Salpicos 1 2009-2010

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Ano III - Nº 1

Dezembro 2009

Jornal da Escola Secundária/3 de Amato Lusitano

Salpicos Editorial de letras e leituras

Vivemos hoje numa sociedade em que todos os dias somos desafiados, pelas mais variadas situações, a utilizar as nossas competências de leitor, não apenas para descodificar textos escritos mas também para “ler” o mundo que nos rodeia. É inquestionável que o acto da leitura permite ao homem não somente a sua inserção, mas também a participação activa no meio social que o rodeia. Assim, a escola deve constituir o elo de ligação entre leitores competentes e inserção social. Os estabelecimentos de ensino vêm disponibilizando, há alguns anos, equipamentos e laboratórios de informática aos alunos para que todos tenham acesso às novas maneiras de ler e escrever. Mas é preciso, também, que o professor projecte novas formas de ministrar as aulas, utilizando essas novas tecnologias, proporcionando aos alunos o contacto com os diversos suportes textuais e diversos tipos de textos, pois, isso sim, é fazer com que eles entrem nesse universo de leitores e possam realmente tornar-se cidadãos conscientes e participativos, que saibam utilizar a linguagem com precisão, comunicar-se com exactidão, sabendo adequar o seu discurso a diferentes situações comunicativas. Neste mundo globalizado, o professor tem que ter a capacidade de desenvolver a competência comunicativa dos usuários da língua, ou seja, fazer com que o aluno entenda que ele não realiza somente uma exteriorização do pensamento ou uma transmissão de informação, mas também actua sobre o interlocutor dentro de um contexto sócio-histórico.

da música

do rock aos blues Pág. 2

da imaginação

Colhamos livros. Molhemos doces Os nossos olhos Nas letras vivas, Para aprendermos Vida também.

Colhamos flores. Molhemos leves As nossas mãos Nos rios calmos, Para aprendermos Calma também. Ricardo Reis

eSalpicos

tantas aventuras...

crónicas... traços... escritas... Págs. 6 e 7

da biblioteca

Professores bibliotecários a tempo inteiro Pág. 12

concurso de jornais escolares

2º lugar para o eSalpicos

João Belém

Pág. 14

Com o apoio do

Jornal Reconquista

Escola S/3 de Amato Lusitano Av. Pedro Álvares Cabral 085-6000 Castelo Branco Tel. 272339280 Fax. 272329776 E-mail: ce@esal.edu.pt www.esal.edu.pt


da música

Dos blues ao rock

do nosso propósito … Iniciamos, com esta primeira edição do eSalpicos deste ano lectivo, uma rubrica sobre música, à qual daremos continuidade nas próximas publicações. O nosso objectivo é estimular, em toda a comunidade escolar, o gosto pela música assim como transmitir alguns conhecimentos básicos neste âmbito. Através do jornal da ESAL, iremos divulgar a história da música, notícias de bandas conhecidas e muito mais. Desde já esperamos que o nosso primeiro artigo seja do interesse dos leitores do eSalpicos.

Alexandre Aparício e Daniel Figueiredo, 11ºB

Ficha Técnica Direcção Prof. Conceição Neves Prof. Etelvina Maria Prof. Hélder Rodrigues Prof. Hermínia Pombo Prof.Raquel Afonso Prof. Rui Duarte

Mais tarde apareceria um blues mais ritmado, ao qual chamaram Rock’n’roll. Um dos músicos mais conceituados deste estilo musical é o tão conhecido Elvis Presley que começou a sua carreira por volta de 1952/1953. A 27 de Novembro de 1942, nasce James Marshall Hendrix. Músico que, na década de 60, se distinguiu de tal modo que há mesmo quem afirme que ele foi o músico de fusão para todos os estilos musicais. Não há dúvida é que constitui uma referência para todos os guitarristas. Nas suas composições, Jimmy Hendrix, como é popularmente conhecido, conseguiu revolucionar o conceito de blues e rock’n’roll, introduzindo um novo estilo – o Rock - a par de outros pioneiros como os de The Who, os famosos Beatles e os Led Zeppelin. A partir do Rock, surgiram todos os estilos musicais das décadas seguintes: o rock psicadélico do final dos anos 60, popularizado pelos Pink Floyd e pelo álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band dos Beatles, o glam rock do início da década de 70, o hard rock da segunda metade da década de 70 e do início da década de 80, com bandas bastante conhecidas como os Scorpions, Deep Purple, Black Sabbath, Queen, entre outras. Outro estilo não menos importante foi o Punk Rock dos anos 80, com os clássicos The Clash e Sex Pistols. Apesar de apenas termos referido estas quatro vertentes do Rock, existem muitas mais, sendo bastante difícil nomeá-las todas. O que é necessário compreender é que a música sofre um processo de

Todos nós sabemos o que é a música, qual o ritmo que mais nos agrada, qual a nossa banda preferida, o nosso estilo musical… Nos dias que correm, podemos afirmar com toda a certeza que também houve grande evolução na área da música. Com um simples computador, conseguimos fazer a mistura de um ritmo com algumas notas e temos uma música feita. Contudo, para chegarmos a este ponto, foram muitos os mestres que dedicaram a sua vida à música. Casos como Ludwig van Beethoven e Wolfgang Amadeus Mozart são o exemplo perfeito disso. Ao ouvirmos com atenção qualquer obra destes Músicos deparamo-nos com uma harmonia perfeita e com uma matemática de tempos sem um único erro. Desta era da música clássica, a humanidade avançou, musicalmente, para histórias muito diferentes entre si, sendo o número de histórias sobre a música tão vasto como o número de culturas existentes no planeta terra. Iremos apresentar, então, as culturas musicais mais adoptadas e apreciadas a nível europeu. Comecemos por falar na música revolucionária que teve origem no sul dos Estados Unidos como por exemplo no Louisiana e Mississípi em que era habitual ver campos de plantação de algodão onde era escravizada a população afroamericana. Os escravos utilizavam a música como forma de atenuar a dor e o cansaço das suas longas jornadas de trabalho. Daqui nasce, então, o blues, o jazz e o country. Destacamos o artista americano B.B. King, um dos pioneiros na popularização do blues.

evolução que é impossível parar. Todos os dias novas bandas se juntam, criando um estilo próprio, o que faz com que o cenário musical seja muito vasto. Mas não devemos esquecer as suas origens! A mensagem que queríamos deixar está centrada nesta ideia – o passado da música foi deveras importante para o desenvolvimento a que actualmente assistimos, daí haver hoje tantos e tão diferentes estilos. Vamos procurar nos próximos artigos cativar a vossa atenção para aquilo que, na nossa opinião, foi importante e influenciou o mundo da música. Terminamos, deixando aqui algumas sugestões musicais dos quatro estilos que acima mencionámos: Are you experienced? dos The Jimmy Hendrix Experience, Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band dos The Beatles , The Wall dos Pink Floyd, Paranoid dos Black Sabbath e Never Mind the Bollocks dos Sex Pistols.

Jimmy Hendrix, pioneiro do rock

Colaboradores Nádia Oliveira, 1º ano CEF, DAC Eva Santiago, 1º ano CEF, DAC Rita Rodrigues, 8ºA Sandra Nunes, 8ºA Oana Gabriela, 9ºB Cristiana Gaspar, 10ºC Solange Ascensão, 10ºG Inês Folgado, 10ºF Alexandre Aparício, 11ºB Daniel Figueiredo, 11ºB Bruna Pereira, 11ºD Cristiana Sousa, 11ºD Daniela Galante, 11ºD Filipa Oliveira, 11ºD Mariana Ribeiro, 11ºD Patrícia Gardete, 11ºD Ruben Carvalho, 11ºD Inês Fortunato, 11ºE Sílvia Silva, 11ºG Soraia Luís, 11ºG Ana Rita Sequeira, 12ºA Cátia Marques, 12ºA Helena Nunes, 12ºB Miguel Ângelo, 12ºC Luís Lopes, 12ºF Pedro Alves, 12ºF Susana Mendes, 12ºF Vânia Santos, 12ºF Marlene Kléo, 12ºG Mariana Afonso, ex-aluna da ESAL Prof. Carlos Salvado Prof. Graça Ramos Prof. João Belém Prof. José Tomé Prof. Otília Duarte Prof. Filipa Santos, Ensino Especial Margarida Bernardo, Psicóloga

Banda local formada por alunos da ESAL

A Way to Disappear festeja um ano de existência A Way to Disappear é uma banda formada por 6 elementos ligados à ESAL, pois todos estudaram ou ainda estudam presentemente na nossa escola: Nuno Rodrigues e Ricardo Gonçalves na voz, João Duque e Daniel Figueiredo nas guitarras, Francisco Fontes na bateria e Alexandre Aparício no baixo. Esta banda foi criada há um ano e surgiu do gosto que estes jovens têm pela música. Um projecto que exige muito esforço e empenho, mas que é compensado pelo que é sentido no palco. Num concerto dos “A Way to Disappear” é possível ouvir-se

desde cover’s de músicas recentes a clássicos do Rock das décadas sagradas da música. Para além disso, a banda desenvolve ainda músicas originais, da sua autoria. No próximo sábado, dia 19 de Dezembro, este grupo musical vai festejar o seu primeiro aniversário com um concerto no Bunker Bar, em Cebolais de Cima, local onde a banda, há um ano, se apresentou pela primeira vez em palco. A convite dos aniversariantes irá também actuar “The Grooves Connection”, Dj Lady F e Djivo. O espectáculo terá início às 23:30h e fica desde já o convite a todos os leitores do eSalpicos.

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Salpicos da ESAL Palestra no âmbito da psicologia forense

O que Darwin não sabia sobre dinossauros

Justiça e encarceramento “Tinha 25 anos quando lhe cantaram os parabéns pela 1ªvez e foi na prisão.”

No passado dia 27 de Novembro, realizou-se na nossa escola uma palestra sobre “Psicologia Forense”, no âmbito da disciplina de Psicologia B, dirigida às turmas de Psicologia B do Curso de Ciências e Tecnologias de 12º ano. Teve como oradores a Directora dos Estabelecimentos Prisionais de Castelo Branco e da Covilhã, Dra. Fátima Jerónimo, e o sociólogo do estabelecimento prisional da nossa cidade, Dr. Carlos Borrego. A iniciativa partiu dos professores de Psicologia B do 12º ano, Américo Silva e Graça Dias, que se encarregaram de estabelecer os contactos necessários com as entidades envolvidas. Esta palestra teve como objectivo proporcionar aos alunos uma abordagem relativa às aplicações da Psicologia Forense nas prisões, mais concretamente na forma como os criminosos são reeducados. Os oradores explicitaram as componentes relacionadas com o principal problema da taxa de criminalidade: a falta de afectos. A Sra. Directora Fátima Jerónimo afirmou que cerca de 80% dos casos são provocados por falta de afecto por parte da família, da sociedade e até da escola. Um exemplo bastante elucidativo, dado pelo Dr. Carlos Borrego, foi o de uma rapariga de 25 anos a quem a

primeira vez que lhe foram cantados os parabéns foi exactamente na prisão. Ao contrário do que muitos julgam e do que por vezes os meios de comunicação, erradamente, nos transmitem, a maior parte dos reclusos estão presos por crimes relacionados com droga, não apenas por serem traficantes mas também por cometerem crimes para sustentar o vício. A este propósito, foi feita uma pergunta aos presentes que, agora, colocamos também a todos os leitores do eSalpicos: “O que é para vocês prazer?”. Muito poucos souberam responder a esta pergunta, talvez porque é algo em que não pensamos frequentemente, mas não deixa de ser pertinente. Se reflectirmos sobre esta questão, concluimos facilmente que, se alguém consome droga e gosta, irá procurar novamente esse momento de satisfação. O prazer leva ao vício e o vício leva a tal dependência que se cometem crimes tremendos. O interesse e a motivação dos alunos foi perceptível ao longo de toda a palestra, através das várias questões que foram colocando aos oradores. Por fim, fica a nossa opinião, que pensamos ser partilhada pelos restantes presentes. Consideramos que o contributo destas comunicações foi muito proveitoso para o alargamento dos conhecimentos relativos à Psicologia Forense, nomeadamente ao trabalho que é realizado dentro das prisões de Portugal, em especial a da nossa cidade.

Inês Fortunato, 12ºE Miguel Ângelo, 12ºC

O Dr. Carlos Borrego fala sobre a reeducação dos criminosos

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Foi com este título que o paleontólogo Doutor Octávio Mateus apresentou uma interessante palestra aos alunos de 10º ano dos Cursos de Ciências e Tecnologias da Escola Secundária Amato Lusitano, no passado dia 19 de Outubro. A vasta e interessada assistência ficou a saber mais sobre a evolução e extinção destes répteis e em particular daqueles que viveram no território que é hoje Portugal. Neste âmbito, foi demonstrado o parentesco próximo entre a fauna portuguesa e a norte-americana, tendo também sido abordado o sempre controverso processo de interpretação de esqueletos incompletos, referindo-se que, por exemplo, a coloração da pele é um dado que nunca será encontrado num fóssil de dinossauro, mas que o desenhador se apoia em critérios científicos, começando por analisar os padrões de coloração de animais que hoje ocupam nichos ecológicos semelhantes. A grande extinção do final do período Cretácico foi explorada, tendo o Doutor Mateus explicado

que a hipótese do impacto meteórico, apesar de visualmente mais apelativa, apresenta lacunas graves, pelo que a principal causa da extinção destes “lagartos terríveis” terá sido a actividade vulcânica do Decão, na Índia, que se prolongou por quinhentos mil anos, provocando impactos vários na biosfera de há 65 milhões de anos. Este jovem cientista é o maior especialista português em dinossauros, com artigos já publicados nas mais prestigiadas revistas científicas internacionais, tendo contribuído para a identificação de sete novas espécies destes vertebrados, das quais cinco viveram no nosso país. Devido ao sucesso desta iniciativa, o grupo de Biologia da Escola Secundária Amato Lusitano pretende realizar uma visita de estudo ao principal local de trabalho deste grande paleontólogo português, o Museu da Lourinhã, para observação in loco do valioso espólio do Jurássico superior português. Prof. José Tomé

Concluído o secundário

Um olhar sobre a Área de Projecto Ontem aluna do secundário, hoje estudante universitária. É incrível pensar nisto. Não tarda estou a acabar o primeiro semestre do primeiro ano do meu curso. Os últimos dois meses e meio foram os mais ricos em experiências que tive em toda a minha vida. Novos colegas e amigos, um novo método de ensino, disciplinas (ou melhor, cadeiras) todas elas bastante interessantes e muitas novidades foi aquilo que encontrei em Lisboa, onde estou a tirar o curso de Ciências Farmacêuticas. No entanto, o secundário não ficou totalmente para trás. Para além dos amigos que fiz e que acredito que sejam para a vida, a passagem por este ciclo foi uma ponte para a universidade, uma óptima preparação para esta nova etapa da minha vida. Falando em concreto da disciplina de Área Projecto do 12º ano, posso aqui confessar que o que aprendi me tem valido bastante nos trabalhos que tenho feito. Aprender a fazer citações ou

uma bibliografia é algo que na Universidade é mais do que útil… é essencial. Saber fazer uma apresentação oral não é tão fácil quanto parece… ainda para mais quando temos um auditório cheio de pessoas, muitas delas com bastante conhecimento na matéria que vamos expor. Por isso, saber como agir perante uma plateia cheia de gente de olhos postos em nós e de ouvidos bem abertos a captar todas as palavras que dizemos é fulcral para se ser bem sucedido nas apresentações orais no ensino superior. Felizmente, também isso aprendi na disciplina de Área Projecto. Fiz monografias de forma exímia e tive bons “treinos” para as apresentações orais que hoje tenho de fazer. E é por coisas como estas que digo que o secundário não é uma ponte segura de ligação para a universidade e, acima de tudo, o melhor treino que podemos ter para enfrentar os anos que se seguem… Mariana Afonso


A partir deste ano lectivo

Salpicos da ESAL

Serviço de psicologia na ESAL

Onde está o fracasso escolar? É este um dos temas estrela que, de modo intermitente, aparece no plano da actualidade educativa. Os fins de curso, a difusão de algum estudo ou estatística e os períodos de reforma são momentos em que costuma soar de novo o alarme do fracasso escolar e se baralham novas fórmulas para o atacar. A história recente brinda-nos exemplos eloquentes de processos de reforma que nascem com a ilusão de reduzir as desigualdades sociais de origem e os índices de fracasso mediante políticas compensatórias, de bolsas e de outro tipo. Do conceito de fracasso escolar, não obstante, tem-se feito uso – e incluso abuso – muito variado e pintado em atenção aos diversos discursos ideológicos ou sociológicos, às perspectivas de investigação quantitativa ou qualitativa e aos pontos de vista dos alunos, dos professores, dos pais e do Ministério. Não quero insistir aqui no tópico dos factores e agentes que o determinam e na sua cota de responsabilidade, mas sim no seu carácter polémico, controvertido e cheio de matizes. Assim, a noção de êxito e fracasso não se corresponde necessariamente com a de rendimento, e inclui uma constelação muito ampla de atitudes e fenómenos que vão desde as escassas ilusões e

Este ano lectivo, a ESAL passou a contar com um serviço de psicologia. Foi colocada na nossa escola a psicóloga Margarida Roque Bernardo que está à frente do gabinete de apoio psicológico. Este serviço é dirigido a toda a comunidade escolar, em particular aos alunos que poderão usufruir deste apoio por sugestão dos professores ou Encarregados de Educação, estando o encaminhamento a cargo do Director de Turma. O papel da escola na sociedade actual é cada vez mais importante, sendo cada vez mais imputado ao ensino uma escola atenta às necessidades intelectuais e comportamentais dos seus alunos. Formar crianças e adolescentes sociáveis, felizes, livres e empreendedores é um grande desafio nos dias de hoje. Cabe aos professores a tarefa de preparar os nossos jovens para o mundo do trabalho, desenvolvendo para isso as suas capacidades de análise, raciocínio, espírito crítico, participando de forma directa na aprendizagem do aluno. No entanto, a escola é, mais que um local de aprendizagem, um espaço de vivências relacionais. Criam-se amizades, aprendem-se valores, em suma, as pessoas relacionam-se. Assim, um dos objectivos deste serviço de psicologia será contribuir para melhorar os relacionamentos interpessoais entre alunos, pais, professores e todas as entidades

expectativas de futuro que gera a escola até ao abandono e absentismo escolar. Esta concepção, mais complexa e dialéctica do fracasso escolar, permite uma aproximação mais compreensiva do actual cenário educativo e social, marcado pelo crescimento vertiginoso do conhecimento, pela diversidade e escassa articulação das ofertas formativas, pela generalização da escola de massas até aos 18 anos, pelo crescente grau de desagregação social, pelas novas desigualdades e pobrezas e, sobretudo, pela crise económica e desemprego estrutural. É sabido, e até certo ponto sociavelmente aceitável, que o fracasso escolar é um instrumento de selecção e distribuição do aluno dentro da pirâmide escolar e, mais adiante, dos cidadãos nos distintos degraus da estrutura laboral e social. A novidade é que agora muitos ficam, e vão ficar, fora desta estrutura, e por isso a taxa desse novo fracasso escolar pode disparar até limites imprevisíveis. Uma reflexão sobre o lugar da Escola, o conhecimento e a cultura na sociedade actual é, porventura, uma boa sugestão. Prof. Carlos Salvado

pertencentes à escola. Para além disso, o psicólogo actuando sempre de forma ética e profissional deve assessorar a implementação e avaliação de projectos pedagógicos com os vários segmentos da escola, prevenindo problemas no processo de ensino-aprendizagem. Um outro aspecto a salientar prende-se com uma afirmação que se ouve regularmente: “eu não sou maluco, por isso não preciso de consultas de psicologia”. Esta é uma ideia que ainda está bastante enraizada, mas que não corresponde à realidade. O apoio psicológico é para todos, é sobretudo para ajudar a pensar, é um espaço aberto a questões, a dúvidas, incertezas, para cada um falar das suas dificuldades, sejam de aprendizagem, de relacionamento, de tomada de decisões, de saber lidar com as suas emoções, medos, ansiedades. É também um espaço para falar de alegrias, conquistas, vitórias, de objectivos futuros. Auxiliar os professores a identificar e compreender comportamentos problemáticos, sejam eles individuais ou em grupo, bem como promover uma melhor compreensão entre pais e filhos é também fundamental. Conseguindo esta interdisciplinaridade vamos certamente conseguir tornar os nossos alunos mais felizes, saudáveis e sábios! Margarida Roque Bernardo, psicóloga da ESAL

Políticos por breves minutos No passado dia 11 de Novembro, os alunos do 10ºano do curso de Contabilidade e do 12ºano do curso de Ciências Socioeconómicas realizaram uma visita de estudo ao Palácio de S. Bento, ao Museu da Presidência da República e ao Plenário da Assembleia da República com os seguintes objectivos: promover a consolidação de conhecimentos no âmbito da disciplina de Ciência Política, entender o Estado como uma sociedade politicamente organizada, conhecer os elementos do Estado e os Órgãos de Soberania e contribuir para a formação integral dos alunos no domínio do desenvolvimento de competências sócio - efectivas, quer a nível da socialização com colegas e professores, quer na sua preparação enquanto cidadãos social e politicamente activos. Iniciou-se a visita ao Palácio de S. Bento por volta das 10h, juntamente com um outro grupo escolar de Santarém. Durante a visita guiada, foi explicada aos alunos toda a história da Sede do

Os “políticos” da ESAL na Assembleia da República

Parlamento de Portugal. Observaram-se variadas divisões do palácio repletas de alas e de obras de arte de diferentes épocas da História de Portugal, a sua ornamentação e estilo neoclássico, assim como a esplêndida paisagem que se pode usufruir das traseiras da

Residência Oficial do Primeiro Ministro. Para terminar a visita ao palácio, os alunos percorreram a “sala” do Parlamento e até saborearam a experiência de serem políticos por uns minutos. Seguiu-se para o Museu da Presi-

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dência da República, localizado no Palácio de Belém. Este Museu combina a exposição tradicional de peças de colecção ligadas aos políticos que chefiaram o Estado português desde 1910 com sistemas interactivos de informação e conhecimento. O percurso da visita iniciou-se com os símbolos nacionais e terminou com uma abordagem dos poderes, funções e actividades dos Presidentes do nosso país. No final, os alunos dirigiram-se a um parque onde pararam para repousar e almoçar, retomando o roteiro da viagem por volta das 15h, para assistir a uma reunião Plenária da Assembleia da República. Esta visita foi profícua na medida em que os alunos tomaram consciência da importância da sua preparação e participação social e política. Há a destacar o civismo como os alunos se comportaram ao longo de toda a visita, num clima de agradável convívio entre alunos/ alunos e alunos/professores. Susana Mendes, 12ºF


Salpicos da ESAL

No Dia Nacional da Cultura Científica

Ciência e poesia

De mãos dadas com a surdez “Os outros ouvem, eu não. Mas tenho olhos, que forçosamente observam melhor do que os deles. Tenho as minhas mãos que falam…” Emanuelle Laborit, O Grito da Gaivota

A Dra. Sandra Soares explica o que é ser cientista

“Lágrima de preta” em lingua gestual

Comemora-se a 24 de Novembro o Dia Nacional da Cultura Científica e, para assinalar esta data e integrando também as actividades da Semana da Ciência e da Tecnologia, o grupo disciplinar de Física e Química, com a colaboração de outros professores e de vários alunos, levou a efeito uma sessão onde se pretendeu aliar a Ciência e a Poesia, numa homenagem a Rómulo de Carvalho que nasceu precisamente neste dia em 1906. Licenciado em Ciências FísicoQuímicas e em Ciências Pedagógicas, foi professor, pedagogo, metodólogo e investigador da História da Ciência. No entanto, foi sob o pseudónimo literário de António Gedeão que obteve o reconhecimento do grande público, nomeadamente como autor dos poemas “Pedra Filosofal”, “Calçada de Carriche” e “Lágrima de Preta”, que viriam a tornar-se canções de intervenção. Na vasta obra poética que nos deixou, faz uma simbiose perfeita entre a ciência e a poesia, a vida e o sonho, a lucidez e a esperança. Na primeira parte da sessão, foi realizada uma palestra pela Dra Sandra Soares, professora auxiliar da Universidade da Beira Interior e investigadora do Laboratório de Física de Partículas que, na sua comunicação sobre o tema “Ser cientista”, defendeu que se deve

encarar a Ciência como uma actividade humana e acessível a todos, sendo necessário apostar na divulgação científica de forma séria e adaptada a cada público. Considerando a Física uma ciência fundamental, mostrou a sua presença e importância no quotidiano. Abordou ainda algumas particularidades e novidades da investigação em Física de Partículas feita no CERN, incluindo imagens das primeiras colisões no LHC, ocorridas precisamente no dia anterior. A segunda parte da sessão, que se iniciou com uma breve apresentação da biografia de Rómulo de Carvalho/António Gedeão, foi dedicada poesia deste autor. Alguns alunos do 11º L interpretaram “Lágrima de Preta” em língua gestual, foi dito o “Poema para Galileo”, enquadrado por uma breve dramatização do julgamento de Galileu pela Inquisição e, por fim, um grupo formado por alunos do 10ºA, 10ºG e 11ºE interpretou canções com poemas de António Gedeão. Nesta sessão, integralmente traduzida para língua gestual, ficou bem patente que, embora as contribuições da Ciência e da Tecnologia sejam fundamentais na sociedade actual, é preciso não esquecer “que o sonho comanda a vida”, como diz Gedeão na sua “Pedra Filosofal”.

Sabias que ser Surdo significa apresentar uma deficiência auditiva que resulta de uma lesão no aparelho auditivo? Para o Surdo a realidade externa é igual à dos ouvintes, porém o mundo interno é imaginado de forma diferente. É errado chamar-se a um Surdo, “surdo-mudo”. Este, fala com as mãos e com a expressão facial e muitos deles vocalizam apesar de terem dificuldades ou mesmo de lhes ser impossível ouvir sons. A nível social e cultural, ser Surdo significa pertencer a uma comunidade linguística e cultural minoritária, assumida pelas comunidades surdas. Este comunica através de uma Língua própria, a Língua Gestual Portuguesa (LGP) que, em 1997, foi reconhecida como uma língua na Constituição da República Portuguesa, passando a ter o estatuto de disciplina. A Língua Gestual Portuguesa não é Universal. Cada país tem a sua própria Língua Gestual. A Língua Gestual Portuguesa é “falada” através de um espaço tridimensional, onde a configuração, a localização e a orientação das mãos descrevem todo o esplendor que nos rodeia, o que vemos, sentimos, pensamos e transmitimos através do sentido das palavras. Comunicar com um Surdo, sim… é

Prof. Graça Ramos

Visita de estudo bem saboreada No dia 19 de Novembro de 2009, no âmbito da disciplina de Economia, as turmas do 12º O,F e I e realizaram uma visita de estudo à empresa de presunto com estatuto a nível nacional - A. Pires Lourenço S.A. Acompanhados pelos professores João Romãozinho, Otília Duarte, Alberto Martins e Manuela Trabulo, dinamizadora da visita, fomos recebidos de forma calorosa pelo gestor da empresa, Dr. Mário Dias. Foi realizada uma visita guiada onde nos explicaram aspectos como a história da empresa, a focalização num só produto, o processo de fabrico, os mercados de actuação e a organização comercial, o financiamento do negócio, a sua sustentabilidade e linhas estratégicas para o futuro.

possível! Para chamar a atenção de um Surdo devem fazer-se movimentos que provoquem estímulo visual ou vibração como um simples toque no ombro. Deve falar-se perto dele, à mesma altura e de frente para ele para que este consiga fazer leitura labial e posicioná-lo de costas para a luz, direccionado para nós (ouvinte/falante). A linguagem utilizada deve ser simples através de frases curtas e objectivas. Foram estes aspectos e outras curiosidades sobre a LGP, o alfabeto gestual português e alguns gestos como os dias da semana e os meses do ano que os alunos do 9ºB tiveram oportunidade de conhecer, já que foram convidados a participar numa actividade, organizada pelos professores dos alunos surdos que frequentam a Escola, no dia 24 de Novembro, data em que se assinalou também o Dia Nacional da Língua Gestual. Pequenas acções podem valer muito no desenvolvimento das relações humanas, por isso não podemos deixar nunca de estar atentos ao que nos rodeia e lembrarmo-nos que podemos sempre melhorar o mundo em que vivemos. Prof. Filipa Santos, Ensino Especial

Os alunos montam puzzles do alfabeto gestual português

Ficámos a saber que o auge da venda de presunto ocorre no Verão, na altura de natal e ano novo. Um ponto assinalável durante a visita foi a descoberta que esta empresa de cariz familiar produz presunto para um dos grandes hipermercados nacionais. No final, foi-nos oferecida uma embalagem de fatiados de presunto que saboreámos, comprovando sua qualidade. Esta visita constituiu uma experiência enriquecedora, porque desenvolvemos os conteúdos programáticos leccionados na disciplina de Economia, fomos sensibilizados para a vida activa e estabelecemos a relação escola/meio.

Introspecção e solidariedade Com apenas seis letras se escreve uma palavra muito importante: ajudar. É nesta perspectiva que as turmas de Psicologia do 12º ano estão envolvidas num projecto de cariz solidário que, apesar de simples, promete dar bons frutos. A ideia é ajudar quem precisa e levar os alunos a confrontarem-se com os seus sentimentos e emoções. Assim, quando estivermos com familiares ou outras pessoas próximas perguntamos-lhes se querem contribuir com produtos alimentícios para os mais necessitados e anotamos num caderno

Alunos do 12ºF

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o que sentimos relativamente à resposta que obtemos, usando um pouco o processo de introspecção/ retrospecção pre-sente em Wundt. Ficaremos, deste modo, a entender melhor como encaramos a solidariedade. Os alimentos angariados serão entregues às famílias carenciadas na última semana de aulas. Uma ideia brilhantemente criativa que nos permitirá desempenhar um pouco o papel de psicólogo de nós próprios e, além disso, auxiliar quem realmente precisa. Helena Nunes, 12ºB


da imaginação Direito à indignação Estava à janela. A espreitar. É por isso que as casas têm janelas. Para se olhar lá para fora (ou cá para dentro...). Quem espreita seu mal espanta! Nisto, bateram à porta. Fui abrir. Era um livro. Coisa estranha, queria falar comigo! - Entre, faça favor. Sentou-se e tirou a capa. O meu quarto estava aquecido. Pediu-me um café e começámos a conversar. Contou-me que vivia na biblioteca da escola, na terceira estante do fundo do lado esquerdo. Era um romance. Tinha uns vizinhos simpáticos mas que raramente saíam de casa. Ele tinha sorte: era a quarta vez que fora requisitado. - Sabes (já nos tratávamos por tu), a malta espreita as estantes, abre os livros de cores vivas e vai-se embora. Nunca percebi bem porquê. Se calhar têm medo de nos incomodar.

- Talvez não saibam o que é que vocês têm a ver com a vida deles – alvitrei. - Mas então, que devemos fazer? - perguntou o romance com as letras tristes -Como levá-los dos quadradinhos à nossa estante? - E se fizessem uma manifestação? No dia seguinte, estava eu a espreitar (que mania...) a televisão e ouvi esta notícia: “ Caso insólito na Escola Secundária de Amato Lusitano de Castelo Branco. Os livros da biblioteca saíram para os corredores e invadiram as salas de aula. As suas reivindicações vinham expressas em enormes cartazes onde podia lerse: - Só televisão, não; - Temos histórias para contar; - Queremos ser lidos.

11ºG

crónicas... traços... escritas...

Prof. Hélder Rodrigues

do clube de leitura: história a muitas mãos

Do outro lado da janela Por Ana Rita Sequeira 12ºA, Cátia Marques 12ºA, Cíntia Carrondo 12ºB, Cristiana Gaspar 10ºC, Daniela Rosindo, 10ºA, Edgar Conceição 10ºA, João Silva 10ºA, Leila Dias 11ºO, Mariana Picado 12ºA, Pedro Afonso 12ºA, Rita Garcia 12ºA, Sérgio Gomes 10ºL, Ana Lúcia, ex-aluna da ESAL, prof. Etelvina Pinto, prof. Filomena Falcão, prof. Mª Conceição Neves, prof. Raquel Afonso Marlene Kléo, 12ºG

Mergulhada nos seus pensamentos, Rosana não se apercebeu do que acontecia no jardim mesmo em frente da sua janela. Há uns dias que andava absorta, levemente preocupada com o descaminho das suas emoções. Subitamente algo a fez olhar na direcção do parque. Fixou-se no vulto que, caminhando rapidamente, se dirigia para a entrada do metro. E teve a certeza: aquela mulher era mesmo a que tinha visto à porta da sua escola, havia poucos dias. Alta e de longos cabelos negros, esta misteriosa mulher era já presença assídua na mente de Rosana. Desde a primeira vez que a vira que não parara de pensar nela. Fazia-lhe lembrar alguém que fora muito importante na sua vida. Mas não podia ser... a sua mãe tinha falecido quando era ainda muito pequena. Aquela senhora podia ser a sua mãe, mas onde estavam as semelhanças entre as duas? Foi então que se lembrou de ter reparado, quando a viu a primeira vez à entrada da escola, naquilo que parecia ser um sinal igual ao que tinha no pescoço. Rosana tinha naquele sinal a única lembrança de sua mãe. Um sinal tão pequeno e ao mesmo tempo tão grande. Um sinal que, aparentemente, nada dizia, mas que nos profundos pensamentos de Rosana tanto lhe lembrava. Memórias nunca esquecidas vagueavam no seu

pensamento. Como poderia ela esquecer algo que, em tempos, possuiu tanto significado? No conforto destas ternas lembranças, uma ideia absurda passou-lhe pela mente. Não, não podia ser... No entanto, que lhe tinha contado o pai sobre as circunstâncias que envolveram a morte da mãe? Muito pouco. Pois quando aconteceu, era demasiado nova para compreender tal realidade. Mas, apesar de toda a dúvida, Rosana não deixava de acreditar numa semelhança entre elas... Ficava feliz, e por outro lado, angustiada, sempre que a observava… Tinha de lhe falar, mas como? A sua vida complicara-se: não podia sair de casa, o tempo parecia encurtar cada vez mais. Sentia-se mais frágil, dia após dia, e o desejo da verdade era cada vez mais forte. Ela desejava falar-lhe, sim, mas teria que pedir ajuda a alguém. Sozinha, não iria ser capaz. Então, subitamente, ocorreu-lhe uma ideia espantosa... Iria fingir que tropeçava e cairia para cima da misteriosa senhora. Não saberia se iria resultar, mas tinha esperanças que ela pudesse chamar-lhe filha por causa da aflição ou simplesmente ser um pretexto para iniciarem uma conversa e tentar chegar a uma conclusão. Agora só tinha de a ver. Foi então que, num dia de arcoíris, Rosana, ao passear no parque da cidade, a viu e resolveu pôr o seu

plano em prática. Com medo, mas confiante, dirigiu-se discretamente para ela. Reparou no percurso da mulher e escolheu o local ideal para cair. Era uma passagem cheia de pedras soltas, ali poderia cair sem dificuldade. Encaminhou-se para o local, mas qual não foi o seu espanto que mesmo diante dos seus olhos vê a senhora a ser raptada por dois homens e levada para dentro de uma carrinha. Rosana correu na direcção da senhora para a ajudar mas... não conseguiu chegar a tempo. E, mesmo que assim fosse, como poderia ela impedir os acontecimentos? Caiu de joelhos, desesperada, tentando memorizar matrícula e características do carro. O que fazer em seguida? Estava perplexa. Quando finalmente ganhara coragem para interpelar directamente a misteriosa senhora, aconteceu esta situação horrível. Mas conseguiu reter os pormenores, era precisamente uma carrinha branca com a matrícula 23-RS-11. “E agora?” pensou. Iria à policia denunciar o rapto, sem saber o nome da senhora e sem ter algum grau de parentesco ou de amizade com ela? Rosana sentiu-se, ao mesmo tempo, a pessoa mais infeliz e estúpida do mundo. Tão perto de conseguir, finalmente, tirar a dúvida que há anos a atormentava e, de forma completamente inesperada, deixara fugir a oportunidade que todos os dias suplicava não sabia muito bem a quem.

- Não é possível! Não é possível! repetia em silêncio, massacrandose, sentindo-se culpada por um acontecimento em que, obviamente, não tinha nenhuma responsabilidade. Vagueou pela rua, durante algum tempo, olhando incessantemente para todos os carros que passavam. Um deles poderia, sabe-se lá, ser a misteriosa carrinha que levara a mulher-mistério, que, na cabeça da rapariga, já era a mãe que se perdera sem deixar sinais. Depois de algumas horas, tomou uma decisão: iria falar com o pai. Era verdade que tinha sido ela própria a afastar todas as possibilidades de conversar sobre a morte da mãe com António, o pai que sempre a acompanhara. Era verdade, sim. E se ele tinha tentado! Mas, sem saber porquê, havia por parte de Rosana, uma resistência absurda em ouvir explicações que, ao mesmo tempo, desejava e receava. Preferira sempre viver na ignorância. Até agora. Apanhou um táxi: “Para o aeroporto, por favor.” Mal lá chegou, dirigiu-se apressadamente para o balcão mais próximo e comprou um bilhete para... A continuar… (www.moodle.esal.edu.pt – clube de leitura)


da imaginação

Excerto de um diário

Impressões Aproveito que se fez noite para registar as impressões do meu dia. E esclareço desde já que há impressões de sensação e impressões de edição. Umas sentem-se por dentro das páginas com um leve arrepio das folhas. As outras sentem-se num alvoroço de ruídos de máquinas, de deslizares, de apalpões frenéticos mas rigorosos, de corridas, de busca desta unidade que sou. Eu apareci como realidade livro na Caminho, em Outubro de 2009. Estava eu em Lisboa a pensar dar uns dedos de conversa com os meus gémeos todos da 4ª edição quando me empacotaram muito bem empacotado e me enviaram para uma cidade da Beira chamada Castelo Branco. Aí tive a alegria de saber que tinha sido encomendado e não precisava de me instalar em paciência de cão abandonado em canil. Esta alegria foi, na minha curta vida, a descoberta do tal arrepio, do tal estremecimento, das tais impressões que quero deixar aqui nestas minhas entrelinhas que são os lugares onde nós, os livros, guardamos as emoções. A livraria era airosa e muito arrumadinha. Ouvia-se ali por perto um jorro de água que soava a desgosto por se saber plantada. Distraí-me a filosofar sobre os homens que se tomam por deuses e roubam o destino à natureza. Isto de encurralarem a água, fazendo-a passar num mesmo sítio e obrigando-a sempre à mesma actuação é bem pior que tortura de Sísifo porque a água não merece castigo. Alguém passou na rua, um dos meus guardiões acenou e uma porta abriu-se sem que ninguém lhe tocasse: “- Já chegou. O seu livro já chegou!”. E era eu que, mal vim ao mundo, tinha dono destinado. Para os livros, isto de ter dono é muito agradável porque sabemos que fomos os escolhidos e por isso temos muitas

Carpe librum

Ler para crescer

hipóteses de cumprir o destino que nos traçou o autor quando começou a tentear nas palavras, a pesar o ritmo das frases e a magicar histórias. Rapidamente passei para as mãos do meu leitor. Segurou-me com respeito, afagou-me a capa com carinho, deixando-me perceber que a imagem da minha capa não lhe agradava nada, mas que mesmo assim me estimaria. Para os seres humanos esta atitude seria vista com admiração porque quereria dizer que o meu dono não se deixa levar pelas aparências, mas para os livros isso não tem importância nenhuma porque não sofremos de complexos físicos. O sol de Outubro parecia sol de Agosto e o meu leitor sentou-se numa esplanada e começou a lerme. Foi interrompido por uma mulher muito tagarela e a conversa foi desconversa: ela a querer prolongar o diálogo e ele, com um dedo a marcar nervosamente a página que queria continuar a ler. Ela a comentar qualquer coisa das notícias do dia e ele a levantar-se e a despedir-se, que tinha que ir, que eram horas, que alguém o esperava. E antes de chegarmos a casa, sabia que o alguém era eu. Pelo modo de me folhear, pela atenção a cada pormenor, pelos sorrisos silenciosos, pelos olhares que me acariciavam palavras. Agora é a noite do dia de Outubro em que viajei de Lisboa para a província. O meu dono acabou de me ler e adormeceu com a mão sobre a minha capa. Vou aproveitar para descansar também um pouco porque, segundo telefonemas que ouvi, eu, o Caim de Saramago, vou ser emprestado por uns tempos. Prof. Etelvina Maria

vida que desconhecia, esse, sim, verdadeiramente trágico e triste. Menciono, especialmente, os dois últimos livros que li: O Pacto e Para a Minha Irmã, ambos de Jodi Picoult, cujos dramas me fizeram descobrir que sou mais feliz do que pensava. Mas é claro que também existe o lado mais divertido e ligeiro da literatura. As clássicas histórias de amor, por mais que se contem, serão sempre belas e envolventes. Quem não gosta de finais felizes? Temos o exemplo actualíssimo da saga Luz e Escuridão (Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse e Amanhecer), de Stephenie Meyer, com o amor entre um vampiro e uma simples humana, que alimenta tantos jovens corações. Apesar de Bella, a frágil humana, estar constantemente em perigo de vida, acaba sempre salva por Ewdard, o imortal vampiro, e tudo fica bem. Ler é, definitivamente, uma preciosa parte da minha vida. Acredito no poder da literatura para crescer em conhecimento e emocionalmente. Ela permite-nos experimentar diversas sensações e viajar por lugares fascinantes, contactar com culturas diversificadas, descobrir personalidades cativantes. Ler é, provavelmente, a melhor maneira de quebrar rotinas e ganhar asas, pousando de porto em porto, cada vez mais livre.

Ana Rita Sequeira, 12ºA

Acabas de ler um livro Que deixas na prateleira Tu segues o teu caminho A pensar de outra maneira.

Hoje é o dia... Tira-o da estante.. Agarra um livro, de acção ou romance!

Todo o bom livro enriquece É um grande professor O bom que lês não te esquece E aprendes a ser melhor.

O livro é um amigo, uma verdade a confiar, aposta na leitura, vê o que te consegue dar.

Lês tristeza e alegria Vês o bem e vês o mal Porque até a fantasia Nasce do mundo real.

A leitura dá-nos asas, há que usar a imaginação... Aprecia bem um livro, lê-o com atenção.

É o espelho dos homens É seu retrato fiel Regista suas imagens Em papiro ou em papel.

Cristiana Gaspar, 10ºC

Leitura: uma experiência completamente indescritível que abarca todas as emoções, reais e imaginárias. É conseguir entrar no mundo maravilhoso da mente de personagens que nos fazem arrepiar, rir, chorar, amar… É como encontrar um refúgio, só nosso, ao virar de cada página. Adoro passear-me por entre estantes repletas de livros fantásticos, históricos, dramáticos, misteriosos. Saboreio o cheiro de velhas livrarias apinhadas de histórias sedentas de leitores. Fico triste e apreensiva por saber que o tempo de uma vida não chega para as conhecer todas. Adoro ler. De todas as minhas leituras, não me consigo recordar de nenhuma decepcionante; pelo contrário, todas elas contribuíram com algo para aquilo que sou, para a forma como vejo o mundo. Se tivesse que definir a leitura numa palavra seria “reflexão”. Tudo o que leio me faz pensar, reflectir sobre o mundo que me rodeia, sobre as acções humanas, principalmente. Posso afirmar, com quase toda a certeza, que a leitura me ajudou a ser mais tolerante e a saborear mais intensamente cada momento da vida. Algumas das histórias em que me entranhei, mostraram-me situações e acontecimentos que me provaram o quão picuinhas podemos ser no nosso quotidiano, quase perfeito. Foi-me dado ver um outro lado da

11ºG

Prof. Etelvina Maria

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Reportagem

Das bibliotecas itinerantes às bibliotecas públicas As bibliotecas têm desempenhado um papel fundamental na promoção da leitura, tendo sido desde sempre sua preocupação tornar o livro acessível ao leitor. Para isso, muito contribuiu o serviço itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian e, mais tarde, a criação da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas.

Antigamente as bibliotecas itinerantes tiveram grande importância junto dos leitores que viviam nos locais mais afastados dos grandes centros urbanos. Pouco a pouco, perderam a sua importância para as bibliotecas municipais que se foram enriquecendo e disseminando pelo país. A primeira referência a bibliotecas móveis surge em 1911, após a implantação da República, com a ideia de tornar os livros úteis aos cidadãos. No entanto, só na década de 50 é que surge realmente a primeira biblioteca móvel em Portugal, inovação que se deve a um escritor, conservador e bibliotecário chamado António José Branquinho da Fonseca. Com inspiração na ideia pioneira de Branquinho da Fonseca, a Fundação Calouste Gulbenkian, sob a direcção do mesmo, criou em 1958 o Serviço de Bibliotecas Itinerantes (SBI) que tinha como objectivos promover e desenvolver o gosto pela leitura e elevar o nível cultural dos cidadãos. Este serviço tinha como pretensão abranger todo o território nacional, principalmente as regiões mais desfavorecidas. Segundo dados da Gulbenkian, em 1962 já existiam 47 bibliotecas itinerantes, o número de leitores rondava os trezentos mil e os livros emprestados eram cerca de 3 milhões de exemplares. “As bibliotecas itinerantes ou carrosbiblioteca levavam a bordo cerca de dois mil volumes arrumados nas estantes. Nas prateleiras de baixo, encontram-se os livros para crianças, nas prateleiras do meio a literatura de ficção, de viagens e biografias e, por fim, nas de cima os livros menos procurados, de filosofia, poesia, ciência e técnica. Circulavam por territórios que abrangiam mais do que um

Segundo informação veiculada pela Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas (DGLB) “o Programa baseou-se na criação de parcerias entre a Administração Central e Local que têm vindo a possibilitar a instalação e a modernização das bibliotecas públicas. Propriedade dos municípios, cada biblioteca integra secções diferenciadas para adultos e crianças e também espaços polivalentes para actividades de animação, colóquios e exposições, entre outras. No que respeita às colecções, para além de livros, jornais e revistas, as bibliotecas reúnem documentos áudio, vídeo e multimédia, de modo a acompanhar as correntes actuais da literatura, da ciência e das artes. Disponibilizam ainda serviços baseados nas tecnologias de informação e comunicação, sendo o mais generalizado o de acesso à Internet. Desde o início, a adesão das Câmaras Municipais ao Programa foi elevada, sendo que, volvidos 20 anos da sua existência, são 261 os Municípios apoiados – quer no Continente, quer nas Regiões Autónomas – estando 184 Bibliotecas inauguradas”. Em Castelo Branco temos a nossa Biblioteca Municipal, que recentemente, passou a funcionar num novo edifício situado no Campo dos Mártires da Pátria. Um espaço

concelho, permitindo, após o cumprimento das formalidades de inscrição e requisição, o empréstimo dos livros por períodos de um mês, prorrogáveis, sendo até possível efectuar reservas”, refere Rui neves, coordenador do Grupo de Bibliotecas Públicas da BAD (Associação Portuguesa de Bibliotecários) na comunicação apresentada no “II Congreso de Bibliotecas Móviles” em Barcelona no ano de 2005. Em testemunho ao eSalpicos, a professora Otília Duarte, antiga utilizadora deste serviço itinerante, relembra com saudade o dia em que a carrinha parava no largo da igreja das Benquerenças: “chegava pontualmente de quinze em quinze dias e sempre à quinta-feira. Era um consolo sair daquela carrinha com vários livros debaixo do braço. Foi assim que li Enid Blyton e as suas aventuras dos Cinco e dos Sete. E alguns poetas… António Gil, José Régio…” Será em 1983 que, face ao declínio da rede de bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, algumas personalidades publicam o “Manifesto da Leitura Pública em Portugal”, chamando a atenção das autoridades para a inexistência de uma prática de leitura pública e espaços próprios. Neste seguimento, em 1987, foi lançado o Programa da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas que, como nos informou o bibliotecário da nossa Biblioteca Municipal, “teve como objectivo dotar todos os concelhos do País de uma Biblioteca Pública onde seria possível aceder a novos serviços que até então praticamente não existiam em Portugal, tais como serviços diversificados para adultos e crianças, colecções abrangentes em diferentes suportes, livre acesso às estantes, entre outros”.

moderno, luminoso e climatizado que, como nos adiantou o Dr. José Martins, disponibiliza serviços muito diversificados para todo o tipo de público: “empréstimo domiciliário, consulta local e leitura de periódicos, acesso à Internet, leitura áudio e vídeo e actividades de animação pedagógica e cultural”. Auscultados alguns cidadãos sobre este novo espaço, as opiniões são em geral muito positivas, afirmando uns que “se trata de um edifício muito agradável, com muita luz e um bonito design”, outros valorizaram a localização no centro da cidade que “aproximou mais a biblioteca da população” e outros mostraram o seu agrado em relação à “oferta de acesso livre e gratuito à Internet ”. Porém, muitos apontaram como menos positivo o facto de a BM estar fechada ao fim de semana, congratulando-se, no entanto, com o alargamento do horário de abertura das 10:00 às 18:30h sem interrupção, já que “inicialmente fechava à hora de almoço”. Aconselhamos os albicastrenses que ainda não visitaram este novo espaço que passem e parem nesta biblioteca moderna e convidativa. Bruna Pereira, Daniela Galante, Filipa Oliveira e Mariana Ribeiro, 11ºD

Edifício da Biblioteca Municipal e pormenores do espaço interior

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Entrevista Há 22 anos atrás

Falar de Bibliotecas Há 22 anos, o jornal da ESAL, o “Triângulo”, entrevistou o Dr. Ernesto Pinto Lobo, professor de Pedagogia da Escola do Magistério Primário e Director da Biblioteca Municipal. Aqui fica a entrevista publicada em Junho de 1987 - Dr. Ernesto, como professor e director da Biblioteca Municipal, terá certamente uma opinião fundada sobre os hábitos de leitura dos alunos. Acha que se lê mais ou menos do que antigamente? - Lê-se menos e, no meu entender, a escola tem quota-parte de responsabilidade nesta situação. É fácil hoje dizer-se que os mass media esmagam os nossos alunos fora da escola e que têm

solicitações muito mais motivantes para os seus tempos livres. Para mim, é um tipo de justificação gasta, porque, se é certo que representa uma verdade, a escola nada fez para modificar esta situação.

encarregado das bibliotecas tem apenas duas horas de redução de horário que não lhe chegam para nada. Como medidas de dinamização das bibliotecas escolares, eu apontava para, além da renovação bibliográfica e de processos facilitadores de consulta, sessões de animação da leitura, sensibilização à investigação, enfim, tanta coisa... Proporia também acções obrigatórias para professores e funcionários, ao nível da formação, e para alunos ao nível da sensibilização à leitura. (...)

- Há semanas, no “Expresso”, falava-se das bibliotecas escolares como sendo “cemitérios de livros”. Que medidas concretas, no seu entender, aponta para a dinamização/animação das bibliotecas escolares? - Já fui professor responsável da biblioteca da vossa escola, bem como da Escola Preparatória Afonso de Paiva e conheço a da Escola Secundária de Nuno Álvares. São todas, para mim, bibliotecas anquilosadas. Não dão resposta ao que deve ser exigível a uma biblioteca escolar. Não existe renovação bibliográfica. As condições de leitura e horários são péssimos, incompatíveis com o horário das aulas. O professor

– Dr. Ernesto, fale-nos um bocadinho da biblioteca municipal. A biblioteca municipal, conjuntamente com a biblioteca Gulbenkian, estão preparadas para cobrir todos os níveis etários. Sobre a BM, posso dizer que está hoje preparada para responder a todas as situações de pesquisa. Tem catálogos especializados como, por exemplo, sobre temática regional.

Tem salas preparadas para a investigação de tipo parcelar. Tem recheio bibliográfico desde o séc. XV. Cobre, mais ou menos, todos os ramos do saber. Tem funcionárias especializadas com os cursos de BAD. Tem ciclos de actividades culturais, anuais, que se alternam com exposições. Tem publicações relativas ao distrito de C. Branco. Apoia os estabelecimentos de ensino na formação de professores, quando solicitada. E tem duas singularidades: uma sala, com ficheiro próprio, onde estão recolhidas todas as obras referentes ao distrito e de autores nascidos no distrito - a sala Jaime Lopes Dias e a sala da comunicação social do distrito, com recolha criteriosa de todo o material jornalístico da região, desde 1864, embora com algumas lacunas, o que é natural. Estamos, neste momento, na perspectiva de criação de um departamento audiovisual, de maneira a que, no ano lectivo 87/88, possa já prestar os seus serviços.

Biblioteca Municipal hoje

Novo espaço, novos serviços Dr. José Martins, actual Bibliotecário Municipal, fala-nos sobre a biblioteca da nossa cidade - Actualmente a nossa biblioteca municipal pertence à Rede Nacional de Bibliotecas Públicas. Quais são as vantagens de ser uma das bibliotecas pertencentes a esta Rede? - As vantagens centram-se essencialmente no acesso a determinados conteúdos, serviços e recursos, materiais e financeiros, que seriam difíceis de conseguir de outro modo. - A biblioteca municipal sofreu recentemente alterações quer a nível da sua localização quer a nível estrutural. Quais foram as mudanças mais importantes? - De facto, houve mudanças a vários níveis. Em primeiro lugar, a própria localização trouxe uma nova centralidade à Biblioteca, em pleno coração da cidade, tornando-a mais visível e mais próxima da comunidade. Em segundo lugar, a reformulação de quase todos os processos de funcionamento e a criação de novos modos de actuação, uma vez que foram postos à disposição dos utilizadores novos serviços, novos conteúdos, novas colecções... De entre as mudanças mais importantes, destacaria o livre

à grande maioria das pessoas que nos procuram.

acesso às estantes por parte do utilizador, a criação de uma zona multimédia, o acesso gratuito à Internet com e sem fios, a indexação dos fundos documentais, a elaboração de um catálogo informatizado, a organização temática das colecções de acordo com normas internacionais, a possibilidade de ouvir música ou ver filmes e um serviço de animação pedagógico e cultural mais eficaz e activo, ou seja, novos serviços e novos conteúdos, adaptados às novas realidades. Por exemplo, uma das apostas passa por uma maior divulgação de alguns fundos documentais valiosíssimos, mas desconhecidos da grande maioria do público, através da sua digitalização e disponibilização online.

- É voz corrente que os jovens lêem pouco. Já há 22 anos atrás, o Dr. Pinto Lobo o afirmou em entrevista ao nosso jornal. E hoje, o que se passa com os hábitos de leitura dos jovens? Como bibliotecário, tem notado alguma evolução? - Embora se afirme que os jovens lêem cada vez menos por causa dos computadores, dos jogos, etc., creio que esta situação não se tem verificado tanto na Biblioteca Municipal. De facto, os jovens são dos nossos maiores frequentadores e dos que mais empréstimos de livros fazem. É verdade que os jovens actualmente passam horas “agarrados” aos Pc’s e às Playstation e que não lêem tanto como deviam, porém creio que as Bibliotecas escolares e municipais têm um papel importante na criação de hábitos de leitura nas camadas mais jovens. Daí que uma das grandes apostas da Biblioteca Municipal de Castelo Branco tenha sido a organização de actividades lúdico-pedagógicas direccionadas para jovens dos jardins-de-infância e das escolas do 1º ciclo, de modo a criar desde cedo esses hábitos de leitura que tanta falta fazem aos jovens. E, se bem que seja demasiado cedo para se tirarem conclusões, temos notado alguns resultados que nos indicam estarmos no bom caminho. De facto, é para nós muito

- Este novo espaço tem determinado, de alguma maneira, o aumento de utilizadores? - De facto, verificou-se um aumento significativo da afluência de utilizadores à Biblioteca e de empréstimos domiciliários realizados. Isto prova, por um lado, que a cidade sentia falta de uma boa Biblioteca e que a construção de raiz de um novo edifício nesta localização foi uma aposta ganha por parte da autarquia. Por outro, significa que a Biblioteca tem sabido responder às necessidades dos seus utilizadores com a implementação de novos serviços e conteúdos que agradam

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reconfortante e encorajador ver jovens que assistiram às nossas actividades a “exigir” posteriormente vir à Biblioteca e a trazer os seus pais que, em muitos casos, acabam também por levar um livro para ler! - Em suma, qual é o papel da biblioteca no município e quais são os seus principais objectivos? - No fundo, a Biblioteca Municipal pretende ser um pólo dinamizador da leitura e da cultura em Castelo Branco, capaz de responder às necessidades de informação e comunicação da comunidade. Para isso, contamos ir implementando gradualmente novos serviços e conteúdos de modo a criar laços cada vez mais fortes entre a Biblioteca e a comunidade e a atrair novos utilizadores. A BM de Castelo Branco entrou numa nova fase da sua vida o que implicou uma reorganização total. Este reajustamento à nova realidade levará com certeza o seu tempo, mas estamos convencidos que, com a ajuda dos nossos utilizadores, levaremos este barco a bom porto, tornando a Biblioteca Municipal um ponto de referência para a comunidade, quer ao nível dos serviços prestados, quer no que diz respeito à documentação e à informação disponibilizada. Bruna Pereira , Daniela Galante e Filipa Oliveira, 11ºD


Entrevista

Bibliotecas itinerantes Gulbenkian aparecia de oito em oito dias e estacionava no Largo da Graça, em Lisboa, cidade onde vivi até aos 16 anos.

Fabião Batista, membro da Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Castelo Branco e antigo frequentador das bibliotecas itinerantes, conta-nos sobre este serviço - Com que idade começou a ler? - Comecei a ler com nove anos de idade. - Alguém o incentivou à leitura? - Comecei a ler por iniciativa própria, moldada pelo gosto de saber e de aprender mais. - Lembra-se de algum título desses primeiros tempos de leitor? - “Um herói de quinze anos” e contos tradicionais como “O Pedro das Malas Artes”, “O príncipe com orelhas de burro” entre outros.

- Como arranjava os livros? - A grande maioria na biblioteca escolar, outros através da Biblioteca Itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian e uma minoria comprada nas livrarias. - Com que idade começou a frequentar a biblioteca itinerante? - Por volta dos doze anos. - Com que regularidade vinha a carrinha? Em que local estacionava à espera dos leitores? - A carrinha da Fundação Calouste

- Ainda se lembra da forma e da cor da carrinha, de como estavam dispostos os livros, de como se processava o empréstimo…? - A carrinha tinha uma cor cinzenta clara. O condutor, depois de estacionar, levantava os taipais laterais e escancarava as portas traseiras. Os livros ficavam à vista, dispostos em estantes com várias prateleiras com um estreito corredor ao meio totalmente ladeado por livros. Os leitores escolhiam as obras que desejavam e, depois, o condutor tomava nota, num caderno, do título, do autor e do estado e do estado em que se encontrava o livro. Quem tivesse cartão de leitor, não era necessário mais nada. Quem não o possuísse, tinha de apresentar o Bilhete de Identidade. Os empréstimos eram feitos por oito dias, podendo sempre proceder-se à renovação

por mais três vezes, ou seja, podíamos ter o livro na nossa posse pelo período de um mês. - Qual a faixa etária que mais frequentava a biblioteca itinerante na altura? - Quem procurava mais a Biblioteca Itinerante eram os jovens dos 10 aos 15 e os idosos, geralmente pessoas já reformadas. - Actualmente pensa que ainda faz algum sentido haver este tipo de serviço? - Acredito que sim. Nos locais onde não há Biblioteca Municipal é uma forma de estimular a leitura, aproximando os livros dos leitores que, por falta de tempo, desconhecimento ou comodismo, não se deslocam às BM, ficando na ociosidade lazarenta de “não te rales”. Penso que muitos jovens não vão às bibliotecas por vergonha, acanhamento ou inacção. Cristiana Sousa, Mariana Ribeiro, Patrícia Gardete e Ruben Carvalho, 11ºD

Investimento de 40 milhões de euros

Modernização das Bibliotecas Escolares De há 20 anos para cá, o panorama das bibliotecas escolares mudou inteiramente. É verdade que, na altura da entrevista dada pelo Dr. Pinto Lobo, as bibliotecas escolares apresentavam, na sua maioria, condições muito deficitárias, funcionando em espaços reduzidos, com fundos documentais pouco diversificados e constituídos quase exclusivamente por livros. O equipamento informático era praticamente inexistente e poucas disponibilizavam material audiovisual. A organização documental não seguia sistemas de classificação normalizados e a pesquisa bibliográfica, feita no catálogo manual, constituía-se pouco profícua. Com o programa Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), com início no ano de 1996, novas dinâmicas foram possíveis nas bibliotecas escolares. No Despacho Conjunto Dezembro, 43/ME/MC/95, de 29 de Dezembro, do Ministério da Educação e do Ministério da Cultura é justificada a necessidade da sua implementação perante a “insuficiência de hábitos e práticas de leitura da população portuguesa”, afirmando-se a premência do “incentivo à utilização do livro nas metodologias de ensino e na organização do tempo escolar, e do desenvolvimento de bibliotecas escolares integradas numa rede e

numa política de incentivo da leitura pública mais ampla”. Com o objectivo de elaborar um diagnóstico e apresentar propostas de acção concretas, criou-se um grupo de trabalho (constituído por Isabel Veiga, Cristina Barroso, José António Calixto, Teresa Calçada e Teresa Gaspar) que produziu o documento “Lançar a Rede de Bibliotecas Escolares”, onde se definiram os princípios orientadores a seguir pelas BE e que assentam em cinco parâmetros principais: recursos humanos e formação, recursos físicos, funcionamento e animação, gestão e apoio da RBE e Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares. De seguida, foi criado o gabinete da RBE, coordenado por Teresa Calçada, a fim de gerir este programa.

Tratou-se, deste modo, de modernizar as bibliotecas escolares, transformá-las em espaços agradáveis e convidativos, apetrechá-las com bons equipamentos, fundos documentais diversificados, actuais e em livre acesso, formar docentes para as gerir e integrá-las em rede. Surgiu, assim, um novo conceito de biblioteca escolar, desenvolvido em consonância com as referências difundidas por organizações internacionais como a UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) e a IFLA (International Federation of Library Associations and Institutions). Segundo o documento Lançar a Rede de Bibliotecas Escolares, este conceito de BE, “inclui os espaços e equipamentos onde são

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recolhidos, tratados e disponibilizados todos os tipos de documentos que constituem recursos pedagógicos quer para as actividades quotidianas de ensino, quer para actividades curriculares não lectivas, quer para ocupação de tempos livres e de lazer ”, apresentando a biblioteca como “um núcleo da organização pedagógica da escola, vocacionado para as actividades culturais e para a informação, constituindo um instrumento essencial do desenvolvimento do currículo escolar”. Criadas as bases do programa, as escolas candidataram-se à integração na rede através da apresentação de um projecto de desenvolvimento para a sua biblioteca. No primeiro ano, foram financiadas e integradas 164 bibliotecas. Hoje a RBE inclui 2077 bibliotecas escolares, um investimento que totalizou 4º milhões de euros. A biblioteca da ESAL foi integrada em 1999, dotada com um financiamento de 7.750.000$00, utilizado na realização de obras de adaptação do espaço, na aquisição de mobiliário e equipamento, fundo documental e software bibliográfico, resultando no espaço que hoje todos conhecemos e que abrange uma área de 310m2.. Raquel Afonso, Prof. Bibliotecária da ESAL


Opinião Eu tenho uma opinião muito boa sobre os livros e a leitura. Acho que os vários temas dos livros abrem novos horizontes, dão-nos novas ideias e permitem novas descobertas. Os livros, tal como a leitura, são bastante importantes na minha vida. Adoro ler e também acho que só faz bem. Desenvolve o vocabulário de uma pessoa, tal como a nossa maneira de ler e pensar. Oana Gabriela, 9ºB

Ler um livro é como realizar um sonho de viagem. Um livro pode retratar a realidade, ser uma explicação da vida ou abrir-nos portas para uma infinidade de cenários desconhecidos. A leitura completa-nos, faz-nos viver sentimentos vários. Um mundo sem livros é o eco da solidão. Mariana Nunes, 9ºA

Os livros ocupam um espaço muito importante na minha vida, pois, por vezes, insirome neles como se fizesse parte dos mesmos. Quando estamos sozinhos e todos nos abandonam, os livros estão sempre lá e são a nossa companhia. Não consigo sequer imaginar um mundo sem livros. A vida seria um descontentamento nem teria cor. Um bom livro não tem preço, contudo não precisa de ser caro, pois o seu valor não está no preço, mas sim nos sentimentos que nos transmite. Inês Folgado, 10ºF

Os livros são, sem dúvida, importantes na minha vida visto que, com eles, aprendo mais e há neles sempre algo novo para descobrir. Para dizer a verdade, não tenho muito o hábito de ler pois descubro sempre actividades “mais interessantes” para realizar. Contudo, por vezes pego num livro e, caso me interesse, sou capaz de o ler numa tarde ou um dia. A leitura influencia todas as áreas do saber. Um bom livro vale de certeza bastante, quanto mais não sendo pela qualidade do conteúdo. Gostaria de ler mais… mas também nem sempre há tempo. Vânia Santos, 12ºF

Um livro é imaginação, conhecimento, cultura, informação e sobretudo prazer. Não consigo imaginar um mundo sem livros. Nos momentos em que não tenho nada para fazer, quase sempre ler é a solução. Além de me divertir, alargo os meus conhecimentos. Por exemplo, vi na Biblioteca um filme sobre o holocausto nazi que me despertou o interesse, “O Rapaz do Pijama às Riscas”. Fui logo procurar livros sobre esta temática e requisitei o Diário de Anne Frank. Nádia Oliveira, 1º ano CEF, DAC

Não imagino a minha vida sem livros, pois adoro ler sempre que me sinto deprimida. Um livro não é apenas um monte de folhas, mas um amigo e uma boa companhia nas minhas horas de solidão.

Que lugar ocupam os livros na tua vida? Imaginas um mundo sem livros? Os livros são importantes para mim porque penso que sem livros o mundo não seria igual e também porque gosto de ler. Para mim, os livros representam sabedoria. Sem eles não tínhamos conhecimento de registos e histórias que aconteceram há centenas e centenas de anos. Na minha opinião, um bom livro vale muito porque numa só história está concentrado imenso conhecimento e muita imaginação. Não consigo imaginar o mundo sem livros.

Os livros ocupam um lugar muito importante na minha vida, pois um bom livro vale tudo, vale sorrisos, vale carinhos, é um aconchego. Os livros são como um portal. Através deles somos transportados para histórias de outros mundos e outros lugares. Um mundo sem livros seria uma espécie de buraco negro, fechado, indefinido, sem lugar para a imaginação. Solange Ascensão, 10ºG

Rita Rodrigues, 8ºA

Pessoalmente, gosto de ler, no entanto, a frequência com que o faço é menor do que gostaria pelo facto de ter muita dificuldade em me sentir atraído pelas histórias… Mas não imagino um mundo sem livros. É, incontestavelmente, uma forma de nos enriquecermos.

Acho que a leitura é muito importante, pois não só desenvolve a nossa cultura como também nos ajuda a desenvolver e a adquirir vocabulário. O mundo sem livros seria muito triste, pois não nos poderíamos fascinar com as histórias maravilhosas que eles nos contam. Para mim, um bom livro tem mais do que palavras, tem também muitos sentimentos.

Luís Lopes, 12ºF

Sandra Nunes, 8ºA

Os livros ocupam um lugar muito grande na minha vida. Prefiro ler um livro do que ver um filme da obra. A leitura permite desenvolver o nosso grau de cultura e conhecimento e a nossa capacidade de compreensão e interpretação. Mais do que isso, a leitura dá asas à nossa imaginação. “Um bom livro” é um conceito muito subjectivo, pois depende dos gostos, interesses e ocasiões em que se lê. Um bom livro merece uma boa leitura. Enfim, “um livro é um amigo”, uma frase que ouvimos muitas vezes, mas é mesmo isso que ele é para mim.

Livros são letras e letrinhas, histórias e historiazinhas sem interesse nenhum. Ocupar tem-po a ler um livro, quando sou obrigado a ler os da escola, é o maior desperdício que existe para mim. Quanto à possibilidade de existir um mundo sem livros, penso que não era má ideia, era até uma ideia brilhante: os livros são histórias que iludem as pessoas e, por vezes, transmitem uma ideia tal da realidade que pode levar-nos a prejudicar a nossa própria vida. Como é de obrigação os livros existirem, pelo menos que fossem oferecidos.

Cristiana Gaspar, 10ºC

Pedro Alves, 12ºF

Eva Santiago, 1º ano CEF, DAC

Marlene Kléo, 12ºG

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da biblioteca A partir deste ano lectivo

Professores bibliotecários a tempo inteiro

Actividades no dia europeu das línguas No dia 26 de Setembro comemorou-se o Dia Europeu as Línguas, data instituída pelo Conselho da Europa, pretendendo celebrar a diversidade linguística e promover a aprendizagem das línguas. Por toda a Europa, em escolas e outras instituições, ocorreram eventos de diversa natureza. A nossa biblioteca, em articulação com o Departamento de Línguas, assinalou este dia com várias iniciativas. De destacar o concurso “Sem Papas na língua” cuja vencedora foi a aluna Solange Ascensão do 10ºG; o concurso de

cartazes, dirigido aos 10º e 12º anos da disciplina de Inglês, que apurou um trabalho em cada ano de escolaridade: o cartaz vencedor do 10ºano foi realizado por Catarina Roque, Flávia Beirão, Mariana Dias e Renata Farinha da turma F e o do 12º ano elaborado pelas alunas Ana Ramos, Catarina Silva, Mariana Picado, Rita Mónica da turma A. Foram ainda realizados um Quiz sobre a diversidade linguística e uma Webquest sobre a importância deste dia, sendo os melhores desempenhos das alunas Ana Rita Sequeira do 12ºA e Diana Gama do 12ºI respectivamente.

Cartaz vencedor do 10º ano

Cartaz vencedor do 12º ano

A partir deste ano lectivo, a gestão funcional e pedagógica das bibliotecas escolares (BE) ficou a cargo de um professor bibliotecário, a desempenhar funções a tempo inteiro, institucionalizando-se, deste modo, o trabalho realizado pelas escolas e pelos professores responsáveis pelas BE, proporcionando-se também melhores condições para o bom desenvolvimento das actividades das bibliotecas. A criação deste lugar, regulada pela Portaria n.º 755/2009, foi uma forma de “garantir que a biblioteca escolar se assumisse, no novo modelo organizacional das escolas, como estrutura inovadora, funcionando dentro e para fora da escola, capaz de acompanhar e impulsionar as mudanças nas práticas educativas, necessárias para proporcionar o acesso à informação e ao conhecimento e ao seu uso, exigidos pelas socie-

Diga não ao BiblioPaper Concurso consumismo da Matemática Nacional de Leitura Buy Nothing Day, celebrado no último Sábado do mês de Novembro, é o nome por que internacionalmente é conhecido o Dia Sem Compras, celebrado desde há cinco anos em Portugal. É um dia de protesto contra o consumismo, e uma chamada de atenção para a cultura do consumo que caracteriza a nossa sociedade. A Biblioteca aderiu a esta iniciativa, em articulação com a área curricular não disciplinar de Formação Cívica do 8º ano, promovendo um concurso de slogans alusivos a este dia, com o objectivo de assim sensibilizar os alunos para esta temática. Os alunos apelaram ao não consumismo e deram alguns conselhos: - Para quê gastar, se pode poupar. (André Cardoso e Bruno Lourenço). - Compre com cabeça, faça a diferença. (Joana Esteves, Salmana Só, Sandra Nunes) - Para dinheiro poupar, nas lojas não vai entrar. - Sem as lojas ver, a carteira vai encher. (Patrícia Marques e Rita Rodrigues) - Não compres o que não precisas. Sem gastar, podes poupar. (João Leitão, Yan Martins) - Um dia sem compras não é um trauma. (Marcelo Félix)

De 23 a 27 de Novembro, decorreu a Semana da Ciência e Tecnologia, promovida pela Ciência Viva e realizada a nível nacional. Mais uma vez, a nossa escola aderiu a esta iniciativa, desenvolvendo várias actividades. A biblioteca e as professoras do Plano da Matemática II (PAII) organizaram um bibliopaper para dar a conhecer os recursos e os documentos em vários suportes que existem na biblioteca no âmbito da Matemática. Esta actividade envolveu todas as turmas do 3º ciclo que percorreram as várias zonas funcionais da biblioteca, descobrindo livros, filmes, CD-ROM, pesquisando no catálogo e na Internet. Chegaram à conclusão que a Matemática está em todo o lado, “até na literatura” referiu um aluno do 8ºA que, após a actividade, resolveu requisitar o livro “Maldita Matemática” de Álvaro Magalhães, autor português no âmbito da literatura juvenil com várias obras recomendadas pelo Plano Nacional de Leitura. As turmas de 7º ano tiveram ainda a oportunidade de realizar uma Webquest sobre “Grandes Nomes da Ciência”, ficando a conhecer, com esta actividade de pesquisa na Internet algumas grandes descobertas na área das ciências assim como cientistas famosos.

Durante o mês de Novembro, decorreram as inscrições para o concurso Nacional de Leitura promovido pelo PNL. A 1ª fase, a nível de escola, selecciona os concorrentes para a fase distrital, mediante a realização de uma prova de leitura, a efectuar no dia 13 de Janeiro de 2010. As obras tomadas como referência para as provas da ESAL são “O Guarda da Praia”, de Maria Teresa Maia Gonzalez (3º ciclo) e “O Velho que lia Romances de Amor" de Luís Sepúlveda (ensino secundário). Os regulamentos nacional e da fase a nível de escola podem ser consultados na disciplina da BE na plataforma Moodle da escola.

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dades actuais”. Para a institucionalização desta função foi definido um processo específico de selecção desenvolvido em três fases: procedimento interno de designação, procedimento concursal externo e procedimento de designação por vacatura de lugar. Na 1ª fase, foram designados professores com mais de quatro pontos de formação (100 horas de formação contínua ou curso pósgraduado), experiência de coordenação de bibliotecas e domínio das TIC. Numa segunda fase, foram admitidos professores do quadro, da própria escola ou de outras, com formação em bibliotecas. Na terceira fase, foram designados professores que, embora sem formação em BE, apresentavam um perfil de competências pedagógicas e pessoais adequadas ao exercício da função.

Clube de Leitura no Moodle

A biblioteca está a dinamizar um clube de leitura a partir da plataforma Moodle da escola. As actividades são desenvolvidas através de fóruns e centram-se na leitura e na escrita criativa. Os leitores poderão participar a partir de casa, partilhar experiências de leitura, inteirar-se sobre as novidades do fundo documental, colaborar nas actividades escritas e interagir com quem se encontra na página no momento. Estão em construção seis histórias que se vão desenvolvendo com a contribuição dos vários participantes: três dos alunos do ensino secundário (Do outro lado da Janela, O Cubo e Diário do 10ºC), duas dos alunos do 3º ciclo (Um Dia Estranho e Um Sonho realizado) e uma dos docentes (No alto da Falésia). O clube está aberto a toda a comunidade escolar, bastando para o seu acesso o registo na plataforma da ESAL: http://www. moodle.esal.edu.pt


iblioteca

da biblioteca

De Robert Wilson

Robert Wilson, um escritor de intrigas... pela professora Otília Duarte

O quarteto de Sevilha

A primeira vez que ouvi falar de Robert Wilson foi quando me chegou às mãos um livro cujo título era “O último acto em Lisboa”. Comecei a ler com alguma curiosidade, tentando perceber como um inglês escreveria sobre Portugal e os portugueses. Tratase de um romance em que convivem dois tempos: um é o de Portugal da década de 1940, durante a II Guerra Mundial e das (in)existentes relações de Salazar com o regime nazi e o outro que se passa nos anos 90, envolvendo um crime cometido em Lisboa e investigado por um curioso investigador da Polícia Judiciária. É mais do que um simples policial, retrata uma época e uma faceta pouco divulgada da História de Portugal – o envolvimento do país na 2ª Guerra Mundial e o papel do volfrâmio português e do ouro nazi, ao mesmo tempo que cria uma série de personagens fascinantes que tornam a leitura absolutamente inadiável… Fiquei fã do autor a partir dessa altura e não lhe resisti quando,

passado algum tempo, encontrei numa livraria O Cego de Sevilha. O cenário desloca-se para Espanha e centra-se em Sevilha, cidade das touradas, das sevilhanas, da Expo92, dos rituais religiosos da Semana Santa e do turismo que lhe está associado. Tudo isto é primorosamente retratado neste thriller, cujo protagonista, o inspector Javier Falcón, persegue um assassino obsessivo que obriga as suas vítimas a enfrentarem o seu passado e os seus medos… Mais uma vez a leitura se faz num sopro de tão empolgante que se revela. A narrativa desenvolvese no presente e no passado sem, no entanto, se perder o fio condutor da história. Para além da personagem principal, ganham relevo Consuelo Jiménez, a mulher da primeira vítima e também a primeira suspeita, e Alicia Aguado, psicóloga clínica, cega, que ajuda Javier a desenrolar o novelo da intrincada trama. No final, fica-nos a sensação de que nem tudo foi descoberto, que existem ainda mistérios por

desvendar e traumas por resolver. De facto, Robert Wilson deixa uma porta aberta e é fácil perceber que as personagens do Cego de Sevilha terão ainda muito para viver. Encontramo-las novamente nos romances “As Mãos Desaparecidas”, “Assassinos Escondidos” e na sua mais recente publicação “ A Ignorância do Sangue” que completa o que o autor chama de “Quarteto de Sevilha”. O que faz um bom romance é, não apenas uma boa história, mas sobretudo o modo como é contada e a qualidade da escrita. E a escrita de Robert Wilson é fantástica: ambientes descritos com tal perfeição que quase ouvimos os sons e sentimos os cheiros, enredos ricos e densos com personagens complexas que nos envolvem de tal modo nos seus dramas que só conseguirmos abandonar a leitura no final. Aqui fica a obra de Robert Wilson como sugestão de leitura para as férias de Natal que se aproximam.

Para a minha irmã de Jodi Picoult Experiência de leitura por Cátia Marques, 12ºA Umas das minhas leituras mais recentes e preferidas foi o Drama/ Romance de Jodi Picoult chamado “Para a minha irmã”. É, sem dúvida, uma leitura surpreendente até à última página, pela história, pelas personagens, pelas relações entre elas, pelo final. Este livro conta a história de uma família normal, como todas as outras, excepto no facto de ter sido abalada pela doença da filha Kate à qual, aos dois anos, foi diagnosticada uma leucemia mielóide aguda. Todos os elementos da família efectuam testes de compatibilidade de medula óssea, porém os resultados são negativos. Os desesperados pais, Sara e Brian Fitzgerald, encontram apenas uma solução possível para salvarem a filha Kate, conceberem outra

criança, geneticamente programada. Nasce Anna que, desde o berço, é sujeita a transfusões de sangue, recolha de medula óssea, análises aos glóbulos brancos e glóbulos vermelhos, tudo com a finalidade de manter a irmã viva nem que seja por mais um minuto. Anna e Kate partilham laços extremamente fortes, mas embora Anna ame a sua irmã incondicionalmente, aos 11 anos decide obter uma emancipação médica, pois está prestes a doar-lhe um rim sem ninguém a ter questionado sobre o assunto. Visto que, desde que nasceu não teve a oportunidade de tomar as suas próprias decisões em relação ao seu corpo, Anna inicia um processo judicial, contratando o seu próprio advogado, dividindo a família e

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pondo a sobrevivência da irmã em risco. Este drama mostra o poderoso laço existente entre pais e filhos e o polémico tema da manipulação genética. Revela o contraste entre o lado emocional e o lado científico, misturando-os de forma a prender o leitor até à última página do livro. Adorei esta leitura pelo facto de ter aumentado o meu conhecimento sobre a leucemia e por cada capítulo ser narrado por um elemento diferente da família, pois não é só o doente que tem algo para contar nesta história, mas todos os outros membros. Aqui tudo é partilhado: sangue, medula óssea, felicidade e tristeza. É um livro que recomendo pois é, sem dúvida, surpreendente.


do eSalpicos eSalpicos promove concurso

Prémios para os colaboradores do eSalpicos A partir deste ano lectivo, o eSalpicos vai iniciar a 1ª edição do concurso “Jovens Jornalistas da ESAL” a realizar anualmente. Este concurso é dirigido a todos os alunos colaboradores do nosso jornal. Serão atribuídos 3 prémios: ao melhor texto jornalistico, ao melhor texto de opinião e ao melhor texto criativo das várias edições de cada ano. Se a qualidade dos trabalhos o justificar, os prémios serão instituídos em dois escalões, 3º ciclo

do ensino básico e ensino secundário. O júri será constituído pelo Director da ESAL e pelos seis professores da direcção do eSalpicos. Pretende-se com este concurso contribuir para o desenvolvimento da Educação para os média, fomentar o respeito pela diversidade de opiniões, estimular um jornalismo crítico, criativo e imaginativo e fomentar a educação para a cidadania.

Concurso de cartazes divulga jornal da ESAL Durante o mês de Outubro, foi promovido um concurso de cartazes com vista à divulgação do nosso eSalpicos no Encontro do Projecto “Educação para os Media no Distrito de Castelo Branco” realizado no dia 21 de Novembro. Neste concurso participaram com grande entusiamo os alunos do

10ºano do curso profissional de Multimédia, orientados pelo professor Filipe Franco. Os trabalhos vencedores pertencem a David Ramos, António Castanheira e Ricardo Barata. Ver cartazes vencedores na página seguinte.

Concurso nacional de jornais escolares

2º lugar para o eSalpicos No âmbito do seu projecto de educação para os media, o jornal Público promoveu, em 2008-2009, mais um concurso nacional de jornais escolares com o alto patrocínio do Presidente da República, da Assembleia da República e do Ministério da Educação e o apoio da Agência Nacional para a Gestão do Programa Juventude em Acção, do Centro Português de Design, da Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, da Microsoft, do Museu Nacional da Imprensa e da Porto Editora. Esta edição subordinada ao tema “Porque é que a política também é para nós?” distinguiu mais de três dezenas de jornais escolares e atribuiu ao “eSalpicos” o 2º lugar, na categoria de escolas secundárias e profissionais, um prémio no valor de 2500 euros a ser aplicado no desenvolvimento de um projecto de comunicação. O júri desta iniciativa foi constituído por Teresa Calçada, coordenadora do Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares do Ministério da Educação; Amilton Moreira, João Nuno Torres e Rosário Oliveira, da Ciência Viva; Pedro Marques, do Museu Nacional da Imprensa; Felisbela Lopes e Luís António Santos, professores da Universidade do Minho; Maria José Brites, investigadora na área dos estudos dos jovens e dos media; e

Eduardo Jorge Madureira, director pedagógico do PÚBLICO na Escola. Uma vez mais pretendeu-se promover a utilização do jornal escolar como instrumento cívico para a discussão de temas relevantes para a comunidade escolar e para a promoção de relações entre a escola e o meio envolvente, estimular a prática de um jornalismo escolar crítico e imaginativo, aumentar a importância da utilização dos jornais escolares no processo ensino/ aprendizagem e na construção da identidade das escolas, promover a utilização das tecnologias da informação e comunicação na produção de jornais escolares, e utilizar o jornal como instrumento de divulgação científica.

Conferência regional: primeiros resultados do Projecto de Educação para os Media no distrito

Jornais escolares em destaque No dia 21 de Novembro, foi realizado um Encontro no âmbito do Projecto “Educação para os Media no Distrito de Castelo Branco”, com os professores das escolas participantes, a equipa de investigação e os avaliadores internacionais Evelyne Bevort (directora-delegada do Clemi, do Ministério de Educação de França) e Pier Cesare Rivoltella (Universidade Católica de Milão). Este projecto, que teve início em Outubro de 2007 e envolve 29 estabelecimentos de ensino do nosso distrito, pretende ajudar as escolas na produção de jornais escolares e é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e pelo Reconquista. Os professores e os alunos contam com o suporte e a orientação do DVD “Vamos fazer jornais escolares”, de um manual de apoio, de uma plataforma de produção de jornais on-line assim como do apoio perso-nalizado por parte dos elementos da equipa de investigação e do Jornal Reconquista onde são impres-sos sem custos os jornais das escolas envolvidas. Neste Encontro, que constituiu o primeiro momento da avaliação

Os avaliadores internacionais pronunciaram-se positivamente sobre o projecto

intermédia do projecto, foi apresentado, pela investigadora responsável Dra. Helena Menezes (Instituto Politécnico de C.B.) e pelo Dr. Vítor Tomé (Reconquista/ Universidade de Lisboa), o trabalho desenvolvido até à data, comunicados os dados iniciais do projecto e feito um balanço do primeiro ano de actividades. Das várias conclusões, de realçar que, segundo os professores, o DVD “Vamos fazer jornais escolares”

teve impacto na produção do jornal escolar, verificando-se por parte dos alunos uma maior preocupação com a estrutura dos artigos após a sua exploração e uma maior autonomia na produção de artigos. Seguiram-se as comunicações da Dra. Guilhermina Miranda da Universidade de Lisboa e da Dra. Cristina Ponte da Universidade Nova de Lisboa, também elas pertencentes à equipa de investigação do projecto. Ainda no

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período da manhã, três escolas apresentaram as suas experiências. À tarde, os participantes assistiram às intervenções dos avaliadores externos. Evelyne Bevort chamou a atenção para a importância da definição de objectivos pelas escolas, referindo que “não é preciso definir muitos objectivos, mas dois ou três objectivos claros a atingir pelos alunos. Os objectivos podem incidir na produção de texto, na leitura, no trabalho de equipa, na criação de um meio de comunicação da escola, na aprendizagem para a cidadania ou ainda no desenvolvimento do sentido crítico através da análise de conteúdos dos media. Importa é que se possam avaliar os progressos no final do ano”. Pier Rivoltella, durante a sua apresentação, quis deixar claro que “é urgente integrar a Educação para os Media nos currículos, formar professores em termos técnicos, reflectir sobre as práticas, ligar a escola ao espaço informal, avaliar os alunos de forma diferente e fomentar a troca de experiências”.


Concurso de cartazes Trabalhos vencedores

António Castanheira, 10ºM

David Ramos, 10ºM

E se eu ler um jornal Só pelo prazer de saber?!

Ricardo Barata, 10ºM

A tua leitura do

Tu sabes como é ! Tal e qual como escolhes os teus programas favoritos na televisão: zapping, zapping, zapping...até que te decides... Porque o jornal não se lê da primeira à última página. Há muita gente que prefere começar pela última e, pasme-se, quantos gostam de começar pela necrologia, se se trata de um jornal regional!

E agora, se já leste o eSalpicos, dá-nos a tua opinião sobre esta edição.

Mas vamos a uma hipótese de leitura:

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A capa do jornal – a primeira página

- Algum título te levou a ler um artigo completo? Qual?

v Fais le lêche vitrine” - como dizem os franceses – olha essa montra: ela vai convidar-te a entrar! v Lê os títulos. Mergulha nas imagens. Repara nos destaques que, no caso do eSalpicos, aparecem no lado direito da página: uma espécie de índice que te mostra os títulos da informação tratada e que te remete para a página respectiva.

- Qual o título que consideras mais apelativo?

_______________________________________________________ - De todos os artigos, qual o que mais gostaste de ler? _______________________________________________________ - E dentro dos vários géneros? Indica a tua preferência: Textos jornalísticos (notícias, reportagem, entrevistas) __________________________________________________

Lá dentro v Podes entrar directamente para a página que escolheste quando leste os destaques... v Folha a folha, página a página, percorre o jornal. Normalmente, cada uma, mesmo lá no cimo, indica a rubrica em análise : política, notícias, economia, anúncios, etc, etc; se for o eSalpicos, as rubricas serão diferentes: salpicos da ESAL, salpicos da imaginação, salpicos disto e daquilo... Outras dicas v Como na Internet, podes navegar pelos artigos mais curtos, (as breves), pelas imagens, pelas legendas. v Se há um título que te cativa, lê também o lead (em inglês), o chapeau (em francês) – o essencial da notícia... e, se te agradar, lê até ao fim.

Textos de opinião __________________________________________________ Textos criativos ______________________________________________________ - Assinala o desenho que mais apreciaste, identificado a seguir pela sua autoria: Livros, 11ºG, p.6 q Marlene Kléo, 12ºG, p.6 q Soraia Luís, 11ºG, p.7 q Prof. Natércia Belo, p.7 q Marlene Kléo, 12ºG, p.11 q

v Anda para trás e para a frente...algum artigo mais longo irá interessar-te e descobrirás personagens ou notícias que irão surpreender-te.

- Uma sugestão para as próximas edições do jornal:

v Também há artigos que poderás ler mais tarde...

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v E se for o eSalpicos, guarda-o! Daqui a uns anos, sentirás o aroma daqueles tempos que por aqui passaste!

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MURAL DO eSALPICOS Ler - o direito ao prazer

Ler também é partir Fazer muitas viagens É ver mundo e sorrir Parar noutras paragens. Vamos tentar descobrir Se lá dentro vive gente Se há coisas para rir... Fica-se muito contente.

Ler logo de pequenino É crescer devagarinho É andar muito caminho E promover o destino. Letra a letra que se cheira É a palavra que encanta É uma frase à nossa beira É conto que nos espanta.

Ler jornais e ler revistas É saber o dia-a-dia É alargarmos as vistas É beber cidadania.

Na pedra No pergaminho No papel ou digital Tanta coisa já foi escrita... que em nós a História se agita. Temos tanta Literatura... ...então, Apostemos na leitura.

Quanta página e folha Tanto pedaço de vida Tanta memória contida ...tão difícil é a escolha.


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