cabeça… não tive tempo de saber do Costa. Continuei a disparar até que um tenente me deu uma estocada… Soube depois, onde se sabe tudo, que era o Figueira… o Costa entretanto também já estava morto… também soubemos do ramo da rainha …

O landau em que se deslocava a família real no dia do atentado e onde são visiveis as marcas das balas (no Museu dos Coches)

real atravessou o Tejo no vapor D. Luís e desembarcou no Terreiro do Paço… M.Buiça – Havia muita gente. Misturei-me com as pessoas que se empurravam para ver melhor a passagem do rei… Quando ouvi o apito do barco, aí pelas cinco, a avisar do desembarque coloquei-me numa posição que me permitisse furar a multidão… e esperei… as janelas dos Ministérios estavam cheias… Depois, foi tudo muito rápido. O landrau do rei passou por mim e eu coloqueime de imediato em posição de atirar. Estaria a uns 8 metros, sabia que acertaria a matar…. A.Costa – O tempo parecia que nunca mais passava. Depois vi que o casal real e os seus dois filhos vinham em carruagem aberta. Assim tínhamos mais hipóteses de não falhar o intento… e, de repente, ouvi um tiro perto do Ministério da Fazenda … soube logo que era a Winchester do Buiça. Continuei a ouvir tiros e corri, cortei o cordão policial, pus o pé no estribo da carruagem real e disparei sobre D. Carlos … qualquer coisa me barrou a vista, mas concentrei-me e atirei contra o Príncipe que estava a ponto de me alvejar … uma confusão… às

filhos dele, percebem? - nos princípios da liberdade, igualdade e fraternidade que eu comungo e por causa dos quais ficarão, porventura, em breve, órfãos”. Nos dias anteriores andámos os dois ansiosos. O Manuel estava sempre a alisar a barba, que era coisa que ele tinha muito a mania de fazer. O compadre dele, o Aquilino Ribeiro, até fala nisso num livro dele... Estávamos nervosos… o meu revolver parecia que me havia de cair do bolso das calças e, como era tão desengonçado e tão magro, cheguei a pensar que me viam tremer… M. Buiça – Tremeste? Nunca me tinhas dito… a mim como que se me assomou o coração ao pé da boca mas depois respirei fundo e esperei … ah, pois, que tivemos que esperar porque o amaldiçoado comboio resolveu descarrilar por esse Alentejo e atrasou-se … Eu e o Costa lá nos olhávamos e lá nos íamos mantendo, um de cada lado, no Terreiro do Paço, ele pró lado das arcadas e eu mais do lado do quiosque e de uma árvore que havia ali... Quando chegaram, já havia sombra sobre a praça… - Mas o comboio chegou, a família

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- Diz-se até que só quereriam matar o ministro… A. Costa – Diz-se… voltou à pergunta de há pouco…. O certo é que até os monárquicos o acusaram de levar Portugal à República…. Júlio Vilhena, um monárquico, assustado com as proporções das ofensivas franquistas, terá alertado para o facto de que tudo terminaria “fatalmente, por um crime ou por uma revolução”… Se quisemos matar João Franco que se preparava para deportar os republicanos para Timor? …Diz-se que sim…Diz-se que sim… M. Buiça – “a República implantou-se no Terreiro do Paço” com a morte do rei, disse Aquilino….e eu acrescento que João Franco deu uma ajudinha… a dissolução do Parlamento em Abril de 1907, a repressão, …. Mas tudo começou com o Ultimatum, disso não há dúvida… - E a 1ª República? Nunca vos preocupou aquela agitação toda? M. Buiça – Estamos nesta eterna fase da morte em que nada nos preocupa. Somos meros espectadores. No entanto, sempre lhes confesso que dias houve, no futuro de nós, que gostaríamos que tivessem sido diferentes … Faz-se noite… Vamos até ao Alto de S. João… (Pára e volta-se ainda para trás) … O que se passou no Terreiro do Paço foi… (Soprou o vento, sorriram e acenaram… o que terá dito?) Prof. Etelvina Pinto


da República

Necrologia da família real

D. Carlos I 1863-1908 Faleceu no passado dia 1 de Fevereiro, vítima de atentado, Sua Majestade, El-Rei de Portugal, Carlos Fernando Luís Maria Vítor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis José Simão de Bragança Sabóia Bourbon SaxeCoburgo-Gotha com apenas 45 anos de idade. El-Rei foi barbaramente assassinado, no Terreiro do Paço, vitimado pelo fogo da Carbonária. No funeral régio estiveram presentes representantes de todas as coroas europeias. Sua amada esposa, Amélia de Orleães e seu filho, o príncipe Manuel, agradecem aos seus súbditos a sentida manifestação de pesar no decorrer das exéquias reais.

D. Manuel II 1889-1932

D. Amélia de Orleães 1865-1951

Faleceu no dia 2 de Julho do ano da graça de 1932, residente em Twickenham, Inglaterra, Manuel Maria Filipe Carlos Amélio Luís Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis Eugénio de Bragança Orleães Sabóia e SaxeCoburgo-Gotha com 42 anos de idade, vitimado por edema da glote. A sua viúva D. Augusta Vitória e sua a mãe D. Amélia, chegada de Portugal, acompanharam as solenes exéquias que se realizaram com a presença das principais casas reais europeias. Aguarda-se a sua trasladação para o Mosteiro de S. Vicente de Fora, atendendo ao desejo, manifestado por D. Manuel II de que os seus restos mortais repousassem na Pátria.

Morreu Maria Amélia Luísa Helena de Orleães, última rainha de Portugal, no dia 25 de Outubro de 1951 na sua residência em Versailles. A morte deu-se no seguimento de um ataque de uremia, que determinou o fim da sua vida aos 86 anos de idade. Veio juntar-se aos seus entes queridos no panteão real dos Bragança no Mosteiro de S. Vicente de Fora, tendo recebido Honras de Estado. Viveu no exílio entre Inglaterra e França onde acabou por falecer, nunca deixando de manifestar o seu afecto por Portugal como demonstram as suas últimas palavras no leito de morte “quero bem a todos os portugueses, mesmo àqueles que me fizeram mal”.

Príncipe Luís Filipe 1887-1908 Faleceu no passado dia 1 de Fevereiro o Príncipe Luís Filipe Maria Carlos Amélio Fernando Victor Manuel António Lourenço Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis Bento de Bragança Orleães Sabóia e SaxeCoburgo-Gotha, aos 21 anos de idade, vítima do mesmo atentado sofrido pelo seu pai, D. Carlos I, deixando imensa saudade aos membros reais que sobreviveram a esse acto cruel. O cortejo fúnebre decorreu entre o Palácio das Necessidades e a Igreja de São Vicente de Fora com as habituais honras militares. A cerimónia foi presidida pelo cardeal-patriarca D.António Mendes Belo.

Texto: Regina Dias, 12.ºF Retratos: Gabriela Barroso, 11.ºG

O caminho para a conquista da República O clima de crise: o descontentamento das classes médias e do operariado Nos finais do séc. XIX, Portugal vivia um período económico de grande tensão, na medida em que se debatia com um forte endividamento externo, com uma balança comercial deficitária e ainda com a sucessiva falência de empresas. A permanência da crise económica durante largos anos criou uma tensão social que se cimentou através da incapacidade dos sucessivos governos para resol-verem os diversos problemas. Deste modo, a monarquia entrou em descrédito, proporcionando uma via rápida à difusão das doutrinas socialistas e republicanas. A difusão das doutrinas socialistas e republicanas. Efectivamente, o socialismo e o republicanismo afirmavam-se com promessas acerca da melhoria da situação económica e social. Contudo, a adesão ao socialismo foi fraca pois o público-alvo (operariado

no país. Deste modo, a República ganhava ainda mais força, sendo que em Março de 1890 foi cantado pela primeira vez a marcha republicana, “A Portuguesa”, e a 31 de Janeiro de 1891, no Porto, surgiu a primeira tentativa de derrube da Monarquia, contudo sem sucesso. Da ditadura de João Franco ao Regicídio

Bernardino Machado num comício republicano em 1907. Foto in Almanaque Republicano: http://arepublicano.blogspot.com

urbano) era pouco numeroso, mal organizado e analfabeto. Do outro lado, o republicanismo ganhava força, pois exaltava o nacionalismo e propunha soluções para os problemas de vários grupos sociais. O Partido Republicano Português (PRP) utilizava as conferências, comícios e comemorações para fortalecer a sua campanha. Além das medidas que anunciava detinha o

apoio da pequena e média burguesia, de sectores do operariado e da Maçonaria e Carbonária. A Monarquia não conhecia os melhores dias e a forte propaganda republicana era um contributo para tal. A recusa do Mapa Cor-de-Rosa e o consequente Ultimato Inglês de 1890 obrigou Portugal a ceder às exigências britânicas, provocando uma onda de indignação e revolta

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Em 1907, o rei D.Carlos dissolveu o parlamento, devido ao facto dos governos monárquicos se manifestarem incapazes de mostrar soluções e iniciou-se um período de ditadura chefiada por João Franco. Como em qualquer ditadura, o descontentamento e reacção dos partidos e do povo levou a que o governo impusesse a censura à imprensa e a prisão dos opositores. Esta prerrogativa viria a estar na origem do atentado à família real a 1 de Fevereiro de 1908 e que apressou a Implantação da República em 1910. Pedro Alves, 12.ºF


da República

Os primeiros passos

A República em Castelo Branco A República é aclamada em Castelo Branco, no dia 7 de Outubro de 1910, em Sessão extraordinária da Câmara, conforme dá conta a acta então lavrada: “Aos sete dias do mês de Setembro de mil nove centos e dez (...) reuniram em sessão extaordinária nos Paços do Concelho, à hora e meia lunar da tarde os senhores (…). Aberta a Sessão por proposta do Senhor Presidente (...) se deliberou que: tendo uma revolução victoriosa proclamado em Lisboa um novo regimen de governo – o republicano – e havendo esta ordem de coisas sido reconhecida em todo o paiz com socego e paz, cumpre a esta camara declarar publicamente que aceita os factos consumados pelos quaes é alterada a antiga forma de governo em Portugal e que assim a proclama ao povo. E, como é dever de todos aceitar e respeitar as autoridades constituídas todos devemos bradar: Viva a República!” Implantada a República, começaram a fazer-se ouvir, por todo o lado e por todos os meios, os ideais republicanos. Foi de imediato promulgada legislação que restituía ao povo português “o direito de livre expressão de pensamento através do jornalismo” e como consequência desta política liberalizante, em Castelo Branco, surgiram 26 novos jornais, a maioria de orientação republicana, segundo Ernesto Pinto Lobo na sua História da imprensa em Castelo Branco, 1987. Um dos novos semanários, o Pátria Nova (que se pode consultar na Biblioteca Municipal de Castelo Branco), manteve a nossa cidade informada sobre os passos deste novo regime. Dando conta desta nova publicação, saiu um artigo no jornal nacional A Luta de 26 de Novembro de 1911:” Com o título Pátria Nova começou a sua publicação em Castelo Branco um semanário brilhantemente dirigido e superiormente orientado pelo Sr. Dr. António Lobato Carriço. No seu artigo de

Cópia da acta preservada no Arquivo Distrital de Castelo Branco

apresentação, banhado de patriotismo declara encontrar-se ao lado da União Nacional Republicana e ao lado dela se manterá enquanto persistir nele a convicção de que para bem da pátria e de todos nós ela segue por bom caminho.” Foi precisamente através do n.º2 do Pátria Nova, de 30 de Novembro de 1911, que os albicastrenses se inteiraram do programa republicano. Sob o título “O que ha a fazer”, um artigo informa que “Tem a União Republicana de Castello Branco, depois de devidamente organizada muito trabalho deante de si se quízer fazer coisa que se veja em benefício deste districto tão abandonado sempre no regime monárquico que se afundou

em lama e que alguma coisa tem já a agradecer ao governo da República”. E continua, focando os principais aspectos deste programa. Aparecem então como primordiais “a instrução [que] é o que mais interessa à causa republicana”, referindo-se que 85% da população nacional é analfabeta e “são os districtos da Guarda, Leiria e Castello Branco que dão o maior contingente”; a importância da educação para a cidadania - “é preciso educar o povo, mas não lhe ensinar só os direitos, precisa primeiro cumprir as obrigações imprescindíveis a um bom cidadão”; a promoção da iniciativa privada - “o districto é rico, mas a miséria impera, muito depende da iniciativa particular”; o desen-

volvimento rodoviário - “faltam estradas, muitas estão por concluir. Grande parte das povoações são servidas por maus caminhos e pessimos carreiros”. Este programa acrescenta ainda como fundamentais a liberdade política e a protecção das forças policiais - “a GNR tem que vir para o districto, pois já foi feito para outros”; a redução das tarifas do comboio “para permitir a competitividade económica” e a melhoria das infraestruturas da cidade - “faltam Escolas Industriais de Artes e Ofícios (...) até às mais insignificantes comodidades”. Conclui-se, defendendo que estas necessidades de desenvolvimento existem “porque criminosamente a teem [a nossa cidade] deixado afastada de tudo quanto é progresso”. Ao mesmo tempo que se constata que os jornais fazem uma constante propaganda dos ideais republicanos, verifica-se que, já um ano passado da implantação da República, continua ainda a atacar-se violentamente a Monarquia, como se dá conta no n.º5 de 21 de Dezembro de 1911 do mesmo semanário: “No dia 5 de Outubro de 1910, raiou para Portugal uma nova era de oportunidades. Um punhado de homens enérgicos e decididos atirando para longe os seus mais respeitaveis interesses, sacrificando à pátria tudo quanto lhe podiam dar, n’um gesto heroico que espantou o mundo, deu aos portugueses uma nova fórma de governo, decerto aquela que mais lhe convinha e que ha muito era desejada por quantos amavam a sua patria. Veiu a republica substituir a outra senhora, que tinha chegado à maior desvergonha possível, tão indecoroso era o procedimento dos homens da Monarchia, qualquer rameira da rua do Capellão os sobrelevava em procedimento de honestidade”. Receio do ressurgimento dos ideais monárquicos? 12.ºF

O Partido Republicano Português O Republicanismo português manifestou-se na corrente mais à esquerda das Cortes Gerais de 1820, na ideologia setembrista e na rebelião da Patuleia. Terá surgido como resistência ao imobilismo liberal, acusado de não conseguir aproximar o país das nações mais prósperas da Europa. A 3 de Abril de 1870, foi eleito um Directório Republicano Democrático e em 1876 foi criado o Partido Republicano Português (PRP) que dois anos depois se apresentou pela primeira vez às eleições para as cortes, tendo conseguido eleger o seu primeiro deputado, Rodrigues de Freitas do Porto. Até, 1890, data do ultimato Inglês, teve no entanto, pouca adesão eleitoral. Isto por causa da concorrência do Partido Socialista que retirava ao PRP uma parte dos

votos, fortalecendo os Partidos Monárquicos. Porém, o PRP conseguiu eleger 4 deputados nas eleições posteriores ao Ultimato. Em 1900 e 1906 são eleitos 3 e 4 deputados respectivamente. Após o regicídio de 1908, o PRP ganhou dezasseis câmaras municipais, entre elas Lisboa (onde obtiveram 62% dos votos) e, no início de 1910, o número de representantes aumentou para 14 deputados. Meses antes do 5 de Outubro o parlamento agregava 10% de deputados do partido republicano. Face a esta realidade, no Congresso de Setúbal que o partido realizou em 1909, terá sido decidido que o único meio de o partido alcançar o poder seria de forma revolucionária o que culminou com a Revolução de 5 de Outubro de 1910, que instauraria a República.

A República foi proclamada por José Relvas, da varanda Câmara Municipal de Lisboa. O país foi entregue a um governo provisório dirigido por Teófilo Braga. Marcadas as eleições para a presidência da República, vários foram os candidatos que se apresentaram, como dá conta a publicação Illustração portugueza: “Depois de tantos nomes apresentados para a presidencia da Republica, ficaram unicamente em campo e n'elles se insistia immenso no dia 20 de Agosto, a quatro dias da eleição presidencial, os dos srs. drs. Magalhães Lima, Bernardino Machado e Manuel d'Arriaga e Duarte Leite”. Manuel de Arriaga vence as eleições em 24 de Agosto de 1911, tornando-se o primeiro presidente da República Portuguesa. Sónia Gonçalves, 12.ºF

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Manuel de Arriaga Illustração Portugueza, 28.08.1911 in Biblioteca Nacional Digital - http://purl.pt/ 5854/2


da República

Um olhar sobre a 1ª República "Hoje, 5 de Outubro de 1910, às 11 horas da manhã, foi proclamada a República em Portugal na Sala Nobre do Município de Lisboa, depois de ter terminado o movimento da revolução nacional. Constituiu-se imediatamente o Governo Provisório sob a Presidência do Dr. Teófilo Braga." Diário do Governo, 6 de Outubro de 1910

Comemoram-se este ano os cem anos de um dos momentos históricos incontornáveis da História do nosso país, a implantação da República. O primeiro aspecto que importa realçar, que ainda hoje é alvo de uma grande e acérrima polémica é se este acontecimento histórico foi um golpe de estado ou uma revolução. Na verdade, as opiniões e as visões sobre este acontecimento dividemse, levando os defensores da primeira hipótese a referirem que a implantação da República não foi uma revolução, mas um golpe de estado que manteve a classe social dominante. Já em 1891, na cidade do Porto eclodiu a primeira tentativa de derrube da monarquia, concretamente no dia 31 de Janeiro, mas que acabou por fracassar. Os primeiros adeptos e difusores do republicanismo (doutrina política em que quem dirige a Nação é um Presidente eleito pelos cidadãos) foram grandes intelectuais e escritores tais como Sampaio Bruno, Teófilo Braga, Guerra Junqueiro e Ramalho Ortigão, entre outros. O facto dos ideais republicanos estarem desde o primeiro momento ligados a homens de cultura e de craveira intelectual acima da média vai ser uma das características mais relevantes deste movimento político, embora tenha contado com o apoio da média e pequena burguesia, do operariado

e das sociedades secretas tais como a Maçonaria e a Carbonária. De uma forma muito convicta, estas forças vivas da sociedade criticavam a monarquia e o clero, defendiam a descentralização política e económica, assim como advogavam a autonomia do poder local face às forças centralizadoras do país. Esta situação aliada ao facto de que a monarquia cada vez dava mais sinais de fraqueza e incapacidade de governar ao país, levará inquestionavelmente ao 5 de Outubro de 1910. No que concerne às causas que levaram à queda do regime monárquico, estão entre elas a grande instabilidade política desde o Ultimato Inglês de 1890, os graves problemas económicos e financeiros do país e o regicídio de 1908, perpetrado por Manuel Buiça e Alfredo Costa, que assassinaram D.Carlos e o seu herdeiro. A 1ª República centrou inicialmente o seu esforço político e energias realizadoras em três vectores de intervenção fundamentais: a lei da separação do Estado e da Igreja, a legislação social e as mudanças e clara aposta na Educação. Relativamente à primeira, proibiu-se o ensino religioso nas escolas oficiais, tornou-se o registo civil obrigatório, assim como se legalizou o divórcio, entre outras medidas e alterações fundamentais. No relativo à legislação social,

instituiu-se, pela primeira vez, o direito à greve e à organização sindical, assim como um horário de trabalho de oito horas diárias (48 horas semanais), com um dia de descanso semanal, tal como hoje ainda existe em muitas profissões. Ainda neste vector de intervenção, a 1ª República legislou aspesctos referentes à assistência social, o que prova bem a sua preocupação pela defesa dos direitos dos mais fracos e desprotegidos do nosso tecido social da segunda década do século XX. Na Educação, estes republicanos tinham a perfeita noção do atraso português face aos outros países da velha Europa pelo que deram especial atenção às políticas educativas. Isto levou à criação do Ministério de Instrução Pública, que trataria dos temas ligados à educação e instrução. É de realçar ainda a obrigatoriedade e a gratuitidade da escola para as crianças dos 7 aos 10 anos e a fundação de mais de 1500 escolas num esforço que não se via desde o século XVIII , na época do Marquês de Pombal. Outras medidas levadas a cabo nesta época foi o desenvolvimento do ensino técnico e agrícola e a fundação das Universidades de Lisboa e do Porto. A 1ª República foi igualmente uma grande impulsionadora no campo científico e técnico, destacando-se a primeira travessia do Atlântico sul

(Lisboa-Rio de Janeiro) pelos aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Na medicina destacam-se nomes como Ricardo Jorge, Abel Salazar e Egas Moniz, Prémio Nobel da Medicina em 1949.As novas gerações conhecem os símbolos nacionais, mas nem sempre são capazes de os relacionar com o seu enquadramento histórico. Referimonos, como é evidente, ao Hino Nacional, “ A Portuguesa”, e à bandeira vermelha e verde, carregada de toda uma simbologia que a faz nossa. No caso do Hino Nacional, parece-nos curioso referir que já era cantado pelos republicanos antes de 1910. Nos 100 anos da República Portuguesa, não podemos esquecer ou escamotear momentos difíceis pelos quais passou o país já durante a República em termos políticosociais e da ausência das mais básicas liberdades de cidadania, como é o caso dos 40 anos de regime fascista que ensombrou o país até 1974, data da Revolução dos Cravos. Pertence pois às novas gerações a responsabilidade e o dever de através do conhecimento histórico e do exercer os ideais de cidadania, manter presente a memória destes factos absolutamente determinantes para a construção de um futuro mais justo e optimista. Viva a República, viva a História. Grupo disciplinar de História

O que pensam os alunos da ESAL

Monarquia ou República? Realizado um inquérito a 100 alunos escolhidos aleatoriamente de entre as diversas turmas do 9º e 12º ano com o intuito de saber qual o sistema político que prefeririam, República ou Monarquia, chegou-se aos seguintes resultados: 75% dos alunos defende a República e 25% a Monarquia. República, porque sim…! De acordo com os inquiridos, os principais factores que os levaram a optar pela República como sistema político estão relacionados com os seus ideais, tendo alguns afirmado que as razões por que o tinham escolhido passavam por as pessoas terem a possibilidade de escolher quem são os seus representantes, incluindo o Presidente a República, liberdade negada pela Monarquia. Por outro lado, consideram que este regime permite uma maior

liberdade de expressão e é mais justo para a globalidade da população e mais igualitário, permitindo que qualquer cidadão possa ascender ao mais alto lugar de chefia do país. Monarquia, porque sim...! Já os alunos que defendem a Monarquia consideram ser este o melhor sistema político, pois um príncipe estuda uma vida inteira para preparar a sucessão ao trono, tendo maior predisposição para chefiar o país do que qualquer candidato a Presidente da República. Por outro lado, consideram que a República que apregoa a igualdade de oportunidades é a mesma que serve interesses políticos e pessoais, atribuindo cargos a indivíduos pelo simples facto de defenderem uma determinada cor política e não pelo seu valor ou mérito pessoal. Luís Lopes e Luís Leão, 12.ºF

O Sistema político português:

República Semi-Parlamentar A palavra “República”, surge do latim res publica, ou seja “coisa pública”. Esta é uma forma de governo na qual o representante do povo, é escolhido por sufrágio universal ou numa assembleia restrita, para ser o Chefe do Estado. No Sistema Parlamentar, o Parlamento é a sede de todos os poderes: o Chefe de Estado é eleito, geralmente, de entre os membros do parlamento e o governo responde perante o mesmo. O Parlamento e o Governo são eleitos directamente pelos cidadãos. O Sistema Presidencial fundamenta-se no princípio da separação de poderes: o Chefe de Estado é eleito por todos os cidadãos, sendo também o Chefe do Governo. No entanto, o Chefe de Estado não pode demitir o Parlamento que também resulta de eleição universal. Podem existir sistemas de

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governo mistos. Isso é o que sucede em Portugal. Na verdade, somos uma República Semi-Parlamentar, com moções de censura. O chefe de Estado (eleito por sufrágio universal) não faz parte do Governo, pode dissolver o governo se perder a confiança nele e só preside à reunião do Conselho de Ministros se for convidado pelo Chefe de Governo. O Governo depende do Parlamento quanto à formação e subsistência, pois em caso de aprovação de uma moção de censura, é imediatamente destituído. Em relação à separação de poderes e funções, os membros do governo não pertencem ao Parlamento e vice-versa. O papel do eleitorado é julgar a acção do Primeiro-Ministro e a acção do Chefe de Estado. Vânia Santos, 12.ºF


iblioteca

Diário de um adolescente em 1910 por Alice Vieira D. Manuel lá parte amanhã para Londres, para assistir à coroação do novo rei de Inglaterra. — Agora é que lhe arranjam casamento com a tal princesa inglesa…— diz a minha avó. — Não me parece…— diz a minha mãe — Não estou a ver a Rainha a deixar casar o filho com uma princesa que não é católica… A Rosa (...) garante que o rei vai mas é encontrar-se com uma actriz francesa que conheceu há uns tempos… Mas, nestes últimos dias, cá em casa — e ao contrário do que é costume…— nem se tem ouvido falar em monarquia ou república. Agora, anda toda a gente aflita por causa do cometa. Até eu não me sinto lá muito seguro, sobretudo depois de ver a capa da última “Ilustração Portuguesa”, que traz o monstro que dentro de dias pode atacar a Terra e dar cabo de nós. O Cometa Halley está a chegar — é o que se ouve em toda a parte. Dizem que vai passar tão perto da Terra, que o mais certo é esbarrar nela e ninguém pode prever o que vai acontecer. Dizem que até há gente que já se suicidou por causa disso. — É o fim do mundo — murmura a minha avó. (Quando mataram D. Carlos e D. Luís Filipe, a minha avó também disse que era o fim do mundo. Quando foi do terramoto de Benavente, a minha avó também disse que era o fim do mundo. De cada vez que rebentam bombas, a minha avó também diz que é o fim do mundo. Digamos que o fim do mundo já se vai tornando um hábito cá em casa.) Ontem a Rosa chegou da Praça da Figueira e disse: — Andam a vender garrafas de oxigénio por causa do cometa. Eu já comprei uma. O meu pai até deu um berro. E deu mais outro quando ela acrescentou que, para lá das garrafas de oxigénio, também estavam a vender máscaras de gás e comprimidos milagrosos. O dinheiro dela é que só tinha dado para a garrafa. Indignado, o meu pai fez logo ali um comício republicano, a protestar contra a ignorância em que queriam manter o povo, para assim o poderem explorar melhor. — Se as pessoas tivessem instrução, saberiam que isso é tudo obra de vigaristas, e que desde o ano passado os cientistas observam o cometa, e estão preparados para a sua chegada. — Dizem que a cauda é enorme e que, com o embate, se vão espalhar gases desconhecidos que podem devastar o planeta! — disse a minha avó. — Mas quais gases… Aquilo é tudo vapor de água!.... — o meu pai estava mesmo muito ofendido com a nossa ignorância. — Não quero ouvir cá em casa mais disparates destes! — disse ele. «JN» de 15 Mai 2010

da biblioteca Ler a República! - 100 anos ... em 20 minutos

República de leitores No dia 20 de Maio, pelas 11h30, as escolas dos concelhos de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Oleiros, Proença-a-Nova, Penamacor e Vila Velha de Ródão interromperam as actividades lectivas para dedicar 20 minutos à leitura. Uma iniciativa conjunta, promovida pelo núcleo de responsáveis pelas bibliotecas escolares, à qual aderiram também as Bibliotecas Municipais, para celebração do centenário da República e ao mesmo tempo promover o prazer de ler. A República serviu de critério de selecção dos textos e funcionou também como ideia norteadora do evento, visto que atravessamos o ano em que se comemoram os 100 anos da sua implantação em Portugal. Mas o grande objectivo da actividade foi a promoção da leitura.

Com efeito, cerca de 9000 alunos e 800 professores estiveram envolvidos nesta iniciativa conjunta de celebração dos cem anos da República por intermédio da leitura. Na Esal, nas turmas do 3º ciclo, foi lido um excerto adaptado da obra “O dia em que mataram o rei” de José Jorge Letria e, nas turmas do ensino secundário, foram seleccionados textos de um conjunto de crónicas semanais sob o título genérico “Diário de um adolescente em 1910”, escritas por Alice Vieira, já publicadas e a publicar no Jornal de Notícias até ao dia 5 de Outubro de 2010 e também publicados semanalmente no blogue As Madrugadas da responsabilidade de Alice Vieira: http://as-madrugadas.blogspot.com Prof. bib. Raquel Afonso

No dia Mundial do livro

Concurso de leitura Para assinalar o Dia Mundial do Livro, a biblioteca organizou um concurso de leitura dirigido aos alunos do 7.º ano. Os participantes, previamente inscritos, prestaram uma prova de leitura expressiva a partir de pequenos extractos do livro “O Príncipe da prisão dourada” de Nathalie Mallet. O júri, constituído pela professora bibliotecária, a professora de Português Ana Pires e por alunos das duas turmas de 7.ºano, avaliou a destreza de leitura dos candidatos, classificando a fluência, a dicção, a expressividade e o ritmo. Foi apurado um vencedor por turma: Telma Jesus do 7.ºA e Rodrigo

Os vencedores Telma Jesus e Rodrigo Lemes

Lemes do 7.ºB que receberam, como prémio, um livro da colecção “7 irmãos” da escritora Maria João Lopo de Carvalho que esteve recente-

mente na nossa escola e que gentilmente autografou os livros para os vencedores.

Quem vem ler hoje? No dia 22 de Maio comemorouse o dia do autor português e a biblioteca assinalou esta data com mais uma sessão de animação da leitura, desta vez dirigida aos alunos do 8º ano. Numa pequena sessão na sala de aula, em colaboração com a professora de Português Fernanda Estrela, a professora bibliotecária apresentou o escritor Mário Dionísio e o seu mais recente livro “O veneno de Ofiúsa” e levou como convidada

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a professora Célia Prata que leu algumas passagens aos alunos. No final, fizeram-se mais sugestões de leitura de autores portugueses e lançou-se um desafio: “o livro que eu gostaria de escrever” e que consistiu na redacção da primeira página de um livro imaginário. O melhor trabalho foi do aluno Rui Marques do 8.ºA que recebeu como prémio o livro “Illusya” de Bruno Matos, um jovem autor também português.


da biblioteca ESAL na final do Concurso Nacional de Leitura

Veronika decide morrer de Paulo Coelho

Alexandre Aparício vence fase distrital

Alexandre Aparício aguarda a prova oral com descontração

Dia 21 de Abril teve lugar, na Biblioteca Municipal de Vila de Rei, a distrital do Concurso Nacional de Leitura. A nossa escola esteve representada por cinco alunos: no escalão do 3º ciclo, Rita Rodrigues do 8ºA e Oana Gabriela do 9º B e, no escalão do Secundário, Alexandre Aparício do 11ºB, Cristiana Gaspar e Pedro Roque do 10ºC. Durante a manhã, realizaram-se as provas escritas sobre as obras escolhidas para cada escalão - o “Delfim” de José Cardoso Pires para o Ensino Secundário e “Singularidades de uma rapariga loira” de Eça de Queirós e “Fernão Capelo Gaivota” de Richard Bach para o 3º ciclo - e realizou-sC também um Peddy Paper pela cidade.

Às 13:30h, todos os participantes almoçaram na EBI de Vila de Rei e a seguir voltaram à Biblioteca Municipal para saber quais os cinco alunos apurados na prova escrita, em cada escalão, que iriam ser submetidos à prova oral. A emoção foi grande quando soubemos que Alexandre Aparício foi um dos cinco apurados para esta prova que consistiu na leitura de um excerto do livro lido em cada escalão e a resposta a uma pergunta feita pelos júris. Alexandre Aparício conseguiu o 1º lugar devido à segurança com a qual respondeu à pergunta do júri e à leitura que fez com muita expressividade. Oana Gabriela, 9.ºB

Experiência de leitura por Oana Gabriela, 9.ºB

“Veronika decide morrer” relata a história da vida de uma rapariga eslovena que, no dia 11 de Novembro de 1997, conclui que a sua existência não tem sentido e decide suicidar-se. Mas a sua tentativa de suicídio saiu frustrada. Veronika tem uma vida como nós costumamos dizer: “perfeita”. Tem um emprego razoável, mora num pequeno quarto que lhe dá o prazer da privacidade, frequenta bares movimentados, conhece rapazes e sai com alguns deles, mas mesmo assim ela não é feliz. Tudo isto não lhe chega. Tenta, então, o suicídio, tomando cinco caixas de comprimidos para dormir. Mas o acaso não quis que a sua vida terminasse. E Veronika acorda em Vilette, um sanatório de Lubljana. Aí Veronika conhece Eduard, filho do embaixador da Eslovénia, um rapaz esquizofrénico, e apaixonamse um pelo outro. A vida de Veronika começou a ter mais sentido. O leitor fica a saber que Veronika,

enganada pelo director, ia ser sujeita a experiências para testar um novo medicamento, tendo-lhe sido dito que só lhe restava uma semana de vida. Pensando que tinha pouco tempo para viver, Veronika e Eduard fugiram de Vilette para passar os dias que lhe restavam juntos e sossegados. A partir de aí, nunca mais ninguém soube deles. Este livro abre-nos os olhos para a vida, faz-nos perceber que esta tem sentido e se aqui estamos, por alguma razão é. O suicídio nunca é solução para os problemas, a solução passa por um raciocínio livre e pela reflexão, nunca esquecendo que há sempre alguém que nos pode ajudar.

Ler a República no

Passatempo do Resultados da edição anterior

Vejamos o que aprendeste com esta edição do eSalpicos.

Vencedor: André Afonso, 9.ºB

1. Em que data aconteceu o regicídio? _______________________ 2. O rei foi morto por ___________________________________

Número de artigos com referências a livros: 6 artigos

3. Data da Implantação da República: ______________________

Número de visitas de estudo que foram notícia: 4 visitas de estudo

4. Que significa PRP? ___________________________________

Autor de “Alex 9”: Bruno Martins Soares

5. Quem proclamou a República em Lisboa?__________________

O Dr. Filipe Roque é: Director Técnico da Associação de Futebol de Castelo Branco (AFCB)

6. O 1º Presidente da República Portuguesa foi _________________

Questão de desempate: um número à escolha e sua importância algumas respostas:

7. Como se denomina o sistema político português actual?

- O número 13 é o meu número da sorte e escolho-o para tudo. Foi o dia em que nasci.

8. Imagina que fizeste parte da sondagem da página 12, diz qual o regime que preferirias se pudesses escolher e justifica.

___________________________________________________

_____________________________________________________

- Gosto bastante do número 25, é Natal...

_____________________________________________________ - Gosto dos números das notas, 5, 10, 20, 50, especialmente quando estão no meu bolso.

O vencedor deste passatempo receberá um prémio surpresa

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MURAL do eSalpicos NOS CEM ANOS DA RES PUBLICA Duas datas desiguais, com os mesmos ideais 1910 - 1974 de preto e branco vestidos

de vermelho coloridos

Foto in http://www.centenariodarepublica.org

A FORÇA DA MENSAGEM: nos jornais foi publicada

nas paredes desenhada

Amoreiras, Lisboa - Fonte: http://cravodeabril.blogspot.com

Os Ridiculos, nº910, 17.06.1914, - Fonte: Biblioteca Nacional Digital http://purl.pt/5854/1/index.html

Lisboa - Cacém Fonte: Centro de documentação do 25 de Abril da UC <http://www1.ci.uc.pt>

A Lanterna, 09.03.1913, n.º 65 - Fonte: Biblioteca Nacional Digital - http:/ /purl.pt/5854/1/index.html

Rua Luís de Camões , Lisboa Fonte: Centro de documentação do 25 de Abril da UC <http://www1.ci.uc.pt/cd25a>


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