eSalpicos 1 2010-2011

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Ano IV - Nº 1

Dezembro 2010

Jornal da Escola Secundária/3 de Amato Lusitano

Editorial Vivemos em plena era da informação. Em poucos segundos, os dados espalham-se pelo mundo, derrubando mercados e governos. As informações transitam com tal rapidez e abrangência que causam incertezas quanto ao futuro. O mundo ficou pequeno. O modelo de globalização, gerado em parte pela evolução das comunicações, tecnologias de ponta e pelas transformações socioeconómicas, requer uma preparação muito mais cuidada. Nesse aspecto, o fenómeno da globalização aumenta a importância e a responsabilidade da escola, como referência marcante na vida de crianças e adolescentes. Ela é um espaço onde valores são vivenciados e compartilhados. Não é mais um mundo à parte, desligado da realidade e da vida lá fora. O seu papel é conduzir o aluno a desenvolver as habilidades que evidenciam todo seu potencial. A escola deve municiar-se de espírito renovador, de alegria e integração e juntar todas as disciplinas e todos os valores éticos no mesmo ambiente, ensinando o ser humano a pensar multiculturalmente. É de fundamental importância saber ouvir as suas questões e argumentos, possibilitar a sua reflexão sob os mais variados pontos de vista, estar alerta contra preconceitos, consumismo descabido, violência e o mais importante, dar o exemplo de cidadania, ética, coerência e respeito pelas diferenças. Temos que oferecer aos nossos jovens as ferramentas necessárias à apropriação crítica de conhecimentos, não só visando uma relação funcional com novas tecnologias, mas também incentivando a consolidação de valores éticos e atitudes socialmente responsáveis, qualificações básicas dum indivíduo inserido num processo irreversível de globalização. João Belém

Salpicos da globalização

Salpicos da Esal

Inaugurado laboratório de águas Pág. 5

da imaginação

crónicas... traços... escritas... Págs. 6 e 7

Reportagem

Comprar “chinês” sem ir à China

Pág. 8

da biblioteca

A Globalização É abrir as fronteiras! Nesta competição, Tantas formas matreiras!

Mais iguais ou mais diferentes? Mais deveres ou mais direitos? Como se tratam as gentes? É o mundo mais perfeito?

Sandra Carreiros apresenta livro

Pág. 12

Escola S/3 de Amato Lusitano Av. Pedro Álvares Cabral 085-6000 Castelo Branco Tel. 272339280 Fax. 272329776 E-mail: ce@esal.edu.pt www.esal.edu.pt


Almoço sensorial

Salpicos da ESAL Professor por um dia

Presidente da Junta dinamiza aula de Ciência Política na ESAL

No passado dia 9 de Novembro, a turma do 12ºF do Curso de Ciências Socioeconómicas, numa das aulas da disciplina de Ciência Política, contou com a presença do presidente da Junta de Freguesia de Castelo Branco, engenheiro Jorge Neves e da sua secretária, Engenheira Paula Teixeira. O presidente e a sua secretária

na vida política do concelho, passando-nos a mensagem de que “Participar também é decidir”. Neste contexto, foi ainda salientada a necessidade de uma maior intervenção política por parte de todos, pois a crítica, quando é construtiva, deve ser encarada como um estímulo a fazer mais e melhor. Após responder a algumas questões e, no sentido de comemorar a Semana Europeia do Poder Local, o Engenheiro Jorge Neves convidou três alunos da turma a integrarem uma Assembleia de Freguesia Jovem onde, conjuntamente com discentes de outros estabele-cimentos de ensino, se procurará estimular a intervenção cívica num contexto de cidadania activa e democrática. Por fim, foi deixado o convite à turma para, até final do ano lectivo estar presente na assistência de uma sessão da Assembleia de Freguesia de Castelo Branco onde, como qualquer cidadão, poderá intervir, colocando as questões que considerar pertinentes.

dinamizaram uma aula sobre o tema da Democracia associando-a ao conceito de Poder Central e Poder Local. Foram apresentadas as origens e funções do poder local, bem como os eventos, iniciativas e actividades que a nossa Junta de freguesia tem procurado desenvolver no sentido de incentivar a população albicastrense a participar

Ana Sílvia e Marisa Bento, 12.ºF Miguel Pais, 12.ºE

Ficha Técnica Direcção Prof. Conceição Neves Prof. Etelvina Maria Prof. Hélder Rodrigues Prof. Hermínia Pombo Prof.Raquel Afonso Prof. Rui Duarte

Colaboradores Eva Santiago, CEF DAC, 2.ºano Marlene Luís, CEF IRC, 2.ºano Carlos Maia, 7.ºA José Guterres, 7.ºA Marta Duarte, 7.ºA Rita Galvão, 7.ºA Stephane Franco, 7.ºA Michel, 8.ºB Murillo Souza, 9.ºB João salvado, 10.ºD Oana Gabriela, 10.ºE Pedro Santos, 10.ºE Gonçalo Batista, 10.ºF Mafalda Calmeiro, 11.ºB Pedro Roque, 11.ºB Ana Belo, 11.ºD Ana Galvão, 12.ºE Ana Sílvia, 12.ºF Edgar Duarte, 12.ºE Elisabeth Rodrigues, 12.ºE Frederico Hille, 12.ºF Marisa Bento, 12.ºF Miguel Pais, 12.ºE Miguel Marques, 12.ºL Fábio Antunes, 12.ºM Vânia Marques, 12.ºM Sílvia Filipe, 12.º Equipa do PM II Prof. Américo Silva Prof. Filipa Santos Prof. João Belém Prof. José Tomé Prof. Olga Gordino Prof. Otília Duarte

Quem quer ser cientista? No contexto da Semana Nacional da Ciência e Tecnologia, iniciaramse as actividades do Centro de Ludociência. Esteve na escola uma turma de cinco anos do Colégio de Nossa Senhora do Rosário, a qual se comportou de forma notável. Aliando a curiosidade natural nestas idades a um sentido de disciplina que não é demais enaltecer, as crianças descobriram algumas das “brincadeiras” que se podem fazer na sala de aula. Se pelo menos uma delas, sair da ESAL com uma maior vontade de conhecer e apreender cientificamente o mundo que a rodeia, valorizando devidadamente o papel do professor e da escola,

daremos o nosso tempo por muito bem empregue. Ficou combinada uma nova visita para o ano de 2011. Em 2002, foi criado o Centro de Ludociência com base na ideia “de pequenino se promove o destino e, desde então, centenas de crianças das escolas do pré-escolar e do 1º ciclo têm vindo à ESAL a fim de participarem nas actividades desenvolvidas por este Centro onde, de forma lúdica, desenvolvem conhecimentos sobre pressão atmosférica, dilatação e contracção de corpos, densidade de materiais, electricidade e magnetismo e observam preparações microscópicas.

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No âmbito das comemorações do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência , celebrado a 3 de Dezembro, o grupo de Educação Especial da ESAL dinamizou um almoço sensorial, envolvendo parte da comunidade educativa, com o objectivo de sensibilizar os participantes para a diferença e algumas das dificuldades inerentes à deficiência visual. Assim, almoçando com olhos vendados, os participantes viveram uma experiência sensorial única. Os alimentos foram reconhecidos pelo seu aroma, sabor, pela sensação de calor ou frio e pela sua resistência quando cortados. Depois deste singular almoço, os intervenientes registaram o que sentiram. Alguns testemunhos recolhidos: “ansiedade”; “nervosismo”; “insegurança”; “escuridão e desorientação”; “… dificuldade na identificação dos alimentos, utilização do talher”; “frustração em levar o garfo à boca sem comida…”; “dificuldade em controlar os movimentos necessários: encher um copo com água, utilização do garfo e da faca, manter a comida no prato.” Referiram ainda que de forma geral, este momento deixará algum alerta para as dificuldades vividas pelos deficientes visuais. Prof. Filipa Santos


Na Semana da Ciência e Tecnologia

Salpicos da ESAL

Workshop de jogos matemáticos

Estudo do Espanhol A partir deste ano, a oferta curricular da ESAL passou a contemplar mais uma língua estrangeira: o Espanhol

Nos dias 25 e 26 de Novembro realizou-se no átrio da ESAL um Workshop de Jogos Matemáticos dinamizado pela equipa do Plano da Matemática II, em articulação com o Clube de Matemática da ESAL e inserido na Semana da Ciência e da Tecnologia. Esta actividade desafiou toda a comunidade escolar a aprender a jogar os jogos Ouri, Rastros, Hex, Avanço, Konane e Semáforo, que estão abrangidos pelo Campeonato Nacional de Jogos Matemáticos. Também foi possível aprender a jogar Quarto! e jogos de cartas de conteúdo matemá-tico. Alguns dos alunos já conheciam estes jogos através da sua participação no Clube de Matemática. De realçar que alguns dos jogos foram construídos na nossa Escola, nas Oficinas de Madeiras, com a colaboração dos colegas de Educação Tecnológica e passaram a enriquecer os materiais existentes no Laboratório de Mate-

mática da nossa escola. A adesão ao Workshop foi elevada, sobretudo por parte dos alunos, tendo também participado alguns funcionários e professores que competiram animadamente entre si. Foi assim possível contribuir para a desmistificação da imagem muitas vezes negativa que se tem da Matemática, mostrando que os jogos, com as suas regras, são fundamentalmente construídos a partir de uma lógica matemática que é compatível com o prazer de jogar e competir de um modo saudável e socializante. No final, a equipa do Plano da Matemática concluiu que existe uma grande apetência para participar neste tipo de actividades e que o facto desta oportunidade ser proporcionada é uma mais-valia para os participantes e para a ESAL. Ficou a vontade de repetir esta experiência… Equipa do PM II

Feira de materiais e jogos matemáticos

Também no âmbito da Semana da Ciência e da Tecnologia, realizou-se uma venda de jogos matemáticos, publicações e materiais didácticos dinamizada pelo Núcleo Regional de Castelo Branco da Associação de Professores de Matemática. Este evento teve uma boa adesão junto da comunidade escolar, aproveitando uns para comprar algumas publicações actuais no âmbito da Matemática outros adiantando a compra de

Actualmente, o espanhol língua estrangeira tem cada vez mais importância a nível mundial. As estatísticas mostram que o Espanhol reclama o 3º lugar enquanto língua mais falada no mundo. É principalmente, por razões económicas, a língua que mais se estuda no estrangeiro, nomeadamente na América do Norte e Europa, permitindo intercâmbios económicos e comerciais entre os vários países. E é também devido à proximidade geográfica com Espanha que as escolas portuguesas oferecem aos seus jovens o estudo do Espanhol. Neste contexto, a escola Secundária Amato Lusitano introduziu, pela primeira vez, o estudo do Espanhol como opção de língua estrangeira, medida muito bem recebida na escola como também na comunidade. O número de inscrições, neste primeiro ano, revela a grande aceitação por parte dos alunos. Num estudo conduzido por investigadores da Universidad de Colima, no México, colocou-se a um grupo de estudantes de várias nacionalidades, entre outras

questões, a pergunta: Porque decidiste estudar Espanhol? Muitos dos entrevistados responderam que foi por razões económicas, sendo que tal lhes traz uma vantagem sobre os demais estudantes. Todos os entrevistados comentaram o facto de ser uma língua muito bonita, sonora e rica. Colocaram-se então as mesmas questões às turmas de 10º ano desta escola. Sobre os motivos que levaram os alunos a escolher o espanhol em vez de uma outra língua estrangeira, todas as opiniões apontaram para a relativa facilidade em aprender a língua em comparação com o francês ou o inglês. Outros, salientaram a sonoridade parecida com o português e também a beleza da própria língua. Alguns alunos referiram a utilidade que esta lhes poderá trazer a curto prazo, nomeadamente, a possibilidade de estudar em Espanha. A longo prazo, os alunos colocaram a hipótese de vir a facilitar eventuais intercâmbios com países hispano-falantes e ainda no caso de irem trabalhar em algum desses países. Assim, foi interessante observar que os jovens estudantes não se confinam à simples resposta da proximidade com Espanha, mas responderam reflectindo sobre outras vantagens como o seu futuro académico e o interesse pelo carácter cultural que a língua propicia. João Salvado, 10.ºD

Português e Espanhol: falsos amigos

alguns presentes de Natal. A equipa organizadora fez um balanço muito positivo desta iniciativa, que se revelou de todo o interesse e pertinência, tendo constituído uma forma de divulgação da actividade desenvolvida pelo Núcleo na região e permitindo dar a conhecer muitos dos materiais que a Associação fornece à comunidade educativa em geral, sendo esta uma das formas que tem de contribuir para o desenvolvimento do gosto pela Matemática.

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O português e o espanhol, melhor dizendo o castelhano, apresentam semelhanças evidentes, não fossem ambas línguas românicas, derivadas do latim. Contudo, as similitudes em alguns aspectos não devem afastar-nos da especificidade de cada uma das línguas. E é sempre interessante, debruçarmo-nos com mais atenção sobre algumas dissemelhanças entre palavras que usamos todos os dias e que nos convencemos que são iguais numa e noutra língua. Apresenta-se, de seguida, um conjunto de falsos amigos que, como o nome indica, parecem ter um significado mas, na verdade, apenas comungam de ortografia e pronúncia parecidas. O significado, esse, por vezes é bem afastado daquilo que os portugueses, à primeira vista, julgarão ser. A título de exemplo, aqui vão alguns ‘falsos amigos’.

Acordar(se) - lembrar-se alejado - afastado, distante billete - nota (dinheiro) billetera - carteira para notas borrar - apagar, eliminar bragas - cuecas de mulher cadera - anca cena - jantar chatear - beber copos de vinho, falar em chat concertar - combinar contestar - responder despido - despedimento embarazada - grávida escoba - vassoura esposas - algemas polvo - pó rato - momento salsa - molho vaso - copo basura - lixo Prof. Olga Gordino


BREVES

Salpicos da ESAL

Programar em VB.net

Ler António Gedeão

No dia 10 de Novembro, realizou-se o Workshop “Programar em VB.net” dirigido aos alunos do 12ºano do Curso Profissional de Gestão e Programação de Sistemas Informáticos. Com o Professor Paulo Alves do departamento de Informática da EST, os alunos puderam aprender uma nova linguagem de programação, muito actual nos dias de hoje e extremamente importante para o desenvolvimento de aplicações. Os alunos consideraram a actividade de tal modo interessante e importante que alteraram a execução da sua Prova de Aptidão Profissional para esta linguagem.

Alunos do 12º ano dinamizam momento de leitura nas turmas do 3º ciclo No dia 25 de Novembro, pelas 12h15, a ESAL interrompeu as suas actividades lectivas para dedicar um pequeno momento à leitura. Neste dia, em todas as turmas, à mesma hora, os alunos leram poemas de António Gedeão. Esta iniciativa, promovida pelo grupo disciplinar de Físico-Química e a Biblioteca Escolar, inseriu-se nas comemorações do Dia Nacional da Cultura Científica que se assinala a 24 de Novembro, data de nascimento de António Gedeão, pseudónimo de Rómulo de Carvalho que além de professor de FísicoQuímica, pedagogo, autor de manuais escolares, historiador da ciência e da educação, investigador e divulgador científico foi também poeta. Para esta actividade, contou-se com a participação de todos os docentes que estavam a leccionar nesse dia, à hora estipulada e ainda com os alunos do 12º ano das disciplinas de Física e Química que dinamizaram a leitura nas turmas do 3º ciclo.

Alunos do 12ºE dinamizam leitura no 8ºA

Visita ao Museu e Paço Episcopal

Alunas do 12ºA declamam poemas para o 8ºB

Judite Henriques do 9ºB declama “Poema do coração”

Ainda no âmbito desta efeméride foi lançado o concurso “Entrevista Póstuma a um Cientista”. Para participar, basta escolher um

cientista, elaborar uma entrevista com base na sua biografia e entregar o trabalho na biblioteca até ao final do 1º período.

É impossível não comunicar! sala, nas cadeiras da frente e os professores obrigavam-nos a falar. Uma vez que era dificil verbalizar (porque não ouvindo, nunca aprenderam a falar como os ouvintes), começavam a gestualizar, sendo imediatamente repreendidos pelos professores. Em 1997, a Língua Gestual Portuguesa – LGP –, que surgiu no seio da comunidade surda como meio de comunicação, foi considerada na Constituição da República Portuguesa como segunda Língua do nosso país. Esta Língua tem como base um sem número de gestos que são acompanhados de expressões corporais e faciais assim como de movimento. Todos os dias surgem novos gestos que ajudam a enriquecer o nosso vocabulário. É uma Língua em constante evolução. Se tens curiosidade em aprender algum vocabulário de LGP, estás convidado a participar no Atelier de LGP que está a decorrer à 5ª feira das 16h50 às 18h20. Podes inscrever-te no bar dos alunos. Esperamos por ti! Fábio Antunes e VâniaMarques, 12.ºM

Vídeo realizado pelos alunos surdos, disponível na página Web da ESAL

No dia 15 de Novembro, a ESAL comemorou o Dia Nacional da Língua Gestual Portuguesa com a apresentação de um pequeno vídeo elaborado por nós, os alunos surdos que frequentam a escola. Esperamos que tenham gostado. Quisemos fazê-lo para divulgar um

pouco da nossa cultura e da nossa Língua. Nós, surdos, sentimos o mundo de forma diferente! Utilizamos gestos para comunicar. No entanto, há alguns anos atrás, tal não era possível. Os surdos eram proibidos de gestualizar: sentavam-se numa

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Os alunos do 11ºE do Curso de Artes Visuais e do 11ºM do Curso Profissional de Turismo realizaram uma visita de estudo ao Museu Francisco Tavares Proença Júnior e ao Paço Episcopal da nossa cidade a fim de conhecerem as manifestações das características arquitectónicas e decorativas dos palácios e jardins da época barroca. Uma visita muito interessante que deu a conhecer algum do nosso património local aos alunos, muitos dos quais residentes na cidade e nunca tinham visitado estes espaços.

Viajar na República No âmbito das comemorações do centenário da República, as turmas de 9º ano deslocaram-se a Lisboa onde visitaram a Exposição “Viajar na República”. Tiveram também oportunidade de ver o Museu da electricidade onde ficaram a conhecer a história da electricidade, as fontes de energia alternativas e realizar algumas experiências.

Observações nocturnas no céu de Constância As turmas do 10ºA e B realizaram uma visita de estudo a Constância. Aí visitaram o Jardim Horto de Camões e em seguida deslocaram-se ao Parque de Astronomia do Centro de Ciência Viva onde, além de uma visita guiada pelo exterior, observaram estrelas e constelações numa sessão no planetário. O ponto alto deste dia foi a possibilidade de realizarem uma observação nocturna do céu.


Salpicos da ESAL

Após inauguração pelo Presidente da Câmara

Laboratório de águas da ESAL inicia actividade A Escola Secundária de Amato Lusitano e os Serviços Municipalizados assinam protocolo para analisar a água do nosso Concelho.

No âmbito do projecto ENEAS, a ESAL foi equipada com um laboratório de análise de águas onde se efectuarão, todos os meses, análises - física, química e bacteriológica - de dez amostras de água do Concelho. Este laboratório, inaugurado no mês de Novembro, já está a analisar, em parceria com os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS), a água consumida no Concelho de Castelo Branco. Foi assinado um protocolo com esses serviços na cerimónia de inauguração onde foram protagonistas o Presidente da Câmara, Joaquim Morão, o Professor Doutor Rocha e Silva, investigador da Universidade do Porto e coordenador nacional do Projecto ENEAS e o Director da ESAL, o professor João Belém. Segundo a administradora do SMAS, Maria José Baptista, esta colaboração, que não vai implicar grandes meios, terá efeitos muito

O Director da ESAL com o Presidente da CM e o Coordenador do projecto ENEAS

práticos. A comparação dos dados dos dois laboratórios irá permitir um maior rigor na avaliação da água.

O trabalho de análise no laboratório da nossa escola está a cargo dos docentes de FísicoQuímica e Biologia.

Aprender a empreender

Química e Biologia. Na sessão inaugural, o presidente do nosso município referiu “estar a Câmara Municipal totalmente disponível para ajudar” e elogiou o trabalho que vem sendo desenvolvido pela escola. “A instalação deste equipamento deve orgulhar não só a escola como todos os habitantes desta zona do interior, muitas vezes esquecida e desvalorizada”. O Professor Doutor Rocha e Silva elogiou também o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela escola no âmbito deste programa de projecção europeia e considerou” não estar nada arrependido de se ter apostado na ESAL, apenas esperando, cada vez mais e melhor”. O Director, Professor João Belém, salientou o trabalho de uma vasta equipa de professores e alunos que, “ao longo dos últimos anos, tem promovido um trabalho que enaltece a escola e permitiu a melhoria dos conhecimentos e competências de cariz prático”. Referiu ainda que “após a Estação Meteorológica e os protocolos experimentais que ela sustenta, a escola entra agora numa área de trabalho e investigação que a torna praticamente única ao nível das escolas secundárias”. Prof. Rui Duarte

Agenda para o 2º período 20 de Janeiro - Dia da Educação Física - Corta-Mato 21 e 22 de Fevereiro - Dias da Economia e Contabilidade

No âmbito do curso geral e profissional de Ciências Socioeconómicas, as turmas do 10º, 11º e 12º anos realizaram uma visita de estudo à Faculdade de Ciências Económicas Empresariais da Universidade Católica a Lisboa. Foram recebidas de forma calorosa pela directora desta faculdade, a Professora Doutora Fátima Barros que em tempos foi também aluna da nossa escola. Após uma visita guiada às instalações, pelos representantes do corpo docente e discente desta faculdade, assistimos a uma pequena palestra onde nos foi dado a conhecer o funcionamento dos cursos de economia e gestão daquela universidade. Da parte da tarde, participámos numa conferência proferida pelo professor doutor Eduardo Catroga sobre a necessidade do aumento da produtividade para podermos competir

22 de Fevereiro - Olimpíadas do Ambiente

com os mercados internacionais. Foi uma experiência enriquecedora que nos abriu os olhos para aprender a empreender, ou seja, ajudou-nos a encontrar um caminho de educação para o empreendedorismo. Como? Organizando iniciativas, desenvolvendo competências técnicas e articulando saberes. Ficamos com a esperança de que se conseguirmos uma licenciatura nesta faculdade ganharemos competências comportamentais e relacionais, podendo vir a ser um dia um dos líderes do nosso país, como referiu o Professor Doutor Catroga que seria provável daqui a vinte anos um dos ministros das finanças ser um dos presentes naquele auditório. Quem sabe se não será um de nós?O futuro em construção começa aqui.

26 de Fevereiro - Final das Olimpíadas da Ortografia 1 a 4 de Março - Semana da Leitura 2 de Março - RedMat 21 de Março - Dia da poesia 6 de Abril - Conferências pelo prof. doutor Jorge Paiva: 10:30h - “Biodiversidade” 15:00h - “As plantas n’Os Lusíadas” 6 de Abril - Dia da Informática 7 e 8 de Abril - Feira de ervas aromáticas, chás e i nfusões 8 de Abril - Peddy-Paper - Maratona das Ciências

Oana Gabriela, 10.º E

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da imaginação

Salpicos da nossa vida global A minha casa é o mundo Caro leitor, provavelmente pouco ouviu falar de mim. Sou cientista no laboratório de energias nucleares CERN, na Suíça. Faço parte da equipa de pesquisa de novas formas de propulsionar engenhos espaciais interplanetários, no departamento de Engenharia Aeroespacial. Nos tempos que correm, seria impossível para mim não ter toda a informação de que preciso interligada. Possuo na palma da minha mão (leia-se, no telemóvel) toda a informação fornecida pela equipa de pesquisa e pelos computadores doméstico e do escritório. Tudo está presente na “cloud”, servidores que o CERN possui e onde estão armazenadas todas as pesquisas feitas até hoje. Esta informação está encriptada, para que seja seguro guardá-la em formato digital. Provavelmente, neste momento, estão a interrogarse “Porque é que precisa de toda a informação interligada a uma escala global?”. Pois bem, quando o nosso trabalho nos pode levar a qualquer lugar do planeta em busca de tecnologia promissora, toda a informação pode ser preciosa e tem de estar acessível. Logo pela manhã, tenho todas as notícias disponíveis no “tablet”, para me manter a par do que me rodeia. É assim que começo o dia, com um olhar oblíquo pelas notícias. No trabalho, tento manter-me a par dos desenvolvimentos dos meus

colegas do departamento alemão, bem como da delegação russa. Estamos prestes a lançar uma nova forma de combustível. Possivelmente já ouviu falar do mesmo num livro de Dan Brown. Chama-se CAM, Combustível Anti-Matéria. É feito através da anti-matéria criada no acelerador de partículas, uma espécie de partículas com cargas opostas às encontradas na natureza. Em vez de termos electrões a girar à volta do núcleo atómico, temos positrões (partícula com carga semelhante à do protão). Este combustível tem uma potência milhares de vezes superior à dos combustíveis fósseis e, como é todo consumido, não há resíduos. É um combustível limpo, desenvolvido em cooperação com o MIT, com a NASA e com a ESA. Actualmente vivo em Berna, mas desloco-me frequentemente a Paris, Londres e Nova Iorque, onde possuo também residência e onde me encontro com antigos colegas de universidade e de trabalho. Posso dizer que a minha casa é a Terra e que a minha vida é global, vivida um pouco por todo o mundo a que chamamos casa. Foi esta a vida que escolhi e da qual nunca me arrependo. Afinal, é muito compensador saber que todos tornamos este planeta um mundo melhor para viver. Pedro Roque, 11.ºB

Sílvia Filipe, 12.ºano

O mundo passou a cidade ou talvez localidade. Chamam-lhe globalidade É a nossa realidade. Sinto-me um cidadão cheio de informação, basta um clique com a mão fica tudo à disposição. Sou uma filha do mundo e do meu computador consigo aceder a tudo tenho tudo ao meu dispor. Mafalda Calmeiro, 11.ºB

crónicas... traços... escritas... C’est la vie Sentia-se démodé o que o deixava francamente down. Chegava, por vezes, ao limite de se saber realmente out. Invejava o savoir-faire dos outros e temia não ter suficiente know-how comunicacional porque sentia que falhava muitas vezes na performance social por falta de souplesse. Se fosse objecto de avaliação, a sua vida social ocuparia, sem dúvida, os últimos lugares no ranking. Ora, viver assim é como uma condenação ao eterno papel de espectador: assiste-se à mise-enscène da vida dos outros num plateau que apresenta um show em que não participamos. É como se se vivesse uma vida triste e literalmente obscena de voyeur. Quem vive assim olha para a sua entourage com admiração e receio porque todos os outros representam a emoção do show-off, a geração avant-garde, o oposto da sua alma indoor. É a sensação de andar no mundo sem password, é, digamos, a sensação de não ter feeling. Pensei que devia aconselhá-lo a dar uns tours, que devia guiá-lo na assunção do seu handicap com desplante e que devia desenvolver o seu fair-play no jogo das derrotas e temores quotidianos. Foi-lhe surgindo então uma tímida vontade de sair daquele estado offline que o stressava e que o estava a transformar a passos largos numa personagem de case-study. E, um dia, deixou de aparecer…E, num outro dia, num outro ano, quando entrava no ginásio para mais uma sessão de fitness, dei de

caras com alguém perfeitamente upto-date, que me sorria como se me conhecesse. Esperou-me depois à saída para me convidar para uma ida ao shopping para um drink, que tinha seguido o meu conselho, que tinha feito um bypass à alma, que, como eu podia ver, tinha mudado de look, que se tinha afeiçoado a resorts e spas, que era freelancer como assessor num offshore, que andava entusiasmado com a decoração do novo loft… Falava à pressa, numa correria de aventuras e eu fazia mil esforços para me lembrar onde tinha conhecido este homem que estava na vida como em chaise longue. “Sabe? Ando de flirt. Vou ter agora um rendez-vous escaldante…”. Calou-se de repente e olhou-me fixamente com ar preocupado: “O que se passa? Está com má cara! Surmenage?”. Depois sorriu para a aparição de uma mulher de sonho “ Olá, baby, a que horas temos o cocktail ?”… e atiroume à pressa um ciao snob de jovem dandy… Regressei a casa. Espalhei sobre a mesa os raviolli,o sushi e a bavaroise que retirei do saco de plástico que trouxera do takeaway porque, de repente, não me tinha apetecido ir comer ao selfservice habitual…Fiz zapping durante uns minutos, indeciso na escolha… Carreguei no replay das memórias… Senti-me démodé, out, down como um pobre rapaz que tinha tido na consulta há anos…o que seria feito dele? Prof. Etelvina Maria


da imaginação Da Aldeia local à Aldeia Global O Tio João Sapateiro é um velhote que eu conheço muito bem. Sempre teve uma forte filiação à aldeia que o viu nascer e de onde teve que partir ainda jovem. Achados de Baixo era uma aldeia isolada, esquecida e alheada da civilização e do progresso. Das ruas esvoaçava o pó levado pela brisa da montanha que matraqueava as gargantas secas e cansadas no regresso a casa depois de mais um dia de trabalho. Os carros de bois e as carroças marcavam a cadência de um tempo sem pressas de futuro. Não havia água canalizada, nem esgotos, nem electricidade. Televisão e máquinas de lavar roupa eram miragens de um sonho perturbado. Os horizontes da aldeia esgotavamse no espaço que a vista alcança. O Tio João Sapateiro mal sabia ler e escrever. Passou repentinamente da infância a adulto, com a responsabilidade esgotante de um trabalho de sol a sol. O dia foi feito para trabalhar e a noite para descansar, afirmava ele. O Sol era o relógio que ritmava o trabalho e a existência. Os pais morreram demasiado jovens e ele teve que se desenrascar sozinho. Ao amanhecer tratava dos animais para depois se dedicar aos afazeres agrícolas.

devido aos impiedosos desígnios do emprego do filho e de uma economia de relações tensas com a família. Tudo mudou. A civilização também já por lá passou. As ruas estão calcetadas. As casas de pedra foram pintadas a mau gosto. Já não se vêem carros de bois e as carroças são raras. Os lavadouros públicos já não são frequentados. A electricidade chegou. As tabernas desapareceram e existem agora dois cafés com um espaço próprio para acesso à Internet. A mercearia fechou e as compras são feitas no hipermercado da cidade, havendo um autocarro gratuito duas vezes por semana. Os assuntos das telenovelas ocupam lugar de destaque nas animadas conversas das senhoras finas da aldeia, reformadas dos bons empregos da cidade e que até já pensam ir ao Brasil ver os seus heróis. O José Navegante e o António Navegante, netos do Tio João Sapateiro, não ligam às terras, têm maus resultados na escola e sentem uma paixão quase doentia pelos computadores e Internet. Passam horas e horas em quintas virtuais. Fazem negócios e amigos, muitos amigos, capazes de mover montanhas imaginárias para edificarem o

Depois do almoço, ficava preso à máquina de coser os pesados sapatos ou botas laborais. Ia uma vez por semana, na sua velha bicicleta, à cidade para se abastecer do material indispensável ao seu exercício de sapateiro. Contava os tostões para ir comprar o açúcar, o petróleo e o sabão na única mercearia da aldeia. Cumprimentava todas as pessoas com quem se cruzava e ainda lhe sobrava tempo para beber um copo de vinho nas adegas dos amigos – sempre de chave na porta, tal como as casas da aldeia. Até porque o lema era: se a sede aperta, abre a porta, bebe um copinho e desperta. Entretanto, o vínculo umbilical do tio João foi subitamente cortado com a aldeia devido ao grande incêndio que tudo destruiu. A floresta, os pomares, os vinhedos, os currais e os animais evaporaram-se nas labaredas do inferno criado por mãos criminosas e o tio João partiu a salto para terras de França. Quarenta anos depois, regressou às suas origens para gozar a reforma que tão justamente merecia. A aldeia crescera e quase já não se distinguia de Perdidos de Cima. Vive agora com os dois netos adolescentes abandonados à sua guarda

Império da Amizade. Tal como eles, novos e ousados navegantes perdem-se nos cruzamentos sedutores e traiçoeiros dos temas e das imagens e amolecem o cérebro ao bombardeamento da informação e à letargia da reflexão crítica. Já não precisam de se encontrar na cozinha ou na sala de estar pois os telemóveis estão à mão e, como são moches, não precisam de se preocupar com a conta. Não há tempo para o encontro real com irmãos, pais e familiares ou até para estudar, mas há tempo para navegar – até porque somos um país de marinheiros. O escudo desapareceu. O euro abriu as fronteiras da aldeia, da freguesia, do distrito e do país a uma economia globalizante. Com um simples clique num computador é possível comprar um produto no Brasil, nos Estados Unidos, no Japão ou na Austrália... Sem sair de casa, surge a possibilidade de consultar grandes bibliotecas, livros e vídeos, jornais e revistas. A aldeia isolada ganhou existência real na aldeia virtual global. O tio João Sapateiro sente-se perplexo e desorientado nesta nova realidade, até já diz que se sente um estrangeiro na própria terra e que precisa de ir à escola da globalização. Prof. Américo Silva

Quando toca o despertador... Ao acordar, “Wake up in the morning felling like P´diddy (...)”, o meu telemóvel LG de origem coreana despertou-me com a ajuda da americana Kesha. Aposto que não sou a única no mundo a rogar pragas a esta música, afinal... tira-nos todos os dias do “bem-bom”. Já estou atrasada. Pego no meu Loréal Paris e corro para o duche, enquanto a minha mãe me prepara os meus Kellog´s Special K vindos dos EUA especialmente para mim ... e para centenas de albicastrenses, milhares de portugueses, milhões de europeus. Ok, esqueçam o egocentrismo: vindos para todo o Mundo! Mal acabei de tomar o pequenoalmoço, o meu pai já buzinava no seu BMW alemão. Só tive tempo de calçar os meus ténis Nike (iguaizinhos aos da Rihanna!), vestir o meu casaco Adidas e pegar na mala Gola. Chegada à escola tive de ir ao shopping comprar Trident Senses e borrifar-me com o meu Amour Amour francês para disfarçar o cheiro a Marlboro. Eu sei ... faz um mal danado e qualquer dia preciso de outros pulmões, vindos de não-sei-onde. Quando cheguei à sala agarrei na minha caneta Bic, enquanto a minha professora marcava as faltas no seu HP. Dedicou metade da aula a falar sobre a filha, ou melhor ... a gabála. Contou-nos que tinha participado no programa ERASMUS, tendo convivido com distintas culturas, chegando a partilhar o seu quarto com uma chinesa, uma italiana e uma africana. Referiu que todos os dias, lá tinha no seu HP, fotos que revelavam o paradeiro da filha. Numa das fotos até parecia que estávamos mesmo em Paris na torre

Miguel Marques, 11.ºL

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Eiffel. Estas coisas das novas tecnologias são fantásticas ... (pena não sermos nós a fabricá-las!) Tocou para o intervalo, fui tomar o meu café sul-americano e comi o meu Kit Kat, “The perfect breakfast”. Entretanto, combinei com a minha amiga Yoko, que é filha de um dos muitos comerciantes chineses que por aqui se governam, irmos ao MC Donalds comer um grande Big Mac (basicamente, trabalhar para a engorda, o mal de muitos ... os americanos que o digam!) e de seguida irmos ver o “Remember me”, com o nosso actor preferido, Robert Pattinson. O nosso... como quem diz. O rapaz, seja em que país for, nem se atreve a sair à rua. O filme tinha sido fantástico, não fossem os miúdos que estavam atrás de nós a fazerem ruídos estranhos ao comerem as pipocas feitas com milho transgénico comprado no Canadá . No que eu reparo .. Cheguei a casa e para variar ... lá estava o meu pai vidrado no nosso mega plasma Samsung. Acho que é um problema geral, dado que a maioria das mulheres do Mundo se queixam do mesmo! Estava a ver o jogo do Benfica. Pelo menos desta vez ainda tínhamos um jogador português como titular! O Fábio Coentrão, graças à crista irreverente, ainda se destacava no meio de tantos brasileiros, argentinos, e nem me alongo mais. Antes de dormir, estive a ler a Blitz, liguei o ar condicionado LG e adormeci mais uma vez lado a lado com a globalização. Ana Sílvia eMarisa Bento,12.ºE Miguel Pais, 12.ºF


Reportagem Na era da globalização...

Comprar “chinês” sem ir à China De há uns anos para cá, o comércio oriental vem ocupando espaço nas nossas ruas. Já ninguém estranha os letreiros e símbolos orientais que por todo o lado se vêem Há centenas de anos atrás, o mundo estava separado por extensões intransponíveis de água e por outros factores geográficos que faziam com que as populações de cada região não tivessem conhecimento da existência umas das outras. Cada povo vivia isolado: nascia, crescia e morria, sem saber o que havia para lá do seu pequeno mundo. Desde cedo as pessoas sentiram a necessidade de trocar alguns dos bens que possuíam e que já não lhes eram úteis por outros de que necessitavam e não tinham. “Eu dou-te o meu arado de madeira e tu entregas-me a tua enxada de pedra!” – possível diálogo há centenas de anos atrás. Esta necessidade de trocas comerciais, aliada à curiosidade eterna do ser humano de conhecimento e de aventura, foi o primeiro passo para a globalização. Como exemplo, lembremos os nossos navegantes da época de quinhentos que descobriram e exploraram lugares desconhecidos do Mundo, quebrando barreiras geográficas, estabelecendo novas rotas comerciais, unindo povos, raças e culturas. Hoje, vivemos no império do consumo. Temos acesso a artigos de todas as partes do mundo. Possuímos hábitos importados do estrangeiro. No entanto, as consequências da Globalização afectam de maneira mais visível a componente económica. “Crise” é a palavra mais repetida ultimamente e muitos atribuem a responsabilidade ao fenómeno da Globalização. Perante a grande competitividade internacional e os grandes atractivos dos mercados asiáticos, principalmente pelo baixo custo da sua mão-de-obra, e, ainda, de alguns mercados europeus e americano, Portugal não se consegue posicionar positivamente face à concorrência. De facto, os mercados asiáticos ganham cada vez mais terreno em Portugal. Por todo o lado se vêem letreiros com caracteres orientais. Em Castelo Branco, um pouco à semelhança do que se passa no resto do país, verificou-se a instalação de inúmeros estabele-

cimentos comerciais chineses. Começou pela área da restauração. O primeiro restaurante chinês, situado na zona da Sé, foi uma grande novidade na altura. As comidas diferentes e exóticas atraíram de imediato os albicastrenses. O restaurante estava sempre cheio, sendo preciso por vezes aguardar à porta para se conseguir uma mesa. Outros restaurantes abriram, tendo-se seguido o comércio a retalho, onde se vende de tudo um pouco. Neste momento, temos conhecimento da existência, na nossa cidade, de dois

restaurantes chineses e um japonês. No entanto, a comida oriental, não sendo já novidade, deixou de atrair tanta clientela, como refere Ana Gonçalves, cliente habitual destes espaços, nos primeiros tempos: “continuo a apreciar comida chinesa, mas agora desloco-me ao restaurante apenas esporadicamente. Quando lá vou, verifico que a euforia inicial já passou. Há sempre mais mesas livres do que ocupadas.” Os estabelecimentos comerciais vieram depois dos restaurantes e em grande força. Neste momento, na

nossa cidade, podemos fazer compras em pelo menos dez “lojas dos chineses”. Inquirimos alguns transeuntes sobre os seus hábitos relativamente a estas superfícies. Todos eles já tinham feito compras nestas lojas, confessando-se alguns frequentadores usuais. Desde baterias para telemóveis, vernizes, sapatos, chapéus-de-chuva, ferramentas, detergentes até vestidos de cerimónia, foram compras referidas pelos consumidores inquiridos. “Às vezes não preciso de comprar nada, mas entro só para ver. É tudo tão barato que acabo sempre por comprar alguma coisa”, diz Bárbara Almeida, empregada numa repartição pública. No entanto, algumas pessoas chegaram à conclusão que, apesar de barato, muitos dos produtos acabavam por ficar caros dada a fraca qualidade. “Já deixei de ir ao chinês. Muitas das coisas que lá comprei estragaram-se rapidamente. É uma ilusão”, diz Filomena da Conceição, reformada. Margarida Lopes, estudante na cidade, confirmou também a falta de qualidade dos produtos: “Comprei artigos de maquilhagem e o resultado foi um total desastre. Agora, só vou lá para comprar missangas e fio para fazer os meus acessórios”. Quando falámos de globalização à D. Maria, que vende hortaliça na Praça, ela apenas adiantou que disso não percebe nada e que com o euro tudo aumentou. Entristecea ver que muito do que comemos é produto estrangeiro vendido nos novos espaços comerciais, enquanto os produtos nacionais que “são muito melhores, são deixados a apodrecer ou as terras são abandonadas”. Quer-nos parecer que a D. Maria, apesar de analfabeta, sabe muito mais de globalização do que pensa. Já as alunas da ESAL (todas as que inquirimos sem excepção) encaram a globalização de uma maneira diferente. Deliciam-se às compras na Mango, na Zara, na Bershka, na Benetton..., não prescindem dos perfumes com a assinatura de Ralph Lauren, Valentino, Nina Ricci ou Calvin Klein e escolhem os seus telemóveis Nokia, Samsung ou LG sem os quais já não conseguem passar. Como seria a sua vida social sem estas vantagens da globalização? Concluindo, a Globalização é um fenómeno do qual já não podemos (nem queremos) escapar, mas do qual podemos aproveitar as consequências positivas e mitigar as negativas, se para tal tivermos “engenho e arte”. Elisabeth Rodrigues, 12.ºE

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Entrevista

De Portugal para a Eslovénia Portugal, por exemplo, todos os cafés fecham antes da meia-noite e nos dias de semana não se vê muita população a passear pela rua. Mas o que para mim é bastante diferente é o facto de ser muito difícil encontrar um restaurante, pois a maioria são fast food. Conseguimos ver pessoas às 10 da manhã a comer fatias de pizza, ou mesmo hambúrgueres… Relativamente à planificação das actividades, também se constatam algumas diferenças. Na Universidade Primorska, apesar de terem o ano lectivo dividido em dois semestres que, por sua vez, são subdivididos em dois trimestres. Ou seja, numa situação normal, o aluno tem 6 cadeiras por semestre para fazer, com esta divisão, não tem as 6 cadeiras ao mesmo tempo, faz 3 cadeiras no primeiro trimestre e as outras 3 no segundo. Diminui assim a carga horária e fica-se com mais tempo livre para acompanhar o estudo.

Raquel Espírito Santo, antiga aluna da Esal, encontra-se a estudar na Eslovénia, ao abrigo do Programa Erasmus, e falou-nos desta sua nova experiência.

- Para começar a entrevista, gostaríamos de saber em que momento da sua vida de estudante teve vontade de participar no Programa e como lhe surgiu a ideia. - Não me recordo ao certo. Penso que foi desde o momento que tive conhecimento da existência do Programa e soube que entrei na universidade de Évora.

e até de língua, temos que lidar com muitas mudanças ao mesmo tempo. Que mudança foi mais difícil de ultrapassar? - A língua. Como somos todos de países diferentes e falamos línguas diferentes, utilizamos o inglês tanto nas aulas como no convívio entre nós e, como estive 3 anos sem praticar inglês, tinha esquecido muita coisa.

- Que idade tinha quando se candidatou? Para que país… para que países? - Foi durante o ano lectivo passado, portanto tinha 20 anos. Candidateime para Eslovénia em primeira opção e em segunda para a República Checa.

- Notou, com certeza, algumas diferenças no estilo de vida da sociedade e também, mais concretamente, na planificação das actividades na instituição de ensino… - De facto existem algumas diferenças nesses dois aspectos. O estilo de vida da sociedade Eslovena é um pouco diferente do que estamos habituados a viver em

Quando mudamos de estabelecimento de ensino, de país

- Costuma dizer-se que toda a viagem é um passo mais para o nosso autoconhecimento. Se lhe pedir para analisar esta experiência numa perspectiva prática, considera que terá repercussões no seu futuro profissional? - Sem dúvida. O conhecimento de novas culturas, o desenvolvimento

de outra língua, neste caso o Inglês, são factores bastante importantes. O facto de sermos capazes de sair do nosso país por 6 meses ou mesmo um ano contribui para desenvolvermos o nosso lado aventureiro, a nossa capacidade de comunicação e de autonomia e cria novas perspectivas de vida. - Quando acabar o programa e regressar a Portugal, acha que será uma pessoa diferente? Neste momento, qual a “coisa” que irá recordar sempre? - Acho que é inevitável não existirem mudanças interiores depois de uma experiencia como esta. São 6 meses fora do país a viver constantemente com pessoas que mal conhecemos, de outros países, outras culturas, com outras ideias… Penso que aprendemos a ver a vida de forma diferente. O que irei recordar para sempre? É uma pergunta um pouco difícil, pois as novidades são muitas… mas, sem dúvida que recordarei o convívio com os colegas e as viagens que fizemos. Falo aqui em viagens, pois uma das vantagens de integrar o Programa Erasmus em países do meio da Europa é uma oportunidade para conhecer outros países também.

Da Roménia para Portugal Oana Gabriela Pauca nasceu em Petrosani na Roménia e frequenta o 10ºano na nossa escola

- Pelo que diz, foram momentos muito difíceis… Parece-lhe que teve apoio suficiente na escola? - O mais difícil foi sem dúvida aguentar o desprezo e a troça de todos. A língua não foi o maior problema porque, de uma maneira ou de outra, comunicava sempre, quer fosse por gestos quer fosse a falar inglês, mas comunicava. O problema era que as pessoas me tratavam como se fosse uma espécie de extraterrestre. Tirando os colegas, tive muito apoio na escola. Tinha aulas de Português todos os dias e a professora era óptima. Explicava bem e conseguia fazer as coisas de forma a que eu percebesse, de maneira que, no final do ano, falava Português quase tão bem como o Romeno.

- Que idade tinha quando chegou a Portugal? - Cheguei a Portugal vinda da Roménia e tinha 11 anos na altura. - Não deve ter sido fácil deixar para trás a família, os amigos, o país e começar uma nova vida num outro país. Como se sentiu nos primeiros dias de estada em Portugal? - Nos primeiros dias de estada em Portugal senti-me um bocado só, uma vez que parte da família que tenho cá estava a trabalhar. Eu ainda não estava inscrita na escola e não conhecia nem a língua nem a cidade, de maneira que me sentia como “obrigada” a ficar em casa, o que também era desconfortável porque a única coisa que podia fazer era ver televisão e, ainda por cima, não conseguia entender nada do que se dizia. - Em que ano de escolaridade foi integrada na escola portuguesa? Lembra-se dos seus primeiros dias de escola?

- Na Roménia estava no 6º ano e cá fui integrada no mesmo. Lembro-me do meu primeiro dia como se fosse hoje. Cheguei à escola acompanhada pela minha mãe e ambas fomos perguntar pela sala onde ia ter aula. Foi aí que conheci parte dos meus colegas, pois já sabiam que ia chegar uma aluna nova que vinha de outro país. Houve colegas que me receberam bem, outros que nem por isso. Por todo o lado onde ia sentia-me mal porque sabia que alguns dos olhares que muitos me lançavam eram de desprezo e, mesmo não percebendo a língua, sabia que estavam a gozar comigo. As únicas pessoas que no início me ajudaram foram tão poucas que até as posso referir: Mariana, Vanessa, Telma e Jéssica.

- Realmente, neste momento, a Oana domina a língua portuguesa com muita correcção. Quer explicar-nos como se desenrolou a sua aprendizagem da língua? - Em primeiro lugar, desenvolvi o meu vocabulário a ler. Lembro-me que o primeiro livro que li em Português foi “Uma Aventura de bicicleta”. Depois desse li outros e outros e outros e as palavras que não percebia procurava-as no dicionário. Outra coisa que fazia era repetir o que as personagens das

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telenovelas diziam, de forma a treinar a fala e acentuar correctamente as palavras. É claro que neste tipo de situações importa muito ter vontade de aprender, estar sempre atento durante as aulas e esforçarmo-nos sempre mais e mais. - E com a sua língua, o romeno, que relação estabelece neste momento? - Neste momento, posso dizer que sei mais Português do que Romeno. Eu e a minha família estamos mais habituados ao Português e, muitas vezes, quando falamos, misturamos as línguas. Admito que há muitas coisas que já não sei dizer em Romeno e que há muitas outras que nunca soube. Sei esse tipo de coisas em Português, mas em Romeno não, pois não tive como desenvolver a minha língua de origem. - É sua intenção continuar em Portugal? Quais os seus projectos para o futuro? - Sim, quero continuar cá. Quero formar-me em Economia e tirar um curso de jornalismo. Aos 18 anos tenciono adquirir a nacionalidade Portuguesa, pois sinto-me mais Portuguesa que Romena. Daqui a uns anos, tenciono também publicar um livro, mas não vou revelar sobre quê.


Testemunhos

Alunos estrangeiros na ESAL Dificuldades?... Diferenças culturais?... (In)Adaptação?...

Quando cheguei a Portugal senti diferenças na escola. O ensino no Brasil é mais fácil. Em Portugal, os horários são muito mais sobrecarregados e as matérias diferentes. Tive dificuldades principalmente no estudo das línguas estrangeiras. No Brasil, só se tem uma língua estrangeira, o Inglês e mesmo nesta disciplina tive problemas porque em Portugal exigem muito mais, o ensino é mais rigoroso. Por outro lado, cá, as escolas estão muito melhor equipadas. Não tive dificuldades em me adaptar. A língua, sendo a mesma, contribuiu para que fosse mais fácil a integração. Murillo Souza, 9.ºB

Quando cheguei a esta escola, senti-me um pouco perdido. Uma das coisas que me desorientou foi o facto de as turmas não terem uma sala fixa e andarmos constantemente a mudar de sala. Na Suíça, tínhamos sempre aulas na mesma sala e, estando habituado a isso, foi difícil, nos primeiros tempos, habituar-me a esta situação. Gonçalo Batista, 10.ºF

Venho da França. A minha grande dificuldade é a língua. Ainda não sei falar nem escrever bem português (precisei de ajuda para escrever este testemunho). Encontrei muitas diferenças: as escolas em França não têm bar só refeitório. As refeições são pagas no fim do mês, não é preciso marcá-las todos os dias como cá. Os livros escolares não são pagos, são dados aos alunos no início do ano e são devolvidos no final. Um funcionário aponta os atrasos dos alunos. Em França não se pode falar nas aulas. O castigo é ficar mais uma ou duas horas na escola.

Quando cheguei da Suíça no ano passado, a maior diferença “cultural” que encontrei foi o uso e o abuso do telemóvel. Em Portugal, dão-lhe imenso valor. Na Suíça, nunca vi ninguém estar horas e horas agarrado ao telemóvel, nas salas de aula ou fora delas. Além disso, quando o usávamos durante as aulas, o castigo era mais severo do que cá. Lá na Suíça, se fossemos apanhados pelos professores a utilizar o telemóvel, mesmo que fosse só para ver as horas, ficávamos um mês sem ele. Mas o que importava? Quase não sentíamos a sua falta!

Vim de Cuba há dois meses e deparei-me com muitas diferenças: primeiramente o clima e a língua e depois, a novidade dos grandes centros comerciais e da televisão com muitos canais de vários países. Em Cuba só temos quatro canais nacionais, não temos nenhum estrangeiro. A diferença mais importante tem a ver com a liberdade. Em Cuba não podemos dizer o que pensamos, temos de ter muito cuidado. O sistema de ensino é muito semelhante nos dois países, mas em Cuba os professores não são qualificados: acabam o 9º ano e, com mais um ano, podem ser professores.

Stephane Franco, 7.ºA

Pedro Santos, 10.ºE

Michel, 8.ºB

Cheguei a Portugal, vinda da Venezuela. Todos sabemos que a mudança não é uma experiência fácil. O ser humano possui uma característica a que podemos chamar “arma de dois gumes”. A sua capacidade de adaptação permitelhe afazer-se ao ambiente e ajustarse às situações que o rodeiam, mas, ao mesmo tempo, aprisionam-no às circunstâncias que determinam esse ambiente… Ora, uma mudança

implica sempre a alteração das nossas representações de vida e traz consigo decisões difíceis, momentos de sentimentos extremados mas também novas oportunidades. Muitas vezes desejamos continuar aferrados ao passado, àquilo que conhecemos porque, como seres humanos, tememos o desconhecido e, quando somos obrigados a enfrentá-lo, o medo apodera-se de nós, não sentimos as pernas e revolve-se-nos o estômago só de pensar em viver em novos lugares com pessoas desconhecidas. No entanto, bem lá no mais fundo, há sempre força para continuar, enfrentar o medo e triunfar. Ora, quantas pessoas se terão interrogado sobre o que faço eu aqui? Até eu o fiz durante toda a semana, durante toda a primeira semana de aulas depois de transpor a porta principal de uma escola chamada Amato Lusitano. Também eu o perguntei a mim mesma quando vi dezenas de pessoas a abraçarem-se e a

conversarem numa língua que seria a do meu dia-a-dia, enquanto eu só desejava que a terra me engolisse. Mas, bem mais depressa do que poderia imaginar, senti que aquela escola me abria os braços, senti o calor humano daqueles que eu tinha olhado de lado. Com o passar dos dias e das semanas, as lágrimas converteram-se em tímidos sorrisos até se tornarem gargalhadas. Apesar de alguma lágrima se escapar ainda de vez em quando. Nostalgia, dor, recordações... são os sentimentos que me invadem quando olho para o passado, passado que foi, um dia, o meu único e querido presente… Mas, agora, é este o meu presente e, por isso, tento abrir caminho nele, construindo, passo a passo, o meu próprio percurso, sabendo já o que faço aqui. Hoje, dois anos depois, posso dizer com orgulho que frequento uma escola chamada Amato Lusitano, que me ajuda a responder à minha pergunta inicial.

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Elisabeth Rodrigues, 12.ºF


Opinião

McDonald’s e a globalização

Globalização e mobilidade A globalização é um fenómeno complexo que está intimamente associado à capacidade de percorrer o espaço em pouco tempo e, por isso mesmo, é comum dizer-se que foi iniciado por portugueses e castelhanos em Quinhentos. Podemos não ficar com os louros de ter sido os primeiros a atravessar o Cabo das Tormentas ou a alcançar as praias das Américas, mas fomos certamente aqueles que fundaram as bases das trocas comerciais globais. Quem não ouviu falar da canela que trazíamos do Ceilão e da noz-moscada oriunda das Molucas, especiarias regularmente vendidas em grandes quantidades em Lisboa e na feitoria de Antuérpia, ou do comércio da prata com a Carreira Macau – Nagásaqui? Para o reino, este foi um período próspero, em que mais de metade das rendas provinha do comércio marítimo e que serviam para compensar as compras no estrangeiro, os têxteis de Inglaterra, os metais da Europa central e o trigo do Sul de Marrocos. Ao comércio feito por aventureiros correspondeu também um outro tipo de circulação: a de genes. Talvez até tenha sido este o maior contributo dos marinheiros lusos, ter possibilitado a união de genes de populações muito distantes no espaço, quase isoladas geograficamente, dando origem a híbridos, homens novos, porque portadores de genótipos originais, talvez com soluções únicas para a adaptação a um novo mundo, ao planeta global. Não houve território por onde tivessem passado portugueses que não surgissem novos fenótipos – os “mulatos”, os “monhés”…, facto que possibilitou uma integração cultural e social diferente entre estes povos. Se a um navegador dos Descobrimentos fossem descritas as possibilidades da mobilidade actual, por mais conhecedor que ele fosse da ciência da sua época, certamente acharia que tal seria impossível, visto que o vento era o principal propulsor do seu meio de transporte. No entanto, já nesse tempo era conhecido o “óleo de pedra” e a sua forte combustão e a máquina a vapor foi mesmo inventada, muito

antes, por um grego de Alexandria durante a ocupação romana. No entanto, o conhecimento científico só conseguiu integrar estes dois conceitos passados alguns séculos. Será o advento da sociedade do petróleo, a que pertencemos, geradora de uma riqueza sem paralelo na História da Humanidade, que permitirá a um elevado número de indivíduos uma mobilidade sem igual, mesmo para aqueles que pertencem às classes médias da população. Quem não tem amigos que já voaram até ao Brasil? Ou que até tenham nascido em continentes distintos do nosso? Quando em Quinhentos se viajava era para poder negociar ou guerrear. Hoje, a maioria dos portugueses fálo pelo ócio, para passear, vocábulo que porventura nem sequer era usado pelos nossos antepassados, provavelmente nem existia… Qualquer um de nós faz hoje imensos planos de viagem, desde uma escapadinha para acompanhar a deslocação do clube de futebol do coração até um cruzeiro radical aos glaciares da Antárctida, passando pela quase inevitável viagem iniciática dos finalistas ao sul de Espanha. Mas corresponde este nosso desejo natural de viajar sempre e cada vez mais a um processo sustentável? Resisto a não responder, mas lembro que no mês de Novembro de 2010 uma notícia passou despercebida: os cientistas norte-americanos apontaram uma nova data para o esgotamento comercial do petróleo – 2041. Tanto tempo ainda, dirão alguns, mas outros farão as contas e concluirão que é daqui a 31 anos. Depois de queimarem os neurónios a fazerem as contas à idade, lembram-se dos planos de viagem agendados para quando fossem “cotas”… Outros ainda exclamarão rapidamente que a ciência e a tecnologia vão encontrar as respostas apropriadas, mas serão elas acessíveis a todos? Por exemplo à classe média portuguesa e europeia? Ou só servirão para responder ao desejo de negócio e de guerrear dos eleitos?

Prof. José Tomé

Um dia, a Cláudia ia na rua e, ao ver um anúncio da McDonald’s, surgiu-lhe uma súbita vontade de comer um hambúrguer, influenciada pelas apelativas imagens muito bem retocadas no Photoshop. Foi então a um McDonald’s e fez o seu pedido, sendo recebida por um funcionário muito simpático. O que ela não sabia é que, tal como em muitas outras actividades, estes funcionários têm, inerentemente à função que desempenham, de ser extremamente simpáticos. A McDonald’s esforça-se em promover a sua comida como nutritiva, quando na realidade esta não passa de ‘comida de plástico’, rica em gordura, açúcar e sal, com pouca quantidade de fibras e vitaminas. Com anúncios coloridos e risonhos, faz com que as crianças, na busca do brinquedo do “happy meal” - feito por indústrias exploradoras de mão-de-obra barata algures na China - arrastem os seus pais para uma refeição que talvez não apeteça realmente a nenhum. Assim, num lado do mundo, temos as crianças com péssimos hábitos alimentares, mas felizes à conta de um brinquedo que representa a exploração infantil no outro lado do mundo. Além disso e segundo estudos realizados, a carne dos hambúrgueres provém de gado criado em zonas tropicais desflorestadas e que é responsável por grande parte da emissão de metano para a atmosfera, 23 vezes mais nocivo que o dióxido de carbono para o aumento do efeito de estufa. Por

cada meio kilo de carne que Cláudia come no McDonald’s, 2,2 hectares de floresta foram destruídos. Para agravar a questão, grande parte das florestas tropicais encontra-se em países pobres, utilizando-se terrenos que podiam alimentar milhares de pessoas, prejudicando o desenvolvimento desses países. Ao acabar de comer, num acto irreflectido, Cláudia junta todas as embalagens de plástico e papel para as deitar no lixo, como toda a gente faz. Essas e outras embalagens fazem parte de milhares de toneladas de resíduos. Qual será o destino que os estabelecimentos da Mc Donald’s lhes dão? Ora, graças à globalização, esta empresa tem estabelecimentos espalhados pelo Mundo. Cinco em seis continentes têm McDonald’s e, de certeza que, se a Antárctida não estivesse coberta por gelo, também lá teriam um. A Cláudia já tinha ouvido falar de globalização como um fenómeno de interacção que afecta o mundo, de forma positiva ou negativa, directa ou indirectamente. Já tinha ouvido dizer que, num ciclo vicioso, a mundialização envolve todas as vertentes da vida em sociedade. No entanto, nunca tinha reflectido nalgumas das suas consequências concretas… Saiu da McDonald’s decidida a prestar mais atenção a todas as suas acções de modo a viver de forma coerente e consciente neste mundo global. Ana Galvão e Elisabeth Rodrigues, 12.ºE

Globalização e educação Face à globalização que está a mudar, radicalmente, economias, sociedades e perspectivas de futuro, a educação deve ser entendida como o melhor recurso que qualquer indivíduo dispõe para integrar a sociedade global. É na valorização do conhecimento, das competências, das capacidades e qualificações que devem assentar os alicerces de uma sociedade bem preparada e competitiva para enfrentar os desafios do futuro. Ora, Portugal, tendo em conta o rumo da nossa economia, está numa situação difícil. Conheceu décadas de crescimento económico, graças à mão-de-obra barata e não à qualificação dos trabalhadores e à inovação produtos. Esta realidade explica a fixação no nosso país de várias multinacionais como a Phillips ou a Lear. Com o passar dos anos, o nível de vida em Portugal foi subindo e os salários aumentando, tornando-se Portugal um país

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menos apetecível para investimentos. Na verdade, surgiram novos mercados, caso da Europa de Leste, com mão-de-obra muito mais qualificada e, simultaneamente, mais barata, tendo as multinacionais deslocalizado a sua produção para esses mercados. Como já não conseguimos ser competitivos através dos baixos salários, restanos apostar na qualificação e educação para conseguir inovar e competir verdadeiramente a nível mundial, produzindo e vendendo bens transaccionáveis que sejam apetecíveis e concorrenciais. Em conclusão, necessitamos urgentemente de um sistema de ensino que estimule o conhecimento, a inovação, o empreendedorismo e a ousadia económica. Exige-se uma escola que valorize o rigor, a disciplina, a exigência e o esforço. Edgar Duarte , 12.ºE Frederico Hille, 12.ºF


da biblioteca

Jovem escritora vem à ESAL

Sandra Carreiros, uma jovem escritora da nossa região, veio à escola apresentar o seu primeiro livro que tem por título “Livro do dia e da noite - a união de dois mundos”. Sandra Carreiros tem 20 anos, escreveu o seu livro aos 19 anos e estuda Solicitadoria na Escola de Gestão em Idanha-a-Nova onde vive. Estiveram presentes na sessão as turmas do 7.ºA, 8.ºA e 8.ºB. A escritora começou por dizer que a acção do livro se passa no mundo da magia. As personagens principais são quatro jovens de 16

anos que têm como missão procurar Luna, a antiga rainha do mundo da magia, assassinada há oitocentos anos. Luna reencarnou nesta época e possivelmente encontra-se no mundo dos humanos. Seguidamente os alunos fizeram muitas perguntas, curiosos por saber como uma pessoa tão jovem editou um livro. A sessão terminou com a leitura do primeiro capítulo da obra por dois alunos, Horácio Carvalhinho do 7.ºA e Jorge Pires do 8.ºA. A escritora propôs um concurso de desenho. Tinha um livro para oferecer ao melhor desenho sobre a sua obra. O vencedor do concurso foi Horácio Carvalhinho do 7.ºA. Carlos Maia, Marta Duarte, Rita Galvão, 7.ºA

Biblioteca escolar na Plataforma Moodle A Plataforma Moodle é um espaço de acção, de partilha e construção. As suas funcionalidades vão muito mais além da vertente de difusão de informação, característica de qualquer página Web. Com as suas ferramentas, podemos construir espaços de trabalho colaborativo onde os alunos podem ter um papel activo já que possibilita a participação em fóruns de discussão, a partilha de opiniões e materiais e o desenvolvimento de actividades interactivas. Completa o trabalho da sala de aula, constituindo-se um ambiente privilegiado de comunicação à distância entre as partes do processo de ensinoaprendizagem. Consciente das suas vantagens, a Biblioteca desenvolveu três disciplinas nesta plataforma. 1 - Biblioteca escolar A primeira designa-se por Biblioteca Escolar. Destina-se a apoiar os alunos e a contribuir para o desenvolvimento da sua autonomia e o aumentar as suas competências no âmbito da literacia da informação. Para isso, disponibiliza uma grande diversidade de materiais apoio, guias e tutoriais sobre: pesquisa e tratamento da informação, pesquisa na Internet, referências bibliográficas e citações, elaboração de relatórios, elaboração e estruturação de, trabalhos escritos, trabalho de projecto e outros. 2. Clube de Leitura Dinamizado à distância, divulga todas as novidades chegadas à biblioteca no âmbito da leitura

Jorge Pires lê um excerto do “Livro do Dia e da Noite”

A Biblioteca sugere

Uma leitura para férias

recreativa. Desenvolve actividades, através de fóruns, centradas na leitura e na escrita criativa. Os leitores podem participar a partir de casa, partilhar experiências de leitura, colaborar nas várias actividades e interagir com quem se encontra na página no momento ou tão somente inteirarse sobre os novos livros que poderá requisitar. Todos os membros recebem automaticamente por correio electrónico as notícias sobre os novos livros e as histórias que estão a ser construidas através dos fóruns de escrita colaborativa.

Título: O rapaz do pijama às riscas Autor: Jonh Boyne Editora: Asa Um livro para todas as idades.

3. Plano Nacional de Leitura na ESAL é também uma disciplina da BE, dinamizada no âmbito do PNL, que visa desenvolver actividades em ambientes digitais, aproximando os alunos dos livros através destes ambientes mais apelativos e tornando também a leitura mais atractiva. É uma disciplina com uma estrutura semelhante ao Clube de Leitura, dirigida em particular aos alunos do 3º ciclo, mas onde todos podem participar independentemente do ano de escolaridade. Aí divulgam-se obras e novidades recomendadas pelo PNL e dispobilizam-se materiais de leitura. Através de fóruns, desenvolvem-se igualmente actividades de leitura e escrita criativa, aconselham-se livros, constroem-se histórias. Neste momento, estão em construção 5 histórias. Para aceder a qualquer destas disciplinas basta o registo na plataforma. Depois de se entrar, o acesso é livre.

Uma abordagem diferente do tema do holocausto judeu, feita de forma suave, subtil, mas realista. O narrador é uma criança de 9 anos, com toda a ingenuidade própria da infância, que trava amizade com um rapaz da sua idade que vive do lado de lá da alta cerca de arame farpado e que anda sempre vestido com um pijama às riscas. Descrição da editora Ao regressar da escola um dia, Bruno constata que as suas coisas estão a ser empacotadas. O seu pai tinha sido promovido no trabalho e toda a família tem de deixar a luxuosa casa onde vivia e mudar-se para outra cidade, onde Bruno não encontra ninguém com quem brincar nem nada para fazer. Pior do que isso, a nova casa é delimitada por uma vedação de arame que se estende a perder de vista e que o isola das pessoas que ele consegue ver, através da

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janela, do outro lado da vedação, as quais, curiosa-mente, usam todas um pijama às riscas. Como Bruno adora fazer explorações, certo dia, desobedecendo às ordens expressas do pai, resolve investigar até onde vai a vedação. É então que encontra um rapazinho mais ou menos da sua idade, vestido com o pijama às riscas que ele já tinha observado, e que em breve se torna o seu melhor amigo.


iblioteca

da biblioteca

CNL: edição de 2010-2011 a decorrer

Stig Larsson e a trilogia Milenium Sugestão de leitura pela prof. Otília Duarte

Está a decorrer mais uma edição do Concurso Nacional de Leitura promovido pelo Plano Nacional de leitura em articulação com a RTP, a Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas (DGLB) e a Rede das Bibliotecas Escolares. Este ano, as obras tomadas como referência para a primeira fase a nível de escola são “A Lua de Joana”, de Maria Teresa Maia Gonzalez para o 3º Ciclo e, para o Ensino Secundário, “Marina” de Carlos Ruiz Záfon. As provas de leitura da ESAL vão realizar-se no dia 11 de Janeiro de 2011 e pretendem apurar três alunos em cada escalão – 3º ciclo e Ensino Secundário – para representar a escola na fase distrital. Na segunda fase, cada distrito seleccionará dois vencedores, em cada escalão, que estarão presentes na Final Nacional em Lisboa. Os regulamentos nacional e da fase a nível de escola podem ser consultados na disciplina da Biblioteca Escolar na plataforma Moodle da escola.

Stieg Larsson nasceu em 1954 e morreu em 2004, contando apenas 50 anos de vida. Era sueco de nascimento e jornalista de profissão. Como jornalista e activista político, empenhado em causas sociais, lutou activamente contra o racismo, contra os extremismos de direita e participou em numerosas acções em prol da defesa dos direitos humanos. No entanto, não foi nenhuma destas actividades que o tornou mundialmente célebre, mas sim a escrita. De facto, não fossem os três livros publicados já após a sua morte e este nome não teria para nós qualquer significado. Os três livros tornaram-se rapidamente best-sellers na Suécia e no mundo inteiro já que, em apenas 4 anos, foram vendidos 15 milhões de exemplares, traduzidos nas mais diversas línguas. A versão portuguesa do primeiro volume foi posta à venda pela editora Oceanos no segundo semestre de 2009 e os seguintes volumes nos primeiros meses de 2010. Estes livros possuem todos os ingredientes que fazem com que um

romance policial atinja os tops de vendas: boa escrita, personagens consistentes e um enredo absolutamente fabuloso. Como em todos os policiais, a sua personagem principal é o detective. Muito diferente dos clássicos Hercule Poirot ou Miss Marple, heróis de Agatha Cristie, ou Sherlock Holmes, personagem principal dos livros de Sir Arthur Conan Doyle ou mesmo os mais recentes Javier Falcon de Robert Wilson ou Gabriel Allon de Daniel Silva. Nesta saga, as funções de detective estão a cargo de Mikael Blomkvist, um jornalista da revista Millenium, envolvido numa luta constante contra a corrupção da sociedade. A heroína de Stieg Larsson chama-se Lisbeth Salander, é uma quase marginal da sociedade sueca. É uma hacker de 20 anos alta e magra, com piercings e tatuagens, que viveu alguns anos da sua vida numa instituição e que aparece na história como uma espécie de vingadora de todos os podres que a sociedade sueca esconde por baixo da aparência de bem estar e de sucesso. Larsson

referiu, a certa altura, que na criação da sua personagem se tinha inspirado na Pipi das Meias Altas, personagem de uma série televisiva dos anos 70. Mais há muito mais para descobrir nestes livros cuja sugestão aqui fica para as férias de Natal. E nada mais apropriado do que, nos dias frios deste Inverno, “viajar” à lareira até às montanhas geladas do norte da Escandinávia ou às misteriosas cidades suecas onde no Inverno a noite e o dia quase não se distinguem. Por fim, vejam os curiosos títulos que os tradutores portugueses deram à trilogia de Stieg Larsson “ Os homens que odeiam as mulheres”, “ A rapariga que sonhava com uma lata de gasolina e um fósforo” e “ A rainha no palácio das correntes de ar ”, por esta ordem. Se a leitura vos deixar fascinados poderão ainda ver o filme baseado no primeiro livro e confirmar ou não a opinião sobre o autor e a adaptação cinematográfica.

Outubro: mês internacional da Biblioteca Escolar O Mês Internacional da Biblioteca Escolar assinala-se em Outubro, data instituída pela Associação Internacional de Bibliotecas Escolares (IASL). Assim, neste mês, celebrou-se um pouco por todo o mundo a importância da Biblioteca dentro do espaço da instituição escolar enquanto recurso educativo e chamou-se a atenção para o papel das bibliotecas escolares na educação dos jovens O tema escolhido para este ano foi “Diversidade, Desafio, Mudança: tudo isto na biblioteca escolar!” Assim, durante este Mês, a nossa BE realizou várias actividades direccionadas para a formação do utilizador e para o desenvolvimento da literacia da informação de modo a tornar a biblioteca mais conhecida e a motivar toda a comunidade escolar para a sua utilização.

Nunca deixarei de ler Hoje em dia, os jovens já quase não lêem. Ou por uma questão de tempo ou porque o tempo que antes havia para ler é utilizado para outra actividade qualquer como ouvir música, navegar na Internet e estar com os amigos. Já não se lêem livros. O pouco que se lê é nos jornais, notícias como “Ontem uma rapariga foi encontrada morta e violada” ou “O banco Santander Totta foi assaltado por um grupo armado”. A Internet passou a ser o suporte onde as pessoas vão procurar todas as informações, sobre o fulano tal que no outro dia apareceu na televisão,

sobre aquele futebolista chinês que agora está a jogar numa equipa espanhola, sobre a globalização, o efeito de estufa e o buraco do ozono ou outros temas a desenvolver nos trabalhos escolares. Apesar da leitura ser muito importante na nossa vida, alguns jovens não dão conta disso. Não valorizam os livros porque “ler é uma seca” e “ler não é curtido”. Para mim, ler é quase tão essencial como comer ou beber água todos os dias. Gosto imenso de ler. Sempre gostei. E a leitura sempre me ajudou. Várias vezes me identifiquei com personagens de

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livros, ou porque estavam a passar por uma situação pela qual eu já tinha passado ou que estava a viver naquele momento. Realmente, a leitura já me ajudou muito. Foi a ler que desenvolvi o meu vocabulário quando vim para Portugal e foi a ler que aprendi quase tudo o que sei hoje. Nunca deixarei de ler, disso tenho a certeza. E no futuro até tenciono publicar um livro, que se for bem sucedido, espero que seja lido por cada um de vós.

Oana Gabriela, 10.ºE


do eSalpicos

A decorrer a 2ª edição

Concurso Jovens jornalistas da ESAL

Entrega de prémios da 1ª edição

Os prémios foram entregues no Dia do Diploma, cerimónia que contou com a presença do Presidente da Câmara, Joaquim Morão.

Concurso Jovens jornalistas da ESAL Se não participaste neste jornal ainda tens mais duas edições. Escreve um artigo e poderás ser um dos vencedores.

Já está a decorrer a 2ª edição do concurso “Jovens jornalistas da ESAL”. Este concurso é dirigido aos alunos colaboradores das três publicações deste ano lectivo. Todos os alunos poderão participar. Basta escrever um artigo para o jornal sobre o tema da edição ou qualquer outro que seja relevante e de interesse geral. Há 3 prémios a atribuir no final do ano: melhor texto jornalístico, melhor texto de opinião, melhor

texto criativo e que serão entregues no Dia do Diploma, no início do próximo ano lectivo. Se a qualidade dos trabalhos o justificar, os prémios serão instituídos em dois escalões, 3º ciclo do ensino básico e ensino secundário. Os vários artigos serão apreciados por um júri constituído pelo Director da ESAL e pelos seis professores da direcção do eSalpicos.

Concurso texto criativo: resultados

A minha vida é global Sobre o tema deste número - a Globalização o eSalpicos, promoveu um concurso de textos criativos dirigido a todos os alunos. Pretendia-se a elaboração de um texto em prosa ou poesia com o título “A minha vida é global”. Muitos trabalhos foram apresentados a concurso, tendo Pedro Alves, vencedor do prémio “Melhor Texto Jornalístico”

sido os alunos vencedores: Ana Sílvia, Marisa Bento do 12.ºE e Miguel Pais do 12.ºF. Na rubrica “da imaginação”, podem ler-se alguns textos deste concurso. Para as próximas edições, outros desafios serão lançados. Fica desde já o apelo à participação dos alunos.

Helena Nunes, vencedora do prémio “Melhor Texto de opinião”

Desafio do eSalpicos Elabora duas quadras, utilizando obrigatoriamente as palavras globalização e global. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________

Mariana Picado e Rui Freire, vencedores ex-aequo do prémio “Melhor Texto criativo”

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Ler a República no

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Nome: ___________________________ Ano/ Turma: ______

Resultados do passatempo da última edição Entrega na biblioteca até 7 de Janeiro Há um prémio surpresa para o vencedor deste desafio

Vencedor: Teresa Isabel Santos, 10.ºano

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estamos quase no Natal Um conto de Natal

Fiuk, entre o Pai Natal e Jesus Cristo Existem lugares, escondidos da civilização, onde o Natal não tem espaço. As pessoas trabalham de manhã à noite para conseguirem pagar as despesas do mês. Durante os dias, os filhos destes trabalhadores e escravos da sociedade moderna, criam-se nas ruas, pois fogem da escola, onde apenas os procura a polícia, não a segura, mas a outra que os leva para prisões de verdade. Num desses lugares, que tanto se assemelham à cabana onde Jesus Cristo nasceu, as crianças crescem com sentimentos de revolta pela discriminação a que estão sujeitas. Os meios tecnológicos de que dispõem, a maioria roubados, mostram-lhes famílias felizes que passam férias na praia, num hotel de cinco estrelas onde os filhos, lindos e louros, se encontram a usufruir das mordomias que os pais lhes proporcionam, depois de nove exaustivos meses nos melhores colégios privados da cidade. Nas águas do mar, exibem-se com as suas motas de água por entre as ondas, enquanto os mais tradicionais se deixam flutuar com as suas pranchas na espuma das vagas. Fiuk pertence à família dos ricos, os seus pais são médicos e sonham com o dia em que filho lhes siga os passos. Tem apenas dezasseis anos mas é um jovem bastante adulto para a idade, e, apesar de ser bom aluno, está disposto a enfrentar os pais para conseguir vingar no

mundo da música. Frequenta o Conservatório, porque os pais assim determinaram, com o dever de lhe dar uma educação primorosa, não porque existam genes na família que possam demonstrar algum dom musical, mas porque consideram que, sem música, uma educação jamais seria completa e rigorosa. Fiuk adora reunir-se com os amigos à beira-mar, ao final da tarde e, enquanto toca uma das suas canções originais, deleita-se a ver o pôr-do-sol. Mas o jovem esconde um grande segredo, oculto ao mundo do sol e da beleza, mas desvendado nos subúrbios e nos confins da escuridão. Um segredo que se abre porque Fiuk o permite… No colégio, onde estuda, fez vários amigos, entre os quais Eva, uma jovem de origem africana, cujo pai é diplomata. Eva é uma rapariga muito irreverente e gosta de primar pela diferença, não só na forma de vestir e nos penteados estrambólicos, mas também nos gostos ecléticos que traduz nas suas conversas. Fiuk encantou-se por Eva logo na primeira vez que a viu e, a partir daí, nunca mais dela se conseguiu afastar. Começou a frequentar a sua casa e, numa dessas visitas, conheceu Pedro, filho de uma das empregadas da mansão dos pais de Eva. Pedro também era bastante irreverente e, inicialmente, não sorria, nem sequer conversava com Fiuk. Olhava-o de cima a baixo, de tal forma arrogante que deixava o jovem guitarrista sem graça. Em

contrapartida, Eva dava-se lindamente com ele. E tão lindamente que um dia Fiuk também começou a adorar o Pedro. Adorava-o porque lhe deu a conhecer um mundo tão fantástico como irreal, o mundo das sensações e das vibrações. De tal modo ficou dependente desse mundo que já não esperava o momento de ir a casa da Eva para encontrar Pedro. Farejava-o até à sua casa, mesmo que para isso tivesse de passar os portões do inferno, no lugar dos degredados, dos aflitos e dos sem-nome. Pedro enxotava-o como a um cão vadio. “Este lugar não é para ti, sai daqui, encontramo-nos na casa da Eva. Vai-te embora, aqui não estás seguro!”, mas Fiuk queria era prolongar o seu estado de evasão ao máximo, mas já não era só o Fiuk que queria, o próprio corpo lho exigia. Os pais nunca se aperceberam de nada, os diálogos que mantinham limitavam-se a saber como tinha corrido dia e a assinar os testes excelentes que ele apresentava. E todos andavam felizes na sua solidão desconhecida. Numa das suas visitas ao abismo da miséria, Fiuk foi assaltado e violado. Nem o Pedro lhe pôde valer. Mas, a partir desse dia, houve uma mudança no seu espírito. Convencido do mal que se fazia a si mesmo, encontrou forças naquela sujidade e em Eva e procurou curar-se. E, se Pedro acreditava que tinha perdido um cliente, mais depressa se apercebeu que tinha ganho um

amigo. No Natal, quando as pessoas se preparavam para festejar o nascimento de Jesus Cristo com a troca de presentes e com as tradicionais reuniões familiares, Fiuk disfarçou-se de Pai Natal e, com o dinheiro que tinha conseguido que os pais lhe dessem para comprar uma mota, comprou antes imensos presentes que foi distribuir de porta em porta, na rua da pobreza, onde morava o Pedro e o rapaz que o tinha assaltado. As pessoas reuniram-se à sua volta, junto de uma fogueira que tinha improvisado na rua com alguns cavacos que tirara da lareira dos pais. E nesse ambiente de muito calor, mostrou que não precisava de materialismos para ser feliz, o seu coração era aquecido por aqueles corações que se matavam para conseguir uma pequena côdea de toda a abundância que os ricos esbanjavam. Fiuk despediu-se de Pedro essa noite com um longo abraço, voltou a casa a tempo de festejar o Natal em família. O segredo desse Natal de Fiuk continua guardado no promontório da sua alma, mas teme-se que não por muito tempo, também ele voltou a nascer como Jesus Cristo. Sentindo-se como um dos eleitos para mudar o mundo, está determinado a fazer o que puder para conseguir que haja mais igualdade social, mas ainda tem um longo caminho pela frente e o primeiro grande desafio começa na sua própria casa, com a sua rica família. Eva Santiago, CEF DAC, 2º ano

A magia do Natal Desde criança que o Natal é a festa que mais me entusiasma, seja porque recebemos presentes, nos maravilhamos com as luzes e cores da árvore de Natal que aquecem os nossos corações ou porque é uma época que supostamente reúne as famílias separadas. Há dois anos atrás, durante o mês de Outubro, a minha avó esteve muito doente, teve de fazer quimioterapia, e os médicos não auspiciavam a sua cura. Fiquei muito triste, chorava constantemente, tentando controlar-me apenas junto dela. Mas era muito difícil ver a minha avó assim. Chegados a Dezembro, e devido à quimioterapia, a minha avó ficou sem cabelo. Foi muito complicado para ela ver-se assim, pois é uma pessoa bastante elegante e vaidosa. Eu e a minha mãe resolvemos comprar-lhe uma peruca parecida com o seu cabelo natural e oferecemos-lha no dia de Natal. A minha querida avó ficou felicíssima, abandonou o lenço que começara a usar e ganhou um outro brilho no olhar. Já não fugia dos espelhos que tanto a angustiavam, estava como uma menininha com uns sapatos novos. Esse Natal foi muito emocionante. Todos os meus tios vieram passá-lo a casa da minha

mãe, onde estava a minha avó. Foi uma reunião familiar muito calorosa, todos rodeámos e acarinhámos a nossa querida mãe/avó, contámos as nossas histórias e, mais que tudo, dissemos-lhe o quanto a amávamos. É importante partilharmos os nossos sentimentos, exprimir verbalmente o nosso amor, pois andamos sempre tão distraídos com a vida que nos esquecemos de parar um bocadinho e acarinhar os que mais gostamos. Esse Natal foi mágico, porque senti que nos tinha despertado o verdadeiro espírito de amor, partilha, carinho, generosidade, que, a meu ver, lhe está asociado. A minha avó ainda continua a ir regularmente ao médico, mas encontra-se estável. O seu cabelo natural já cresceu e está mais luminoso e forte que antes. Já não usa a peruca que lhe oferecemos, mas ainda a guarda num sítio especial, a relembrar-lhe o amor que a rodeia e acompanha nos momentos menos tristes. Há sempre algum gesto que podemos ter para com os que vivem momentos de angústia, porque a qualquer altura pode ser a nossa vez. Marlene Luís, CEF IRC, 2ºano

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Postais de Natal

Stephane Franco, 7ºA

José Guterres, 7ºA


MURAL do eSalpicos GLOBALIZAÇÃO O TEU CORPO – O NOSSO MUNDO

Globalização és tu, tu que és… Todo um sistema da cabeça aos pés! Olha-te bem, sente o teu coração Vês membros, vês órgãos em união E cada célula luta por ti. Assim, teu mundo-corpo te sorri

Globalização outra, por aí Onde cada um só luta por si Em casa aldeia cidade nação Gente explora gente, mundo-ilusão Sistema prisão de lés-a-lés Chora a terra, homens aos pontapés.

Senhor do poder, senhor cidadão, Se aprendermos depressa esta lição Do corpo vivo e da mãe natureza Haverá no mundo menos tristeza!

Prof. Hélder Rodrigues


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