Calandragem
Teresina, 2021, Nº 01
O jornal de uma nova geração

Reitor: Dr. Gildásio Guedes
Janaina Bezerra da Silva
Vice Reitor: Dr. Viriato Campelo
O presente número ainda reper cute a cultura sob outros ângulos, como a importância das expressões artísticas como modo de socializa ção e proteção da saúde da mente e do corpo. Aliás, para além desta com
Me. Rafael Rangel Winch (diagramação)
um jornal é sempre com posto por diversas ideias e vozes.
Gabriel Prado de Oliveira Isadora Silva Oliveira Cavalcante Izabella Karyne Lima Cardeal Izaque Cristian de Sousa Marcal João Antonio Barros Tito, Junior Santos Lais Maria Cavalcante Rocha Laysa Malaquias Pereira
Chefe do DCS/UFPI: Dr. Eliezer Castiel Menda
Calandragem Professores:
A poeta mineira Conceição Eva risto, autora do livro Olhos D’Água (2014) e ganhadora do prêmio Jabu ti, cunhou no termo “Escrevivência” para se referir à escrita negra, prin cipalmente feminina, no país. Signi fica escrever o que te atravessa, as
Superintendente: Dr. Fenelon Martins da Rocha Neto
afro não é posta em termos de discussão no Brasil, o que impossibilita o conheci mento e expansão das obras de es critores negros, deixando-os sempre à margem. A escrita negra é ligada expressamente à identidade negra.

Outro destaque da edição é a en trevista com Maitê Costa, idealizado ra do projeto social “Mermã, tá aqui!” que distribui absorventes descartá veis para mulheres em situação de vulnerabilidade social e econômi ca nas ruas e periferias de Teresina. Abordar tantos assuntos, sobretudo, as várias identidades culturais é um con vite à reflexão acerca de como diferen tes indivíduos, comunidades e tribos se empoderam e resistem diariamente. E, desse modo, o Calandragem cumpre com das principais finalidades do bom jornalismo: tratar acontecimentos e questões de interesse e relevância pú blica de forma atraente e responsável.
Marina Yslania de Sousa Rocha Matheus Celestino dos Santos Marta Barbosa, Mirislene Queiroz Lima Nayra Maria Saraiva de Oliveira Patrick Bernardo de Araujo Castro Rayane Vitória Venancio Ferreira Lima Rebeca Vasconcelos dos Reis Ricardo Jorge de Almondes Borges Stephanie Beatriz Soares de Sousa Sthefany Negreiros do Prado Thércio Martins Lopes.
Opinião
Idealmente
A temática cultural também recebe co bertura a partir de outras produções, como as matérias que visibilizam, respectivamente, os sebos em Tere sina e a força da comunidade otakus.
Sousa Filho (fotografia)
Por esse horizonte temático é que se desenvolve o artigo de opinião que enfatiza o apagamento de escri tores pretos, bem como as matérias informativas que tratam, por exem plo, da valorização da estética negra a partir do trabalho das chamadas trancistas e do afroempreendedoris mo, atividade que busca fortalecer a circulação do chamado black money. Além disso, o ensaio desta edição ce lebra o empoderamento das pesso as pretas ao focalizar a 35ª edição da Festa da Beleza Negra no Piauí.
Coordenador do Curso: Dr. Nayra Veras
Editora: Dra. Nayra Veras
Diretor da gráfica: Me. Renan da Silva Marques
Dra. Nayra Veras
Reestabelecer ancestralidade e for tificar a identidade do povo afro brasi leiro por meio da escrita é uma grande ferramenta de poder, num meio onde, até 2014, apenas 2,5% dos autores publicados eram não-brancos, con forme pesquisa do Grupo de Estudos de Literatura Contemporânea da Uni versidade de Brasília (UnB). Homens e mulheres negras representando a nova geração com conteúdos literários riquíssimos, expressando as suas sub jetividades ignoradas cotidianamente num país racista, é um ato de resistência.
Impressão: Gráfica Universitária da UFPI Superitendência de Comunicação Social - SCS/ UFPI
Repórteres e diagramadores:
Capa: Ricardo Jorge de Almondes Borges e Edu ardo José Amorin de Sousa Junior
suas vivências. É uma proposta não só no campo literário, mas também para provocar indagações, um convi te para sair da bolha. A escrita negra brasileira do passado é marcada por apagamentos, tentativas de borrar a imagem de escritores negros como o embranquecimento do grande escri tor Machado de Assis e da maranhen se Maria Firmina Dos Reis, a primeira romancista brasileira, autora de Úrsu la (1859), um romance abolicionista.
Precisa-se evitar que essa invisibi lidade chegue perto de ser aceitável novamente. A negação da existência de uma literatura negra pelo siste ma literário dominante é confirmada quando, em um país de maioria negra, não se questiona a ausência de prota gonismo na tradicional e elitista Aca demia Brasileira de Letras (ABL), que de 40 cadeiras apenas 2 é ocupada por autores pretos. Mulheres negras, há um século de existência da acade mia, nunca ocuparam uma cadeira.
Identidades culturais e modos de empoderamento e resistência
O apagamento de escritas negras é mais uma forma de violência
Caio Angelo Bastos Costa Cleiciany Rodrigues de Carvalho Danielle Simeao Ferreira Denise Cristal de Sousa Melo Eduardo José Amorin de Sousa Junior Felipe Adriam Rodrigues da Silva Francisco Clarin
preensão, o Calandragem evidencia o baixo investimento na cultura em Teresina, fator presente em muitas atividades, como a arte santeira, co nhecido artesanato popular do Piauí.
Para além das pautas com notó rio foco na arte a na cultura, parte da equipe de repórteres se dedicou a cobrir assuntos como a ascenção dos esportes de areia em tempos de pan demia, a monetização das lives de jo gos no contexto dos streams e o retor no das aulas presenciais na UFPI. São reportagens que também colaboram para o êxito desse número do jornal.
Ayrton Araujo Souza
Tal pensamento é especialmente colocado em prática neste Calandra gem, visto que a edição é marcada por uma notável diversidade de temas e de enfoques. Oportuno menciona que a escolha das pautas e o processo de produção das mesmas é reflexo de uma turma fortemente atenta às va rias questões pulsantes na atual so ciedade brasileira. Dentre os assuntos abordados pelos nossos repórteres, destaca-se a identidade, as demandas e os desafios enfrentados pela popu lação preta no Brasil, sobretudo ne gros e negras que vivem em Teresina.
Me.(texto)Cantídio
Logo da livraria Africanidades. Arte: Patricia Abòrisá) 02
ALiteratura
Pintura e artesanato atuam como forma de sair da ociosidade e empreender
Arte 03
a pintura de vasos, o artesanato ajuda a artesã a se manter sã. “É um escape, uma técnica de relaxamento, você não ver o tempo passar fazendo macramê, ajuda no iso lamento que estava muito mais pesa do. Outro benefício que a arte trouxe para a vida da Núbia, foi a proximidade com a família e amigos. “Minha família está comigo, quando tem feirinha de ar tesanato eles vão comigo para me aju dar, a montar e vender. Então, está todo mundo junto, no final das contas foi bom para a família também, os amigos que são os primeiros a comprar”, conta.
Para Wêiler Barroso, artista plásti co e estudante de Educação Física, não foi muito diferente. Ele nunca pensou em trabalhar com arte, mesmo vindo de uma família de artistas e receben do bastante influência de seus pais e tios. Entretanto, em 2015, começou a fazer ilustrações de versos e fra ses de músicas, poemas e poesias e ganhou bastante visibilidade. Com o perfil @odesenhismo, no Instagram, Wêiler possui quase 14 mil seguido res e fez da sua arte um empreendi mento a partir de 2016. “Comecei a comercializar minhas artes em forma de quadros, onde comecei a aceitar encomendas e tudo”, conta. O começo não foi fácil, entretanto, o artista não desistiu. “Chegava a não ter lucro se quer, mas só entender que alguém gostava e adquiria uma arte minha, já me motivava muito”, lembra o pintor.
Diferente dos artistas plásticos piauienses, a artesã e professora da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Núbia, se inseriu no meio da arte na pandemia como forma de passar o tempo. Ela, que sempre gostou de ar tesanato, durante o isolamento social começou a ter plantas em casa e sentiu necessidade de ter jarros mais bonitos e, logo em seguida, também de pen durar seus vasos. Assim, a artesã co nheceu e se encantou pelo macramê, uma técnica de tecelagem manual que consistente basicamente no uso de nós.
O coletivo Salve Rainha, que visa a valorização do Patrimônio Cultural de Teresina, e as feiras realizadas na Capital, foram de extrema importân cia para o artista. “Comecei a expor no Salve Rainha. Foi uma grande por ta de entrada para mim. Em seguida eu fui atrás de feiras pequenas, onde achei que era o melhor local para di vulgar minhas artes e, a partir daí, co mecei a ganhar uma visibilidade. Fui então ilustrando livros, participando de exposições e crescendo aos pou cos. Até chegar aonde estou hoje”, diz.
A artista plástica e estudante de Arquitetura e Urbanismo, Maria Vitó ria Freitas começou a desenhar a lápis desde criança e sempre recebeu muito apoio da família, mas só aos 15 anos começou a se aventurar no mundo da pintura e logo começou a empreender. “Arte sempre foi algo muito natural pra mim, sempre tive afinidade, mas só praticava por hobby. Eu queria fa zer algo grandioso e sentia que estava perdendo uma oportunidade incrível de desenvolver essa habilidade. Então eu pensei: por que não empreender? É algo que eu amo e que as pessoas podem se identificar. Então eu come cei aos poucos a monetizar minhas pinturas e isso me abriu horizontes”, conta a artista que possui uma conta no Tiktok com quase 71 mil seguidores.

No auge da pandemia, a artis ta teve o auxílio da arte para con trolar os medos e a ansiedade.
Os artistas plásticos piauienses Maria Vitória Freitas e Wêiler Barroso e a artesã Núbia falam sobre o início, o apoio e os benefícios das expressões artísticas
Carlos Eduardo, Izabella Lima
O que começou como um hobby, em pouco tempo, se transformou em um

“Produzi muito, tirei um tempo para me dedicar e, assim, eu lidava até com a minha saúde mental também. Um bom momento para destacar a Arteterapia.”
Que
A pandemia teve um lado positivo para Wêiler como artista. Com o isola mento social, o tempo, seu maior inimi go no quesito produzir, ficou sobrando.
Entretanto, nem tudo é colorido como as pinturas de Wêiler. Em rela ção ao apoio encontrado em Teresina o artista plástico explicita que o ince tivo à esse tipo de arte é um assunto complicado de falar. “Aqui a socie dade mais que descarta a arte local, que apoia. Então eu diria que não tive apoio, e sim, persistência em não desistir pela falta dele”, argumenta.

The great of touch, por Wêiler Barroso / Foto: Rebeca Vasconcelos
VasconcelosRececaFoto:Núbia/Artesã
Laís Cavalcante, Marina Rocha Mirislene Queiroz, Rebeca Vasconcelos
a arte é intrínseca ao ser hu mano, não restam dúvidas. Ex ploradas desde a infância ou impulsionada pelo isolamento so cial, as habilidades artísticas como pintura e artesanato dão forma e cor a sentimentos e emoções, além de contribuir como um processo te rapêutico e de empreendedorismo.
Sebos literários resistem em Teresina


Os sebos literários são exemplos de incentivo à cultura que carregam consigo histórias de paixão, dedicação e revitalização de espaços pouco explorados na capital piauense
era 1964 e na histórica Praça
Oano
sebos continuam resistindo, sendo exemplos de tradição e cultura em Teresina. O último desafio foi a pan demia. Com o fechamento das ativida des por conta do isolamento social, o faturamento despencou. “Antigamen te quando chegava a hora de fechar a banca, eu tinha apurado o suficiente para as despesas, mas no dia de hoje por exemplo, já são 12h e eu ainda não apurei nem 10 centavos. Vieram duas coisas derrubando as vendas nos se bos, o comércio online e, atualmente, a pandemia.’’ Apesar das dificuldades, Dentinho tem o sonho de expandir seu negócio de livros, construindo um es paço semelhante a uma locadora de livros onde os interessados poderiam pagar uma taxa para ler no local, revi talizando essa cultura tão esquecida.
“Isso faz muita coisa valer a pena.’’
literário em Teresina / Foto:
de que um dia estava sentando e um homem chegou devolvendo um livro que comprou com ele e que havia con tribuído para sua formação. O homem devolveu o livro para que talvez, ele pu desse ser muito importante na vida de outra pessoa. ‘’Isso faz muita coisa valer a pena,’’ ressalta o vendedor.
literário em Teresina / Foto: Eduardo Amorin
Dos anos 80 para cá, muita coi sa mudou. As for mas de consumo à leitura se adapta ram com o avanço da tecnologia, doasApesarmadosdigitais,odedementocausaslarias,livrarias,vendasnotávelanos,torial.teconsequentemeneomercadoediNosúltimoshouveumaquedanasdossebos,papeeumadasfoiocrescidasvendasdispositivosleituracomoKindleelivrososchae-books.detodasinconstânciasmercado,os
04 Literatura
Pedro II, em frente ao Cine Rex, no centro de Teresina, um garoto de 14 anos, inspirado pelo amor à leitura de sua mãe, começou a trabalhar no mer cado de venda e troca de livros. A partir dali um novo horizonte se abriu para o então conhecido dono da banca de jornais, livros e revistas, Seu Dentinho.
Sebo Eduardo
Já David, quando questionado sobre a importância de seu trabalho, respon
AmorinSebo
Eduardo Amorim, Isadora Cavalcante Felipe Adriam e Marta Barbosa
Outra figura ilustre nessa ativida de é David, natural de Teresina, que trabalhava no Rio de Janeiro quando, em março de 1980, comprou uma das bancas de Dentinho e foi orientado so bre o ramo em que continua até hoje. Os negócios prosperaram, até a chega da da internet, conta o senhor David: “Quando a tecnologia avançou , as ven das tiveram uma queda de 70%.
Tem-se uma expectativa de que a partir de 2022, com o avanço da va cinação, a quantidade de pessoas que frequentam os sebos aumentem. Por enquanto, os donos procuram se adap tar ao uso de algumas ferramentas do mercado tecnológico, tais como o What sApp, Instagram e PIX. Medidas como essas ajudam a inserir quemquemformausadodeonderiasregamsebosdestesapulaçãoinformartradicionalesseimpulsionariamedidaquevalete.predominantecnologiaatual,nocomerciantesosmercadoondeaéNoentanto,sublinharumaoutraquecomercioéaposobreimportânciaeoutrosquecarhistóevivências,acompraumlivrotransvidas,delêedevende.
partir da influên cia dos traços de Mestre Ageu, que destaca nas obras sacras um aspec to mais regional. Nelas é constan te a presença da fauna e flora locais, os osertão,tradicionaistrajesdotrazendoretratodode
Teresina é um dos pontos de concentração da arte Santeira no Piauí
Caio Angelo, Denise Cristal e Ricardo e Jorge Almondes
Com esses projetos em execução, o órgão pode interceder no diálogo junto a esses mestres, com instituições go vernamentais e privadas, na busca de melhores condições e de visibilidade.
voto, um reflexo
REGISTRO E TOMBAMENTO
As mãos que esculpem os santos em madeira no Piauí
“O Iphan, dentro da política de patrimônio imaterial, trabalha com ações de apoio e fomento aos bens diálogoestabelecendoregistrados,umcomossanteiros para definir as ações fundamentais para a sustentabilidade da arte santeira.”
Um fato que pode contribuir para reverter o alto custo das peças se dá pela intervenção do Instituto do Pa trimônio Histórico e Cultura (IPHAN), por meio dos processos de registro e tombamento. De acordo com Julia na de Souza Silva, técnica da Coorde nação de Registro do Departamento de Patrimônio Imaterial do IPHAN.
Escultura

das situações cotidianas do espectador, talhadas na madeira. De hobby, o traba lho santeiro tornou-se meio de susten to de diversos arte sãos, como é o caso de Mestre Luís, que começou a talhar no interior do estado e hoje participa dos maiores eventos de artesanatos do Brasil. Apesar do retorno financeiro, Mestre Luís declara que “O importante mesmo é o dom, pois sem o dom, você vai trabalhar pensando no dinheiro e não vai alcançar reconhecimento atra vés daquele trabalho”. Para ele o seu dom é uma benção divina. Mesmo com esse pensamento, o artista ainda la menta a falta de valorização em nível local, o que pode ser justificado pelo alto valor das peças produzidas, por conta do elevado custo dos materiais e por ser uma arte manual e minuciosa.

Desde 2008 o Iphan já realiza estudos e pesquisas para tornar a arte santeira um patrimônio cultural nacional. Em conjunto, também se analisa a instru mentação de tombamento da Igreja da Vermelha, um dos corações desse tra balho no estado. O tombamento é uma forma de preservar as peças e imóveis relacionados a arte, uma preservação material. Já com o processo de regis tro, busca-se preservar o imaterial, que parte da convivência entre os santeiros, passando pelas técnicas e se estenden do a transmissão deste conhecimento, a maneira como esses grupos conforma ram esse tipo de arte. A participação do IPHAN é apenas uma das ações que po dem ser aplicadas em busca de valorizar tal patrimônio local, rico em história e cultura, que jamais deve ser esquecido.

Anjo em madeira / Foto: Eduardo Amorin
Aarte santeira piauiense, esculpi da em madeira e hoje mundial mente conhecida, se tornou uma linguagem plástica com esculturas tri dimensionais, de painéis, oratórios e com feições próprias. Além de ser uma forma de acolhimento da fé, as imagens esculpidas e finalizadas a mão são uma forma de artesanato passado de gera ção em geração. Nos anos 70, o contexto de mercado de arte popular valorizou o artesanato popular dentro de espaços de exposição de arte, proporcionando o colecionismo das peças. A habilidade santeira varia de acordo com o estilo dos artistas, entalhes, práticas, manei ras de convivência, aprendizado, valori zação e comercialização. De acordo com Dona Regina, colaboradora na Coope rativa de Artesanato Mestre Dezinho, e que diariamente tem contato com a arte, essa variação é notória quando se analisa cada peça: “Mestre André prefere trabalhar com um estilo mais nordestino, tendo um apego por São Francisco e Nossa Senhora. Mestre Quim se encontra no seprofana,daderadaParnaíba,suasmaissentaCornélio,mo,perfeccionisejáoMestreapreumestilorústicoemobras”.Emconsioberçoartesanteiraaartemanifestaa
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Iniciativas promovem a descentralização da arte na capital piauiense
Báttali ainda realiza trabalhos em outras cidades: “Realizo um trabalho de dança na cidade de Bom Jesus no interior do Piauí, em um Espaço Cul tural chamado Mestre Joaquim Carlo ta, sempre viajo aos finais de semana para poder focar o meu olhar em ou tra cidade. Eu acho importante pen sar na situação de outras cidades e lugares, não apenas no trabalho local.”
Assim como a sala de dança Elizabeth Báttali outros projetos independentes também proporcionam a comunidade o acesso à cultura. O Slam é um deles, o

Em
Elizabeth Báttali e Têmis Oliveira são duas mulheres negras responsá veis por projetos independentes, que funcionam com o apoio da comunidade teresinense, tais projetos promovem a arte nas periferias e contribuem para a descentralização da arte na cidade. Ambos os projetos sofrem dificulda des para acontecer, enquanto a Sala de Dança Elizabeth Báttali sofre com a falta de professores, o Slam - Nós por Nós sofre com a falta de materiais, mas em meio a tantas dificuldades os projetos continuam acontecendo.
Aluna do projeto Sala de Dança Elizabeth Battali / Foto: Cristian Sousa
Psico Afrodite destaca que o Slam é um espaço que afirma e exalta a autoes tima preta, trazendo inspirações e refe rências. “Foi importante para mim ver as minhas referências me apoiando e ver várias meninas me falarem que co meçaram aceitar seu corpo, seu cabelo, sua boca por causa das minhas poesias, elas se inspiraram no meu trabalho.”
projeto em maioria é composto por pes soas negras, por tanto costuma ser mar ginalizado, por isso a poeta ressalta a importância do nome. “O complemento no nome do projeto denuncia uma rea lidade, se a gente não fizer ninguém vai fazer pela gente, então é nós por nós.”
Elizabeth Báttali é bailarina, professora de dança e coreógrafa com mais de 20 anos de experiência. A bailarina é fruto de um projeto social artístico que acontecia no bairro grande Dirceu e destaca a importância de promover tais projetos: “Me descobri como um ser dançante naquela entidade social. Sempre bato nesta tecla, porque é importante a gente saber e ter consciência de onde a gente veio e dar esse crédito aos movimentos sociais.”
O acesso à cultura a partir de projetos independentes das periferias de Teresina
Teresina, entidades sociais independentes promovem projetos como dança, canto, teatro, grafite e outras manifestações artísticas em bairros afastados do centro urbano. Tais projetos acontecem devido à carê ncia de acesso à cultura voltada para pessoas marginalizadas e periféricas.
Báttali atualmente é proprietária de uma sala de dança que foi construída com seus próprios recursos localizada no bairro Teresina Sul. A sala promo ve aulas de dança contemporânea e clássica para crianças, adultos, idosos e pessoas que nunca dançaram devido o acesso ser escasso e desigual na re gião. “O poder público tem o poder de colocar esses ambientes para as pesso as, mas quem faz o trabalho mesmo são pessoas que não estão ligadas ao poder público, são pessoas independentes que fazem um diferencial dentro da sua pró pria comunidade”, declara a professora.
Temis Oliveira, idealizadora e organizadora do projeto Slam Nós Por Nós Foto: Carlos Eduardo.
Cristian Sousa, Rayane Vitoria Francisco Clarin e Jõao Antonio Barros
Jana Silva, Junior Santos
Elizabeth Battali professora, coreografa,bailarina e idealizadora da Sala de Dança Elizabeth Battali Foto: Cristian Sousa.
Social 06
projeto visa incentivar a construção de poesias em bairros periféricos. Têmis Oliveira, mais conhecida como Psico Afrodite, é pedagoga, poeta e ideali zadora do projeto Slam - Nós Por Nós. “O Slam é uma competição de poesia onde corpos negros e periféricos po dem ser ouvidos falando sobre suas vivências, transformar suas dores em poesia, denunciar o racismo e o pre conceito enfrentados no dia a dia”, de clara a poeta. Em Teresina o projeto não tem um lugar fixo, a proposta do projeto é incentivar a arte em bairros periféricos da cidade, ou seja, acontece onde a comunidade queira que acon teça. Além disso, o projeto acontece nacionalmente, cada região do Brasil tem seu próprio Slam, mudando ape nas o complemento do nome, mas todos seguem o mesmo objetivo de acolher e dar voz à comunidade periférica. O Slam é um projeto artístico onde existe uma competição em três fases. Não é apenas ler ou recitar, mas existe uma performance corporal sobre a poesia que será recitada. Cada participante tem três minutos, se passar do tempo perde pontos dos três jurados selecio nados. Têmis Oliveira comenta que o


A trancista, por meio do trabalho com as mãos, revive a ancestralidade e ajuda a reconstruir a autoestima de homens e mulheres negras que procuram sair do padrão estético branco e se reencontrar com a estética afrobrasileira. “As tranças, para mim, são uma forma de reforçar minha negritude. Sou fruto de um relacionamento interracial e passei maior parte da vida achando que só o cabelo liso era o cabelo bom, então as tranças me trazem de volta as minhas origens e me sinto linda demais com elas” declara Jaqueline Reis, 17 anos e adepta das tranças desde os 15.

se identificando, se achando mais bonitas e elevando a auto-estima”, explicou Larissa Santos, 25, trancista desde de 2016 e proprietária do estúdio Afrotranças desde 2018.
Nos últimos anos, o cabelo natural voltou com toda força em um processo de tomada de consciência racial. Desde 2015, em São Paulo, todo ano ocorre a Marcha do Orgulho Crespo: movimento independente que debate a cultura afro e a representatividade negra através do cabelo crespo e cacheado, além de inspirar pessoas através de discursos da militância negra atual.
O PRECONCEITO CONTRA PENTEADOS AFROS
de trançar cabelos crespos faz parte da identidade negra e é constituídode técnicas que muitas vezes são herdadas do contexto familiar. Na memória de muitas pessoas que nasceram em um ambiente doméstico onde havia o cuidado estético com o cabelo crespo existe a lembrança de uma mãe, tia ou tio que trançava seus cabelos no dia a dia.
Stéphanie Beatriz Laysa Malaquias e Sthefany Prado
Trabalho das transcistas revela estética negra e empoderamento dos penteados afros
Atualmente, as tranças africanas são usadas principalmente por mulheres negras que passam pela transição capilar. Apesar dos esforços do movimento negro dos anos 1960 e 1970, muitas das reivindicações não foram atendidas e muitas das pessoas que mantinham seus cabelos naturais, acabavam por perder oportunidade de emprego por conta da discriminação, por isso nos anos de 1990 e 2000 houve a febre dos alisamentos.
“Cabelos crespos reduzem as chances profissionais de mulheres no mercado de trabalho”, aponta a pesquisa publicada na revista Social Psychological and Personality Science pela Universidade de Duke, situada nos Estados Unidos. Segundo o estudo, as candidatas negras com penteados naturais ou com tranças afros são vistas como menos profissionais do que as candidatas negras de cabelo alisado, especialmente em setores nos quais a aparência tradicional é regra. Na realidade brasileira, a situação não é muito diferente, Jaqueline Reis conta que o preconceito ocorre até mesmo no ambiente doméstico: “O preconceito abertamente infelizmente veio da própria família, na primeira vez que usei as tranças, sempre vieram comentários, assim como olhares de insatisfação”.
Oato
“Além da recompensa financeira, que hoje é o sustento da minha família e me deu autonomia, é muito gratificante saber que tenho poder de trazer empoderamento para várias pessoas através da estética. A maior recompensa é também ver o sorriso no rosto delas quando terminamos de trançar seus cabelos,
CONTEXTO HISTÓRICO
O cabelo afro sempre foi constituído de memórias e significados, e apesar de carregar histórias que marcaram o cotidiano dos negros africanos, ainda assim é alvo de comentários pejorativos e comparações grosseiras. A trança afro do estilo nagô surgiu na África e não servia apenas para fins estéticos, pelo contrário, as tranças eram fonte de identificação de tribos, idade, estado civil e posição social. O significado ia além da estética e tinha um papel identitário que é perpetuado por anos.
Por meio desse trabalho muitas mulheres, mães, adolescentes e pais que procuram aprender o oficio do ato de trançar, através de cursos ou com a família, abrem seus próprios negócios e empreendem através do atendimento ao cliente. Com a existência de profissionais capazes de transmitir a cultura afro através das tranças nagô, box braids e twist, em 2009 , a profissão de Cabeleireiro Étnico e Trancista passou a ser reconhecida pelo Ministério do Trabalho.
Larissa Santos proprietária do estúdio Afrotranças / Foto: Cleiciany Rodrigues
Nagô, box braids e twist são referências de estilo de cabelo para várias pessoas

“As tranças, para mim, são uma forma de reforçar minha negritude. Sou fruto de um sóparteinterracialrelacionamentoepasseimaiordavidaachandoqueocabelolisoeraocabelobom,entãoastrançasmetrazemdevoltaasminhasorigensemesintolindademaiscomelas”.
Beleza 07
Trança nagô por Larissa Santos / Foto: Cleiciane Rodrigues
Nayra Saraiva Cleiciany Rodrigues
08 Ensaio Autora: Izabella Lima

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Logo criado do projeto Mermã, tá aqui / Foto: Maitê Costa
Dados
Entrevista 10
MuitasCALANDRAGEMpessoasainda não conhe cem o termo, então, do que se trata a pobreza menstrual?
Foto: Maitê Costa
“O absorvente ainda é considerado um artigo de luxo”
MAITÊ COSTA: A pobreza menstrual não é necessariamente a falta do pro tetor menstrual, ela está ligada a ou tras questões, como a falta de informa ções, porque a menstruação é tratada como tabu, mas também está ligada às questões de vulnerabilidade econô mica e social, porque muitas pessoas que menstruam não têm acesso a ba nheiro, saneamento básico e isso traz prejuízos à saúde física e psicológica.

Maitê Costa, idealizadora do projeto Mermã, Tá Aqui.
do relatório Livres para Menstruar, realizado pelo mo vimento GIRL UP em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que uma em cada quatro mulheres não possuem acesso a absorventes durante o seu ciclo menstrual. Pensando nisso, o Calandragem conversou com a professora Maitê Costa. Ela é idealizadora do projeto social “Mermã, tá aqui!” que dis tribui absorventes descartáveis para mulheres em situação de vul nerabilidade social e econômica nas ruas e periferias de Teresina, afim de combater a pobreza menstrual. Por ter saído de casa mui to cedo para estudar em Juiz de Fora – MG e morando na casa de parentes, Maitê teve uma relação muito difícil com a menstruação, ela não tinha acesso ao protetor menstrual e nenhuma estrutura ne cessária para lidar com a situação. Hoje, seu projeto acolhe outras meninas e mulheres proporcionando a elas dignidade menstrual.

Jana Silva, Junior Santos Cristian Sousa, Francisco Clarin João Antonio Barros e Rayane Vitória
A fala pertence a professora Maitê Costa, responsável pelo projeto “Mermã, tá aqui!” que distribui absorventes descartáveis gratuitamente em Teresina
UNFPA e UNICEF
Sem dúvida, a gen te precisa avançar muito a respeito disso, porque não é falado claramen te nas escolas. Para construir pes soas conscientes do que vai acon tecer com elas mesmas, porque quando se tem isso bem construído é possível lidar melhor com o mundo.
MAITÊ COSTA: A primeira coisa é ter empatia com os problemas sociais, precisamos sair da bolha e lembrar que estamos falando de problemas estruturais, né? A gente pode fazer nossas ações individuais, através de coletivos, ações sociais. Mas, além dis so, é preciso cobrar muito ações do governo! Sanetambém amento bási co, acesso à educação e que se dispo nibilizem protetores gratuitos, é uma questão de saúde pública mesmo. En tão é isso, precisamos romper a bolha, buscar informação, lutar por digni dade menstrual, lutar por saneamen to básico, lutar por educação, é isso!
MAITÊ COSTA: Principalmente ris cos à contaminação, porque muitas utilizam pedaços de pano, miolo de pão e isso prejudica a saúde. Se formos fazer um levantamento nos postos de saúde, nos hospitais, veremos que é um problema sério. Alunas deixam de ir à escola e um dia de aula perdido afe ta o aluno. O absorvente ainda é consi derado um artigo de luxo, então tem que incluir o produto na cesta básica. Quem que vai garantir a distribuição desse absorvente? Vimos que a distri buição gratuita foi vetada, mas a gente vê que é uma possibilidade, tá na hora.
QuaisCALANDRAGEMsãoosdanos que pessoas que menstruam estão expostas quando não realizam uma higiene menstrual adequada?

Relatório Menstrual no Brasil: desigualdades e violações de direitos -
MAITÊ COSTA: É uma questão que mexe muito comigo, pessoalmente, não é fácil você sair para distribuir por que você lida com vários contex tos bem difíceis, a gente vê que a po breza é uma realidade, a falta de in formação é uma realidade, as pessoas não querem se informar, as pessoas querem continuar indiferentes. Isso torna nossa caminhada mais difícil! Mas quando chega em um ponto que a pessoa precisa daquilo, de atenção, as vezes ela não quer nem saber o que está sendo distribuído, ela só quer ser enxergada, por que como lidamos com muita gente que é marginalizada na sociedade, é muito gratificante quan do você vê um sorriso. Então, para mim as vezes não é fácil, mas eu saio com a sensação de dever cumprido, de entregar um “pacote de afeto, de atenção, de amor”. Então, tem dias que são bem difíceis mas a gente sempre sai com a sensação de dever cumprido.
MAITÊ COSTA: A gente como professo ra é muito observadora dos cenários, a questão da pobreza menstrual come çou a me incomodar. Quando eu esta va em quarentena, comecei a ler mais e tive contato com um artigo sobre o assunto. Eu já não menstruo mais, tive um problema de saúde e retirei o útero, então quis ressignificar isso. Sempre tive vontade de fazer essa ação social de distribuir absorventes, e aconte ceu em setembro. Criei-- uma imagem para compartilhar nas redes sociais e lancei a primeira ação, com a meta de arrecadar 100 pacotes de absor ventes e nós conseguimos 220. Nessa primeira ação conseguimos fazer uma rede de apoio e levantar algumas re flexões acerca da pobreza menstrual.
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QuandoCALANDRAGEMecomosurgiu a vontade de criar o projeto “Mermã, tá aqui!”?
para o futuro do projeto social “Mermã, tá aqui!”?
QueCALANDRAGEMdicavocêdá para as pessoas ajudarem a fortalecer projetos como o “Merma tá aqui!” e outros projetos que podem surgir dele?

Pobreza
MAITÊ COSTA: “Eu espero, que daqui a seis meses essa distribuição seja uma realidade, eu visualizo a gente se preparar no sentido de fazer pa lestras, ir a locais para falar sobre pobreza menstrual e como combater. Palestrar! É esse o futuro que eu vejo!”
PorqueCALANDRAGEMvocêacha que um processo tão natural do corpo humano é tão reprimido na sociedade?
MAITÊ COSTA: Nosso objetivo inicial é muito simples, a gente recebe e dis tribui para quem precisa. Nosso foco a princípio era as mulheres em situação de rua, mas nós já estivemos em esco las, em associações de atletas, nós dis tribuímos a domicílio quando a gente recebe alguma indicação pelo direct do Instagram, que é nossa principal rede de transparência. Então nosso princi pal objetivo é receber e entregar para quem precisa e sem fazer julgamentos.
OCALANDRAGEMquevocêespera
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MAITÊ COSTA: Isso é uma heran ça da sociedade patriarcal, como vá rios outros problemas sociais que te mos. É como se tivéssemos que estar sempre disponíveis e nossas dores inviabilizadas, muita gente menos prezada, inclusive a questão da cólica ser tratada como se fosse besteira ou uma coisa menor. Você tem que estar sempre bem, disponível para servir! isso tudo acaba refletindo em várias áreas da vida das mulheres e isso é algo que ainda é muito forte. Então nós temos que trabalhar com as me ninas dessa nova geração, para que elas consigam ter auto percepção. E é preciso romper essa questão da “mulher que está sempre disponível”.
FaleCALANDRAGEMumpoucosobre os objetivos do projeto “Mermã, tá aqui!”.
ACALANDRAGEMeducaçãomenstrual para meni nas e jovens desde o ensino funda mental ajudaria a diminuir o senti mento de constrangimento sobre a MAITÊmenstruação?COSTA:
ComCALANDRAGEMéparavocê estar envolvida com uma causa como essa?
Lives de jogos geram diversão e renda extra
Ayrton Araújo, Gabriel Prado, Mayrla Torres, Matheus Celestino Patrick Castro
OS JOVENS DE TERESINA
12 Games
Jovens fazem dinheiro a partir de transmissões ao vivo
O mais atrativo parece ser a ideia de associar diversão ao trabalho, como afirma Daniella: “Conseguir associar uma coisa que me diverte, que são jo gos de videogame, a uma forma de ga nhar uma renda foi com certeza algo atrativo.” Para William, “no começo a ideia era se divertir, fazer algo além de só jogar.” E o que começa com diver são logo se torna rentável: o streaming pode sim ser uma opção muito viável para renda. É o caso de Maria Helena, que já conseguiu um retorno de mais de 500 dólares ao longo de um ano de lives, aproximadamente 2,700 reais. Segundo a jovem, as lives a permiti ram obter não apenas um dinheiro extra, mas sua renda principal. Para os games, ainda existem dificuldades, como conciliar as lives com o trabalho e estudos.Apesar de videogame parecer brin cadeira, o streaming requer uma gran de dedicação de tempo e consistência. Sobre isso, William diz que é necessá rio cativar o público: “tem que divul gar bastante, tem que ter aquele inves timento também, então é complicado, você começa a ter retorno só se fizer todo dia.” Para Lena, conciliar faculda de e/ou trabalho com o streaming é completamente possível: “Eu preten do continuar fazendo meu curso de
Gamer em ação /Foto:s Patrick Castro

“Ajudou muito durante apandemia. Eu estavadesempregada e decidiinvestir nisso e consegui repor os gastos com oretorno da live, e ainda consegui lucrar”.
Administração e mutuamente as lives, para conseguir uma renda, não uma renda extra, mas uma renda de verda de. Eu consigo flexibilizar meus horá rios, eu sou minha própria chefe.”
“Rapaz, até o momento eu não penso em parar, porque é muito livre, sabe? Não tem um chefe, ou horário certo pra começar ou parar, então é divertido as sim. [...] então, enquanto eu estiver me divertindo, uma hora o dinheiro sai!”
Desde
CENÁRIO FEMININO
Perguntadas sobre as dificuldades que passam no trabalho, Helena res ponde: “As três maiores com certeza são os equipamentos para poder re alizar a stream, a conexão de inter net, que atrapalha algumas vezes, e
O sonho de viver de vídeogame já seria um motivador forte o suficien te, mas com os ganhos milionários entre as possíveis vantagens do tra balho com streaming, vários jovens começaram a investir no ramo, como por exemplo William Carvalho, de 21 anos; Daniella Simeão, de 19 anos e Maria Helena Avelino, de 20 anos.
os casos de assédio existentes com as streamers mulheres.” Essa decla ração feita por Helena nos faz refletir sobre o machismo no ambiente on line. Em um cenário onde os homens são maioria, casos de assédio virtual são muito comuns, mesmo com as di retrizes impostas pelas plataformas.

“É um desafio [...] Eu, infelizmente, já sofri com isso, e outras meninas tam bém já passaram por situações des confortantes”, afirmou Helena. Da niella também lista o assédio como uma das suas maiores dificuldades.
Desse modo, o streaming têm se tornando uma atividade cada vez mais lucrativa para produtores e pla taformas. Em um comunicado recente da Twitch, o streamer brasileiro Ale xandre Borba Chiqueta, conhecido na internet pelo vulgo Gaulês, teve seu faturamento com a plataforma reve lado de 15 milhões de reais nos últi mos 2 anos. Esse ganho vem da Twi tch através de anúncios e doações do público, o streamer pôde construir sua renda. Mas, como todo influen ciador, ele também pode aumentar seus lucros através de patrocínios.
Mesmo com os dilemas, a verdade é que o streaming veio pra ficar. Casos como o de Gaulês, com lucros milioná rios, e também Helena, que já conse guiu transformar as lives em sua única fonte de renda, inspiram jovens como Will e Daniella a continuar no cenário. Quando questionados, ambos afirma ram o desejo de continuar tentando.

o surgimento do vide ogame em meados dos anos 1970, os jogos eletrônicos têm se mostrado cada vez mais presente na vida dos jovens. Desse hobby sur ge uma outra atividade que tem se popularizado na última década: os streams, o ato de filmar a partida e transmitir a jogatina em tempo real. A prática surge em 2011, quando a plataforma de referência, Twitch, foi criada. A cada ano, as lives de ga mes crescem exponencialmente em quantidade de público e produtores e plataformas de streaming, como o Facebook Gaming, Youtube e a Twitch se tornam cada vez mais populares.
E assim, as streams se tornam um ver dadeiro emprego. “Você tem que dar muito de si mesmo, e jogar, apesar de ser uma brincadeira, cansa, como qual quer outro trabalho”, afirma William.
Cristian Sousa, Rayane Vitória Francisco Clarinm e João Antonio Barros
A Casa Fios Afro, localizada no bairro ão João em Teresina-PI, é um desses empreendimentos e se dedica a estética e cultura negra. O estúdio presta serviços que contribuem com o reforço identitário de pessoas negras, como a produção de dreads, tranças e cortes de barbearia. Na casa também funciona um estúdio fotográfico e um consultório de enfermagem. Kelson Fontinele um dos fundadores da Casa Fios Afro, declarou que o objetivo inicial ao criar a Casa era apenas sobreviver, pois na época o mesmo estava desempregado. Mas hoje ela funciona como uma rede de apoio para outros afroempreendedores.



é o ramo de negócios geridos por pessoas negras e direcionados para o público afrodescendente. De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Feira Preta em parceria com a J.P. Morgan, este ramo movimenta uma renda própria de R$ 1,7 trilhões por ano e inclui diversos tipos de atividade.
Jana Silva, Junior Santos
Afroempreendedorismo
Para divulgar suas ações, a Casa Fios Afro mantém, atualmente, dois perfis no Instagram,um focado na divulgação dos serviços oferecidos pela casa e o outro que cumpre a função de ser uma rede de apoio e divulgação de perfis de outros profissionais negros, ou de causas e pautas com temática afrocentrada. Antes conhecida pelo nome de “ProfissionaisnegrosPI” e
Dados apontam que mais de 14 milhões de brasileiros que se autodeclaram pretos ou pardos são empreendedores
Afroempreendedorismo promove a circulação do Black Money em Teresina
Kathlen Karine, transcista e dona do afroempreendimento Tranças Bluee.
Foto: Kelson
Um exemplo de Black Money realizado pela Agência Fios afro é o da trancista Kathlen Karine. Atualmente trabalhando na cidade de Timon (MA), Karine vem fazendo seus atendimentos exclusivamente à domicilio e utiliza seu perfil profissional no Instagram (@TrançasBluee) como uma ferramenta fundamental para a divulgação do seu trabalho. Karine participou ativamente do
MylenaFontineleCrateus
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Para Mylena Crateús, a outra idealizadora do projeto, os conceitos de Fios tem relação com o espaço de encontro: “Esse nome Fios tem tudo a ver com a gente, é um entrelaçamento de ideias, de diálogos”, declara. Esse entrelaçamento é importante para o conceito de afroempreendorismo. Para Kelson “O afroempreededor racializa o mercado e pensa ações afirmativas para que pessoas negras tenham acesso a esse mercado”, o que difere do conceito de empreendedor negro, que é aquela pessoa que se entende como afrodescendente, mas que ao empreender não direciona os seus negócios de maneira racializada.
e Kelson Fontinele, idealizadores da Casa Fios Afro / Foto: Casa Fios Afro
BLACK MONEY E OS FRUTOS DA CADA FIOS AFRO
agora com o de Agência Fios Afro, o segundo perfil é um espaço online voltado para o fortalecimento do Black Money, conceito que se refere a ideia de que o dinheiro de pessoas negras, circule apenas entre afrodescendentes pelo máximo de tempo possível, fortalecendo, assim, seus serviços.
processo de estabelecimento físico da Fios Afro e está inserida nesse ambiente de apoio e fortalecimento mútuo com o estúdio. “Faltam palavras para explicar o tanto que eles me ajudaram nesse empreendimento. A como botar meu negócio para frente, por mais que nós três, no início, não sabíamos muito, mas cada um foi ajudando da sua maneira, da sua forma”. Além da agência e do estúdio voltado para questões estéticas e socioculturais, a Casa Fios Afro ainda estuda expandir o pequeno consultório de enfermagem que eles mantem na casa. O consultório é voltado ao atendimento gratuito de pessoas negras. “A minha ideia é montar uma espécie de plano de saúde acessível a comunidade negra” declarou Mylena.
Empreendedorismo
Outra praticante, Bianca Castro, acrescenta que “a prática do beach tennis traz uma sensação muito boa, não é só pelo esporte, mas eu digo que beach tennis veio mais pra socializar”. Ela conta que, durante a atividade, as pessoas conversam e se divertem, e alerta que competição é opcional le vando em conta o preparo físico e psi cológico da pessoa que irá competir. A atleta relata que “é como qualquer coisa que você vai fazer na vida, você não vai começar jogando, você vai começar aprendendo a movimenta ção, aprendendo a se posi cionar e com tempo você vai fa zer uma trocação melhor”, aconselha.

Carlos Eduardo, Izabella Lima Laís Cavalcante, Marina Rocha, Mirislene Queiroz e Rebeca Vasconcelos
O beach tennis é um dos esportes que vem se destacando na capital piauiense. Sendo uma mistura do tênis tradicional e do badminton, suas re gras e práticas vêm se modificando ao longo dos anos. Divertida, democrática e mais fácil de jogar, a modalidade che gou ao Brasil em 2008 no Estado do Rio de Janeiro e desde então foi cres cendo em todo o Brasil, e hoje, segun do a ITF (Federação Internacional de Tênis), o Brasil é a segunda maior força do mundo neste esporte, atrás apenas da Itália, o país criador da modalidade.

“Não desista porque é um maravilhoso”.esporte
Em Teresina a procura pelo esporte já vinha aumentando antes da pande mia, entretanto, com o ‘boom’ das qua
VOLÊI DE PRAIA
Atleta de beach tennis /Foto: Izabella Lima
Abanda
Esporte
A prática de esportes ao ar livre em quadras de areia são extremamente benéficas para o corpo e para a men te. De acordo com o educador físico Osvaldo Mesquita: “A prática desse tipo de esporte traz como benefícios a queima de gordura, a melhora na coor denação motora, a melhora do cardio; e o baixo índice de lesões, como ainda também melhora a autoestima, evita depressão e diminui o estresse”. En tretanto, o educador alerta que é pre ciso procurar um profissional qualifi cado para fazer o acompanhamento do praticante, principalmente no início.
A jogadora de Beach Tennis, Maria Luiza Barros, relata que “o beach ten nis veio pra salvar essa pandemia”, e explica que já conhecia e tinha inicia do no esporte, mas parou no início do isolamento social. A atleta conta que começou a frequentar quadras de beach tennis em dezembro de 2020 apenas por curiosidade, pois “nunca tinha pego em uma raquete” e hoje é uma apaixonada pelo esporte.
Ultraje a Rigor já dizia “Nós vamos invadir sua praia”. Assim como na música, Tere sina, a única capital do Nordeste que não está no litoral, invadiu a praia e popularizou o uso das quadras de areia para a prática esportiva. Com os decretos de lockdown pelo país e o fechamento das academias, a procura por esportes ao ar livre aumentou e vários empreendimentos de quadras de areia começaram a surgir pela ci dade, com um considerável aumento nesse último ano de pandemia. Além da busca por esportes que já vinham crescendo exponencialmente nos últi mos anos, como o vôlei de praia, o ce nário deu abertura para a explosão de outra prática esportiva, como o que ridinho do momento: beach tennis.
Praia em Teresina? Esportes de areia se popularizam durante a pandemia
Além do beach tennis, o vôlei de praia também é um esporte muito pra ticado na capital piauiense. Sendo uma atividade sem contato físico com o ad versário, o vôlei é praticado coletiva mente com até seis jogadores por time e é um excelente meio de socialização.

BEACH TENNIS
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O número de adeptos e de espaços voltados para o beach tennis e vôlei de praia têm aumentado na capital piauiense, que está a quilômetros do litoral
Bola de vôlei de praia /Foto: Rebeca Vasconcelos
Para o treinador Igor Machado, o beach tennis foi além do esporte. Ele, que iniciou no tênis de quadra, enca rou o crescimento da nova modalida de como um recomeço pós isolamento social. “Na pandemia eu tive muitos problemas pessoais, financeiros, e fi car sem fazer atividade física, pra mim, foi uma coisa muito difícil. Boa parte do meu tempo eu estava estudando ou tentando encontrar outras formas de voltar a trabalhar. E nesse sentido o be ach tennis veio como uma bênção por que eu pude voltar a fazer uma prática esportiva quase que diária. O Beach fez eu voltar a trabalhar e a competir, e isso para mim foi essencial”. Acerca do universo das competições, o instrutor, que faz parte da delegação piauiense, incentiva o treinamento para todos os gêneros e faixas etárias, principalmen te a infantil, “tem treinamento para todo o grau e nível técnico das pes soas. E eu gostaria que continuasse a ter a prática para crianças, porque é aí que a gente renova a safra de atletas”.
Donizete Rodrigues, morador da região, conta que apesar de ser um es paço muito bom para aqueles que não têm condições financeiras de pagar uma quadra particular, o local é bem disputado e não tem um controle de horários de uso da quadra entre os jo gadores, e ele também diz que os jo gadores precisam levar seus próprios equipamentos para conseguir jogar. Os horários comuns em que as partidas de vôlei de praia acontecem no parque são entre cerca das 18h às 20h, por conta do clima e da quadra não ser coberta.
o grupo de apreciadores
Já no Piauí, essa importação cul tural começou a tomar forma no fi nal dos anos 1990, quando pequenos grupos de amigos que partilhavam da mesma afinidade pela cultura japone sa passaram a trocar material e exibir episódios de animes através de fitas VHS, na revistaria “Banca HQ”. Com o passar do tempo, os eventos foram ganhando forma e a quantidade de interessados era exponencialmente maior, sendo assim uma banca já não comportava mais essa demanda de encontros fazendo com que eles se ex pandissem para espaços como a Casa da Cultura e o Centro de Artesanatos.
Mangá: Quadrinhos feitos no estilo japônes. No Japão, o termo é usado para definir qualquer história em quadrinhos.
Cosplay: Ato de vestir-se e/ ou agir como um personagem. Aqueles que o fazem são chama dos de cosplayers.
Otaku: Entusiasta quadrinhos No Ja pão, a palavra serve para fãs de determinado assunto.
Você já ouviu falar dos Otakus?
Cavaleiros
subculturas
do Zodíaco, Pokémon, mangás e cosplay (ato de vestir-se e agir como um personagem), o que todas essas coisas possuem em comum? Elas fazem parte da chamada cultura otaku, uma tribo ur bana que vem crescendo e marcando presença no mundo. Enquanto no Japão, seu país de origem, o termo se refere a pessoas com interesses ob sessivos em determinado assunto, no ocidente a palavra tomou um sentido diferente, passando a se referir àqueles que são fãs de subculturas nipôni cas, com um certo destaque em Animes e mangás (quadrinhos japoneses). No território brasileiro, também ganhou destaque e mais força com a vinda de imigrantes japoneses ao país no começo do século vin te. Mundialmente, a cultura japonesa passou a ganhar destaque com a globalização e a alta importação de produtos físicos e midiáticos.
de animações e
Quem esteve no evento pôde usufruir de uma feira com artigos orientais e de rivados, exibições de animes, concurso de cosplays, gincanas. O princípio do evento é que não haja qualquer tipo de conflitos, desavenças ou desrespeito. Para o jovem editor de vídeos André Lima, 17 anos, ser otaku é ser acei to por uma comunidade com a qual se compartilha gostos em comum. Já segundo a opinião do estudante Lucas Ryan, 16 anos, é sobre se re conhecer e saber tirar lições de uma obra consumida e aplicá-la em vida. Todavia, acima do gosto pelo oriente, o que faz dessa comunidade única é

Já é fato, vide o relevante cresci mento desse público no estado ao lon go dos anos, que esse grupo já está es tabelecido como um nicho a ser levado em conta: possuem um mercado de consumo próprio, costumes e hábitos importados do oriente e abrasileira dos e uma forte identificação e senso grupal, cada qual com sua individu alidade. Com certeza, não há dúvidas de que a cultura otaku veio para ficar.
Ayrton Araújo, Mayrla Torres Gabriel Prado, Patrick Castro Matheus Celestino Visitantes do evento e as vendas no local Foto: Patrick Castro 15
Grupo de “cosplayers” em apresentação no AnimeSoul / Foto: Matheus Celestino

Se perdeu nos termos? Confira no glossário!
Anime: Desenhos animados produzidos no Japão. No Japão, o termo é usado para definir qualquer animação.
Cultura alternativa
Conheça de asiáticas que cresce cada vez mais
“Fizemos esse evento para as pessoas dançarem, trazerem seus cosplays, seus desenhos, se exporem e juntar todo esse universo num lugar só, num dia de diversão e cultu ra para ficar à vontade como se estivesse em sua casa.”
o respeito mútuo como lei primal e o sentimento de pertencimento, como diz a estudante de moda e cosplayer Bruna Park: “é uma sensação muito boa, você se sente acolhido. Às vezes você fica em negação por não acei tar os próprios gostos. Mas aqui você sente liberdade, consegue se expres sar, ter diálogos sobre o que gosta, os sentimentos são muito vastos.”
Esses encontros ficaram conheci dos como “convenções de animes” e passaram a ser realizados pelo me nos uma vez a cada ano. Em 2020, os encontros foram interrompidos por conta da pandemia, e só em outubro de 2021 que se tem a primeira con venção de animes da cidade desde a pandemia, o Animesoul. O evento foi realizado no Clube dos Diários, levan do centenas de pessoas para desfrutar de um dia inteiro de apreciação e con sumo da cultura otaku. De acordo com a organizadora Viviane Savitskaia, “Teresina é uma capital desprovida desse nível de entretenimento” e o evento foi realizado para garantir di versão aos adeptos da cultura otaku.
orientais.
“eu acredito que possa ser um desa fio. Acho que para muita gente vai ser
CURSO16
Educação
Após
Aline Matias, estudante de Odontologia UFPI Foto: Nayra Saraiva
muito difícil e todo mundo precisa ir se preparando porque tudo está aumen tando, principalmente o aluguel. Mas é algo muito importante a volta, essen cial.” disse Aline Matias, 22, estudante de Odontologia e natural de Caxias-MA. Dentre os estudantes, há também quem estuda e precisa se sustentar para cus tear a vida em Teresina, o que acaba interferindo em um bom desempenho. É o que aponta o estudante de adminis tração de São Raimundo Nonato Juan Negreiros, 22: “a necessidade de dividir o foco entre estudos e trabalho, acaba interferindo em ambos. O tempo que não se passa em aula e trabalho, acaba se tornando insuficiente para estudos.”

Lucas Andrade, estudante de Odontologia UFPI Foto: Nayra Saraiva

Universidade Federal do Piauí/Foto: Stéphanie Beatriz
Com essa situação econômica, estudantes da UFPI se mostram pre ocupados com o retorno das aulas presenciais, principalmente aqueles que oriundos de outros municí pios ou estados e que são depen dentes financeiramente da família:

dois anos sem aulas pre senciais devido a pandemia da Covid-19, a Universidade Fede ral do Piauí (UFPI) prevê retorno das atividades presenciais com alunos em 2022. Normas assinadas pelo Ministro de Estado da Educação e pelo Ministro de Estado da Saúde, auxiliam para o retorno dos serviços nas instituições. O superintendente de Comunicação da UFPI, Fenelon Rocha, diz que a universi dade está fazendo a discussão para a re tomada das aulas no próximo semestre. Segundo ele, a data 7 de fevereiro foi aprovada, mas, o próprio Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPEX) pode rever, “é necessário analisar per manentemente o cenário sanitário para se definir qual é a condição de retor no dessas aulas presenciais”, conclui.
Para além da preocupação com o cenário sanitário, a realidade econô mica do país é mais uma das preocu pações de muitos estudantes, visto que a inflação tem aumentado o custo de vida para a população. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve um aumento no Índice Nacional de Preços ao Con sumidor Amplo (IPCA). Nos últimos 12 meses o acúmulo foi de 10,25%. Os prin cipais aumentos foram em habitação, transportes, alimentação e bebidas.
Nayra Saraiva, Cleciany Rodrigues, Stéphanie Beatriz, Laysa Malaquias Sthefany Prado
RISCO DE ABANDONO DO
A economista Elline Val, destaca ainda uma realidade mais dura: “Isto pode afastar os estudantes da sala de aula por falta de condição, bem como pela necessidade de escolher entre o trabalho e o estudo para garantir o sustento da família.” Para o estudante Lucas Andrade, uma das preocupações é que muitos alunos podem abando nar o curso. “O sentimento é que mui ta gente vai abandonar os cursos que estão fazendo, porque fica um pouco inviável para quem é mais necessitado de transporte, alimentação. Acredito que vá haver essa desistência,” rela tou Lucas Andrade. Por outro lado, a Universidade apresenta saídas que podem minimizar esses custos, como a utilização do restaurante universitá rio. “Eu sinto muita falta do Restauran te Universitário. Nós vinhamos e pas sávamos o dia inteiro aqui, eu chegava às 7 da manhã e só voltava pra casa de noite, almoçava e jantava aqui. Então a questão do alimento aumentou muito agora. Tem o fato da gasolina também que pesa muito de ficar saindo pra al moçar e voltar para cá, já é outro peso financeiro”, disse o pernambucano Lu cas Andrade, 28, acadêmico de Odon tologia e que atualmente está no ensi no híbrido. Perante as dificuldades do contexto econômico atual, a Universi dade Federal do Piauí continua a ofer tar bolsas para os estudantes, que aju dam a custear gastos no período como a Bolsa de Auxilio Estudantil (BAE), Isenção da Taxa de Alimentação (ITA).
Retorno das aulas presenciais preocupa alunos da UFPI vindos de outros municípios
Estudantes da maior universidade do Piauí se preparam financeiramente para o retorno
